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Apostila de Empresarial

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MATERIAL DE APOIO DIREITO EMPRESARIAL 
ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO COMERCIAL
1. O DIREITO COMERCIAL NO BRASIL E A TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO
No Brasil colônia não há que se falar em Direito Comercial.
As normas ditadas eram as de Portugal.
Somente a partir de 1822 com a independência do Brasil é que se pode falar em construção do ordenamento jurídico nacional.
Mesmo depois da independência continuou a vigorar a legislação Portuguesa, dentre elas os chamados alvarás dos séculos XVII e XVIII.
Fortemente influenciado pelos códigos francês, espanhol e português, surgiu o código comercial de 25/06/1850.
Este Código, assim como a maioria dos códigos editados nos anos de 1800 adotou a teoria francesa dos atos de comércio, influenciado pela codificação napoleônica. 
O Código Comercial de 1850 definiu comerciante como aquele que exercia a mercancia de forma habitual, como sua profissão. 
O que é mercancia? A dificuldade na conceituação do que seria mercancia estava na existência de duas jurisdições, a civil e a comercial.
Um juiz para decidir sobre uma lide, na época, antes deveria saber se sua o litígio era comercial ou não, daí ser ele competente ou não para julgar o caso.
Para solucionar o problema em 1850 foi editado o regulamento 737, que enumerou os atos de mercancia, adotando a teoria objetiva doa atos do comércio:
O art. 19 do referido regulamento, estabelecia regras de competência entre a jurisdição civil e comercial, em seus artigos considera mercancia:
A compra e venda ou troca de efeitos móveis ou semoventes para os vender por grosso ou a retalho, na mesma espécie ou manufaturados, ou para alugar o seu uso;
As operações de câmbio, banco ou corretagem.
As empresas de fábricas, de comissões, de depósito, de expedição, consignação e transporte de mercadorias; de espetáculos públicos.
Os seguros, fretamentos, riscos, e quaisquer contratos relativos ao comércio marítimo;
A armação e expedição de navios.
Observa-se que a teoria dos atos de comércio não abrange atividades econômicas tão ou mais importantes que o comércio de bens, tais como a prestação de serviços, a agricultura, a pecuária e a negociação imobiliária. 
2. TEORIA DA EMPRESA E O CÓDIGO CIVIL DE 2002
Novo Código Civil Brasileiro derrogou grande parte do Código Comercial de 1850;
Hoje resta no Código Comercial apenas a parte segunda, relativa ao comércio marítimo;
Desaparece a figura do Comerciante e surge a figura do empresário;
Ocorre o afastamento definitivo da teoria dos atos de comércio e incorpora a teoria da empresa ao nosso ordenamento jurídico, adotando o conceito de empresarialidade para delimitar o âmbito de incidência do regime jurídico empresarial.
Não se fala mais em comerciante, como sendo aquele que pratica habitualmente atos de comércio. Fala-se agora em empresário, sendo este o que “exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviço” (art. 966 do Código Civil).
Importante saber a exata compreensão e delimitação do âmbito de incidência do regime jurídico empresarial, o que significa empresa e, consequentemente, qual o conceito de empresário à luz da nova teoria que norteia o direito empresarial. 
Código Civil não definiu o que vem a ser empresa, mas estabeleceu o conceito de empresário. 
Empresa é algo abstrato, é a atividade. Empresário é quem exerce a empresa. Empresa não é sujeito de direito. Quem é sujeito de direito é o titular da empresa, quem exerce a empresa, ou seja, o empresário, que pode ser pessoa física (empresário individual) ou jurídica (sociedade empresária).
Não confundir empresa com sociedade empresária que é a pessoa jurídica que exerce empresa, ou seja, que exerce uma atividade econômica organizada. 
Não confundir empresa com estabelecimento empresarial. Este é o complexo de bens que o empresário usa para exercer uma empresa.
EMPRESA E EMPRESÁRIO
1. CONCEITO DE EMPRESA
A partir do conceito de empresário, se chega ao conceito de empresa.
Empresário, segundo o Código Civil, é aquele “que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de serviços”.
Para qualquer autor, empresa é “a organização técnico-econômica que se propõe a produzir, mediante a combinação dos diversos elementos, natureza, trabalho e capital, bens ou serviços destinados à troca (venda), com a esperança de realizar lucros, correndo os riscos por conta dos empresários, que reúne e coordena elementos de sua responsabilidade.
Empresa é a atividade desenvolvida pelo empresário.
2. DISTINÇÃO ENTRE EMPRESA E SOCIEDADE
A empresa não pressupõe a existência de uma sociedade, na medida em que pode ser exercida a atividade empresarial por uma só pessoa física e não por uma sociedade como conjunto de pessoas.
Sociedade é o conjunto de pessoas – sujeito de direito
Empresa é objeto de direito
Empresa não tem personalidade jurídica, pois é a atividade
A sociedade empresarial é uma pessoa jurídica reunida por um grupo de pessoas organizadas.
Pode, ainda, aparecer de forma a individual através de uma única pessoa natural.
A empresa é a atividade explorada pela sociedade, e o empresário é a própria sociedade e não as pessoas que a constituem, daí o nome sociedade empresária.
3. CONCEITO DE EMPRESÁRIO:
Art. 966: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços.
3.1 PROFISSIONALISMO 
A noção de exercício profissional de certa atividade é associada, na doutrina, há considerações de três ordens:
Habitualidade – Não se considera profissional quem realiza tarefas de modo esporádico, mesmo destinando a mercadoria, produto, ou serviço à venda no mercado.
Pessoalidade – O empresário no exercício, da atividade empresarial, deve contratar empregados. São estes que, materialmente falando, produzem ou fazem circular bens e serviços, e o fazem em nome do empregador. (esses dois não são os mais importantes).
Monopólio das informações – Por ser um profissional, o empresário deve deter as informações que dizem respeito ao mercado, especialmente as que dizem respeito a:
A - Condições de uso
B - Qualidade
C - Insumos empregados
D - Defeitos de fabricação
E - Riscos potenciais à saúde ou à vida dos consumidores.
3.2 ATIVIDADE
Se empresário é o exercente profissional de uma atividade econômica organizada, então empresa é uma atividade; a de produção ou circulação de bens ou serviços. Assim, erroneamente falamos a empresa faliu, ou a empresa importou cetras mercadorias. 
Empresa = Atividade
Empresário = Sujeito de direito que explora a empresa
Estabelecimento empresarial – Local onde é desenvolvida a atividade empresarial
Sociedade – Modo de administração da empresa (atividade) pelos sócios.
Empreendimento – Quando se referir à atividade, pode-se usar o termo empresa como sinônimo de empreendimento.
3.3 ECONÔMICA
A atividade empresarial é econômica no sentido de que busca gerar lucro para quem a explora.
Nem sempre a atividade empresarial têm lucro, mas visa o lucro e isso a torna uma atividade econômica.
3.4 ORGANIZADA
A empresa é atividade organizada no sentido de que nela se encontram articulada, pelo empresário, os quatro fatores de produção: Capital, Mão-de-obra, Insumos e tecnologia.
* Não é empresário quem explora atividade de produção ou circulação de bens ou serviços, sem alguns desses fatores
Ex: O comerciante de perfumes que leva ele mesmo a sacola e vai até as residências, ou locais de trabalho das pessoas, explora atividade de circulação de bens, fazendo com intuito de lucro, habitualidade e em nome próprio, mas não é empresário, pois não contrata empregado e não organiza mão-de-obra.
Obs: A tecnologia não precisa ser de ponta, pois vai variar de acordo com o ramo da atividade empresarial, devendo o empresário conhecer o produto ou serviço a ser oferecido.
3.5 PRODUÇÃO DE BENS OU SERVIÇOS
Produção de bens ou serviços é a fabricação de produtos ou mercadorias.Toda a atividade de indústria é, por definição, empresarial.
Produção de serviços é a prestação de serviços.
Exemplo de produção de bens:
- Montadora de veículos
- Fábrica de eletrodomésticos
- Confecção de roupas
Exemplo de produção de serviços:
- Banco
- Seguradora
- Hospital
- Escola
- Estacionamento
- provedor de acesso á internet.
3.6 CIRCULAÇÃO DE BENS OU SERVIÇOS
A atividade de circular bens é a do comércio, em sua manifestação originária: ir buscar o bem no produtor para trazê-lo ao consumidor.
