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DIREITO CIVIL - Família - alimentos

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DIREITO CIVIL 
DIREITO DE FAMÍLIA 
DIREITO PATRIMONIAL 
 
ALIMENTOS 
A palavra alimento vem do latim alimentum, “que significa sustento, ali-
mento, manutenção, subsistência, do verbo alo, is, ui, itum, ere (alimentar, 
nutrir, desenvolver, aumentar, animar, fomentar, manter, sustentar, favore-
cer, tratar bem)” (AZEVEDO, Álvaro Villaça. Curso..., 2013, p. 304). 
Nesse contexto, os chamados alimentos familiares representam uma das 
principais efetivações do princípio da solidariedade nas relações sociais, 
sendo essa a própria concepção da categoria jurídica. 
 
1) Conceito – é a prestação fornecida a uma pessoa, em dinheiro ou em es-
pécie, para que possa atender às necessidades da vida, tais como, alimenta-
ção, vestuário, habitação, tratamento médico, diversões, e , se for menor de 
idade, o valor necessário para sua instrução e educação, e ainda as parcelas 
despendidas com sepultamento, por parentes legalmente responsáveis pelos 
alimentos. 
2) Pressupostos 
a) existência de companheirismo, vínculo de parentesco (ascendentes, des-
cendentes maiores, irmãos (colaterais de 2º grau, germanos ou unilaterais) 
ou conjugal entre alimentando e alimentante). 
A legislação que regula a união estável deve ser interpretada de forma 
expansiva e igualitária, permitindo que as uniões homoafetivas tenham o 
mesmo regime jurídico protetivo conferido aos casais heterossexuais, 
trazendo efetividade e concreção aos princípios da dignidade da pessoa 
humana, da não discriminação, igualdade, liberdade, solidariedade, 
autodeterminação, proteção das minorias, busca da felicidade e ao direito 
 2 
fundamental e personalíssimo à orientação sexual. (...). O direito a 
alimentos do companheiro que se encontra em situação precária e de 
vulnerabilidade assegura a máxima efetividade do interesse prevalente, a 
saber, o mínimo existencial, com a preservação da dignidade do indivíduo, 
conferindo a satisfação de necessidade humana básica. O projeto de vida 
advindo do afeto, nutrido pelo amor, solidariedade, companheirismo, 
sobeja obviamente no amparo material dos componentes da união, até 
porque os alimentos não podem ser negados a pretexto de uma preferência 
sexual diversa. No caso ora em julgamento, a cautelar de alimentos 
provisionais, com apoio em ação principal de reconhecimento e dissolução 
de união estável homoafetiva, foi extinta ao entendimento da 
impossibilidade jurídica do pedido, uma vez que „não há obrigação legal de 
um sócio prestar alimentos ao outro‟. Ocorre que uma relação homoafetiva 
rompida pode dar azo ao pensionamento alimentar e, por conseguinte, 
cabível, em processo autônomo, que o necessitado requeira sua concessão 
cautelar com a finalidade de prover os meios necessários ao seu sustento 
durante a pendência da lide” (STJ, REsp 1.302.467/SP, 4.ª Turma, Rel. 
Min. Luis Felipe Salomão, j. 03.03.2015, DJe 25.03.2015). 
 
“Direito civil. Família. Recurso especial. Ação de alimentos ajuizada pelos 
sobrinhos menores, representados pela mãe, em face das tias idosas. 
Conforme se extrai da descrição dos fatos conferida pelo Tribunal de 
origem, que não pode ser modificada em sede de recurso especial, o pai 
sempre enfrentou problemas com alcoolismo, mostrando-se agressivo com 
a mulher e incapaz de fazer frente às despesas com a família, o que 
despertou nas tias o sentimento de auxiliar no sustento dos sobrinhos. 
