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Perspectivas para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil Coleção CIEE 118 Luiz Sales Sede Rua Tabapuã, 540 - Itaim Bibi - São Paulo/SP - ceP 04533-001 Espaço Sociocultural – Teatro CIEE Rua Tabapuã, 445 - Itaim Bibi - São Paulo/SP - ceP 04533-011 Prédio-Escola CIEE Rua Genebra, 65/57 - centro - São Paulo/SP - ceP 01316-010 Telefone do estudante: (11) 3046-8211 Atendimento às empresas: (11) 3046-8222 Atendimento às Instituições de ensino: (11) 3040-4533 Fax: (11) 3040-9955 www.ciee.org.br Perspectivas para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil Coleção CIEE 118 Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE São Paulo 2011 C389p CENTRO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA-ESCOLA - CIEE Perspectivas para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil/Centro de Integração Empresa-Escola – São Paulo : CIEE, 2011. 49 p. ; il. (Coleção CIEE ; 118) Palestra proferida por Luiz Sales durante o Fórum Permanente de Debates sobre a Realidade Brasileira, realizado no auditório Ernesto Igel, em 22 de julho de 2010. ISBN: 978-85-63704-06-1 1. Economia - Brasil 2. Esporte - Copa do Mundo 3. Silva, Ruy Martins Altenfelder 4. Bertelli, Luiz Gonzaga 5. Sales, Luiz I. Título II. Série CDU : 33(81) SUMÁRIO Orgulho de ser brasileiro ............................ Ruy Martins Altenfelder Silva Oportunidades de ouro ............................... Luiz Gonzaga Bertelli Perspectivas para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil ....................................... Luiz Sales Debates ...................................................... Homenagem de encerramento .................... 7 11 15 47 61 Orgulho de ser brasileiro Orgulho de ser brasileiro Ruy MaRtins altenfeldeR silva Advogado, presidente voluntário do Conselho de Administração do Centro de Integração Empresa- Escola - CIEE, presidente da Academia Paulista de Letras Jurídicas - APLJ, do Conselho Superior de Estudos Avançados da Fiesp e vice-presidente da Academia Paulista de História - APH. 8 Coleção CIee 118 OOBrasil é um país de grandes contrastes: riqueza e pobreza, educação e analfabetismo, desenvolvi-mento tecnológico e manufatura rudimentar, me- galópoles e vilas rurais. É formado também por uma popu- lação de enormes diferenças comportamentais: ao mesmo tempo em que trabalhamos como verdadeiros “workaho- lics”, brincamos dias seguidos no carnaval; algumas vezes vamos para as ruas exigir nossos direitos, outras assisti- mos passivos aos desmandos e à corrupção. É verdade que já tivemos uma imagem internacional muito pior, mas ainda não se pode dizer que somos bem vistos pela maioria dos países, em todos os continentes. Segundo consta, o general e antigo presidente da França, Charles De Gaule, teria afirmado que “o Brasil não é um país sério”. Quer ele tenha ou não dito isso, não desfruta- mos de uma imagem que possa ser considerada ideal ou da qual possamos nos orgulhar intensamente. Para se ter uma ideia de como isso é verdade, recente- mente o governo inglês publicou uma cartilha distribuída à população daquele país, contendo informações sobre como lidar com turistas de todas as partes do mundo, que circu- larão por Londres durante a realização dos Jogos Olímpicos de 2012. Nela, há um capítulo especial sobre o Brasil, onde se destaca que os brasileiros são alegres, mas muito indis- ciplinados, e as brasileiras são muito atiradas, ousadas e gostam de se exibir. 9PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl Podemos ser também o país das Olímpiadas, do vôlei, da natação, da fórmula 1, da fórmula indy, do tênis. Descontados todos os exageros e inconveniências de julgamento dos ingleses, convenhamos que essa não é a imagem que gosta- ríamos de ter no exterior, muito menos ela contribui para projetar positivamente o Brasil nos mer- cados internacionais. Mas ainda assim, é a imagem que ostenta- mos em boa parte dos países ao redor do mundo. Somos a nação do futebol, indentificados pelas figuras de Pelé, Garrincha, Zico, Ronaldinho, Ronaldo Fenômeno e outros. Mas agora podemos ser também o país das Olímpia- das, do vôlei, da natação, da Fórmula 1, da Fórmula Indy, do tênis, ... Um Brasil alegre e capaz de organizar grandes eventos, festivo e profissional quando necessário, irreve- rente e empreendedor para remar fora do redemoinho das crises, esportivo e criativo para ser uma das maiores pro- messas de desenvolvimento e de qualidade de vida. Este livro de Luiz Sales faz o exercício do otimismo, com os pés em solo firme, músculos fortes para o trabalho e mente sadia para os desafios. Em um período de tantos acontecimentos ligados ao esporte, vale a pena suar a cami- sa e sentir orgulho de ser brasileiro. 10 Coleção CIee 118 Oportunidades de ouro Oportunidades de ouro luiz GOnzaGa BeRtelli Presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE, presidente da Academia Paulista de História - APH, diretor e conselheiro da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP. 12 Coleção CIee 118 OO Brasil vive um momento muito especial em sua história, quando avaliamos a realização de gran-des eventos de repercussão internacional. Talvez seja a primeira vez que o país sediará, em curto espaço de tempo, os mais importantes acontecimentos esportivos do mundo. A partir de 2012, até 2018, serão realizados em nosso terri- tório nada menos do que dez dos mais relevantes eventos desse período. Muitos pensam na disputa da Copa do Mundo FIFA e nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Mas a agenda é muito mais ampla, cercando esses e outros encontros. Em 2012 terão início os Jogos Olímpicos Militares. Em 2013 será a vez da Copa das Confederações, realizada um ano antes das Copas do Mundo para testas a estrutura do país-sede e a logística necessária para o principal torneio de futebol do planeta. Também em 2013 será realizado o sorteio das chaves para a Copa. Até o ano de 2014, São Paulo sediará uma das etapas da corrida automobilística de Fórmula 1, com grande possibili- dade de ser assinado um novo contrato, renovado por mais alguns anos. Em 2014, teremos a segunda Copa do Mundo realizada no Brasil, 64 anos após a primeira, que apresentou a to- dos o maior estádio de futebol: o Maracanã, batizado Mário Filho, nome do famoso cronista esportivo da época e irmão do escritor Nelson Rodrigues. 13PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl em 2013 será a vez da Copa das Confederações, realizada um ano antes das Copas do Mundo. Dois anos depois, em 2016, será a vez dos Jogos Olímpi- cos do Rio de Janeiro e da Paraolimpíada. E até 2018, a ci- dade de São Paulo transformará algumas de suas avenidas em um dos circuitos de rua do circo da Fórmula Indy. Não estão listados aqui outros eventos nacionais e re- gionais, também de grande importância, porque já fazem parte do calendário brasileiro normal. Mas certamente po- deríamos agregar outros encontros e feiras com alto poder de atração de turistas internos e externos. O ponto a ser destacado é que o momento proporciona grandes oportunidades para quem estiver preparado para aproveitá-las. Tanto sob a ótica das empresas, que poderão participar desses eventos como patrocinadoras ou apoiado- ras, quanto sob a perspectiva das pessoas físicas que pode- rão trabalhar direta ou indiretamente em todos eles. Para isso, formação profissionalizante especializada e experiência anterior contarão pon- tos em dobro a favor dos profissio- nais que levarem essa preparação a sério e se dedicarem o quanto antes. O Centro de Integração Empresa- Escola - CIEE vem cumprindo seu papel de agente de integração há mais de 45 anos, proporcionando aos jovens estudantes as oportunidades de estágioque os preparam para en- frentar os futuros desafios do merca- do de trabalho. 14 Coleção CIee 118 Muitos desses estágiarios, atual- mente, têm sido encaminhados para experiências em associações esporti- vas, ou nas empresas que desenvol- vem programas de qualidade de vida para seus funcionários, ou ainda em clubes de lazer e secretarias de espor- te e turismo de todo o Brasil. Com isso, a formação das futuras gerações de profissionais ligados a es- sas áreas vai se consolidando e garan- tindo ao país as condições necessárias para superar as necessidades que os grandes eventos exigirão. Luiz Sales, um dos responsáveis pelo Comitê Paulista de Organização da Copa do Mundo de 2014, fala sobre esses e outros desafios neste livro que é, ao mesmo tempo, um pai- nel de possibilidades e um alerta: é preciso levar a sério a organização de um grande evento, para construir uma boa imagem externa do Brasil e elevar a autoestima do povo brasileiro. formação profissionalizante especializada e experiência anterior contarão pontos em dobro a favor dos profissionais. Perspectivas para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil Perspectivas para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil luiz sales Jornalista, Diretor de Turismo e Entretenimento da São Paulo Turismo S.A., Coordenador do Núcleo de Turismo e Comunicação do Comitê Paulista Copa FIFA 2014. 16 Coleção CIee 118 ÉÉ uma satisfação muito grande participar do Fórum Permanente de Debates sobre a Realidade Brasi-leira, promovido pelo Centro de Integração Em- presa-Escola – CIEE, uma entidade cuja própria história já denota sua importância. Também é muito gratificante poder falar sobre um evento de futuro, um futuro bastante próximo, a Copa do Mundo de futebol. Com certeza será um divisor de águas na nossa história de grandes eventos e no posicionamento que o Brasil e as cidades-sede querem ter nesse futuro. Estive recentemente na África do Sul participando do Grupo de Observadores da FIFA – Fédération Internatio- nale de Football Association e essa experiência foi bastante interessante porque, em abril de 2007, quando o Brasil co- meçou a lidar com o assunto Copa do Mundo, na prepara- ção do dossiê, não entendíamos muita coisa a respeito do tema. Não sabíamos o motivo de muitas perguntas feitas pela FIFA e nem qual seria a utilidade de algumas infor- mações e dados entregues. Nossa evolução no assunto foi acontecendo com a entre- ga de propostas, algumas vinculadas às cidades, outras às arenas esportivas. Com o acompanhamento in loco da Copa do Mundo, foi possível ter uma noção mais próxima da nos- sa realidade, das nossas necessidades e do quanto teremos de nos empenhar de hoje até 2014. Em 2007 vivíamos outra realidade econômica, que mu- dou significativamente entre 2008 e 2009, alterando um 17PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl será um divisor de águas na nossa história de grandes eventos e no posicionamento que o Brasil e as cidades-sede querem ter nesse futuro. pouco a perspectiva que havia na época. Atualmente, temos uma previsão positiva até 2014, desde que o Brasil conti- nue a receber os bônus a que tem direito. Em especial, ressalto o bônus demográfico, que deve cau- sar algumas mudanças importantes no país nas duas pró- ximas décadas. A Copa do Mundo estará nesse cenário. No caso de São Paulo, além da Copa, temos também os gran- des eventos que a cidade já realiza. Neste livro, tentarei dar uma visão de como tem sido a preparação da cidade de São Paulo, o que o Comitê vem fa- zendo, como ele está trabalhando e o que imaginamos sobre algumas boas oportunidades relacionadas à Copa. A apresentação está dividida em cinco grandes itens. O pri- meiro deles é o conceito. A seguir, tentarei explicar como funciona o Comitê Paulista. Depois teremos o nosso cronograma de traba- lho até 2014, ressaltando alguns marcos interessantes no meio do caminho. Outro item é o impacto desse evento no Brasil e quais os setores que têm uma propensão maior ou menor de ganhos. Final- mente, veremos as oportunidades futuras trazidas pela Copa que, acredito, é o assunto que interes- 18 Coleção CIee 118 existem basicamente três ambientes a considerar: o emocional, relacionado à participação no evento, o técnico, que são as exigências para a sua realização, e o político. sa para a maioria dos leitores. Em qualquer grande evento, e em particular nas Copas do Mundo, existem basicamente três ambientes a conside- rar: o emocional, relacionado à participação no evento, o técnico, que são as exigências para a sua realização, e o político, já que temos um cenário de eleições para presiden- te em 2010 e em 2012 teremos a troca ou manutenção de comando nas prefeituras das 12 cidades-sede. É importante que essas três esferas estejam perfeita- mente compatibilizadas, já que qualquer desequilíbrio nes- se cenário certamente fará com que tenhamos um resultado aquém do desejado. Apelar demais para a emoção e esquecer dos ambientes técnico e político é certeza de um evento frá- gil. Se apelarmos para o ambiente político e nos esquecermos do emo- cional e do técnico, com certeza te- remos problemas de superfatura- mento, com a execução de obras de uma maneira não adequada. Se apelarmos para a técnica sem considerar a ênfase política ou emocional, teremos um evento frio, que talvez não consiga transmitir 19PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl O Ciee tem um papel importante, assim como entidades como o sesi e outras do segmento turístico, que começam a se envolver em capacitação de mão de obra. todo o potencial de uma Copa do Mundo. É importante que esses três itens estejam compatibiliza- dos para que se possa atingir o equilíbrio. Essas esferas devem interagir com outros campos fundamen- tais. O primeiro deles é o relati- vo ao pessoal, uma vez que não se faz um evento como a Copa do Mundo sem pessoas qualificadas. Nesse quesito, o CIEE tem um papel importante, assim como en- tidades como o SESI e outras do segmento turístico, que começam a se envolver em capacitação de mão de obra. O segundo campo no qual temos e precisamos de uma avaliação bastante criteriosa é o da infraestrutura instala- da, ou seja, aquilo que temos hoje e o que gostaríamos de ter ou o que podemos projetar de infraestrutura que será necessária para a realização desse evento. Se não fizermos uma avaliação muito fria hoje, certa- mente erraremos no terceiro item, que é a infraestrutura a ser instalada. É importante que tenhamos uma avaliação especificamente técnica para que não ocorram erros. Os instrumentos necessários para isso são, basicamen- 20 Coleção CIee 118 Queremos que o país consiga ocupar um espaço nesse ideário internacional para aumentar nosso fluxo turístico e de negócios. te, recursos de toda ordem, humanos e financeiros. Temos que pensar na tramitação que isso tudo deve ter para que possamos realizar o evento, uma vez que o governo tem um ritual um pouco lento em tomadas de decisão. É importante que tenhamos essa esfera bem delimitada para conseguir cumprir o que está sendo projetado. Daí a necessidade de dispor dos recursos necessários. Precisamos definir qual será a estratégia desse desen- volvimento e o que queremos com a Copa do Mundo. Para um país, o que menos interessa é o resultado do jogo, e isso ficou claro na África do Sul. Nós queremos realizar um megaevento que atinja uma audiência acumulada de 30 bilhões de pessoas no mundo; esperamos que o Brasil transmita uma boa imagem; e, es- pecialmente, que São Paulo, onde está situado o nosso co- mitê, construa também uma imagem adequada. Queremos,com este evento, que o país consiga ocupar um espaço nesse ideário internacional para aumentar nosso fluxo turístico e de negócios. Do ponto de vista de rea- lização de obras, devemos dar aten- ção, principalmente, àquelas que deixem um legado para o morador. Acho que nenhum governo, líder de comitê ou de secretaria, depen- 21PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl faríamos essa obra se não houvesse Copa do Mundo? se a reposta for não, devemos reavaliar. dendo da organização de cada Estado envolvido na Copa, deve pensar apenas no torneio. Temos uma pergunta bastante simples que resolve muito bem essa equa- ção: faríamos essa obra se não houvesse Copa do Mundo? Se a reposta for não, devemos reava- liar a necessidade da obra. Mesmo a iniciativa privada também precisa pensar dessa maneira, principalmente quando se trata de hotelaria e de alguns investimentos que não vingarão no futuro se forem direcionados apenas para a Copa do Mundo. Essa é uma discussão que, hoje, está bastante quente, inclusive na ci- dade de São Paulo. O Comitê Paulista de Copa do Mundo tem uma estrutu- ra bastante simples, dividida em duas esferas. Uma delas é o Grupo de Trabalho, composto por secretarias de governo, estaduais e do município de São Paulo. A outra é o Comitê Executivo, o COESP, que é o braço operacional. O primeiro tem uma ação prioritariamente estratégica, envolvendo o governo, e o segundo conta com a iniciativa privada já inte- grada e é uma estrutura operacional. Para dar um exemplo, no Grupo de Trabalho atua a Se- cretaria de Transportes, ao passo que no COESP atua a CET – Companhia de Engenharia de Tráfego. Faz parte 22 Coleção CIee 118 Há o núcleo integração, que é uma peça fundamental. É constituído por oito secretarias estaduais e 12 secretarias municipais. do Grupo de Trabalho a Secretaria Estadual de Turismo, e do COESP, a SPTuris – Empresa de Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo, que é o braço operacional. É uma estrutura bastante simples, com um órgão definidor de es- tratégias e outro que as executa. Os grupos de trabalho foram divididos basicamente em quatro grandes núcleos dentro do comitê. Um é o Núcleo de Infraestrutura, que engloba um rol bastante grande de obras que tiveram orçamento e cronograma ajustados por conta da Copa do Mundo e devem ter um acompanhamen- to muito detalhado de sua execução, devido ao impacto no evento. Há o Núcleo Integração, que é uma peça fundamental. É constituído por oito secretarias estaduais e 12 secretarias municipais, às vezes atuando na mesma área, porém em âmbitos diferentes, com rotinas e projetos que devem ser integrados por con- ta da Copa do Mundo. Esse núcleo tem justamente o objetivo de integrar e envolver a sociedade civil, associações de mo- radores, associações comerciais e produtores de eventos. Ele com- pila tudo isso visando especial- mente o legado para a cidade. Seu principal objetivo é integrar tudo 23PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl serão realizados diversos eventos até a Copa do Mundo que vão além do torneio, como o sorteio de chaves, reuniões com a fifa etc. para que o cidadão se beneficie dos investimentos públicos e privados que serão feitos. O Núcleo de Eventos e Oportu- nidades tem um nome que é auto- explicativo. Serão realizados diver- sos eventos até a Copa do Mundo que vão além do torneio, como o sorteio de chaves, reuniões com a FIFA, inspeções, a Copa das Confe- derações, as eliminatórias e a Copa América. Esse núcleo tem que aproveitar as oportunidades ge- radas por esses eventos. De qual maneira? Basicamente otimizando negócios para a cidade de São Paulo, visando não apenas o proveito econômico, mas também as oportu- nidades, fazendo com que os eventos revertam de maneira positiva para a nossa cidade. O Núcleo de Comunicação e Turismo trabalha o posi- cionamento que queremos da cidade, a maneira como que- remos ser vistos, qual a essência de São Paulo. O turismo vem em vários momentos: no pré-Copa, porque já há um movimento por conta da Copa das Confederações, durante a realização da Copa do Mundo, e posteriormente, com a expectativa de que a cidade continue recebendo visitantes. O município de São Paulo tem hoje uma característica 24 Coleção CIee 118 são Paulo tem a característica de ser bastante flexível, conseguindo organizar Carnaval, fórmula indy, Parada Gay, Marcha para Jesus e virada Cultural. marcante: é o que recebe mais vi- sitantes no Brasil. São mais de 11 milhões de pessoas todos os anos, ou seja, uma São Paulo a cada ano, apenas de visitantes. Atualmente, 69% dos voos in- ternacionais que começam, pas- sam ou terminam no Brasil são direcionados para o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos/SP. Essa é uma questão crítica que precisa ser avaliada. A questão aeropor- tuária é um dos maiores desafios que teremos em relação à Copa do Mundo. A cidade já realiza grandes eventos. São Paulo tem a característica de ser bastante flexível, conseguindo orga- nizar Carnaval, Fórmula Indy, Parada Gay, Marcha para Jesus e Virada Cultural, tudo em um período de apenas 40 dias. A cidade se infla. Colocamos quatro milhões de pes- soas na rua, depois realizamos a Fórmula Indy em 110 dias de obra. A cidade consegue ótimos resultados na realização de supereventos. Recentemente, participei de uma reunião com um em- presário que planeja trazer um megashow internacional e está à procura de um lugar em São Paulo para realizá-lo. É um show de expressão que já foi feito na Torre Eiffel e nas 25PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl estamos finalizando um estudo, visando levantar o tamanho do mercado de trabalho no turismo da cidade de são Paulo. pirâmides do Egito. Como agora o Brasil é a bola da vez, e São Paulo seu principal mercado, ele quer fazê-lo aqui. São Paulo já está na rota dos grandes eventos. Há ne- cessidade de um novo local, mas já estamos nesse roteiro. A cidade tem, inclusive, perdido oportunidades de receber feiras comerciais por falta de local. Hoje, 75% dessas gran- des realizações do país acontecem na capital paulista, o que tem um impacto muito expressivo na ocupação hoteleira, na utilização de táxis e de toda a infraestrutura. Uma forte característica do turismo é a utilização de mão de obra intensiva e não existe desenvolvimento turístico se não houver pessoal disponível, especialmente qualificado. Quanto maior o nível dessa atividade na cidade, maior é a geração de empregos. Estamos finalizando um estudo, junto com a FIPE – Fundação Ins- tituto de Pesquisas Econômicas, visando levantar o tamanho do mercado de trabalho no turismo da cidade de São Paulo, para pla- nejar 2014. Existem algumas frases emble- máticas, como a que os engenhei- ros gostam de usar que afirma que “se você não pode medir, você não pode mudar”. Assim, estamos medindo o tamanho desse merca- 26 Coleção CIee 118 trabalhamos com relacionamento, mas não apenas com o trabalho de relações públicas usual. do de trabalho para ver o que é preciso fazer para mudá-lo. Esse estudo será em breve enviado ao CIEE, já que tem forte relação com a função dessa instituição. No núcleo de Comunicação e Turismo, que eu coordeno, reuni- mos imprensa, trade, capacitação e voluntariado. Esse último as- pecto deverá constituir um setor específico. Nesse núcleo, também coletamos informações e dados e fazemos levantamentos estatísticos. Trabalhamos com relacionamento, mas não apenas com o trabalho de relações públicas usual. Nesse aspecto, definimos qual é o relacionamento que queremos com todo e qualquer público. Também fazem parte do núcleoas campanhas educati- vas. Precisamos do envolvimento do morador, que tem de abraçar a causa da Copa do Mundo e entender sua impor- tância. Essas campanhas educativas são fundamentais por conta disso. Alguém que seja vizinho de um grande hotel, de um es- tádio ou de um local onde se realize uma fun fest, deve estar consciente de que aquela atividade, que atrapalhará um pouco sua rotina durante dois ou três dias ou durante um mês, é importante para a cidade de São Paulo, para a gera- ção de emprego e para esse posicionamento que queremos. Essa é a missão dessas campanhas educativas. 27PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl Passamos a definir o que queremos para a cidade de são Paulo do ponto de vista de estruturação das ações que envolvem principalmente o governo. Temos, neste quadro, uma relação de todos os itens que já abordei: estádio, centros de treinamento, saúde e tecno- logia. Há uma preocupação muito grande com a geração de energia, principalmente depois da Copa na África do Sul. Durante a realização dos jogos, a África do Sul enfrentou vários pequenos apagões, inclusive em aeroportos, algo que temos que nos preocupar aqui também, nem tanto em São Paulo, mas em algumas outras cidades-sede. A tecnologia também é motivo de atenção. Nas cidades situadas nos extremos do país, como Manaus e Porto Ale- gre, há uma preocupação maior porque não há muita re- dundância em tecnologia. O Núcleo de Infraestrutura está cuidando dessa área. No início de 2010, em ja- neiro, começamos a executar nosso plano de ação. Contra- tamos uma consultoria, ligada à FIFA, e passamos a definir o que queremos para a cida- de de São Paulo do ponto de vista de estruturação das ações que envolvem principalmente o governo. Foram diversas reu- niões que envolviam 30, 40 ou 50 pessoas ou, eventualmente, ape- nas duas para aprofundar um tema. 28 Coleção CIee 118 Queremos um plano de capacitação de taxistas ou de frentistas de postos de gasolina, uma vez que eles são centros de informação. O resultado foi a elaboração do Plano Estratégico de São Paulo para a Copa do Mundo, que está à disposição de quem se interessar, inclusive via e-mail. Agora esta- mos detalhando cada uma dessas ações, no caso do Núcleo de Turis- mo e Comunicação, inclusive do ponto de vista orçamentário. Por exemplo: queremos um pla- no de capacitação de taxistas ou de frentistas de postos de gasoli- na, uma vez que eles são centros de informação. Nesse plano defi- nimos os recursos financeiros ne- cessários para isso, quando vamos começar, quais serão os eventos em que as ações poderão ser testadas etc. A Copa das Confederações que vai acontecer em 2013, por exemplo, é uma boa oportunidade para se fazer um teste. Este detalhamento deve ser concluído em breve. No fi- nal, tudo o que o governo planeja em relação à Copa do Mundo estará mais ou menos delineado. Até hoje, pelas informações que recebemos, o Estado de São Paulo foi o único que já concluiu esse trabalho. Isso nos deixa felizes, por um lado, e preocupados, por outro, porque a Copa é um evento do Brasil. Somos uma das sedes, mas a Copa é no Brasil todo. 29PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl fomos procurados pelo prefeito e pelos secretários de turismo e Comunicação da cidade de são Roque, que desejavam receber a seleção da itália. Como somos uma subsede, podemos sentir as conse- quências se qualquer uma das outras sedes sofrer qualquer tipo de problema. É sempre importante pensarmos em nos- sa cidade, mas precisamos lembrar que estamos represen- tando o Brasil. Outro documento elaborado foi chamado Cidade Base, e essa é uma história interessante. No começo de 2009, fomos procurados pelo prefeito e pelos secretários de Turismo e Comunicação da cidade de São Roque, que desejavam re- ceber a seleção da Itália na Copa do Mundo. Alegavam ter na cidade uma grande colônia italiana, que a cidade é uma região produtora de vinhos e desejavam trabalhar para que a Itália realizasse a pré-temporada na cidade. Fizemos uma longa reunião com o prefeito para mostrar o tamanho desse desafio para São Roque, quanto a cidade precisa- ria enfrentar e ressaltamos que eles precisariam investir sem se- quer saber se a Itália viria, uma vez que essa decisão será do téc- nico da seleção italiana. Foi muito útil a conversa e eles decidiram que não desejam mais receber a Itália e nenhuma outra seleção, devido a um aspecto sim- ples: a época em que planejavam abrigar a seleção é justamente a 30 Coleção CIee 118 Montamos um questionário de 17 páginas e o enviamos para todas as cidades, para avaliarmos seus interesses. época em que São Roque recebe mais turistas no ano. O prefeito concluiu que prejudicaria o públi- co que viaja para lá todos os anos, em troca de um benefício hipoté- tico, com uma seleção que não se sabe sequer se viria. A decisão de investir teria que ser tomada agora, no escuro, e a participação da Itália só seria decidida, possivelmente, em feve- reiro de 2014, quando as seleções definirão onde farão a pré-temporada. Os grupos da Copa serão definidos apenas em dezembro de 2013, ou seja, mui- to tarde para uma decisão de investimento. O prefeito decidiu aproveitar as peculiaridades da ci- dade, organizar alguns eventos temáticos, musicais e gas- tronômicos, e projetar os jogos da Copa do Mundo em um telão, participando da Copa sem gastar. Isso despertou na SPTuris uma preocupação: o Estado de São Paulo tem 640 municípios e, se todos quisessem uma reunião conosco, seria impossível atendê-los. Assim, montamos um questionário de 17 páginas, nos moldes do que a FIFA nos mandou em 2007, e o enviamos para todas as cidades, para avaliar seus interesses, necessidades e sa- ber o que elas oferecem para se candidatar a algum projeto. 31PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl ninguém compra uma viagem que esteja relacionada à fifa se não for por meio da Match. Dos 640 municípios, 105 responderam o questionário. Entre esses, selecionamos perto de 50, utilizando um cri- tério mínimo, e fizemos uma publicação que foi entregue à FIFA e à sua associada, a Match, que cuida com exclusivi- dade das viagens relacionadas ao torneio. Ninguém compra uma viagem que esteja relacionada à FIFA se não for por meio da Match. A em- presa já tinha realizado sete ou oito Copas do Mundo e nunca ha- via recebido um documento dessa ordem, com tanta antecedência. O livro foi impresso e preparamos uma versão digital que será dis- ponibilizada em nosso site. Nesse documento tratamos de 50 cidades como, por exemplo, Águas de Lindóia, São Carlos e Campinas, mu- nicípios de todos os tamanhos, em um levantamento inte- ressante porque mescla as infraestruturas turística e es- portiva. É um documento diferente porque avalia cultura, turismo, esporte e saúde, em conjunto. 32 Coleção CIee 118 a distribuição geográfica ficou bastante interessante, porque teremos 33% da Copa no nordeste, 33% no sul e sudeste e um pouco menos no Centro-Oeste e norte. Cronograma Agora, um resumo do cronograma geral desses eventos. Em 30 de outubro de 2007 a FIFA decidiu que o Brasil, concorrente único, seria o país-sede. A seguir, mais de 20 cidades tentaram apresentar proposta para serem sedes, mas apenas 18 concorreram efetivamente. Depois de serem escolhidas, diversas consultorias passa- ram a procurá-las para oferecer a elaboração da documen- tação de candidatura. A empresa que cobrava menos exigia R$ 600 mil para trabalhar por um mês. A cidade de Maceió desistiu após 30 dias da candidatura, por entender que se- ria muito oneroso dever R$ 600 mil, antesmesmo do pro- cesso começar. Assim, as cidades candidatas reduziram-se a 17. Em 31 de maio de 2009 foram definidas as 12 cidades que abri- garão os jogos. Algumas das 17, como Belém e Goiânia, que acre- ditavam estar na lista final, fo- ram preteridas. O LOC – Comitê Organizador da Copa do Mundo, que representa a FIFA no Brasil, em conjunto com a CBF – Confe- deração Brasileira de Futebol, es- tabeleceu algum critério e elegeu as 12 cidades. A distribuição geo- gráfica ficou bastante interessan- 33PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl em dezembro de 2012 temos a previsão de conclusão das obras dos estádios. te, porque teremos 33% da Copa no Nordeste, 33% no Sul e Sudes- te e um pouco menos no Centro- Oeste e Norte. Apesar disso, estão em avalia- ção alguns problemas, principal- mente após a África do Sul, quan- do quatro aviões não conseguiram chegar a Durban para a semifi- nal por conta de deslocamentos aéreos. A FIFA está repensando essa distribuição. Em janeiro de 2011 teremos o primeiro grande evento da Copa do Mundo, em São Paulo, quando o presidente da FIFA dará a largada para a elaboração dos conteúdos da Copa. Em dezembro de 2012 temos a previsão de conclusão das obras dos estádios. Sabemos que muitas cidades-sede não conseguirão cum- prir o cronograma, o que aconteceu também na África do Sul. O Soccer City, em Johannesburg, não estava pronto na Copa das Confederações, um ano antes, tanto que a final foi no Ellis Park, onde o Brasil foi campeão. Portanto, muitas obras não estarão prontas nesta data também. Teremos a Copa das Confederações em cinco ou seis cidades em 2013 e, finalmente, a Copa do Mundo. 34 Coleção CIee 118 Mesmo em são Paulo há casos de obras que estão paradas há 20 anos e que agora foram colocadas na conta da Copa do Mundo. Impactos Vamos relacionar os impactos que teremos a curto e lon- go prazo. O que mais interessa para nós é o segundo caso, que inclui a realização de grandes obras. Participamos de muitos debates e reuniões entre as 12 cidades e é nítida a diferença de prioridades em cada sede. Temos, por exemplo, o Esta- do de São Paulo investindo no Rodoanel, que é a maior obra na América Latina atualmente em execução, que tem a finalidade de interligar todas as rodovias que chegam à capital paulista, impedindo que o trânsito de ca- minhões atravesse o município. E temos outra cidade solicitando dinheiro do governo federal para investir em ciclovias e colocando a conta na Copa do Mundo. Ou seja, há um desnível muito grande. Mesmo em São Paulo há casos de obras que estão paradas há 20 anos e que agora foram colocadas na conta da Copa do Mundo. Não é ne- cessária uma Copa para se consertar calçadas, por exemplo. Tivemos que ser muito criteriosos em relação a essas obras. Temos nesse quadro a projeção nacional e internacional dos destinos, que é fundamental, e a estimativa da geração de 35PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl empregos permanentes, uma vez que sempre há um impacto do evento no PIB – Produto Interno Bruto. Na África do Sul ele foi menor do que o imaginado, ficando entre 0,2% e 0,3% do PIB, quando se esperava que atingisse em torno de 0,5%. Na Alemanha, o efeito no PIB foi maior do que na África. Trabalho qualificado Falamos muito em obras para a Copa do Mundo, mas um dos melhores legados que teremos será elevar o nível da nossa mão de obra. Trabalhamos com um horizonte bastante interessante na cidade de São Paulo. Teremos anualmente dois even- tos de automobilismo: a Fórmula Indy até 2018, e a Fór- mula 1 até 2014. Teremos a Copa das Confederações em 2013, a Copa do Mundo em 2014, o Congresso Mundial do Rotary em 2015, com 40 mil visitantes estrangeiros, os Jogos Olímpicos em 2016, com jogos de futebol em São Paulo, Brasília, Salvador, Belo Horizonte e finais no Rio de Janeiro. Estamos pleiteando uma Expo- Mundo, como a que acontece agora em Xangai, para 2020. Finalmente, teremos anualmente dois eventos de automobilismo: a fórmula indy até 2018, e a fórmula 1 até 2014. 36 Coleção CIee 118 teremos em 2022 dois megaeventos: os 200 anos da independência, no ipiranga, e o centenário da semana de 22. teremos em 2022 dois megaeven- tos: os 200 anos da Independência, no Ipiranga, e o centenário da Se- mana de 22, que mudou a concep- ção cultural da nossa cidade e do Brasil. Esse é o nosso horizonte de pla- nejamento. O ano de 2022 parece longe, mas se pensarmos friamente teremos, até lá, apenas um prefeito e meio, um governador e meio e um presidente e meio. Gilberto Kassab sai em 2012. Haverá o próximo, que deverá ficar oito anos e sair em 2020, se for reeleito. Lula sai agora e entra Dilma, provavelmente até 2018, contando com a reeleição, e teremos apenas mais um mandato até 2022. Com os governadores o cenário é o mesmo. Serão eleitos agora, fica- rão até 2018 e sobrará apenas meio mandato até 2020. No horizonte político isso é muito pouco. Por isso, é im- portante trabalhar com esse prazo. Quando se planeja uma obra é necessário pensar em, no mínimo, 15 ou 20 anos à frente, principalmente quando se fala de grandes obras. É dessa forma que estamos trabalhando. Temos ainda a considerar o aquecimento geral do comér- cio a longo prazo e a recuperação de áreas. No caso de São Paulo, existe uma obra em realização que exemplifica esse aspecto, que é a reurbanização de um trecho importante da 37PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl um ponto importante é o fator feel good, que significa a pessoa se sentir bem por ter realizado um evento. favela de Paraisópolis. Ela acontecerá por meio da avenida Perimetral e poste- riormente pela instalação da linha 17 do metrô. Será uma linha leve, de VLP (Veículo Leve sobre Pneus) que, quando concluída, será uma das maiores em integração na cidade, li- gando metrô, aeroporto, trem e o terminal rodoviário na Vila Sônia, auxiliando as pessoas que saem para a região da Rodo- via Raposo Tavares. Esse é um modelo de planejamento, de longo prazo, com recuperação de áreas. Prever um impacto um pouco mais detalhado da Copa na economia é chover no molhado: ele acontece na infraestrutura, na mobilidade e no comércio, de um modo geral. Um ponto importante é o fator feel good, que significa a pessoa se sentir bem por ter realizado um evento, por tê-lo feito bem e por ter assumido a capacidade de fazê-lo, permitindo a ela se compro- meter a realizar eventos maiores. Percebemos na África do Sul como deve ter sido doloroso orga- nizar a Copa do Mundo. Eles tive- ram muita coragem para encarar o desafio de fazer uma Copa em um país com muitos problemas, que há apenas 16 anos ainda sofria com a política segregacionista do apartheid. É um país com uma his- tória muito rica, porém com histó- rico de grandes problemas sociais. 