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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 1 MODELOS TEÓRICOS EXPLICATIVOS ....................................................... 5 1.1 Conceitos de criminologia .................................................................... 6 2 GIRO SOCIOLÓGICO .................................................................................... 8 2.1 Objetos da criminologia ...................................................................... 10 2.1.1 Delito ............................................................................................ 13 2.1.2 Delinquente .................................................................................. 13 2.1.3 Vítima ........................................................................................... 15 2.1.4 Vitimização primária, secundária e terciária ................................. 17 3 TEORIAS DO CONSENSO .......................................................................... 19 4 TEORIAS DO CONFLITO ............................................................................ 20 5 MODERNA CRIMINOLOGIA CIENTÍFICA .................................................. 22 5.1 Modelos teóricos explicativos do comportamento criminal ................. 23 5.2 Sociologia criminal.............................................................................. 23 5.2.1 Escola de Chicago ....................................................................... 24 5.2.2 Associação diferencial .................................................................. 24 5.2.3 Anomia. Subcultura delinquente ................................................... 25 5.2.4 Subcultura delinquente ................................................................. 25 5.2.5 Labelling approach (interacionismo simbólico, etiquetamento, rotulação ou reação social) ................................................................................ 26 5.2.6 Teoria crítica ou radical ................................................................ 27 5.3 Psicologia criminal .............................................................................. 27 5.3.1 Principais áreas da psicologia forense ......................................... 29 5.4 Biologia criminal ................................................................................. 30 6 CONTROLE SOCIAL ................................................................................... 31 7 TIPOLOGIAS CRIMINOLÓGICAS: .............................................................. 32 8 INSTÂNCIAS DE CONTROLE DA CRIMINALIDADE ................................. 35 9 CRIMINOLOGIA CULTURAL: NOÇÕES INICIAIS ...................................... 38 9.1 Criminologia cultural, subculturas delinquentes e comportamentos desviantes.... .......................................................................................................... 40 10 CRIMINOLOGIA CLÍNICA ........................................................................... 40 11 PERSONALIDADE X CRIME ....................................................................... 42 11.1 A agressividade do ser humano ...................................................... 43 12 BIBLIOGRAFIA: ........................................................................................... 44 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 1 MODELOS TEÓRICOS EXPLICATIVOS A criminologia é uma ciência que se desenvolve por meio de métodos, que é moderna e não se ajusta aos paradigmas da certeza, portanto MOLINA diz que a criminologia não é uma ciência exata, que possua receitas mágica para acabar com o problema da criminalidade, senão uma ciência do ser e, como tal, não se sustenta no binômio causa-causalidade, que se ocupa de fatores, variáveis e correlações. (MOLINA apud. VIANA, p.150. 2020) A Criminologia por ser uma ciência, não é um fator definitivo nem absolutamente verdadeira, ela é apenas uma probabilidade, que se baseia em informações confiáveis, relativas ao multifatorial problema do fenômeno criminal. A Criminologia é também uma ciência aberta, que é flexível e está em constante evolução. A esse respeito PENTEADO (2020) traz um conceito sobre a criminologia: Pode-se conceituar criminologia como a ciência empírica (baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo e da vítima, e o controle social das condutas criminosas. A criminologia é uma ciência do “ser”, empírica, na medida em que seu objeto (crime, criminoso, vítima e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o direito, que é uma ciência do “dever- ser”, portanto, normativa e valorativa. (PENTEADO, p. 16, 2020) Essas ponderações se servem a demonstrar que erigir uma disciplina à categoria de ciência foi tarefa extremamente complicada, mas ao mesmo tempo extremamente proveitosa. E o percurso histórico da Criminologia demonstrou isso. Contudo, como afirmado, se se tem como inquestionável que a Criminologia é ciência, cumpre, agora, identificar o seu método e o seu objeto. Antes, porém, é imperioso conceituá-la. 6 1.1 Conceitos de criminologia A criminologia não possui um conceito determinado uma vez que segundo VIANA (2020) as definições de criminologia variam de autor para autor por razões facilmente compreensíveis, uma vez que a definição de Criminologia se dá, por cada um dos autores, assim como a extensão do seu objeto e método, motivo de haver descrições ligadas ao paradigma positivo causal-explicativo, outras que se ligam apenas ao crime e criminoso e, finalmente, conceitos críticos e abrangentes. VIANA (2020) traz ainda conceitos de criminologia por variados autores com o objetivo de demonstrar a sua amplitude enquanto ciência criminal. GAROFALO definiu a Criminologia como a ciência do delito, onde, ele diferenciava o delito sociológico, ou seja, o delito natural, como do delito jurídico, sendo o delito jurídico puramente normativo, uma vez que era o que o legislador considerava como digno de proteção pela lei penal. Já, o delito natural era compreendido como uma lesão relativa ao sentimento moral e consiste nos sentimentos altruístas fundamentais, ou seja, piedade e probidade, segundo o padrão em que se encontram as raças humanas superiores, cuja medida é necessária para a adaptação do indivíduo à sociedade. (GAROFALO. apud. VIANA, 2020) QUINTILIANO SALDAÑA: (...)em sua obra “A nova criminologia”, define a Criminologia como a ciência do crime ou estudo científico da criminalidade, suas causas e meios para combatê-la. No Brasil, muito próximo, Afrânio Peixoto a define como ciência que estuda o crime e o criminoso, isto é, a criminalidade. (QUINTILIANO SALDAÑA. Apud. VIANA. 