Quanto à mãe, consta apenas que é do lar e, até então, não trabalhava. Se as 
tias paternas, pessoas idosas, sensibilizadas com a situação dos sobrinhos, 
buscaram alcançar, de alguma forma, condições melhores para sustento da 
 3 
família, mesmo depois da separação do casal, tal ato de caridade, de 
solidariedade humana, não deve ser transmutado em obrigação decorrente 
de vínculo familiar, notadamente em se tratando de alimentos decorrentes 
de parentesco, quando a interpretação majoritária da lei tem sido no sentido 
de que tios não devem ser compelidos a prestar alimentos aos sobrinhos. A 
manutenção do entendimento firmado, neste Tribunal, que nega o pedido 
de alimentos formulado contra tios deve, a princípio, permanecer, 
considerada a cautela que não pode deixar jamais de acompanhar o Juiz em 
decisões como a dos autos, porquanto os processos circunscritos ao âmbito 
do Direito de Família batem às portas do Judiciário povoados de 
singularidades, de matizes irrepetíveis, que absorvem o Julgador de tal 
forma, a ponto de uma jurisprudência formada em sentido equivocado ter o 
condão de afetar de forma indelével um sem número de causas similares 
com particularidades diversas, cujos desdobramentos poderão inculcar nas 
almas envolvidas cicatrizes irremediáveis. Condição peculiar reveste este 
processo ao tratar de crianças e adolescentes de um lado e, de outro, de 
pessoas idosas, duas categorias tuteladas pelos respectivos estatutos 
protetivos – Estatuto da Criança e do Adolescente, e Estatuto do Idoso, 
ambos concebidos em sintonia com as linhas mestras da Constituição 
Federal. Na hipótese em julgamento, o que se verifica ao longo do relato 
que envolve as partes é a voluntariedade das tias de prestar alimentos aos 
sobrinhos, para suprir omissão de quem deveria prestá-los, na acepção de 
um dever moral, porquanto não previsto em lei. Trata-se, pois, de um ato de 
caridade, de mera liberalidade, sem direito de ação para sua exigibilidade. 
O único efeito que daí decorre, em relação aos sobrinhos, é o de que, 
prestados os alimentos, ainda que no cumprimento de uma obrigação 
natural nascida de laços de solidariedade, não são eles repetíveis, isto é, não 
terão as tias qualquer direito de serem ressarcidas das parcelas já pagas. 
 4 
Recurso especial provido” (STJ, REsp 1.032.846/RS, 3.ª Turma, Rel. Min. 
Nancy Andrighi, j. 18.12.2008, DJe 16.06.2009). 
 
Entretanto, a respeito da afinidade na linha reta descendente, há uma 
tendência de se reconhecer alimentos, notadamente na relação entre 
padrasto ou madrasta e enteado ou enteada, caso exista vínculo socioafetivo 
entre eles. Isso porque entrou em vigor no Brasil a Lei 11.924/2009, que 
possibilita que a enteada ou o enteado utilize o sobrenome do padrasto ou 
madrasta, desde que exista justo motivo para tanto (art. 57, § 8.º, da Lei 
6.015/1973). Ora, parece insuficiente pensar que o vínculo estabelecido 
entre tais pessoas será apenas para os fins de uso do nome, principalmente 
em tempos de valorização da socioafetividade, presente muitas vezes em 
tais relacionamentos. 
Desse modo, a tendência, é de se reconhecer dever de alimentos nessas 
relações, se houver a posse de estado de filhos, valorizando-se o princípio 
jurídico da afetividade. Alguns poucos julgados trazem tal debate, podendo 
ser colacionado o seguinte, que reconhece tal direito: 
“Agravo de instrumento. Ação de reconhecimento e dissolução de união 
estável c/c alimentos. Decisão que fixou o dever alimentar à ex-
companheira e à enteada. Decisão extra petita. Tese rechaçada. 
Legitimidade ativa da genitora para requerer alimentos em prol da filha 
menor, ainda que esta não conste como parte no processo. Mera 
irregularidade processual. Nulidade afastada. A legitimidade ativa da 
genitora em pleitear alimentos, enquanto guardiã da menor, advém do 
próprio exercício do poder familiar e do dever de sustento e educação à 
descendente. Assim, o deferimento de alimentos em favor de menor 
quando requeridos por sua mãe, ainda que não seja parte do processo, não 
retrata decisão extra petita, representando simples irregularidade 
processual. União estável. Configuração demonstrada em cognição 
 5 
sumária. Coabitação, dependência financeira e intenção de constituir 
família evidenciadas. Exegese dos arts. 1.694 e 1.724 do Código Civil. 