38 Coleção CIee 118 finalmente, temos o impacto no turismo. a indústria que é mais beneficiada com a Copa do Mundo é a de turismo. Os sul-africanos enfrentaram o desafio com uma dignidade absur- da, sem ter os recursos humanos necessários, gastando dinheiro que talvez não tivessem em estádios de futebol, em um país em que o gran- de esporte é o rugby. Deve ter sido muito custosa a realização, mas tenho certeza que a partir de ago- ra darão voos muito maiores. Essa questão da autoestima está envol- vida com a organização do evento. E, finalmente, temos o impacto no turismo. A indústria que é mais beneficiada com a Copa do Mundo é a de turismo. As cidades-sede estão distribuídas por todo o território nacional. A FIFA quer realizar o torneio em quatro grandes regiões para evitar longos deslocamentos.Do ponto de vista turístico, essa decisão é péssima, mas temos que conside- rar que a FIFA precisa ter essa preocupação, especialmente relacionada aos investimentos em aeroportos. Precisamos lembrar que no meio do ano é comum os aeroportos do sul ficarem fechados devido a nevoeiros. Vamos analisar o Índice de Desenvolvimento Humano - IDH de cada cidade. Podemos observar que ele sobe quanto mais nos deslocamos para o sul do País. Assim, a Copa re- presenta uma oportunidade para tentar igualar esse índi- ce, elevando os mais baixos. Trata-se de uma oportunidade 39PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl Houve 10 jogos em los angeles, a cidade com mais jogos na história das Copas. que temos para padronizar a qualidade social no Brasil. Agora quero fazer um comparativo de distâncias, muito interessante. Para ir de Lisboa até Helsinque é necessá- rio voar cinco mil quilômetros e cruzar toda a Europa. No Brasil, a distância entre Manaus e Natal ou Recife tem mil quilômetros a mais. Esse comparativo é importante porque nas últimas Copas a FIFA não enfrentou essa realidade. A última vez em que esse fator foi importante foi na Copa dos Estados Unidos, em 1994, quando participaram apenas 24 seleções. Naquele tor- neio, houve 10 jogos em Los Angeles, a cidade com mais jogos na história das Copas. No Brasil, essa distribuição certamente causará impactos interessantes, porque as distâncias são muito grandes. Quan- do a FIFA pensa em concentrar as cidades-sede em quatro grandes grupos, ela leva em consideração principalmente as distâncias envolvidas. Embora, como promotores de turismo, preferiríamos fazer as pessoas viajarem pelo Brasil, temos que reconhecer que essa preocupação é fundamentada. Neste quadro temos algumas informações sobre os investi- mentos previstos, com base nos anúncios das cidades. São Pau- lo prevê R$ 34 bilhões em obras para a Copa e o Rio de Janeiro, 40 Coleção CIee 118 são Paulo prevê R$ 34 bilhões em obras para a Copa e o Rio de Janeiro, R$ 20 bilhões. Particularmente, duvido que gastem apenas isso. R$ 20 bilhões. Particularmente, duvido que gastem apenas isso. Quem prevê menos é Cuiabá, com R$ 2,9 bilhões, e Manaus, com R$ 5,4 bilhões. Mas essas talvez fossem as cidades que tivessem que gastar mais, embora não apenas vi- sando a Copa. Vejamos, por exemplo, o caso de São Paulo. Há inúmeras obras previstas e a maioria não está di- retamente relacionada a futebol ou Copa do Mundo. Já o trecho sul do Rodoanel, recém-inaugurado, é benéfico para a Copa do Mundo, porque evita o trânsito de carros na cida- de, permitindo que os visitantes o utilizem para se deslocar. Esperamos que o trecho leste do Rodoanel esteja pronto até 2014. O trecho norte, o último deles, dificilmente esta- rá, porque é o mais complicado do ponto de vista ambiental. Temos a linha quatro do Metrô, que já está em execu- ção e que ficou famosa pela imensa cratera que provocou ao lado da marginal do rio Pinheiros. Em 2007, quando foi anunciado que o Brasil seria o país-sede, Caio Carvalho, presidente da SP Turismo, cansou de dar entrevistas dizen- do que a Copa do Mundo já havia começado e esse era o Me- trô que levaria o público ao estádio. Na época, esperávamos que o Morumbi fosse um dos estádios da Copa. 41PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl a passagem custa 110 rands, ou mais ou menos R$ 30, um preço justo de mercado, e seu trajeto liga o aeroporto ao centro da cidade. Essas obras estão todas alinhadas. Uma que nos preo- cupa muito é o Expresso Aeroporto. É fundamental que ele esteja funcionando na época. É necessário haver um trem para que as pessoas que chegarem da Europa possam se deslocar diretamente até o centro da cidade. Johannesburg tem um, de altíssima qualidade, perfeito, inaugurado na Copa. Falta público para ele, mas o trem tem uma eficiência excelente, melhor que o nosso metrô. A passa- gem custa 110 rands, ou mais ou menos R$ 30, um preço justo de mercado, e seu trajeto liga o aeroporto ao centro da cidade. São Paulo precisa dispor de transporte parecido. Apesar de fundamental, essa obra não sai do papel porque possivelmente utilizará a mesma calha do trem- bala, que também terá estação no Aeroporto de Guarulhos, e, enquanto não se decide sobre esse último, o outro também fica paralisado. Temos que apres- sar a solução para adequar a malha ferroviária. Algumas obras podem parecer um pouco estranhas por não apre- sentar vinculação clara com a Copa, como o complexo viário Jacu-Pêsse- go. Porém, ele funcionará fazendo o papel do ramal norte-leste do Rodo- anel, que ainda está em execução. Assim, apesar de não imediata, existe uma lógica nessa vinculação. 42 Coleção CIee 118 O complexo viário Jacu-Pêssego, funcionará fazendo o papel do ramal norte-leste do Rodoanel, que ainda está em execução. Esquema de jogo Cabe uma explicação sobre o nosso esquema de jogo para a Copa do Mundo. Já tentei fazer uma apresentação em 4-4-2 ou 4-5-1 e nunca dá certo. O único que dá certo é o 3-5-2, que é nosso esquema de jogo. Os três pontos da defesa são: qualidades únicas, trade offs e adaptações necessárias. Vou explicá-los. Primeiro, temos que definir quais são as qualidades de São Paulo, o que queremos mostrar e o que temos de me- lhor para tentar aprimorar nossas fraquezas. Em seguida, os pontos que viermos a definir que são nos- sos pontos fracos devem ser simplesmente abandonados. Não queremos parecer o que não somos. Não adianta, por exemplo, querer parecer que somos bacanas e festeiros como o pessoal do Rio de Janeiro. Não temos esse perfil. Em São Paulo, sabemos no máximo participar da festa, mas or- ganizar festas é para quem tem esse perfil. O que não sabemos fazer, de- vemos deixar de lado. Finalmente, temos que avaliar quais são as adaptações necessá- rias para a Copa do Mundo, ou seja, os temas que não conhecemos tão bem mas podemos aprender. 43PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl no meio campo, temos cinco pontos: planejamento realista, recursos necessários, instrumentos adequados, pontos-chave sólidos e horizonte político com independência. Em resumo, na defesa preci- samos dessa visão do jogo. Temos que definir de forma muito clara o que queremos, o que sabemos ou não sabemos fazer e o que podere- mos aprender. No meio campo, temos cinco pontos: planejamento realista, re- cursos necessários, instrumentos adequados, pontos-chave sólidos e horizonte político com indepen- dência. Sobre o planejamento realista, é preciso ressaltar que hoje temos apenas quatro anos. Do ponto de vista de obras, quatro anos não são nada. Temos que planejar e fazer ao mesmo tempo. Sobre os recursos necessários, estamos falando dos finan- ceiros e humanos. Os relacionados a dinheiro devem estar pre- vistos em um cronograma físico-financeiro bastante claro. Precisamos escolher bons recursos humanos e investir na capacitação deles. É necessário aproveitar a mão de obra que já está em formação. São Paulo tem hoje carência de mão de obra especializada em diversas áreas e isso na Copa do Mundo pode ser um entrave. Quais serão os instrumentos adequados para conseguir isso? 44 Coleção CIee 118 É necessário um cronograma e um planejamento que tenha certa independência da área política, para ser executado em paralelo. Em seguida, precisamos pensar em quais serão os pon- tos-chave, ou seja, o que fica de legado para a cidade, sem- pre pensando em Copa do Mundo e também no futuro de- pois dela. A formação de mão de obra precisa ter o mesmo peso das grandes obras. Dentro do aspecto horizonte po- lítico e independência, precisamoslembrar que podemos ter mudan- ças, dependendo da cabeça da presi- dente, do governador ou do prefeito. É necessário um cronograma e um planejamento que tenha certa inde- pendência da área política, para ser executado em paralelo às questões políticas. Os políticos sempre dese- jam impor sua influência. Vou dar um exemplo típico des- se aspecto. Nos debates ou palestras junto às demais sedes, São Paulo era sempre a última a falar, já que a sequência dos discursos era em ordem alfabética das cidades, e Bra- sília era a primeira. Os representantes de Brasília sempre afirmavam que a cidade desejava realizar a abertura da Copa, assim como nós. Em 2009, houve aquele grande problema de corrupção política em Brasília, o que é uma fatalidade e uma infeli- cidade. O governador foi deposto e, a partir disso, a cidade desistiu de sediar a abertura. Qual era, então, a consistên- 45PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl Com promoção, divulgação e negociação estamos falando das oportunidades que temos de nos mostrar ao mundo. cia do projeto de sediar a abertura da Copa? Era apenas um projeto político ou estava baseado em uma necessidade e uma oportunidade de se mostrar ao mundo? É importante que essa independência dos políticos seja muito clara. Agora vamos ao ataque, que é quem faz os gols e ganha o jogo. Aqui, temos dois tópicos: as atividades de promoção, divulgação e negociação e o envolvimento do morador. Com promoção, divulgação e negociação estamos falando das oportunidades que temos de nos mostrar ao mundo. Uma abertura de Copa envolve três mil jornalistas e a audiência acumulada da televisão é de 30 bilhões de pessoas assistindo os jogos. Temos que trabalhar muito e aproveitar as oportuni- dades de promoção que se iniciam agora. A FIFA tem um calendário enorme e precisamos participar das feiras internacionais, algumas de turismo bastante clássi- cas como a ITB de Berlim, a Fitura em Madrid e o WTM em Londres, e aproveitar o tema da Copa para lembrar a todos que ela será em São Paulo. Precisamos ter material vinculado a isso. A Copa do Mundo tem essa capacidade. O número de turistas não será muito grande. Calculamos entre 500 e 600 mil estrangeiros, o sufi- ciente para fazer um grande agito, mas não é um número exagerado. 46 Coleção CIee 118 Calculamos entre 500 e 600 mil estrangeiros, o suficiente para fazer um grande agito. A África do Sul projetou 450 mil e o balanço divulgado durante o mundial mostrou 364 mil, abaixo, portanto, da previsão. O Brasil tem algumas das di- ficuldades da África do Sul. Por exemplo, estamos longe dos gran- des centros emissores. O turismo se desenvolve principalmente no nível intrarregional. A Espanha recebe milhares de turistas que se deslocam até lá de bicicleta, de carro e a pé. Os países próximos têm uma economia sólida. Os nossos vizinhos não têm uma economia tão sólida e as distâncias até o Brasil são muito grandes. O nosso maior emissor de turistas é a Argentina. O segundo são os Estados Unidos, porque existe um intenso tráfego aéreo, principalmen- te para São Paulo, por conta de negócios. Porém, são turistas que viajam por questões profissionais e não os típicos que virão assistir à Copa do Mundo. Outro ponto é participação dos moradores. Nele estão envol- vidos voluntariado, boa vontade, educação, bom atendimento, boa realização e a capacitação para eventos maiores. 47PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl D E B A T E S D E B A T E S 48 Coleção CIee 118 WaGneR PRadO jornalista do site www.miltonneves.com.br Uma leitura dos cadernos de esportes dos principais jornais do país nos deixa aterrorizados. Em julho de 2010 foi realizada uma coletiva de imprensa com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, juntamente com o governador do Estado de São Paulo, para se falar de absolu- tamente nada. Recentemente, foi anunciado que o prefeito de Natal rompeu com as empresas que realizavam o estudo do estádio da arena de Dunas. Esse processo de Copa do Mundo teve início em 2007. Vocês, do co- mitê de São Paulo, considerando de uma maneira global que a Copa é um evento do Brasil, estão conscientes de que esse torneio é realmente realizável ou corremos o risco de sofrer sanções da FIFA e os jogos não acontecerem devido a todos os problemas que acontecem a cada dia? luiz sales Com o cenário de hoje não há a menor possibilidade de a Copa não acontecer aqui. Não sei o que podemos esperar do futuro, mas pelo que temos hoje em São Paulo e nas demais sedes também, não há qualquer risco: a Copa será aqui. WaGneR PRadO Você entende que as dificuldades que existem hoje podem ser supera- das e é natural para um país que pretende ser sede de uma Copa do Mundo? luiz sales Não é natural. Porém, podemos citar o presidente da FIFA, Joseph Blatter, que tratou desse assunto quando esteve no Brasil visi- tando o Museu do Futebol. Ele disse que a Copa da Alemanha teve o formato da Alemanha, a da África do Sul teve o formato da África do Sul e a Copa do Brasil terá o jeito do Brasil. Há muitas variáveis que envolvem a realização do evento. Farei uma retrospectiva rápida para exemplificar. Tivemos a Copa de 1994, nos Estados Unidos, com 24 seleções e um país sem tradição esportiva. D E B A T E S 49PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl Tivemos na França, em 1998, com 32 seleções, um país que gosta de futebol e é pequeno, proporcionalmente aos EUA. Em 2002 tivemos uma copa dividida em dois países, Coreia do Sul e Japão, algo que nunca havia acontecido, e em países sem tradição no futebol. Em 2006 o mundial foi na Alemanha, país com suas necessida- des sociais já bastante equacionadas. Mesmo assim, ocorreram proble- mas com aeroportos, mas em menor escala. A última foi na África do Sul, em 2010. Não é uma crítica, nem demé- rito e nem julgamento preconceituoso, mas se fizéssemos um compa- rativo entre África do Sul e Brasil há 10 anos e perguntássemos onde deveria ser realizada a próxima Copa, todo mundo optaria pelo Brasil. Por isso não tenho dúvida de que, com o cenário de hoje, realizaremos uma boa Copa. O caso de Natal é grave e o que acontece com São Paulo também não é muito confortável. Há ainda o caso de Cuiabá, que trocou seu projeto integralmente, na mesma semana em que foi escolhida como sede. As obras do Maracanã, no Rio de Janeiro, ainda não começaram, já foram revisadas três vezes e a cada revisão o orçamento aumenta em R$ 200 milhões. A Copa do Mundo é um processo. Faltando dez dias para a realização do evento, a FIFA ainda fará exigências e as cidades terão que correr para atendê-las. Isso é comum, aconteceu na África do Sul e não será diferente no Brasil. Esperamos apenas que não tenhamos muitos desacertos de última hora, pois isso encarece a produção e é frustrante. Mas hoje não vejo o risco de não realizarmos a Copa aqui no Brasil. leOnel aGuiaR empresário de promoções artísticas e jornalista Muitos pequenos e médios empresários com quem tenho conversado de- sejam se engajar na Copa do Mundo mas, obviamente, esse é um universo muito grande e eles não sabem por onde começar. Certamente não seria procurando a FIFA e nem a CBF, já que o Ricardo Teixeira inspira medo. Para falar com o governador de São Paulo é muito complicado. Se um grupo de empresários quiser se engajar na Copa do Mundo, em D E B A T E S 50 Coleção CIee 118 São Paulo, quais são os caminhos a trilhar, principalmente empresários sem vínculo com a política? luiz sales É simples. O Comitê Paulista da Copa do Mundo fica à rua Bandeira Paulista, 716, sexto e sétimo andares, no bairro do Itaim Bibi, na capital do Estado. O ideal é que não seja o movimento de umempresário iso- lado, mas sim por meio de associação ou entidade de classe. Já fizemos reuniões com a associação de promotores de eventos, organizadores de feiras e empresas de marketing promocional. É muito comum esse contato e ele representa o caminho natural. Certamente, o comitê não tem capacidade para atendimentos indivi- duais. O ideal é que a associação de classe procure o comitê porque, dessa forma, não nos sentiremos constrangidos em atender um em- presário determinado, uma vez que podem alegar que estamos bene- ficiando apenas uma determinada empresa. Ao mesmo tempo, é uma forma de transmitirmos as informações que são públicas para o maior número de pessoas. eleOnORa agente de turismo Com sua experiência de Copa do Mundo, saberia dizer se a conta fe- chou na Copa de 2010? A África do Sul teve lucro ou prejuízo? Essa relação custo-benefício será positiva no Brasil ou construiremos um trem-expresso maravilhoso, sem público? luiz sales A África do Sul teve prejuízos, infelizmente, mas isso não significa que eles erraram. Em um determinado momento, o assunto se transforma em uma questão de brio. O evento tem que acontecer de qualquer forma e se gasta o que for necessário. A estimativa é que a África do Sul tenha um impacto positivo em seu PIB da ordem de 0,2% a 0,3% no ano da realização do evento. Isso não significa, necessariamente, que o evento deu lucro. É preciso pesar diversas variáveis nessa conta. D E B A T E S 51PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl O impacto da África do Sul na captação e na movimentação econômica durante a Copa do Mundo foi divulgado, mas não foi detalhado. Che- gou a algo em torno de US$ 20 a US$ 25 bilhões. O custo necessário foi um pouco maior do que isso. Com essa comparação simples, a conta não fecharia. Mas é preciso computar os ganhos intangíveis também. Hoje ninguém no mundo pode falar que não sabe onde fica a África do Sul. É possível produzir esse impacto na promoção e no turismo, que são importantes, e também no posicionamento e na virada de mesa que o país deu em sua memória. A história recente da África do Sul, até 1994, era muito ruim. O filme Invictus mostra muito bem isso. Agora, a África do Sul está começando a se posicionar como um país de vanguarda. Sobre a segunda parte da pergunta, espero que não haja investimento onde não é necessário. Não sei se isso acontecerá em todas as cidades, mas elas estão imbuídas desse objetivo. Vale analisar o exemplo da linha 17-Ouro do Metrô de São Paulo. A ex- pectativa de público/dia dessa linha, quando for inaugurada, é de 230 mil pessoas, com ou sem Copa. Isso é mais do que o público de uma semana em todo o sistema de metrô no Rio de Janeiro. Ela sairá de São Judas e do Jabaquara, de dois pontos da já existen- te linha azul – a norte-sul –, e descerá para o bairro de Congonhas, integrando metrô e aeroporto. Daí ela seguirá pela calha da avenida Roberto Marinho, virará à esquerda quando chegar perto do Estádio do Morumbi, passará por cima do rio Pinheiros e fará a integração com a ótima linha C da CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. Na sequência, ela subirá no sentido da enorme favela Paraisópolis na calha da avenida Perimetral, que já está em construção, e se prolonga- rá pela avenida João Jorge Saad. Nesse trecho há uma dúvida porque existe uma questão de desapropriação. Em seguida, ela passará na frente do Estádio do Morumbi e seguirá até juntar-se à linha 4 do Me- trô, que já está em construção. Esse investimento pode ser feito sem riscos porque haverá muito pú- blico posteriormente. São Paulo está trabalhando assim porque não dá para fazer obra desse tipo na cidade sem um grande planejamento. Temos um representante do comitê, Pedro Benvenutto, que participou D E B A T E S 52 Coleção CIee 118 da elaboração de um livro, no ano 2000, em que esse traçado já estava previsto. Tudo é feito com muita antecedência nessa área porque obra de metrô é lenta e custosa. Sobre nenhuma dessas obras que falei pode ser dito que ela foi planejada para a Copa do Mundo. Elas têm relação com a Copa, mas não foram feitas com essa finalidade. PaRtiCiPante nãO identifiCadO advogado empresarial Tenho três perguntas. A primeira é sobre a viabilidade do plano de des- locamento da parte sul para a parte norte do Brasil: seria muito mais viável para a Copa? A segunda é que Portugal e Espanha apresentaram uma candidatura conjunta para 2018, assim como a Inglaterra e agora a Rússia, como uma terceira opção. Poderíamos fazer uma parceria com eles: eles in- vestiriam aqui e depois nós os apoiaríamos? E a terceira é se esse comitê aceita empresários que pudessem ser leva- dos a outros Estados. Meu interesse como advogado empresarial não é ficar em São Paulo, mas ir justamente para Manaus ou para alguma cidade do Pará. São locais que podem sediar uma Inglaterra ou uma Alemanha, o que dará projeção para a região. Haverá um apoio para empresários visando essas outras regiões também? luiz sales A abrangência do nosso comitê é o Estado de São Paulo. Te- mos boa relação com todos os comitês para troca de experiên- cias, mas nossa atribuição está circunscrita. Acredito que você está certo quando olha para as demais sedes, porque elas pre- cisam de mão de obra qualificada. São Paulo também precisa, mas é provável que Manaus precise proporcionalmente de mais engenheiros, assim como em outras cidades. É fundamental que você olhe para esses horizontes profissionais, até porque você tem seus interesses. Porém, algumas cidades que você citou não serão sedes como, por exemplo, Belém e Florianópolis. Quando falamos de regionalização é principalmente do ponto de vista de concentração de turistas. A FIFA não quer que ele saia de São Paulo para D E B A T E S 53PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl assistir o próximo jogo em Fortaleza. O turista corre riscos com esses deslo- camentos. Pode perder um voo, chegar atrasado ou perder um jogo. Hoje não existe mais o estágio de candidatura das cidades. As 12 ci- dades-sede já estão definidas. Há quem diga que alguma delas pode até vir a ser excluída. Não sei se isso irá acontecer. Faz tempo que não existem tantas sedes, mas hoje esse cenário é o definitivo e serão essas as 12 cidades onde haverá jogos. A questão em que você situou Espanha e Portugal envolve outros ce- nários. Holanda e Bélgica também querem se candidatar em conjunto. O Qatar já está apresentando sua candidatura para 2022, Londres pos- sivelmente vai levar a de 2018. Existe, então, um cenário que vem se delimitando. Vamos ilustrar um pouco esse aspecto. Para efeito de turismo, o resul- tado da última Copa foi perfeito para o Brasil. A pior coisa que poderia acontecer seria o Brasil ganhar. Do ponto de vista turístico, o resultado foi ótimo porque, apesar de a Copa ter uma história longa, existia ape- nas sete campeões mundiais. Com a vitória da Espanha, já temos oito países campeões. Vamos analisar algumas situações, começando pela campeã, a Espa- nha. O espanhol, como campeão, se sentirá motivado a viajar para o Brasil em 2014. Havia aquela lenda de que o time espanhol “amarela- va” no final, o que desestimulava o torcedor. Agora, com a vitória da Espanha, eles virão mais animados para o Brasil. Outra vantagem é que temos voos diretos entre o Brasil e a Espanha. Em alguns dias existem até quatro horários para escolher de Madrid para São Paulo. Turismo se desenvolve ou de forma intrarregional ou para onde existem voos. A seguir, vamos avaliar a questão da segunda colocada, a Holanda. Ela ganhou do Brasil e já foi vice-campeã três vezes. Os holandeses virão para cá com a intenção de ser campeões. Existem voos de Amsterdam para o Brasil também. Em terceiro lugar ficou a Alemanha, seleção jovem, que vem muito forte para2014. Há um intercâmbio comercial enorme entre Brasil e Alemanha, que representa um dos principais parceiros comerciais do Brasil na Europa. D E B A T E S 54 Coleção CIee 118 Com relação ao Uruguai, o quarto colocado, há apenas a ressalva de que o país tem somente três milhões de habitantes, menos do que a população de Salvador. Mas foi muito bom o resultado deles, e entre Montevidéu e São Paulo temos quase uma ponte aérea, de tantos voos que existem. Então, eles também virão ao Brasil. Os argentinos também estarão aqui. Mesmo que a seleção argentina não seja classificada para a Copa de 2014, os argentinos viajarão, até para torcer contra o Brasil. Ou seja, o resultado final da Copa na África do Sul, de um modo geral, foi muito bom para o Brasil. É importante observar que os dez maiores emissores de turistas europeus para o Brasil estiveram na última e na penúltima Copa do Mundo. De Portu- gal, por exemplo, há voos para Fortaleza, Natal, Recife, Salvador, São Paulo, Belo Horizonte e Campinas. Os portugueses também estarão aqui, apesar de o time deles não conseguir excelentes resultados em copas. Esse horizonte, do ponto de vista turístico, é positivo. As campanhas da Itália e França foram fracas, mas elas são campeãs mundiais e seus torcedores certamente estarão aqui em grande quantidade. eduaRdO publicitário e editor do site www.sampadescontos Deixando de lado o aspecto político e as grandes obras de infraestru- tura que, com ou sem Copa, são necessárias para São Paulo, você disse que faria uma abordagem sobre o que seria o grande interesse do público sobre o aspecto das oportunidades de negócios. Desejo que você fale a respeito, sobre o que você viu na África e, sobre- tudo, as oportunidades para pequenos e médios empresários e o que o comitê pode fazer por eles. luiz sales Acredito que o seu segmento de negócios é um dos que mais irá ga- nhar. Teremos algumas áreas de especialidade que se destacarão, com um grau de relacionamento maior ou menor com o evento. Peguemos o exemplo do mercado publicitário de uma maneira geral, e de ações promocionais. Na África do Sul, o grande patrocinador do segmento esportivo da FIFA foi a Adidas, como se viu pelo episódio da D E B A T E S 55PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl bola Jabulani. Pois a Nike comprou um prédio inteiro em Johannesburg e ninguém sabia, na verdade, com qual finalidade. Esse prédio foi re- formado e instalaram um painel de projeção em cada uma das quatro faces do edifício. Os painéis foram acesos no dia da abertura da Copa e, então, as pessoas puderam ver o que havia sido montado: uma propaganda gi- gante da Nike, que não era a patrocinadora. Isso é honesto, é ético, é correto? Não sou da área e não poderia ava- liar, mas todo mundo viu a Nike em Johannesburg. Era um prédio ilu- minado no caminho do estádio. Isso em São Paulo jamais aconteceria, porque a lei Cidade Limpa não permitiria. A FIFA tem algumas exigências que as cidades devem cumprir no sen- tido de fornecimento de permissão para que seus patrocinadores te- nham exibição de marca. O motivo de eles darem o dinheiro não é porque gostam de incentivar o futebol. Na verdade, eles gostam de vender cerveja, de vender Jabulanis e tudo mais. Em algumas cidades onde não existe lei como a Cidade Limpa, há uma prioridade das áreas publicitárias para as empresas patrocinadoras da FIFA. Essa condição foi aceita por todos os prefeitos e governadores. Por exemplo, se houvesse um outdoor na avenida João Jorge Saad, no período da Copa ele teria que ser utilizado por um patrocinador da FIFA. Se preterido, o painel ficaria em branco, mas o espaço precisa ser oferecido para o patrocinador. Na linha de flexibilização, temos o caso da venda de cerveja, que no Estado de São Paulo tem a comercialização proibida nos estádios de futebol. Como um dos maiores patrocinadores da FIFA é um fabricante de cerveja, haverá uma licença na aplicação da lei, permitindo a venda do produto especificamente nessa ocasião. A FIFA, as federações estaduais e as confederações não pagam impostos, ou seja, têm isenção fiscal. Então, todas as esferas de governo, federal, esta- dual e municipal, precisaram aprovar essas isenções. Todas elas tiveram que ser aprovadas pelos respectivos legislativos porque são leis. No campo de advocacia legal, por exemplo, a FIFA ainda tem no Brasil perto de 100 ações relativas à Copa de 2006, contra pessoas que utili- zaram indevidamente suas marcas. D E B A T E S 56 Coleção CIee 118 Apenas para exemplificar, recebi em um semáforo um folheto de uma pizzaria, com o símbolo do Zacumi, o mascote da Copa da África do Sul. Alguém imagina que se venda mais pizzas por causa de um Zacumi no folheto? Mas isso é abuso de uma marca. Certamente, a FIFA não irá abrir processo nesses casos. Mas existem diversos outros, como casas noturnas que usam sinal da televisão para transmitir jogos e cobram ingresso por conta disso. Toda essa parte legal de ação promocional terá um aquecimento muito grande, principalmente na defesa de marca, sinais e distintivos. Também toda a área de promoção publicitária e de pontos de venda terá grande aquecimento, nesse último caso com intensa divulgação nos aeroportos. O banco Itaú, por exemplo, fez uma grande campanha no aeroporto de Johannesburg na última Copa. Tudo isso passa pela FIFA ou, ao menos, a entidade tenta levar para seu lado. Na escadaria de saída do aeroporto de Durban havia um enorme painel da Samsung, embora o patrocinador da FIFA fosse a Sony. Ou seja, houve uma brecha e alguém se descuidou. É necessário muito cuidado nesse aspecto. Do ponto de vista de exibi- ção de marca, existem muitas oportunidades. As holandesas da Copa na África, lindas, que todos os jornais fotografaram, foram contratadas por uma empresa fabricante de cerveja. Todas eram sul-africanas, que vestiram camisetas laranja. Elas acabaram presas na África do Sul. JaiMe empresário O Brasil, que tem a imagem de um país que não é sério, pode, com a Copa de 2014, provar justamente o contrário. Temos que ter a perspec- tiva histórica de verificar que sorte é quando você sabe que está com ela, porque a maioria das vezes ela passa e você não aproveita. O Brasil tem a oportunidade de resgatar sua identidade, dignidade, lín- gua, imagem, e estamos aqui questionando, buscando culpados e não soluções. Gostaria que você traçasse um perfil do potencial brasileiro em relação ao sul-africano, o que eles fizeram e o que podemos fazer. D E B A T E S 57PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl luiz sales Os goleiros têm uma frase exemplar sobre a questão da sorte: “quanto mais treino, mais tenho sorte”. Isso porque ele treina tanto que, mes- mo quando falhar, a bola acabará não entrando no gol. É a sorte em campo, porque ele se preparou para isso. A Alemanha utilizou muito bem esse aspecto do posicionamento de mer- cado. Ela tinha uma imagem de país sisudo, muito sério. Eles conseguiram mudar essa percepção. O slogan Time to Make a Friend foi lindo e hoje nós achamos os alemães simpáticos. Eles mudaram sua imagem usando a Copa do Mundo para isso. A África do Sul tentou, mas não conseguiu mudar com a mesma pro- priedade. O país apelou para uma ideia mais humanitária, mais difícil de definir, da humanidade sul-africana. Era a Copa do continente afri- cano, não da África do Sul apenas. No paralelo social entre os dois países, entre os municípios selecionados para a Copa, os que têm as maiores dificuldades no Brasil podem ser com- parados mais ou menos com um nível intermediário dos municípios da Áfri- ca do Sul. Não há um paralelo entre Johannesburg e São Paulo, e também não dá para comparar cidades como Brasília e Rio de Janeiro com outras da África do Sul. Eles, compreensivelmente,têm um cuidado bastante grande com alguns itens. A uma distância de dois ou três quilômetros do centro de Johannes- burg se percebe uma cidade sem encanto, mas o centro da cidade é perfeito. A estação de trens que construíram tem um excelente projeto arquitetônico. Não é uma estação qualquer, como as nossas antigas estações do metrô. Mas a necessidade social ainda é muito grande. Em uma escala de zero a dez, diria que a África do Sul estaria no quatro antes da Copa, e o Brasil, hoje, dando a largada para a Copa, está no seis e meio. A África do Sul conseguiu chegar em sete ou sete e meio, e esperamos chegar perto de dez. D E B A T E S 58 Coleção CIee 118 JOsÉ eduaRdO sassO empresário Qual a previsão para a contratação de estudantes e pessoas acima de 40 anos de idade para trabalharem na Copa de 2014? luiz sales Cada cidade trabalhará de uma maneira, de acordo com suas necessi- dades. Temos algumas variáveis interessantes nesse aspecto. Em recente palestra perguntei a estudantes de turismo de nível técnico o que fariam em 2015 e 2016, e ninguém falou nada sobre Copa do Mundo e Olimpíada. O assunto era planejamento turístico. Mas nin- guém se lembrou desses eventos. Quem se preparar, de modo geral, terá oportunidades, mas nem todos estão atentos. Muita gente não está se preparando. Não adianta co- meçar a estudar inglês no final de 2013. É preciso começar a estudar gestão e planejamento, observar as oportunidades e ficar muito atento ao que está acontecendo desde hoje. O resultado da última Copa do Mundo já é um delineador do que re- ceberemos em 2014. Tenho certeza de que 20 dos 32 países que virão ao Brasil estiveram na África do Sul ou na Alemanha. Nas últimas três Copas tivemos apenas 51 países participando, e o índice de repetência é grande. Se apenas da Europa serão 13 países que virão para a Copa, não adianta fazer curso de árabe. É preciso ver o que está acontecendo e ir afinando a mira. No caso de estudantes, principalmente, é interessante prestar aten- ção em grupos de voluntariado. É algo de que não gostamos por ser trabalho gratuito, mas permite um grande ganho de experiência. Muitos brasileiros e outros sul-americanos foram à África do Sul como voluntários, porque são jovens e estão dispostos a passar por essa experiência. No caso dos mais experientes, o princípio é o mesmo. Precisamos de mão de obra qualificada. Tenho um primo de 47 anos que quer ser voluntário em 2014, porque gosta de esporte e está interessado em participar do evento de alguma forma. Certamente, haverá muitas oportunidades de trabalho, e não apenas D E B A T E S 59PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl no atendimento ao público. No caso da estrutura turística da cidade de São Paulo, nosso planejamento prevê a abertura de centrais de atendi- mento nos aeroportos. Já temos uma central em Guarulhos, que ainda é muito tímida. Na África do Sul, esses atendimentos não eram feitos por estudantes, mas por pessoas de idade um pouco mais avançada que conhecem sua cidade e se prepararam do ponto de vista de idioma para dar informa- ção aos turistas. Existe uma série de oportunidades, naturalmente maiores para os jo- vens porque estes se predispõem muito mais a enfrentar algumas si- tuações específicas. Há oportunidades, sim, no mercado de trabalho. O Comitê, especifica- mente, é uma grande célula organizadora, dá as diretrizes, mas quem contrata é o mercado de trabalho, é a iniciativa privada, que deve ser procurada por quem pretende atuar durante esse grande evento. 60 Coleção CIee 118 61PersPeCtIvas Para a CoPa do Mundo de 2014 no BrasIl Homenagem de encerramento Luis Sales recebe o Troféu Integração das mãos da relações públicas, Suelen Santos Silva. A palestra se encerra com a entrega ao conferencista do Troféu Integração, que expressa a filosofia e os obje- tivos do Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, uma instituição não governamental e filantrópica, man- tida pelo empresariado brasileiro. C O l e Ç ã O C ie e C O l e Ç ã O C ie e Coleção CIEE-01 (esgotado) estágio - investimento produtivo Publicação Institucional do CIEE Coleção CIEE-02 (esgotado) A globalização da economia e suas repercussões no Brasil Ives Gandra da Silva Martins Coleção CIEE-03 (esgotado) A desestatização e seus reflexos na economia Antoninho Marmo Trevisan Coleção CIEE-04 (esgotado) Rumos da educação brasileira Arnaldo Niskier Coleção CIEE-05 (esgotado) As perspectivas da economia brasileira Maílson da Nóbrega Coleção CIEE-06 (esgotado) Plano Real: situação atual e perspectivas Marcel Solimeo e Roberto Luís Troster Coleção CIEE-07 (esgotado) Os desafios da educação brasileira no século XXI Simpósio CIEE/O Estado de S. Paulo Coleção CIEE-08 (esgotado) Os cenários possíveis para a economia em 98 Luís Nassif Coleção CIEE-09 (esgotado) O fim da escola Gilberto Dimenstein Coleção CIEE-10 (esgotado) O peso dos encargos sociais no Brasil José Pastore Coleção CIEE-11 (esgotado) O que esperar do Brasil em 1998 Marcílio Marques Moreira Coleção CIEE-12 (esgotado) As alternativas de emprego para o mercado de trabalho Walter Barelli Coleção CIEE-13 (esgotado) Redução tributária - urgência nacional Renato Ferrari, Alcides Jorge Costa e Ives Gandra da Silva Martins Coleção CIEE-14 (esgotado) A contribuição do 3º Setor para o desenvolvimento sustentado do País Seminário do 3º Setor Coleção CIEE-15 (esgotado) Os rumos do Brasil até o ano 2020 Ronaldo Mota Sardenberg Coleção CIEE-16 (esgotado) As perspectivas da indústria brasileira e a atual conjuntura nacional Carlos Eduardo Moreira Ferreira Coleção CIEE-17 (esgotado) As novas diretrizes para o ensino médio Guiomar Namo de Mello Coleção CIEE-18 (esgotado) Formação de especialistas para o mercado globalizado Luiz Gonzaga Bertelli Coleção CIEE-19 (esgotado) A educação brasileira no limiar do novo século Simpósio CIEE/O Estado de S. Paulo Coleção CIEE-20 (esgotado) A formação da nacionalidade brasileira João de Scantimburgo Coleção CIEE-21 (esgotado) A educação ontem, hoje e amanhã Jarbas Passarinho Coleção CIEE-22 (esgotado) A universidade brasileira e os desafios da modernidade Paulo Nathanael Pereira de Souza Coleção CIEE-23 (esgotado) Os novos rumos do real: previsões para a economia brasileira após a mudança da política cambial Juarez Rizzeri Coleção CIEE-24 (esgotado) Brasil: saídas para a crise Alcides de Souza Amaral Coleção CIEE-25 (esgotado) A educação e o desenvolvimento nacional José Goldemberg Coleção CIEE-26 (esgotado) A crise dos 500 anos: o Brasil e a globalização da economia Rubens Ricupero Coleção CIEE-27 (esgotado) A língua portuguesa: desafios e soluções Arnaldo Niskier, Antonio Olinto, João de Scantimburgo, Ledo Ivo e Lygia Fagundes Telles Simpósio CIEE/ABL Coleção CIEE-28 (esgotado) Propostas para a retomada do desenvolvimento sustentável nacional João Sayad Coleção CIEE-29 (esgotado) O novo conceito de filantropia II Seminário do 3º Setor Coleção CIEE-30 (esgotado) As medidas governamentais de controle de preços Gesner de Oliveira Coleção CIEE-31 (esgotado) A crise brasileira: perspectivas Antônio Barros de Castro Coleção CIEE-32 (esgotado) O futuro da justiça do trabalho Ney Prado Coleção CIEE-33 (2ª ed./esgotado) Perspectivas da economia e do desenvolvimento brasileiro Hermann Wever Coleção CIEE-34 (esgotado) O que esperar do Brasil na virada do século Eduardo Giannetti Coleção CIEE-35 (esgotado) O ensino médio e o estágio de estudantes Rose Neubauer Coleção CIEE-36 (esgotado) Perspectivas da cultura brasileira Miguel Reale Coleção CIEE-37 (esgotado) Política pública de
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