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Capítulo 8: Maximização de Lucros e Oferta Competitiva CAPÍTULO 8 MAXIMIZAÇÃO DE LUCROS E OFERTA COMPETITIVA OBSERVAÇÕES PARA O PROFESSOR Este capítulo apresenta os incentivos com que se defronta uma empresa maximizadora de lucros e discute a interação entre as empresas em um mercado competitivo. Todas as seções do capítulo são importantes na formação de uma sólida base analítica voltada para o detalhamento do lado da oferta do mercado competitivo. A formação dessa base é crucial para o aproveitamento adequado da Parte III do texto. Apesar do capítulo ser escrito de forma muito clara e de fácil compreensão, os estudantes encontram dificuldades com muitos dos conceitos relacionados à escolha da quantidade ótima de produção pela empresa e à aplicação dos diagramas das curvas de custo apresentados no capítulo anterior. Uma sugestão a ser implementada em sala de aula é a discussão de tabelas semelhantes às utilizadas nos exercícios ao final do capítulo. Através de vários exemplos baseados nesse tipo de tabela, os estudantes podem entender os diferentes conceitos de custo, além da determinação do nível ótimo de produção da empresa. A Seção 8.1 apresenta as três premissas básicas da competição perfeita e a seção 8.2 discute a hipótese da maximização de lucros como o objetivo da empresa. Ambas as seções fornecem elementos importantes para a derivação da curva de oferta da empresa, apresentada nas Seções 8.3 a 8.5. Na Seção 8.3, derivase o resultado geral de que a escolha ótima da empresa se dá no ponto em que a receita marginal é igual ao custo marginal. Em seguida, mostrase que a competição perfeita corresponde a um caso particular dessa regra geral, para o qual o preço é igual à receita marginal o que decorre da hipótese, apresentada na Seção 8.1, de que as firmas são tomadoras de preço. No caso dos estudantes terem estudado cálculo anteriormente, é interessante derivar a regra da igualdade entre receita e custo marginal explicitamente, através da derivação da função de lucro com relação a q. Caso os estudantes ainda não tenham estudado cálculo, é recomendável gastar um pouco mais de tempo na análise das tabelas de dados, de modo que fique claro para eles que o lucro é maximizado no ponto em que a receita marginal é igual ao custo marginal. É importante enfatizar que, para a empresa competitiva, a variável de escolha é a quantidade produzida, e não o preço. Com o objetivo de situar o caso da competição perfeita no contexto mais amplo da teoria dos mercados, pode ser interessante apresentar uma breve discussão dos casos de monopólio, oligopólio e competição monopolística antes de discutir as hipóteses da competição perfeita. Tal discussão deveria abordar apenas as diferenças entre os vários casos no que se refere ao número de empresas na indústria, à existência de barreiras à entrada, à ocorrência de diferenciação de produtos, e ao caráter da interação estratégica entre as empresas em particular, às expectativas 91 Capítulo 8: Maximização de Lucros e Oferta Competitiva de cada empresa com relação à reação das demais empresas a suas escolhas de preços e/ou quantidades. Isso deveria motivar o interesse dos estudantes. As Seções 8.4 e 8.5 analisam em maior detalhe a escolha ótima da empresa e mostram que a curva de oferta da empresa corresponde ao trecho da curva de custo marginal acima da curva de custo variável médio. Alguns estudantes não devem ter dificuldades para entender a significância das condições de segunda ordem; para outros, porém, não estará claro por que a quantidade q0, na Figura 8.3, não é uma escolha ótima, apesar desse ponto satisfazer a condição RMg = CMg. Outros pontos que merecem uma discussão cuidadosa são: 1) a razão pela qual uma empresa permaneceria em atividade apesar de ter prejuízo no curto prazo, e 2) o fato de que maximizar lucros é o mesmo que minimizar prejuízos. A obtenção da curva de