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DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
| APOSTILA 2017 – Profa. Malu Aragão 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
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OS: 0115/1/17-Gil 
CONCURSO: CARREIRAS FISCAIS – COMBINADO FISCAL (RF / SEFAZ / SEFIN) 
 
ASSUNTO: 
1 – PODER CONSTITUINTE.....................................................................................................01 
2 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS...........................................................................................04 
3 – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
1 – Direitos e Deveres Individuais e Coletivos..............................................................08 
2 – Direitos Sociais.........................................................................................................39 
3 – Nacionalidade...........................................................................................................49 
4 – Direitos Políticos e Partidos Políticos......................................................................52 
4 – ORGANIZAÇÃO DO ESTADO.............................................................................................57 
5 – ORGANIZAÇÃO DOS PODERES 
1 – Poder Legislativo......................................................................................................72 
2 – Poder Executivo......................................................................................................102 
3 – Poder Judiciário......................................................................................................108 
6 – FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA...................................................................................132 
7 – CONSTITUCIONALISMO.................................................................................................136 
8 – TEORIA DA CONSTITUIÇÃO............................................................................................140 
9 – CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE........................................................................144 
 
1 – PODER CONSTITUINTE 
 
1.0. CONCEITO DE PODER CONSTITUINTE E 
TITULARIDADE. 
É o poder de elaborar ou atualizar uma Constituição, é a 
manifestação soberana da vontade política de um povo, 
social e juridicamente organizado. 
Para a doutrina moderna a titularidade do poder 
constituinte pertence ao povo, embora seja exercido ou por 
uma assembleia nacional constituinte (convenção) ou 
outorgada por um movimento revolucionário. Vale lembrar 
que o abade Emmanuel Joseph Sieyès, que traçou as linhas 
mestras da Teoria do Poder Constituinte através da sua 
obra "¿Que é o terceiro Estado?” (“Quést-ce que le tiers 
État?”), apontava como titular do poder constituinte a 
nação. 
 
2.0. ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE. 
2.1. Originário (inicial, inaugural, genuíno, instituidor, ou 
de 1º grau). 
Instaura um novo Estado, organizando-o, rompendo por 
completo com a antiga ordem jurídica. Tanto haverá poder 
constituinte no surgimento de uma primeira constituição, 
quanto na elaboração de qualquer constituição posterior. 
Pode ser subdividido em histórico (o primeiro) ou 
revolucionário (todos os posteriores ao histórico), como 
pode ser material ou formal. O material é o sentimento de 
elaborar uma nova ordem e o formal é aquele que se 
exterioriza por meio de um procedimento que tem como 
objetivo elaborar uma constituição. O formal deve estar de 
acordo com as ideias do poder constituinte originário 
material. Ex.: Decreto n. 1 de 1899. 
O poder constituidor caracteriza-se por ser inicial, já que a 
sua obra, a constituição, é a base da ordem jurídica, por ser 
ilimitado juridicamente e autônomo porque não está de 
modo algum limitado pelo direito anterior, não tendo que 
respeitar os limites postos pelo direito positivo antecessor, 
por ser incondicionado, pois não está sujeito a qualquer 
forma prefixada para manifestar sua vontade e por ser 
permanente porque não desaparece com a realização de 
sua obra, continua latente, manifestando-se novamente 
mediante uma nova assembleia nacional constituinte ou um 
ato revolucionário. 
Embora o Brasil tenha adotado a corrente positivista, onde 
nem mesmo o direito natural limitaria o poder constituinte 
originário contrapondo-se a corrente jusnaturalista, 
destaca-se entre a doutrina moderna a visão de Canotilho, o 
qual observa que o poder constituinte originário “... 
obedece a padrões e modelos de conduta espirituais, 
culturais, éticos e sociais, radicados na consciência jurídica 
geral da comunidade e, nesta medida, considerados como 
‘vontade do povo’”. 
 
2.2. Derivado (instituído, constituído, secundário, ou de 2º 
grau ou remanescente). 
Está inserido na própria constituição, pois decorre de uma 
regra jurídica de autenticidade constitucional (poder 
constituinte originário), portanto conhece limitações 
constitucionais expressas e implícitas e é passível de 
controle de constitucionalidade. Caracteriza-se por ser 
derivado, uma vez que retira sua força do poder 
constituinte originário, por ser subordinado, pois se 
encontra limitado pelas normas explícitas e implícitas do 
texto constitucional e por ser condicionado, porque seu 
exercício deve seguir regras previamente estabelecidas no 
texto da constituição federal. 
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Subdivide-se em: Poder constituinte derivado revisor 
(competência de revisão), Poder constituinte derivado 
reformador (competência reformadora) e Poder 
constituinte derivado decorrente. 
 
2.2.1. Poder Constituinte Derivado Revisor. 
Vinculado ao Poder Constituinte Originário, foi estabelecido 
no artigo 3º. do ADCT, que reza: 
“A revisão constitucional será realizada após cinco 
anos, contados da promulgação da Constituição, 
pelo voto da maioria absoluta dos membros do 
Congresso Nacional, em sessão unicameral”. 
 
Desta competência, que adotou um procedimento 
simplificado, surgiram 6 (seis) Emendas Constitucionais de 
Revisão, valendo destacar que a resolução nº 1-RCF do 
Congresso Nacional fixou as mesmas limitações materiais 
(cláusulas pétreas) do artigo 60, §4º, da CF/88. 
Dito poder não poderá mais se manifestar em razão da 
eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada da regra 
constitucional. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. RESOLUÇÃO N. 
1 - RCF, DO CONGRESSO NACIONAL, DE 18.11.1993, QUE 
DISPÕE SOBRE O FUNCIONAMENTO DOS TRABALHOS DE 
REVISÃO CONSTITUCIONAL E ESTABELECE NORMAS 
COMPLEMENTARES ESPECIFICAS. AÇÃO DE 
INCONSTITUCIONALIDADE AJUIZADA PELO GOVERNADOR 
DO ESTADO DO PARANA. ALEGAÇÕES DE OFENSA AO 
PARÁGRAFO 4. DO ART. 60 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, EIS 
QUE O CONGRESSO NACIONAL, PELO ATO IMPUGNADO, 
"MANIFESTA O SOLENE DESIGNIO DE MODIFICAR O TEXTO 
CONSTITUCIONAL", MEDIANTE "'QUORUM' DE MERA 
MAIORIA ABSOLUTA", "EM TURNO ÚNICO" E "VOTAÇÃO 
UNICAMERAL". SUSTENTA-SE, NA INICIAL, ALÉM DISSO, 
QUE A REVISÃO DO ART. 3. DO ADCT DA CARTA POLÍTICA 
DE 1988 NÃO MAIS TEM CABIMENTO, POR QUE ESTARIA 
INTIMAMENTE VINCULADA AOS RESULTADOS DO 
PLEBISCITO PREVISTO NO ART. 2. DO MESMO 
INSTRUMENTO CONSTITUCIONAL TRANSITORIO. "EMENDA" 
E "REVISÃO", NA HISTORIA CONSTITUCIONAL BRASILEIRA. 
EMENDA OU REVISÃO, COMO PROCESSOS DE MUDANCA 
NA CONSTITUIÇÃO, SÃO MANIFESTAÇÕES DO PODER 
CONSTITUINTE INSTITUIDO E, POR SUA NATUREZA, 
LIMITADO. ESTA A "REVISÃO" PREVISTA NO ART. 3. DO 
ADCT DE 1988 SUJEITA AOS LIMITES ESTABELECIDOS NO 
PARÁGRAFO 4.E SEUS INCISOS, DO ART. 60, DA 
CONSTITUIÇÃO. O RESULTADO DO PLEBISCITO DE 21 DE 
ABRIL DE 1933 NÃO TORNOU SEM OBJETO A REVISÃO A 
QUE SE REFERE O ART. 3. DO ADCT. APÓS 5 DE OUTUBRO 
DE 1993, CABIA AO CONGRESSO NACIONAL DELIBERAR NO 
SENTIDO DA OPORTUNIDADE OU NECESSIDADE DE 
PROCEDER A ALUDIDA REVISÃO CONSTITUCIONAL, A SER 
FEITA "UMA SÓ VEZ". AS MUDANCAS NA CONSTITUIÇÃO, 
DECORRENTES DA "REVISÃO" DO ART. 3. DO ADCT, ESTAO 
SUJEITAS AO CONTROLE JUDICIAL, DIANTE DAS "CLAUSULAS 
PETREAS" CONSIGNADAS NO ART. 60, PAR. 4. E SEUS 
INCISOS, DA LEI MAGNA DE 1988. NÃO SE FAZEM, ASSIM, 
CONFIGURADOS OS PRESSUPOSTOS PARA A CONCESSÃO DE 
MEDIDA LIMINAR, SUSPENDENDO A EFICACIA DA 
RESOLUÇÃO N. 01, DE 1993 - RCF, DO CONGRESSO 
NACIONAL, ATÉ O JULGAMENTO FINAL DA AÇÃO. MEDIDA 
CAUTELAR INDEFERIDA. (STF - ADI-MC: 981 PR , Relator: 
NÉRI DA SILVEIRA, Data de Julgamento: 16/12/1993, 
TRIBUNAL PLENO, Data de Publicação: DJ 05-08-1994 PP-
19299 EMENT VOL-01752-01 PP-00030) 
 