Necessidade comprovada. Binômio necessidade x possibilidade. Ainda que 
em sede de cognição sumária, comprovada a existência de união estável 
entre as partes, devem ser fixados alimentos provisóriosem prol da ex-
companheira quando cabalmente demonstrada a sua necessidade, 
principalmente até a sua completa reinserção no mercado de trabalho, para 
que possibilite sua subsistência. Alimentos à enteada. Possibilidade. 
Vínculo socioafetivo demonstrado. Parentesco por afinidade. Forte 
dependência financeira observada. Quantum arbitrado compatível com as 
necessidades e as possibilidades das partes. Comprovado o vínculo 
socioafetivo e a forte dependência financeira entre padrasto e a menor, 
impõe-se a fixação de alimentos em prol do dever contido no art. 1.694 do 
Código Civil. Demonstrada a compatibilidade do montante arbitrado com a 
necessidade das alimentadas e a possibilidade do alimentante, em especial 
os sinais exteriores de riqueza em razão do elevado padrão de vida deste, 
não há que se falar em minoração da verba alimentar. Decisão mantida. 
Recurso improvido” (TJSC, Agravo de Instrumento 2012.073740-3, 2.ª 
Câmara de Direito Civil, São José, Rel. Des. João Batista Góes Ulysséa, j. 
18.02.2013, DJSC 22.02.2013, p. 106). 
 
b) necessidade do alimentário. (não possui bens, inválido, doente, velho 
etc.) 
c) possibilidade do alimentante. (tem que ter o suficiente para seu sustento) 
d) proporcionalidade, entre as necessidades do alimentário e os recursos 
econômicos do alimentante. (cada caso) 
Em julgado paradigmático, o Superior Tribunal de Justiça analisou os 
alimentos a partir dessa perspectiva social, merecendo destaque o seguinte 
trecho da decisão da Ministra Fátima Nancy Andrighi: 
 6 
“No que toca à genérica disposição legal contida no art. 1.694, caput, do 
CC/2002, referente à compatibilidade dos alimentos prestados com a 
condição social do alimentado, é de todo inconcebível que ex-cônjuge, que 
pleiteie alimentos, exija-os com base no simplista cálculo aritmético que 
importe no rateio proporcional da renda integral da desfeita família; isto 
porque a condição social deve ser analisada à luz de padrões mais amplos, 
emergindo, mediante inevitável correlação com a divisão social em classes, 
critério que, conquanto impreciso, ao menos aponte norte ao julgador que 
deverá, a partir desses valores e das particularidades de cada processo, 
reconhecer ou não a necessidade dos alimentos pleiteados e, se for o caso, 
arbitrá-los. Por restar fixado pelo Tribunal Estadual, de forma induvidosa, 
que a alimentanda não apenas apresenta plenas condições de inserção no 
mercado de trabalho como também efetivamente exerce atividade laboral, e 
mais, caracterizada essa atividade como potencialmente apta a mantê-la 
com o mesmo status social que anteriormente gozava, ou ainda alavancá-la 
a patamares superiores, deve ser julgado procedente o pedido de 
exoneração deduzido pelo alimentante em sede de reconvenção e, por 
consequência, improcedente o pedido de revisão de alimentos formulado 
pela então alimentada. Recurso especial conhecido e provido” (STJ, REsp 
933.355/SP, 3.ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 25.03.2008, DJ 
11.04.2008, p. 1). 
Tal decisão inaugurou, naquele Tribunal, a conclusão segundo a qual os 
alimentos entre os cônjuges têm caráter excepcional, pois aquele que tem 
condições laborais deve buscar o seu sustento pelo esforço próprio. 
O caso ficou conhecido como psicóloga dos Jardins, sendo certo que uma 
ex-mulher recebia pensão do ex-marido por longos vintes anos, sendo o 
último valor pago de R$ 6.000,00. Ingressou ela em juízo para pleitear o 
aumento do valor, sustentando a falta de condições para manter o padrão de 
vida anterior com os rendimentos do seu trabalho. Almejava dobrar o valor 
 7 
da pensão alimentícia, sob a alegação de que não vinha mais aceitando 
convites para eventos sociais, que teve de dispensar seu caseiro, que não 
mais trocava de carro com a frequência anterior e que não viajava para o 
exterior anualmente. Além da contestação, o ex-marido apresentou 
reconvenção, sob a premissa de que a ex--mulher tinha condições de 
sustento próprio, notadamente por suas atividades como psicóloga em 
clínica própria e como professora universitária, bem como pela locação de 
dois imóveis de sua propriedade. 