2020) SEELING, definea criminologia como “conduta psíquico-corpórea e culposa de um homem, que por ser contrária à sociedade, é juridicamente proibida e ameaçada com uma pena”. (SEELING, apud. VIANA, 2020) 7 VIANA (2020) traz ainda alguns conceitos de outros autores em relação a criminologia, mas para encurtar o assunto no mundo moderno, tem-se o conceito de Garcia-Pablos de Molina que define a Criminologia como: (...) ciência empírica e interdisciplinar a qual tem por objeto o crime, o criminoso, a vítima e o controle social do comportamento delitivo e que provê uma informação válida, contrastada e confiável sobre a gênese, dinâmica e variáveis do crime – contemplando-o como fenômeno individual e produto social – bem como sobre sua eficaz prevenção, as formas e estratégias de reação ao mesmo e as técnicas de intervenção positiva no infrator e na vítima. (PABLOS. apud. VIANA, 2020) Alguns autores preferem a definição mais simples, que compreende a Criminologia como ciência que estuda os comportamentos delitivos e as reações sociais frente a esses. Assim, VIANA (2020) observa que não há determinação conceitual preferencial ou predominante, e traz o seguinte conceito: Criminologia é uma ciência empírica. Dito isso, e considerando-se todas as definições apresentadas, algumas (aparentemente) simples outras mais complexas, é possível compreender a Criminologia como ciência empírica e interdisciplinar responsável por subministrar elementos para compreender e enfrentar o fenômeno desviante. PENTEADO (2020) também entende a criminologia como uma ciência empírica e multidisciplinar: A interdisciplinaridade da criminologia decorre de sua própria consolidação histórica como ciência dotada de autonomia, considerando a influência profunda de diversas outras ciências, tais como a sociologia, a psicologia, o direito, a medicina legal etc (PENTEADO, 2020) Diante dos diversos conceitos citados entende-se então que a criminologia é um ramo científico que tem por objetivo o estudo do crime, da vítima, do criminoso, na modernidade mais voltado para o criminoso, para entender como e porque, ou seja, o que leva o indivíduo a praticar o ato criminoso. 8 2 GIRO SOCIOLÓGICO VERTENTES SOCIOLÓGICAS INSTITUTO CONTEÚDO ITEM CONCEITO Teorias que fazem parte da chamada virada sociológica. Tentam explicar o crime através de fatores alheios as questões biológicas; não têm paradigmas etiológicos baseados na patologia individual. 1 CRIMINOLOGIA DO CONSENSO Parte da ideia de um conjunto de valores e ideais comuns a todos os membros da sociedade, que baseia e fundamenta a ordem social. CRIMINOLOGIA DO CONFLITO A coesão se funda na coação que alguns membros exercem sobre os outros. Com isto se determina por meio de normas penais, a criação de dispositivos que assegurem tal ordem e, por conseguinte, o triunfo da classe dominante. Fonte: VIANA, p.211, 2020 9 Para que se identifique o marco científico da Criminologia, ou seja, quando a criminologia passa a ser utilizado o método que lhe caracteriza e, quando, este método é, de algum modo, balizado, determinado pelo objeto de estudo da ciência. Para tanto, é preciso definir o que é método, busca-se então o que diz Boudon e Lazarfeld, metodologia é uma análise sistemática dos procedimentos, hipóteses e meios de explicação com que nos deparamos na investigação empírica. A importância da metodologia é permitir a teorização mais eficaz dos fenômenos sociais. (VIANA, p. 152, 2020) Dessa forma o método, é o canal para a aproximação e verificação do objeto da ciência, por exemplo, existem alguns crimes que precisa de uma investigação que se aproxime da realidade ou seja, por meio de indução objetivando compreendê-lo, assim, conforme citado anteriormente presume-se que a Criminologia é uma ciência fática, que pertence às ciências empíricas que utilizam métodos indutivos. Os criminólogos, iniciam suas pesquisas a partir de dados que objetivam induzirem correspondentes conclusões, onde, seu objetivo é antes de tentar explicar o fenômeno do crime, a Criminologia pretende conhecê-lo. Pelo fato de conforme citado anteriormente a criminologia ser uma ciência empírica como também interdisciplinar, ou seja, uma ciência que busca em outras respostas para suas perguntas, a partir de uma forte interlocução com outras ciências objetivando induzir suas respostas. De forma que a interdisciplinaridade representa maior grau de influxos entre as ciências, ao passo que a multidisciplinaridade, menor grau de relação. VIANA (2020) então conclui ser a Criminologia uma ciência autônoma e interdisciplinar, cujo caráter científico é conferido pelo seu método, método esse que se orienta a partir das suas políticas de enfrentamento ao fenômeno desviante visualizando a realidade fática, assim como as experiências. 10 De forma que, quanto ao fenômeno desviante o diagnóstico sobre o comportamento criminal precisa ser resultado da aplicação de um método científico, essa comprovação se dá, essencialmente, com a utilização do método empírico, o qual evita um diagnóstico meramente causal e especulativo. 2.1 Objetos da criminologia Quanto ao objeto da criminologia pode-se observar que em suas diversas ocasiões, no decorrer do tempo este ocupava uma posição diferente, ou seja, em cada momento histórico da criminologia, há protagonismo de algum objeto, por exemplo, se o delito ocorreu na escola clássica, o protagonista do positivismo criminológico foi o delinquente. Com o desenvolvimento da criminologia, portanto, bem como o progresso da ciência determinou-se um multiprotagonismo dos objetos da Criminologia, os quais consolidam-se, modernamente, no seguinte quarteto: Delito. Delinquente. Vítima. Controle social. Enquanto o Direito Penal, está majoritariamente interessado no estudo do delito, a Criminologia se dispõe a estudar, também, questões relativas às pessoas envolvidas no conflito: o autor e a vítima. Diante dessa afirmativa a Criminologia ocupa-se do crime sem dúvida, mas também dele ocupam-se a Filosofia, a Sociologia e, especialmente, o Direito Penal. 11 Fonte: PENTEADO, p. 22. 2020 O conceito de crime é compreendido como um fenômeno jurídico, no entanto ele também é visto como um acontecimento com íntima relação com a cultura, com a religião e com a moral. VIANA (2020) preleciona: a Criminologia é uma ciência autônoma que tem por objetivo compreender o crime a partir de sua realidade, bem como contempla o delito como problema social, a qual parece ser tarefa obrigatória averiguar como esse fenômeno complexo e ambíguo é apreendido pela Criminologia. Para PENTEADO (2020) tanto o direito penal quanto a criminologia se ocupam de estudar o crime, sendo que, ambos possuem enfoques diferentes para o fenômeno criminal. 