oferta de mercado a partir das curvas de oferta das empresas é bastante simples; entretanto, a análise do equilíbrio competitivo de longo prazo apresenta algumas dificuldades para os estudantes. Dentre os conceitos mais complicados, cabe destacar os seguintes: A razão pela qual a escolha ótima da empresa pode envolver prejuízos no curto prazo mas não no longo prazo. A razão pela qual a livre entrada e saída da indústria tendem a reduzir o lucro econômico a zero no longo prazo. A razão pela qual o preço é igual ao custo médio mínimo no longo prazo. Um exemplo interessante a ser discutido em sala de aula é o de uma indústria em que, inicialmente, existe apenas uma empresa auferindo lucro econômico positivo, e que passa a receber novas empresas até convergir para o ponto de equilíbrio de longo prazo. Discuta as mudanças no preço, quantidade e lucro ao longo desse processo, relacionando tais mudanças às motivações de cada empresa. Este capítulo apresenta outros dois conceitos que serão tratados em maior detalhe no Capítulo 9: o excedente do produtor e a renda econômica. Cabe notar que os estudantes freqüentemente confundem os conceitos de lucro, excedente do produtor, e renda econômica. 92 Capítulo 8: Maximização de Lucros e Oferta Competitiva QUESTÕES PARA REVISÃO 1. Por que uma empresa incorrendo em prejuízos optaria por continuar a produzir, em vez de encerrar suas atividades? A empresa incorre em prejuízo quando as receitas são inferiores aos custos totais. No caso das receitas serem maiores do que os custos variáveis, mas inferiores aos custos totais, vale a pena para a empresa produzir no curto prazo, em vez de encerrar suas atividades, mesmo incorrendo em prejuízo. A empresa deve comparar os prejuízos obtidos na situação em que não produz e na situação em que apresenta produção positiva, e então escolher a alternativa que gera a menor perda. No curto prazo, o prejuízo será minimizado se a empresa for capaz de cobrir seus custos variáveis. No longo prazo, todos os custos são variáveis, de modo que a permanência da empresa na indústria depende dos custos totais serem cobertos. 2. A curva de oferta a curto prazo para uma empresa coincide com a curva de custo marginal a curto prazo (acima do ponto de custo variável médio mínimo). Por que sua curva de oferta a longo prazo não coincide com a curva de custo marginal a longo prazo (acima do ponto de custo médio total mínimo)? No curto prazo, uma mudança no preço de mercado induz as empresas a modificar seu nível ótimo de produção. O nível ótimo ocorre no ponto em que o preço é igual ao custo marginal, desde que o custo marginal seja maior do que o custo variável médio. Logo, a curva de oferta de uma empresa corresponde à sua curva de custo marginal, no trecho acima do custo variável médio. (Quando o preço cai abaixo do custo variável médio, a empresa opta por abandonar as atividades). No longo prazo, a empresa ajusta as quantidades de seus insumos de modo a igualar o custo marginal de longo prazo ao preço de mercado. No nível ótimo de produção, a empresa está operando sobre uma curva de custo marginal de curto prazo, num ponto onde o custo marginal de curto prazo é igual ao preço. À medida que o preço de longo prazo muda, a empresa altera gradualmente a combinação de insumos de modo a minimizar seus custos. Logo, a oferta no longo prazo reage às mudanças no preço através de deslocamentos de uma curva de custo marginal de curto prazo para outra. Observe, ademais, que no longo prazo haverá entrada de novas empresas e a empresa auferirá lucro zero, de modo que qualquer nível de produção para o qual CMg>CMe é inviável. 3. No equilíbrio de longo prazo, todas as empresas de uma indústriaauferem lucro econômico zero. Por que tal afirmativa é verdadeira? 