Após os trâmites no Tribunal Paulista, a Corte Estadual aumentou o valor 
da pensão para R$ 10.000,00, incidindo a ideia de manutenção do padrão 
social. Porém, de forma correta, a Ministra Nancy Andrighi acolheu o 
pleito de exoneração do ex-marido, julgando que, “não existindo nenhum 
tipo de dúvida quanto à capacidade da recorrida de prover, nos exatos 
termos do art. 1.695 do CC/02, sua própria mantença, impende, ainda, 
traçar considerações relativas ao teor do disposto no art. 1.694 do CC/02, 
do qual se extrai que os alimentos prestados devem garantir modo de vida 
„compatível com a sua condição social‟. A genérica disposição legal não 
pode ser entendida como parâmetro objetivo, mesmo porque seria 
virtualmente impossível o estabelecimento da exata condição 
socioeconômica anterior, para posterior reprodução por meio de alimentos 
prestados pelo ex-cônjuge devedor de alimentos. O conceito deve ser 
interpretado com temperança, fixando-se a condição social anterior dentro 
de patamares razoáveis, que permitam acomodar as variações próprias das 
escolhas profissionais, dedicação ao trabalho, tempo de atividade entre 
outras variáveis”. A votação foi unânime, na linha da justa relatoria. 
Outras decisões da Corte e de Tribunais Estaduais passaram a seguir tal 
correto entendimento, consentâneo com a plena inserção da mulher no 
mercado de trabalho e com o afastamento de alimentos com caráter 
parasitário. 
 8 
Também com base no trinômio alimentar, recente acórdão do Superior 
Tribunal de Justiça considerou que os alimentos podem ser fixados de 
forma diferente com relação aos filhos, caso eles estejam em situação 
econômica discrepante, sem que isso represente violação ou desrespeito ao 
princípio da igualdade, previsto no art. 227, § 6.º, da CF/1988 e no art. 
1.596 do CC/2002. Vejamos trecho dessa importante ementa: 
“Do princípio da igualdade entre os filhos, previsto no art. 227, § 6.º, da 
Constituição Federal, deduz-se que não deverá haver, em regra, diferença 
no valor ou no percentual dos alimentos destinados à prole, pois se presume 
que, em tese, os filhos – indistintamente – possuem as mesmas demandas 
vitais, tenham as mesmas condições dignas de sobrevivência e igual acesso 
às necessidades mais elementares da pessoa humana. A igualdade entre os 
filhos, todavia, não tem natureza absoluta e inflexível, devendo, de acordo 
com a concepção aristotélica de isonomia e justiça, tratar-se igualmente os 
iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades, de 
modo que é admissível a fixação de alimentos em valor ou percentual 
distinto entre os filhos se demonstrada a existência de necessidades 
diferenciadas entre eles ou, ainda, de capacidades contributivas 
diferenciadas dos genitores. Na hipótese, tendo sido apurado que havia 
maior capacidade contributiva de uma das genitoras em relação a outra, é 
justificável que se estabeleçam percentuais diferenciados de alimentos 
entre os filhos, especialmente porque é dever de ambos os cônjuges 
contribuir para a manutenção dos filhos na proporção de seus recursos” 
(STJ, REsp 1.624.050/MG, 3.ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 
19.06.2018, DJe 22.06.2018). 
Com relação à possibilidade de quem paga os alimentos, esclareça-se que 
na VI Jornada de Direito Civil foi aprovado o Enunciado n. 573, 
prescrevendo que “na apuração da possibilidade do alimentante, observar-
se-ão os sinais exteriores de riqueza”. 
 9 
Esses sinais exteriores de riqueza, geralmente, são colhidos em redes 
sociais na internet, caso do Facebook e do Instagram, servindo a ata 
notarial para demonstrar os fatos correlatos. Como é notório, o CPC/2015 
tratou especificamente desse documento, estabelecendo o seu art. 384 que 
“a existência e o modo de existir de algum fato podemser atestados ou 
documentados, a requerimento do interessado, mediante ata lavrada por 
tabelião. Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som 
gravados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata notarial”. Essa 
previsão expressa deve incrementar o seu uso nos próximos anos, 
especialmente nas demandas de Direito de Família. 