12 DIREITO PENAL CRIMINOLOGIA Ciência normativa, visualiza o crime como conduta anormal que deve ser punida, para tento, fixa uma punição, conforme sabe-se o direito penal conceitua crime como conduta. Vê o crime como um problema social, ou seja, um fenômeno que abrange quatro elementos constitutivos: (ação ou omissão) típica, antijurídica e culpável (corrente causalista). Incidência massiva na população uma vez que o crime não é um fato isolado, pois alcança a comunidade deum modo geral; Incidência aflitiva do fato praticado quando o crime causa dor à vítima e à comunidade; Espaço temporal do fato delituoso quando o delito ocorre reiteradamente por um período significativo de tempo no mesmo território; Consenso inequívoco acerca de sua etiologia e técnicas de intervenção eficazes (a criminalização de condutas depende de uma análise minuciosa desses elementos e sua repercussão na sociedade). Fonte: PENTEADO, p. 19. 202013 Ainda segundo os estudos de VIANA (2020) no âmbito criminológico a existência de um crime quando concorram os seguintes requisitos: Incidência massiva. Incidência aflitiva. Persistência espaço-temporal. Inequívoco consenso a respeito da sua etiologia e eficazes técnicas de intervenção. Consciência generalizada sobre sua negatividade. 2.1.1 Delito Para VIANA (2020) a criminologia ocupa-se do delito, bem como a filosofia, a sociologia e o direito penal, ainda nos dizeres de VIANA é difícil delimitar o delito, sendo seu conceito normativo e formal, ainda traça que alguns fatos que são penalmente irrelevantes, possuem repercussão e interesse criminológico, ele traz como exemplo o suicídio, o exercício da prostituição, bem como o aborto. Observa-se ainda, fatos que são considerados penalmente irrelevantes e que nem sempre são considerados pela sociedade como desviados, ou seja, como delito, a exemplo da posse de substância entorpecente para uso pessoal. 2.1.2 Delinquente Quando se fala em delinquente a Criminologia tem como objeto de estudo o protagonista do acontecimento (crime) que, na imagem tradicional da terminologia penal, denomina-se delinquente. 14 O denominado delinquente é o protagonista da etapa positiva, ou seja, da escola positiva. As compreensões clássica e positiva, possuem duas outras concepções de delinquentes: a correcionalista e a marxista. Veja as diferenciações no quadro a seguir: CORRECIONALISTA, MARXISMO O infrator é um ser inválido, incapaz de dirigir-se a si mesmo. Isso justifica, assim, a adoção de um modelo de Estado paternalista em relação ao delinquente, o qual chega a tratá-lo como menor. A responsabilidade do crime é da sociedade; o delinquente, convertido em vítima, é produto da estrutura econômica do Estado. Ainda se deve observar a teoria do labelling approach que possui especial repercussão, no qual se entende que se o crime é resultado de um processo de definição o qual, não tem uma realidade ontológica o criminoso, como tal, é o indivíduo definido como criminoso. (VIANA, 2020) De forma que alguém ser, ou não, criminoso está associado ao processo (social) de definição. Por isso, não fica difícil perceber que a definição de delito operada pela Criminologia destaca o seu giro sociológico e o consequente desloca o delinquente para um plano coadjuvante. 15 2.1.3 Vítima Anteriormente a vítima era deixada de lado pelo sistema penal, uma vez que o foco da criminologia era o estudo do comportamento do criminoso, entretanto, atualmente a vítima vem despertando o interesse da criminologia, de forma que compete então a Vitimologia o estudo científico das vítimas do delito. Nos dizeres de PENTEADO (2020) vitimologia é um conceito evolutivo, que passou do aspecto religioso para o jurídico, traz ainda que no decorrer dos tempos e por razões de cultura, ou seja, de costumes a sociedade sempre tratou o ofensor com ódio e não com piedade. A vitimologia é a ciência que se ocupa da vítima e da vitimização, cujo objeto é a existência de menos vítimas na sociedade, quando esta tiver real interesse nisso. (MENDELSOHN. apud. PENTEADO, 2020) Conforme PENTEADO (2020) cita em seu livro MENDELSOHN, classifica em 3 (três) grupos a vítima: Vítima inocente: que não concorre de forma alguma para o injusto típico. Vítima provocadora: de forma voluntária ou imprudente colabora com o ânimo criminoso do agente. Vítima agressora, simuladora ou imaginária: suposta ou pseudovítima, que acaba por justificar uma legítima defesa do agressor. No Brasil, Edgar de Moura Bittencourt, foi um dos pioneiros da vitimologia com sua obra Vítima, debaixo de muitas críticas trouxe o entendimento da vítima duplamente vitimizada, que além da vítima ser o sujeito passivo do crime lhe era transferida a responsabilidade pelo delito, a denominada vitimlogia clássica. 16 A partir da influência que a vitimologia causou na criminologia PENTEADO (2020) traz um esquema dessa remodelagem da criminologia: Na forma de descrever e medir a delinquência: Na necessária atenção que os controles sociais devem dispensar à vítima: Na forma de controlar a criminalidade não somente no âmbito da repressão como também no âmbito da prevenção. Isso porque o interesse da criminologia pela delinquência real derivou da constatação da existência de uma criminalidade oculta. A vitimologia evidenciou a desproteção das vítimas, o que influenciou a desproteção das vítimas, o que influenciou e precipitou o surgimento de importantes inovações legislativas; Naquele, por exemplo, a Vitimologia provocou o desenvolvimento da vitimodogmática. No âmbito da prevenção, os estudos vitimológicos foram, e ainda são, sobremodo importantes para o estudo da personalidade de vítima; mais precisamente do que se convencionou chamar de “predisposição da vítima”, cujo objetivo é duplo: realizar uma prevenção dos sujeitos que possuem aquela predisposição e, em relação àquelas que já tenham sido objeto de 17 vitimização, estabelecer programas de tratamentos terapêuticos que permitam a sua recuperação e impossibilitem a reincidência vitimaria. Fonte: Viana, p.166. 