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Teorias da moeda e política monetária comparadas Economia Monetária Profa. Cristina F. B. Reis Dezembro, 2013 5. Enfoques sobre a inflação SUMÁRIO 5. Enfoques sobre a inflação • Revisão e consolidação: Curvas de Phillips para cada visão teórica de política monetária • O modelo do “novo consenso” • Curva de Phillips no Brasil Piores hiper inflações da história Fonte: The Washington Post, ago. 2012 Curte sertanejo, então tem em moda de viola: Vai um sambinha? http://letras.mus.br/beth-carvalho/175033/ Inflação de acordo com a MPB http://letras.mus.br/dino-franco-mourai/1198915/ Para levantar o humor... Curva de Phillips • Trade-off importante de política econômica: inflação X desemprego – para reduzir o desemprego, é necessário tolerar uma inflação mais alta ou – para reduzir a inflação, é necessário tolerar um desemprego mais alto • Teoria Phillips (1958)/ Phelps – anos 60 • Surgiu no debate do pós-guerra sobre as causas da inflação: de demanda ou de oferta Curva de Phillips Origem keynesiana: • Phillips realizou uma análise econométrica a partir de dados empíricos da Inglaterra e notou que havia uma relação inversa entre expansão da moeda e desemprego na história inglesa. • Seu postulado foi adotado por Solow e Samuelson, que transformam a relação para inflação x desemprego • Economistas dos partidos democratas, precisavam justificar conivência com alguma inflação no final do anos cinquenta e início dos sessenta (Kennedy) – mas isso é o que que Solow argumenta anos mais tarde, pois nos documentos do governo não aparecia o termo Curva de Phillips. Curva de Phillips Curva de Phillips keynesiana: Curva de Phillips • Friedman e Phelps introduzem um termo de inflação esperada para o modelo de Phillips, através do pressuposto de expectativas adaptativas. • A curva de Phillips seria válida apenas no curto prazo (ilusão monetária). • Interpretação monetarista para o cp: – Aumento de oferta de moeda faz com que aumente demanda – Expansão da demanda agregada provoca um aumento de preços – Preços mais altos estimulam os empresários a produzir mais – Mais produção gera mais emprego – O desemprego é reduzido • Mas, no longo prazo, existiriam outras consequências: – Baixo desemprego pressionaria por um aumento dos salários – Salários mais altos tornam a produção mais cara – Não há mais crescimento da produção ou redução do desemprego Curva de Phillips • Monetaristas: no longo prazo, não há trade-off => curva vertical: • Uma expansão da demanda agregada leva a um aumento dos preços, mas esse aumento não interfere no volume de produção porque esta se encontra em seu nível ótimo de utilização. Como a produção não se altera, tampouco o nível de emprego, que permanece em seu patamar natural. Curva de Phillips • Então na versão de Friedman, a curva de Phillips, no cp, passa pela taxa natural, onde não há ilusão monetária, nem inflação (Pt = Pt-1 ) P - Pt e Un U Curva de Phillips • Versão aceleracionista: a inflação será subestimada de forma permanente pelos trabalhadores, se governo seguir uma política de aumento das variações positivas do estoque de moeda DP Un U Curva de Phillips • Lucas: Empiricamente curva de phillips não se verifica Inflação U A visão novo-clássica • Curva de Phillips para Lucas, contando com expectativas racionais: Curva de Phillips • Novos-clássicos: E o que causa flutuações no emprego e no produto? - manifestações temporárias de choques exógenos de oferta, tais como variações tecnológicas e de produtividade, que implicam mudanças nos preços relativos da economia. Curva de Phillips • Visão clássica: Se vale a TQM, vale também a lei de Say • Novos-clássicos recuperam, então, principais postulados da teoria clássica: neutralidade da moeda, market clearing, mas com nova roupagem para a tomada de decisões • E os novo-keynesianos? Novo Consenso • O “Novo Consenso” também é conhecido como “modelo das três equações”: – a curva IS, – a curva de Phillips – a regra de política monetária (“regra de Taylor”). • Frequentemente padrão dos livros-textos de graduação (ver Blinder (1999), Taylor (1999), Romer (2006)) e da política monetária mundial Referência da análise: ALMEIDA (2009). Novo Consenso Romers Taylor Blinder (Berkeley, (Stanford) (Princeton, ex-vice FED) ex-chair