É a atividade de intermediação na cadeia de escoamento de mercadorias.
O conceito de empresário abrange tanto o atacadista, como o varejista, tanto o comerciante de insumos quanto o de mercadorias prontas para o consumo
A circulação de serviços é a intermediação a prestação de serviços.
A Agência de turismo não presta serviços de transporte aéreo, traslados e hospedagem, mas, ao montar um pacote de viagem, os intermedia.
Bens ou serviços – Bens são corpóreos, enquanto os serviços não tem materialidade.
Comercio eletrônico pela internet, entra como atividade empresarial? Pois a prestação de serviços virtuais não tem materialidade na prestação de serviços e nem são corpóreos. Mas, doutrinariamente são tidas como atividades empresariais.
4. AGENTES ECONÔMICOS EXCLUÍDOS DO CONCEITO DE EMPRESÁRIO
A teoria da empresa optou por fixar um critério material para a conceituação de empresário. 
Esse critério é abrangente por não excluir, em princípio, nenhuma atividade. 
Entretanto, o critério material, ora mencionado, previsto no artigo 966 do Código Civil, não se aplica a determinados agentes econômicos específicos. Desta forma, existem agentes econômicos que, a despeito de exercerem atividades econômicas, não são considerados empresários pelo legislador, o que nos permite concluir que existem atividades que, a despeito de serem atividades econômicas não configuram empresa. 
Os agentes econômicos não considerados empresários pelo Código Civil são basicamente: 
a) profissional intelectual (profissional liberal); 
b) sociedade simples; 
c) exercente de atividade rural; 
d) cooperativas. 
4.1 PROFISSIONAIS INTELECTUAIS 
Os profissionais intelectuais, também, são chamados de profissionais liberais. A situação destes profissionais está disciplinada no parágrafo único do artigo 966 do Código Civil. 
“Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento da empresa”. 
Os profissionais intelectuais (advogados, médicos, professores, etc.) não são considerados empresários, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. 
A expressão elemento de empresa‟ está intrinsecamente relacionada com o requisito organização dos fatores de produção para a caracterização do empresário. 
Enquanto o profissional intelectual exerce a sua atividade intelectual, ainda que com o intuito de lucro e mesmo contratando alguns auxiliares, ele não é considerado empresário para efeitos legais. 
É preciso lembrar que a empresa é uma atividade econômica organizada, isto é, atividade em que há articulação dos fatores de produção, e no exercício de profissão intelectual essa organização dos fatores de produção assume importância secundária, às vezes irrelevante. 
Todavia, a partir do momento em que o profissional intelectual dá uma forma empresarial ao exercício de suas atividades (impessoalizando sua atuação e passando a ostentar mais a característica de organizador da atividade desenvolvida), será considerado empresário e passará a ser regido pelas normas do direito empresarial. 
Enunciado 193, CJF, Jornada de Direito Civil. “O exercício das atividades de natureza exclusivamente intelectual está excluído do conceito de empresa”. 
Enunciado 194, CJF, Jornada de Direito Civil. “Os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a organização dos fatores de produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida”. 
Enunciado 195, CJF, Jornada de Direito Civil. “A expressão „elemento de empresa‟ demanda interpretação econômica, devendo ser analisada sob a égide da absorção da atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística, como um dos fatores da organização empresarial”. 
Desta forma, um professor que se torna dono de um cursinho preparatório, ainda que continue a ministrar aulas nessa mesma instituição é empresário. Ou um músico que se torna dono de um centro de promoção de eventos, ainda que continue a tocar nas festas organizadas por ele é empresário. 
Isso ocorre, pois nestes casos o exercício da profissão intelectual deixa de ser o fator principal do empreendimento, passando a ser mero elemento de uma atividade econômica organizada. 
Obs.: Erro muito comum é considerar o profissional intelectual como empresário em virtude da dimensão que sua atividade econômica adquire. Na verdade deve-se observar é a articulação dos fatores de produção, ainda que o estabelecimento empresarial seja de pequeníssima dimensão. 
4.2 SOCIEDADES SIMPLES 
A regra do art. 966, parágrafo único, do Código Civil vale também para as chamadas sociedades uniprofissionais, ou seja, sociedades constituídas por profissionais intelectuais cujo objeto social é justamente a exploração de suas profissões. 
Empresário pode ser: pessoa física (empresário individual) ou pessoa jurídica (sociedade empresária). 
Nem sempre uma sociedade será empresária, haja vista a possibilidade de se constituírem sociedades cujo objeto social seja a exploração da atividade intelectual dos seus sócios. 
Artigo 982, Código Civil. “Salvo, as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967) e, simples, as demais”. 
Parágrafo único. “Independentemente do seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa”. 
Nas sociedades uniprofissionais falta o requisito da organização dos fatores de produção. Entretanto, como exposto no item anterior, quando o exercício da profissão intelectual, dos sócios das sociedades uniprofissionais, constituir elemento de empresa, elas serão consideradas sociedades empresárias. 
4.3 EXERCENTE DE ATIVIDADE ECONÔMICA RURAL 
O empresário, antes de iniciar o exercício da atividade empresarial, tem que se registrar na Junta Comercial, seja empresário individual ou sociedade empresária. 
Artigo 967, Código Civil. “É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade”. 
Entretanto, para aqueles que exercem atividade econômica rural, o Código Civil concedeu a faculdade de se registrar ou não perante a Junta Comercial da sua unidade federativa. 
Surge assim as seguintes regras: 
“Se aquele que exerce atividade econômica rural não se registrar na Junta Comercial, não será considerado empresário, para os efeitos legais”. 
“Em contrapartida, se ele optar por se registrar, será considerado empresário para todos os efeitos legais”. 
Artigo 971, Código Civil. “O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeito ao empresário sujeito a registro”. 
Artigo 984, Código Civil. “A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode, com as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária”. 
Obs.: Peculiaridade do registro na Junta Comercial do exercente de atividade econômicarural. 
Para o exercente de atividade econômica rural, o registro na Junta Comercial tem natureza constitutiva e, não meramente declaratória. 
O registro não é requisito para que alguém seja considerado empresário, mas apenas uma obrigação legal imposta aos praticantes de atividade econômica. 
Enunciado 202 do CJF, Jornada de Direito Civil. “O registro do empresário ou sociedade rural na Junta Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal opção”. 
Caso o empresário rural e a sociedade empresária rural, inscritos no registro público de empresas mercantis, estão sujeitos à falência e podem requerer concordata. 
4.4 SOCIEDADES COOPERATIVAS 
Para as sociedades cooperativas o Código Civil utilizou um critério legal e não material para determinar que as mesmas serão sempre uma sociedade simples, pouco importando se ela exerce uma atividade empresarial de forma organizada e com intuito de lucro. 
Artigo 982, Código Civil. “Salvo, as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967) e, simples, as demais”. 
Parágrafo único. “Independentemente do seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa”. 
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EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
O empresário pode ser pessoa física ou jurídica. No primeiro caso, denomina-se empresário individual, no segundo sociedade empresária.
Para os efeitos legais a sociedade empresária, é a união de pessoas físicas que objetivam lucro através de seus esforços. Portanto é a sociedade que é empresária e não os sócios.
- Podem ser:
a) Empreendedores – Além do capital, costumam devotar trabalho à pessoa jurídica na condição de seus administradores, ou as controlam.
b) Investidores – Limita-se a aportar capital.
As regras que se aplicam ao empresário individual não se aplicam aos sócios de sociedade empresária.
O empresário individual não explora atividade economicamente importante, pois negócios vultosos envolvem grandes investimentos.
O risco de insucesso é inerente ao empreendimento, e deve ser proporcional ao tamanho do negócio.
Atividades de maior envergadura econômica são exploradas por sociedades empresárias anônimas ou limitadas, que são tipos societários que melhor viabilizam a conjugação de capitais e limitação de perdas.
 Aos empresários individuais sobram os negócios rudimentares e marginais, muitas vezes ambulantes.
Dedicam-se as atividades como varejo de produtos estrangeiros adquiridos em zonas francas (sacoleiros), confecção de bijuterias, de doces para restaurantes ou bufês, quiosques de miudezas em locais públicos, bancas de frutas ou pastelarias em feiras semanais, etc.
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL NÃO É PESSOA JURÍDICA. POSSUI CNPJ PARA FINS TRIBUTÁRIOS.
NÃO EXISTE DIFERENÇA DO PATRIMONIO DA PESSOA FÍSICA COM O QUE SE UTILIZA NA ATIVIDADE EMPRESÁRIA.
ENUNCIADO 5 (Jornada Direito Comercial): QUANTO ÀS OBRIGAÇÕES DECORRENTES DE SUA ATIVIDADE, O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL TIPIFICADO NO ART. 966 DO CÓDIGO CIVIL RESPONDERÁ PRIMEIRAMENTE COM OS BENS VINCULADOS À EXPLORAÇÃO DE SUA ATIVIDADE ECONÔMICA, NOS TERMOS DO ART. 1.024 DO CÓDIGO CIVIL. 
1. REQUISITOS PARA SER EMPRESÁRIO
Artigo 972, Código Civil. “Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos”. 
Em relação as pessoas físicas, o exercício de atividade empresarial é vedado em duas hipóteses:
Proteção da pessoa no que diz respeito à sua capacidade (CCB – arts. 972, 974 a 976).
Proteção de terceiros e se manifesta em proibições ao exercício da empresa(CCB – art. 973).
2.1 INCAPACIDADE
Regra: é vedado o exercício de empresa pelo incapaz conforme artigo 972, Código Civil. 
Exceção: O artigo 974, do Código Civil, apresenta duas exceções. 
Artigo 974, Código Civil. “Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor da herança”. 
O artigo, em comento, refere-se ao exercício individual da empresa, na qualidade de empresário individual. 
A possibilidade de o incapaz ser sócio de uma sociedade empresária configura situação totalmente distinta, já que o sócio de uma sociedade não é empresário. 
Obs.: As exceções, ora apresentadas pelo Código Civil, são para que o incapaz continue a exercer a empresa, mas nunca para que ele inicie o exercício de uma atividade empresarial. 
Hipóteses: 
A. O próprio incapaz já exercia a atividade empresária, sendo a incapacidade, portanto, superveniente; 
B. A atividade empresarial era exercida por outrem, de quem o incapaz adquire a titularidade do seu exercício por sucessão causa mortis. 
Enunciado 203 do CJF, III Jornada de Direito Civil. “O exercício de empresa por empresário incapaz, representado ou assistido, somente é possível nos casos de incapacidade superveniente ou incapacidade do sucessor na sucessão por morte”. 
A autorização para que o incapaz continue o exercício da empresa será dada pelo juiz, em procedimento de jurisdição voluntária e após a oitiva do Ministério Público (artigo 82, I, Código de Processo Civil) 
Para ser empresário individual, a pessoa deve encontrar-se em pleno gozo de sua capacidade civil.
O menor emancipado ( por outorga dos pais, casamento, nomeação para emprego público efetivo, estabelecimento econômico por conta própria, obtenção de grau em curso superior), por se encontrar em pleno gozo de sua capacidade jurídica pode exercer empresa como o maior.
No interesse do incapaz, prevê a lei, hipótese excepcional de exercício da empresa:
- Autorizado pelo Juiz (por alvará), só poderá ser concedida aos incapazes que constituíram suas empresas, enquanto ainda incapaz.
- Quando for constituída, a empresa, pelos pais do incapaz ou de pessoa que o incapaz é o sucessor.
- Não há previsão legal para o juiz autorizar o incapaz a dar início a novo empreendimento.
O exercício da empresa por incapaz autorizado é feito mediante representação (se absoluta a incapacidade) ou assistência (se relativa).
Se o representante ou assistente for ou estiver proibido de exercer empresa, nomeia-se, com aprovação do juiz, um gerente.
Mesmo que não se faça necessário, se o juiz julgar necessário, poderá nomear um gerente no interesse do incapaz.
Pode ser revogada a qualquer tempo, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito.
A revogação não prejudicará os interesses de terceiros (consumidores, empregados, fisco, fornecedores, etc.)
Os bens que o empresário incapaz possuía, ao tempo da autorização não respondem pelas obrigações decorrentes da atividade empresarial exercida durante o prazo da autorização.
Somente respondem os bens que foram empregados na empresa, antes ou depois do ato autorizatório. Deverá constar do alvará a relação destes bens.
Artigo 974, § 1º, Código Civil. “Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como a conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros”. 
O juiz observará a conveniência de o incapaz exercer a atividade. Caso o juiz entenda conveniente a continuação do exercício da empresa pelo incapaz, concederá um alvará autorizando-o a tanto, por meio de representante ou assistente, conforme o grau de sua incapacidade. 
Artigo 974, § 2º, Código Civil. “Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização”. 
O juiz deverá, no alvará, relacionar os bens que o incapaz já possuía antes da interdição, pois estes bens não se sujeitarão ao resultado da empresa, ouseja, não poderão ser executados por dívidas contraídas em decorrência do exercício da atividade empresarial. 
Tal norma se faz necessária, pois o patrimônio do empresário individual, em regra, é um só. Não há distinção entre os bens afetados ao exercício da empresa e os bens particulares, alheios à atividade empresarial. 
A possibilidade de o incapaz ser sócio de uma sociedade empresária configura situação totalmente distinta, já que o sócio de uma sociedade não é empresário. 
Artigo 974, § 3º, Código Civil. “O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: 
I- o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; 
II- o capital social deve ser totalmente integralizado; 
III- o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais. 
Artigo 975, Código Civil. “Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por disposição de lei, não puder exercer atividade de empresário, nomeará, com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes”. 
§ 1º. “Do mesmo modo será nomeado gerente em todos os casos em que o juiz entender conveniente”. 
§ 2º. “A aprovação do juiz não exime o representante ou assistente do menor ou do interdito da responsabilidade pelos atos dos gerentes nomeados”. 
     Convém observar a mudança promovida pela Lei nº 13.146/2015 - Estatuto da Pessoa com Deficiência - promoveu nos artigos 3º e 4º do Código Civil:
	
Antes da Lei nº 13.146/2105
	Depois da Lei nº 13.146/2015
	Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II- os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. 
	Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.
	Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
	Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.
Observe-se que a grande alteração nos dispositivos acima foi a de se retirar do rol de relativa e absolutamente incapazes os deficientes mentais, assim como a realocação dos que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade, que deixaram de ser absolutamente incapazes para se tornarem relativamente incapazes.
Isso significa que as pessoas com deficiência mental são, a partir dessa lei, plenamente capazes?
A resposta é afirmativa, uma vez que o artigo 6º, caput, do estatuto preconiza que "a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa (...)". Além disso, o artigo 83 do mesmo diploma estatui que:
Art. 83.  Os serviços notariais e de registro não podem negar ou criar óbices ou condições diferenciadas à prestação de seus serviços em razão de deficiência do solicitante, devendo reconhecer sua capacidade legal plena, garantida a acessibilidade.
Parágrafo único.  O descumprimento do disposto no caput deste artigo constitui discriminação em razão de deficiência.  
Ao conferir-lhes capacidade civil plena, poder-se-ia afirmar que o Estatuto da Pessoa com Deficiência autoriza o exercício inicial da empresa e o registro do deficiente mental como empresário? Em outras palavras, poderão eles iniciar a atividade empresária, e não mais apenas continuá-la nos casos acima analisados? 
A questão é nova e certamente suscitará debates na doutrina e jurisprudência, mas a resposta parece ser afirmativa. Não obstante, a lei estabelece uma espécie de "capacidade plena assistida", como se depreende da leitura dos dispositivos abaixo:
Art. 84.  A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas.
§ 1º  Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei.
§ 2º  É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de decisão apoiada.
§ 3º  A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível.
(...)
 
Art. 85.  A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial.
(...)
§ 2º  A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença as razões e motivações de sua definição, preservados os interesses do curatelado.
§ 3º  No caso de pessoa em situação de institucionalização, ao nomear curador, o juiz deve dar preferência a pessoa que tenha vínculo de natureza familiar, afetiva ou comunitária com o curatelado.
Art. 86.  Para emissão de documentos oficiais, não será exigida a situação de curatela da pessoa com deficiência.
Art. 87.  Em casos de relevância e urgência e a fim de proteger os interesses da pessoa com deficiência em situação de curatela, será lícito ao juiz, ouvido o Ministério Público, de oficio ou a requerimento do interessado, nomear, desde logo, curador provisório, o qual estará sujeito, no que couber, às disposições do Código de Processo Civil.  