2020 2.1.4 Vitimização primária, secundária e terciária Com a nova estruturação da criminologia dada a vitimização, as razões criminológicas não são tão claras, havendo um modelo de estruturação sistêmica baseada em uma sociedade conflituosa, no entanto essa nova perspectiva criminológica bem como o estudo da vitimização, ou seja, os prejuízos derivados da experiência do fenômeno do crime, passa por um processo de consequências com especial importância, que se distingue diante das seguintes categorias: primária, secundária e terciária. VIANA (2020) conceitua a vitimização primária como um processo pelo qual a vítima sofre, direta ou indiretamente, os efeitos de um delito, que podem trazer traumas tanto traumáticos, quanto psíquicos. Ainda existe a vitimização secundária, também denominada de sobrevitimização ou revitimização, a qual consiste em custos adicionais causados à vítima em razão da necessidade de busca de ajuda dos meios formais de controle social, a exemplo dos crimes de estupro, onde a vítima encontra dificuldade na busca 18 por seus direitos pelo fato de se encontrar envergonhada, bem como outras situações que causam a vítima indecisão por procurar a polícia. Já a vitimização terciária de acordo com VIANA (2020) é um conceito que se encontra ainda em fase de concretização, ou seja, cita situações em que a vítima foi penalizada por meio de práticas de tortura, abusos e maus tratos. Existem as situações onde os delitos não “possuem vítimas”, são os casos em que algumas classes de pessoas estão sujeitas a sofrerem determinado delito, em razão do seu grupo social, situações e fatores que influenciam, a exemplo dos fatores de risco bem como o grau de vulnerabilidade. Existem as situações em que não existe uma vítima determinada, mas a coletividade é vítima daquele delito, a exemplo do porte de arma de fogo, pode-se citar ainda a denominada cifra negra, que é em relação à quantidade de crimes existentes e que não são denunciados, que não se consegue então determinar a quantidade real de crimes cometidos em um tempo e lugar determinados, a exemplo dos crimes de aborto que não se consegue precisar a quantidade existente. As denominadas cifras douradas tratam dos crimes de colarinho branco, que são as conhecidas práticas de crime que ocorrem por pessoas que detêm um certo poder, político e econômico. Para finalizar a vítima dogmática é aquela que compreende o exame do comportamento da vítima como um fator a ser considerado com o objetivo a considerar o equilíbrio do autor em relação ao tipo penal. VIANA(2020) traz um quadro exemplificativo a respeito da vítima-dogmática: VÍTIMA DOGMÁTICA Direção moderada Direção radical 19 Representantes HullenKamp; Winfried Hassemer Schunemann Fundamento Algumas vezes o comportamento da vítima pode diminuir o conteúdo da antijuricidade (danosidade social) do autor ou culpabilidade. Princípio da fragmentariedade, subsudiariedade. A intervenção jurídico-penal somente será legítima nas condutas que violem bens jurídicos de uma vítima merecedora de proteção. Consequência O comportamento da vítima somente pode repercutir no âmbito da dosimetria da pena, funcionando como critério de atenuação da responsabilidade do autor. Possibilidade de isenção da responsabilidade penal do autor em uma determinada classe de delitos, cometidos sem violência, como o de estelionato, por exemplo. 3 TEORIAS DO CONSENSO Teorias do consenso (etiológicas, epidemológicas ou integração): A teoria do consenso está ligada ao conservadorismo, cujo objetivo da sociedade ocorre quando existe concordância com as regras de convívio. 20 De modo que se as instituições funcionam perfeitamente, de modo que as pessoas compartilhem objetivos comuns e aceitam as normas vigentes, então a finalidade da sociologia será atingida. São exemplos da Teoria do consenso: Escola de Chicago; teoria da associação diferencial; teoria da anomia; teoria da desorganização social, teoria da subcultura delinquente e teoria da neutralização. Ao que se entende da teoria do consenso é de que toda a humanidade cada um fazendo a sua parte tudo funciona bem e aquele que destoa ou seja, que age de forma criminosa deve ser punido. A teoria do consenso se caracteriza pelos seguintes postulados: A ordem social se fundamenta no consenso; O Direito representa e tutela os valores básicos do sistema; O Estado garante na sociedade pluralista uma aplicação neutra das leis, colocando os interesses gerais da sociedade acima dos interesses particulares dos diversos grupos; A Criminologia examina as causas do comportamento delitivo que afasta certas pessoas do referido consenso (MOLINA, Antonio. PABLOS, García. 2006) 4 TEORIAS DO CONFLITO Quando se fala em teoria do conflito observa-se que se trata de teorias ligadas a movimentos revolucionários, movimentos estes que sustentam o entendimento de que a sociedade decorre de imposição de alguns e sujeição de outros. 21 Observa-se então que parte da ideia que os membros do grupo não compartilham os mesmos interesses, e o controle social se presta a garantia do poder vigente. Sendo assim, o conflito seria natural e, até mesmo, desejado quando, controlado, para o progresso e mudanças necessárias da sociedade. A exemplo das teorias do conflito: a) Marxistas: a causa da criminalidade estaria na luta de classes, gerada pelo capitalismo. b) Não Marxistas: relacionam a criminalidade com as tensões geradas pela distribuição desigual de poder. São exemplos da teoria do conflito: Labelling Approuch (Etiquetamento ou Rotulação) e Teoria crítica ou radical. TEORIAS DO CONSENSO TEORIAS DO CONFLITO A finalidade da sociedade é atingida quando há um perfeito funcionamento das suas instituições de forma que os indivíduos dividem os objetivos comuns a todos os cidadãos, aceitando as regras vigentes e compartilhando as regras sociais dominantes. A coesão e a ordem na sociedade são fundadas na força e na coerção, na dominação por alguns e sujeição por outros. Ignora-se a existência de acordos em torno de valores de que depende o próprio estabelecimento da força. 22 As teorias do consenso não postulam que, empiricamente (no plano da realidade), haja um consenso geral de fato em torno de valores, mas trabalha com a premissa de que esse consenso pode ser construído no plano teórico, como premissa. Também chamadas de teorias da integração (de vertente funcionalista). Para os defensores da visão conflitiva da sociedade, a natureza coercitiva da ordem social é um pressuposto. PREMISSAS: Toda sociedade é uma estrutura de elementos relativamente persistentes e estáveis; toda sociedade é uma estrutura de elementos bem integrada; todo elemento em uma sociedade tem uma função, isto é, contribui para sua manutenção como sistema; toda estrutura social em funcionamento é baseada em um consenso entre seus membros sobre valores. PREMISSAS: Toda sociedade está, a cada momento, sujeita a processos de mudança; a mudança social é permanente; toda sociedade exibe a cada momento dissensão e conflito e o conflito é permanente; todo elemento em uma sociedade contribui de certa forma para sua desintegração e mudança; toda sociedade é baseada na coerção de alguns de seus membros por outros. Fonte: SANCHES, p. 14. 2020. 5 MODERNA CRIMINOLOGIA CIENTÍFICA Quando se fala em moderna criminologia científica se fala da interdisciplinaridade entre biologia, sociologia e psicologia criminal. 23 5.1 Modelos teóricos explicativos do comportamento criminal Existem fatores individuais que vai levar o homem a se tornar criminosos, ou seja, do indivíduo criminoso, que possui um tratamento individualizado, já no âmbito social ele vai tratar das causas sociais que venham a levar o homem a cometer o crime. 