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SOCIEDADE ANÔNIMA Cristian Carlos da Silva Coelho¹ Edenildo Xavier da Silva¹ Gabriel Ribeiro de Abreu¹ Gustavo Italo Alves Batista¹ Jerry Adriano Torres Campelo¹ Laerte Santos Silva¹ Yuri Jesus Lima¹ RESUMO Este trabalho descreve uma Sociedade Anônima, abordando seus conceitos, onde mostra que é uma sociedade que limita a responsabilidade dos seus sócios até o valor da emissão de suas ações. Neste estudo mostra-se que a mesma pode ser classificada em aberta ou fechada, apresentando as suas respectivas características como Capital social, Sociedade de capital Subscrição pública do capital, Sociedade institucional ou estatutária, Responsabilidade limitada dos acionistas, Sociedade mercantil, dentre os demais aspectos que envolvem uma Sociedade Anônima. Palavras-chave: Sociedade anônima, Ações, Capital social. 1. INTRODUÇÃO Diante da oportunidade em que duas ou mais pessoas possam obter lucros, estas resolvem se unir constituindo uma sociedade. No entanto, é necessário se observar diversas regras que integram o contexto das Sociedades Anônimas, tais como ações, capital social e a sua constituição em si, sem mencionar inúmeras outras. ¹ Acadêmico do curso Bacharelado em Ciências Contábeis – FSA (Faculdade Santo Agostinho) Logo na primeira parte será discorrido sobre o seu conceito, abordando aspectos a acerca de sua divisão por ações e sobre a responsabilidade dos sócios. Em seguida serão abordadas suas características como a forma de divisão do capital social, a liberdade de transmissão de suas ações, dentre outras. Veremos como é dividida a sua classificação como Companhia fechada ou aberta, os requisitos e como se constitui uma sociedade anônima, valores imobiliários, e por último, os órgãos sociais. Esse trabalho não faz com que se finde o assunto, visto a grandiosidade e a diversidade do tema proposto, mas sim, abre a oportunidade para o debate e pesquisas mais afundo. 2. CONCEITO Sociedade Anônima (S/A) é um tipo de companhia que tem seu capital dividido por ações. Os sócios são chamados acionistas e têm responsabilidade limitada ao preço das ações adquiridas. Analisando o art. 1º da lei 6.404/76, a sociedade anônima, ou companhia como também é chamada, terá seu capital dividido por ações e a responsabilidade pela atividade exercida pelos acionistas será limitada até o preço das ações subscritas ou adquiridas por cada um dos mesmos. Em outras palavras, a sociedade anônima é a sociedade empresária que limita a responsabilidade dos seus sócios, chamados de acionistas, até o valor da emissão de suas ações. Promover a entrada de terceiros investindo capital na empresa tinha como objetivo principal acelerar o crescimento dela. Dessa forma, a maior quantidade de recurso aumentaria a produção e a circulação de produtos no mercado, o que contribuiria para o crescimento da economia. Seu capital é formado exclusivamente por ações, que são, em regra, plenamente negociáveis entre os acionistas ou entre os interessados em participar da companhia, ou seja, a participação do sócio ou acionista se dá através da subscrição ou aquisição de ações. Sobre o conceito de capital social da companhia, Fábio Ulhôa Coelho (2004, p. 64-65) explica que: “é bastante complexo, mas, grosso modo, trata-se de uma referência à contribuição que os sócios dão para a sociedade desenvolver a atividade econômica dela”. 3.CARACTERÍSTICAS Capital social O capital social é dividido em partes ou frações, denominadas Ações, ao contrário das sociedades contratuais, cujo capital é dividido em quotas. Sociedade de capital As S/A são tipicamente sociedades de capital; suas ações são livremente transmissíveis a qualquer pessoa porque o importante é a entrada do capital, pouco importando a qualidade do sócio. O estatuto da S/A pode limitar a transferência, estabelecendo, por exemplo, direito de preferência a outros sócios, mas não pode impedir a livre negociação. Como consequências de a S/A ser uma sociedade de capital, temos que as ações de um determinado acionista podem ser penhoradas por suas dívidas. Além disso, no caso de falecimento de um acionista, seus sucessores não poderão ser impedidos de ingressar no quadro social, nem tampouco poderão requerer a apuração de haveres do sócio falecido. Subscrição pública do capital (possibilidade) A concepção original das S/A é voltada para viabilizar grandes empreendimentos e a poupança popular é o meio