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APRESENTAÇÃO Esta apostila reúne, de forma sucinta, aspectos gerais do estudo dos hexápodes, enfatizando vários exemplos de ocorrência no Rio Grande do Sul, com o propósito de auxiliar os estudantes de ciências biológicas no conhecimento do amplo mundo da entomologia. Tratam-se de assuntos já constantes nas publicações: Filo Arthropoda: 1. Generalidades. (1970,75), Filo Arthropoda: 4. Classe Insecta (1970,73) e nos fascículos divulgados na s PUCRS, através da série TEMAS DIDÁTICOS nº 8 a 11, de 1997/98, reunidos de 2000 a 2003 sob a designação de APOSTILA DE ENTOMOLOGIA, agora nesta 4a. edição com pequenas modificações. Para abreviaturas dos nomes das ordens, são utilizadas as quatro letras iniciais, exceto para Mantophasmatodea (MAPH), Thysanoptera (THPT) e Thysanura (THNU). Todas as críticas e sugestões para que estas notas possam melhor atingir seus objetivos serão acolhidas com a máxima satisfação. Porto Alegre, agosto de 2006 Prof. Elio Corseuil SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................. 1 1.1Conceitos ..................................................................... 1 1.2 Divisões ...................................................................... 1 1.3 Posição sistemática .................................................... 7 1.4 Número de espécies ................................................... 8 1.5 Filogenia .................................................................... 8 1.6 Distribuição ............................................................... 10 1.7 Aspectos ecológicos ................................................... 13 1.8 Aspectos etológicos .................................................... 14 1.9 Importância ................................................................ 17 2 ANATOMIA ................................................................. 19 2.1 Organização externa ................................................... 19 2.1.1 Aspectos gerais ........................................................ 19 2.1.2 Tegumento ............................................................... 21 2.1.2.1 Diferenciações ...................................................... 22 2.1.2.2 Particularidades .................................................... 23 2.1.3 Segmentação ........................................................... 24 2.1.3.1 Cabeça .................................................................. 25 2.1.3.2 Tórax .................................................................... 27 2.1.3.3 Abdome ................................................................ 27 2.1.4 Apêndices ................................................................ 28 2.1.4.1 Cefálicos .............................................................. 28 2.1.4.2 Torácicos .............................................................. 30 2.1.4.3 Abdominais .......................................................... 35 2.2 Organização interna .................................................... 36 2.2.1 Sistemas digestivo e excretor ................................... 37 2.2.2 Sistema respiratório ................................................. 37 2.2.3 Sistema circulatório ................................................. 39 2.2.4 Sistemas de sustentação e muscular .......................... 39 2.2.5 Sistema reprodutor .................................................. 40 2.2.6 Sistema neurosecretor ............................................. 41 Glândulas exócrinas ............................................... 43 Glândulas endócrinas ............................................. 44 Orgãos dos sentidos ................................................ 45 3 REPRODUÇÃO ........................................................... 49 3.1 Modalidades ............................................................... 49 3.2 Particularidades .......................................................... 51 4 DESENVOLVIMENTO ............................................... 53 4.1 Embrionário ............................................................... 53 4.2 Pós-embrionário ......................................................... 54 4.2.1 Tipos de metamorfose .............................................. 55 4.2.2 Tipos de larvas ......................................................... 58 4.2.3 Tipos de pupas ......................................................... 61 4.2.4 Adulto ou imago ...................................................... 63 5 SISTEMÁTICA ............................................................ 65 5.1 Classificação dos hexápodes atuais ............................. 65 5.2 Chave para ordens ....................................................... 70 5.3 Caracterização das ordens ........................................... 79 Collembola .............................................................. 79 Protura ..................................................................... 80 Diplura ..................................................................... 80 Archaeognatha ......................................................... 81 Thysanura ................................................................ 81 Ephemeroptera ........................................................ 82 Odonata ................................................................... 83 Plecoptera ................................................................ 84 iii iv Blattodea ................................................................. 85 Isoptera .................................................................... 85 Mantodea ................................................................. 86 Grylloblattodea ........................................................ 87 Mantophasmatodea .................................................. 87 Dermaptera .............................................................. 88 Phasmatodea ............................................................ 88 Orthoptera ............................................................... 89 Embioptera .............................................................. 90 Zoraptera .................................................................. 91 Psocoptera ............................................................... 91 Phthiraptera ............................................................. 92 Hemiptera ............................................................... 93 Thysanoptera ........................................................... 95 Strepsiptera .............................................................. 97 Coleoptera ............................................................... 97 Megaloptera ............................................................. 99 Raphidioptera .......................................................... 100 Neuroptera ............................................................... 100 Mecoptera ................................................................ 101 Siphonaptera ............................................................ 101 Diptera ..................................................................... 102 Trichoptera .............................................................. 103 Lepidoptera ............................................................. 104 Hymenoptera ........................................................... 107 6 GLOSSÁRIO ................................................................ 119 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................... 129 8 ÍNDICE..........................................................................133 v LISTA DAS ESTAMPAS 1 - ORTHOPTERA ............................................................. 109 A- Acrididae, B- Gryllidae, C- Gryllotalpidae, D- Proscopiidae, E- Tettigoniidae 2 - HEMIPTERA - Heteroptera ........................................... 110 A- Belostomatidae, B- Notonectidae, C- Nepidae, D- Coreidae, E- Reduviidae, F- Pentatomidae, G- Scutelleridae, H- Miridae, I- Tingidae 3 - HEMIPTERA – Auchenorrhyncha ................................ 111 A- Fulgoridae, B- Cicadellidae, C- Cercopidae, D- Aethalionidae, E e F- Membracidae, G- Cicadidae 4 - HEMIPTERA – Sternorrhyncha .................................... 