5.2 Sociologia criminal As teorias criminológicas contemporâneas passaram por transformações, onde, deixaram de limitar à análise do delito segundo uma visão do indivíduo ou de pequenos grupos, passando a analisar a sociedade como um todo, levando o pensamento criminológico moderno a ser influenciado por duas visões: uma de cunho funcionalista, denominada teoria de integração, mais conhecida por teorias de consenso; uma de cunho argumentativo, chamada de teoria de conflito, conforme citado anteriormente como exemplo de teorias de consenso tem-se: Escola de Chicago. A teoria de associação diferencial. A teoria da anomia. A teoria da subcultura delinquente. Ainda assim, alguns exemplos de teorias de conflito o labelling approach e a teoria crítica ou radical. Diante dos entendimentos aqui mencionados os sistemas sociais dependem da voluntariedade de pessoas e instituições, que dividem os mesmos valores, as teorias consensuais partem dos seguintes postulados: toda sociedade é composta de 24 elementos perenes, integrados, funcionais, estáveis, que se baseiam no consenso entre seus integrantes. Diversas teorias sociológicas que buscam explicar o fenômeno criminal, entre eles estão a Escola de Chicago, a associação diferencial, a anomia, a subcultura delinquente, o labelling approach e a teoria crítica (radical). 5.2.1 Escola de Chicago De acordo com PENTEADO (2020) uma teoria criada pela Universidade de Chicago, determinou a teoria da desorganização social, que expressa que a partir da Revolução Industrial bem como uma grande expansão do mercado que ocasionou uma aproximação entre as classes, ainda um crescimento desordenado da cidade de Chicago, culminando em graves problemas sociais, econômicos, culturais etc. ainda de acordo com o supracitado autor essas mudanças proporcionaram um ambiente que favoreceu a instauração da criminalidade, passando então a escola de Chicago a usar os inquéritos sociais na investigações dos crimes ocorridos. A partir dessas investigações tornou-se possível criar um perfil de carreira delitiva, a partir de uma metodologia que encontrou no mapa da cidade o ponto de partida dos eventos. 5.2.2 Associação diferencial O sociólogo americano Edwin Sutherland (1883-1950), criou a denominada teoria de consenso, inspirado em Gabriel Tarde, os denominados crimes do colarinho branco, nome esse para designar os autores de crimes específicos, que se diferenciavam dos criminosos comuns. 25 Teoria essaque afirma a respeito do comportamento criminoso que este é aprendido, nunca herdado como acreditava Lambroso, observando assim as definições entre favoráveis e desfavoráveis ao delito. 5.2.3 Anomia. Subcultura delinquente A anomia também é conforme mencionado anteriormente como teoria do consenso, de acordo com os doutrinadores que estudam a anomia, a sociedade é um todo orgânico que se encontra de forma articulada com o objetivo de funcionar de forma perfeita, a qual necessita que os indivíduos se relacionem em um ambiente comum bem como possuam valores e regras comuns. Havendo assim a necessidade de resgatar o Estado toda vez que este falhar, pois conforme preleciona PENTEADO (2020): (...) o fracasso no atingimento das aspirações ou metas culturais em razão da impropriedade dos meios institucionalizados pode levar à anomia, isto é, a manifestações comportamentais em que as normas sociais são ignoradas ou contornadas. (PENTEADO, p. 86, 2020) Desse modo, a anomia diz-se de uma situação em que o Estado se encontra fora de ordem, ou seja, um conflito cultural ou de normas cujo sistema de valores esteja em conflito com outro segmento. 5.2.4 Subcultura delinquente Criada pelo sociólogo Albert Cohen (Delinquent boys, 1955), a teoria subcultura delinquente é tida como teoria do consenso, e ainda possui três ideias básicas as quais sustentam a subcultura: O caráter pluralista e atomizado da ordem social. A cobertura normativa da conduta desviada. 26 As semelhanças estruturais, na gênese, dos comportamentos regulares e irregulares. Contrária a noção de ordem social ofertada pela criminologia tradicional, possui a premissa de que se identificam como exemplos de gangues de jovens delinquentes, onde, um garoto passa a aceitar os valores daquele grupo, passando a tê-los como seus. Ainda assim a subcultura delinquente é caracterizada por três fatores: Não utilitarismo da ação: quando se observa que muitos delitos não possuem uma motivação racional. Malícia: trata-se de uma conduta pelo simples prazer de prejudicar o outro. Negativismo: nasce a partir de um negativismo em relação à sociedade. 5.2.5 Labelling approach (interacionismo simbólico, etiquetamento, rotulação ou reação social) Também conhecida como uma teoria de conflito, a qual surgiu em 1960, nos Estados Unidos, pela qual a criminalidade não é uma qualidade da conduta humana, mas sim consequência de um processo, onde o enfoque é o processo de interação onde o indivíduo é chamado de criminoso. Segundo estudiosos a teoria da rotulação cria um estigma para os condenados gerando desigualdades. 27 5.2.6 Teoria crítica ou radical PENTEADO (2020) afirma a respeito da teoria crítica ou radical que essa teoria afirma, em relação as condutas delituosas dos menos favorecidos são efetivamente perseguidas, ao contrário do que acontece com a criminalidade dos poderosos. De acordo com a teoria, de origem marxista, a realidade não é neutra, permitindo que se verifique todo o processo de estigmatização da população marginalizada, se estendendo também aos trabalhadores. De acordo com os doutrinadores essa classe é alvo preferencial do sistema punitivo, sistema esse que visa criar um temor diante da possibilidade da criminalização e da prisão que possuem o objetivo de manter a estabilidade da produção e da ordem social, cujas principais características da corrente crítica são: A concepção conflitual da sociedade e do direito (o direito penal se ocupa de proteger os interesses do grupo social dominante); Reclama compreensão e até apreço pelo criminoso; Critica severamente a criminologia tradicional; O capitalismo é a base da criminalidade; Propõe reformas estruturais na sociedade para redução das desigualdades e, consequentemente, da criminalidade. 5.3 Psicologia criminal A psicologia criminal também conhecida como psicologia jurídica ou psicologia forense, a psicologia criminal então se refere à aplicação da psicologia no sistema legal, ou seja, no mundo jurídico, tendo o seu foco voltado para a denominada psicologia clínica. 