 Logo, a pessoa com deficiência, inclusive mental, poderá praticar todos os atos típicos de empresário, podendo contar com o processo de tomada de decisão apoiada, cujo regramento se encontra no artigo 1.783-A, incluído no Código Civil pela Lei nº 13.146/2016:
1.2 IMPEDIMENTOS LEGAIS
Os impedimentos legais ao exercício de atividade empresarial estão espalhados pelo arcabouço jurídico-normativo. 
1. Artigo 117, X, da Lei 8.112/90- servidores públicos federais; 
2. Artigo 36, I, da LC 35/1979 – Lei Orgânica da Magistratura Nacional, relativo aos magistrados;
3. Artigo 44, III, da Lei 8.265/1993 – membros do Ministério Público; 4. Artigo 29, da Lei 6.880/1980 – militares. Obs.: A proibição é para o exercício da empresa, não sendo vedado, pois, que alguns impedidos sejam sócios de sociedades empresárias, uma vez, que nesse caso, quem exerce a atividade empresarial é a própria pessoa jurídica e, não seus sócios. Os impedimentos se dirigem aos empresários individuais e não aos sócios de sociedades empresárias. A possibilidade de os impedidos participarem de sociedades empresárias não é absoluta, somente podendo ocorrer se forem sócios de responsabilidade limitada e, ainda assim, se não exercerem funções de gerência ou administração. Existem alguns impedimentos legais que são estabelecidos em razão da própria natureza da atividade a ser empreendida. 1. Artigo 176, § 1º, Constituição Federal. “A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o caput deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenham sua sede a administração no País, na forma da lei, que estabelecerá condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas. 
2. Artigo 222, Constituição Federal. “A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileirosnatos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. 
Artigo 973, Código Civil. “A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas”. 
NOME EMPRESARIAL
1. CONCEITO
 Assim como a pessoa natural tem nome civil, que é o sinal revelador da personalidade, constituindo um dos fatores de individualização da personalidade da pessoa natural, ao lado do domicílio e do estado, o empresário e a sociedade empresária passam a ter um nome com o qual se apresentam perante terceiros e se identificam, inclusive assinando os atos relativos às obrigações e direitos. Esse sinal distintivo e revelador, que serve para identificar o sujeito de direito, o titular da empresa, vem a ser o nome empresarial, correspondendo ao que se conhecia como nome comercial. 
O nome é, portanto, a expressão distintiva e reveladora da pessoa, indicadora do sujeito que exerce a atividade empresária, como se apresenta no mundo dos negócios, como contrai direitos e assume obrigações. 
O nome empresarial não se confunde com marca e nem com título de estabelecimento, pois são três institutos diferentes. 
O nome serve para individualizar a pessoa do empresário, o próprio sujeito de direito. A sua proteção é obtida pelo registro da própria sociedade ou da declaração em empresário individual na Junta Comercial. Tanto o Código Civil (art. 1.166) quanto a Lei do Registro das Empresas (Lei nº 8.974/94, art. 33) estabelecem que a proteção ao uso exclusivo do nome decorrem automaticamente da inscrição do empresário individual ou dos atos constitutivos (contrato social, estatuto) das sociedades e de suas eventuais modificações no registro da Junta Comercial.
Por outro lado, a marca serve para distinguir e assinalar produtos, serviços, a certificação de especificações técnicas e a utilizada para identificar produtos ou serviços provindos de membros de uma mesma região. Desse modo, nos termos do art. 123 da Lei da Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96), as marcas podem ser, respectivamente, a) de produtos ou serviços; b) de certificação; e c) coletivas. O registro da marca, diferentemente da proteção ao nome empresarial, é obtido no INPI -Instituto Nacional da Propriedade Industrial, autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O título de estabelecimento – que pode conter a insígnia, constituída de uma representação gráfica ou um desenho, emblema ou qualquer outro sinal distintivo - apenas identifica o local onde é exercida a atividade empresarial. É, na verdade o letreiro, tabuleta, cartaz que identifica o local em que é exercida a atividade empresária. O título não tem registro em órgão algum. A sua proteção não é registraria. Decorre indiretamente da própria utilização em si e da idéia exteriorizada anteriormente, porque a Lei da Propriedade Industrial estabelece como crime de concorrência desleal o uso de título de estabelecimento de outrem, na medida em que confunde e desvia a clientela (art. 195, inc.V). Há ainda, no campo civil, ressarcimento por ato ilícito (art. 207).
Seguem alguns exemplos ilustrativos.
Comércio e Bar Irmãos Coragem Ltda (Nome Empresarial);
Bar Coragem (Letreiro – Título De Estabelecimento)
Sucos Coragem (Marca de Produto)
Observe que os três (nome empresarial, marca e título de estabelecimento) podem coincidir, mas não há essa obrigação. 
Como outro exemplo, temos o Ponto Frio. O nome empresarial do Ponto Frio é GLOBEX ELETRODOMÉSTICOS S/A, que, aliás, é denominação social (toda S/A tem denominação social, art. 1.160 do Código Civil). O letreiro é Ponto Frio e pode ser que tenha registrado a mesma expressão como marca, facultando-lhe colocar adesivo ou etiqueta com essa marca nos produtos que comercializa.
Mais esse exemplo: Chocolate Comércio de Roupas Ltda (isto é denominação social; fácil de visualizar porque não há nenhum sócio chamado Chocolate, já que a firma ou razão se compõe dos nomes civis dos sócios). A Chocolate, muito famosa no Rio de Janeiro e em outras capitais nas décadas de 80 e 90, tinha também 3 marcas, que igualmente eram títulos dos estabelecimentos: a Chocolate (loja feminina), a Bill Bross (loja masculina), e Pé do Atleta (loja esportiva). O Pé do Atleta ainda era marca figurativa, representando um pé alado.
Há uma tendência generalizante de chamar tudo de razão social. Acontece que razão social é espécie de nome empresarial. O nome é o gênero que tem como espécies firma ou razão (obrigatoriamente leva o nome do sócio) e denominação (expressão inventada, de fantasia).
Em geral as pessoas perguntam: “qual é razão social de sua empresa?”. Mas há duas impropriedades nessa pergunta, do ponto de vista jurídico: empresa é exercício de atividade, pode ser tanto o empresário individual quanto a sociedade empresarial que exerce a empresa, e em lugar de razão social, deve-se usar nome empresarial: Qual é o nome empresarial da sociedade?
2. ESPÉCIES DE NOME EMPRESARIAL
2.1 Firma 
 Firma leva obrigatoriamente o nome do empresário individual ou dos sócios, por inteiro ou abreviado. 
Pode ser:
- firma individual: empresário individual
- Firma social = sociedade empresária
Quando não constar o nome de todos os sócios aparecerá a expressão & CIA (e companhia), na forma do artigo 1157 do Cód. Civil. Tal expressão só pode vir no final, pois se estiver na frente indica sociedade anônima (art. art. 1.160 do Cód. Civil e art. 3º da nº 6.404/76).
Em se tratando de firma é facultativo adotar a atividade exercida pelo empresário no nome empresarial.
2.2 Denominação Social
A denominação social deverá designar o objeto da empresa (atividade exercida) e adotará um expressão lingüística diversa do nome dos sócios (“elemento de fantasia”, que não se confunde com o nome de fantasia que é na verdade o título do estabelecimento). 
3. NOME EMPRESARIAL DAS SOCIEDADES
a) Empresário Individual: somente pode adotar firma (inspiração em seu nome civil). Poderá ou não abreviá-lo e agregar-lhe, sendo facultativo o uso do ramo de atividade comercial ao qual se dedica (art. 1.156 do Código Civil Brasileiro de 2.002).
b) sociedade em nome coletivo: somente pode adotar razão social (inspiração no nome civil de um, alguns ou de todos os sócios).Acresce-se a expressão “& Cia”. Caso não conste o nome de todos os sócios. Pode ainda ser acrescido o ramo do comércio correspondente
c) Sociedade em comandita simples: admite somente o uso de firma onde conste o nome dos sócios comanditados (os que têm responsabilidade social ilimitada). Como os sócios comanditários não podem fazer parte do nome, será obrigatório acrescer a partícula “&
Cia”. Também admite-se acrescer o ramo de comércio explorado pela sociedade.
d) Sociedade por cotas de responsabilidade limitada: pode adotar firma ou denominação (art. 1.158 do CCB/02). Se adotar firma, será formada pelo nome civil dos sócios ou de um dos sócios acrescido da expressão “& Cia”. Não constando a última expressão (Ltda.), os sócios-gerentes e que fizerem o uso do nome empresarial poderão ser responsabilizados ilimitadamente. Também pode contemplar o ramo de atividade.
g) Sociedade anônima: só pode adotar denominação (art. 3º da Lei n.º 6.404/76), onde conste ou não o ramo de atividade. É obrigatória a expressão “sociedade anônima ou S.A.” no início, meio ou fim de denominação, a expressão companhia ou Cia no início ou no meio da denominação.
3. REQUISITOS PARA O NOME EMPRESARIAL
3.1 Novidade
É o fato de ninguém nunca ter utilizado aquele sinal para designar o empresário individual ou a sociedade. Pode até ser conhecido ou já empregado em outros fins, mas nunca foi usado antes como nome empresarial. Não colidir com outros nomes existentes, por semelhanças gráficas ou fonéticas. Essa novidade tem caráter relativo, isto é, sem o seu anterior emprego para se referir ao exercente da atividade empresária. Por exemplo, o vocábulo “chocolate” já existia,mas não nunca alguém o havia utilizado como nome de empresa. Esse requisito consta do art. 1.163 do Cód. Civil e do art. 34 da Lei nº 8.934/94. Diferente da novidade do nome empresarial na novidade exigida para a patente da propriedade industrial, que tem que ser algo novo, não descoberto pela Ciência. 
Art. 1.163. O nome de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro.
Parágrafo único. Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos, deverá acrescentar designação que o distinga.
3.2 Veracidade
 Se a sociedade adotar razão social ou firma só pode adotar o nome do sócio. E se o sócio que compõe essa razão ou firma falecer ou sair da sociedade por qualquer motivo, a razão terá que ser modificada. Decorre desse princípio veracidade que a razão social tem que refletir, espelhar aquele que seja sócio da sociedade. Da veracidade cuidam os artigos 1.165 do Cód. Civil e 34 da Lei nº 8.934/94. O art. 62 do Decreto nº 1.800/96 confere concreção a esses dispositivos.
Por questões práticas seria melhor usar denominação. Mas na limitada, em geral, usa-se com frequência razão ou firma por causa do apelo à reputação do sócio. Considere o seguinte exemplo: Júlio Bogoricin Imóveis Ltda., imobiliária bastante conhecida no Rio de Janeiro.
Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final "limitada" ou a sua abreviatura
§ 3o A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade.
Art. 1.165. O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na firma social.
4. PROTEÇÃO AO NOME EMPRESARIAL
É obtida pelo registro na Junta Comercial do contrato social ou da alteração contratual que modifica o nome empresarial. Ao se registrar como empresário individual ou como sociedade empresária, já se obtém a proteção, o direito à utilização exclusiva do nome empresarial, segundo deflui do art. 1.166 do Cód. Civil e do art. 33 da Lei nº 8.934/94. Não há o registro separado só para a proteção do nome empresarial. O Novo Código Civil, no art. 1.166 restringe a proteção aos limites do Estado em que for efetuado o registro originário.
Art. 1.166. A inscrição do empresário ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado.
Parágrafo único. O uso previsto neste artigo, estender-se-á a todo o território nacional, se registrado na forma da lei especial.
5. ALIENAÇÃO DO NOME EMPRESARIAL
Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação.
Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor.
ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
1. CONCEITO 
É o mesmo que “fundo de comércio”. Trata-se de um instrumento da atividade empresarial.
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para o exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.
2. ELEMENTOS DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
2.1 Incorpóreos:
a) a propriedade comercial (direito ao local onde está sediado o estabelecimento empresarial);
b) o nome empresarial: firma ou denominação;
c) os acessórios do nome comercial (= título do estabelecimento e as expressões ou sinais de propaganda);
d) a propriedade industrial (= os privilégios de invenção, modelos de utilidade e dos desenhos, e modelos industriais, direitos de uso de marcas de indústria e comércio);
e) a propriedade imaterial: o aviamento (reputação e crédito do comerciante ou boa qualidade e variedade de seus produtos).
2.2 Corpóreos:
a) os bens móveis (= vitrinas, equipamentos, balcão, mercadorias, etc.);
b) os bens imóveis.
Conclui-se que para o autor Fran Martins, o “fundo de comércio” consiste numa “universalidade de fato”.
3. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL COMO OBJETO DE NEGÓCIO JURÍDICO.
Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.
Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.
4. ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL (CONTRATO DE TRESPASSE)
CONDIÇÃO DE EFICÁCIA: Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em 30 (trinta) dias a partir de sua notificação.
Ato de falência: (art.94, III, c, Lei 11.101/2005) – alienação irregular do estabelecimento empresarial.
RESPONSABILIDADE DO ADQUIRENTE: Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de 1 (um) ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.
OBS.: RESPONSABILIDADE SOMENTE PARA O CASO DE ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO. ARRENDATÁRIO NÃO TEM RESPONSABILIDADE.
NÃO CONCORRÊNCIA:Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos 5 (cinco) anos subsequentes à transferência.
Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato.
SUB-ROGAÇÃO NOS CONTRATOS: Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante.
CESSÃO DE CRÉDITO: Art. 1.149. A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente.
5. PROTEÇÃO AO PONTO EMPRESARIAL
Os requisitos para o exercício da renovação compulsória do Contrato de Locação estão mencionados no art. 51 da Lei n.º 8.245/91 que dispõe sobre as locações de imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes.
Não sendo possível o acordo dos interessados (locador e locatário) quanto a renovação do Contrato de Locação destinado a fins comerciais e industriais e/ou daquele que tiver como objeto locação destinada a imóveis para sociedades civis de fins lucrativos regularmente constituída, a lei prevê a renovação judicial dos contratos de locação, desde que satisfeitos os seguintes requisitos (art. 51, incisos I, II, III da Lei n.º 8.245/91).
a) tenham sido celebrados por escrito e por prazo determinado;
b) o prazo, do contrato a renovar, seja de cinco anos, pelo menos, admitida (antigamente pela jurisprudência, atualmente pela Lei n.º 8.245/91 em seu art. 51, inciso II) a sucessão ininterrupta de contratos que abranjam esse período;
c) o ramo de atividade explorado pelo locatário, no imóvel, seja o mesmo, pelo período mínimo ininterrupto de três anos;
A renovação judicial se processa através da Ação Renovatória pelos arts. 71 a 75 da Lei n.º 8.245/91 e pelas disposições expressas no Código de Processo Civil.
Art. 71. Além dos demais requisitos exigidos no art. 282 do Código de Processo Civil, a petição inicial da ação renovatória deverá ser instruída com: 
       I - prova do preenchimento dos requisitos dos incisos I, II e III do art. 51; 
        II -prova do exato cumprimento do contrato em curso; 
        III - prova da quitação dos impostos e taxas que incidiram sobre o imóvel e cujo pagamento lhe incumbia; 
        IV - indicação clara e precisa das condições oferecidas para a renovação da locação; 
        V – indicação do fiador quando houver no contrato a renovar e, quando não for o mesmo, com indicação do nome ou denominação completa, número de sua inscrição no Ministério da Fazenda, endereço e, tratando-se de pessoa natural, a nacionalidade, o estado civil, a profissão e o número da carteira de identidade, comprovando, desde logo, mesmo que não haja alteração do fiador, a atual idoneidade financeira;  
        VI - prova de que o fiador do contrato ou o que o substituir na renovação aceita os encargos da fiança, autorizado por seu cônjuge, se casado for; 
        VII - prova, quando for o caso, de ser cessionário ou sucessor, em virtude de título oponível ao proprietário. 
Deverá a mesma ser proposta nos 06 primeiros meses do último contrato de aluguel. 
Há que se considerar ainda que o locador poderá se valer da “exceção de retomada” argumentando o seguinte:
Locatário faz uma proposta insuficiente para a renovação do contrato de aluguel (ar.72, II).
Locador possui uma proposta de aluguel feita por terceiro em melhores condições do que a do locatário (art. 72, III). Locador nesse caso terá que indenização o locatário pela perda do ponto.
Por determinação do Poder Público, tiver que realizar no imóvel obras que importarem na sua radical transformação; ou para fazer modificações de tal natureza que aumente o valor do negócio ou da propriedade (art. 52, I);
Locador necessitar do imóvel para uso próprio; (art. 52, II, primeira parte)
Locador necessitar do imóvel para transferência de estabelecimento comercial existente há mais de um ano cuja maioria do capital seja de sua titularidade ou de seu cônjuge, ascendente ou descendente. (art. 52, II, parte final)
Nas hipóteses D e E, retomado o imóvel não poderá ser destinado ao uso do mesmo ramo do locatário.
Nas hipóteses C, D e E o locador terá o prazo de três, salvo força maior, para dar a este destino alegado ou iniciar as obras determinadas pelo Poder Público, sob pena de ter que indenizar o locatário pelos prejuízos e lucros cessantes. (indenizar pelo ponto).
Admite-se em relação aos contratos de locação de shopping centers a aplicação dos dispositivos acima, com exceção das hipóteses D e E. 
LER CUIDADOSAMENTE OS ARTIGOS 51, 52, 71 E 72 DA LEI 8.245/91
REGISTRO DO EMPRESÁRIO
1. INTRODUÇÃO
Uma das obrigações do empresário, aquele que exerce atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços é a de inscrever-se no Registro das Empresas, antes de dar início à exploração de seu negócio (art. 967 CC):
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.
Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha:
I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens;
II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa que poderá ser substituída pela assinatura autenticada com certificação digital ou meio equivalente que comprove a sua autenticidade, ressalvado o disposto no 
III - o capital;
IV - o objeto e a sede da empresa.
Exceções a obrigatoriedade do registro:
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.
Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode, com as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária.
Parágrafo único. Embora já constituída a sociedade segundo um daqueles tipos, o pedido de inscrição se subordinará, no que for aplicável, às normas que regem a transformação.
Filial:
Art. 969. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscrição originária.
Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede.
O registro de empresa está estruturado de acordo com a Lei 8.934/94 LRE (Lei de registro de Empresas).
O Empresário não registrado não pode usufruir de benefícios que o direito comercial libera a seu favor e contra ele vão as seguintes restrições quando se tratar de exercente individual da empresa:
Não tem legitimidade ativa para o pedido de falência de seu devedor. (Somente o empresário inscrito na JC, tem esta condição desde que comprove a inscrição). Porém, ele pode ter sua falência requerida e pode requerer a sua própria falência.
Não tem legitimidade ativa para requerer recuperação judicial, pois a lei dá como condição a inscrição para ter acesso a esse favor legal.
Não pode ter seus livros autenticados no registro de empresa, não podendo usá-los como eficácia probatória em prováveis ou futuros processos, devendo, se decretada a sua falência, ser esta fraudulenta.
Quando se tratar de sociedade empresária, além dessas conseqüências, também será imposta as do art. 990 do CCB, onde os sócios respondem solidária e ilimitadamente, respondendo diretamente aquele que, dentre eles, administrou a sociedade.
Além dessas conseqüências, ainda temos os seguintes efeitos secundários:
impossibilidade de participar de licitações nas modalidades de concorrência pública e tomada de preço.
Impossibilidade de inscrição em cadastros fiscais
Ausência de matrícula junto ao INSS, que incorre em multa e na hipótese de sociedade comercial a proibição de contratar com o poder público.
2. FINALIDADE DO REGISTRO
Art. 1º O Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, subordinado às normas gerais prescritas nesta lei, será exercido em todo o território nacional, de forma sistêmica, por órgãos federais e estaduais, com as seguintes finalidades:
        I - dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das empresas mercantis, submetidos a registro na forma desta lei;
II - cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no País e manter atualizadas as informações pertinentes;
III - proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem como ao seu cancelamento.
Art. 2º Os atos das firmas mercantis individuais e das sociedades mercantis serão arquivados no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, independentemente de seu objeto, salvo as exceções previstas em lei.
3. SISTEMA NACIONAL DE REGISTRO DE EMPRESAS MERCANTIS
O Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis funciona por um sistema integrado de dois níveis diferentes:
- Federal – Departamento Nacional do Registro do Comércio (DNRC)
- Estadual – Junta Comercial
Essa repartição vincula hierarquicamente seus órgãos, variando em função da matéria.
O DNRC integra o Ministério do desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e entre suas atribuições, estão as seguintes:
Supervisionar e coordenar a execução do registro de empresa, expedindo, para esse fim, as normas e instruções necessárias, dirigidas às juntas comerciais de todo o País.
Orientar e fiscalizar juntas comerciais, zelando pela regularidade na execução do registro de empresa. (caso suas instruções não sejam atendidas, caberá representação junto às autoridades administrativas competentes, como Secretário de Estado ou atémesmo o Governador).
Promover ou providenciar medidas correicionais do Registro de Empresa. (somente poderá ocorrer se resultar positiva a interferência apresentada à autoridade estadual, concordando que a correção se faça pelo órgão federal). 
A atuação do DNRC é supletiva por força do princípio constitucional federativo.
Organizar e manter atualizado o Cadastro Nacional das empresas mercantis.
Esse cadastro não tem efeitos registrários.
Não supre o registro da Junta Comercial para fins de regularidade do exercício do comércio.
É um simples banco de dados que serve de subsídio à política econômica federal.
É competência de o DNRC fixar diretrizes gerais para a prática dos atos registrários, pelas juntas comerciais, acompanhando a sua aplicação e corrigindo distorções.
- Às JUNTAS COMERCIAIS, órgão da administração estadual cabe a execução do registro de empresa além de outras atribuições legalmente estabelecidas. E destacam-se entre suas funções, as seguintes:
Assentamento dos usos e práticas mercantis.
O comércio rege-se também por normas consuetudinárias, cuja compilação é da Junta Comercial.
Na forma do seu regimento interno, o assentamento deve ser precedido de ampla discussão no meio empresarial e análise de sua adequação à ordem jurídica vigente, pela Procuradoria.
Serve como início de prova através de certidão, a quem interessar o assentamento desses usos e práticas.
Habilitação e nomeação de tradutores públicos e intérpretes comerciais.
Cabe a Junta exercer o poder disciplinar e estabelecer o código de ética da atividade e controlar o exercício da profissão.
Expedição da carteira de exercício profissional de empresário e demais pessoas legalmente inscritas no registro de empresa.
A Junta Comercial é subordinada hierárquicamente de forma híbrida:
- Deve reportar-se ao DNRC quando a matéria for técnica.
- Deve reportar-se ao Estado quando a matéria for de ordem administrativa.
Assim, não pode o governador do Estado expedir decreto referente a registro de sociedade comercial.
Não pode também o DNRC interferir em questões de funcionalismo ou de dotação orçamentária da junta.
Se a matéria se tratar de questão de Direito Empresarial é ao DNRC que deve se reportar a Junta.
Se a questão é de matéria de direito administrativo ou de direito financeiro, diz respeito ao Poder Executivo estadual.
O prejudicado pela ilegalidade no ato registral na junta, poderá recorrer ao judiciário.
A Justiça competente para apreciar a validade dos atos da junta comercial é a Estadual.
Se se tratar de mandado de Segurança contra ato pertinente ao registro das empresas, hipótese em que a Junta age por orientação do DNRC, a competência é da Justiça Federal. (CF art. 109, VIII).
4. ATOS DE REGISTRO DE EMPRESA
São três os atos: Matrícula, Arquivamento e Autenticação
Matrícula é o ato de inscrição dos tradutores públicos, intérpretes comerciais, leiloeiros, trapicheiros e administradores de armazéns gerais. São profissionais que desenvolvem atividades paracomerciais.
Os dois primeiros além de matriculados, são também habilitados e nomeados, os três últimos são apenas matriculados.
O arquivamento é pertinente à inscrição do empresário individual, isto é, do empresário que exerce sua atividade econômica como pessoa física, bem como à constituição, dissolução e alteração contratual das sociedades comerciais.
O CCB determina que os atos modificativos da inscrição do empresário sejam averbados à margem desta (art. 968, § 1º). A Averbação é uma espécie de arquivamento.
Também são arquivados os atos de registro das Cooperativas, dos Consórcios de empresas, grupos de Sociedades, Empresas Mercantis Estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil, Microempresas e empresas de Pequeno Porte.
Autenticação está ligada aos denominados instrumentos de escrituração, que são os livros comerciais e as fichas escriturais.
É requisito de regularidade do documento, pois se configura como validade de escrituração mercantil.
5. PUBLICIDADE DOS ATOS DE REGISTRO
Art. 29. Qualquer pessoa, sem necessidade de provar interesse, poderá consultar os assentamentos existentes nas juntas comerciais e obter certidões, mediante pagamento do preço devido.
Art. 1.152. Cabe ao órgão incumbido do registro verificar a regularidade das publicações determinadas em lei, de acordo com o disposto nos parágrafos deste artigo.
§ 1o Salvo exceção expressa, as publicações ordenadas neste Livro serão feitas no órgão oficial da União ou do Estado, conforme o local da sede do empresário ou da sociedade, e em jornal de grande circulação.
§ 2o As publicações das sociedades estrangeiras serão feitas nos órgãos oficiais da União e do Estado onde tiverem sucursais, filiais ou agências.
§ 3o O anúncio de convocação da assembléia de sócios será publicado por três vezes, ao menos, devendo mediar, entre a data da primeira inserção e a da realização da assembléia, o prazo mínimo de oito dias, para a primeira convocação, e de cinco dias, para as posteriores.
6. ESCRITURAÇÃO DO EMPRESÁRIO
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.
Balanço Patrimonial: Art. 1.188. O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real da empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das leis especiais, indicará, distintamente, o ativo e o passivo.
Parágrafo único. Lei especial disporá sobre as informações que acompanharão o balanço patrimonial, em caso de sociedades coligadas
Resultado econômico: Art. 1.189. O balanço de resultado econômico, ou demonstração da conta de lucros e perdas, acompanhará o balanço patrimonial e dele constarão crédito e débito, na forma da lei especial.
Microempresários e empresários de pequeno porte:
§ 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970.
7. SIGILO EMPRESARIAL
Os livros comerciais são protegidos pelo sigilo, conforme o art. 1190 CC:
Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.
 Exceção: Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais. 
Sigilo pode ser quebrado por ordem judicial:
A exibição de livros empresariais em juízo por isso não pode ser feita por simples vontade das partes ou por decisão do juiz, senão em determinadas hipóteses da lei.
191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência.
§ 1o O juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de ação pode, a requerimento ou de ofício, ordenar que os livros de qualquer das partes, ou de ambas, sejam examinados na presença do empresário ou da sociedade empresária a que pertencerem, ou de pessoas por estes nomeadas, para deles se extrair o que interessar à questão.
8. INATIVIDADE DA EMPRESA 
O empresário individual e a sociedade empresária que não procederem a qualquer arquivamento no período de 10 anos devem comunicar à Junta que ainda se encontram em atividade. (art. 60 LRE).
Se não o fizerem serão considerados inativos.
A inatividade autoriza a Junta a proceder ao cancelamento do registro e a conseqüente perda da proteção do nome empresarial pelo titular inativo.
 A Junta deve comunicar ao empresário, previamente, acerca da possibilidade do cancelamento, podendo fazê-lo poredital.
Se atendida a comunicação desfaz-se a inatividade.
Caso não seja atendida, efetua-se o cancelamento do registro, informando-se ao fisco.
Se no futuro o empresário resolver reativar o registro, deverá obedecer aos mesmos procedimentos relacionados com a constituição de uma nova empresa.
 Após o cancelamento, ele não tem do direito de reivindicar o mesmo nome empresarial anteriormente adotado, caso tenha sido registrado por outro empresário.
Do cancelamento não decorre a dissolução da sociedade.
Decorre apenas a irregularidade no seu funcionamento.
A consequência é o exercício irregular da atividade empresarial.
PROPRIEDADE INDUSTRIAL (LEI 9.279/96)
A propriedade industrial é uma espécie do gênero propriedade intelectual. Assim sendo, a propriedade intelectual é o gênero que tem como espécie o direito autoral e a propriedade industrial. Direito autoral é tema de direito civil. Propriedade industrial é assunto para direito empresarial, regulado pela Lei 9.279/96, que é a lei que trata de propriedade industrial. 
A finalidade da Lei de Propriedade Industrial é a garantia de exclusividade de uso. 
Se eu tenho o uso exclusivo de uma invenção, citando uma invenção nacional, o bina (identificador de chamadas). Sabe o que significa bina? B identifica o número de A. É uma invenção brasileira. Quando você tem uma invenção você precisa ter exclusividade de uso. A lei tem como finalidade garantir a exclusividade. Mas para que eu quero ter exclusividade? Qual o objetivo? 
Para produzir sozinho, ou então licenciar o uso a terceiros interessados. Se você produz o bina sozinho, você vai ter uma alta produtividade. Mas você pode licenciar o uso, permitindo que outras empresas o produzam. É através da licença de uso que você tem uma remuneração chamada royalties. A remuneração da licença de uso se chama royalties. 
Os bens protegidos pela Lei de Propriedade Industrial são bens móveis, sendo os seguintes:
Invenção
Modelo de Utilidade
Marca
Desenho Industrial 
Obs.: Programa de computador não é protegido lei de Propriedade Industrial, mas pela Lei de Direito Autoral. A Lei de Propriedade Industrial não trata do programa de computador.
Só se obtém a exclusividade numa invenção, num modelo de utilidade se você tem uma patente. Para que se tenha exclusividade de uso, é preciso ser patenteado. Imagine que você descobriu a fórmula de um medicamento que cura a AIDS. Sem a proteção da lei, sem exclusividade, amanhã qualquer um copia e vende muito mais barato, já que não vai considerar no custo do remédio o tempo e o investimento que você fez com pesquisas, etc. Então, a patente tem finalidade de proteção ao desenvolvimento tecnológico. E incentivo ao desenvolvimento tecnológico porque a partir do momento que eu patentear, que eu posso ter exclusividade, eu estou incentivando a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico.
Patente – Só de invenção e de modelo de utilidade (desenho industrial e marca não estão sujeitos à patente).
Registro – De desenho industrial e marca
Para o desenho industrial e a marca terem exclusividade é preciso que sejam registrados. Desenho industrial e marca não tem patente. Eles têm registro. 
Tanto a patente quanto o registro, você só faz no INPI, Instituto Nacional de Propriedade Industrial. O INPI é uma autarquia federal com sede no Rio de Janeiro. 
INPI – INSTITUTO NACIONAL DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL
São bens industriais a invenção, o modelo de utilidade, o desenho industrial e a marca. O direito ao uso exclusivo de um bem industrial decorre da concessão do registro ou da patente pelo INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial (autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC e sediada no Rio de Janeiro), de acordo com a espécie de bem industrial.
Marca e desenho industrial são objetos de registro no INPI, ao passo que invenção e modelo de utilidade são objetos de patente no INPI. A patente não admite prorrogações, ao passo que o registro, conforme será visto, admite. A concessão de patentes e de registros pelo INPI apresenta natureza constitutiva de direito, já que é por meio dela que o empresário adquire o direito de explorar o respectivo bem industrial com exclusividade.
Além da concessão de registros de marcas e desenhos industriais, patentes de invenção e de modelo de utilidade, cabe ao INPI a responsabilidade pela averbação dos contratos de transferência de tecnologia, contratos de franquia, registro de programas de computador (possui a natureza de direito autoral) e de indicações geográficas.
A exploração do bem industrial pode ser de forma direta ou indireta, que ocorre na hipótese do titular do registro ou da patente autorizar um outro empresário a explorar o bem industrial, mediante licença de uso. O empresário titular da patente ou do registro também pode fazer a cessão do bem industrial a um outro empresário, que passa a ter o direito exclusivo sobre ele.
PATENTES DE INVENÇÃO E MODELO DE UTILIDADE
Dois dos bens protegidos pelo direito de propriedade industrial são a invenção e o modelo de utilidade e sua proteção se dá mediante concessão de patente, instrumentalizada pela respectiva carta-patente.
Quanto à INVENÇÃO Não se preocupem em definir invenção porque não tem conceito de invenção nem na lei e nem na doutrina. 
O que a lei fez foi lei diz aquilo que não se considera invenção. 
A definição de modelo de utilidade está na lei, no art. 9º: Modelo de utilidade é o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, QUE RESULTE EM MELHORIA FUNCIONAL (isso é o mais importante) NO SEU USO OU EM SUA FABRICAÇÃO.”
O modelo de utilidade é uma invenção-anã que foi criado para trazer uma utilidade maior para um invento já existente. Ele traz uma melhoria funcional para um ato inventivo, para algo que já é considerado invenção. A palavra-chave é essa, melhoria funcional. Falou em maior utilidade, lembra de modelo de utilidade. Uma vassoura mágica que puxa o pó dos quatro cantos, mas provoca dores na coluna. Um cabo anatômico criado para essa vassoura é modelo de utilidade.
