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CCJ0014-WL-B-PP-Aula-03-Guido Cavalcanti

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Aula 03 
Roteiro de aula 
 
A PERSPECTIVA CIVIL-CONSTITUCIONAL DO CONTRATO. 
O contrato é um instrumento de conciliação de interesses contrapostos, manejado com vistas à 
pacificação social e ao desenvolvimento econômico. 
Portanto, não pode ser um instrumento de opressão, mas sim de realização. 
Portanto, todo contrato deve observar uma função social. 
Nossa Constituição, de forma explícita, condiciona que a livre-iniciativa deve ser exercida em 
consonância com o princípio da função social da propriedade. (art. 170,III). 
Uma vez que a propriedade é o segmento estático da atividade econômica, é lógico se pensar 
que o seu segmento dinâmico, que é o contrato, também está submetida a função social. 
O contrato é um conciliador dos interesses colidentes. Um pacificador dos egoísmos em luta. 
Um Estado democrático, onde o contrato esteja submetido a função social, apesar de respeitar 
a autonomia privada, deve buscar: 
a)respeitar a dignidade da pessoa humana. 
b)admitir a relativização 
c)consagrar a cláusula implícita de boa fé objetiva 
d)respeitar o meio ambiente 
e)respeitar o valor social do trabalho 
Isso não significa uma supressão da autonomia privada, mas sim sua reeducação. 
Portanto, depois desses conhecimentos, poderiamos definir os contratos: 
Um negócio jurídico bilateral, por meio do qual as partes, visando a atingir determinados 
interesses patrimoniais, convergem as suas vontades, criando um dever jurídico principal (dar, 
fazer ou não fazer), e bem assim, deveres jurídicos anexos, decorrentes da boa-fé objetiva e 
do superior princípio da função social. 
NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO 
O contrato é um negócio jurídico. O próprio negócio jurídico é uma declaração de vontade 
dirigida à provocação de determinados efeitos jurídicos. 
Também podemos entender como todo fato jurídico consistente em declaração de vontade, a 
que o ordenamento jurídico atribui os efeitos designados como queridos, respeitados os 
pressupostos de existência, validade e eficácia, impostos pela norma jurídica que sobre ele 
incide. 
PLANOS DE EXISTÊNCIA, VALIDADE E EFICÁCIA APLICÁVEIS AO CONTRATO 
Óbviamente, como o contrato é um negócio jurídico, usa-se a teoria geral, já conhecida de 
períodos anteriores. Mas apenas a título de revisão, 
a) Existência- um negócio jurídico não surge do nada, exigindo-se um mínimo de requisitos. 
(p.ex., foi foi realmente dito ou escrito) 
b) Validade- se ele for existente, passamos para uma segunda avaliação: se ele não é contrário 
frente a alguns mandamentos legais. (p.ex.,capacidade, licitude) 
c) Eficácia: Se ele também for válido, iremos analisar os elementos acidentais (p.ex., termo, 
condição, encargo) 
DISTINÇÃO TERMINOLÓGICAS RELEVANTES 
Em primeiro lugar, cabe fazer a distinção entre contrato e instrumento contratual. 
a)contrato: é o negócio jurídico formado pela convergência de vontades contrapostas. 
b)instrumento contratual: é a documentação do negócio. 
Todo contrato é formado por preâmbulo e contexto. 
a) Preâmbulo: é sua parte introdutória, que contêm a qualificação das partes 
b) Contexto: a disposição do contrato, através de suas cláusulas. 
Obs: se o contrato for público, o tabelião tomará a termo a vontade das partes e recolhe essa 
vontade manifestada em um livro próprio. 
FORMA E PROVA DO CONTRATO 
A forma do contrato é essencialmente livre. Somos regido pelo princípio da liberdade da forma. 
SLIDES: 
 
https://docs.google.com/presentation/d/1esCDngKjpOf6lRp57w8KeHa9plE-QKqwiSHIep-
rJTg/edit 
2. Caso Gerador 
 
Severino José dos Santos Neves, agricultor do Município de Várzea Grande, Mato Grosso, 
possuía plantações de batata, milho e tomate em sua modesta propriedade. Plantava os 
alimentos com a ajuda de sua família e, na época da colheita, contratava alguns empregados. 
No início do ano de 1998, a empresa CEIA – Catchups e Extratos Indústria Alimentícia Ltda. 
procurou Severino e forneceu-lhe sementes de tomate, manifestando sua intenção de, 
posteriormente, firmar, com ele, contrato de compra e venda. 
Alguns meses depois, a sociedade empresária celebrou o contrato com Severino e adquiriu a 
safra de tomates de 1998/1999. Assim se deu também com relação às safras de 99/00 e 00/01. 
 