28 De acordo com HUSS (2011) a psicologia forense possui um ponto de interseção entre a psicologia clínica e o direito, onde, seu foco é: a avaliação e o tratamento de indivíduos dentro de um contexto legal, incluindo ainda conceitos como: psicopatia, inimputabilidade, avaliação de risco, danos pessoais e responsabilidade civil. Existe também a nível de informação a psiquiatria forense que se diferencia da psicologia forense, pois os psiquiatras são doutores em medicina e por isso são licenciados para prescrever medicamentos. Ainda a psicologia forense se divide em várias áreas, por exemplo: Psicologia policial: é aquela que se dedica a estudar o perfil criminal, ou seja, a adequação para avaliações de responsabilidade bem como negociação de reféns. Psicologia penitenciária: é aquela que atua nas questões pertinentes a instituições correcionais (prisões e cadeias). A psicologia jurídica se originou aproximadamente em 1900, o psicólogo alemão William Stern foi um dos pioneiros e direcionou o foco do seu estudo para a aplicação dos princípios psicológicos ao sistema legal que se baseou no estudo da identificação de testemunhas oculares. A prática clínica da psicologia bem como sua relação com o sistema legal iniciou-se mais ou menos na mesma época. Dessa forma a prática clínica da psicologia forense se originou com Lightner Witmer e William Healy. (HUSS, 2011) 29 5.3.1 Principais áreas da psicologia forense A psicologia forense possui uma divisão de papéis e tarefas que estão baseadas na separação legal entre o direito civil e criminal, de forma que o direito criminal baseia seus estudos nos atos contra a sociedade, onde é o governo que assume a responsabilidade e se encarrega dos assuntos criminais por meio de oficiais da lei e promotores. (HUSS, 2011) Enquanto o objetivo do direito criminal é punir os infratores, buscando manter um senso de justiça na sociedade e prevenir o crime, leva o estado, ou o governo, a agir em nome da sociedade. O Estado então como autor de um processo apresenta uma acusação contra o réu quando observa que o indivíduo violou a lei criminal. DIREITO CRIMINAL DIREITO CIVIL Avaliação de risco no momento da sentença Guarda dos filhos Inimputabilidade e responsabilidade criminal Responsabilidade civil Capacidade para se submeter a julgamento Danos pessoais Tratamento de agressores sexuais Indenização a trabalhadores 30 Transferência do jovem para tribunal adulto Capacidade para tomar decisões médicas Fonte: HUSS, p. 26, 2011 5.4 Biologia criminal PENTEADO (2020) traz um capítulo que trata das teorias bioantropológicas, ou seja, teorias biológicas as quais foram desenvolvidas por Lambroso, onde analisa as esferas morfológicas e fisiognômicas. A biologia criminal se baseia em estudos feitos em relação as proporções do organismo humano e visam através de comparações e estatísticas, a partir de estudos fazer essa comparação. Alphonse Bertillonn conforme cita PENTEADO (2020) fundou em 1870 o primeiro laboratório de identificação criminal, o qual se baseava nas medidas do corpo humano, sistema esse que se espalhou rapidamente por toda Europa e Estados Unidos. Após o desenvolvimento da teoria supracitada, surgiram outras teorias, as chamadas: teorias dos tipos de autor (Kretschmer, 1921) e das personalidades psicóticas (Schneider, 1923); Kretschmer (tipos de autor) diferenciou quatro tipos de constituição corporal. Na teoria biológica, acreditava-se que o indivíduo criminoso era um ser organicamente diferente do cidadão normal, e que isso explicava a sua predisposição para o crime. 31 De forma que os fatores genéticos transmitido as gerações os denominados cromossomosdo delito. PENTEADO (2020) afirma que a partir do ano de 2000 é que os cientistas conseguiram identificar que os genes, ou seja os cromossomos carregam características específicas em relação ao sexo, raça, estatura, chegando a 2008, onde, HASSEMER, chegou a uma conclusão de que só se consegue estudar o desvio criminal através da pessoa em si, e não pelos seus genes. 6 CONTROLE SOCIAL Para VIANA (2020) o controle social é o último objeto da criminologia, o qual se associa a capacidade que uma sociedade tem de se autorregular, baseada em princípios e valores estabelecidos pela mesma através de instrumentos de mecanismos e processos que são inevitáveis. Não existe uma ordem única de controle social, diante dessa afirmação o controle é uma expressão genérica que a partir de mecanismos idôneos buscam produzir um padrão de conduta que não se relaciona com os padrões sociais. Para que se aproxime ao tão desejado controle social existem alguns elementos que são fundamentais a forma de controle social, que são: A existência de normas. A disponibilidade de mecanismos de direção comportamental. Estes mecanismos buscam fazer com que os indivíduos sejam capazes de seguir um certo padrão, uma vez que o indivíduo decida por não seguir esse padrão, ou seja, desobedeça essas normas, ele, será punido. 32 O controle social é também denominado controle regulativo, por meio do qual o Estado se utiliza de mecanismos como: polícia, administração penitenciária, ministério público, juiz, com o objetivo de controlar a criminalidade. Entende-se que as normas e sanções previstas não são suficientes para a “socialização” do indivíduo, fazendo-se necessário um sistema jurídico que se encarregue de uma série de normas e sanções compor denominado controle social informal. 7 TIPOLOGIAS CRIMINOLÓGICAS: A criminologia é dividida pela doutrina em quatro classes: criminologia científica, criminologia acadêmica, criminologia clínica e criminologia aplicada. A criminologia científica: é baseada em um conjunto de conhecimentos, teorias, resultados e métodos, objetivando um estudo apropriado a respeito do delinquente, da vítima, seu fim é a investigação. A criminologia aplicada se constitui a partir de criminologias científica e empírica, criada por juízes, funcionários, profissionais que formam parte do sistema penal. A criminologia acadêmica é constituída pela sistematização, ensino ou disseminação do conhecimento da criminologia em geral, ou seja, é uma criminologia didática, bastante eficaz aos profissionais da área jurídica. A criminologia analítica: tem por objetivo observar se as demais criminologias estão cumprindo o seu objetivo. A criminologia clínica é a ciência das condutas antissociais e criminais baseia- se na observação bem como na análise de cada casos e indivíduo, possui dinâmica própria. 33 Para finalizar a criminologia crítica também conhecida como: criminologia radical ou moderna, entende-se uma criminologia insuficiente e incapaz de explicar o fenômeno da criminalidade. A CRIMINOLOGIA COMO CIÊNCIA INSTITUTO CONTEÚDO ITEM CONCEITO Garofalo Ciência do delito. 