112 A- Aphididae, alado e áptero, B- Psyllidae, adulto e ninfa, C- Aleyrodidae, D- Pseudococcidae, E- Diaspididae, escudos e fêmea, F- Diaspididae, macho 5 - COLEOPTERA .............................................................. 113 A- Carabidae - Carabinae, B- Carabidae - Cicindelinae, C- Dytiscidae, D- Chrysomelidae - Bruchinae, E- Chrysomelidae - Galerucinae, F- Coccinellidae, G- Elateridae, H- Cerambycidae, I- Buprestidae, J- Curculionidae, K- Lampyridae, L- Scarabaeidae 6 - NEUROPTERA ............................................................. 114 A- Ascalaphidae, B- Chrysopidae, C- Myrmeleontidae, D- Mantispidae 7 - DIPTERA ....................................................................... 115 A- Tipulidae, B- Culicidae, C- Cecidomyiidae, D- Tabanidae, E- Simuliidae, F- Asilidae, G- Muscidae, H- Tachinidae, I- Syrphidae, J- Tephritidae, K- Drosophilidae, L- Hippoboscidae 8 - LEPIDOPTERA ............................................................. 116 A- Hesperiidae, B- Lycaenidae, C -Papilionidae, D- Pieridae, E- Saturniidae, F- Tortricidae, G- Sphingidae, H- Noctuidae 9 - HYMENOPTERA ......................................................... 117 A- Siricidae, B- Tenthredinidae, C- Vespidae, D- Apidae - Xylocopinae, E- Apidae - Apinae, F- Ichneumonidae, G- Pompilidae, H- Formicidae, I- Scoliidae, J- Sphecidae, K- Aphelinidae, L- Trichogrammatidae, M- Braconidae vi 1 INTRODUÇÃO 1.1 CONCEITOS Entomologia é a parte da Zoologia que se dedica ao estudo dos insetos. Essa palavra é derivada do grego (entomon= segmentado e logos= tratado), podendo ser etimologicamente definida como a “ciência que estuda os animais segmentados”. O termo “inseto”, de uso geral, vem da palavra latina intersectum, significando entrecortado. Tanto um termo como outro fazem alusão à presença da segmentação ou metameria somática. Desde Aristóteles (350 AC) os insetos são referidos como animais articulados; a entomologia abrangia então, não só os hexápodes, mas todos os invertebrados articulados, inclusive os vermes superiores. O termo “Articulata” já foi usado por Cuvier para reunir os anelídeos e artrópodes. Desde Lamarck, porém, o campo da entomologia limita-se ao estudo dos artrópodes cujas formas adultas possuem 3 pares de pernas, constituindo a classe Insecta, nome dado por Linneu (1758), tendo por muito tempo Hexapoda, de Blainville (1816) e Latreille (1825), como sinônimo. Atualmente, alguns hexápodes mais primitivos, que vinham sendo tratados como insetos, passaram a integrar grupos distintos. Dessa forma a classe Insecta, agora, abriga apenas os artrópodes dotados de 3 pares de pernas, díceros, ectognatos e com desenvolvimento epimórfico. 1.2 DIVISÕES A ENTOMOLOGIA é comumente dividida em básica ou pura, ocupando-se do estudo dos hexápodes, sem preocupações de ordem econômica ou importância para o homem, e, aplicada ou econômica, que estuda os insetos sob o ponto de vista de sua utilidade ou nocividade. Comportam, como principais subdivisões, as referidas a seguir: Anatômica Geral . . . . . . Biológica Entomologia básica Ecológica Fisiológica Sistemática Agrícola Ambiental Farmacêutica Florestal Forense Entomologia aplicada . . . . . . . . . . . . . Habitacional Industrial Médica Química Veterinária ENTOMOLOGIA GERAL - estuda os insetos procurando conhecer tanto sua organização anatômica externa e interna, como também sua biologia, ecologia.e fisiologia. ENTOMOLOGIA SISTEMÁTICA - tomando por base as semelhanças e diferenças que ocorrem entre os insetos, procura classificá-los por similaridade, formando grupos naturais, fundamentados, atualmente, em bases filogenéticas. ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA - estuda os insetos, tanto nocivos como úteis à agricultura. Também referida como Entomologia Econômica, é a que reúne maior número de pesquisadores e de publicações no mundo. Os insetos nocivos são os que proporcionam, direta ou indiretamente, algum prejuízo; no primeiro caso - danos diretos - atacando os vegetais, tanto na lavoura como armazenados, 1 2 servindo como exemplos a lagarta-do-trigo Pseudaletia sequax Franc., 1951 e a lagarta-da-soja Anticarsia gemmatalis Hübner, 1818 (LEPI., Noctuidae), o maranduvá-da-mandioca Erinnyis ello (L., 1758) (LEPI., Sphingidae) e vários besouros, como a “vaquinha” Diabrotica speciosa (Germar, 1824) (COLE., Chrysomelidae) e os “burrinhos” Epicauta spp. (COLE., Meloidae); no segundo - dano indireto - introduzindo nas plantas princípios tóxicos ou outros agentes que podem provocar distúrbios os mais diversos, como manchas e deformações; os insetos cecidógenos representam um exemplo típico, pelas galhas ou cecídeas produzidas por atrofia, hipertrofia ou hiperplasia dos tecidos vegetais; outros provocam a disseminação de várias doenças de plantas, causadas especialmente por vírus, que são levados de uma planta para outra, pelos chamados “insetos vetores”. Os insetos úteis podem ser assim referidos tanto pela utilidade direta como indireta. No primeiro caso, incluindo espécies que contribuem para a polinização de vegetais, como por exemplo a abelha-comum, doméstica ou européia Apis mellifera (L., 1758) (HYME., Apidae) de grande importância especialmente em pomares, e, Blastophagus psenes (L., 1758) (HYME., Agaonidae), imprescindível para a frutificação da figueira (Ficus carica), introduzida em vários países. No segundo, incluindo espécies, referidas como insetos auxiliares, que são usadas para minimizar os danos causados por diversas pragas da agricultura, pelo método do “controle biológico”; os agentes usados para esse fim são chamados de um modo geral de “inimigos naturais” das diferentes pragas e abrangem tanto predadores como parasitóides: Predador - alimenta-se diretamente de suas vítimas, chamadas “presas”, devorando-as em seguida, sendo exemplos o louva-a-deus (MANT.) e a maioria das “joaninhas” (COLE., Coccinellidae), destacando-se Cycloneda sanguinea (L., 1763) e Eriopis connexa (Germar, 1824) comumente encontradas junto a colônias de pulgões. Parasitóide - deposita o ovo junto ou no interior do corpo 3 4 de sua vítima, chamada de “hospedeiro”, que servirá de alimento quando a larva eclodir; são exemplos diversas espécies de vespinhas ou microhimenópteros, como as do gênero Aphidius (Braconidae), que parasitam grande número de pulgões, as de Aphytis (Aphelinidae) em cochonilhas e Trissolcus (Scelionidae) em ovos de percevejos. Também é comum o parasitismo de lagartas tanto por vespinhas, destacando-se as do gênero Cotesia (Braconidae), como por dípteros Tachinidae. ENTOMOLOGIA AMBIENTAL - estuda os insetos de interesse como indicadores de poluição, especialmente hídrica,e, ainda, para estimar os níveis da degradação de florestas. O estudo e criação de espécies de borboletaspara ornamentação de parques e jardins está sendo atualmente objeto de grande atenção. ENTOMOLOGIA FARMACÊUTICA - estuda os insetos que proporcionam matérias primas para a fabricação de medicamentos. A geleia real produzida pela abelha é um exemplo dos mais expressivos; a cantaridina, que apesar de ter propriedades vesicatórias atua também como afrodisíaco, presente em meloídeos, com maior proporção na espécie européia Lytta vesicatoria (L.,1758) (COLE., Meloidae) é outro exemplo. Relacionam-se ainda com este ramo da Entomologia a busca da susbstância existente no besouro-do-amendoim Ulomoides dermestoides (Fairmaire,1893) (COLE., Tenebrionidae) responsável por sua ação medicinal, com propriedades anti-inflamatórias, bem como o estudo dos efeitos anti-reumáticos do veneno produzido por algumas abelhas e vespas. ENTOMOLOGIA FLORESTAL - estuda os insetos associados às plantas florestais, tanto nativas como cultivadas. Relaciona-se intimamente à entomologia agrícola. Destacam-se pela importância vários coleópteros cerambicídeos, como o “serrador-da-acácia-negra” [Oncideres impluviata (Germar, 1824)], a “broca-da-erva-mate” (Hedypathes betulinus Klug, 1825), a “broca-do-eucalipto” [Phoracantha semipunctata (Fabr., 1775)] e a “broca-do-pinheiro” [Parandra glabra 5 6 (De Geer, 1774)], além de outros coleópteros e também várias lagartas e cochonilhas. ENTOMOLOGIA FORENSE - estuda os insetos que de alguma forma possam contribuir para o esclarecimento de aspectos discutidos em âmbito judicial. São exemplos as formas necrófagas, destacando-se espécies de Nicrophorus