2.2.2. Poder Constituinte Derivado Reformador. 
Consiste na possibilidade de se alterar o texto 
constitucional, respeitando-se a regulamentação especial 
prevista na própria constituição federal e será exercitado 
por determinados órgãos com caráter representativo. Além 
das limitações expressas ou explícitas, existem as limitações 
implícitas (a titularidade do Poder Constituinte e as 
limitações expressas) 
A Carta de Outubro prevê em seu artigo 60, a única maneira 
de se modificar as normas constitucionais originárias, 
vejamos: 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada 
mediante proposta: 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da 
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembleias 
Legislativas das unidades da Federação, 
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria 
relativa de seus membros. 
(...) 
§ 2º – A proposta será discutida e votada em cada 
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, 
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, 
três quintos dos votos dos respectivos membros. 
(...) 
§ 4º – Não será objeto de deliberação a proposta 
de emenda tendente a abolir: 
I – a forma federativa de Estado; 
II – o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III – a separação dos Poderes; 
IV – os direitos e garantias individuais. 
(...). 
 
2.2.3. Poder Constituinte Derivado Decorrente. 
Diz respeito a possibilidade que os estados-membros têm, 
em virtude de sua autonomia político-administrativa, de se 
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auto organizarem por meio de suas respectivas 
constituições estaduais, sempre respeitando as regras 
limitativas estabelecidas pela constituição federal, nos 
termos do artigo 25, caput e do artigo 11 do ADCT: 
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas 
Constituições e leis que adotarem, observados os 
princípios desta Constituição. 
Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes 
constituintes, elaborará a Constituição do Estado, 
no prazo de um ano, contado da promulgação da 
Constituição Federal, obedecidos os princípios 
desta. 
 
No que diz respeito ao “observados os princípios desta 
Constituição” constante no caput do artigo 25 da 
Constituição Federal, deve ser entendido por princípios 
constitucionais sensíveis (apontados ou enumerados), que 
se encontram positivados na constituição, mais 
precisamente no artigo 34, VII, princípios constitucionais 
estabelecidos (organizatórios), que segundo Bulos “são 
aqueles que limitam, vedam, ou proíbem a ação 
indiscriminada do Poder Constituinte Decorrente”, como 
exemplo, tem-se as regras de repartição de competência 
(arts. 21, 22, 23 e 24), do sistema tributário nacional (arts. 
145 e ss), da organização dos poderes (arts. 44 e ss), dos 
direitos e garantias individuais (art. 5º) etc, e os princípios 
constitucionais extensíveis, que ainda segundo Bulos “são 
aqueles que integram a estrutura da federação brasileira, 
relacionando-se, por exemplo, com a forma de investidura 
em cargos eletivos (art. 77), o processo legislativo (arts. 59 e 
ss), os orçamentos (arts. 165 e ss), os preceitos lidados à 
Administração Pública (arts. 37 e ss) etc.”. 
No que se refere aos Municípios, sabe-se que há 
divergência doutrinária quanto a existência da competência 
derivada decorrente, considerando o artigo 29, caput, da 
CF/88 (texto permanente) e parágrafo único do artigo 11 do 
ADCT. Entretanto, a doutrina majoritária se posiciona no 
sentido de que o poder constituinte derivado decorrente 
dado aos Estados Federados não se estende aos Municípios, 
principalmente no que tange ao critério jurídico-formal. 
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, 
votada em dois turnos, com o interstício mínimo de 
dez dias, e aprovada por dois terços dos membros 
da Câmara Municipal, que a promulgará, 
atendidos os princípios estabelecidos nesta 
Constituição, na Constituição do respectivo Estado 
e os seguintes preceitos: 
Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes 
constituintes, elaborará a Constituição do Estado, 
no prazo de um ano, contado da promulgação da 
Constituição Federal, obedecidos os princípios 
desta. 
Parágrafo único. Promulgada a Constituição do 
Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de 
seis meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em dois 
turnos de discussão e votação, respeitado o 
disposto na Constituição Federal e na Constituição 
Estadual. 
 
No caso do Distrito Federal, como a derivação da 
competência é direta da Norma Constitucional, apesar de 
ser regido por Lei Orgânica (critério jurídico-formal), a 
Jurisprudência Pátria tem entendido pela existência da 
manifestação do poder constituinte derivado decorrente, 
nos termos do artigo 32, caput: 
“O Distrito Federal, vedada sua divisão em 
Municípios, reger-se-ão por lei orgânica, votada em 
dois turnos com interstício mínimo de dez dias, a 
aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, 
que a promulgará, atendidos os princípios 
estabelecidos nesta Constituição”. 
 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. A Lei Orgânica do Distrito Federal constitui 
instrumento normativo primário destinado a regular, de 
modo subordinante – e com inegável primazia sobre o 
ordenamento positivo distrital – a vida jurídico-
administrativa e político-institucional dessa entidade 
integrante da Federação brasileira. Esse ato representa, 
dentro do sistema de direito positivo, o momento inaugural 
e fundante da ordem jurídica vigente no âmbito do Distrito 
Federal. Em uma palavra: a Lei Orgânica equivale, em força, 
autoridade e eficácia jurídicas, a um verdadeiro estatuto 
constitucional, essencialmente equiparável às Constituições 
promulgadas pelos Estados-membros. (Rcl 3.436, 01.08.05). 
EMENTA: (...) 3. Conquanto submetido a regime 
constitucional diferenciado, o Distrito Federal está bem 
mais próximo da estruturação dos Estados-membros do que 
da arquitetura constitucional dos Municípios. (ADI 
3.756/DF, Rel. Min. Carlos Britto, DJ 19.10.2007). 
 
2.2.4. Poder Constituinte Difuso. 
Uadi Lammêgo Bulos cita o poder constituinte difuso, 
chamado assim porque não vem formalizado nas 
constituições, embora esteja presente nos ordenamentos 
jurídicos. É caracterizado como um poder de fato e se 
concretiza por meio das mutações constitucionais, uma vez 
que se manifesta de maneira informal e espontânea, em 
decorrência de fatores sociais, políticos e econômicos, 
sempre observando os princípios estruturantes da 
Constituição. 
 
2.2.5. Poder Constituinte Supranacional. 
Segundo KildareGonçalves Carvalho, o poder constituinte 
supranacional tem sua fonte de validade na cidadania 
universal, no pluralismo de ordenamentos jurídicos, na 
vontade de integração e em um conceito remodelado de 
soberania. Cria uma ordem jurídica de cunho constitucional, 
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haja vista que passa a aderir ao direito comunitário dos 
Estados Nacionais. 
 