2 Quintiliano Saldaña Ciência do crime ou estudo científico da criminalidade, suas causas e meios de combate- la. Afrânio Peixoto Ciência que estuda o crime e o criminoso, isto é, a criminalidade. Ernst Seeling Parte do pressuposto que tanto a Criminologia quanto o Direito Penal são ciências 34 do crime e define aquela como conduta psíquica – corpórea e culposa de um homem, que por ser contrária à sociedade, é juridicamente proibida e ameaçada com uma pena. Garcia- Pablos de Molina Ciência empírica e interdisciplinar que tem por objeto os crimes, o criminoso, a vítima e o controle social do comportamento delitivo; e que provê uma informação válida, contrastada e confiável sobre a gênese dinâmica e variáveis do crime, bem como sobre sua eficaz prevenção, as 35 formas e estratégias de reação a esse e as técnicas de intervenção positiva no infrator e na vítima. Fonte: VIANA, p. 192.2020 8 INSTÂNCIAS DE CONTROLE DA CRIMINALIDADE A vida em sociedade exige do cidadão um certo nível de comportamento, ou seja, de limites de forma a não prejudicar direito alheio ou próprio, visando garantir assim a paz entre todos os cidadãos. Para que haja um controle entre os cidadãos existe por parte do Estado conforme mencionado anteriormente: Estabelece-se, por conseguinte, o controle social como o conjunto de mecanismos e sanções sociais que visam à submissão do homem aos modelos e normas de convívio comunitário (SHECAIRA, 2008. apud VIANA, 2020). Dessa forma para que exista um controle social adequado, faz-se necessário que se implemente um controle social informal, que é aquele onde é necessária a participação integrante da família, escola, igrejas, ciclo profissional e etc., assim como um controle social formal, o qual é o “controle estatal” que é representado pela polícia, Ministério Público, a Justiça, havendo necessidade até mesmo as Forças Armadas bem como a Administração Pública. 36 INSTÂNCIAS DE CONTROLE Informal – Sociedade Civil Formal – Estado Família Polícia Escola Ministério Público Igrejas Ciclo profissional Poder Judiciário Fonte: PENTEADO, p.173, 2020 Quanto aos chamados órgãos informais de controle, destaca-se as entidades que atuam na “educação” do indivíduo, ou seja, é o processo de socialização pelo qual o indivíduo passa durante toda a sua existência, conforme mencionado no início deste capítulo o contexto que o indivíduo convive durante toda sua existência que exige cordialidade, um certo grau de dependência entre as partes e assim automaticamente o controle. Sabe-se que a família é o primeiro instituto de controle informal com o qual o indivíduo tem que lidar PENTEADO (2020) menciona: Aliás, a família, como célula nuclear da sociedade, é diretamente responsável pela moldura do caráter e comportamento de seus integrantes, caracterizando-se a necessária autoridade dos pais em decorrência do binômio exemplaridade – amor. (PENTEADO, p. 174, 2020) Outro mecanismo bastante importante ao controle informal é a escola, na qual também entendida com a função de educar o indivíduo e impor os limites, talvez seja 37 o primeiro lugar onde este tenha realmente um encontro com a diversidade de indivíduos, raças, crenças, religiões e é ali que aprende as respeitar a todos com suas crenças, formas de ser, vestir é onde aprende a se organizar melhor, questões como horário para cada coisa. Levando então o educador a ter uma importante missão na imposição e entendimento de que é necessário o limite e o respeito. Outro fator importante quando se trata do controle informal, é o ciclo profissional, pela questão mesmo do respeito à uma “autoridade”, onde a duração do período no emprego irá depender de requisitos como: disciplina, trato com superiores, relacionamento com os colegas, bem como atendimento aos clientes (quando houver), e etc. As igrejas também são uma comunidade de convivência, além do fato de existir o entendimento de uma divindade, ou seja, um Deus que observa as atitudes de cada um, também se torna um importante fator de controle social. Já as instâncias de controle formal, são aquelas onde se observa a ameaça de punição, ou seja, uma sanção ao indivíduo caso este “desobedeça” às regras de convivência, de forma que o Estado busca impor-se coercitivamente. Quando se fala em controle social formal observa-se que este é seletivo e discriminatório, e segundo PENTEADO (2020), leva ao desenvolvimento de carreiras criminais e desvios secundários. Na instância de controle formal observa-se através da polícia que quando o indivíduo cometeum crime, surge para o Estado o ius puniende, ou seja, o dever de punir, este direito de punir do Estado se vincula a necessidade de manter-se a harmonia social. No entanto, o ius puniende não pode ser exercido de forma arbitrária, de forma que é exercido por meio da persecução penal, ou seja, persecuti criminis, e 38 observância ao devido processo legal e a ampla defesa, realizado após a investigação policial. Nos casos em que a necessidade entra em campo a segunda instância de controle, que é a atuação do Ministério Público: com a propositura da ação penal e consequente instauração da instância judicial, mas também por meio de outros instrumentais de sua alçada, como o inquérito civil, a ação civil pública e o termo de ajustamento de conduta, a denúncia criminal, como proposta de estabelecimento de pena ao autor de um fato delituoso, imprime o caráter estigmatizante com maior intensidade. Ainda assim, encontra-se o terceiro mecanismo de controle formal que decorre na Justiça, ou seja, pelo Poder Judiciário, onde, a existência de uma sentença condenatória transitada em julgado, podendo exercer o poder do Estado até mesmo a pena mais grave que é a pena privativa de liberdade. 9 CRIMINOLOGIA CULTURAL: NOÇÕES INICIAIS Século XXI, cheio de novidades tecnológicas, onde a sociedade vivencia a era da informação, de forma que a mídia se reinventou, observa-se que a velocidade de informação é quase instantânea. Os indivíduos diante de seus computadores, notebooks, smartphones em frações de segundo se conectam, o homem ao universo digital. Assim, a rede mundial de computadores espalha diversas informações em segundos, são: propaganda, política, comércio, notícias, esporte etc, todas veiculados em instantes. 