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CONTRATOS EMPRESARIAIS

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CONTRATOS EMPRESARIAIS
- Negocio Jurídico é a prática convergente de dois ou mais sujeitos em torno de um objeto.
Materialização do negocio jurídico: contrato (expresso ou tácito) 
O contrato faz “lei” entre as partes – “pacta sunt servanda”
- Fundamentos da autonomia de vontades: 
	- Liberdade para contratar ou não 
	- Liberdade para escolher com quem contratar
	- Liberdade para estipulação de clausulas 
- Teoria dos vícios do consentimento: invalidação por: dolo, erro, coação etc.
- Rescisão (término do contrato) / Revisão (discussão de cláusula)
Existem contratos unilaterais? Não! 
A doação é considerada inicialmente como declaração unilateral de vontade. Mas, ocorrendo a aceitação, torna-se contrato.
MODALIDADES OBRIGACIONAIS:
Obrigações de dar: entregar, transferir a posse ou propriedade.
Obrigações de fazer: execução de serviço
Obrigações de não fazer: impedimento à pratica de atos (ex: clausula de raio)
	FUNDAMENTOS da teoria geral dos contratos:
	- Limitação da liberdade de contratar pela FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO: 421 CC, Relativização dos contratos. Liberdade limitada pela função social e boa fé.
	- Exceção do contrato não cumprido – Exceptio nom adimplemento contractus: Onde uma das partes poderá descumprir o contrato em havendo o descumprimento da outra, ou seja, o inadimplente não poderá requerer o cumprimento pelo outro antes de cumprir a sua obrigação. 476 CC. 
	Caso um dos contratantes tenha conhecimento do estado de diminuição patrimonial do outro, poderá exigir garantias para que cumpra sua obrigação.
	- Teoria da Imprevisão – Rebus sic stantibus: Nos contratos de execução continuada, se a prestação de uma parte se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para outro, em virtude de acontecimento imprevisível e extraordinário, poderá o devedor pedir a rescisão/revisão das clausulas, evitando o enriquecimento ilícito da outra parte (478-480 CC).
CONTRATOS EMPRESARIAIS
- Atividade empresarial: metalúrgica, contabilidade, aluguel, bancos, etc.
- Os contratos empresariais são celebrados ENTRE EMPRESÁRIOS (EIRELI, sociedades c/ natureza mercantil etc) indispensáveis ao desenvolvimento da atividade empresarial. 
Em regra são regidos pelo CÓDIGO CIVIL (quando há paridade empresarial), servindo o CDC como subsidiário (quando uma parte for hipossuficiente técnica, econômica ou juridicamente em relação à outra, invertendo-se o ônus da prova).
Desafio atual do direito empresarial: restabelecer a pacta sunt servanda.
	Maior segurança = menor custo
	Menor segurança = maior custo
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
Quanto a obrigação: bilaterais (reciprocidade) ou 
 unilaterais (1 credor, 1 devedor)
Consensuais: sua formação depende da manifestação de vontade dos contratantes, por ex: sobre o objeto e o preço; diferente do que ocorre no contrato de adesão, que possuem cláusulas previamente estabelecidas. 
Reais: aquelas cuja formação dependerá da entrega de um bem.
Solenes ou formais: formalizados por documentos, como contratos expressos ou escrituras públicas. 
Comutativos: execução determinada previamente, estipulando data de entrega, local, forma etc.
Aleatórios: é impossível determinar a antecipação de sua execução (ex: contrato de jogo ou aposta).
Típico: aqueles cujos direitos e deveres estão escritos em lei. Ex: compra e venda mercantil.
Atípicos: Não tem previsão legal, mas existem no mundo jurídico. Ex: distribuição, shopping, fornecimento de software etc.
COMÉRCIO ELETRÔNICO:
É a venda de produtos ou prestação de serviços realizadas em estabelecimento empresarial virtual. O estabelecimento virtual compreende o conjunto de bens materiais (móveis, veículos, mercadorias) e imateriais (tecnologia e marcas) utilizadas pelo empresário na exploração da atividade econômica. 
