Buscar

IndividualxColetivoO Antagonismo Democrático das Sociedades

Prévia do material em texto

Universidade Federal de Juiz de Fora
Instituto De Ciências Humanas
Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas
Disciplina: Teorias da Democracia I
Docente: Leonardo Andrada
Discente: Davi de Almeida Esteves
Resenha “Ensaística” acerca das Particularidades e 
 Diferenças entre a concepção de Democracia 
 Antiga e Moderna. Baseada nas aulas e bibliografia 
 Discutidas em sala. 
UFJF - JUIZ DE FORA 05 DE JULHO DE 2016
Individual x Coletivo: O Antagonismo Democrático das Sociedades
Individual x Collective: The Democratic Antagonism Corporation
Davi de Almeida Esteves
Prefacio
Falar das particularidades e diferenças entre a concepção de democracia antiga e moderna é pautar sobre um antagonismo Histórico que permeia o evoluir do individuo, do coletivo, dos seus direitos e deveres e, sobretudo da liberdade que permeia esse antagonismo. Discorrer sobre o secular embate entre o Dominador e dominado perpassando as entrelinhas economicosocias, que pautadas no eterno materialismo, sempre se fez presente a partir do momento em que o homem propôs organizar-se em sociedade, no intuito de garantir sua sobrevivência como ser.
Introdução
Individuo e coletividade, direitos e obrigações, liberdade e restrição, termos antônimos em nossa literatura porem sinônimos do evoluir comportamental que inquietam as sociedades Humanas desde os primórdios, tanto naquelas consideradas antigas conquanto nas ditas Modernas. Em comum a todas, está o Homem ou ser Humano, assim entendido como animal racional superior devido a sua, capacidade cognitiva que o fez destacar-se, propiciando-o “dominar” os demais seres vivos, que ao fim o tornou uma Espécie em ascensão, vindo a super povoar o planeta. 
Num primeiro momento, esses Homens quase não se entendiam, tentado cada um de forma individual sobreviver no ambiente e aos demais animais que como ele compartilhava do mesmo espaço, uma vez que o Homem nunca esteve no topo da cadeia alimentar, obrigando-o a reunir-se em grupos numa espécie de acordo, afim de que juntos pudessem garantir sua sobrevivência. Situação que, ao poucos foi evoluindo para aldeias, vilas, cidades numa concepção coletiva de vivencia o que por deveras subjugava o pensar e agir individual, e que como tal necessitava de uma mínima forma de organização. 
Essa Organização verificada em Atenas na Grécia antiga (sem entrar no mérito das democracias tribais como nos ensinou Finley) se dava de forma direta, onde o povo (demos) exercia o poder (cracia) se manifestando na chamada Ágora, onde “todos” decidiam sobre todos os assuntos públicos e relativos ao bem viver coletivo. Porem, com o tempo a evolução do Homem e de seu ambiente acabou por originar as grandes nações ou aglomerados urbanos, tornando inviável tal forma de representatividade uma vez que, cada povo, respeitada sua particularidade procura orienta-se por leis e organismos burocráticos, assim o fazendo de forma indireta, via sufrágio sendo esta manifestada nos parlamentos ou casas legislativas, no intuito de interpor a vontade da maioria, manter a liberdade individual, preservar a cultura e a harmonia entre seus cidadãos, seu modo de vida e sua independência, frente às demais nações que, ao fim e ao cabo tornam cada uma única em sua concepção soberana de sociedade.
“Ha muito tempo os homens se organizam para perder menos, uma vez que há muito, não se conquista mais nada.” (AULA, apub UFJF, 14/04/16)
Um imbróglio secular
Notório é o eterno embate entre Dominadores e dominados, um imbróglio secular pautados nas diversas facetas do Materialismo, fenômeno constatado nas diversas sociedades em diferentes épocas que se sucederam perante o evoluir humano, sendo que uma das maiores distinções entre as sociedades ditas democráticas, sejam elas antigas ou modernas é sua forma de representatividade. Na polis grega, por exemplo, foi constatada uma forma de organização independente e autônoma em que seus indivíduos possuíam uma liberdade de participação na vida social, que era exercida de forma direta, se manifestava em reuniões em praça publica onde todos de forma igualitária decidiam sobre questões referentes à coisa publica. Porem essa liberdade perante o coletivo não se manifestava no cerne particular, pois como nos descreve Constant (1815,p.63) “ É evidente que nenhum individuo, nenhuma classe ,tem direito de submeter os demais á sua vontade particular .” uma vez que, suas vontades atos e desejos sempre eram limitados em prol da coletividade, pois na sociedade em que viviam seu atos e ações eram literalmente direcionados ao bem estar coletivo, uma vez que devia satisfação a todos, numa espécie de força Dominadora que limitava as vontades pessoais. 
Limitação essa que o Homem, sufocado em sua Liberdade começa-se a questionar uma vez que ele efetivamente não é beneficiado em suas vontades individuais, não tendo as mesmas reconhecidas, pois segundo Constant (1815, p.61) “Se sua legitimidade é reconhecida em alguns casos, haverá de se reconhecê-la em todos.” o que acaba por levá-lo á romper com o sistema e a conseqüentes discordâncias ideológicas, evoluindo rapidamente para conflitos de sangue que acabaram por marcar uma fase considerável da Historia evolutiva da Sociedade humana, e que só foi superada quando o próprio Homem já fatigado diante de tanta intolerância perante sua incansável busca de liberdade, entende que não obterá êxito em uma luta de individuo contra individuo e que a única solução plausível é efetuar um acordo com seu semelhante que segundo Constant (1815, p.61)” Se supõe sancionado o poder de alguns pelo consentimento de todos.” a fim de juntos garantirem sua respectiva sobrevivência perante a real chance de se exterminarem como ser, uma vez que, todos os recursos vitais a seu sustento se esvairavam sendo consumidos pelos conflitos que só se faziam multiplicar sem se chegar a um consenso resolutivo. 