e Silpha (COLE., Silphidae), que podem indicar o tempo decorrido na execução de homicídios. ENTOMOLOGIA HABITACIONAL - estuda os insetos que ocorrem nas habitações, os quais podem molestar pela simples presença ou picada, como danificar alimentos, objetos e outros bens humanos. A crescente ocorrência de insetos em residências, hotéis, restaurantes, cinemas, bibliotecas etc, vem aumentando de forma apreciável a importância deste ramo da entomologia aplicada. Como exemplos mais expressivos podem ser lembradas as baratas Periplaneta americana (L., 1758) (BLAT., Blattidae) e Blatella germanica (L., 1767) (BLAT., Blatellidae); o mosquito Culex quinquefasciatus Say,1823 (DIPT., Culicidae) e a pulga Pulex irritans (L., 1758) (SIPH., Pulicidae), insetos hematófagos causando desassossego; os cupins ou térmitas Kalotermes spp. (ISOP., Kalotermitidae) que vivem em madeiras, prejudicando móveis e mesmo caibros, assoalhos e paredes; a traça Tineola uterella (Wals., 1897) (LEPI., Tineidae) e a punilha Dermestes maculatus (DeGeer, 1774) (COLE., Dermestidae), responsáveis por prejuízos em roupas, peles e tapetes; a falsa traça Lepisma saccharina (L., 1758) (THNU., Lepistamidae) danificando quadros e papéis em geral; os piolhos-dos-livros Liposcelis spp. (PSOC., Liposcelidae) comum em bibliotecas, produtos armazenados, herbários e coleções entomológicas. ENTOMOLOGIA INDUSTRIAL - estuda os insetos sob o ponto de vista da utilização industrial de seus produtos. São exemplos a abelha, já citada, de grande importância na produção de mel e cera; o bicho-da-seda Bombyx mori (L., 1758) (LEPI., Bombycidae), espécie de ampla utilização na sericicultura; as cochonilhas Laccifer lacca (Kerr, 1782) (HEMI., Sternorrhyncha, Kerriidae) e Dactylopius coccus (Costa, 1835) (HEMI., Sternorrhyncha, Dactylopiidae), produtoras da verdadeira laca animal e do carmim de melhor qualidade, respectivamente. ENTOMOLOGIA MÉDICA - estuda os insetos que, de qualquer forma, podem afetar a saúde humana. Como exemplos podem ser lembrados os “barbeiros” Triatoma infestans (Klug., 1834) e Panstrongylus megistus (Burm., 1835) (HEMI., Heteroptera, Reduviidae) transmissores de Trypanosoma cruzi causador da doença de Chagas; os mosquitos Aedes aegypti (L., 1762) transmissor dos vírus causadores da febre amarela e da “dengue” e Anopheles spp. (DIPT., Culicidae) vetores do esporozoário Plasmodium vivax causador da malária; o piolho Pediculus humanus (L., 1758) (PHTH., Anoplura, Pediculidae) transmissor de Rickettsia, vírus causador do tifo exantemático; as lagartas urticantes de vários lepidópteros, como as de Automeris spp. e Hylesia spp. (LEPI., Saturniidae), as “taturanas” ou “lagartas-de-fogo” Megalopyge spp. (LEPI., Megalopygidae) e especialmente a “lagarta-assassina” [Lonomia obliqua Walker, 1855 (LEPI., Saturniidae)] capaz de causar hemorragias e óbitos. ENTOMOLOGIA QUÍMICA ou TOXICOLÓGICA - preocupa-se com a procura e fabricação de substâncias destinadas ao controle de insetos. Abrange os aspectos toxicológicos, incluindo os testes de eficiência e seletividade de produtos. ENTOMOLOGIA VETERINÁRIA - estuda os insetos relacionados com a saúde dos animais. Como exemplos destacam-se Dermatobia hominis (L., 1781) (DIPT., Cuterebridae) cujas larvas são conhecidas como “bicho- berne”; Gasterophilus nasalis (L., 1761) (DIPT., Gasterophilidae) causador da “gasterofilose” dos eqüinos; Cochliomyia spp. (DIPT., Calliphoridae) moscas varejeiras responsáveis por miíases tanto em animais como no homem; Melophagus ovinus (L., 1761) (DIPT., Hippoboscidae), ectoparasito permanente de ovelhas; os piolhos das aves, como Menopon gallinae (L., 1758) (PHTH., Amblycera, Menoponidae) entre outros, e os dos mamíferos, como Trichodectes spp. (PHTH., Ischnocera, Trichodectidae) que se alimentam da base dos pêlos e Haematopinus spp. (PHTH., Anoplura, Haematopinidae) que são hematófagos, associados principalmente a bovinos e suinos. 1.3 POSIÇÃO SISTEMÁTICA Existe grande divergência entre os autores no tocante à hierarquia dos grupos que integram os invertebrados que possuem pernas articuladas, incluidos em Insecta por Linneu e em Arthropoda por Sieboldt & Stannius. Apesar do termo Hexapoda ter sido usado como sinônimo de Insecta por muito tempo, e ainda sem diferenciação por BARNES, CALOW & OLIVE (1995), que elevam a hierarquia da maioria dos grupos, os mesmos são mantidos como táxons distintos na proposta de KRISTENSEN (1991). O quadro que segue dá uma visão geral da posição sistemática dos insetos desde filo: Filo Subfilos Superclasses Classes †Trilobita Chelicerata Crustacea ARTHRO- Myriapoda PODA Ellipura Uniramia Hexapoda Diplura Insecta A classe Ellipura reune as ordens Collembola e Protura, consideradas anteriormente por KRISTENSEN (1981) como classes independentes, que juntamente com Diplura, formava o grupo “Entognatha”. 1.4 NÚMERO DE ESPÉCIES As estimativas existentes em relação ao número de espécies de hexápodes descritas são as mais discordantes, pois raros são os trabalhos com dados precisos. Convém lembrar as indicações de 685.900 espécies (SABROSKY, 1952), 739.460 (MARANHÃO, 1976), 787.643 (BORROR, TRIPLEHORN & JOHNSON, 1989) e >883.475 (DALY, DOYEN & PURCELL, 1998) Considerando os valores para cada ordem, em função de estimativas de vários autores, principalmente Grimaldi & Engel (2005), nota-se que 98,8% pertencem a classe Insecta, conforme explicitado na Tabela 1. Estimativas baseadas em cálculos de riquesa e diversidade da entomofauna, no entanto, sugerem que o número de insetos existentes atinge a cifra de 3 a 4 milhões de espécies. (GULLAN & CRANSTON, 2000). 1.5 FILOGENIA É muito discutida a origem dos hexápodes. JEANNEL (1946) calculou em 440 milhões de anos a idade do aparecimento dos primeiros representantes; segundo KUKALOVÁ-PECK (1991), como já referiu VANDEL (1949), os maisantigos que se conhecem são colêmbolos do gênero Rhyniella, datando do Devoniano Inferior (cerca de 400 milhões de anos). As formas aladas surgiram no Carbonífero Superior, há mais de 285 milhões de anos. A teoria de Handlirsch admite uma origem a partir de Trilobita; outros sugerem a partir de crustáceos, como a de Hansen (de Syncarida) e de Crampton (de Peracarida). Para Brauer a origem é a partir do sínfilo Scolopendrella. Depois 7 8 Tabela 1 - Estimativa do número de espécies das ordens de hexápodes. Archaeognatha ...................... 500 Thysanura ............................... 400 Ephemeroptera ...................... 3.100 Odonata................................... 5.500 Blattodea ................................ 4.400 Isoptera ................................... 2.900 Mantodea ................................ 2.300 Plecoptera ............................... 2.000 Grylloblattodea........................ 27 Mantophasmatodea ................. 14 Dermaptera ............................. 2.000 Phasmatodea ........................... 3.000 Orthoptera............................... 20.000 Embioptera.............................. 500 Zoraptera ................................ 32 Psocoptera .............................. 4.400 Phthiraptera............................. 4.900 Hemiptera................................ 90.000 Thysanoptera........................... 5.000 Strepsiptera ............................. 550 Coleoptera............................... 350.000 Megaloptera ............................ 300 Raphidioptera.......................... 200 Neuroptera............................... 6.000 Mecoptera ............................... 600 Siphonaptera........................... 2.500 Diptera ................................... 120.000 Trichoptera ............................ 11.000 Lepidoptera ............................ 150.000 Hymenoptera........................... 125.000 I N S E C T A.......................... 916.223 Protura.................................... 600 Collembola ............................. 9.000 Diplura ................................... 