93 Capítulo 8: Maximização de Lucros e Oferta Competitiva A teoria da competição perfeita pressupõe explicitamente a ausência de barreiras à entrada ou saída de novos participantes da indústria. Com livre entrada, a ocorrência de lucros econômicos positivos atrai novas empresas para a indústria, o que desloca a curva de oferta para a direita, causando a queda do preço de equilíbrio do mercado e, portanto, a redução dos lucros. A entrada de novas empresas cessará apenas quando os lucros econômicos tiverem sido totalmente eliminados, caracterizando, assim, um equilíbrio em que todas as empresas auferem lucro zero. 4. Qual é a diferença entre lucro econômico e excedente do produtor? O lucro econômico é a diferença entre a receita total e o custo total, enquanto que o excedente do produtor é a diferença entre a receita total e o custo variável total. A diferença entre lucro econômico e excedente do produtor é, portanto, o custo fixo de produção. 5. Por que as empresas entram em uma determinada indústria quando sabem que no longo prazo seu lucro econômico será zero? A obtenção de lucro econômico positivo no curto prazo pode ser suficiente para incentivar a entrada em uma indústria. A ocorrência de lucro econômico zero no longo prazo implica retornos normais para os fatores de produção, incluindo o trabalho e o capital dos proprietários da empresa. Suponha o caso de um pequeno empresário cujo negócio apresenta lucro contábil positivo. Caso o lucro seja igual ao rendimento que o proprietário poderia obter em outra atividade, possivelmente assalariada, ele será indiferente entre permanecer no negócio ou abandonar as atividades. 6. No início do século XX, havia muitos pequenos fabricantes de automóveis nos EUA. No final do século, existem apenas três grandes empresas automobilísticas. Suponha que esta situação não se deva à falta de regulamentação antimonopolística por parte do governo federal. De que forma você explicaria a redução no número de fabricantes de automóveis? (Sugestão: qual seria a estrutura de custos inerente à indústria automobilística?) A indústria automobilística é altamente capitalintensiva. Isso significa que, mesmo na ausência de barreiras à competição no setor, a presença de retornos crescentes de escala pode reduzir o número de empresas no longo prazo. De fato, à medida que as empresas crescem, os retornos crescentes de escala implicam custos menores de produção, permitindo às empresas de grande porte cobrar preços mais baixos e, assim, expulsar do mercado as empresas menores. Se as economias de escala cessarem a partir de certo nível de produção, a configuração de mercado de equilíbrio comportará mais de uma empresa. 94 Capítulo 8: Maximização de Lucros e Oferta Competitiva 7. A indústria X é caracterizada por competição perfeita, de tal forma que cada empresa está auferindo lucro econômico zero. Se o preço de mercado caísse, nenhuma empresa poderia sobreviver. Você concorda ou discorda dessa afirmação? Discuta. A afirmação é falsa. Se o preço caísse abaixo do custo total médio, as empresas continuariam a produzir no curto prazo e cessariam a produção no longo prazo. Se o preço caísse abaixo do custo variável médio, as empresas deixariam de produzir no curto prazo. Logo, caso a redução no preço seja suficientemente pequena, ou seja, menor do que a diferença entre o preço e o custo variável médio, as empresas podem sobreviver. Se a redução no preço for maior do que a diferença entre o preço e o custo variável médio mínimo, as empresas não sobreviverão. Em geral, pode se esperar que algumas empresas sobrevivam e outras abandonem a indústria, sendo que o número de empresas que saem deve ser o estritamente necessário para que o lucro deixe de ser negativo. 8. O crescimento da demanda de filmes em vídeo também aumenta os salários dos atores e atrizes substancialmente. A curva de oferta a longo prazo para filmes tem inclinação horizontal ou ascendente? Explique. A curva de oferta de longo prazo depende da estrutura de custos da indústria. Se a oferta de atores e atrizes for fixa, o aumento do número de filmes produzidos causará o aumento dos salários. Logo, a indústria apresenta custos crescentes, o que significa que sua curva de oferta de longo prazo deve ser positivamente inclinada.. 