3.0. Poder Constituinte Originário e a teoria da 
Retroatividade Mínima. 
Quando nasce uma nova ordem aplica-se a Teoria da 
Retroatividade Mínima, salvo se a prórpia norma dispor em 
sentido contrário (Retroatividade Média ou Máxima). A 
Jurisprudência do Suprem Tribunal Federal conceituou os 
institutos quando do julgamento do Recurso Extraordinário 
242.740. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA (...). Já se firmou a jurisprudência desta Corte no 
sentido de que os dispositivos constitucionais têm vigência 
imediata, alcançando os efeitos futuros de fatos passados 
(retroatividade mínima). Salvo disposição expressa em 
contrário - e a Constituição pode fazê-lo -, eles não 
alcançam os fatos consumados no passado nem as 
prestações anteriormente vencidas e não pagas 
(retroatividades máxima e média). (...). (RE 242.740/GO, 
Rel. Min. Moreira Alves, 1ª. Turma, DJ 18.05.2001). 
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2 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA 
DO BRASIL: FUNDAMENTOS, OBJETIVOS E PRINCÍPIOS NO 
ÂMBITO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS. 
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
O termo princípio traduz-se na ideia de início, origem, 
começo, e ainda, numa outra acepção, em mandamento, 
norma nuclear de um sistema. Nesse contexto, os princípios 
fundamentais nada mais são que as diretrizes básicas que 
produzem decisões políticas imprescindíveis à estruturação 
do Estado. São alicerce, a base, as linhas mestras sociais e 
políticas que norteiam e inspiram os conteúdos positivados 
pelo legislador constituinte originário. 
Art. 1º – A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito 
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e 
tem como fundamentos: 
I – a soberania; 
II – a cidadania; 
III – a dignidade da pessoa humana; 
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V – o pluralismo político. 
Parágrafo único: Todo o poder emana do povo, que o 
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, 
nos termos desta Constituição. 
A priori, seria interessante fazer um comparativo entre o 
presente dispositivo e o artigo 18, desta Constituição 
Federal, que reza: “A organização político-administrativa da 
República Federativa do Brasil compreende a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos 
autônomos, nos termos desta Constituição”. 
Há de se observar que República Federativa do Brasil é o 
nome do Estado Brasileiro, que adota o federalismo, por isso 
a designação Estado Federal. Este, por sua vez, compõe-se 
de coletividades regionais autônomas denominadas 
Estados-membros ou federados. E no que tange a diferença 
com a União, registre-se a lição de José Afonso da Silva: 
Estado federal é o todo, dotado de personalidade jurídica de 
Direito Público Internacional. A União é a entidade federal 
formada pela reunião das partes componentes, constituindo 
pessoa jurídica de Direito Público Interno, autônoma em 
relação aos Estados e a que cabe exercer as prerrogativas da 
soberania do Estado Brasileiro. 
Conclui-se que República e União, portanto, não são 
sinônimos. A União é pessoa jurídica de Direito Público 
interno com capacidade política, detém apenas autonomia, 
como deixa claro o texto daquele artigo. A República 
Federativa do Brasil que é soberana, é pessoa jurídica de 
direito público internacional ou externo. 
Para Celso Bastos, soberania é atributo que se confere ao 
poder do Estado em virtude de ser juridicamente ilimitado. 
Já autonomia é margem de discrição de que uma pessoa 
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goza para decidir sobre seus negócios. 
A Constituição define a República sob dois ângulos. Sob o 
aspecto territorial, ou físico, a República é composta dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 1º, da 
CF/88). Já sob o aspecto político-administrativo, ou 
institucional, ou jurídico, tem ela quatro partes 
componentes: a União, os Estados-membros (Estados 
Federados), o Distrito Federal e os Municípios, que formam 
o Estado Federal, encontrando-se no mesmo patamar 
hierárquico. São entes federativos com capacidade de 
autolegislação, de autogoverno, auto administração e auto 
organização. 
A Constituição adotou como Forma de Estado o 
Federalismo, que no conceito de Dalmo Dallari é uma 
“aliança ou união de Estados”, baseada em uma constituição 
e onde “os Estados que ingressam na federação perdem sua 
soberania no momento mesmo do ingresso, preservando, 
contudo, uma autonomia político-administrativa”. Assim, 
não se admite sessessão, separação. O legislador 
constituinte determinou a impossibilidade de qualquer 
deliberação sobre proposta de emenda constitucional 
tendente a abolir a Federação (Art. 60, §4º, I da CF). 
A República foi a forma de governo assumida pelo país, 
tendo como características: a eletividade, temporariedade e 
responsabilidade do governante perante os governados. 
Sobre os princípios ou fundamentos da República Federativa 
do Brasil, especificados no artigo em referência, necessário 
conceituar os seguintes institutos: 
O Princípio da indissolubilidade do vínculo federativo, em 
nosso Estado Federal, foi consagrado em nossas 
constituições republicanas desde 1891 e tem duas 
finalidades básicas: a unidade nacional e a necessidade 
descentralizadora. Inadmissível, portanto, qualquer 
pretensão de separação de um Estado-membro, do Distrito 
Federal ou de qualquer Município da Federação, inexistindo 
em nosso ordenamento jurídico o denominado direito de 
secessão, pois a mera tentativa de secessão permitira a 
decretação de intervenção federal (Art. 34, I da CF). 
O Estado Democrático de Direito é mais amplo que Estado 
de Direito. A expressão “Estadode Direito” na sua origem 
significa governo a partir de leis, porém quaisquer leis. Com 
a introdução da característica de ser democrático na 
Constituição Federal de 1988, impõe-se a todas as normas a 
observância a tal princípio; não sendo suficientes apenas as 
leis, mas principalmente que nestas esteja inserido o 
conteúdo democrático, uma vez que o regime político 
adotado é a democracia. 
A soberania significa poder ilimitado na ordem interna e 
independente na ordem internacional. 
A cidadania está relacionado com a titularidade de direitos 
políticos, implicando, assim, na parcela detentora de 
capacidade eleitoral ativa. 
A dignidade da pessoa humana compreende o direito de 
nascer com vida e permanecer vivo com uma vida digna. 
Deve ser interpretado com o máximo de amplitude possível 
na hora de conceituá-lo, aplicando o princípio da máxima 
efetividade ou eficiência. 
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa são 
características do sistema capitalista: valorização do 
trabalho, único responsável pela subsistência e 
desenvolvimento dos indivíduos e do país e a prevalência da 
livre iniciativa, a qual afasta os ideais socialistas de 
planificação da economia. 
O pluralismo político não significa apenas 
pluripartidarismo, sendo este uma espécie do gênero 
daquele. Caracteriza-se pela aceitação de diversidade de 
opiniões, participação plural na sociedade do mais diversos 
modos, abrangendo associações, sindicatos, partidos 
políticos, igrejas, universidades, escolas etc. 
O regime político adotado no Brasil, o democrático, ou seja, 
governo do povo, para o povo, pelo povo. O poder advém 
do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos 
(democracia indireta ou representativa), ou diretamente 
(democracia semidireta ou participativa), nos termos do 
parágrafo único do artigo 1º. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
Súmula vinculante 11 – Só é lícito o uso de algemas em 
casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de 
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do 
preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por 
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e 
penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão 
ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da 
responsabilidade civil do Estado. 
EMENTA. (...) Ninguém é obrigado a cumprir ordem ilegal, 
ou a ela se submeter, ainda que emanada de autoridade 
judicial. Mais: é dever de cidadania opor-se à ordem ilegal; 
caso contrário, nega-se o Estado de Direito. (STF HC 
73.454/RJ). 
EMENTA. (...) O princípio da livre iniciativa não pode ser 
invocado para afastar regras de regulamentação do mercado 
e de defesa do consumidor. (STF RE 349.686, 14.06.2005). 
Art. 2º – São Poderes da União, independentes e 
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário. 
A divisão é de Funções, e não Poderes, pois o Poder é uno, 
além de ser indivisível e indelegável. A separação foi firmada 
por Aristóteles e aperfeiçoada por Locke e Montesquieu. Os 
poderes participam, por vezes, das atribuições uns dos 
outros, a fim de que se garanta a harmonia entre eles, a 
inocorrência de abusos e a consequente realização do bem 
da coletividade, através do sistema de freios e contrapesos – 
checks and balances. 
Assim as funções administrativas, legislativas e a judiciária 
não são exercidas com exclusividade, mas apenas 
preponderantemente por cada “Poder”. Daí a denominação 
em funções típicas e atípicas (secundárias ou subsidiárias). 
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Os Poderes são harmônicos e independentes, ou seja, entre 
os órgãos há cortesia no trato recíproco e na atuação do 
exercício de suas atribuições não há ingerência dos demais, 
com liberdade para organizar serviços e tomar decisões, 
apesar da doutrina indicar na própria constituição exceções 
a separação dos poderes, como por exemplo, o artigo 50, 
parágrafo 1º. 
Art. 3º – Constituem objetivos fundamentais da República 
Federativa do Brasil: 
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II – garantir o desenvolvimento nacional; 
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais; 
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de 
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas 
de discriminação. 
Aqui estão previstos os objetivos, as metas a serem 
atingidas, os fins do Estado Brasileiro. Não se trata de um rol 
taxativo, mas exemplificativo. 
Como medida concreta a EC nº 31, de 14.12.2000, criou o 
Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, acrescentando 
ao ADCT os artigos 79 a 83. 
Art. 4º – A República Federativa do Brasil rege-se nas suas 
relações internacionais pelos seguintes princípios: 
I – independência nacional; 
II – prevalência dos direitos humanos; 
III – autodeterminação dos povos; 
IV – não intervenção 
V – igualdade entre os Estados; 
VI – defesa da paz; 
VII – solução pacífica dos conflitos; 
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX – cooperação entre os povos para o progresso da 
humanidade; 
X – concessão de asilo político. 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará 
a integração econômica, política, social e cultural dos 
povos da América Latina, visando à formação de uma 
comunidade latino-americana de nações. 
O Constituinte brasileiro erigiu dez princípios de relações 
internacionais que devem ser hermeneuticamente 
analisados e concretizados com o intuito de lograr o 
objetivo constante no parágrafo único. Consistem em 
verdadeiros desafios das relações internacionais rumo a 
efetiva implantação de uma comunidade latino-americana 
de nações. 
O princípio da independência nacional retrata, segundo 
Cretela Júnior, a afirmativa da soberania como fundamento 
da República, previsto no artigo 1º da Lei Maior. O princípio 
da autodeterminação dos povos também está marcado 
pela Soberania, pois diz respeito aos limites a todo e 
qualquer poder colonizante. Ainda no campo da soberania, 
o princípio da não intervenção consiste na proibição de um 
Estado interferir sobre outro em assuntos de natureza 
interna. 
Acerca do princípio da prevalência dos direitos humanos, 
tem-se a lição de Pedro Dallari: "a prevalência dos direitos 
humanos, enquanto princípio norteador das relações 
exteriores do Brasil e fundamento colimado pelo País para a 
regência da ordem internacional não implica tão-somente o 
engajamento no processo de edificação de sistemas de 
normas vinculados ao Direito Internacional Público. Impõe-
se buscar a plena integração das regras de tais sistemas à 
ordem jurídica interna de cada Estado". 
O princípio da igualdade prevê que todos os Estados são 
iguais perante a lei brasileira. 
O princípio da solução pacífica dos conflitos determina 
como o Brasil se posiciona em relação aos conflitos. O 
desinteresse em envolver-se em um conflito e a falta de 
incentivo a prática da guerra estão relacionados ao princípio 
da defesa da paz, um objetivo supranacional. 
O princípio do repúdio ao racismo e ao terrorismo é um 
compromisso ético-jurídico assumido pelo Estado Brasileiro, 
quer perante a sua própria Constituição, quer em face da 
comunidade internacional. Há adesão do Brasil a tratados e 
acordos multilaterais que repudiam quaisquer 
discriminações raciais, de cor, credo, descendência ou 
origem inspiradas na pretensa superioridade de um povo 
sobre outro. 
Sobre o princípio da cooperação para o progresso da 
humanidade, o legislador pretende alcançar uma 
cooperação entre países para um desenvolvimento 
unilaterialou bilateral ou multilateral. Nesse sentido, o 
Brasil já possui relações internacionais de cooperação, tais 
como: a Declaração de Princípios sobre a Cooperação entre 
o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo do 
Canadá para a Manutenção da Paz e da Segurança 
Internacionais, realizado em Brasília, em 15 de janeiro de 
1998, e o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre 
a República Portuguesa e a República Federativa do Brasil, 
aprovado pela Resolução da Assembléia da República n.º 
83/2000, de 14 de dezembro de 2000. 
Partindo do conceito, segundo o mestre Rezec, asilo político 
“... é o acolhimento, pelo Estado, de estrangeiro perseguido 
alhures – geralmente, mas não necessariamente, em seu 
próprio país patrial -, por causa de dissidência política, de 
delitos de opinião, ou por crimes que, relacionados com a 
segurança do Estado, não configuram quebra do direito 
penal comum”, verifica-se que não há incompatibilidade 
entre o instituto do asilo político e o da extradição passiva, 
na exata medida em que o Supremo Tribunal Federal não 
está vinculado ao juízo formulado pelo Poder Executivo na 
concessão administrativa daquele benefício. A condição 
jurídica de asilado político não suprime, só por si, a 
possibilidade de o Estado brasileiro conceder, presentes e 
satisfeitas as condições constitucionais e legais que a 
autorizam, a extradição que lhe haja sido requerida. O 
estrangeiro asilado no Brasil só não será passível de 
extradição quando o fato ensejador do pedido assumir a 
qualificação de crime político ou de opinião. 
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By Kílvia Palácio 
 
