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CCJ0051-WL-B-AMRP-09-Coesão e Coerência Texto Jurídico-argumentativo

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Aula 9 – Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
 
Para a semana 9, sugerimos a leitura do capítulo 5.2 de FETZNER, Néli Luiza Cavalieri; TAVARES Jr., 
Nelson Carlos; VALVERDE, Alda da Graça Marques. Lições de Argumentação Jurídica. Rio de Janeiro: 
Forense, 2011. 
 
Qualquer texto, seja ele jurídico ou não, precisa de um planejamento para 
obter sucesso. Isso ocorre porque a organização do texto reflete a própria 
organização do raciocínio e, sem linearidade, o leitor terá muita dificuldade de 
compreender em plenitude o que se quis expressar. 
Na construção das peças processuais, o prejuízo pela falta de 
organização de um plano textual talvez fique mais evidente, porque a 
persuasão do juiz e o conseqüente sucesso no pleito dependem desse 
encadeamento. 
Conheça o caso concreto a seguir a partir do qual serão desenvolvidos 
indutivamente os passos para a estruturação da fundamentação de uma peça 
jurídica. Essa metodologia de trabalho é endossada pela proposta da 
Professora Harriet Christiane Zitscher1. 
 
 
 
CASO CONCRETO 
Após relacionamento de um ano e meio, Maria e João tiveram um filho, Gustavo. Cinco 
meses após o nascimento da criança, João pôs fim ao relacionamento com Maria e 
voltou a morar com seus pais. Maria e Gustavo passam por graves problemas 
financeiros. A mãe tem dificuldade até mesmo de comprar comida para a criança. Diante 
da negativa de prestar auxílio financeiro ao filho, é ajuizada ação de alimentos em face 
do pai, João, o qual alega impossibilidade de cumprir com tal obrigação, na medida em 
que está desempregado e tem várias dívidas a serem pagas. Maria alega que, apesar do 
desemprego, o requerido mantém elevado padrão de vida, pois este é sustentado pelos 
avós paternos do menino, que possuem vários imóveis alugados como fonte de renda, 
além de aposentadoria no valor de R$ 6.800,00. 
 
O que diz a legislação sobre esse assunto? 
Lei n° 10.406, de 10/01/2002 (Código Civil brasileiro) 
SUBTÍTULO III - Dos Alimentos 
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os 
alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, 
inclusive para atender às necessidades de sua educação. 
§ 1° Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e 
dos recursos da pessoa obrigada. 
§ 2° Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de 
necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia. 
 
1 ZITSCHER, Harriet Christiane. Metodologia do ensino jurídico com casos: teoria e prática. 
Belo Horizonte: Del Rey, 2004. 
 
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens 
suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem 
se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento. 
 
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre país e filhos, e extensivo 
a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta 
de outros. 
 
Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a 
ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais. 
 
Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições 
de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; 
sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na 
proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as 
demais ser chamadas a integrar a lide. 
 
Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem 
os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as 
circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo. 
 
Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na 
forma do art. 1.694. 
 
Diante de tal situação, quais as questões que um profissional do direito 
precisa abordar para alcançar a persuasão do juiz quanto à procedência do 
pedido de alimentos em face dos avós? É possível associar de pronto as idéias 
de que a criança precisa alimentar-se e os avós podem pagar uma pensão, ou 
é preciso percorrer um longo caminho até que tal obrigação recaia sobre eles? 
Essas são questões que um bom argumentador precisa enfrentar antes mesmo 
de começar o seu texto, não por uma exigência de ordem processual, material 
ou doutrinária, mas por ser necessária a coerência na linearidade do raciocínio 
que leva à conclusão da fundamentação. 
É imprescindível perceber que, antes mesmo de escolher que tipos de 
argumento utilizar na construção da fundamentação, deve-se ter em mente a 
estratégia argumentativa que será utilizada, qual o caminho a ser percorrido até 
ser possível afirmar com convicção que um dado pedido é procedente por tal 
ou qual motivo. 
Para o caso concreto em questão, a construção do raciocínio seguiria os 
seguintes passos: 
 
Idéias a seguir na construção coerente da argumentação 
1°) Os filhos têm o direito de cobrar dos pais que sejam 
sustentados com dignidade. 
2°) A criança e a mãe precisam de dinheiro para suprir suas 
necessidades básicas. 
3°) Apesar de reconhecer a necessidade de alimentar, o pai da 
criança está desempregado. 
4°) Na impossibilidade de o pai arcar com tal obrigação, a 
responsabilidade de alimentar estende-se aos avós. 
5°) Os avós da criança têm condições de suportar o encargo, 
sem desfalque do necessário ao seu sustento.

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