1.000 H E X A P O D A.................... 927.323 surge a mais importante, de Tillyard, admitindo a existência de um tipo hipotético, provavelmente siluriano, como ancestral de onde se originaram tanto os hexápodes como os miriápodes, forma primitiva que foi chamada “protaptera”; dessa forma derivam-se os grupos pro e opistogoneados. Os hexápodes constituem um grupo monofilético, derivado de tais artrópodes opistogoneados, onde o desenvolvimento metamérico se inicia com os representantes da classe Ellipura, incluindo Collembola, onde há uma redução na segmentação abdominal (protomórficos) e Protura, com o número de segmentos aumentando durante o desenvolvimento pós-embrionário (anamórficos); culmina com as classes Diplura e Insecta, onde a evolução metamérica se completa durante o desenvolvimento embrionário (epimórficos) (JEANNEL,1945; KRISTENSEN, 1991; GULLAN & CRANSTON, 2000). A definição dos diversos relacionamentos filogenéticos dos hexápodes, como tembém de todos os artrópodes, entretanto, apresenta ainda muitas controvérsias. . A filogenia dos hexápodes está ilustrada no cladograma da Figura 1, baseado na combinação de dados morfológicos e de seqüência molecular, compilados de vários autores por Gullan & Cranston (2000). Dentro dos insetos surge primeiro Archaeognatha, depois Thysanura e, finalmente, com derivação comum, todas as formas aladas, abrangendo Ephemeroptera e Odonata, que formam os Palaeoptera, e, as demais ordens, que integram os Neoptera. . 1.6 DISTRIBUIÇÃO A distribuição geográfica representa a biogeografia dos seres; é o estudo da ocorrência das espécies em função das regiões do globo terrestre (simplesmente ponto de vista geográfico). Em relação ao tempo estuda-se a “dispersão geográfica”, 9 10 Fig. 1 - Relacionamento evolutivo das ordens de hexápodes (Cf. GULLAN & CRANSTON, 2000). 1- Insecta, 2- Pterygota, 3- Neoptera, 4- Endopterygota. 12 11 que representa a biogeografia histórica, tratando da disseminação das espécies em função do espaço e do tempo (aliando os pontos de vista geográfico e geológico); refere-se geralmente a espécies ou pequenos grupos. A distribuição, em função da abrangência, pode ser geral ou restrita. As espécies de distribuição geral, encontradas em todas as regiões, são ditas cosmopolitas. A traça-dos-cereais Sitotroga cerealella (Olivier, 1819) (LEPI., Gelechiidae) e a mosca-comum Musca domestica L., 1758 (DIPT., Muscidae) constituem exemplos bem característicos. . As de distribuição restrita podem ser cosmopolitas- tropicais, características de uma região zoogeográfica ou peculiares apenas a determinados locais de uma região; neste caso são chamadas endêmicas, servindo de exemplo Diloboderus abderus Sturm.,1826 (COLE., Scarabaeidae) encontrado apenas no Uruguai, norte da Argentina e sul do Brasil. Quanto às regiões zoogeográficas, apesar de serem caracterizadas principalmente pela fauna de vertebrados, são também referidas para distribuição dos artrópodes: Australiana: Austrália, Tasmânia, Nova Guiné, Nova Zelândia e outras ilhas vizinhas. Ex.: Australembia (EMBI., Australembiidae). Etiópica: África, abaixo do trópico de Câncer; inclui deserto de Saara, Madagascar e ilhas adjacentes. Ex.: Hemimerus (DERM., Hemimeridae), com espécies que parasitam roedores, encontradas exclusivamente no sul da África. Neártica: Norte do México (terras altas), USA, Canadá, Groenlândia e ilhas árticas. Ex.: Magicicada septemdecem (L.,1758) (HEMI., Auchenorrhyncha, Cicadidae), uma das cigarras periódicas da América do Norte. Neotropical: América do Sul e Central, sul do México (terras baixas) e Antilhas. Ex.: Acrocinus longimanus (L.,1758) (COLE., Cerambycidae); os “falsos-bichos-pau” (ORTH., Proscopiidae) são exclusivos da América do Sul. Oriental: Ásia ao sul do Himalaia, Índia, Sri Lanka, Malásia, Indonésia (Sumatra, Java, Borneo, Celebes) e Filipinas. Ex.: Pharnacia serratipes (Gray,1835) (PHAS., Phasmatidae). Paleártica: Europa, Ásia acima do Himalaia (China, Japão, Rússia), Afganistão, Irã, Iraque, Síria e África ao norte do trópico de Câncer. Ex.: Panorpa (MECO., Panorpidae). 1.7 ASPECTOS ECOLÓGICOS Os insetos, durante sua vida, podem ocorrer em vários “habitats”, sendo comum locais distintos em função das fases do desenvolvimento. Os principais aspectos estão relacionados a seguir, acompanhados, a título de exemplificação, de gêneros que possuem espécies com tais modos de vida: Terrestre epígeo – vivendo acima da superfície do solo, em especial na parte aérea das plantas: a grande maioria. Chrysomphalus (HEMI., Sternorrhyncha, Diaspididae) hipógeo – hábito subterrâneo: larvas de Diloboderus (COLE., Scarabaeidae) Aquático dulciaqüícola lêntico - Culex (DIPT., Culicidae) lótico - Hexagenia (EPHE., Ephemeridae) lenítico - Simulium (DIPT., Simuliidae) Marinho litorâneo - alguns dípteros Chironomidae pelágico - Halobates (HEMI., Heteroptera, Gerridae) 13 14 1.8 ASPECTOS ETOLÓGICOS No tocante aos costumes e relações com outros organismos, convém destacar regimes alimentares e associações biológicas. Quanto aos regimes alimentares podem ser agrupados em: fitófagos - alimentam-se de vegetais; zoófagos - vivem às expensas de animais, incluindo as espécies entomófagos e hematófagos; pantófagos ou onívoros - valendo-se indistintamentede produtos de origem tanto vegetal como animal; saprófagos - alimentam-se de matéria em decomposição, incluindo coprófagos, que se valem de excrementos, e, necrófagos, que se desenvolvem em cadáveres. Os fitófagos, que representam a grande maioria, podem viver apenas na dependência de uma espécie vegetal (monofitófagos), de grupo de plantas semelhantes ou da mesma família (oligofitófagos), ou, alimentarem-se indistintamente de diversos vegetais (polifitófagos). Tais insetos são comumente caracterizados por nomes relacionados a particularidades de seu regime alimentar, listadas a seguir, com exemplos comuns em nosso meio: algófagos - Hexagenia albivittata (Walker, 1853) (EPHE., Ephemeridae), cujas formas jovens se alimentam de algas diatomáceas. micetófagos - Atta sexdens (L., 1758) (HYME., Formicidae), formiga cortadeira conhecida por “saúva” que cult iva o fungo Pholiota gongylophora do qual se alimenta. rizófagos - Conoderus scalaris (Germar, 1824) (COLE., Elateridae), cujas larvas chamadas “verme-arame” alimentam-se de raízes de várias plantas. Diloboderus abderus (COLE., Scarabaeidae) e muitas outras espécies de escarabeídeos, cujas larvas são conhecidas como “bicho-bolo”, “capitão”, “coró” e “pão-de-galinha”. xilófagos- Oncideres impluviata (COLE., Ceram- bycidae), o “serrador-da-acácia-negra”, cujas larvas abrem galerias nos galhos cortados pelos adultos, alimentando-se do lenho. filófagos - Epicauta spp. (COLE., Meloidae), conhecidos comumente por “burrinhos” que na forma adulta se alimentam de folhas, especialmente solanáceas. fitossuccívoros - Aethalion reticulatum (L.,1767) (HEMI., Auchenorrhyncha, Aethalionidae) (cigarrinha-dos-pomares), (Nezara viridula (L.,1758) (HEMI., Heteroptera, Pentatomidae) (percevejo-da-soja), Schizaphis graminum (Rond.,1852)(HEMI., Sternorrhyncha, Aphididae) (pulgão-verde-dos-cereais). cecidógenos - Iatrophobia brasiliensis (Rübs., 1907) (DIPT., Cecidomyiidae), causador da “verruga da folha da mandioca”. florífagos - Macraspis spp. (COLE., Scarabaeidae), cujos adultos comumente se alimentam de pétalas, especialmente da roseira. polinífagos - Astylus spp. (COLE., Dasytidae), aliamentam-se do pólen de várias flores. nectarívoros - Papilio spp. (LEPI., Papilionidae) e a maioria das demais borboletas, sugam o néctar de várias flores. carpófagos - Anastrepha fraterculus (Wied., 1830) (DIPT., Tephritidae), conhecida como “mosca-das- frutas-sul-americana”, cujas larvas se alimentam da polpa de vários frutos. espermófagos - Cydia deshaysiana (Lucas, 1858) [=Laspeyresia saltitans (West.,1858)] (LEPI., 15 16 Tortricidae), vive em uma euforbiácea, ocasionando as sementes saltadoras! cletrófagos - Sitophilus oryzae (L., 1758) (COLE., Curculionidae), comumente chamado “gorgulho- dos-cereais”, larvas e adultos danificando grãos armazenados. Em relação às associações entre organismos (biocenoses) existem espécies que vivem interrelacionadas com outras: - com vegetais - epífitas - Chrysomphalus spp. (HEMI., Sternorrhyncha, Diaspididae) endófitas - (DIPT., Cecidomyiidae) - com animais - - da mesma espécie: agregações - gafanhoto migratório, lagartas, pulgões sociedades - abelhas, formigas, térmitas. - de espécies diferentes (simbioses) : associações harmônicas: comensalismo - espécies mirmecófilas e termitófilas mutualismo - formigas açucarei ras e pulgões cupins e protozoários associações desarmônicas: inquilinismo - traça-das-colméias Galleria mellonella (L.,1758)(LEPI., Pyralidae) parasitismo - vespinhas em cochonilhas predatismo - joaninhas em pulgões 17 18 1.9 IMPORTÂNCIA Além das implicações já citadas nas divisões da Entomologia, com expressivos exemplos de espécies referidas nos aspectos ecológicos e etológicos, destacando-se as nocivas a plantas, animais e homem, construções e produtos armazenados, e, as úteis no controle biológico, uso industrial e polinização, devem ser ressaltadas outras formas de importância dos insetos: Adorno - o valor estético de grande número de representantes, motiva a utilização de exemplares, convenientemente preparados, como enfeites presentes em pregadores, brincos, quadros, bandejas etc, ou também inspirando confecção de jóias e múltiplas obras de arte, bem como ilustrações filatélicas. Destacam-se as borboletas, especialmente de coloração metálica, e, coleópteros, também de cores metálicas ou vistosos pelo grande porte. Cuidados com a proteção de borboletas e inclusive sua criação, permitindo ao público melhor apreciar tais maravilhas da natureza, constituem assuntos de grande atualidade. Alimento - o uso de gafanhotos como alimento é freqüente no Oriente. Nativos da África valem-se de cupins, formigas, gafanhotos e larvas, tanto de coleópteros como de lepidópteros. No México são consumidas lagartas fritas, conhecidas como “gusanos de Maguey”, sendo inclusive enlatadas e comercializadas. No Brasil indígenas utilizam larvas de coleobrocas, especialmente cerambicídeos e curculionídeos, em sua alimentação. Larvas de abelhas também são consumidas. Biodiversidade - tratando-se dos seres com maior número de espécies na natureza, muitas representadas por descomunais populações, sua importância na permanência da diversidade dos organismos e conseqüentes interações nos vários ecossistemas é evidente. Bioindicadores - várias espécies, especialmente dípteros quironomídeos, plecópteros e odonatos são de grande importância para avaliar a poluição de ambientes aquáticos; diversos lepidópteros são utilizados como indicadores da degradação de florestas. Biomassa - os insetos constituem parte importantíssima da biomassa do planeta; existem estimativas de que cupins e formigas chegam a representar, cada um, a expressiva proporção de 10%! São imprescindíveis para o equilíbrio biológico, atuando tanto no controle de organismos como, especialmente, constituindo-se em meios fundamentais de alimentação de muitas espécies, tanto aquáticas como terrestres. 19 exemplificados envergadura, incluindo a do maior inseto fóssil: Maiores insetos - †Meganeura (ODON.) 70cm envergadura Pharnacia(PHAS.) (Oriental) 33cm Otocrania(PHAS.) (Brasil) 26,5cm Thysania (LEPI.) 30cm envergadura Titanus (COLE.) 20cm Mecistogaster (ODON.) 15,5cm Acrocinus (COLE.) 11cm (33cm: entre extremidades das pernas anteriores) Menores insetos - Ptiliidae (COLE.) 0,25mm Alaptus (HYME.) 0,21mm Megaphragma (HYME.) 0,17mm Dicopomorpha (HYME.) 0,139mm Cor - Pode ser: estrutural (física) pigmentária (química) São exemplos de colorações estruturais as metálicas, decorrentes de irizações devidas a fenômenos de difração ou, mais seguido, de interferência, determinados pela superposição de lâminas de quitina extremamente delgadas, separadas por camadas apresentando índice de refração diferente, como se observa em asas de várias borboletas (Morpho spp.) e no corpo e apêndices de muitos coleópteros. As cores pigmentárias podem ser motivadas por melaninas (pardo escura ou negra), carotenóides (amarela, vermelha), insectoverdinas (azul, verde), pteridinas (eritropterinas - vermelha; xantopterina - amarela; leucopterina - branca), derivados das quinonas (ácido carmínico: carmin), e mais raramente, clorofila e hemoglobina. a seguir, juntamente com alguns dados de 20 2 ANATOMIA O termo anatomia, cujo significado é “Ciência que trata da forma e da estrutura dos seres organizados”, vem sendo utilizado com diferentes acepções. Apesar deabranger anatomia externa e anatomia interna, alguns autores consideram o nome restrito à organização interna, reservando o nome morfologia para a externa; há ainda os que adotam somente morfologia, dividindo-a em externa e interna. 2.1 ORGANIZAÇÃO EXTERNA 2.1.1 ASPECTOS GERAIS Forma - O corpo dos insetos pode ter várias formas, com aparência grandemente modificada pela presença dos apêndices, que exibem aspectos e tamanhos os mais diversos. O corpo, em alguns, apresenta-se: subgloboso - pulgões hemisférico - joaninhas subcilíndrico - freqüente em larvas. baciliforme - bichos-pau comprimido (lateralmente) - pulgas deprimido (dorso-ventralmente) - piolhos Esses termos são também usados para caracterizar apenas parte do corpo, como por exemplo libélulas com abdome subcilíndrico e cabeça subglobosa. Tamanho - O comprimento do corpo dos insetos adultos atuais pode variar desde fração de milímetro até mais de 3 decímetros, pertencentes a espécies dos gêneros 2.1.2 TEGUMENTO O tegumento ou integumento é o revestimento externo ou parede do corpo, que cobre toda a superfície, constituindo o exoesqueleto, responsável pelo aspecto geral dos artrópodes. Forma também algumas dobras salientes no interior do corpo e apêndices, chamadas apódemas, representando as superfícies de inserção dos músculos, que no seu conjunto formam o endoesqueleto. O tegumento é formado por três camadas consecutivas: cutícula, hipoderme e membrana basal (Fig. 2) Fig. 2 – Tegumento. C - cutícula: ep - epicutícula, ex - exocutícula, en- endocutícula; H - hipoderme; Mb - membrana basal. CUTÍCULA - camada externa, acelular, substituída nos processos de ecdises. É formada por: Epicutícula, camada externa, muito fina, com fenois derivados do aminoácido tirosina; tem estrutura cerosa sendo responsável pela impermeabilização. Exocutícula, camada estratificada com melanina e outros pigmentos. Endocutícula, parte essencial da cutícula, formada por camadas alternadas de uma proteína hidrossolúvel - a artropodina, e do acetato de um polissacarídeo, chamado quitina. A artropodina, por ação de polifenois, atuando como substâncias tanantes, transforma-se em esclerotina, proporcionando grande resistência ao tegumento. A quitina decorre da aminação da d-glicose (C H O ), resultando a 6 12 6 glicosamina ou quitosamina (C H O N), que sofre acetilização 6 13 5 e subsequente tautomeria, seguindo-se polimerização e condensação; tem por fórmula (C H O N)n onde o valor de n 8 13 5 é ao redor de 18, diferindo da celulose por apresentar radicais acetilamina em lugar de oxidrila. HIPODERME ou EPIDERME - camada celular formadora da cutícula. MEMBRANA BASAL.- delimitadora da cutícula. A cutícula, além de formar o exoesqueleto, recobre igualmente os epitélios de origem ectodérmica; forma invaginações ao nível dos orifícios naturais, revestindo uma parte das cavidades internas, como intestinos anterior e posterior, canais excretores das glândulas e cavidades respiratórias. 2.1.2.1 Diferenciações Existem formações tipicamente externas, que são diferenciações cuticulares, e outras, produzidas por uma ou mais células hipodermais, formando as diferenciações tegumentares. (Fig. 3) CUTICULARES - Existe uma extrema variedade de diferenciações externas da cutícula, de importância para os trabalhos sistemáticos, incluindo pontuações, granulações, puncturações, estriações, pequenos espinhos (microtríquias), cristas etc. TEGUMENTARES - Unicelulares: São produções hipodermais móveis, destacando-se os pêlos e as cerdas. Com freqüência os pêlos estão conetados a terminações nervosas e desempenham uma função sensorial; alguns podem estar ligados a células glandulares, formando as cerdass urticantes. O número e 21 22 disposição das setas e cerdas, em muitos casos, é de grande importância para propósitos sistemáticos (quetotaxia), especialmente em coleópteros, dípteros e formas imaturas de lepidópteros. As escamas que se observam em numerosos insetos, representam cerdas modificadas. Multicelulares: estruturas rígidas, ocas ou sólidas, que podem ser fixas, como os espinhos e processos cefálicos (chifres) e torácicos, ou móveis, como os esporões. Fig. 3 – Diferenciações cuticulares e tegumentares. (Segundo Osuna) 2.1.2.2 Particularidades A presença do revestimento tegumentar motiva algumas particularidades que viabilizam tanto os movimentos como o crescimento. Articulações Revestimento tegumentar muito fino, pouco esclerotizado e bastante flexível: Entre somitos - membranas articulares, que em alguns casos permitem grande afastamento dos somitos, como se observa em rainhas de isópteros (fisogastria). Entre artículos - monocondilares – permitem movimentos amplos, como por exemplo nas antenas. bicondilares – condicionam movimentos em um só plano. Ex.: entre fêmur e tíbia dos gafanhotos. Crescimento - O crescimento dos insetos, como de todos os artrópodes, está condicionado à substituição do revestimento tegumentar. Esta substituição, regulada por processos hormonais, se dá através das “trocas de pele” ou ecdises. O número de ecdises é muito variável, observando-se na maioria de três a seis; alguns, entretanto, como em Ephemeroptera, atinge 45 e em Thysanura pode chegar até 65. As ecdises ocorrem de um modo geral somente nas formas imaturas. Constituem exceções os tisanuros, que fazem várias durante a fase adulta, e, os efemerópteros, que fazem uma após emergir a primeira forma alada. 