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3 – DIREITOS E GARANTIAS 
FUNDAMENTAIS 
 
1 - Direitos e Deveres Individuais e 
Coletivos 
 
Direitos e Garantias Fundamentais 
TEORIA 
BREVE EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. 
A história dos direitos fundamentais está diretamente 
ligada ao aparecimento do constitucionalismo no final do 
século XVIII, que, entretanto, herdou da idade média as 
ideias de contenção do poder do Estado em favor do 
cidadão, tendo como ponto ápice a célebre Magna Carta, 
escrita na Inglaterra, em 1215, pela qual o Rei João Sem 
Terra reconhecia alguns direitos dos nobres, limitando o 
poder do monarca. 
Com a Revolução Francesa, em 1789, se acentuaram os 
movimentos e documentos escritos que buscavam garantir 
aos cidadãos os seus direitos elementares em face da 
atuação do poder público. Destaque-se a denominada 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, 
produto daquela revolução ocorrida em território francês. 
Pouco antes disso, porém, outro documento entrava para 
a história, como resultado da revolução Americana, a 
Declaração de Virgínia, elaborada em 1776, estabelecendo 
os direitos fundamentais do povo norte-americano, tais 
como a liberdade, a igualdade, eleição de representantes, 
dentre outros. 
Em 1948, logo após a 2
a
 Guerra Mundial, a Organização 
das Nações Unidas fazia editar a Declaração Universal dos 
Direitos do Homem, estendendo para praticamente todo o 
mundo o respeito e a proteção aos direitos fundamentais 
do ser humano. 
Paulo Bonavides, comentando sobre a importância das 
declarações dos direitos do homem, enaltecendo aquela 
nascida na França, em mais uma lição magistral, ensina 
que: “Constatou-se então com irrecusável veracidade que 
as declarações antecedentes de ingleses e americanos 
podiam talvez ganhar em concretude, mas perdiam em 
espaço de abrangência, porquanto se dirigiam a uma 
camada social privilegiada (os barões feudais), quando 
muito a um povo ou a uma sociedade que se libertava 
politicamente, conforme era o caso das antigas colônias 
americanas, ao passo que a Declaração francesa de 1789 
tinha por destinatário o gênero humano. Por isso mesmo, 
e pelas condições da época, foi a mais abstrata de todas as 
formulações solenes já feitas acerca da liberdade”. 
2.0. DISTINÇÃO ENTRE DIREITO E GARANTIA. 
Muitos doutrinadores diferem “Direitos” de “Garantias” 
Fundamentais. Essa distinção, no direito brasileiro, foi feita 
por Rui Barbosa, ao separar as disposições declaratórias, e 
as garantias, disposições assecuratórias. Em outras palavras, 
o direito é o “bem” protegido pela norma e a garantia é o 
mecanismo criado pela norma para defender o direito. Em 
contrapartida, Sampaio Dória, defende a tese de que as 
Garantias também são Direitos. 
Os direitos e garantias fundamentais, consagrados na 
constituição federal, não são ilimitados, absolutos, uma vez 
que encontram seus limites nos demais direitos igualmente 
consagrados pela Carta Magna (Princípio da relatividade ou 
convivência das liberdades públicas). 
Na lição de Canotilho, os direitos fundamentais exercem a 
função de defesa do cidadão sob dupla perspectiva: a) no 
plano jurídico-político, funcionam como normas de 
competência negativa para os Poderes Públicos, proibindo-
os de atentarem contra a esfera individual da pessoa; b) no 
plano jurídico-subjetivo, implicam o poder de exercer 
positivamente os direitos fundamentais (liberdade positiva), 
e de exigir omissões dos poderes públicos. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). Os direitos e garantias individuais não têm 
caráter absoluto. Não há, no sistema constitucional 
brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter 
absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse 
público ou exigências derivadas do princípio de convivência 
das liberdades legitimam, ainda que excepcionalmente, a 
adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas restritivas 
das prerrogativas individuais ou coletivas, desde que 
respeitados os termos estabelecidos pela própria 
Constituição. (...). (STF MS 23.452, 12/05/00). 
3.0. CLASSIFICAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS. 
A doutrina, baseada na ordem histórica cronológica em que 
passam a ser institucionalmente reconhecidos, classifica os 
direitos fundamentais em dimensões (gerações). Em 
primeira análise, Paulo Bonavides, os classificou em: 
Direitos de primeira dimensão: são os direitos civis e 
políticos, e compreendem as liberdades clássicas (liberdade, 
propriedade, vida, segurança). São direitos do indivíduo 
perante o Estado, são limites impostos à atuação do Estado, 
resguardando direitos considerados indispensáveis a cada 
pessoa humana. Significa uma prestação negativa, um não 
fazer do Estado, em prol do cidadão. 
Direitos de segunda dimensão: correspondem aos direitos 
sociais, que são direitos de conteúdo econômico e cultural 
que visam melhorar as condições de vida e de trabalho da 
população. Significa uma prestação positiva, um fazer do 
Estado em prol dos menos favorecidos pela ordem social e 
econômica. Esses direitos nasceram em razão de lutas de 
uma nova classe social, os trabalhadores. 
Direitos de terceira dimensão: corresponde aos direitos 
difusos e coletivos, são os direitos de solidariedade e 
fraternidade, considerados transindividuais, os direitos de 
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OS: 0115/1/17-Gilpessoas coletivamente consideradas. São direitos coletivos, 
como a proteção ao meio ambiente, à qualidade de vida 
saudável, ao progresso, à paz, à autodeterminação dos 
povos e a defesa do consumidor, da infância e da juventude. 
Note-se que há um comparativo desses direitos ao lema da 
Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. 
Em outra oportunidade, o mencionado autor cita ainda os 
direitos de quarta dimensão: “São direitos da quarta 
geração o direito à democracia, o direito à informação e o 
direito ao pluralismo. Deles depende a concretização da 
sociedade aberta ao futuro, em sua dimensão de máxima 
universalidade, para a qual parece o mundo inclinar-se no 
plano de todas as relações de convivência”. 
Embora alguns doutrinadores afirmem que o direito à paz 
esteja inserido entre os direitos de terceira dimensão, Paulo 
Bonavides o desloca para a quinta dimensão, em virtude de 
suas características próprias e independentes, pois estaria 
em um “patamar superior”, merecendo visibilidade superior 
aos demais direitos fundamentais. E para tanto, afirma 
expressamente que “A dignidade jurídica da paz deriva do 
reconhecimento universal que se lhe deve enquanto 
pressuposto qualitativo da convivência humana, elemento 
de conservação da espécie, reino de segurança dos 
direitos”. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). Enquanto os direitos de primeira geração 
(direitos civis e políticos) — que compreendem as 
liberdades clássicas, negativas ou formais — realçam o 
princípio da liberdade e os direitos de segunda geração 
(direitos econômicos, sociais e culturais) — que se identifica 
com as liberdades positivas, reais ou concretas — acentuam 
o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que 
materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos 
genericamente a todas as formações sociais, consagram o 
princípio da solidariedade e constituem um momento 
importante no processo de desenvolvimento, expansão e 
reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, 
enquanto valores fundamentais indisponíveis, nota de uma 
essencial inexauribilidade. (...) (STF MS 22.164, 17/11/95). 
4.0. EFICÁCIA VERTICAL E HORIZONTAL DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS (EFICÁCIA PRIVADA OU EXTERNA). 
Quando se fala da relação entre particulares, vê-se que 
existe eficácia horizontal dos direitos fundamentais, mas 
quando se está diante da relação entre particular e Estado, 
passa a existir eficácia vertical dos direitos fundamentais. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...) Eficácia dos direitos fundamentais nas 
relações privadas. As violações a direitos fundamentais não 
ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e 
o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre 
pessoas físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os 
direitos fundamentais assegurados pela Constituição 
vinculam diretamente não apenas os poderes públicos, 
estando direcionados também à proteção dos particulares 
em face dos poderes privados. Os princípios constitucionais 
como limites à autonomia privada das associações. (...). (STF 
RE 201.819, 27/10/06). 
5.0. EFICÁCIA “IRRADIANTE” DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS. 
Dimensão subjetiva – é a visão clássica dos Direitos 
Fundamentais. Consiste em enxergá-los como um direito da 
pessoa em face do Estado, o qual deve exercer um papel 
negativo (abstenção de intervir para que não viole os 
direitos previstos, notadamente os direitos e garantias 
individuais) ou positivo (prestações que o Estado faz para as 
pessoas de forma a garantir condições mais dignas de 
sobrevivência, notadamente os direitos sociais). 
Dimensão objetiva – A dimensão objetiva dos direitos 
fundamentais tem como consequência a eficácia irradiante 
dos direitos para o legislativo na função de legislar, para o 
executivo na função de administrar e para o Judiciário na 
função jurisdicional. É a nova visão, onde os Direitos 
Fundamentais devem ser enxergados não só sob a ótica dos 
“direitos das pessoas frente ao Estado”, mas como 
enunciados que contém alta carga valorativa. Valores, 
princípios, regras que norteiam a aplicação do 
ordenamento jurídico e assumem um papel central no 
constitucionalismo. Nesse aspecto, a visão objetiva cumpre 
