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Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 00ª VARA DA CIDADE.
Ação de Alimentos Avoengos
Proc. nº.
Autora:
Réu:
, viúvo, aposentado, residente e domiciliado na Rua Y, nº. 0000, em Curitiba (PR) – CEP 11222-44, inscrita no CPF (MF) sob o nº. , com endereço eletrônico ficto@ficticio.com.br, ora intermediado por seu procurador ao final firmado – instrumento procuratório acostado –, esse com endereço eletrônico e profissional inserto na referida procuração, o qual, em obediência à diretriz fixada no art. 106, inc. I c/c art. 287, ambos do CPC, indica-o para as intimações que se fizerem necessárias, vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, com suporte no art. 336 e segs. c/c art. 693, parágrafo único, da Legislação Adjetiva Civil e art. 5º, § 1º da Lei n. 5.478/58, ofertar
CONTESTAÇÃO,
tudo consoante as linhas abaixo explicitadas.
INTROITO
 ( a ) Benefícios da justiça gratuita (CPC, art. 98, caput)
O Réu não tem condições de arcar com as despesas do processo, uma vez que são insuficientes seus recursos financeiros para pagar todas as despesas processuais.
Destarte, o Demandado ora formula pleito de gratuidade da justiça, o que faz por declaração de seu patrono, sob a égide do art. 99, § 4º c/c 105, in fine, ambos do CPC, quando tal prerrogativa se encontra inserta no instrumento procuratório acostado. 
(1) – SÍNTESE DO PROCESSADO
Em síntese, colhe-se que o âmago da pretensão reserva os seguintes argumentos:
( i ) defendeu que o pai da Autora, neto do Contestante, encontra-se desempregado e há 3 meses não paga alimentos à filha menor;
( ii ) as necessidades financeiras das Autoras se agravaram e, por isso, existe maior razão para pedir-se alimentos avoengos;
( iii ) o Contestante goza de capacidade financeira elevada, capaz, máxime, de pagar, sem qualquer sacrifício, os alimentos almejados de cinco (5) salários mínimos, para a infante;
( iv ) pediu, por fim, a condenação do Réu no ônus da sucumbência.
2 – REBATE DOS FATOS NARRADOS NA INICIAL
(CPC, art. 341)
As considerações fáticas expostas com a exordial espelham um contexto ardil e falacioso. É dizer, há uma distorção propositada da realidade das condições financeira do Réu.
As posses indicadas ao Promovido estão longe, muito longe, de corresponderem com a verdade. O Contestante, ao revés do quanto asseverado pela Autora, é um simples pensionista. Percebe do INSS a quantia mensal de R$ 1.637,00 (mil, seiscentos e trinta e sete reais). (docs. 01/05) Essa quantia, registre-se, tem como destino a alimentação de sua família, remédios e plano de saúde.
Não aufere qualquer outro rendimento. Nesse passo cuida de colacionar certidão do Ministério do Trabalho informando, que, de fato, o Contestante não exerce qualquer atividade de vínculo empregatício. (doc. 06)
E isso é correspondido do que se extrai de sua declaração anual de Imposto de Renda. (docs. 06/08)
Lado outro, a Autora não trouxe à tona qualquer prova, ou mero indício, de que o filho do Réu esteja desempregado. Não há absolutamente qualquer revelação nesse sentido. São meras conjecturas, obviamente.
Verdade seja dita, a Autora, sim, é quem, deveras, possui capacidade financeira para, sozinha, arcar provisoriamente com o ônus alimentar almejado. A mesma é proprietária de um salão de beleza nesta Capital. (doc. 09) E isso, propositadamente, fora omitido da peça vestibular.
Com efeito, a ação em comento não passa de uma aventura jurídica, despropositada e com intento de enriquecimento ilícito.
II – PRELIMINAR AO MÉRITO
2.1. ILEGITIMIDADE PASSIVA
É comezinho o entendimento, doutrinário e jurisprudencial, de que os avós, de modo supletivo e excepcional, respondem pelo sustento dos netos. Isso, claro, havendo condições financeiras para tanto e, igualmente, guardada suas proporções com os demais avós, bisavós etc. É dizer, na falta de condições econômicas do alimentante, parcial ou total, bem assim da genitora, aqueles poderão ser chamados a integrar à lide.