- Valorização do estabelecimento: ocorrerá pela maior quantidade de INTERNAUTAS, maior volume de TRANSAÇÕES e maior SEGURANÇA.
- Especificidades: 	
	- Como o website é ponto imaterial, NÃO HAVERÁ possibilidade de direito ao ponto ou renovação compulsória, tendo em vista a inexistência de ponto físico de conhecimento dos clientes (que não se confunde com o local de deposito das mercadorias). 
	- Nome de domínio: haverá o nome da empresa aliado ao seu endereço eletrônico junto ao núcleo de informação e coordenação do ponto BR (nic.br), que analisando seu cadastro, evita colisões de nome de domínio. Se o nome de domínio é o que identifica a empresa ao publico, poderá o empresário agregar o valor de registro (registrá-lo no INPI) passando a ser MARCA. 
Regra: anterioridade do protocolo.
Contrato eletrônico (contrato-e):
- O momento da vinculação do empresário com relação ao preço e produtos não é o da disponibilização no site, mas no acesso dos internautas (ingresso de dados).
- Momento da celebração: Quando há aceitação das ofertas pelo consumidor (se for fora do prazo: considerado nova proposta)
- Assim que o emitente (empresário ou consumidor) não tem mais o controle sobre a mensagem enviada, sua vontade está sacramentada. Qualquer arrependimento dependerá de aceitação da outra parte, salvo se houver publicidade agressiva ou estabelecimento prévio de 7 dias para arrependimento (Jurisprudência).
- Regramento: CDC
- Requisitos jurídicos da publicidade em website: Informações claras e precisas sobre as características, qualidade, quantidade, garantia, composição, fabricante etc.
- Informações ou cláusulas incompletas/imprecisas/contraditórias: Interpretação mais favorável ao consumidor “pro consumidor”.
- Informações falsas: vício de qualidade – consumidor pode optar por: 
*desfazimento do negocio, redução proporcional do preço ou substituição do produto. (30 dias para bens não duráveis e 90 dias para duráveis).
- Omissão de dados do fabricante: responsabilidade do empresário virtual
- Mensagens publicitárias: veículo de divulgação, equiparado a TV ou rádio. Ponto divergente na doutrina. Tribunais vêm entendendo que empresário virtual NÃO é responsável, pois não atesta a qualidade dos bens ou serviços previamente, é apenas um intermediário.
CONTRATOS EM ESPÉCIE
Compra e venda mercantil: 
Contrato bilateral em que o empresário vendedor se obriga a transferir o domínio da coisa ao empresário comprador, que se obriga ao pagamento ajustado. É contrato de MEIO, ou seja, revenda ou incorporação à produção (matérias primas, máquinas, energia etc).
	Principais características:
	- Celebração entre dois empresários (não se destina a consumidor final)
- Moeda corrente nacional (exceto importação e exportação)
- Existência de mercadoria, admitindo-se a compra e venda de moeda
- Aplicação do direito civil (salvo se uma parte for hipossuficiente)
- Bens móveis, imóveis e semoventes
- Fixação de preço (Taxa de mercado – cotação do dia; bolsa.
- Ausência de preço: preço corrente, habitual do vendedor
(Contrato nulo: arbítrio de uma das partes na fixação do preço).
	
Formas de classificação do contrato mercantil:
Quanto ao modo de EXECUÇÃO (adimplemento, entrega ou pagamento):
- Imediata – dados previstos no contrato
- Condicional – Sujeita a evento futuro (incerto: condição, certo: termo), não gerando efeitos se não ocorrer.
Quanto a FORMA DE APRESENTAÇÃO das mercadorias:
- Simples: contratação efetuada pelas partes à vista, mediante entrega no mesmo ato.
- Por amostras: menor fração com qualidades e características originais (entrega em data futura). Sendo o empresário responsável por possível vicio de qualidade. ps: NÃO é condicional.
	Elementos do contrato:
COISA, que poderá ser mercadoria já existente ou futura, o PREÇO, podendo ser à vista ou a prazo, e as CONDIÇÕES previstas em cláusulas resolutivas (desconstituem a exigibilidade do negocio, ex: período de obra) ou suspensivas (postergam a exigibilidade do negocio, ex: consignação, venda a contento).