com o papel de: estruturar, regulamentar, concretizar, 
estruturar, impor o cumprimento das normas o mais rápido 
possível (visto que os direitos fundamentais têm aplicação 
imediata); em suma, devem ser observados pelas normas 
jurídicas futuras. Importante lembrar que esses direitos 
podem ser condicionados uns em relação aos outros (caso, 
de sigilo de dados, por exemplo), preservando-se os núcleos 
essenciais de cada um. 
6.0. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. 
As características dos direitos fundamentais é um tema 
doutrinário, assim dá ensejo a muitas discussões jurídicas. 
Há um rol enumerativo das características, mas nunca 
deixando de existir divergências entre as teses dogmáticas 
apresentadas. Com fundamento nas doutrinas 
constitucionalistas e nos reconhecimentos jurisprudenciais, 
as características mais importantes no que tange aos 
direitos e garantias fundamentais são: universalidade, 
indivisibilidade, interdependência, interrelacionaridade, 
imprescritibilidade, complementaridade, individualidade, 
inviolabilidade, indisponibilidade, inalienabilidade, 
historicidade, irrenunciabilidade, vedação ao retrocesso, 
efetividade e limitabilidade. 
1. Universalidade: os direitos e garantias fundamentais 
vinculam-se ao princípio da liberdade, conduzido pela 
dignidade da pessoa humana, os mesmos devem ser 
destinados a todos os indivíduos, independente da 
raça, credo, nacionalidade, convicção política, a 
coletividade jurídica em geral. 
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2. Indivisibilidade: os direitos compõem um único 
conjunto, uma totalidade, pois não são analisados de 
maneira isolada, separada. O desrespeito a um deles 
constitui a violação de todos. 
3. Interdependência: os direitos fundamentais são 
intrinsecamente relacionados, pois para atingirem suas 
principais finalidades possuem intersecções. 
4. Interrelacionaridade: a evolução da proteção nacional 
e internacional dos direitos fundamentais assegurou 
maior abrangência a inviolabilidade dos direitos e 
garantias fundamentais no âmbito regional e mundial. 
Dita característica concede a pessoa a opção da 
proteção da inviolabilidade do seu direito 
fundamental, a global ou regional. 
5. Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se 
perdem com o tempo, não prescrevem, apesar de 
existir exceções a essa regra. 
6. Inalienabilidade: os direitos são intransferíveis, 
inegociáveis e indisponíveis, sem cunho patrimonial. 
Tal inalienabilidade resulta da dignidade da pessoa 
humana. 
7. Historicidade: os direitos fundamentais nasceram de 
uma única evolução e desenvolvimento histórico e 
cultural. Como afirmava o saudoso professor 
Norberto Bobbio: “os direitos do homem, por mais 
fundamentais que sejam, são direitos históricos, ou 
seja, nascidos em certas circunstâncias, caracterizadas 
por lutas em defesa de novas liberdades contra velhos 
poderes, e nascidos de modo gradual, não todos de 
uma vez e nem de uma vez por todas. (...) o que 
parece fundamental numa época histórica e numa 
determinada civilização não é fundamental em outras 
épocas e em outras cultuas.” 
8. Irrenunciabilidade: parte da premissa de que os 
direitos fundamentais não podem ser renunciados 
pelo seu titular, que não pode fazer com eles o que 
quiser, uma vez que os mesmos possuem uma eficáciaobjetiva no sentido de que não importa apenas ao 
sujeito ativo, mas interessam a toda coletividade. 
Entretanto, a suprema Corte Constitucional (STF) vem 
admitindo a renúncia, ainda que excepcional, de 
certos direitos. 
9. Vedação ao retrocesso: os direitos fundamentais uma 
vez estabelecidos não se admite o retrocesso visando a 
sua limitação ou diminuição, existindo parte da 
doutrina afirmando que tais direitos constituem uma 
limitação metajurídica ao poder constituinte originário, 
atuando como critério de aferição da legitimidade do 
conteúdo constitucional. A referida característica 
impede a revogação de normas garantidoras de 
direitos fundamentais e impede a implementação de 
políticas públicas de enfraquecimento de direitos 
fundamentais. 
A exegese constitucional assegurada a proteção do 
núcleo essencial e intangível dos direitos 
fundamentais, tendo origem no próprio Estado 
Democrático de Direito que se define pela proteção 
extremada da dignidade do Homem e plena eficácia 
das normas implementadas, sendo que os direitos 
sociais já realizados e efetivados pela legislação devem 
ser tidos como constitucionalmente garantido, tendo 
como consequência a invalidade das medidas que 
visam anular ou cancelar o núcleo dos direitos 
fundamentais, devendo as mesmas ser consideradas 
inconstitucionais. 
10. Efetividade: o Estado deve exercer o papel de garantir 
a máxima efetividade dos direitos fundamentais. 
11. Limitabilidade ou relatividade: reza que nenhum 
direito fundamental poderá ser considerado absoluto, 
mas devem ser interpretados e aplicados levando-se 
em consideração os limites fáticos e jurídicos 
existentes, especialmente quando estão diante de 
outros direitos fundamentais. Conforme ressalta Paulo 
Gustavo Gonet Branco: “(...) os direitos fundamentais 
podem ser objeto de limitações, não sendo, pois, 
absolutos. (...) Até o elementar direito à vida tem 
limitação explícita no inciso XLVII, a, do art. 5º, em que 
se contempla a pena de morte em caso de guerra 
formalmente declarada.” 
Ademais, as limitações aos direitos fundamentais não 
são ilimitadas, só podendo ser limitado o estritamente 
necessário, uma vez que com os preceitos 
constitucionais devem respeitar os princípios da 
razoabilidade e proporcionalidade. Segundo Konrad 
Hesse: “A limitação de direitos fundamentais deve, por 
conseguinte, ser adequada para produzir a proteção 
do bem jurídico, por cujo motivo ela é efetuada. Ela 
deve ser necessária para isso, o que não é o caso, 
quando um meio mais ameno bastaria. Ela deve, 
finalmente, ser proporcional em sentido restrito, isto 
é, guardar relação adequada com o peso e o 
significado do direito fundamental.” 
12. Inviolabilidade: impõe a observância dos direitos 
fundamentais por normas infraconstitucionais ou por 
atos das autoridades públicas.. 
13. Complementaridade: os direitos fundamentais 
constitucionais se complementam e não há hierarquia 
entre eles. 
14. Concorrência: podem ser exercidos cumuladamente 
por um mesmo sujeito ativo. 
15. Aplicação imediata (eficácia direta, imediata e 
vinculante): com base no artigo 5º, §1º da 
Constituição Federal que diz: “As normas definidoras 
dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação 
imediata”, assevera que cabe aos poderes públicos 
(Judiciário, Legislativo e Executivo) promover o avanço 
desses direitos. 
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Para o professor José Afonso da Silva, afirmar que as 
normas tem “aplicação imediata” significa que as 
normas são aplicáveis até onde possam, até onde as 
instituições ofereçam condições para seu 
atendimento. "Aplicabilidade", por outro lado, é um 
conceito desenvolvido pelo referido professor que se 
refere ao fato de as normas já poderem ser aplicadas 
às situações quando da promulgação da Constituição. 
Assim, todas as normas são aplicáveis, mas nem todas 
têm aplicação imediata. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA: OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS NÃO TÊM 
CARÁTER ABSOLUTO. Não há, no sistema constitucional 
brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter 
absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse 
público ou exigências derivadas do princípio de convivência 
das liberdades legitimam, ainda que excepcionalmente, a 
adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas 
restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde 
que respeitados os termos estabelecidos pela própria 
Constituição. O estatuto constitucional das liberdades 
públicas, ao delinear o regime jurídico a que estas estão 
sujeitas - e considerado o substrato ético que as informa - 
permite que sobre elas incidam limitações de ordem 
jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a integridade do 
interesse social e, de outro, a assegurar a coexistência 
harmoniosa das liberdades, pois nenhum direito ou garantia 
pode ser exercido em detrimento da ordem pública ou com 
desrespeito aos direitos e garantias de terceiros. (STF RMS 
23.452/RJ, Relator Ministro Celso de Mello, DJ de 
12.05.2000). 
EMENTA. A PROIBIÇÃO DO RETROCESSO SOCIAL COMO 
OBSTÁCULO CONSTITUCIONAL À FRUSTRAÇÃO 
EAO INADIMPLEMENTO, PELO PODER PÚBLICO, DE 
DIREITOS PRESTACIONAIS. - O princípio da 
proibição do retrocesso impede, em tema de direitos 
fundamentais de caráter social, que sejam desconstituídas 
as conquistas já alcançadas pelo cidadão ou pela formação 
social em que ele vive. - A cláusula que veda 
o retrocesso em matéria de direitos a prestações positivas 
do Estado (como o direito à educação, o direito à saúde ou 
o direito à segurança pública, v.g.) traduz, no processo de 
efetivação desses direitos fundamentais individuais ou 
coletivos, obstáculo a que os níveis de concretização de tais 
prerrogativas, uma vez atingidos, venham a ser 
ulteriormente reduzidos ou suprimidos pelo Estado. 
Doutrina. Em consequência desse princípio, o Estado, após 
haver reconhecido os direitos prestacionais, assume o dever 
não só de torná-los efetivos, mas, também, se obriga, sob 
pena de transgressão ao texto constitucional, a preservá-
los, abstendo-se de frustrar - mediante supressão total ou 
parcial - os direitos sociais já concretizados. (...) (STF ARE 
639337 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda 
Turma, julgado em 23/08/2011, DJe-177 DIVULG 14-09-
2011 PUBLIC 15-09-2011 EMENT VOL-02587-01 PP-00125). 
 