Com esse enfoque a Legislação Substantiva traz regras claras com respeito à obrigação alimentar avoenga, verbo ad verbum:
Art. 1.696 - O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.
Art. 1.698 - Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.
Desse modo, à luz dos ditames das regras supra-aludidas, fica claro que todos os ascendentes podem responder com os alimentos devidos aos netos. Porém, e aqui reside o âmago desta preliminar, como se percebe igualmente da letra da lei, para alcançar-se esse desiderato há pressupostos a serem atendidos:
( i ) antes de tudo, demonstrar-se a falta de condições financeiras, parcial ou total, de ambos os genitores (os mais próximos excluem os mais remotos, tal qual na vocação hereditária);
( ii ) que os avós detenham, semelhantemente, capacidade financeira para esse mister subsidiário.
Firme nesse entendimento é o magistério de Rolf Madaleno, ad litteram:
“É a conclusão extraída do art. 1.698 do Código Civil, quando ordena que devam integrar a lide os coobrigados de grau imediato de parentes, se o parente que deve alimentos em primeiro lugar não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, levando a concluir se tratar em realidade de um litisconsórcio obrigatório, ordenado de ofício pelo juiz, exatamente em nome da celeridade processual, e, destarte, dispensando os interessados de renovarem o pleito alimentar complementar com uma nova ação. “ (Madaleno, Rolf. Curso de direito de família. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 935)
É altamente ilustrativo igualmente transcrever o posicionamento de Maria Berenice Dias, in verbis:
“A obrigação alimentar não é somente dos pais em decorrência do poder familiar. A reciprocidade de obrigação alimentar entre pais e filhos (CF 229 e 1.696)é ônus que se estende a todos os ascendentes, recaindo sempre nos mais próximos. Se quem deve alimentos em primeiro lugar não puder suportar totalmente o encargo, são chamados a concorrer os parentes de grau imediato (CC 1.698). Assim, a obrigação alimentar, primeiramente, é dos pais, e, na ausência de condições de um ou ambos os genitores, transmite-se o encargo aos ascendentes, isto é, aos avós, partes em grau imediato mais próximo. “ (Dias, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 10ª Ed. São Paulo: RT, 2015, p. 588)
(negritos do texto original)
Dessa forma, para que se possam demandar alimentos avoengos, minimamente deve-se demonstrar a inadimplência do genitor e, além disso, que tenham sido feito todos os esforços anteriores para desse receber alimentos. Só assim, ou seja, esgotada todas as vias para auferir-se alimentos do genitor é que abre-se a oportunidade de acionar-se os avós, paternos e/ou maternos.
Nesse diapasão, a credora dos alimentos não seguiu os pressupostos. Ao revés disso, ajuizou a Ação de Alimentos diretamente ao avô paterno, Réu nesta demanda. Grave equívoco.
É necessário não perder de vista o posicionamento jurisprudencial, verbis:
CIVIL. ALIMENTOS AVOENGOS. AVÓS PATERNOS. INADIMPLÊNCIA DO GENITOR. PEDIDO LIMINAR. INDEFERIMENTO. INCAPACIDADE FINANCEIRA DO PAI.
Não demonstração a responsabilidade dos avós em prestar alimentos aos netos é excepcional, subsidiária, complementar e transitória. Desse modo, os alimentos avoengos ficam condicionados à demonstração de que os genitores do alimentando, seja o pai ou a mãe, não possam ser encontrados ou que não disponham de condições de honrar a obrigação. (TJSC; AI 2015.076529-8; Guaramirim; Quinta Câmara de Direito Civil; Rel. Des. Luiz Cézar Medeiros; Julg. 08/03/2016; DJSC 11/03/2016; Pág. 296)
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ALIMENTOS AVOENGOS. IMPROCEDÊNCIA.