Formação do contrato: Antes da entabulação do contrato, as partes apresentampropostas/contrapropostas que não constituem obrigações sem a aceitação de ambas as partes. Não gera indenização ou ressarcimento.
Obrigações das partes:
DO VENDEDOR: 
- Transferir o domínio da coisa: tradição, seja procedendo a entrega efetiva, seja colocando a disposição do comprador para retirada (nesse caso, se for combinado local diverso por ordem do comprador, as despesas, riscos, frutos e responsabilidade da coisa são por conta dele).
	Se o vendedor não entrega a coisa, o comprador tem as opções: 
- resolução de contrato + perdas e danos ou - exigir o cumprimento do contrato (obrigação de fazer) + perdas e danos.
	Em REGRA, não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço do comprador, devendo cuidar da coisa até o momento da tradição.
*Se o comprador cair em insolvência antes da tradição pelo vendedor, esse poderá sobrestar (suspender, deixar de entregar) a coisa, exigindo garantias. 
	
- Responder por vícios redibitórios (de qualidade, quantidade – tornam a coisa inapta ao uso ou diminuem seu preço) presentes na coisa vendida: Comprador tem opções de:
- desfazimento do negocio ou redução proporcional do preço, no prazo de 30 dias para vícios aparentes e 180 dias para vícios ocultos, contados da entrega da coisa.
	- Responder por evicção da coisa vendida: A evicção é a perda da coisa vendida em virtude de ação judicial que reconhece a titularidade desta coisa para terceiros. Assim, o comprador deverá ser indenizado por completo pelo vendedor (arcará com todas as despesas judiciais), caso seja considerado de boa fé.
*É considerado de boa-fé aquele comprador cauteloso/cuidadoso: exigiu certidões negativadas anteriormente a compra etc. Se já tinha conhecimento da possível evicção, não terá direito a indenização. 
DO COMPRADOR:
	
- Pagamento do preço: nas vendas à vista caberá ao comprador pagar o preço para poder exigir a coisa. 
Materialização: compra e venta mercantil: duplicata –> ACEITE (assinatura, meio de comprovação) -> triplicata (2ª via da duplicata) 
Duplicata fria: não tem origem.
	- Dar o ACEITE, quando do recebimento da coisa.
	- Retirar a mercadoria/coisa no local e prazo convencionado. Mora do comprador: ressarcimento do vendedor pelos gastos de manutenção; notificação/entrega da coisa em deposito às expensas do comprador.
Despesas com o registro da coisa são do comprador, em regra (omisso o contrato).
Compra e venda na modalidade de fornecimento:
O contrato de fornecimento tem por objeto a compra e venda de insumos (equipamentos, veículos, matérias primas), havendo constância na necessidade destes bens.
Os contratos de fornecimento, portanto, exigem periodicidade de reposição (execução contínua). 
Desta forma, existem quantidades e prazos de pagamento dilatados, de forma periódica e contínua, garantindo-se o suprimento do insumo.
- Há previa definição da “quantidade mínima mensal” do produto, evitando-se negociações diárias de preço e quantidade, formando “relações estáveis”.
Compra e venda mercantil no comércio internacional:
INCOTERMS (termos de comercio internacional): Nos contratos internacionais de compra e venda mercantil, existem regras destinadas ao transporte e entrega de mercadorias, bem como a responsabilidade das partes. (Sintetizam a repartição dos custos com a tradição). – Pagamento passa pelas casas de cambio.
REGRAS:
- Vendas efetuadas na partida (saída):
	EXW (ex Works) a mercadoria é colocada a disposição do comprador no domicilio do vendedor, o qual não se responsabiliza pelo carregamento da mercadoria. Custos da tradição por conta do comprador.
	FCA (free carrier): a responsabilidade do vendedor cessa com a entrega e o desembaraço para exportação ao transportador. Uma vez com o transportador, a responsabilidade é do comprador.