mais eficaz de buscar recursos para consecução de seus objetivos sociais. Portanto, a possibilidade de buscar esses recursos, mediante a subscrição de capital, diferencia as S/A das demais sociedades. Sociedade institucional ou estatutária A S/A é regida pelo estatuto social, que é aprovado pela assembleia de fundação da sociedade e levado a registro na Junta Comercial, dando início à pessoa jurídica. Diz-se que tal sociedade tem natureza institucional porque, como já visto, o que importa é o objeto social a ser atingido, pouco importando a qualidade dos sócios. O estatuto da S/A não tem natureza contratual. Diferentemente das sociedades contratuais, onde os sócios pactuam as cláusulas do contrato social, nas S/A os novos acionistas aderem a um estatuto já existente – ou a um projeto de estatuto, no caso de constituição por subscrição pública. Responsabilidade limitada dos acionistas A responsabilidade dos acionistas está limitada ao preço de emissão das ações que o acionista subscrever. Integralizado o valor das ações subscritas, o sócio estará liberado de qualquer responsabilidade patrimonial, no caso de insucesso do empreendimento. Não se aplica, portanto, o previsto no seguinte Decreto: Art. 268. O titular da firma individual e os sócios das empresas por cotas de responsabilidade limitada respondem solidariamente, com seus bens pessoais, pelos débitos junto à seguridade social. (Decreto nº 3.048/99 de 6 maio de 1999) Sociedade mercantil A S/A será sempre mercantil, qualquer que seja seu objeto, de acordo com a LSA: Art. 2º - Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes. § 1º - Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio. 4. CLASSIFICAÇÃO As sociedades anônimas classificam-se em abertas e fechadas, de acordo com a negociação de seus valores mobiliários no Mercado de Capitais. É o que dispõe a LSA: Art. 4º - Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários. (Lei N° 6.404, de 15 de dezembro 1976) Valores mobiliários são títulos (de crédito) emitidos pela S/A para captar, junto ao mercado, os recursos necessários à consecução de seu objeto social. São eles: ações, debêntures, partes beneficiárias, bônus de subscrição, certificados de depósitos de ações e comercial papers. Companhia fechada A companhia fechada não tem valores mobiliários ofertados ao público em geral; seu capital advém da contribuição de seus acionistas, geralmente em pequeno número. Consequentemente, nas palavras de Marcelo Bertoldi, “os interesses da companhia e de seus sócios são regulados no âmbito do contrato de sociedade, sendo dispensada a tutela do interesse público. ” A companhia fechada poderá, ainda, ser de pequeno porte, atendendo ao disposto no artigo 294 da LSA. Para ser assim classificada, a companhia deverá ter menos de vinte acionistas, com patrimônio líquido inferior a ummilhão de reais (caput), desde que não seja controladora de grupo de sociedade, ou a ela filiadas (§ 3º). Assim enquadrada, a sociedade poderá deixar de publicar convocação para as assembleias-gerais, bastando obter do acionista o recibo do anúncio da convocação (inciso I), que poderá ser feita por correspondência com aviso de recebimento, por exemplo. Além disso, também estará isenta de publicar os documentos da administração (inciso II), bastando arquivá-los no Registro do Comércio. Companhia aberta Ao contrário da companhia fechada, a aberta pode buscar recurso junto ao mercado de capitais, pela oferta de valores mobiliários. Para proteção dos investidores, a lei exige que a sociedade anônima efetue seu registro junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Além dessa proteção, a LSA estabelece que as sociedades abertas assumam inúmeras responsabilidades para proteção do mercado. Exemplos: Art. 155... § 1º - Cumpre, ademais, ao administrador de companhia aberta, guardar sigilo sobre qualquer informação que ainda não tenha sido divulgada para conhecimento do mercado, obtida em razão do cargo e capaz de influir de modo ponderável na cotação de valores mobiliários, sendo-lhe vedado valer-se da informação para obter, para si ou para outrem, vantagem mediante compra ou venda de valores mobiliários. § 2º - O administrador deve zelar para que a violação do disposto no §1º não possa ocorrer através de subordinados ou terceiros de sua confiança. § 4º - É vedada a utilização de informação relevante ainda não divulgada, por qualquer pessoa que a ela tenha tido acesso, com