Cumpre destacar que a jurisprudência também já tem admitido provas 
extraídas de sites de relacionamentos e de redes sociais, como se retira do 
seguinte aresto, dentre muitos que poderiam ser trazidos à colação: 
“Agravo de instrumento. Ação de alimentos. Elevação. Adolescente com 
treze anos de idade. Necessidades presumidas. Agravado que demonstra 
sinais exteriores de riqueza condizentes com a fixação de um salário 
mínimo para o dever alimentar. Afinal de contas, em redes sociais ele 
mesmo intitula-se sócio-proprietário de imobiliária, além de ser 
proprietário de dois veículos automotores. Parecer pelo improvimento. 
Agravo provido. Unânime” (TJRS, Agravo de Instrumento 0116433-
24.2016.8.21.7000, 8.ª Câmara Cível, Gravataí, Rel. Des. Ivan Leomar 
Bruxel, j. 08.09.2016, DJERS 13.09.2016). 
“Agravo de instrumento. Alimentos provisórios. Liminares. Majoração. 
Indeferimento. Caso de alguma prova de sinal exterior de riqueza exibido 
pelo alimentante em rede social que deve ser considerada. Alimentos 
liminares majorados para meio salário mínimo. Deram parcial provimento” 
(TJRS, Agravo de Instrumento 210386-13.2014.8.21.7000, 8.ª Câmara 
Cível, Capão da Canoa, Rel. Des. Rui Portanova, j. 21.08.2014, DJERS 
26.08.2014). 
 10 
Portanto a tem que obedecer ao trinômio, possibilidade, necessidade e pro-
porcionalidade. 
“Elucidando no campo prático, vejamos uma pequena história, geralmente 
utilizada em minhas aulas e palestras, para demonstrar que esse montante 
de um terço dos rendimentos do alimentando não é fixo, muito menos 
obrigatório. 
Imagine-se um caso em que um cantor sertanejo está fazendo shows por 
todo o Brasil. Certo final de semana esse cantor vai até uma cidade do 
interior mineiro para uma apresentação e conhece uma fã muito bonita. 
Apaixonam-se por um instante e têm um relacionamento sexual sem as 
devidas proteções. Uma aventura... 
No caso descrito a fã engravida. Nove meses depois do nascimento da 
criança e após a realização de um exame de DNA em laboratório privado o 
cantor reconhece o filho como seu, no cartório de Registro das Pessoas 
Naturais, no momento do nascimento. Entretanto, por um descuido de seus 
empresários, o pai não vem pagando os alimentos pactuados livremente, 
em acordo entre as partes, o que motiva a propositura de ação de alimentos 
com base na Lei 5.478/1968. 
Para ilustrar, esse cantor tem um ganho mensal de cerca de R$ 240.000,00 
reais e gasta cerca de R$ 5.000,00 mensais com a manutenção de um filho, 
havido de outra aventura, e que reside na Capital de São Paulo, cidade 
onde os gastos são maiores. 
Surge então a pergunta: qual o valor dos alimentos definitivos a ser fixado 
nessa ação proposta pelo filho que reside no interior? 
Logicamente, deve ser afastado de imediato o montante correspondente a 
um terço do salário do alimentante (R$ 80.000,00), o que é demais para 
manter essa criança, ainda mais em uma pequena cidade do interior 
mineiro. Essa fixação conduz ao enriquecimento sem causa do interessado, 
sendo, portanto, inadmissível, pela vedação constante do art. 884 do CC. 
 11 
Alguns poderiam defender a fixação em R$ 5.000,00, assim como recebe o 
outro filho da Capital de São Paulo, diante da igualdade entre filhos 
constante do art. 227, § 6.º, da CF/1988 e do art. 1.596 do CC. Para afastar 
essa tese, atente-se que os dois filhos, no que tange à especial situação de 
necessidade alimentar, não estão em situação de igualdade estrita, pois 
residem em locais diversos, onde os gastos mensais são totalmente 
diferentes. Como visto anteriormente, a possibilidade de se analisar a 
situação alimentar dos filhos de maneira diferente foi reconhecida por 
recente julgado superior (STJ, REsp 1.624.050/MG, 3.ª Turma, Rel. Min. 
Nancy Andrighi, j. 19.06.2018, DJe 22.06.2018). 