2.1.3 SEGMENTAÇÃO Como em todos os artrópodes, o corpo dos insetos é formado por segmentos, chamados com mais freqüência de somitos, e também referidos por metâmeros ou zoonitos. Um somito típico é um anel formado pela região dorsal, chamada noto ou tergo, a ventral, o esterno, e duas laterais unindo às anteriores, chamadas pleuras. (Fig. 4) Fig. 4 – Regiões de um somito. A - acetábulo, E - esterno, N - n o t o o u t e r g o , P-pleura. em - epímero, et - episterno, sp - sutura pleural. 23 24 As regiões dos somitos podem ser formadas por peças menores, os escleritos, delimitados por linhas de união chamadas suturas. Tagmose Os insetos caracterizam-se por metameria heterônoma, onde o corpo consta geralmente de 20 somitos, agrupados em 3 regiões ou tagmas (Fig. 5): cabeça - 6 somitos tórax - 3 somitos abdome - 11 somitos ou urômeros. Fig. 5 – Tagmas. A- abdome, C - cabeça, T- tórax. Aa- asa anterior, Ap- asa posterior, Ag- armadura genital, An- antena, Ce- cercos, L- lábio, M- mandíbula, Mx- maxila, O - olho, P1-3 – pernas anterior, média e posterior. 1-6 – segmentos cefálicos, 1-3 – segmentos torácicos, 1-11 – urômeros. (Modificado de Ceballos) 2.1.3.1 CABEÇA Formada pela fusão de seis segmentos, chamados: ocular, antenal, intercalar, mandibular, maxilar e labial. Distinguem-se as seguintes regiões (Fig. 6): occipital (occipício), vértice (vértex), frontal (fronte), genais (genas) e clipeal (clípeo), merecendo ressaltar, como principais suturas, nem sempre bem visíveis, as antenais, a epicranial, as genais e a clipeal ou epistomal. A sutura epicranial muitas vezes tem um ramo superior, chamado coronal, que se divide para baixo, em forma de Y invertido, evidenciando duas suturas frontais. A cabeça às vezes apresenta um prolongamento anterior do vértice, chamado fastígio. Pode também prolongar-se inferiormente, formando um rostro, onde se abrigam as peças bucais. Fig. 6 – Cabeça. A - antena, c - clípeo, f - fronte, g - gena, l - labro, md -mandíbula, o - ocelo, OC - olhocomposto, occ - occipício, pl - palpo labial, pm - palpo maxilar, v - vértice. Em função da orientação das peças bucais, para a frente, para baixo ou para trás, a cabeça pode ser referida prognata, hipognata e opistognata, respectivamente. (Fig. 7) Fig. 7 - Tipos de cabeça: Pr- prognata, Hi- hipognata, Op- opistognata. Na região cefálica podem ser encontrados ocelos, em número de 1, 2 ou 3, e um par de olhos compostos ou facetados. 25 26 ffl Fp Fe Ffu Fc Os olhos apresentam-se circulares, elípticos, emarginados, reniformes, e mais raramente pedunculados e ascalafóides (subdivididos, com uma parte para visão aérea e outra no seio líquido); na maioria estão separados - dicópticos, ou,às vezes, tocando-se em maior ou menor extensão - holópticos. Logo atrás do tagma cefálico pode ocorrer uma região membranosa, como um colarinho ou “pescoço”, chamado cerviz ou cérvice, observado com facilidade em baratas, no louva-a-deus e em “esperanças”. 2.1.3.2 TÓRAX Formado por 3 somitos, bem distintos, às vezes parcial ou totalmente fundidos: protórax mesotórax metatórax Os dois últimos, quando fundidos, formam o chamado pterotórax. Os somitos torácicos são os que evidenciam grande diversidade de escleritos, que recebem denominações particulares, conforme as regiões: noto ou tergo - pré-escuto, escuto, escutelo, pós- escutelo; pleuras - episterno e epímero, que por sua vez podem estar subdivididos em duas partes (superior e inferior); esterno - presterno, esternelo, pós-esternelo e espinasterno. 2.1.3.3 ABDOME Os urômeros possuem urotergitos e urosternitos facilmente visíveis, ao contrário dos uropleuritos, nem sempre bem delimitados. 27 28 O primeiro segmento abdominal pode estar fundido com o metatórax, formando o propódeo. Quando o abdome tem ampla inserção com o tórax é chamado séssil, também conhecido por aderente. Havendo uma constrição chama-se livre; quando o primeiro urômero visível ou mesmo os dois primeiros forem um pouco alongados, é dito peciolado e quando for muito longo e cilíndrico, o abdome é dito pedunculado. Em alguns hemípteros o abdome apresenta-se lateralmente expandido, além das asas em repouso, ao que se dá o nome de conexivo. 2.1.4 APÊNDICES As partes acessórias dos diversos segmentos, via de regra pares e articuladas, chamadas apêndices, são características dos diversos tagmas. 2.1.4.1 CEFÁLICOS ANTENAS Formadas por número variável de artículos, chamados antenômeros, que recebem nomes particulares: Escapo para o primeiro, pedicelo para o segundo e flagelo para o conjunto dos demais, que podem apresentar os últimos artículos mais dilatados, chamados de clava, em oposição aos anteriores que constituem o funículo. (Fig. 8) Fig. 8 – Partes da antena. c - clava, e - escapo, p - pedicelo, fl - flagelo, fu - funículo. 29 30 Alguns insetos podem ter antenas de um só artículo e também outros ultrapassando 150; a maioria porém varia de 3 a poucas dezenas. As antenas podem se apresentar sob diversas formas, como as ilustradas na Fig. 9. Além de aristada, capitada, clavada, estilada, filiforme, flabelada, geniculada, lamelada, moniliforme, pectinada, plumosa, serreada e setácea, já repreentadas, pode ainda ser denteada, fusiforme, imbricada, irregular, triquetra e verticilada. As denteadas, pectinadas e serreadas podem ter expansões para os dois lados, usando-se então o prefixo “bi”. Fig. 9 – Tipos de antenas. PEÇAS BUCAIS (Figs. 10 e 11) Apresentam grande diversificação, podendo ser caracterizados quatro tipos fundamentais de aparelhos bucais: mandibulado (mandibulata) - baratas, cascudos, ortópteros em geral; p i cador- sugador (pungen t i a - so rben t i a ) - percevejos,cigarras, mosquitos, pulgas, trips; sugador (sorbent ia) - mosca-domést ica (=esponjador) e borboletas; lambedor (lambentia) - abelhas. l - labro md - mandíbula mx - maxila c - cardo e - estipe lc - lacínia g - gálea pm - palpo maxilar lb - lábio sb - submento m - mento prm - premento pl - palpo labial lg - lígula Fig. 10 – Aparelho bucal mastigador. 2.1.4.2 TORÁCICOS PERNAS Inseridas na região pleuro-esternal posterior, entre episterno e epímero Formadas por coxa, trocanter, fêmur, tíbia e tarso, sendo que antes da coxa às vezes pode ser observado o trocantino (Fig. 12). O trocanter pode ser simples ou duplo (dítroco) e o tarso com até 5 tarsômeros. Em relação ao número de tarsômeros em cada perna são referidas fórmulas tarsais, como por exemplo 5-5-5, 5-5-4, 3-4-4 etc. Quando os tarsos anterior, médio e posterior possuem o mesmo número de artículos, chamam-se homômeros, que podem ser monômeros, dímeros, trímeros, tetrâmeros e pentâmeros; existem também os pseudotrímeros ( = c r i p t o t e t r â m e r o s ) e o s p s e u d o t e t r â m e r o s (=criptopentâmeros) que possuem um pequeno artículo de difícil visualização. Quando os números são variáveis, chamam-se heterômeros. Fig. 11 – Aparelhos bucais. La - lambedor (abelha), Ma – mastigador (gafanhoto), Se - sugador esponjador (mosca comum), Sm - sugador maxilar (borboleta), Ps - picador sugador - 1.percevejo, 2.trips. tarso, também chamado prétarso, representado pelas garras, que podem ser simples ou duplas, apresentando-se lisas, apendiculadas ou pectinadas. Fig. 12 – Artículos da perna: Cx - coxa, Fm - fêmur, Pt - pós-tarso, Ta - tarso, Tb - tíbia, Tc - trocantino, Tr - trocanter. O