a finalidade de auferir vantagem, para si ou para outrem, no mercado de valores mobiliários. Art. 157... § 4º - Os administradores da companhia aberta são obrigados a comunicar imediatamente à bolsa de valores e a divulgar pela imprensa qualquer deliberação da assembleia-geral ou dos órgãos de administração da companhia, ou fato relevante ocorrido nos seus negócios, que possa influir, de modo ponderável, na decisão dos investidores do mercado de vender ou comprar valores mobiliários emitidos pela companhia. Art. 177... § 3º - As demonstrações financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, e serão obrigatoriamente auditadas por auditores independentes registrados na mesma comissão. 5. CONSTITUIÇÃO A constituição da sociedade anônima deve observar as regras estabelecidas na Lei. Se os seus fundadores tiverem como objetivo a criação de uma companhia aberta é necessário obter o seu registro junto à CVM, devendo, para a constituição da companhia aberta ou fechada, serem observadas três condições (art. 80/LSA): 1) Subscrição de todo o capital por mais de uma pessoa. Se a sociedade anônima a ser constituída é fechada, o mínimo de subscritores da totalidade das ações em que se divide o capital social é dois, podendo ser pessoa jurídica ou física. Se aberta, exige-se no mínimo 3 (três) acionistas pessoas físicas subscritores das ações, uma vez que a composição do Conselho de Administração exige a participação de no mínimo três acionistas pessoas físicas (Art. 138, § 2º, 140 e 146/LSA); 2) Pagamento de no mínimo 10% da emissão das ações subscritas em dinheiro. Deve ser observado que as ações podem ser integralizadas através de três formas distintas: dinheiro, bens ou crédito. Assim este requisito diz respeito às ações integralizadas em dinheiro e a prazo, sendo que esta primeira prestação não poderá ser inferior a 10% do preço; 3) Depósito bancário dos valores pagos a título de subscrição do capital social. Mas, para a constituição ainda se exige a realização, como entrada, de 10% no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro a não ser que a lei reclame a realização inicial de maior valor, e o depósito, no Banco do Brasil S/A, ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro. 6. MODALIDADES DE CONSTIRUIÇÃO A sociedade anônima pode formar-se simultaneamente ou sucessivamente. Daí distinguirem-se as duas modalidades de criação da sociedade: simultânea e sucessiva. Na constituição simultânea os subscritores do capital se reúnem e por instrumento particular, representado pela ata da assembleia geral, ou por escritura pública, dão por constituída definitivamente a sociedade. A subscrição do capital se procede, nesses casos, particularmente, sem apelo ao público. Na constituição sucessiva, em que o capital se forma por apelo público aos subscritores, surge nítida a figura do fundador, que se encarrega de liderar a formação da sociedade em etapas sucessivas. Constituição por Subscrição Pública No sistema da lei vigente somente as companhias abertas se podem constituir por subscrição pública. O ato de subscrição constitui um negócio jurídico bilateral. Configura um contrato de adesão no qual o subscritor, assinalando a lista, boletim ou carta em separado, adere ao contrato, visando à constituição da sociedade anônima. A outra parte contratante não é sociedade, pois ainda está em formação, não tendo nascido; o contrato se forma com os fundadores. Encerrada a subscrição de todo o capital, os fundadores podem dar os primeiros passos para a constituição da sociedade. Cabe-lhes a convocação da assembleia de constituição que deverá promover a avaliação dos bens, se for o caso, e deliberar sobre a constituição da companhia. Assim, verificando-se que forma observadas as formalidades legais e não havendo oposição de subscritores que representem mais da metade do capital social, o presidente declarará constituída a companhia. Constituição por Subscrição Particular As companhias abertas, que não lançarem subscrição pública, e também as companhias fechadas, poderão adotar o sistema de constituição simultânea. A subscrição, nesses casos, será somente particular, sem nenhuma publicidade, concitando os subscritores a aderir à constituição. Será feita, portanto, no círculo íntimo de amigos ou familiares. A constituição da companhia, assim, pode fazer-se por deliberação dos subscritores em assembleia geral ou por escritura pública. Todos os subscritores, nesse caso, são fundadores. 