39 Tem-se observado transmissões ao vivo vistas em todas as mídias eletrônicas, levando os espaços e distâncias a serem abreviados, modernidade e comodidade, que acabou por facilitar a vida do homem moderno, dessa forma o que se entende é que a internet desconhece limites. Também criou um mundo onde: ofensas, ameaças, bullying, racismo, terrorismo, fraudes, pedofilia, prostituição e outras práticas antissociais são crescentes na mídia digital, assim, o ciberespaço torna-se terra livre e a dark web não é só uma lenda, fazendo-se necessário mecanismos de controle também nas mídias. Ainda, as diversas notícias de aumento de criminalidade, trazendo sensação de insegurança e levando o poder público a aumentar policiamento em busca de diminuir a sensação de insegurança, notícias do mundo todo, bem como a divulgação das estatísticas oficiais, diversas denúncias de uma polícia corrupta, governos contaminados a exemplo da “Operação Lava Jato”. Fazendo emergir a criminologia cultural: (...) por meio da análise das expressões culturais urbanas em caráter de resistência e confrontação da estética cultural dominante e é importante ferramenta na verificação de tais fenômenos, vez que seu estudo parte de um modelo intervencionista que busca observar o crime sob o enfoque da cultura, ou seja, a compreensão sobre o que se define como criminologia cultural deve passar pela análise do crime e do controle social com olhos atentos às interações culturais”. Os criminólogos analisam todo o contexto cultural de uma sociedade para a verificação dos fatores que influenciam as interações sociais, quer sob a forma de arte, pintura, música ou qualquer outro símbolo que possa servir de suporte a comportamentos humanos contemporâneos. (PENTEADO, p. 185. 2020) 40 9.1 Criminologia cultural, subculturas delinquentes e comportamentos desviantes PENTEADO (2020) menciona que a partir dos anos 1970 que se iniciou o que se entende hoje por criminologia cultural, onde, observou-se a mudança em algumas subculturas que ao desempenharem um papel de resistência alternativa às instâncias de controle social e político, por intermédio da simbologia e da influência da mídia. A denominada criminologia cultural, possui uma relação de indivíduos que não aceita limites nos seus métodos de estudo, na medida em que a sociedade está em constante mutação, sempre passível de inovações comportamentais, sendo então, a denominada criminologia cultural é um campo fecundo e vasto para a análise ampla da criminalidade, seus efeitos midiáticos e reflexos no sistema criminal. 10 CRIMINOLOGIA CLÍNICA PENTEADO (2020) conceitua a Criminologia clínica como a ciência que, a partir de conceitos, princípios e métodos de investigação médico-psicológicos sociais e familiares, ao observar o indivíduo condenado, com base nas investigações e de como se dá a dinâmica de sua conduta criminosa, examinando sua personalidade, bem como suas perspectivas de desdobramentos futuros para, a partir de então propor estratégias de intervenção. Diante da afirmativa anteriormente mencionada de que a conduta criminosa é uma conduta errônea fora da normalidade, a criminologia busca então compreender como ocorrem, de onde se derivam, para a partir de um exame criminológico encontrar seu controle. 41 Também já foi mencionado o fato da criminologia ser uma disciplina interdisciplinar que busca em outras ciências métodos para identificar o comportamento criminoso bem como buscar estratégias. A criminologia clínica busca conhecer o indivíduo por traz do crime, interessando-se pelos motivos que o levam a ter a atitude criminosa, bem como o apoio a família do detento. Conforme demonstra a tabela a seguir: Antropologia Clínica Criminologia Clínica Tradicional Criminologia Clínica Moderna Enfoque Raça Indivíduo Indivíduo e seu meio e contexto Causa Atavismos e taras Personalidade (estado perigoso) Multifatores internos e externos Concepção Predeterminismo racial Predeterminismo individual Reconhece o continuum delinquência e não delinquência Objetivo Segurança social e cura Tratamento Reabilitação e reintegração social Fonte: PENTEADO, p. 201. 2020 42 11 PERSONALIDADE X CRIME A criminologia tenta a partir de estudos da personalidade humana traçar o perfil do criminoso. Lambroso, acreditava que o indivíduo nascia criminoso, no entanto com a evolução dos estudos entendeu-se que a criminalidade não nasce com o criminoso é algo que se aprende. Diante dessa afirmativa PENTEADO (2020) especifica que alguns doutrinadores entendem que não existe diferença entre a personalidade do indivíduo delinquente e não delinquente, de modo que não se pode conceituar esta personalidade em normal ou anormal. A inter-relação entre personalidade e conduta dá-se da seguinte forma: a personalidade é a matriz de produção da ação e define as condições e modalidades do agir, enquanto a conduta é o processo de materialização da personalidade. (PENTEADO, p. 208. 2020) Os resultados que a criminologia tem chegado ao estudar indivíduos reincidentes é de que eles não possuem uma personalidade criminosa, mas que os indivíduos estudados não se distinguem dos indivíduos ditos normais. Alguns entendimentos determinantes da criminologia moderna a respeito da personalidade criminosa é de que o indivíduo reage de acordo com o meio em que vive, e que algumas vivências de alguns indivíduos e a forma como eles recebem ou seja, as formas como eles lidam com essas experiências fazem com que eles em dado momento da vida entendam ser normal. Em dado momento da existência destes indivíduos eles aceitam essa história de vida e a assumem como uma modalidade de vida. 43 11.1 A agressividade do ser humano Ainda dentro do conceito da personalidade e do que se pode entender na leitura do capítulo anterior, o indivíduo conforme já mencionado reage como uma forma de resposta ao ambiente em que vive. Violência e agressividade são sinônimos, no entanto, possuem diferentes interpretações, a violência é o comportamento consideradodestrutivo uma vez que dispendido contra indivíduos da mesma espécie, em situações que caberiam outro tipo de comportamento. A criminologia então buscará estudar a partir do indivíduo agressor, do indivíduo agredido bem como de um terceiro, que poderá ser uma testemunha, devendo ainda observar se houve dolo na agressão. Entende-se então que pode existir agressão com ou sem violência, bem como violência sem agressão, entretanto a violência sugere a necessidade de ação do agressor. Podendo de acordo com PENTEADO (2020) a agressão ser uma agressão por comportamento inato ou por comportamento adquirido, o autor ainda preleciona a existência de uma banalização da violência observada pela doutrina que acaba por criar de maneira inconsciente um espírito coletivo agressivo. 44 12 BIBLIOGRAFIA: GOMES, Christiano Gonzaga. Manual de criminologia. 2. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. Huss, Matthew T. Psicologia forense: pesquisa, prática clínica e aplicações. tradução: Sandra Maria. revisão técnica: José Geraldo Vernet Taborda. Porto Alegre: Artmed, 2011. MOLINA, Antonio García-Pablos de. Criminologia. Ed. Revista dos Tribunais, 5ª edição, SP, 2006 PRADO, Regis, L. Criminologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (4th edição). Grupo GEN, 2019. SANCHES, Rogério. Direito penal. Disponível em: <https://env1.cursopopulardefensoria.com.br/> Acesso em: ago, de 2021. VIANA, Eduardo. Criminologia. 9ª ed. ver. atual. e ampl. ed. JusPodvim. 2021. https://env1.cursopopulardefensoria.com.br/
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