pós-tarso (Fig. 13) pode ainda ser dotado de: arólio - uma projeção como almofada, entre as garras empódio - projeção em forma de cerda, entre as garras.; pulvilo - projeção como almofada, em baixo de cada uma das duas garras; Fig. 13 – Pós-tarso: a - arólio, e - empódio, g - garra, p - pulvilo. As pernas recebem designações especiais em decorrência de suas funções: ambulatoriais, auditivas, coletoras, cursoriais, escansoriais, estridulatórias, fossoriais, glandulares, limpadoras, natatoriais, raptoriais, saltatoriais. (Fig. 14) As maiores distâncias atingidas pelo salto são de 75cm em gafanhotos e 30cm em pulgas (mais de 100 vezes o seu comprimento!). Após o último tarsômero pode estar presente um pós- 31 32 Fig. 14 – Tipos de pernas. ASAS São evaginações tegumentares, na porção anterior das linhas de união do noto com as pleuras. Na base das asas podem ser observados escleritos articulares que formam a “pterália”. Um de importância na sistemática, é o chamado “tégula”, situado junto à inserção do primeiro par de asas. Os insetos podem ser destituídos de asas (ápteros), ter apenas um par (dípteros) ou dois pares (tetrápteros). Alguns, apesar de possuirem asas, não voam (aptésicos). O primeiro par de asas é mesotorácico, podendo apresentar grande variação quanto à sua estrutura. O segundo é metatorácico, sendo as asas sempre membranosas,planas ou dobradas, comumente em leque; em alguns insetos, em lugar das asas posteriores, podem ocorrer estruturas em forma de lingueta ou mais comumente capitadas, como em Diptera, chamadas “balancins” ou “halteres”. As asas, em função de sua estrutura ou consistência, são reunidas nos tipos a seguir referidos, juntamente com exemplos: Membranosas: nuas - odonatos pilosas - tricópteros escamosas - lepidópteros Pergamináceas: tégminas - ortópteros Coriáceas: total - élitros - coleópteros parcial - hemiélitros - hemípteros Em muitos casos distinguem-se nas asas os ângulos (umeral ou basal, apical e anal), margens (costal ou anterior, apical ou externae anal ou interna) e veias (costal, subcostal, radiais, médias, cubitais e anais) que podem se anastomosar e formar células (Fig. 15). Fig. 15 – Asas. 1- ângulos: aan- ângulo anal, aap- ângulo apical, au- ângulo umeral; margens: man- margem anal ou interna, map- margem apical ou externa, mc- margem costal ou anterior; 2 - veias: A- anal, C- costal, Cu- cubital, M- média, R- radial, Sc- subcostal; 3- hemiélitro: c- cúneo, cl- clavo, co- cório, e- embólio, m- membrana. 33 34 Certas asas membranosas apresentam um espessamento das veias junto à margem costal, chamado “pterostigma”, como nos odonatos e muitos himenópteros. Nas asas, além da estrutura, podem ser referidas particularidades de forma, como estreitas, fendidas e franjadas. O acoplamento entre asas pode ser do tipo amplexiforme ou por meio de estruturas especiais, como os frênulos em mariposas, representados por cerda ou cerdas na base da asa posterior que se ajusta em escamas da asa anterior, e, os hâmulos, pequenos ganchos na margem anterior do segundo par de asas, comuns em himenópteros, O vôo dos insetos decorre da ação conjunta de feixes musculares dorsolongitudinais e tergoesternais. Taxas de 10 vibrações por segundo são encontradas em borboletas, atingindo até 200 em abelhas. A velocidade, em km/h, varia de 7 na mosca doméstica, 20 em abelhas, 54 em mariposas (Sphingidae), cerca de 100 em libélulas e até 145 por curto período, em algumas moscas (Tabanidae). 2.1.4.3 ABDOMINAIS Cercos - apêndices pares da parte láteroventral do 11º urômero, de função sensorial e em alguns casos preensora, formados por um ou mais artículos: Uniarticulados: Dermaptera (em forma de tenaz, chamados “calíperos”), Isoptera, Odonata, Orthoptera Caelifera, Zoraptera. Multiarticulados: Blattodea, Embioptera, Ephemeroptera, Mantodea, Orthoptera Ensifera, Plecoptera, Thysanura. Muitos insetos, no entanto, não possuem cercos: Coleoptera, Hemiptera, Hymenoptera, Neuroptera, Phthiraptera, Psocoptera, Siphonaptera, Strepsiptera. Estilos - apêndices pares, uniarticulados, oriundos das partes laterais ou posteriores do 11º somito: em machos de Blattodea e Mantodea Sócios - apêndices pares dorso-laterais do 10º urômero, uniarticulados e diminutos, em Hymenoptera, Lepidoptera e Trichoptera Outros Colóforo e furca Filamento caudal mediano Pigópode Pseudópode (espuripédio ou falsa-perna) Sifúnculo (=cornículo) Urogonfo (em larvas) Podem ocorrer exteriorizações de peças da genitália (terebra; ovipositores ensiforme, estiliforme, falciforme e telescópico) e também de modificações do aparelho respiratório, como sifões ou tubos respiratórios. 2.2 ORGANIZAÇÃO INTERNA As estruturas que compõem a organização interna constituem os aparelhos, relacionados à vida vegetativa, incluindo digestivo, respiratório, circulatório, excretor e reprodutor, e, os sistemas, relacionados à vida de relação, incluindo muscular, nervoso e secretor (Fig. 16). Fig. 16 – Aspectos da anatomia interna de um inseto. Ca- cabeça, Tx- tórax, Ab- abdome, A- ânus, Ar- aorta anterior, B- boca, E- esôfago, G- gônadas, Og- orifício genital, Im- intestino médio, Pa- papo, Pr- proventrículo, R- reto. 1-9 – gânglios cefálicos e torácicos da cadeia nervosa e Cnv- demais gânglios ventrais, Vd- vaso dorsal. (Segundo Ceballos) 35 36 Modernamente, entretanto, não se faz mais distinção dos termos, ocasionando certa confusão nas publicações. Objetivando eliminar tal situação, Buzzi & Miyazaki (1999) utilizam a terminologia de enterossoma, hemossoma, aerossoma, excretossoma, gonadossoma, miossoma, neurossoma e sensilossoma, cujas etimologias já indicam as correspondentes abrangências. Em muitas obras, inclusive bem recentes, no entanto, é feita utilização geral do termo sistema, critério adotado nesta apostila. 2.2.1 SISTEMAS DIGESTIVO E EXCRETOR Formado por três regiões bem características, chamadas intestino anterior (estomodeu), médio (mesêntero) e posterior (proctodeu). Estomodeu - com a cavidade bucal, faringe, esôfago, inglúvio (ou “papo”) e proventrículo (ou “moela”). Pode ocorrer um espaço anterior à abertura bucal, entre as peças mastigadoras, chamado cibário. Nem sempre todas as regiões estão bem delimitadas. Mesêntero - com hipoderme formando epitélio glandular, também chamado “estômago” ou “ventrículo”. Possui divertículos ou cecos gástricos, geralmente na região anterior. Proctodeu – Pode exibir um intestino delgado (íleo) e um intestino grosso (cólon), que se continuam pelo reto, finalizando na abertura anal. Junto à inserção com o mesêntero desembocam os túbulos de Malpighi, de função excretora e eventualmente glandular. 2.2.2 SISTEMA RESPIRATÓRIO A respiração pode ser cutânea, traqueal ou branquial. Cutânea - pela permeabilidade do tegumento. Ocorre na maioria dos colêmbolos, em algumas larvas aquáticas de dípteros e em larvas de vespinhas parasitóides. Traqueal - através de traquéias, com ramificações de menor calibre chamadas traquéolas, que levam o ar até as células. Possuem um filamento cuticular helicoidal, chamado tenídio, que assegura a permanência de sua forma tubular. A comunicação com o exterior se dá por meio de aberturas chamadas espiráculos, que facultam o fechamento quando necessário.(Fig. 17) Fig. 17 – Sistema respiratório. 1- invaginação traqueal, 2- traquéola, 3 - tenídio, 4 - espiráculo aberto e fechado, ae – anel elástico, E - abertura do espiráculo, En - endocutícula, Ep - epicutícula, Ex - exocutícula, H - hipoderme, m - músculo espiracular, Mb - membrana basal. (Segundo Ceballos) 37 38 Em relação ao número de espiráculos podem ser: Apnêusticos (maioria dos colêmbolos) Oligopnêusticos, que podem ser: propnêusticos (só um par anterio, torácicor: pupa de mosquito) metapnêusticos (só um par posterior, no último urômero: larva de mosquito) anfipnêusticos (pares anterior e posterior: larva de mosca) Polipnêusticos: hemipnêusticos (1 torácico + até 7 abdominais): piolhos peripnêusticos (1 + 8) (lagartas) holopnêusticos (2 + 8) (maioria dos adultos) Branquial: brânquias traqueais ou traqueobrânquias, que podem ser filamentares, digitiformes ou foliáceas brânquias sanguíneas - raras, em larvas de alguns dípteros e tricópteros. 