9. Verdadeiro ou falso: Uma empresa deveria sempre operar no nível de produção em que o custo médio a longo prazo seja minimizado. Explique. Falso. No longo prazo, sob competição perfeita, as empresas devem produzir no ponto de custo médio mínimo. A curva de custo médio de longo prazo é formada pelos pontos de custo mínimo para cada nível de produção. No curto prazo, porém, é possível que a empresa não esteja produzindo a quantidade ótima de longo prazo. Logo, na presença de algum fator de produção fixo, a empresa não produz necessariamente no ponto de custo médio mínimo. 10. Poderá haver rendimentos constantes de escala em uma indústria com curva de oferta dotada de inclinação ascendente? Explique. Os rendimentos constantes de escala implicam que aumentos proporcionais em todos os insumos geram o mesmo aumento proporcional na produção. Aumentos proporcionais em todos os insumos podem causar a elevação dos preços caso as curvas de oferta dos insumos sejam positivamente inclinadas. Logo, os rendimentos constantes de escala não implicam necessariamente uma curva de oferta horizontal. 95 Capítulo 8: Maximização de Lucros e Oferta Competitiva 11. Quais as suposições necessárias para que um mercado seja considerado perfeitamente competitivo? À luz de tudo o que você aprendeu neste capítulo, por que cada uma de tais suposições se faz necessária? As duas principais hipóteses da competição perfeita são: (1) todas as empresas na indústria são tomadoras de preço, e (2) há livre entrada e saída de empresas do mercado. O objetivo deste capítulo é discutir de que forma o equilíbrio competitivo é atingido a partir dessas hipóteses. Vimos, em particular, que no equilíbrio competitivo o preço é igual ao custo marginal. Ambas as hipóteses são necessárias para garantir que tal condição seja satisfeita. No curto prazo, o preço poderia ser maior do que o custo médio, implicando lucros econômicos positivos. Com livre entrada, a ocorrência de lucros econômicos positivos atrai novas empresas para a indústria, o que exerce pressão para baixo sobre o preço, até que este se iguale ao custo marginal e ao custo médio mínimo. 12. Suponha que uma empresa competitiva se defronte com um aumento da demanda (isto é, a curva da demanda deslocase para cima). Por meio de quais passos um mercado competitivo assegura um aumento no nível de produção? Sua resposta seria modificada caso o governo implementasse um preçoteto? Supondo uma oferta fixa, o aumento na demanda aumenta o preço e os lucros. O aumento no preço induz as empresas presentes na indústria a aumentar sua produção. Além disso, a ocorrência de lucro positivo deve incentivar a entrada de novas empresas na indústria. Se o governo implementasse um preçoteto, o lucro seria menor do que no caso anterior, reduzindo o incentivo à entrada. Com lucro econômico zero, não há entrada de empresas ou deslocamento da curva de oferta. 13. O governo aprova uma lei autorizando um subsídio substancial para cada acre de terra utilizado no plantio de tabaco. De que maneira esse subsídio federal influenciaria a curva de oferta do tabaco a longo prazo? O subsídioà produção de tabaco diminuiria os custos de produção da empresa, causando a entrada de novas empresas na indústria e o deslocamento da curva de oferta da indústria para a direita. EXERCÍCIOS 1. A partir dos dados da Tabela 8.2, mostre o que ocorreria com a escolha do nível de produção da empresa caso o preço do produto apresentasse uma redução de $40 para $35. A tabela abaixo mostra as informações de receita e custo da empresa para o caso em que o preço cai de $40 para $35. Q P RT P = CT P = CMg P = 40 RMg P = 40 RT P = 35 RMg P = P = 35 96 Capítulo 8: Maximização de Lucros e Oferta Competitiva 40 40 35 0 40 0 50 50 ___ ___ 0 ___ 50 1 40 40 100 60 50 40 35 35 65 2 40 80 128 48 28 40 70 35 58 3 40 120 148 28 20 40 105 35 43 4 40 160 162 2 14 40 140 35 22 5 40 200 180 20 18 40 175 35 5 6 40 240 200 40 20 40 210 35 10 7 40 280 222 58 22 40 245 35 23 8 40 320 260 60 38 40 280 35 20 9 40 360 305 55 45 40 315 35 10 10 40 400 360 40 55 40 350 35 10 11 40 440 425 15 65 40 385 35 40 Ao preço de $40, a empresa deveria produzir oito unidades de produto para maximizar seu lucro essa é a quantidade mais próxima do ponto em que o preço se iguala ao custo marginal. Ao preço de $35, a empresa deveria produzir sete unidades de produto com o objetivo de maximizar seu lucro. Quando o preço cai de $40 para $35, o lucro cai de $60 para $23. 2. Utilizando novamente os dados da Tabela 8.2, descreva o que ocorreria com a escolha do nível de produção da empresa e com seu lucro se o custo fixo da produção fosse aumentado de $50 para $100 e, posteriormente, para $150. Que conclusão geral você poderia tirar dos efeitos dos custos fixos sobre o nível de produção escolhido pela empresa? A tabela abaixo mostra as informações de receita e custo da empresa para os casos com custo fixo igual a FC= 50, 100, e 150. Q P RT CT CF = 50 CF = 50 CM g CT CF = 100 CF = 100 CT CF = 150 CF = 150 0 40 0 50 50 __ 100 100 150 120 1 40 40 100 60 50 150 110 200 160 2 40 80 128 48 28 178 98 228 148 3 40 120 148 28 20 198 78 248 128 4 40 160 162 2 14 212 52 262 102 5 40 200 180 20 18 230 30 280 80 6 40 240 200 40 20 250 10 300 60 7 40 280 222 58 22 272 8 322 42 8 40 320 260 60 38 310 10 360 40 9 40 360 305 55 45 355 5 405 45 97 Capítulo 8: Maximização de Lucros e Oferta Competitiva 10 40 400 360 40 55 410 10 460 60 11 40 440 425 15 65 475 35 525 85 Em todos os casos acima com custo fixo igual a 50, 100 e 150 , a empresa produzirá 8 unidades, pois essa é a quantidade mais próxima do ponto em que o preço é igual ao custo marginal (excluídos os casos em que o custo marginal é superior ao preço). Os custos fixos não influenciam a quantidade ótima produzida, pois não afetam o custo marginal. 3. Suponha que você seja administrador de uma empresa fabricante de relógios de pulso, operando em um mercado competitivo. Seu custo de produção é expresso pela equação: C = 100 + Q2, em que Q é o nível de produção e C é o custo total. (O custo marginal de produção é 2Q. O custo fixo de produção é de $100.) a. Se o preço dos relógios for $60, quantos relógios você deverá produzir para maximizar o lucro? Os lucros são máximos quando o custo marginal é igual à receita marginal. No caso em questão, a receita marginal é igual a $60; tendo em vista que, em um mercado competitivo, o preço é igual à receita marginal: 60 = 2Q, ou Q = 30. b. Qual será o nível de lucro? O lucro é igual à receita total menos o custo total: = (60)(30) (100 + 302) = $800. c. Qual será o preço mínimo no qual a empresa apresentará uma produção positiva? A empresa deve produzir no curto prazo se as receitas recebidas forem superiores a seus custos variáveis. Lembre que a curva de oferta de curto prazo da empresa é o trecho de sua curva de custo marginal acima do ponto de custo variável médio mínimo. O custo variável médio é dado por: Q Q Q Q CV 2 . Além disso, o CMg é igual a 2Q. Logo, o CMg é maior do que o CVMe para qualquer nível de produção acima de 0 e, conseqüentemente, a empresa produz no curto prazo para qualquer preço acima de zero. 98 Capítulo 8: Maximização de Lucros e Oferta Competitiva 4. Utilize a mesma informação do Exercício 1 para responder ao seguinte: a. Determine a curva de oferta a curto prazo da empresa. (Sugestão: você poderia desenhar as curvas de custo apropriadas.) A curva de oferta de curto prazo da empresa corresponde ao trecho de sua curva de custo marginal acima da curva de custo variável médio A tabela abaixo apresenta informações referentes ao custo marginal, custo total, custo variável, custo fixo e custo variável médio da empresa. A empresa poderá produzir 8 ou mais unidades, dependendo do preço de mercado, mas não produzirá no intervalo de 0 a 7 unidades, pois nesse intervalo o CVMe é maior do que o CMg. Quando o CVMe é maior do que o CMg, a empresa minimiza suas perdas deixando de produzir. Q CT CMg CVT CFT CVMe 0 50 ___ 0 50 ___ 1 100 50 50 50 50,0 2 128 28 78 50 39,0 3 148 20 98 50 32,7 4 162 14 112 50 28,0 5 180 18 130 50 26,0 6 200 20 150 50 25,0 7 222 22 172 50 24,6 8 260 38 210 50 26,3 9 305 45 255 50 28,3 10 360 55 310 50 31,0 11 425 65 375 50 34,1 b. Se 100 empresas idênticas estiverem atuando no mercado, qual será a expressão da curva de oferta da indústria? Para 100 empresas com estruturas de custo idênticas, a curva de oferta de mercado é a soma horizontal da produção de cada empresa, para cada preço. 99 Capítulo 8: Maximização de Lucros e Oferta Competitiva 8 0 0 4 0 Q P S 5. Um imposto sobre vendas no valor de $1 por unidade produzida passa a ser arrecadado sobre uma empresa cujo produto é vendido por $5 em uma indústria competitiva. a. De que forma tal imposto influenciará as curvas de custo da empresa? A cobrança de um imposto de $1 sobre determinada empresa deve provocar o deslocamento de todas as curvas de custo em $1 para cima. b. O que ocorrerá com o preço do produto da empresa, com seu nível de produção e com seu lucro a curto prazo? Dado que a empresa é tomadora de preço em um mercado competitivo, a cobrança de um imposto sobre sua produção não afetará o preço cobrado, pois o preço de mercado não se altera. Dado que a curva de oferta de curto prazo da empresa corresponde ao trecho de sua curva de custo marginal acima da curva de custo variável médio e que a curva de custo marginal se desloca para cima (para a esquerda), a empresa estará ofertando menos para cada nível de preço. Os lucros também serão menores para cada nível de produção. c. No longo prazo haverá entrada ou saída de empresas da indústria? Se o imposto incide sobre uma única empresa, tal empresa será obrigada a abandonar a indústria, pois no longo prazo o preço de mercado será inferior a seu custo médio mínimo. 6. Suponha que o custo marginal de uma empresa competitiva para obter um nível de produção q seja expresso pela equação: CMg(q) = 3 + 2q. Se o preço de mercado do produto da empresa for $9, então: a. Qual será o nível de produção escolhido pela empresa? 100 Capítulo 8: Maximização de Lucros e Oferta Competitiva A empresa deve igualar a receita marginal ao custo marginal para maximizar seu lucro. Dado que a empresa opera em um mercado competitivo, o preço de mercado com que se defronta é igual à receita marginal. Logo, a empresa deve escolher um nível de produção tal que o preço de mercado seja igual ao custo marginal: 9 = 3+ 2q, ou q = 3. b. Qual é o excedente do produtor para essa empresa? O excedente do produtor é dado pela área abaixo do preço de mercado, i.e., $9.00, e acima da curva de custo marginal curve, i.e., 3 + 2q. Tendo em vista que o CMg é linear, o excedente do produtor é um triângulo com base igual a $6 (9 3 = 6) e altura igual a 3, que é o nível de produção para o qual P = CMg. Logo, o excedente do produtor é igual a (0,5)(6)(3) = $9. Veja a Figura 8.6.b. Preço Quantidade 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 2 3 4 CMg(q) = 3 + 2q Producerçs Surplus Excedente do produtor P = $9,0 0 Figura 8.6.b 7. Suponha que o custo variável médio da empresa do Exercício (6) seja expresso pela equação: CVMe(q) = 3 + q. Suponha que o custo fixo da empresa seja de $3. A empresa estará auferindo lucro positivo, negativo ou zero a curto prazo? O lucro é igual à receita total menos o custo total. O custo total é igual ao custo variável total mais o custo fixo total. O custo variável total é dado por (CVMe)(q). Logo, para q = 3, CV = (3 + 3)(3) = $18. O custo fixo é igual a $3. Logo, o custo total, dado por CV mais CF, é 101 Capítulo 8: Maximização de Lucros e Oferta Competitiva CT = 18 + 3 = $21. A receita total é dada pela multiplicação do preço pela quantidade: RT = ($9)(3) = $27. O lucro, dado pela receita total menos o custo total, é: = $27 $21 = $6. Logo, a empresa aufere lucro econômico positivo. A solução poderia ser obtida de forma alternativa. Sabemos que o lucro é igual ao excedente do produtor menos o custo fixo; dado que, na questão 6, o excedente do produtor foi calculado em $9, o lucro deve ser igual a 9 3, ou seja, $6. 