O STJ reconheceu que a churrasqueira sem fumaça é modelo de utilidade porque aquele mecanismo que não provoca a fumaça é algo criado para trazer uma melhoria par ao invento já existente, que é a churrasqueira. 
1. REQUISITOS DE PATENTIABILIDADE
Para obter que a proteção jurídica do seu invento o autor precisa demonstrar o preenchimento dos requisitos de patenteabilidade. São eles: 
 - Novidade – Tem previsão no art. 11 da Lei de Propriedade Industrial. “Novidade é aquilo que não está compreendido no estado da técnica.” O cotonete é uma novidade! 
- Atividade inventiva – Está no art. 13. “A atividade inventiva ocorre sempre que para um técnico no assunto não decorra de maneira óbvia ou evidente do estágio atual da técnica”. 
Art. 13. A invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um técnico no assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica.
É simples decorrência do que já existe. Por exemplo, liquid paper. O que havia antes do liquid paper? Só a borracha e a língua. Então, é necessário novidade e também um invento, algo engenhoso. 
- Aplicação industrial – É o terceiro requisito. Só é invenção se tem aplicação industrial. O professor Fábio Ulhoa traz um exemplo sobre isso. Ele dá exemplo interessante: imagina um motor mais rápido do mundo, mas que só funciona com um combustível que não existe na face da terra. Não pode ser invenção. Só pode ser invenção o que pode ser industrializado, que pode ter aplicação industrial.
Em que pese a legislação não definir o que é invenção, ela trouxe no art. 10 o que não se considera invenção. (art. 10, da Lei de Patentes):
        I - descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos;
        II - concepções puramente abstratas;
        III - esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários,de sorteio e de fiscalização;
        IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética;
        V - programas de computador em si;
        VI - apresentação de informações;
        VII - regras de jogo;
        VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal; e
        IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais.
A Lei de Propriedade Industrial, no seu art. 18 traz os impedimentos, aqueles casos que a lei prevê expressamente a não possibilidade de ser objeto de patente. Não poderão ser objeto de patente:
I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas;
II - as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico - tudo o que for resultado ou resultante de transformação do núcleo atômico não poderá ser patenteado. Aqui fica clara a intenção do legislador, que é evitar armas atômicas. Desta forma, não se incentiva o desenvolvimento desse tipo de atividade.
 III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta.
Parágrafo único - microorganismos transgênicos são organismos, exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem, mediante intervenção humana direta em sua composição genética, uma característica normalmente não alcançável pela espécie em condições naturais.Transgênico pode ser patenteado – TRANSGÊNICOS PODEM SER PATENTEADOS.
OBS.: Não confundir o art. 10 com o art.18.
2. TITULARIDADE DA PATENTE (ART. 6º E 7ª) 
Ao autor de invenção ou modelo de utilidade será assegurado o direito de obter a patente que lhe garanta a propriedade, nas condições estabelecidas nesta Lei.
        - Salvo prova em contrário, presume-se o requerente legitimado a obter a patente.
        - A patente poderá ser requerida em nome próprio, pelos herdeiros ou sucessores do autor, pelo cessionário ou por aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou de prestação de serviços determinar que pertença a titularidade.
        - Quando se tratar de invenção ou de modelo de utilidade realizado conjuntamente por duas ou mais pessoas, a patente poderá ser requerida por todas ou qualquer delas, mediante nomeação e qualificação das demais, para ressalva dos respectivos direitos.
        - O inventor será nomeado e qualificado, podendo requerer a não divulgação de sua nomeação.
 Se dois ou mais autores tiverem realizado a mesma invenção ou modelo de utilidade, de forma independente, o direito de obter patente será assegurado àquele que provar o depósito mais antigo, independentemente das datas de invenção ou criação.
      Essa é uma importante diferença entre o direito autoral e a propriedade industrial. O direito autoral a proteção é conferida desde o momento da criação. Em contrapartida, a proteção só é assegurada a quem efetivamente buscar a proteção junto ao órgão competente, o INPI. O ato de concessão da proteção tem efeito CONSTITUTIVO. 
3. DA INVENÇÃO OU MODELO DE UTILIDADE REALIZADO PELO EMPREGADO
Invenção pertence ao empregador:A invenção e o modelo de utilidade pertencem exclusivamente ao empregador quando decorrerem de contrato de trabalho cuja execução ocorra no Brasil e que tenha por objeto a pesquisa ou a atividade inventiva, ou resulte esta da natureza dos serviços para os quais foi o empregado contratado. (art.88) 
 - Salvo prova em contrário, consideram-se desenvolvidos na vigência do contrato a invenção ou o modelo de utilidade, cuja patente seja requerida pelo empregado até 1 (um) ano após a extinção do vínculo empregatício.
- O empregador, titular da patente, poderá conceder ao empregado, autor de invento ou aperfeiçoamento, participação nos ganhos econômicos resultantes da exploração da patente, mediante negociação com o interessado ou conforme disposto em norma da empresa. 
- A participação referida neste artigo não se incorpora, a qualquer título, ao salário do empregado.
 Invenção pertence ao empregado: Pertencerá exclusivamente ao empregado a invenção ou o modelo de utilidade por ele desenvolvido, desde que desvinculado do contrato de trabalho e não decorrente da utilização de recursos, meios, dados, materiais, instalações ou equipamentos do empregador. (art.90)
 Invenção será de titularidade em comum do empregador: A propriedade de invenção ou de modelo de utilidade será comum, em partes iguais, quando resultar da contribuição pessoal do empregado e de recursos, dados, meios, materiais, instalações ou equipamentos do empregador, ressalvada expressa disposição contratual em contrário. (art.91)
Sendo mais de um empregado, a parte que lhes couber será dividida igualmente entre todos, salvo ajuste em contrário.
É garantido ao empregador o direito exclusivo de licença de exploração e assegurada ao empregado a justa remuneração.
A exploração do objeto da patente, na falta de acordo, deverá ser iniciada pelo empregador dentro do prazo de 1 (um) ano, contado da data de sua concessão, sob pena de passar à exclusiva propriedade do empregado a titularidade da patente, ressalvadas as hipóteses de falta de exploração por razões legítimas.
No caso de cessão, qualquer dos co-titulares, em igualdade de condições, poderá exercer o direito de preferência.
4. ANÁLISE DOS REQUISITOS DE PATENTIABILIDADE
Art. 19. O pedido de patente, nas condições estabelecidas pelo INPI, conterá:
        I - requerimento;
        II - relatóriodescritivo;
        III - reivindicações;
        IV - desenhos, se for o caso;
        V - resumo; e
        VI -comprovante do pagamento da retribuição relativa ao depósito.
        Art. 20. Apresentado o pedido, será ele submetido a exame formal preliminar e, se devidamente instruído, será protocolizado, considerada a data de depósito a da sua apresentação.
        Art. 21. O pedido que não atender formalmente ao disposto no art. 19, mas que contiver dados relativos ao objeto, ao depositante e ao inventor, poderá ser entregue, mediante recibo datado, ao INPI, que estabelecerá as exigências a serem cumpridas, no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de devolução ou arquivamento da documentação.
        Parágrafo único. Cumpridas as exigências, o depósito será considerado como efetuado na data do recibo.
5. PROCESSO E EXAME DO PEDIDO
Art. 30. O pedido de patente será mantido em SIGILO durante 18 (dezoito) meses contados da data de depósito ou da prioridade mais antiga, quando houver, após o que será publicado, à exceção do caso previsto no art. 75.
   § 1º A publicação do pedido poderá ser antecipada a requerimento do depositante.
Essa publicação ocorre na Revista de Propriedade Industrial (RPI), publicação oficial do Instituto de Propriedade Industrial.
        § 2º Da publicação deverão constar dados identificadores do pedido de patente, ficando cópia do relatório descritivo, das reivindicações, do resumo e dos desenhos à disposição do público no INPI.
        § 3º No caso previsto no parágrafo único do art. 24, o material biológico tornar-se-á acessível ao público com a publicação de que trata este artigo.
        Art. 31. Publicado o pedido de patente e até o final do exame, será facultada a apresentação, pelos interessados, de documentos e informações para subsidiarem o exame.
        Parágrafo único. O exame não será iniciado antes de decorridos 60 (sessenta) dias da publicação do pedido.
Art. 32. Para melhor esclarecer ou definir o pedido de patente, o depositante poderá efetuar alterações até

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