Confrontação
A democracia antiga e a moderna possuem diferenças e igualdades que as tornam peculiares porem o fato é que, a moderna pode ser entendida como uma evolução dos preceitos da antiga,que era exercida afim de manter a ordem evitando tanto o conflito ideológico quanto o de interesse, sendo que hoje essa ordem é entendida como a capacidade de Governar que, ao fim e ao cabo tem funcionalidades semelhantes.
A Democracia Ateniense em particular e dentro do escopo Grego deixou um legado para as Sociedades Modernas que segundo Finley (1988,p.27) “ninguém poderá contestar [pois] foram os primeiros a pensar sistematicamente sobre política, a observar, descrever e, finalmente, formular teorias políticas.” Perpassando pelo instituto do trabalho uma vez que, 
“(...) no mundo ocidental moderno, tanto na teoria quanto na prática, não pode ser inteiramente explicada sem que se busque na historia da Antiguidade greco-romana a disposição distintiva das relações entre as classes apropiadoras e produtoras na cidade Estado greco-romana,”(WOOD,2011P.157) 
E manifestando-se também pela sua forma de representação baseada na Eclésia que era uma espécie de assembléia de “todos”, em que se decidiam de tudo, desde as contas publicas ate declarações de guerra, era uma forma direta de se fazer política em que todos os cidadãos tinham o mesmo peso ao votar, mesmo direito de falar e todos estavam aptos a assumirem cargos públicos, porem como todo sistema político o Ateniense tinha suas falhas, entre as quais excluíam as mulheres, os estrangeiros, alem de serem tolerantes com a escravidão que segundo Finley (1988,p.28) eram uma “justificativa para a guerra.” Alem de propiciarem a seus membros exercerem com freqüência suas atividades políticas,uma vez que Finley (1988,p.31) nos informa que as assembléias eram constantes uma vez que “ela se reunia [...] durante o anotodo,no mínimo 40 vezes.” 
Uma característica importante e que marca a Democracia Ateniense é sem duvida sua intolerância perante os direitos individuais que eram literalmente ceifados em detrimento do coletivo e do publico, pois como o descrito em Finley (1988, p.42) “Um homem pode ao mesmo tempo cuidar de seus assuntos particulares e dos do Estado.”,conquanto sabemos que nas democracias ditas Modernas o individuo não tem tempo para ocupar-se com questões políticas ou de Estado, delegando as mesmas a seus representantes que ele escolheu livremente ao exercer seu direito de voto,pois esse individuo tem todo um rol de ocupações relacionados a Família, ao trabalho, a afazeres do lar e ate mesmo com atividades de lazer que para a grande maioria das pessoas é mais importantes do que dispender tempo em prol da coletividade. 
Outro paradigma verificado por Finley na democracia grega em relação à moderna é que ela “era mais falada do que escrita.” o que vai ao desencontro das contemporâneas que a exemplo dos Estados Unidos adotou a escrita como forma de legitimar e perpetuar suas decisões,uma vez que o instituto da escrita documental é um artifício que mesmo com o adventos das Tecnologias de armazenamentos digitais, não é abandonado uma vez que sua confiabilidade é inquestionável.
Nas Democracias Modernas cuja forma representativa é indireta, temos diversos atores, como por exemplo, o político persuasivo, argumentador e carismático capaz de angariar votos com sua excelência em dialogar para multidões, em proferir discursos arrebatadores capazes de lhe garantir mandatos recorrentes, ou ate mesmo espaço para os Fantoches políticos que se sustentam através de interesses corporativos de uma elite proprietária. Esse fenômeno seria improvável nas democracias antigas ou indiretas, pois Finley (1988, p.38) nos informa que “para permanecer como membro era preciso manter o desempenho.” E não apenas discursos inflamados e intelectuais que o garantissem no cargo uma vez serem os mesmo de livre ocupação, alem destes cargos não poderem ser comprados uma vez que “a Liderança era direta e pessoal, não haviam lugar para marionetes medíocres manipulados por traz da cena pelos “verdadeiros” lideres.”(FINLEY,1988,p37)
Referencias
CONSTATNT, Henry Benjamin Constant de Rebecque, Princípios políticos constitucionais, principio políticos aplicados a todos os governos e particularmente á constituição atua da França (1814), 1815, Coleção Estudos Políticos Constitucionais. Líber júris
FINLEY, Moses finley. “Democracia Antiga e Moderna”.Edição revista/M.I.Finley:tradução Waldir Barcelos, Sandra Bedran, revisão técnica : Neyde then- Rio de janeiro,Graal, 1988.
PINTO, Renata de Sousa. A democracia antiga e a moderna. Prim@ facie, João Pessoa, ano 2, n. 3, p. 57-67, jul./dez. 2003. Disponível em: < http://periodicos.ufpb.br/index.php/primafacie/article/viewFile/4421/3332 >. Acesso em: 06 de Julho de 2016
WOOD, Ellen Meiksins Wood,Democracia Contra Capitalismo, A renovação do materialismo histórico,Tradução Paulo Cezar Castanheira ,2011,Boi tempo.
.
�PAGE �
�PAGE �2�

Continue navegando