2.2.3 SISTEMA CIRCULATÓRIO Circulação aberta ou lacunar, com hemoceles. Hemolinfa - líquido circulatório, relacionado à nutrição. Vaso dorsal com câmaras dotadas de ostíolos, dispostas dorsalmente no abdome, acionadas por músculos aliformes, continuando-se pela aorta anterior, de menor calibre, que se abre na região cefálica. 2.2.4 SISTEMAS DE SUSTENTAÇÃO E MUSCULAR O sistema muscular do hexápodes é muito complexo, constituído por grande número de músculos estriados, formando feixes individualizados, capazes de ações extremamente rápidas e potentes. Os músculos obedecem à organização geral dos artrópodes, sendo os somáticos, que representam a grande maioria, pares, enquanto os esplâncnicos, relacionados às vísceras, ímpares. Quanto à conexão, os músculos podem estar em continuidade com a membrana basal ou atingir até a exocutícula por meio de tonofibrilas, estruturas fibrilares não estriadas resultantes de diferenciação das células hipodermais. A inserção dos músculos pode ser diretamente no exoesqueleto ou em invaginações tegumentares, que formam diversos tipos de apódemas, constituintes do endoesqueleto. Os apódemas mais importantes situam-sena região torácica, incluindo os endotergitos, geralmente em forma de placa chamada “fragma”, endopleuritos e endoesternitos comumente referidos como “apófises”. Na região cefálica os apódemas podem estar reunidos, recebendo a designação particular de “tentório”. 2.2.5 SISTEMA REPRODUTOR Opistogoneados - com sexos separados (dióicos) Macho - vesículas testiculares formando os testículos, vaso deferente, vesícula seminal com glândulas anexas e ducto ejaculador (edeago) (Fig. 18-1) Fêmea - ovaríolos formando o ovário, oviduto e vagina com espermateca dotada de glândula espermatecal, e, glândulas coletéricas. (Fig. 18-2) Os órgãos sexuais externos, que constituem a genitália, são mais desenvolvidos nos machos, sendo formados por um conjunto de peças essenciais e outras acessórias do aparelho reprodutor. São estruturas de grande importância sistemática, cujo exame, em muitos casos, torna-se imprescindível para assegurar o exato conhecimento das espécies. 39 40 Fig. 18 – Sistema reprodutor. 1- masculino: de- ducto ejaculador, ga- glândula anexa, t- testículo, vd- vaso deferentes, vs- vesícula seminal, vt- vesículas testiculares no corte de um testículo. 2- feminino: c- cálice, e-espermateca, gc- glândula coletérica, ge- glândula espermatecal, ls- ligamento suspensor do ovário, o- ovário formado por grande número de ovaríolos, ov- oviduto, v- vagina. (Baseado em Comstock) 2.2.6 SISTEMA NEUROSECRETOR SISTEMA NERVOSO (Fig. 19) - composto de três partes fundamentais: o sistema nervoso central, o sistema nervoso simpático ou visceral e o sistema nervoso periférico: - Sistema nervoso central - representado pelo cérebro, gânglio subesofagiano e cadeia nervosa ventral: Cérebro, formado por proto, deuto e tritocérebro: protocérebro - responsável pela enervação dos olhos, ligados aos lóbulos ópticos, e dos ocelos, pelos nervos ocelares conetados aos lóbulos protocerebrais; deutocérebro - contém os gânglios antenais; tritocécebro - dois pequenos lóbulos reunidos por uma comissura pos-esofagiana, que enervam o labro. gânglio subesofagiano - reunião de 3 pares de gânglios, em baixo do esôfago, responsável pela enervação dos demais apêndices bucais. Fig. 19 – Sistema neurosecretor. 1- vista dorsal da porção anterior; 2- esquema “escada de corda”; 3- tipo geral do sistema nervoso central; 4-em Coccidae (HEMI.), 5- em Belostomatidae (HEMI.), 6- em Stratiomyidae (DIPT.); 1-17 – pares de gânglios; Ca- Corpora allata; Cc- Corpora cardiaca; Con-comissura; D- deutocérebro; E- esôfago; Gf- gânglio frontal; Gh- gânglio hipocerebral; Gs-gânglio subesofagiano; Gt- gânglios torácicos; Gv- gânglio ventricular; Lo- lobo ocular; Lp- lobo protocerebral; N- nervos: Na-antenal, Nb do labro, Nl-labial, Nm- mandibular, No-ocelar, Nx-Maxilar; P- protocérebro; T- tritocérebro. (Segundo Ceballos) 41 42 Cadeia nervosa ventral - formada pelos pares de gânglios torácicos e abdominais, ocorrendo com freqüência fusões ganglionares. - Sistema nervoso simpático ou visceral, cujas ramificações enervam o sistema digestivo. Existem três massas ganglionares: frontal Gânglios hipocerebral ventricular - Sistema nervoso periférico - situado abaixo do tegumento, composto de uma extensa rede de nervos responsáveis pela sensibilidade geral periférica. SISTEMA SECRETOR - formado por glândulas que podem ser de secreção externa - exócrinas, como as ceríparas, sericígenas, odoríferas ou repugnatórias, produtoras de feromônios etc, ou, de secreção interna - endócrinas, como as produtoras de hormônios. Glândulas exócrinas: Glândulas ceríferas – também chamadas ceríparas ou cerígenas - secretoras de cera, em forma de fino pó, filamentos, escamas, placas ou revestimento espesso. Comum em hemípteros, especialmente em cochonilhas e pulgões; entre himenópteros destaca-se a abelha-doméstica, com quatro pares de glândulas que se abrem do 2º ao 5º urosternitos das operárias. Glândulas sericígenas – produtoras de seda, destacando- se as labiais existentes em lepidópteros, himenópteros e tricópteros; são muito desenvolvidas em lagartas, como no bicho-da-seda. Em coleópteros e neurópteros a seda é produzida pelos túbulos de Malpighi e nos embiópteros pelo artículo basal dos tarsos anteriores. Glândulas odoríferas ou repugnatórias – comuns em vários hemípteros, conhecidos como “fede-fede”, dispostas no metatórax dos adultos e no abdome das ninfas; nas baratas existem glândulas abdominais responsáveis pelo cheiro 43 44 característico; nas lagartas de Papilionidae existe o osmetério, glândula protorácica eversível, em forma de “Y” da qual emana um odor repugnante que as protege de inimigos naturais. Glândulas associadas a cerdas e escamas – além das glândulas especiais, localizadas junto às células tricógenas, que produzem substâncias cáusticas e irritantes nos chamados pêlos urticantes, devem ser lembradas outras, que produzem substâncias de comunicação intraespecífica – os feromônios, destacando-se as existentes nos lepidópteros junto a escamas alares modificadas, chamadas androcônias, e, também, associadas com tufos de cerdas ou escamas nas pernas, base do abdome ou associadas à genitália, responsáveis pela produção dos feromônios sexuais. Glândulas relacionadas ao aparelho reprodutor – as acessórias, destinam-se à proteção de espermatozóides e ovos; as veneníferas, de função defensiva, típicas dos himenópteros providos de ferrão; as coletéricas, produtoras de substâncias para fixar ou proteger os ovos. Outras glândulas – de espuma dos cercopídeos, lacíferas de cochonilhas, defensivas dos besouros-bombardeiros, frontal dos cupins etc. Glândulas endócrinas: Em relação aos processos hormonais destacam-se glândulas hipodermais relacionadas à apólise e ecdise, e ainda estruturas pares anexas ao sistema nervoso (Fig. 19): Corpos cardíacos - reservatório do neurohormônio cerebral (ecdisotropina) que vai atuar nas glândulas protorácicas, que então produzem seu próprio hormônio - a “ecdisona”, indutor da muda nas formas imaturas e da metamorfose na ausência do hormônio juvenil. Corpos alados - ativados da mesma forma, segregam o hormônio juvenil, chamado “neotenina”, que controla todo o desenvolvimento, impedindo, até o último ínstar, quando cessa sua produção, o aparecimento dos caracteres adultos. ÓRGÃOS DOS SENTIDOS Os receptores sensoriais, chamados sensilas (do latim: sensillum) ou sensórios, são estruturas especializadas constituídas por uma diferenciação externa da cutícula e ligadas por cordões nervosos aos diferentes centros do sistema nervoso. Os estímulos recebidos através das sensilas que se comunicam aos neurônios sensitivos, são transmitidos pelas fibras sensitivas ao correspondente gânglio da cadeia nervosa ventral. Nos gânglios notam-se os neurônios associativos, de disposição ventral, e os neurônios motores, de disposição dorsal. A interligação da fibra sensitiva com o neurônio associativo e deste com o motor é feita através de ramificações arborescentes designadas de sinapses. Do neurônio motor parte a fibra motora que se comunica ao feixe muscular proporcionando a reação correspondente ao estímulo recebido (Fig. 20). Chama-se dendrite à fibra que traz os impulsos até o neurônio; pode haver apenas uma ou em geral várias por neurônio. À fibra eferente, que transmite os impulsos do neurônio que é sempre simples, dá-se o nome de axon. