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Disciplina: Coordenação Pedagógica Docente: Profa. Bárbara Negrini Lourençon Módulo: 8.1 Apoio Pedagógico: Prof. Paulo Sérgio Sertóri Síntese - Unidade I: Breve histórico da educação no Brasil: século XX No século XIX, enquanto a maioria dos países desenvolvidos se ampliava a cidadania e se universalizava a educação o Brasil permanecia uma sociedade escravocrata. Fomos o último país ocidental a abolir a escravidão africana; a extensão da cidadania à maioria da população, constituída por escravos, ex-escravos e seus descendentes, só começou a se colocar como problema real no início do século XX. No final do século XIX e inicio do século XX, a educação popular passa a ser tema central dos debates e embates políticos, juntamente com a crença de que por meio dela se sucederiam as transformações sociais, econômicas e políticas tão necessárias ao país (SOUZA, 2008). O acesso à instrução primária, o elevado índice de analfabetismo e a inexistência por parte da União de uma política de difusão para o ensino primário já estavam presentes nos Congressos de Instrução Primária e Secundária, realizados no inicio da década de 1910. O que levou ao surgimento de movimentos políticos sociais que revindicavam um novo conceito de educação. Até então, a educação nos estados seguia diretrizes próprias elaboradas pelos Departamentos de Instrução Pública. Daí a necessidade, segundo ele, de se criar um moderno e eficiente sistema de educação, cuja responsabilidade ficaria a cargo do Governo Federal. Mesmo com toda essa discussão, somente na revolução de 30 a educação ganha interesse do governo, passando a tratá-la como direito de todos na constituição de 34. Acentuadamente marcada pelas ideias do Movimento Renovador, que culminou com o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, a Constituição de 1934, expressa claramente os impactos de uma nova relação de forças que se instalou na sociedade a partir das insatisfações de vários setores. O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova foi assinado por 26 signatários, oriundos de diferentes áreas e redigido por Fernando de Azevedo. Nele, a defesa da escola comum, pública, gratuita e laica, como também a proposição de novas bases filosóficas e didáticas para o ensino no país (ÁVILA, 2008). Getulio Vargas via a expansão ensino primário como obvia, visto que “[...] para instruir, é preciso criar escolas. Não as criar, porém, segundo um modelo rígido, aplicável ao país inteiro. De acordo com as tendências de cada região [...]”5 . Até mesmo sugeria diferentes tipos de ensino, na zona urbana o técnico-profissional, no interior o ensino rural e agrícola, em forma de escolas, patronatos e internatos. Mas, como bem assinalado por Vanilda Paiva (1987), embora o momento tivesse a marca do movimento de reconstrução educacional, a difusão do ensino elementar com o respectivo auxílio da União aos Estados somente se efetivaria no final do Estado Novo (ÁVILA, 2011a) Em estudo, vemos que na década de 40, faltava no Brasil mais de 12 mil escolas. Soma-se a isso, o fato de que o índice brasileiro de matrícula e frequência escolares apresentava-se como um dos menores da América Latina. Pelos dados estatísticos, a Argentina e o Chile, por exemplo, já tinham solucionado esse problema. Com a instauração do Estado Novo em 10 de novembro de 1937, a política educacional se transforma, o novo regime de autoridade tinha diretrizes definidas e ideologia própria a ser difundida pela educação (HILSDORF, 2007; PÉCAUT, 1990, PAIVA 1987; CUNHA, 1981). Do ponto de vista político-administrativo, seu conteúdo era fortemente centralizador, ficando a cargo do presidente da República a nomeação das autoridades estaduais, os interventores, prática recorrente nesse período. à frente do Ministério da Educação e Saúde, o Ministro Gustavo Capanema Filho, que permaneceu no cargo de 26 de julho de 1934 até 30 de outubro, de 1945, reforça o nacionalismo defendido pelo novo regime. Não obstante, promove uma gestão marcada pela reforma dos ensinos secundário e universitário. Nessa época, o Brasil já implantava as bases da educação nacional. Para Maria Lucia Hilsdorf (2007), o estado brasileiro vai desenvolver de 1937-1945 uma política educacional de molde autoritário e uniforme. As primeiras leis orgânicas se dirigiam especialmente ao ensino industrial, secundário e comercial. As demais leis referentes ao ensino primário, ensino normal e ensino agrícola só seriam levadas a termo em 1946, devido a fase econômica do país. Antes disso, varias medidas já haviam sido tomadas, começando pela reestruturação do Ministério da Educação e Saúde Pública, em 1937 (Lei nº 378, de 13 de janeiro), com a qual criou o Instituto Nacional de Pedagogia. O novo órgão teria como missão “realizar pesquisas sobre os problemas do ensino, nos seus diferentes aspectos”. Em 1938, sob a direção de Lourenço Filho, o Decreto-Lei nº 580, de 30 de julho, alterou a denominação para Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, dando origem à sigla INEP, pela qual a instituição é conhecida até hoje. O INEP teve grande importância no plano de desenvolvimento para o ensino primário, concluído em 1946. Em 1938 criou se a Comissão Nacional do Ensino Primário, que tinha como objetivo definir e organizar objetivos de ensino em nível nacional; organizar um plano contra o analfabetismo; definir o papel do governo federal, estadual e municipal para a nacionalização do ensino primário; caracterizar o tipo de ensino a ser ministrado nas cidades e zonas rurais e elaborar um programa nacional para o ensino primário. Em 1942, foi fundado o Fundo Nacional de Ensino Primário, com o objetivo de solucionar as dificuldades orçamentárias, através desse fundo foram previsto a construção de prédios escolares. No final da década de 1940, o INEP desdobraria o PDEP criando o Programa de Organização do Ensino Primário o qual incluiu o treinamento de professores das diversas regiões do país e a construção de escolas primárias adequadas às necessidades educacionais da zona rural brasileira. Escolas modestas com uma única sala e residência anexa para o professor. Nessa mesma época um estudo realizado aponta que mesmo com a criação de tantos órgãos no Brasil ainda 27.735.140 (62%) não sabiam ler e escrever. A década de 50, ficou conhecida como o período dos anos dourados, sendo considerada a época de transição entre o período de guerras e o período das revoluções comportamentais e tecnológicas. A paisagem urbana também se modernizava, com a construção de edifícios e casas de formas mais livres, mais funcionais e menos adornadas, acompanhadas por uma decoração de interiores mais despojada. Consolidava-se a chamada sociedade urbano- industrial, sustentada por uma política desenvolvimentista que se aprofundaria ao longo da década, e com ela um novo estilo de vida, difundido pelas revistas, pelo cinema – sobretudo norte-americano – e pela televisão, introduzida no país em 1950. A frequência à escola teve um acréscimo significativo, na matrícula geral um total de 2.341,910 alunos e na matrícula efetiva, 1.983,554. O que equivale a dizer que mais crianças e jovens passaram a frequentar a escola. Contudo, a população adulta da zona rural continuaria apresentando elevados índices de analfabetismo, não sabiam ler e escrever 19.763,782 (72%) e sabiam 7.556,007(28%)21. Não sem razão, cresceram nesse período, as campanhas de alfabetização22 junto à população adulta da zona rural. Até 1960 o sistema educacional brasileiro permaneceria centralizado, sendo o modelo seguido por todos os estados e municípios. A partir de 1961 após a aprovação da primeira LDB, os órgãos estaduais e municipais ganharam maisautonomia, diminuindo a centralização do MEC. O ensino religioso facultativo nas escolas públicas foi um dos pontos de maior disputa para a aprovação da lei. A reforma universitária, em 1968, foi a grande LDB do ensino superior, assegurando autonomia didático-científica, disciplinar administrativa e financeira às universidades. Em 1971, a educação no Brasil, se vê diante de uma nova LDB. O ensino passa a ser obrigatório dos sete aos 14 anos. Em substituição a um curso primário com a duração de quatro anos, seguido de um ensino médio subdividido verticalmente, em um curso ginasial de quatro anos e um curso colegial de três anos, se definiu por um ensino de primeiro grau com a duração de oito anos. A reforma enunciou, como seus princípios básicos, a integração vertical (dos graus, níveis e séries de ensino) e horizontal (dos ramos de ensino e das áreas de estudo e disciplinas); continuidade (formação geral) – terminalidade (formação especial); racionalização; flexibilidade; gradualidade de implantação; valorização do professorado; sentido próprio para o ensino próprio (SAVIANI, 2006). Como observa Dermeval Saviani (2006, p. 45), “[...] a situação educacional configurada a partir das reformas instituídas pela ditadura militar logo se tronou alvo da crítica dos educadores, que crescentemente se organizavam em associações de diferentes tipos [...]”. Esse processo se iniciou em meados da década de 1970 e se intensificou ao longo dos anos de 1980. O início dos anos 1980 é marcado por grande agitação social. Vários movimentos sociais e políticos reivindicavam novos rumos para o país exigindo melhores condições de trabalho e salário e, principalmente, eleições livres e diretas. A campanha das “Diretas Já”, que revindicava eleições livres e diretas. Na educação, surgem entidades nacionais representativas dos educadores, por meio de sindicatos, associações estaduais e municipais, que passaram a congregar grupos de professores por especificidades de atuação pedagógica. Na pauta a luta por melhores condições de trabalho e de salário, por melhor formação profissional e melhores escolas. Em abril de 1988, na Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED, o professor Dermeval Saviani discursava e divulgava o texto no qual propunha as modificações necessárias à educação brasileira, o qual gerou intensas discussões e deu origem ao projeto da LDB e à organização do Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública. O projeto inicial propunha uma reorganização do sistema educacional brasileiro, o fortalecimento da escola pública e a gestão democrática das instituições públicas de ensino. A carreira dos professores era contemplada em diferentes artigos que abordavam não somente as questões. Em 1990, após as eleições o atual presidente Fernando Collor, anuncia o Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania (PNAC). Em 1996, mais uma mudança ocorre na educação, trazendo a educação infantil (creches e pré-escola) para esse contexto. Ainda nesse ano, o Ministério da Educação criou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) para atender o ensino fundamental. Os recursos para o Fundef vinham das receitas dos impostos e das transferências dos estados, Distrito Federal e municípios vinculados à educação. Bom estudo! Att. Prof. Paulo Sérgio Sertóri Apoio Pedagógico
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