Concluindo, imperioso entender que o valor deve ser fixado com 
razoabilidade, uma vez que o montante de R$ 2.000,00 ou de R$ 2.500,00 
mensais pode até ser justo e razoável para manter esse filho, residente na 
pequena cidade do interior mineiro, com o mesmo padrão do outro que 
reside na Capital de São Paulo. Razoabilidade e proporcionalidade sempre 
devem estar presentes, portanto. Não se pode admitir, em hipótese alguma, 
que os alimentos sejam utilizados como punição. Muito ao contrário, não é 
esse o seu fundamento, mas sim a manutenção das pessoas que deles 
necessitam.” Direito Civil - Direito de Família - Vol. 5 - TARTUCE, 
Flávio 
 
3) Características do direito à prestação 
a) personalíssimo – tutelar a integridade física do individuo 
b) transmissível – (art.1700) – herdeiros do alimentante terão a obrigação, 
quanto aos herdeiros do alimentário deverão requerer alimentos de quem 
seja obrigado a prestá-los 
c) incessível – em relação ao credor (1707) – as vincendas, as vencidas po-
dem (dívidas). 
d) irrenunciável – (art. 1707) – pode deixar de exercer, mas não renunciar. 
 12 
Apesar do choque doutrinário e jurisprudência, é forçoso concluir que, 
realmente, os alimentos são irrenunciáveis, pois o art. 1.707 está em 
sintonia com o art. 11 do CC/2002. Ora, os alimentos são inerentes à 
dignidade da pessoa humana, sendo o direito aos mesmos um verdadeiro 
direito da personalidade. 
 
“Tendo os conviventes estabelecido, no início da união estável, por 
escritura pública, a dispensa à assistência material mútua, a superveniência 
de moléstia grave na constância do relacionamento, reduzindo a capacidade 
laboral e comprometendo, ainda que temporariamente, a situação financeira 
de um deles, autoriza a fixação de alimentos após a dissolução da união. De 
início, cabe registrar que a presente situação é distinta daquelas tratadas em 
precedentes do STJ, nos quais a renúncia aos alimentos se deu ao término 
da relação conjugal. Naqueles casos, o entendimento aplicado foi no 
sentido de que, „após a homologação do divórcio, não pode o ex-cônjuge 
pleitear alimentos se deles desistiu expressamente por ocasião do acordo de 
separação consensual‟ (AgRg no Ag 1.044.922-SP, Quarta Turma, DJe 
02.08.2010). No presente julgado, a hipótese é de prévia dispensa dos 
alimentos, firmada durante a união estável, ou seja, quando ainda existentes 
os laços conjugais que, por expressa previsão legal, impõem aos 
companheiros, reciprocamente, o dever de assistência. Observe-se que a 
assistência material mútua constitui tanto um direito como uma obrigação 
para os conviventes, conforme art. 2.º, II, da Lei 9.278/1996 e arts. 1.694 e 
1.724 do CC. Essas disposições constituem normas de interesse público e, 
por isso, não admitem renúncia, nos termos do art. 1.707 do CC: „Pode o 
credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, 
sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou 
penhora‟. Nesse contexto, e não obstante considere-se válida e eficaz a 
renúncia manifestada por ocasião de acordo de separação judicial ou de 
 13 
divórcio, nos termos da reiterada jurisprudência do STJ, não pode ela ser 
admitida na constância do vínculo familiar. Nesse sentido há entendimento 
doutrinário e, de igual, dispõe o Enunciado 263, aprovado na III Jornada 
de Direito Civil, segundo o qual: „O art. 1.707 do Código Civil não impede 
seja reconhecida válida e eficaz a renúncia manifestada por ocasião do 
divórcio (direto ou indireto) ou da dissolução da „união estável‟. A 
irrenunciabilidade do direito a alimentos somente é admitida enquanto 
subsista vínculo de Direito de Família‟. Com efeito, ante o princípio da 
irrenunciabilidade dos alimentos, decorrente do dever de mútua assistênciaexpressamente previsto nos dispositivos legais citados, não se pode ter 
como válida disposição que implique renúncia aos alimentos na constância 
da união, pois esses, como dito, são irrenunciáveis” (STJ, REsp 
1.178.233/RJ, Rel. Min. Raul Araújo, j. 18.11.2014, DJe 09.12.2014). 