7. VALORES IMOBILIÁRIOS São títulos de investimento que a sociedade anônima emite para obtenção dos recursos que necessita. Além da ação (valor mobiliário representativo de unidade do capital social), a companhia poderá emitir os seguintes principais valores imobiliários: Debêntures (art. 52 a 74) As debêntures são títulos representativos de um contrato de mútuo, em que a companhia é a mutuaria e o debenturista o mutuante. Os titulares de debêntures têm direito de crédito, perante a companhia, nas condições fixadas por um instrumento elaborado por esta, que se chama “escritura de emissão”. Tal instrumento estabelece se o crédito é monetariamente corrigido ou não, as garantias desfrutadas pelos debenturistas, as épocas de vencimento da obrigação e demais requisitos determinados por lei (art. 59, LSA). A comunidade de interesses dos debenturistas pode ser representada por um agente fiduciário, nomeado pela escritura de emissão. Sempre que as debêntures forem distribuídas, ou admitidas no mercado, a nomeação de agente fiduciário é obrigatória. Se a negociação das debêntures não se fizer no mercado, será facultativa a sua intervenção. Pode exercer a função de agente fiduciário dos debenturistas a pessoa física que preencher os requisitos que a lei estabelece para os administradores e a instituição financeira especialmenteautorizada pelo Banco Central do Brasil, observados os impedimentos que a lei contempla no art. 66, §3º. As debêntures, de acordo com a garantia oferecida aos seus titulares, podem ser de quatro espécies: 1. Com garantia real 2. Com garantia flutuante 3. Quirografária 4. Subordinada ou subquirografária as debêntures podem ter a cláusula de conversibilidade em ações e podem ser nominativas ou escriturais. Partes beneficiárias (art. 46 a 51) As partes beneficiárias são títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao capital social, que conferem aos seus titulares direito de crédito eventual, consistente na participação nos lucros da companhia emissora (art. 46, §1º, LSA). Dos lucros da sociedade anônima não poderá ser destinado às partes beneficiárias mais do que 10%. Esses títulos poderão ser alienados ou atribuídos. A atribuição, por sua vez, poderá ser onerosa, em pagamento a prestação de serviços, ou gratuita. A companhia Berta não poderá emitir partes beneficiárias. As partes beneficiárias terão a duração estabelecida pelos estatutos, nunca superior a 10 anos no caso de títulos de atribuição gratuita, salvo se emitidos em favor de sociedade ou fundação beneficente de empregados da companhia, hipótese em que os estatutos poderão fixar a duração do título livremente. As partes beneficiárias podem conter, também, a cláusula de conversibilidade em ações, devendo, neste caso, ser constituída uma reserva especial para capitalização. A alteração dos estatutos que importe em modificação ou redução das vantagens conferidas aos titulares das partes beneficiárias somente terá eficácia após sua aprovação pela metade, no mínimo, dos titulares das partes beneficiárias, reunidos em assembleia. Bônus de subscrição (art. 75 a 79) Os bônus de subscrição conferem aos seus titulares o direito de subscreverem ações da companhia emissora, quando de futuro aumento de capital social desta. O titular de um bônus não estará dispensado do pagamento do respectivo preço de emissão. São títulos criados pela sociedade anônima para alienação onerosa ou atribuição como vantagem adicional aos subscritores de suas ações ou debêntures. Ações (art. 11 a 45, LSA) As ações são valores mobiliários representativos de unidade do capital social de uma sociedade anônima, que conferem aos seus titulares um complexo de direitos e deveres. Classificam-se as ações segundo três critérios distintos: 1. Quanto à espécie: - Ordinárias: aquelas que conferem aos seus titulares os direitos que a lei reserva ao acionista comum. São ações de emissão obrigatória. O estatuto não precisará disciplinar esta espécie de ação, uma vez que dela decorrem, apenas, os direitos normalmente concedidos ao sócio da sociedade anônima. - Preferenciais: ações que conferem aos seus titulares um complexo de direitos diferenciado (como por exemplo, a prioridade na distribuição de dividendos). As ações preferenciais podem ou não conferir o direito de voto aos seus titulares. Para serem negociadas no mercado de capitais, os direitos diferenciados das preferenciais devem ser pelo menos um de três definidos na LSA (art. 17, §1º). O máximo de ações preferenciais sem direito a voto, ou com restrições a esse direito, tolerado por lei é de 50% das ações emitidas (art. 15, §2º). - De fruição: são aquelas atribuídas aos acionistas cujas ações foram totalmente amortizadas. O seu titular estará sujeito às mesmas restrições ou desfrutará das mesmas vantagens da ação ordinária ou preferencial amortizada, salvo se os estatutos ou a assembleia geral que autorizar a amortização dispuserem em outro sentido. 1. Quanto à classe: - As ações preferenciais se dividem em classes de acordo com o complexo de direitos ou restrições que, nos termos dos estatutos, forem conferidos aos seus titulares. - As ações ordinárias, em tese, não deveriam ser divisíveis em classes, na medida em que se conceituam justamente por conferirem um mesmo conjunto de direitos aos seus titulares. No entanto, a lei possibilita aos estatutos da companhia fechada a previsão de classes de ações ordinárias. As ações ordinárias das companhias abertas não poderão ser divididas em classes (art. 15, §1º). 1. Quanto à forma (art. 20, LSA): leva em conta o ato jurídico que opera a transferência de titularidade: - Nominativas: circulam mediante registro no livro próprio da sociedade emissora. - Escriturais: são mantidas, por autorização ou determinação dos estatutos, em contas de depósito em nome de seu titular. Essas ações são desprovidas de certificado e sua circulação se opera por lançamento da operação nos registros próprios da instituição financeira depositária, a débito da conta de depósito do alienante e a crédito da conta de depósito do adquirente. Os estatutos da companhia fechada podem estabelecer limites à livre circulação das ações representativas de seu capital social, desde que, dispõe a lei (art. 36), não impeçam a sua negociação nem sujeitem o acionista ao arbítrio dos órgãos de administração ou à maioria dos acionistas. O exemplo mais corrente de aproveitamento dessa faculdade do legislador encontra-se na previsão do direito de preferência para a compra de ações reconhecido aos demais acionistas da companhia. Nesse caso, aquele que pretender alienar suas ações estará obrigado a oferecê-las, inicialmente, aos demais integrantes do quadro associativo da sociedade anônima. A circulação das ações da companhia aberta, no entanto, não poderá sofrer qualquer restrição por parte dos estatutos. Capital Social O capital social de uma SA pode ser integralizado pelo acionista em dinheiro, bens ou créditos. Para a integralização do capital social em bens é necessário realizar-se a avaliação desses bens, que deve ser feita com observância de determinadas regras fixadas em lei (art. 8º, LSA). Se o valor obtido por laudo pericial for aprovado pelo órgão social e aceito elo subscritor, perfaz-se a integralização do capital social pelo bem avaliado. Qualquer bem, corpóreo ou incorpóreo, móvel ou imóvel, pode ser usado para a integralização do capital social da companhia. O bem transfere-se a título de propriedade, salvo estipulação diversa, e a responsabilidade do subscritor equipara-se, outrossim, à do vendedor. No tocante à integralização por créditos de que seja titular o subscritor, há de se observar a responsabilidade deste pela existência do crédito e pela solvência do devedor. Mesmo em se tratando de cessão civil, será sempre possível demandar o subscritor quando o devedor não honrar o título junto à companhia cessionária (art. 10, § único, LSA). O certificado de ação integralizada por transferência de crédito somente poderá ser expedido após a sua realização (art. 23, §2º, LSA). O capital social pode – e, em certos casos, deve – ser aumentado. O aumento do capital social, no entanto, nem sempre decorre de ingresso de novos recursos na companhia. 