Em 2001, novamente a CEIA entrou em contato com o agricultor e distribuiu-lhe as sementes. 
Severino, animado com o novo negócio, deixou de lado as plantações de batatas e milho e 
passou a se dedicar exclusivamente ao cultivo de tomates. Implantou a mais nova tecnologia 
de cultura em sua plantação e contratou empregados para o plantio e a colheita da safra de 
01/02. 
Contudo, para sua surpresa, a CEIA, naquele ano, resolveu não industrializar os tomates e, por 
conseguinte, não comprar a safra. 
Severino, ao receber a notícia, ficou muito chateado com a situação e foi até a sede da 
empresa em São Paulo para obter alguns esclarecimentos com o encarregado da compra dos 
produtos. Foi então informado de que a última distribuição de sementes fora, na verdade, uma 
doação. O funcionário esclareceu, ainda, que infelizmente não poderia fazer nada, mesmo 
porque não havia assumido nenhum compromisso de, naquele ano, comprar a produção de 
Severino. 
Com base no caso descrito, analise as seguintes questões: 
a) Poderia a sociedade empresária, após a distribuição de sementes, deixar de celebrar o 
contrato com Severino? 
b) A distribuição de sementes pela empresa e a aceitação do agricultor configurariam algum 
tipo de contrato? 
c) Haveria, entre Severino e a CEIA, algo que os vinculasse? Em caso positivo, qual seria a 
natureza desse vínculo e o fundamento que legitima essa vinculação? 
d) O fato de Severino ter efetuado algumas despesas por acreditar que a CEIA iria adquirir a 
safra de tomates teria alguma relevância? 
e) Imagine agora que, assim como no caso descrito, desde 1998, a empresa vinha distribuindo 
sementes de tomate e, em seguida, celebrado o contrato de compra e venda do produto. 
Todavia, no ano de 2001, a CEIA não efetuou tal distribuição. Mesmo assim, Severino, 
pensando que, também nesse ano, venderia tomates à empresa, fez, por conta própria, a 
compra das sementes e o plantio do produto. Essa circunstância altera sua linha de raciocínio 
referente ao caso? 
3. Questões de concurso 
 
20º Exame da Ordem – OAB/RJ – 2ª fase 
 
4. Uma grande empresa privada abre um processo seletivo para preenchimento do cargo de 
Diretor de Relações Externas. Um candidato é selecionado. As partes acordam o salário, 
demais condições de contratação e é fixada a data para a admissão. Intempestivamente, sem 
motivar, a empresa desiste da contratação. O candidato ajuíza em face dela ação de danos 
materiais e morais. Discorra sobre a fundamentação jurídica dessa pretensão e sua 
possibilidade de êxito judicial. 
 
21º Exame da Ordem – OAB/RJ – 2ª fase 
 
5 – Disserte sobre o instituto da responsabilidade civil pós-contratual, após cumpridas todas as 
prestações principais da avença, e estabeleça a validade ou não desta no ordenamento 
brasileiro a partir da aprovação do Novo Código Civil. 
 
6 – João e Pedro celebram a compra e venda de um fundo de comércio por R$ 300.000,00 
(trezentos mil reais) descrevendo condicionalmente no instrumento contratual que a aquisição 
teve por motivo determinante a perspectiva de boa e numerosa freguesia, garantida e apontada 
pelo vendedor Pedro no próprio contrato. 
 
 
Decorridos seis meses, não se caracteriza tal perspectiva. João intenta agora anular o negócio. 
Estabeleça qual o fundamento de tal pretensão e discorra sobre se terá êxito judicial ou não a 
pretensão de João. 
22º Exame da Ordem – OAB/RJ – 2ª fase 
 
 
5 – Disserte sobre o instituto da responsabilidade civil pré-contratual, no rompimento abrupto 
das negociações durante as tratativas para a celebração de um contrato, e estabeleça a 
validade ou nãodesta no ordenamento brasileiro a partir da aprovação do Novo Código Civil

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