do conselho de economistas da Casa Branca) Novo Consenso Pressupostos para Economia Fechada: IS: • taxa de juros é um custo de oportunidade do capital produtivo, para que os empresários tenham incentivo para aumentar o investimento, é necessário haver uma queda correspondente na taxa de juros real • r = i- pe, sendo i a taxa de juros nominal estabelecida pela política monetária do Banco Central, e pe a taxa de inflação esperada para o próximo período (moeda endógena). • Quanto maior a propensão marginal a consumir, maior o impacto da política de juros na demanda agregada Novo Consenso IS: • Produto potencial dado exogenamente pelos fatores de produção + tecnologia • O cruzamento entre a curva IS e o produto potencial (Y*), gera a taxa de juros de equilíbrio de longo prazo, ou taxa natural de juros (rn). • É a taxa que iguala o investimento ao nível de poupança de pleno emprego da economia Novo Consenso Novo Consenso IS: • Em economia aberta com taxa de câmbio flexível, o mercado de bens e produtos sofre modificações por incluir o componente externo (NX = X-M) nos gastos da economia: Y = I + C + G + NX. • Equilíbrio no mercado de câmbio exige que balança comercial = conta de capital => NX=CF • CF é diretamente relacionada à taxa de juros: qto maior, mais atrai o I estrangeiro no curto prazo, supondo livre mobilidade, embora acreditem que no longo prazo o diferencial de juros interno e externo seja zero. • “IS” de uma economia aberta com câmbio flutuante é mais sensível a taxa de juros do que a da economia fechada. Novo Consenso IS: funcionamento em economia aberta (ALMEIDA, 2009): • IS e a política monetária determinam o produto e a taxa real de juros, • r gera o equilíbrio no mercado de capitais por meio de mudanças na taxa de câmbio real. • Por exemplo: Queda na taxa nominal de juros ocasiona saída de capitais aplicados em ativos financeiros, isto desvaloriza a taxa de câmbio real, (considerando que os preços são parcialmente fixos no curto prazo) o que gera aumento na balança comercial e, conseqüentemente, ganho de produto maior do que no caso de uma economia fechada. Novo Consenso Curva de Phillips: • Curto prazo: existe rigidez, a demanda agregada tem efeitos reais e determina o produto. • Longo prazo: hipótese de neutralidade (da moeda e da demanda efetiva) no longo prazo, CP vertical. • “trade-off” entre inflação e desemprego é temporário pois o hiato do produto gera uma aceleração da inflação de seu nível “dado” “At a point in time, the rate of inflation is given. When output is above its natural rate, inflation rises. When output is below its natural rate, inflation falls. When output equals its natural rate, inflation is constant.” (Romer 2006, pg. 45 apud Almeida, 2009, p. 45). Novo Consenso Curva de Phillips: • Como o produto natural (ou potencial) éexógeno e no longo prazo os preços são totalmente flexíveis, a este nível de produto existe uma taxa de desemprego natural (NAIRU). • Se não houver pleno emprego, mas disponibilidade de trabalhadores, as firmas conseguem aumentar a produção sem alterar o crescimento dos salários nominais e preços, porém quando a quantidade de trabalhadores disponíveis se torna escasso, elas passam a ter que aumentar os salários nominais e os preços de forma mais acentuada com aumentos de demanda. Novo Consenso Curva de Phillips: em economia fechada Fonte: SUMMA, 2010 Novo Consenso Curva de Phillips aceleracionista – resumo das hipóteses: • Inércia completa, ou seja, a = 1. Variações da inflação (e • não mais a taxa de inflação) estarão relacionadas com choques de oferta e demanda. • O produto potencial é exógeno e independe do andamento do produto corrente; • Os choques de oferta tem media zero no longo prazo, ou seja, em um horizontes mais longos de tempo, os choques positivos e negativos tendem a se anular. Novo Consenso Curva de Phillips: • Apesar de neutra no longo prazo, a inflação é indesejável. • Argumento : taxa de inflação tem efeitos negativos sobre a produção por distorcer preços relativos e tributos, prejudicando a previsão de lucratividade de novos investimentos • No limite, hiperinflações provocam que o sistema de preços se torne ineficaz e as relações de trocas ineficientes, como no escambo. (Friedman, 1977). • Indexar não é boa solução pois está associado a imperfeições. Novo Consenso Curva de Phillips em economia aberta: • No curto prazo, pode valer a teoria da paridade descoberta da taxa de juros. • no longo prazo, vale hipótese da paridade de poder de compra e a taxa de câmbio nominal deveria variar de forma a manter a taxa de câmbio real constante (exógena). • e = p -pm, onde: “e” = variação da taxa nominal de câmbio “e”, p = variação da taxa de inflação interna, e pm = variação da taxa de inflação internacional em moeda estrangeira. • O modelo funciona tal que choques de preços internacionais, ou variações da taxa de câmbio nominal, causadas por variações no diferencial de juros, por exemplo, têm apenas efeitos temporários sobre a inflação Novo Consenso Curva de Phillips em economia aberta: É preciso separar no índice de preços um indice de preços os bens tradables do não tradables, pois suas dinâmicas de determinação são diferentes. é parcela dos tradables na economia Fonte: SUMMA, 2010. Novo Consenso Curva de Phillips em economia aberta: • CRÍTICA: num contexto de curva de Phillips aceleracionista, se o Banco Central deixar a taxa de juros nominal constante e houver um choque inflacionário, seja de demanda ou de oferta, a economia rapidamente tenderá à hiperinflação. Isto ocorre porque, a curva de DA, definida como a relação entre taxa de inflação e nível de demanda agregada real, é positivamente inclinada. Novo Consenso Curva de Phillips em economia aberta: • RECOMENDAÇÃO NORMATIVA : regras. – Friedman: regra pra oferta de moeda • Contra meta de inflação, porque no curto prazo não existe relação clara entre o M e P. • Rejeita a idéia de que a oferta monetária deveria se ajustar a eventos da economia, como, por exemplo, o Banco Central financiar de forma anticíclica o déficit do governo em momentos de recessão • Porém como V moeda não é constante (o que implicitamente é suposto pela regra de Friedman), a regra é empiricamente ineficiente, quando comparada com a política de fixar juros. Novo Consenso Curva de Phillips em economia aberta: • RECOMENDAÇÃO NORMATIVA : regras. – Taylor: regra pra taxa de juros • Relaciona a taxa de juros básica a desvios da inflação presente (ou esperada) em relação à meta inflacionária; desvio do produto efetivo em relação ao potencial e o nível da taxa de juros real de equilíbrio, ou seja, quando o produto efetivo está no mesmo nível do potencial. • É a resposta da Autoridade Monetária (AM) para, através da manipulação da taxa nominal de juros, influir sobre a taxa real de juros e controlar o nível do produto e a inflação. Novo Consenso Regra de Taylor: Novo Consenso Curva de Phillips em economia aberta: – Regra de Taylor: análise dos parâmetros • Romer (2000) mostra que o parâmetro h tem que ser h >1 para garantir que o aumento na taxa nominal de juros seja maior que a inflação e consiga afetar a taxa real de juros na direção desejada, caso contrario o modelo gera instabilidade nunca se atinge a meta inflacionaria. • O parâmetro g deve ser g>0, pois como a curva de Philllips é aceleracionista, se a AM buscasse atingir somente a meta de inflação, poderia ocorrer que o produto estivesse diferente do potencial e nesse caso a inflação sairia da meta. Novo Consenso Curva de Phillips em economia aberta: – Regra de Taylor: solução do modelo • A meta não afeta o produto potencial • Produto efetiva não afeta o potencial (não há histerese), apenas a taxa de inflação => relação positiva entre hiato do produto potencial e taxa de inflação • A taxa de cambio real é neutra no longo prazo: não afeta nem a inflação nem o produto de longo prazo • Um diferencial de juros positivo pode causar uma apreciação da taxa nominal de cambio no curto prazo, porem como as expectativas cambiais são exógenas e dependem da inflação esperada de longo prazo do pais, a taxa de cambio acaba realizando um movimento inverso de depreciação no futuro Novo Consenso Curva de Phillips em economia aberta: – Regra de Taylor: solução do modelo • Os choques da curva de Phillips tem media 0 no longo prazo, pois os choques externos acabam se anulando; • Existe apenas uma taxa natural de juros, atingida pela meta no longo prazo • A autoridade monetária consegue atingir a meta de inflacao alterando a taxa real de juros, pela via do hiato do produto; • Longo prazo: produto é o potencial, taxa real de juros é a natural, inflação = meta. VER: SUMMA, 2010. Novo Consenso Curva de Phillips em economia aberta: • RECOMENDAÇÃO NORMATIVA : regras. – Taylor: regra pra taxa de juros, defesa: • Defasagem reduz ineficiência de política • Alinha expectativas • reduz a incerteza, melhorando a previsão dos agentes sobre o estado da economia • forma de instruir os formuladores de política em o que fazer para atingir os seus objetivos; • facilita a compreensão do público sobre as medidas tomadas pelo Banco Central • Facilita que se fiscalize a ação da autoridade monetária. Curva de Phillips no Brasil • Phillips de longo prazo não se sustenta, pois as evidências são de histerese no produto (vide SUMMA, 2010 para revisão bibliográfica): indica o fato de que choques do produto tem efeito persistente na tendência, e portanto, afetam o produto potencial. Explicações: – Escola dos Ciclos Reais de Negócios: apenas choques de oferta. – Crescimento da capacidade liderado pela demanda efetiva: choques de demanda. Curva de Phillips no Brasil 1) Estimando Produto potencial: • Novo Consenso: é estimada uma serie temporal que deve levar em conta o estoque dos fatores de produção, seu uso eficiente (produtividade total dos fatores) e a utilização desses fatores em um nível que não acelera a inflação. Função de produção Cobb-Douglas: Curva de Phillips no Brasil 1) Estimando Produto potencial: (a) O estoque de capital é construído pelo método do inventario perpetuo, que consiste basicamente em estimar um estoque de capital em um ponto bem longe do tempo, e acrescentar a cada período o fluxo de investimento e descontar adepreciação. (b) O estoque de trabalho é estimado através da série da (PEA) e corrigir pela taxa de participação (relação entre PEA/PIA) para levar em conta o efeito desalento. (c) O parâmetro W, que mede a contribuição do capital para o produto e obtido pelos dados da contabilidade nacional. (d) A PTF e obtida via resíduo entre a serie de produto efetivo e as series da contribuição dos fatores ao produto Curva de Phillips no Brasil 1) Estimando Produto potencial: Curva de Phillips no Brasil 1) Estimando Produto potencial: • Outro modo: Considerar que o produto potencial pode ser medido pela tendência de longo prazo do • produto efetivo; e Aplicar um filtro estatístico sobre a serie do produto efetivo para calculá-la • Crítica 1: tal tendência calculada, nada mais é do que uma media móvel da própria serie observada. • Crítica 2: existem outros métodos denominados filtros multivariados que incorporam na variação da tendência (calculada como media móvel da serie observada) informações referentes a outras series. Curva de Phillips no Brasil 1) Estimando Produto potencial: “ Dessa maneira, o produto potencial obtido por esses filtros e incompatível com o produto potencial teórico do modelo do Novo Consenso, que deve ser determinado apenas pela evolução dos estoques dos fatores e de seu uso eficiente, levando em conta as taxas de utilização não aceleracionistas (NAIRU e NAICU), e, portanto, insensível a variações do produto efetivo”. (SUMMA, 2010, p. 34) Curva de Phillips no Brasil Curva de Phillips no Brasil 2) Estimação da IS e da equação de juros é controversa na literatura, amostra faz diferença e variáveis utilizadas também (resumo SUMMA, 2010): Inflação no Brasil Agora vamos ver o que o Laboratório Brasil tem a dizer sobre a inflação no Brasil: http://youtu.be/AXVVodQLE14 Referências (5) ALMEIDA, T. Uma analise critica ao modelo do “Novo Consenso”, Dissertação de mestrado apresentada ao IE-UFRJ, 2009. BLINDER, A. S. (1997). “Is there a Core of Practical Macroeconomics that we should all believe”. The American Economic Review, Vol. 87, No. 2 ROMER (2006) “Short-Run Fluctuations”, Manual (http://emlab.berkeley.edu/~dromer/papers/Romer%20Short- Run%20Fluctuations%20January%202012.pdf). SUMMA, R. (2010). Um modelo alternativo ao “novo consenso” para economia aberta. Tese de doutorado apresentada ao IE-UFRJ, 2010. TAYLOR, J. (1999), “The Monetary Transmission Mechanism and the Evaluation of Monetary Policy Rules”, Stanford University September 10. PRÓXIMA AULA Apresentação dos trabalhos Comentários sobre os trabalhos e crítica final modelo de inflação novo-keynesiano
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