8. ÓRGÃOS SOCIAIS As sociedades anônimas possuem uma estrutura fixa, determinada pela lei 6.404/76. Deve existir uma divisão de órgãos dentro das companhias para que não haja relação de vantagem e desvantagens entre grupos de pessoas, além de manter a legalidade de tudo que se pratica dentro da empresa. Os referidos órgãos são: Assembleia Geral É o órgão mais poderoso no que diz respeito às decisões da empresa. A responsabilidade da assembleia é reunir os acionistas para discutir os interesses da companhia. Através de eleição, é possível decidir sobre o futuro dela ou mesmo destituir membros da administração e do conselho fiscal. Existem, ainda, a Assembleia geral ordinária e Assembleiageral extraordinária. A primeira é obrigatória e anual e visa discutir matérias pré-estabelecidas. A segunda pode ser convocada a qualquer momento, quando houver necessidade para se debater assuntos residuais ou urgentes; Conselho de administração É um órgão facultativo. Só precisa existir caso a sociedade seja do tipo dualista, isto é, quando, além da assembleia geral, existe outro órgão com poder de fiscalizar a diretoria, que, no caso, é o conselho de administração. É também um órgão deliberativo e composto por acionistas escolhidos pela assembleia geral, os chamados conselheiros. A principal função do conselheiro é agilizar as decisões. Cabe a ele também se reunir com os outros conselheiros para que possam discutir os negócios da empresa e fiscalizar o trabalho dos diretores. Diretoria É composta por, no mínimo, duas pessoas, que podem ser naturais, acionistas ou não. A escolha dos membros da diretoria é feita por eleição pela assembleia geral ou pelo conselho de administração, caso exista. As principais obrigações dos diretores são dirigir a empresa e representar legalmente os interesses dela. Conselho Fiscal É um órgão obrigatório na sociedade anônima. No entanto, o estatuto social da empresa é que define se ele será permanente ou funcionará apenas quando solicitado pelos acionistas. Esse conselho pode ser formado por três a cinco pessoas (acionistas ou não) e por mais alguns componentes de mesmo número, escolhidos pela assembleia geral. Os eleitos são chamados suplentes. O órgão em questão é como um assessor da assembleia geral, pois ajuda na votação de assuntos relevantes à administração tem por responsabilidade acompanhar de perto o andamento da gestão da empresa e fiscalizar os atos dos órgãos administrativos. Acionistas e poder de controle Em uma sociedade anônima, a participação dos investidores é medida pela quantidade de ações que eles possuem. Desta forma, o acionista precisa ter a maior parte das ações com direito de voto, o que dá o poder de controle da empresa. Mais especificamente, para comandar a empresa, é preciso deter boa parte das ações ordinárias, mais de 50%, o que dará ao acionista o controle majoritário. Essa regra geral do comando das companhias parte do pressuposto de que as sociedades são feitas para atender aos interesses dos sócios e, portanto, aquele que tem o maior controle das ações pode decidir pelos seus próprios interesses dentro da empresa. A partir disso, o acionista controlador pode escolher a maioria dos administradores, eleger os membros do conselho fiscal e dirigir as atividades sociais da empresa. Portanto, se essas atividades forem mal administradas, pode ser que a empresa enfrente problemas. 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS Notamos neste trabalho que estabelecer uma sociedade não é tão fácil quanto aparenta ser, vai mais adiante daquilo que imaginamos. Porém, possuímos um propósito jurídico e uma boa doutrina que orienta àqueles que querem seguir por este caminho, caminho este nem sempre rentável, mas cheio de responsabilidades, se não fosse dessa forma não haveriam normas específicas e bastantes regras, regras estas que se fazem necessárias para proteger àquele que desempenha seu trabalho dentro das conformidades da lei e desempenha com zelo seus negócios. Desta forma, é indispensável, antes de se dar inicio a uma sociedade, a consulta de um especialista na área, de forma para que não incorram erros que possam vir a lhe prejudicar. Não devemos esquecer que todos possuem responsabilidades, sejam elas grande ou pequena, de cumprir e se fazer cumprir o estatuto e o (s) objetivo (s) da sociedade, não podendo esquecer a função social que cada uma desenvolve. 10. REFERÊNCIAS BRASIL, Decreto n° 3.048, de 6 de maio de 1999. Aprovação do Regulamento da Previdência Social, dando outras providências. BRASIL, Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976.Dispõe sobre as Sociedades por Ações. COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial, volume 1. 6. ed. Ver. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2002. COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial, volume 2. 7.ed. ver. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2004. REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial, volume 2. 20. ed. – São Paulo: Saraiva, 1995.
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