 
e) imprescritível – alimentário tem o direito de exigir a qualquer tempo, 
mas fixado prescreve em 2 anos (art.206§ 2º) 
f) impenhorável – mantença do necessitado (1707 e 648CPC) 
g) incompensável – priva-se o alimentário dos meios de sobrevivência. 
h) intransacionável – direito de pedir alimentos (art. 841), somente o quan-
tum é transacionável. 
i) divisível. Ex. 4 filhos para o pai, cada 1 e responsável por ¼ (art. 1698 2ª 
parte); litisconsórcio (provocado pelo autor ou ulterior). Para o idoso é so-
lidária, pode escolher (art. 12 EI). 
j) atual – visa satisfazer necessidades atuais e não passadas exceto por con-
venção, testamento ou ato ilícito. 
k) irreversíveis – pagos não serão restituídos, por qualquer motivo que te-
nha possibilitado a cessação. 
4) Características da obrigação de prestar alimentos 
 14 
a) condicionalidade – surge somente com a ocorrência dos pressupostos 
legais, faltando um deles cessa a obrigação. 
b) mutabilidade do valor – conforme se alterem os pressupostos (possibili-
dadeXnecessidades). (art. 1699) 
c) reciprocidade – (arts. 1696 e 1697, 1698) 
5) Classificação 
a) finalidade 
- Provisionais (concomitantes ou antes das ações de família) – tutela 
provisória, de urgência ou de evidência, entre os arts. 300 a 311 do 
CPC/2015. 
- Provisórios (art.4º Lei 5478) – início litis 
- Regulares ou definitivos– fixados por sentença judicial 
- Transitórios - reconhecidos pela jurisprudência do STJ, são aqueles fixa-
dos por determinado período, a favor de ex-cônjuge ou ex-companheiro, 
para que volte ao mercado de trabalho, e fixando-se previamente o seu ter-
mo final. Conforme se extrai de importante ementa daquele Tribunal Supe-
rior, “a obrigação de prestar alimentos transitórios – a tempo certo – é ca-
bível, em regra, quando o alimentando é pessoa com idade, condições e 
formação profissional compatíveis com uma provável inserção no mercado 
de trabalho, necessitando dos alimentos apenas até que atinja sua autono-
mia financeira, momento em que se emancipará da tutela do alimentante – 
outrora provedor do lar –, que será então liberado da obrigação, a qual se 
extinguirá automaticamente” (STJ, REsp 1.025.769/MG, 3.ª Turma, Rel. 
Min. Nancy Andrighi, j. 24.08.2010, DJe 01.09.2010, ver Informativo n. 
444). 
 
b) natureza 
- Naturais estritamente o necessário (alimentos, vestuário) (1694 § 2º e 
1704) 
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3 correntes: 
A primeira corrente sustenta a total impossibilidade de discussão de culpa 
para a dissolução do casamento, incluindo a questão de alimentos, estando 
revogados tacitamente os arts. 1.702 e 1.704, caput, do CC.). (IBDFAM) 
Para a segunda corrente, não há possibilidade de se discutir a culpa para a 
dissolução do casamento em sede de ação de divórcio. Todavia, a culpa 
pode ser debatida em sede de ação especial de alimentos, podendo os ali-
mentos ser fixados nos parâmetros dos arts. 1.694, § 2.º e 1.704, caput e 
parágrafo único, do Código Civil. Assim, não haveria revogação de tais 
comandos legais. 
Por fim, a terceira corrente alega que em algumas situações, de maior gra-
vidade, a culpa pode ser debatida em sede de ação de divórcio, inclusive 
para a análise da fixação dos alimentos necessários. Destaque-se que tais 
alimentos também podem ser pleiteados em ação autônoma, o que depende 
da opção processual dos requerentes. Do mesmo modo, não houve revoga-
ção dos arts. 1.694, § 2.º, e 1.704, caput e parágrafo único, do Código Civil. 
Mantém-se um sistema dual, com e sem culpa, podendo esta ser mitigada 
em algumas situações. O art. 1.702 do CC somente terá aplicação aos sepa-
rados judicialmente até a Emenda do Divórcio, eis que a separação jurídica 
foi banida do sistema; mesmo tendo sido reafirmada pelo CPC/2015. Pode-
se até ler no dispositivo menção à ação de divórcio e não mais à separação 
judicial. 