8. Uma indústria competitiva encontrase no equilíbrio de longo prazo. Então, um imposto sobre vendas passa a incidir sobre todas as empresas da indústria. O que você esperaria que ocorresse com o preço do produto, com o número de empresas que atuam na indústria e com o nível de produção de cada empresa a longo prazo? A cobrança de um imposto sobre as vendas na indústria causa o deslocamento das curvas de custo marginal de todas as empresas para cima, de modo que a curva de oferta de mercado se desloca para cima e para a esquerda. Esse deslocamento da curva de oferta de mercado causa o aumento do preço de mercado do produto e a redução da quantidade ofertada por cada empresa. No curto prazo, as empresas continuam a produzir, desde que o preço esteja acima do custo variável médio. No longo prazo, algumas empresas podem sair da indústria se o preço cair abaixo da nova curva de custo médio de longo prazo, que se deslocou para cima em função do imposto. À medida que as empresas abandonam a indústria, a curva de oferta se desloca para cima e para a esquerda, o que resulta em um preço mais elevado e em menores quantidades ofertadas. *9. Um imposto de 10% sobre vendas passa a incidir sobre metade das empresas (aquelas que poluem) que atuam em uma indústria competitiva. A receita do imposto arrecadado é paga a cada uma das demais empresas da indústria (aquelas que não poluem) por meio de um subsídio correspondente a 10% do valor de sua produção vendida. a. Supondo que todas as empresas tenham custos médios a longo prazo constantes idênticos antes da implementação da política de subsídio fiscal, o que você espera que ocorra com o preço do produto, com o nível de produção de cada empresa e com o nível total de produção da indústria a curto e longo prazos? (Sugestão: de que forma o preço do produto se relaciona com o insumo da indústria?) 102 Capítulo 8: Maximização de Lucros e Oferta Competitiva O preço de mercado do produto depende da quantidade produzida pela totalidade das empresas na indústria. O efeito imediato da política de subsídio fiscal é a redução das quantidades ofertadas pela empresas poluidoras e o aumento das quantidades das demais empresas. Supondo que, antes da implementação da política de subsídios, a indústria se encontrasse no equilíbrio de longo prazo, o preço seria igual ao custo marginal e ao custo médio mínimo de longo prazo. Após a implementação da política, o preço se encontra abaixo do custo médio mínimo para as empresas poluidoras; conseqüentemente, tais empresas deverão sair da indústria. Por sua vez, as empresas não poluidoras auferem lucros econômicos que incentivam a entrada de novas empresas não poluidoras. Caso a indústria apresenta custos constantes e a redução da quantidade ofertada pelas empresas poluidoras seja exatamente compensada pelo aumento da quantidade ofertada pelas empresas não poluidoras, o preço permanecerá inalterado. b. Tal política pode sempre ser praticada com a receita fiscal se igualando ao valor pago na forma de subsídios? Por quê? Explique. À medida que as empresas poluidoras deixem a indústria e novas empresas não poluidoras entrem no mercado, as receitas dos impostos cobrados das empresas poluidoras diminuem e as despesas com os subsídios pagos às empresas não poluidoras aumentam. Logo, a política tende a causar um desequilíbrio fiscal. Tal desequilíbrio surge assim que a primeira empresa poluidora sai da indústria e persiste a partir de então. 103
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