A obrigação alimentar avoenga é denatureza subsidiária e complementar, cabível nos casos em que demonstrado o descumprimento reiterado do obrigado principal em pagar os alimentos. No caso, tendo o obrigado principal comparecido ao processo e encaminhado o pagamento do débito alimentar, desaparece o fundamento jurídico que autoriza redirecionar a obrigação alimentar aos avós. Razão pela qual vai mantida a sentença de improcedência do pedido de alimentos avoengos. Negaram provimento. (TJRS; AC 0462384-02.2015.8.21.7000; Catuípe; Oitava Câmara Cível; Rel. Des. Rui Portanova; Julg. 03/03/2016; DJERS 09/03/2016)
CIVIL. ALIMENTOS PROVISÓRIOS. ALIMENTOS AVOENGOS. BINÔMIO NECESSIDADE X CAPACIDADE. NÃO COMPROVAÇÃO EFETIVA. DESPROVIMENTO.
1. O dever de prestar alimentos pelos ascendentes é supletivo, somente sendo necessário quando impossível sua realização pelos genitores. 2. O binômio necessidade X capacidade deve ser comprovado para majorar o valor pago pelos ascendentes. 3. Recurso conhecido e desprovido. (TJDF; Rec 2015.00.2.024595-2; Ac. 917.793; Quinta Turma Cível; Rel. Des. Sebastião Coelho; DJDFTE 15/02/2016; Pág. 270)
É igualmente imperioso adicionar precedente do STJ nesse sentido, ad litteram:
RECURSO ESPECIAL. DIREITO DE FAMÍLIA. OBRIGAÇÃO ALIMENTAR AVOENGA. RESPONSABILIDADE COMPLEMENTAR E SUBSIDIÁRIA DOS AVÓS. PRESSUPOSTOS. 1. A obrigação alimentar dos avós apresenta natureza complementar e subsidiária, somente se configurando quando pai e mãe não dispuserem de meios para promover as necessidades básicas dos filhos. 2. Necessidade de demonstração da impossibilidade de os dois genitores proverem os alimentos de seus filhos. 3. Caso dos autos em que não restou demonstrada a incapacidade de a genitora arcar com a subsistência dos filhos. 4. Inteligência do art. 1.696 do Código Civil. 5. Doutrina e jurisprudência do STJ acerca do tema. 6. Recurso Especial desprovido. (STJ; REsp 1.415.753; Proc. 2012/0139676-9; MS; Terceira Turma; Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino; DJE 27/11/2015)
Com efeito, descabido responsabilizar os avós pelo pagamento da pensão alimentícia em favor do neto, porquanto a obrigação é subsidiária, complementar, e em casos excepcionais, sobretudo se na falta do genitor.
Nesse ínterim, abrigado na disciplina do art. 337, inc. XI c/c art. 338, caput, da Legislação Adjetiva, o Promovido argui sua ilegitimidade passiva para figurar nessa contenda.
Por isso, pede-se seja o Autor intimado para, querendo, em 15 dias, alterar a petição inicial, máxime no tocante ao polo passivo, arcando, inclusive, com o ônus de sucumbência. (CPC, art. 338, parágrafo único)
De outra banda, em obediência à regra disposta no art. 339, caput, do Estatuto de Ritos, o Réu indica deve figurar no polo passivo o pai da infante, filho do Promovido, ou seja, o senhor Beltrano de Tal.
III – MÉRITO
3.1. Chamamento ao processo
Não sendo acolhida a preliminar antes demonstrada, ad argumentandum, necessário se faz chamarem-se a integrar a lide os avós maternos.
A ação em espécie fora direcionada unicamente em desfavor do Réu, na qualidade de avô paterno. Contudo, a Autora não fez sequer uma única referência aos avós maternos, malgrado todos, como ascendentes mais próximos, devam responder dentro de suas proporcionalidades. Desse modo, são corresponsáveis.
Nesse contexto, urge evidenciar o magistério de Sílvio de Salvo Venosa, verbis:
“Desse modo, atende-se processualmente ao princípio da divisibilidade da obrigação alimentícia, permitindo-se que, no mesmo processo, sejam outros alimentantes chamados a integrar a lide. “ (Venosa, Sílvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 16ª Ed. São Paulo: Atlas, vol. 6, 2016, p. 413)
Nesse sentido:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. FAMÍLIA. AÇÃO DE ALIMENTOS AVOENGOS. INCLUSÃO NO POLO PASSIVO DOS AVÓS MATERNOS. CABIMENTO. PRECEDENTES DO STJ. REDUÇÃO EM MAIOR EXTENSÃO. DESCABIMENTO. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA.
1. Considerando que os alimentos avoengos confortam uma obrigação conjunta que deve ser rateada entre os co-obrigados, possível o chamamento ao processo dos avós maternos. Precedentes do stj e desta corte de justiça. Ressalva da posição pessoal do relator. 2. Na espécie, inviável o acolhimento do pedido de redução, em maior extensão (de 15% para 5% do salário mínimo nacional), dos alimentos arbitrados em favor do neto, cujas necessidades são presumidas, pois, embora os rendimentos mensais da avó paterna não sejam expressivos, não há demasia na verba fixada na origem. Agravo de instrumento parcialmente provido. (TJRS; AI 0398391-82.2015.8.21.7000; Santa Cruz do Sul; Oitava Câmara Cível; Rel. Des. Ricardo Moreira Lins Pastl; Julg. 17/12/2015; DJERS 21/01/2016)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. CIVIL. FAMÍLIA. ALIMENTOS. OBRIGAÇÃO AVOENGA. SUBSIDIÁRIA E COMPLEMENTAR. NECESSIDADES DO ALIMENTANDO NIVELADAS PELO NÍVEL ECONÔMICO-FINANCEIRO DOS GENITORES. DIVISIBILIDADE. POSSIBILIDADE DE O CREDOR DEMANDAR A COMPLEMENTAÇÃO EM FACE DE UM OU MAIS AVÓS. OPÇÃO QUE IMPLICA A ASSUNÇÃO DE RISCO DE RECEBER EXTENSÃO MENOR DO QUE AQUELA QUE SERIA HAVIDA ACASO DEMANDASSE EM FACE DE TODOS OS AVÓS. COTA DEFINIDA DE ACORDO COM A POSSIBILIDADE DE CADA UM DOS AVÓS. LITISCONSÓRCIO PASSIVO ULTERIOR FACULTATIVO SIMPLES. POSSIBILIDADE DE CONVOCAÇÃO DE OUTROS CODEVEDORES. MODALIDADE AUTÔNOMA DE INTERVENÇÃO DE TERCEIROS PROMOVIDA PELO RÉU. INTERVENÇÃO COACTA E AUTÔNOMA.
1. A obrigação avoenga, ou seja, a obrigação dos avós em prestar alimentos ao neto é subsidiária e complementar, devendo, com efeito, ser averiguada com atenção à obrigação dos pais, isto é, primeiramente respondem os pais e somente caso fique comprovada a impossibilidade de prestá-la, total ou parcialmente, para fins de atender às necessidades do alimentando é que a obrigação caberá aos avós demandados. 2. Segundo dispõe o Enunciado nº 342 da Jornada de Direito Civil, observadas as suas condições pessoais e sociais, os avós somente serão obrigados a prestar alimentos aos netos em caráter exclusivo, sucessivo, complementar e não-solidário, quando os pais destes estiverem impossibilitados de fazê-lo, caso em que as necessidades básicas dos alimentandos serão aferidas, prioritariamente, segundo o nível econômico-financeiro dos seus genitores. É dizer: Se ficar demonstrado que os alimentos são prestados pelos pais de forma suficiente às necessidades do alimentando niveladas de acordo com o padrão de vida dos pais, não haverá a responsabilidade do avô demandado; enquanto que, na hipótese de ficar demonstrada a insuficiência dos alimentos prestados pelos pais, tem cabimento a responsabilidade complementar do avô demandado. 3. A obrigação dos avós não é solidária, porque a solidariedade não se presume (artigo 265 do Código Civil), de tal modo que, ante a divisibilidade da obrigação alimentar, pode o alimentando, credor dos alimentos, em razão da insuficiência dos alimentos prestados pelos pais para o atendimento das suas necessidades niveladas de acordo com o padrão de vida dos pais, exigir, dentro da pluralidade de possíveis codevedores (avós), de um, dois ou de todos os avós a complementação dos alimentos, observando-se, para tanto, que a cota que caberá ao codevedor ou a cada um dos codevedores será estipulada de acordo com as suas possibilidades. Em suma, responderá cada codevedor apenas pela parte correspondente às suas possibilidades. 4. Por inexistir comando legal que imponha ao credor de alimentos ajuizar a ação de alimentos complementares em face de todos os codevedores que integram o mesmo grau (todos os avós paternos e maternos), nota-se que não se trata de litisconsórcio passivo necessário, e sim de litisconsórcio passivo ulterior facultativo simples (possibilidade de cada um contribuir de forma desigual). Desse modo, se o credor opta por demandar em face de apenas um dos avós, o que se revela viável em razão do caráter complementar, divisível e complementar da obrigação avoenga, o alimentando acaba assumindo o risco de não obter alimentos em uma extensão maior, uma vez que a cota do avô demandando será aferida de acordo com as suas possibilidades, motivo pelo qual se evidenciaque não se trata de litisconsórcio passivo necessário. Divergência da jurisprudência local quanto ao ponto. 5.Com espeque na regra do artigo 1.698 do Código Civil, acaso a ação de alimentos complementares tenha sido proposta em face de apenas um dos avós, revela-se possível a convocação de outros codevedores como modalidade autônoma de intervenção de terceiros promovida pelo réu. Ou seja, trata- se de intervenção coacta (provocada pelo interessado) e autônoma, não se enquadrando, assim, entre as hipóteses previstas no Código de Processo Civil. Destarte, pode o devedor demandado chamar ao processo outro ou todos os demais corresponsáveis da obrigação alimentar, para que seja definido quanto caberá a cada um contribuir de acordo com as suas possibilidades financeiras, sendo, por conseguinte, possível que cada um contribua de forma desigual. 6. Para fins de atendimento da finalidade da norma que autoriza a ampliação subjetiva do polo passivo da demanda de alimentos complementares, impõe-se o deferimento do requerimento da avó materna demandada de chamamento dos avós maternos 7. Agravo de instrumento conhecido e provido. (TJDF; AI 2015.00.2.026855-2; Ac. 933198; Primeira Turma Cível; Relª Desª Simone Costa Lucindo Ferreira; DJDFTE 28/04/2016; Pág. 113)
Por esse norte, abrigado no art. 130, inc. III, do CPC, o Réu pede o chamamento ao processo dos avós maternos, citando-os no seguinte endereço:
1) Avó materna: Maria de Tal, rua das Quantas, nº. 000, nesta Capital, inscrita no CPF (MF) sob o nº. 333.444.555-66;
e
2) Avô materna: João de Tal, rua das Quantas, nº. 000, nesta Capital, inscrita no CPF (MF) sob o nº. 333.444.555-66.
3.2. Quanto aos alimentos
Tocante aos alimentos, é inescusável que o Réu não detém condições alguma de arcar com o pagamento dessa verba alimentar, seja integral ou parcialmente.
De outro bordo, há provas nos autos acerca da atual condição financeira da Promovente, a qual, inadvertidamente, se qualifica na peça vestibular como “de prendas do lar”. Conforme destacado, aquela reúne ótimas possibilidades econômicas.
Dessa forma, considerando-se que a obrigação alimentar dos avós é sucessiva e complementar, e que a Autora – reforçada pelas provas anexadas –, reúne ótimas possibilidades financeiras, mostra-se desnecessário o auxílio do progenitor paterno, aqui Demandado.
Assim, a pretensão, ainda, vai de encontro ao que a doutrina chama do binômio possibilidade/necessidade.
Nessa esteira de raciocínio, aduz Yussef Said Cahali que:
“Nessa linha, ‘desonera-se o devedor de prestação alimentícia, verificando-se que a alimentada, sua ex esposa, veio a ter renda própria e permanente suficiente para a sua manutenção; ‘ admissível e exoneração do encargo alimentar convencionado em processo de separação, em prol da ex-mulher, se esta trabalha, provendo o próprio sustento, ainda mais se o casal não tem filhos e não possui o ex-marido alimentante emprego que lhe garanta uma boa remuneração por aplicação do princípio constitucional da igualdade e do princípio da condicionalidade estabelecido no art. 399 do CC[1916; art. 1.696, CC/2002]; como também se justifica a exoneração do marido de prestar alimentos a que se obrigara se perdeu o emprego e se encontra em estado de insolvência, podendo o Juiz declará-lo o que tem fundamento ta,bem no art. 401 do CC[1916; art. 1699, CC/2002], que admite até a exoneração do encargo.” (In, DOS ALIMENTOS. 6ª edição. São Paulo: Ed. RT, 2009. Pág. 316-317)
Urge asseverar, ainda, o magistério de Maria Helena Diniz, quando leciona que:
“ Cessa a obrigação de prestar alimentos:
( . . . )
2) Pelo desaparecimento de um dos pressupostos do art. 1.695 do Código Civil, ou seja, da necessidade do alimentário ou da capacidade econômico-financeira do alimentante. “ (DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 27ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2012, Vol. 5. Págs. 670-671)
De igual modo assevera Washington de Barros Monteiro que:
“ Verifica-se, por esse artigo, que não pode requerer alimentos nem viver a expensas de outro quem possui bens, ou está em condições de subsistir com o próprio trabalho. Consequentemente, só pode reclamá-los aquele que não possuir recursos próprios e esteja impossibilitado de obtê-los por menoridade, doença, idade avançada, calamidade pública ou falta de trabalho. “(MONTEIRO, Washington de Barros; TAVARES DA SILVA, Regina Beatriz. Curso de Direito Civil. 40ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010, vol. 2. Pág. 531)
Nesse rumo, ainda, o Réu pede vênia para transcrever as lúcidas lições de Arnaldo Rizzardo:
“ Se a pessoa tem capacidade para desempenhar uma atividade rendosa, e não a exerce, não recebe amparo da lei. Obviamente, os alimentos não podem estimular as pessoas a se manterem desocupadas, ou a não terem a iniciativa de buscar o exercício de um trabalho. O art. 1.695 (art. 399 do Código anterior) é expresso a respeito, como se vê da transcrição feita, estando inserida a condição básica para postular alimentos: aquele que não tem bens, nem pode, pelo seu trabalho, prover a própria mantença. Daí ser a capacidade laborativa razão para afastar o pedido. “(RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família: Lei nº. 10.406, de 10.01.2002. 7ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. Págs. 753-754)
Nesse compasso, é altamente ilustrativo transcrever os seguintes arestos:
APELAÇÃO. DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA. DANO MORAL. ALIMENTOS. EX-COMPANHEIRA.
1. Reconhecida a união estável, cabível à partilha de todos os bens adquiridos ao longo da vida conjugal. E os bens adquiridos na constância da vida em comum devem ser partilhados igualitariamente, pouco importando quem deu causa à separação e qual a colaboração prestada individualmente pelos conviventes, nos termos dos arts. 5º, § 1º, da Lei nº 9.278/96 e 1.725 do CCB. 2. No âmbito do direito de família, não há a possibilidade de averiguação de responsabilidades patrimoniais nas relações familiares. Indeferido o pedido de indenização por dano moral. 3. Cabível a exoneração dos alimentos em relação à ex-companheira, já que trabalha e consegue prover o próprio sustento aliado ao fato de o alimentante já pagar outras duas pensões alimentícias. 4. Para obtenção do benefício (Lei nº 1.060/50), a parte deve demonstrar, de pronto, para o juiz, que não possui condições financeiras suficientes para preparar a demanda sem prejuízo do sustento próprio ou da sua família. Não é o caso. Negaram provimento ao apelo da autora, e deram parcial provimento ao do réu. (TJRS; AC 0469457-25.2015.8.21.7000; Porto Alegre; Sétima Câmara Cível; Relª Desª Liselena Schifino Robles Ribeiro; Julg. 24/02/2016; DJERS 07/03/2016)
AGRAVO LEGAL. CIVIL E PROCESSO CIVIL. ALIMENTOS DEVIDOS AO EX-COMPANHEIRO. PEDIDO DE EXONERAÇÃO. TEMPORARIEDADE. ANÁLISE DO BINÔMIO NECESSIDADE/ POSSIBILIDADE, ALÉM DE OUTROS FATORES COMO CAPACIDADE POTENCIAL DA ALIMENTANDA PARA O TRABALHO E O TEMPO DECORRIDO ENTRE O INÍCIO DA PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA. RÉ QUE RECEBIA ALIMENTOS DO AUTOR MESMO AUFERINDO RENDA PROVENIENTE DE SUA ATIVIDADE LABORATIVA. EXONERAÇÃO DEVIDA. AGRAVO NÃO PROVIDO. DECISÃO UNÂNIME.
1. Como se sabe, os encargos alimentícios podem ser alterados quando evidenciada mudança na necessidade de quem os recebe e nos recursos de quem os presta. Não bastasse isso, o fator econômico não se revela como único parâmetro à exoneração, redução ou agravação do encargo. Isso porque o Superior Tribunal de justiça tem adotado o entendimento de que a pensão entre ex-cônjuges não está limitada somente à prova da alteração do binômio necessidade-possibilidade, devendo ser consideradas outras circunstâncias, como a capacidade potencial do alimentado para o trabalho e o tempo decorrido entre o início da prestação alimentícia e a data do pedido de desoneração. Precedentes STJ e TJPE. 2. O intuito da fixação de alimentos para o ex-cônjuge ou ex-companheiro é proporcionar àquele que precisa o tempo necessário a sua (re) inserção no mercado de trabalho, à organização de suas finanças e de sua vida, para que, assim, de forma autônoma, possa arcarcom o custeio de suas necessidades vitais. 3. Na espécie, verifica-se que a ré, ora agravante, recebeu alimentos de seu ex-companheiro desde 2011, ou seja, por um período de aproximadamente mais de 4 (quatro) anos até a data da prolação da sentença ora vergastada, tempo que entendo ser hábil à sua reorganização financeira, a qual, do conjunto probatório dos autos, vê-se que já foi alcançada. 4. Vê-se que, em que pese a parte agravante alegar não possuir condições de exercer atividades laborativas em razão de doenças incapacitantes, quais sejam, depressão e fibromialgia, restou cabalmente comprovado nos autos que aquela as exerce de fato, auferindo renda capaz de lhe sustentar, ainda que se tratem de quantias módicas. Dessa forma, não é justo impor ao alimentante a obrigação do sustento da alimentanda, quando esta possui condições de inserir-se no mercado de trabalho, o que, inclusive, já foi feito. 5. No que tange ao pedido de perícia judicial, uma vez exonerado o alimentante da obrigação de prestar alimentos em razão do efetivo exercício, pela parte alimentanda, de atividades laborativas capazes de sustentá-la, restou prejudicado o pedido alternativo, qual seja, o de realização de perícia com o fito de detectar suposta doença incapacitante. 4. Agravo não provido. Decisão unânime. (TJPE; Rec. 0055827-28.2012.8.17.0001; Quarta Câmara Cível; Rel. Des. Jones Figueirêdo Alves; Julg. 11/02/2016; DJEPE 29/02/2016)
De bom alvitre a inteligência do quanto estabelecido na Legislação Substantiva Civil, ad litteram:
CÓDIGO CIVIL
Art. 1.696 – O direito à prestação de alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
VI – EM ARREMATE
POSTO ISSO,
o Réu expressa o desejo que Vossa Excelência se digne de tomar as seguintes providências:
6.1. Requerimentos
a) Seja concedido o pedido da gratuidade da justiça;
b) Determinar o chamamento ao processo dos avós maternos, caso a preliminar ao mérito não seja alcançada.
6.2. Pedidos
a) Pleiteia-se seja acolhida a preliminar ao mérito, essa concernente à ilegitimidade passiva ad causam;
b) Tendo em vista que o Autora não logrou êxito em comprovar o binômio legal capacidade/necessidade, torna-se inescusável que os pedidos sejam JULGADOS IMPROCEDENTES e, em conta disso, seja a mesma condenada ao pagamento custas e honorários advocatícios;
b) protesta e requer seja deferida a produção de provas de sorte comprovar o quanto alegado por todos os meios de provas admitidas em direito, notadamente pelo depoimento pessoal da Autora, oitiva das testemunhas ora arroladas, juntada posterior de documentos como contraprova, tudo de logo requerido.
Respeitosamente, pede deferimento.
Cidade, 00 de maio do ano de 0000.
Beltrano de tal
Advogado – OAB (CE) 112233
ROL DE TESTEMUNHAS
1) Fulano de tal, solteiro, comerciário, residente e domiciliado na Rua x, nº 000 – Curitiba (PR);
2) Cicrano de tal, solteiro, comerciário, residente e domiciliado na Rua y, nº 000 – Curitiba (PR);
3) João Fictício, solteiro, comerciário, residente e domiciliado na Rua z, nº 000 – Critiba (PR);
Data Supra.
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