 
- Civis (educação, instrução, assistência) 
c) quanto à causa jurídica 
- Voluntários (declaração de vontade inter vivos ou causa mortis) 
- Ressarcitórios – indenizar vítimas de ato ilícito (art.948 II) 
- Legítimos ou legais– imposto pela lei – art. s 1694, 1702 e 1704. - Direito 
de família só esses geram prisão. 
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- compensatórios - “uma prestação periódica em dinheiro, efetuada por um 
cônjuge em favor do outro na ocasião da separação ou do divórcio vincular, 
onde se produziu um desequilíbrio econômico em comparação com o estilo 
de vida experimentado durante a convivência matrimonial, compensando 
deste modo, a disparidade social e econômica com a qual se depara o 
alimentando em função da separação, comprometendo suas obrigações 
materiais, seu estilo de vida e a sua subsistência pessoal” Rolf Madaleno 
(Curso..., 2008, p. 725). 
A hipótese típica é de escolha pelas partes do regime de separação 
convencional de bens, em que não há a comunicação de qualquer bem. 
Finda a sociedade conjugal ou convivencial, é possível que um dos 
consortes pleiteie do outro uma verba extra, a título de alimentos 
compensatórios. 
“No caso dos autos, executa-se a verba correspondente aos frutos do 
patrimônio comum do casal a que a autora faz jus, enquanto aquele se 
encontra na posse exclusiva do ex-marido. Tal verba, nestes termos 
reconhecida, não decorre do dever de solidariedade entre os cônjuges ou da 
mútua assistência, mas sim do direito de meação, evitando-se, enquanto 
não efetivada a partilha, o enriquecimento indevido por parte daquele que 
detém a posse dos bens comuns. A definição, assim, de um valor ou 
percentual correspondente aos frutos do patrimônio comum do casal a que 
a autora faz jus, enquanto aquele encontra-se na posse exclusiva do ex-
marido, tem, na verdade, o condão de ressarci-la ou de compensá-la pelo 
prejuízo presumido consistente na não imissão imediata nos bens afetos ao 
quinhão a que faz jus. Não há, assim, quando de seu reconhecimento, 
qualquer exame sobre o binômio „necessidade-possibilidade‟, na medida 
em que esta verba não se destina, ao menos imediatamente, à subsistência 
da autora, consistindo, na prática, numa antecipação da futura partilha. 
Levando-se em conta o caráter compensatório e/ou ressarcitório da verba 
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correspondente à parte dos frutos dos bens comuns, não se afigura possível 
que a respectiva execução se processe pelo meio coercitivo da prisão, 
restrita, é certo, à hipótese de inadimplemento de verba alimentar, 
destinada, efetivamente, à subsistência do alimentando” (STJ, RHC 
28.853/RS, 3.ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. p/ Acórdão Min. 
Massami Uyeda, j. 01.12.2011, DJe 12.03.2012). 
 
- gravídicos (lei 11804/08) – art. 1º e 2º 
desnecessário e inaceitável neologismo, pois alimentos são fixados para 
uma pessoa e não para um estado biológico da mulher – desconhece que o 
titular do direito a alimentos é o nascituro, e não a mãe, partindo de 
premissa errada, o que repercute no teor da lei” (CHINELLATO, Silmara 
Juny. Código Civil..., 2009, p. 29). 
A ação de alimentos gravídicos não se extingue ou perde seu objeto com o 
nascimento da criança, pois os referidos alimentos ficam convertidos em 
pensão, até eventual ação revisional em que se solicite a exoneração, redu-
ção ou majoração do valor dos alimentos; ou mesmo até quando se obtenha 
o resultado sobre o eventual vínculo que une as partes em ação de investi-
gação ou negatória de paternidade (STJ, REsp 1.629.423/SP, publicado no 
seu Informativo n. 606). 
Fixação – art. 6º - 
 
6) Extinção 
a) pela morte do alimentando. 
b) pelo desaparecimento de um dos pressupostos. 
c) art. 1708 
d) Sumula 358 STJ – “O cancelamento de pensão alimentícia de filho que 
atingiu a maioridade está sujeito à decisãojudicial, mediante contraditório, 
ainda que nos próprios autos.”

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