DIREITOS. DESTINATÁRIOS. PRINCÍPIOS DA ISONOMIA. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
Os destinatários dos direitos e deveres ora mencionados são 
os brasileiros e estrangeiros residentes no país, devendo a 
expressão “residentes no país” ser interpretada no sentido 
de que tais direitos só serão assegurados dentro do 
território brasileiro, não excluindo o estrangeiro em trânsito 
pelo território nacional, segundo entendimento defendido 
pela doutrina e pela jurisprudência pátria. 
Tais direitos são extensíveis às pessoas jurídicas, no que 
couber, bem como ao próprio Estado. 
No que se refere ao direito à vida, a norma constitucional 
protege não só a vida extrauterina, mas a vida intrauterina. 
O princípio da Igualdade ou princípio da isonomia está 
previsto no caput desse artigo, prescrevendo que toda 
pessoa tem o direito de tratamento idêntico pela lei, em 
concordância com os critérios albergados pelo ordenamento 
jurídico. Entretanto, deve-se buscar não somente a 
igualdadeformal, direcionada ao legislador, mas a igualdade 
real ou material ou substancial, direcionada ao operador do 
direito, ao intérprete. Parte-se da premissa de que a 
verdadeira igualdade está em tratar igualmente os iguais e 
desigualmente os desiguais. 
O referido princípio não veda o tratamento diferenciado 
estabelecido pela lei, proíbe as diferenças arbitrárias, as 
discriminações absurdas, já que o tratamento desigual aos 
desiguais é uma questão de justiça, sendo justificável pelo 
objetivo que se pretende atingir pela lei, conforme a súmula 
683 do STF que reza: “O limite de idade para a inscrição em 
concurso só se legitima em face do art. 7º, XXX, da 
Constituição, quando possa ser justificado pela natureza do 
cargo a ser preenchido”. Entretanto somente serão possíveis 
tais distinções se estiverem previstas em lei. 
Vale destacar as discriminações positivas (affirmative 
actions), proveniente do direito norte americano, que cuida 
em estabelecer medidas de compensação para reduzir as 
desigualdades sociais. É neste escólio que traz a lição do 
Ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim B. Barbosa 
Gomes, que ensina: As ações afirmativas 'consistem em 
políticas públicas (e também privadas) voltadas à 
concretização do princípio constitucional da igualdade 
material e à neutralização dos efeitos da discriminação 
racial, de gênero, de idade, de origem nacional e de 
compleição física. Impostas ou sugeridas pelo Estado, por 
seus entes vinculados e até mesmo por entidades 
puramente privadas, elas visam a combater não somente as 
manifestações flagrantes de discriminação de fundo 
cultural, estrutural, enraizada na sociedade'. 
 
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OS: 0115/1/17-Gil 
A discriminação reversa deve-se revestir de uma índole 
compensatória e não meramente garantir uma repartição 
de bens, sem levar em conta o uso da liberdade das pessoas 
e o esforço e mérito de cada um. Avaliadas sob o teste do 
princípio da proporcionalidade, as medidas de discriminação 
reversa devem ser adequadas para superar os obstáculos 
que o preconceito gerou para o grupo. Para isso devem-se 
dirigir a propiciar condições de acesso a bens e serviços que 
a discriminação vedou. Devem ter em mira o 
restabelecimento de uma igualdade de oportunidades tão 
efetiva quanto possível. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
Súmula Vinculante nº 37 - Não cabe ao Poder Judiciário, 
que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de 
servidores públicos sob o fundamento de isonomia. 
EMENTA. (...) O súdito estrangeiro, mesmo o não 
domiciliado no Brasil, tem plena legitimidade para impetrar 
o remédio constitucional do "habeas corpus", em ordem a 
tornar efetivo, nas hipóteses de persecução penal, o direito 
subjetivo, de que também é titular, à observância e ao 
integral respeito, por parte do Estado, das prerrogativas 
que compõem e dão significado à cláusula do devido 
processo legal. - A condição jurídica de não-nacional do 
Brasil e a circunstância de o réu estrangeiro não possuir 
domicílio em nosso país não legitimam a adoção, contra tal 
acusado, de qualquer tratamento arbitrário ou 
discriminatório. (...). (STF HC 94.404/SP. Min. Rel. Celso de 
Mello. DJ 18.06.2010). 
EMENTA (...) Inexistência de ofensas ao direito à vida e da 
dignidade da pessoa humana, pois a pesquisa com células-
tronco embrionárias (inviáveis biologicamente ou para os 
fins a que se destinam) significa a celebração solidária da 
vida e alento aos que se acham à margem do exercício 
concreto e inalienável dos direitos à felicidade e do viver 
com dignidade (Ministro Celso de Mello). (...) A 
potencialidade de algo para se tornar pessoa humana já é 
meritória o bastante para acobertá-la, infra 
constitucionalmente, contra tentativas levianas ou frívolas 
de obstar sua natural continuidade fisiológica. Mas as três 
realidades não se confundem: o embrião é o embrião, o 
feto é o feto e a pessoa humana é a pessoa humana. Donde 
não existir pessoa humana embrionária, mas embrião de 
pessoa humana. O embrião referido na Lei de 
Biossegurança ("in vitro" apenas) não é uma vida a caminho 
de outra vida virginalmente nova, porquanto lhe faltam 
possibilidades de ganhar as primeiras terminações 
nervosas, sem as quais o ser humano não tem factibilidade 
como projeto de vida autônoma e irrepetível. (...) Ação 
direta de inconstitucionalidade julgada totalmente 
improcedente. (STF ADI 3510/DF, Rel. Min. AYRES BRITTO. 
29/05/2008). 
EMENTA. (...). Na espécie, aduziu inescapável o confronto 
entre, de um lado, os interesses legítimos da mulher em ver 
respeitada sua dignidade e, de outro, os de parte da 
sociedade que desejasse proteger todos os que a 
integrariam, independentemente da condição física ou 
viabilidade de sobrevivência. (...) Afirmou que, conforme a 
Resolução 1.480/1997 do Conselho Federal de Medicina 
(CFM), os exames complementares a serem observados 
para a constatação de morte encefálica deveriam 
demonstrar, de modo inequívoco, a ausência de atividade 
elétrica cerebral ou metabólica deste órgão ou, ainda, 
inexistência de perfusão sanguínea nele. Elucidou que, por 
essa razão, o CFM, mediante a Resolução 1.752/2004, 
consignara serem os anencéfalos natimortos cerebrais. 
Desse modo, eles jamais se tornariam pessoa. Nessa senda, 
sintetizou que não se cuidaria de vida em potencial, porém, 
seguramente, de morte. (...). Exprimiu, pois, que a 
anencefalia mostrar-se-ia incompatível com a vida 
extrauterina, ao passo que a deficiência, não. (...) Observou 
que seria improcedente a alegação de direito à vida dos 
anencéfalos, haja vista que estes seriam termos antitéticos. 
(...). Destarte, a interrupção de gestação de feto 
anencefálico não configuraria crime contra a vida, 
porquanto se revelaria conduta atípica. (...). Por derradeiro, 
versou que atuar com sapiência e justiça, calcados na 
Constituição e desprovidos de qualquer dogma ou 
paradigma moral e religioso, determinaria garantir o direito 
da mulher de manifestar-se livremente, sem o temor de 
tornar-se ré em possível ação por crime de aborto. (STF 
ADPF 54, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 12-4-
2012, Plenário). 
EMENTA. (...). Sabemos, tal como já decidiu o STF (RTJ 
136/444, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello), que o princípio 
da isonomia – cuja observância vincula todas as 
manifestações do Poder Público – deve ser considerado, em 
sua precípua função de obstar discriminações e de extinguir 
privilégios (RDA 55/114), sob duplo aspecto: a) o da 
igualdade na lei e b) o da igualdade perante a lei. A 
igualdade na lei – que opera numa fase de generalidade 
puramente abstrata – constitui exigência destinada ao 
legislador, que, no processo de formação do ato legislativo, 
nele não poderá incluir fatores de discriminação 
responsáveis pela ruptura da ordem isonômica. (...) A 
igualdade perante a lei, de outro lado, pressupondo lei já 
elaborada, traduz imposição destinada aos demais poderes 
estatais, que, na aplicação da norma legal, não poderão 
subordiná-la a critérios que ensejem tratamento seletivo ou 
discriminatório. A eventual inobservância desse postulado 
pelo legislador, em qualquer das dimensões referidas, 
imporá, ao ato estatal por ele elaborado e produzido, a eiva 
de inconstitucionalidade. (STF AI 360.461 AgR, Rel. Min. 
Celso de Mello, 2ª T, DJ de 28-3-2008). 
EMENTA. (...). No mérito, asseverou-se que a norma 
adversada erigira a educação à condição de direito social, 
dever do Estado e uma de suas políticas públicas 
prioritárias. (...) Rechaçaram-se, de igual modo, as alegações 
de afronta aos princípios da igualdade,da isonomia, da não 
discriminação e do devido processo legal ao argumento de 
que não se afiguraria legítimo, no ordenamento, que vagas 
no ensino superior fossem reservadas com base na condição 
socioeconômica do aluno ou em critério racial ou de suas 
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OS: 0115/1/17-Gil 
condições especiais. Salientou-se que a igualdade seria valor 
que teria, no combate aos fatores de desigualdade, o seu 
modo próprio de realização. Além disso, a distinção em 
favor dos estudantes que tivessem cursado o ensino médio 
em escolas públicas e os egressos de escolas privadas 
contemplados com bolsa integral constituiria discrímen a 
compensar anterior e factual inferioridade. (...). (STF ADI 
3.330, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 3-5-2012, 
Plenário). 
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, 
nos termos desta Constituição; 
Somente poderá existir tratamento diferenciado entre os 
dois sexos quando a finalidade pretendida for atenuar os 
desníveis, constantes na constituição e nas leis 
infraconstitucionais. Exemplos: art. 7º, XVIII e XIX, 40, III, 
143, §§ 1º e 2º, 202, I e II. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). No mérito, prevaleceu o voto proferido pelo 
Min. Ayres Britto, relator, que dava interpretação conforme 
a Constituição ao art. 1.723 do CC para dele excluir 
qualquer significado que impeça o reconhecimento da 
união contínua, pública e duradoura entre pessoas do 
mesmo sexo como entidade familiar, entendida esta como 
sinônimo perfeito de família. Asseverou que esse 
reconhecimento deveria ser feito segundo as mesmas 
regras e com idênticas consequências da união estável 
heteroafetiva. (...). (STF ADI 4.277/DF, rel. Min. Ayres Britto, 
DJ 5.5.2011). (ADPF 132). 
EMENTA. (...) No mérito, rememorou-se posicionamento da 
Corte que, ao julgar o HC 106.212/MS (DJE de 13-6-2011), 
declarara a constitucionalidade do art. 41 da Lei Maria da 
Penha (...). Reiterou-se a ideia de que a aludida lei viera à 
baila para conferir efetividade ao art. 226, § 8º, da CF. 
Consignou-se que o dispositivo legal em comento coadunar-
se-ia com o princípio da igualdade e atenderia à ordem 
jurídico-constitucional, no que concerne ao necessário 
combate ao desprezo às famílias, considerada a mulher 
como sua célula básica. Aplicou-se o mesmo raciocínio ao 
afirmar-se a constitucionalidade do art. 1º da aludida lei 
(...). Asseverou-se que, ao criar mecanismos específicos 
para coibir e prevenir a violência doméstica contra a mulher 
e estabelecer medidas especiais de proteção, assistência e 
punição, tomando como base o gênero da vítima, o 
legislador teria utilizado meio adequado e necessário para 
fomentar o fim traçado pelo referido preceito 
constitucional. Aduziu-se não ser desproporcional ou 
ilegítimo o uso do sexo como critério de diferenciação, visto 
que a mulher seria eminentemente vulnerável no tocante a 
constrangimentos físicos, morais e psicológicos sofridos em 
âmbito privado. Frisou-se que, na seara internacional, a Lei 
Maria da Penha seria harmônica com o que disposto no art. 
7º, item c, da Convenção de Belém do Pará (...) e com 
outros tratados ratificados pelo país. Sob o enfoque 
constitucional, consignou-se que a norma seria corolário da 
incidência do princípio da proibição de proteção insuficiente 
dos direitos fundamentais. Sublinhou-se que a lei em 
comento representaria movimento legislativo claro no 
sentido de assegurar às mulheres agredidas o acesso efetivo 
à reparação, à proteção e à justiça. (...). (STF ADC 19, Rel. 
Min. Marco Aurélio, julgamento em 9-2-2012, Plenário). 
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei; 
Consagração do princípio da legalidade. Tal princípio visa 
combater o poder arbitrário do Estado, pois somente 
mediante espécies normativas elaboradas segundo as regras 
do processo legislativo pátrio podem-se criar obrigações 
para os indivíduos. O princípio da legalidade se difere do 
princípio da reserva legal nesse ponto, pois este consiste em 
dizer que a regulamentação de determinada matéria há de 
fazer-se necessariamente pelo poder legislativo, aparecendo 
na constituição sob a forma: “nos termos da lei” ou “na 
forma da lei” e aquele é a submissão e o respeito à lei. 
A Constituição Federal estabelece essa reserva de lei, de 
modo absoluto ou relativo. Assim, temos a reserva legal 
absoluta quando a norma constitucional exige para sua 
integral regulamentação a edição de lei formal, entendida 