	F A S (free alongside ship): cabe ao vendedor a responsabilidade de descarregar a mercadoria no cais do porto de embarque, ao lado da costa do navio.
	FOB (free on board): cabe ao vendedor a responsabilidade de embarcar a mercadoria no navio, quando cessa sua responsabilidade. (É a mais usual).
	CFR (cost and freight): “custo e frete”, cabendo ao vendedor todos os custos e responsabilidades para transportar a mercadoria ate o ponto de destino indicado.
	CIF (cost, insurance and freight): “custo, seguro e frete”, cabendo do devedor todos os custos do FOB, bem como a responsabilidade de seguro marítimo contra perdas e danos.
- Vendas efetuadas na chegada (porto de destino):
	DAI (delivered at terminal at porto or place of destination): entregue no terminal de destino, no cais, terminal de containers ou armazém. (Pouco utilizado).
	DAP (delivered at place): entregue no local destinado pelo comprador, fora do terminal de desembarque, com responsabilidade do vendedor. (menos utilizado).
Compra e venda de empresas como contrato de compra e venda mercantil:
Trespasse: Ocorre com a transferência da titularidade de participação societária (ações, quotas) ao comprador, seja ele pessoa física ou jurídica (nesse caso, terá sua gestão pela holding).
Trepasse parcial – 50%+1 – poder de controle 
Trespasse total – alienação do estabelecimento comercial
Fases do contrato de compra e venda de empresas:
Fase preliminar:
Prestação de informações não confidenciais, como demonstrações contábeis, atos constitutivos e projeções de performance futuras. Conhecimentos gerais de informações públicas. 
- Cláusula de confidencialidade quanto ao negócio (futuro comprador não pode divulgar as informações que conheceu)
- Cláusula de exclusividade temporária (1 ou 2 meses): vendedor não pode oferecer a empresa a outros propensos compradores.
*Trata-se de fase com preço provisório (fluido).
Característica dessa fase: cláusula de NÃO VINCULAÇÃO – inexistência de contrato. 
Fase de auditoria: 
“Due diligence” – são prestadas informações reservadas (obrigações fiscais, trabalhistas, títulos de propriedade dos bens etc) mas não confidenciais Tem o objetivo de o comprador conhecer a real situação da empresa e localizar possível passivo oculto (dividas não contabilizadas).
Essa fase é desnecessária quando o comprador já faz parte da empresa, pois já conhece a real situação.
Fase negocial:
Uma vez realizada a auditoria, caso haja interesse do comprador, este realizará proposta de compra e preço (contraproposta), vinculando caso haja aceitação do vendedor (ou vice versa). São atos preparatórios do contrato, 427 CC.
Uma vez vinculados, cabe indenização pela perda de uma chance.
Fechamento:
Há celebração do contrato (ou pré contrato, se depender de autorização do CADE), transferindo a participação societária do comprador mediante pagamento do preço e repasse das informações sigilosas (fórmulas, know how etc) e arquivamento dos atos na Junta Comercial (caso contrario não será oponível a terceiros – 1144 CC).
	*Condição resolutiva - Se o comprador for outra empresa (holding) que gere o monopólio de no mínimo 20% de mercado do negócio, o contrato não será definitivo até que o CADE aprove, pois pode gerar monopólio comercial. 
	*Escrow account: cláusula de retenção em conta – Consiste em parte do pagamento em conta conjunta vendedor/comprador por prazo determinado. Objetivo: caso surja passivo oculto, o comprador não transferirá a parte destinada ao passivo, quitando-o e liberando o restante ao vendedor.
O vendedor responde solidariamente pelo prazo de 1 ano (qualquer um deles poderá responder pela dívida).	
Cláusula de raio + proibição de explorar a mesma atividade pelo prazo de 5 anos.
Somente será possível a venda de empresa que possuir dívidas (vendedor sem bens suficientes) se houver o pagamento prévio aos credores ou a anuência expressa ou tácita dos mesmos: 
notifica-se os credores – 30 dias para se opor – concordância tácita.
Notifica-se os credores – fixação dos pagamentos – anuência

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