como ato normativo emanado do Congresso Nacional 
elaborado de acordo com o devido processo legislativo 
constitucional. Por outro lado, temos a reserva legal relativa 
quando a Constituição Federal, apesar de exigir edição de lei 
formal, permite que este fixe tão somente parâmetros de 
atuação para o órgão administrativo, que poderá 
complementa-la por ato infralegal, sempre, porém, 
respeitados os limites ou requisitos estabelecidos pela 
legislação. 
Existe ainda a reserva legal simples e a qualificada. A reserva 
legal simples ocorre no caso de a Constituição Federal 
estabelecer, em seus artigos, que determinado assunto seja 
objeto de lei ("na forma da lei", "nos termos da lei"). A lei 
não pode limitar o conteúdo da Constituição ou suprimi-lo, 
ou seja, há limites implícitos na lei que será elaborada. A 
reserva legal qualificada ocorre no caso de, além de 
estabelecer qual assunto será objeto de lei, o dispositivo da 
Constituição estabelece as condições ou fins que devem ser 
objeto da norma ("para fins de"). Como exemplos pode se 
indicar os incisos VII e XII, ambos do presente artigo. 
Vale ressaltar que a Administração Pública é regida pela 
legalidade estrita, pois não pode atuar contra a lei, nem na 
ausência da lei. 
Dispositivos correspondentes – artigo 5º, XXIX e artigo 37, 
“caput”, todos da CF/88. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
Súmula Vinculante nº 44 - Só por lei se pode sujeitar a 
exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo 
público. 
EMENTA. (...). A reserva de lei em sentido formal qualifica-
se como instrumento constitucional de preservação da 
integridade de direitos e garantias fundamentais. O 
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princípio da reserva de lei atua como expressiva limitação 
constitucional ao poder do Estado, cuja competência 
regulamentar, por tal razão, não se reveste de suficiente 
idoneidade jurídica que lhe permita restringir direitos ou 
criar obrigações. Nenhum ato regulamentar pode criar 
obrigações ou restringir direitos, sob pena de incidir em 
domínio constitucionalmente reservado ao âmbito de 
atuação material da lei em sentido formal. (STF ACO 1.048-
QO, 31/10/07). 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado 
o anonimato; 
Segundo o ilustre Alexandre de Morais, “a proteção 
constitucional abrange não só o direito de expressão oral ou 
por escrito, mas também o direito de ouvir, assistir e ler”. 
A vedação do anonimato é ampla, inclui todos os meios de 
comunicação. 
Dispositivos correspondentes – art. 5º, V, IX e XIV, e art. 
220, “caput” e §2º, todos da CF/88. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). Programas humorísticos, charges e modo 
caricatural de pôr em circulação ideias, opiniões, frases e 
quadrosespirituosos compõem as atividades de ‘imprensa’, 
sinônimo perfeito de ‘informação jornalística’ (§ 1º do art. 
220). Nessa medida, gozam da plenitude de liberdade que é 
assegurada pela Constituição à imprensa. Dando-se que o 
exercício concreto dessa liberdade em plenitude assegura 
ao jornalista o direito de expender críticas a qualquer 
pessoa, ainda que em tom áspero, contundente, sarcástico, 
irônico ou irreverente, especialmente contra as autoridades 
e aparelhos de Estado. Respondendo, penal e civilmente, 
pelos abusos que cometer, e sujeitando-se ao direito de 
resposta a que se refere a Constituição em seu art. 5º, V. A 
crítica jornalística em geral, pela sua relação de inerência 
com o interesse público, não é aprioristicamente suscetível 
de censura. Isso porque é da essência das atividades de 
imprensa operar como formadora de opinião pública, lócus 
do pensamento crítico e necessário contraponto à versão 
oficial das coisas, conforme decisão majoritária do STF na 
ADPF 130. Decisão a que se pode agregar a ideia de que a 
locução ‘humor jornalístico’ enlaça pensamento crítico, 
informação e criação artística. (...). (STF ADI 4.451-MC - REF, 
rel. min. Ayres Britto, Plenário, DJ de 24-8-2012). 
EMENTA: (...). Por entender que o exercício dos direitos 
fundamentais de reunião e de livre manifestação do 
pensamento devem ser garantidos a todas as pessoas, o 
Plenário julgou procedente pedido formulado em ação de 
descumprimento de preceito fundamental para dar, ao art. 
287 do CP, com efeito vinculante, interpretação conforme a 
Constituição, de forma a excluir qualquer exegese que 
possa ensejar a criminalização da defesa da legalização das 
drogas, ou de qualquer substância entorpecente específica, 
inclusive através de manifestações e eventos públicos. (...) 
Ressaltou-se existirem graves consequências resultantes da 
censura à liberdade de expressão e de reunião, realizada 
por agentes estatais em cumprimento de ordens emanadas 
do Judiciário. Frisou-se que, diante do quadro de incertezas 
hermenêuticas em torno da aludida norma, a revelar efetiva 
e relevante controvérsia constitucional, os cidadãos 
estariam preocupados em externar, de modo livre e 
responsável, as convicções que desejariam transmitir à 
coletividade por meio da pacífica utilização dos espaços 
públicos. (STF ADPF 187/DF, rel. Min. Celso de Mello, DJ 
15.6.2011). 
EMENTA. (...). Não é proibindo, recolhendo obras ou 
impedindo sua circulação, calando-se a palavra e 
amordaçando a história que se consegue cumprir a 
Constituição. (...). A norma infraconstitucional não pode 
amesquinhar preceitos constitucionais, impondo restrições 
ao exercício de liberdades”. (...). O que não me parece 
constitucionalmente admissível é o esquartejamento das 
liberdades de todos pela censura de uns, especialmente no 
caso de obras biográficas que dizem respeito não apenas ao 
biografado, mas que diz respeito a toda coletividade pela 
sua natureza de referenciabilidade do que precisa ser 
aproveitado. (...). (STF ADI 4815, Min. Rel. Cármem Lúcia, DJ 
10/06/2015). 
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao 
agravo, além da indenização por dano material, moral ou à 
imagem; 
O direito de resposta aplica-se em relação às ofensas, 
configurem ou não infrações penais, tendo como requisito a 
proporcionalidade, devendo o desagravo ter o mesmo 
destaque, a mesma duração e o mesmo tamanho que a 
notícia geradora da lesão. A responsabilidade pela 
divulgação do direito de resposta é do órgão de 
comunicação. O dano pode ser material (danos sofridos e 
lucros cessantes), moral (à intimidade da pessoa) e à 
imagem (dano produzido contra a pessoa em suas relações 
externas). 
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, 
científica e de comunicação, independentemente de 
censura ou licença; 
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e 
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao 
exercício profissional; 
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA 
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, 
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e 
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e 
as suas liturgias; 
A Constituição de 1824, em seu artigo 179, V, já assegurava 
os direitos religiosos, desde que respeitasse a do Estado, 
nos seguintes termos: 
Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e 
Políticos dos Cidadãos Brasileiros, que tem por base a 
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liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é 
garantida pela Constituição do Império, pela maneira 
seguinte. 
(...). 
V. Ninguém pode ser perseguido por motivo de 
Religião, uma vez que respeite a do Estado, e não 
ofenda a Moral Publica. 
(...)”. 
A partir da Constituição Federal de 1891, estabeleceu-se o 
Estado Laico ou Leigo, que não adota qualquer religião 
como oficial. Como ensina José Afonso da Silva, “na 
liberdade de crença entra a liberdade de escolha de religião, 
a liberdade de aderir à qualquer seita religiosa, a liberdade 
(ou o direito) de mudar de religião, mas também 
compreende a liberdade de não aderir à religião alguma, 
assim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser 
ateu e de exprimir o agnosticismo”. 
Bom lembrar que o livre exercício dos cultos é assegurado 
enquanto não forem contrários à ordem, tranquilidade e 
sossego públicos, bem como compatíveis aos bons 
costumes. E a liberdade religiosa não é absoluta, uma vez 
que não será permitido a qualquer religião ou culto atos 
atentatórios à lei, sob pena de responsabilidade civil e 
criminal. 
Artigos correspondentes: art. 210, §1º e art. 215, §2º, 
ambos da CF/88. 
PREÂMBULO 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em 
Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado 
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos 
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o 
bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça 
como valores supremos de uma sociedade fraterna, 
pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social 
e comprometida, na ordem interna e internacional, com a 
solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a 
proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA 
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 
Segundo posicionamento jurisprudencial, o Preâmbulo não 
constitui norma central, não se trata de norma de 
reprodução obrigatória na Constituição do Estado, já que 
não tem força normativa. 
Entretanto, o Preâmbulo faz parte da estrutura da 
Constituição Federal, que se divide em Preâmbulo, texto 
permanente e texto temporário (Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias – ADCT). 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. CONSTITUIÇÃO: PREÂMBULO. 
NORMAS CENTRAIS. Constituição do Acre. I. - Normas 
centrais da Constituição Federal: essas normas são de 
reprodução obrigatória na Constituição do Estado-membro, 
mesmo porque, reproduzidas, ou não, incidirão sobre a 
ordem local. Reclamações 370-MT e 383-SP (RTJ 147/404). 
II. Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. 
Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma de 
reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo 
força normativa. III. - Ação direta de inconstitucionalidade 
julgada improcedente. (ADI 2.076/AC. Rel. Min. Carlos 
Velloso, DJ 08.08.2003). 
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de 
assistência religiosa nas entidades civis e militares de 
internação coletiva; 
Hospitais, asilos (públicos e privados), presídios e quartéis 
são locais de internação

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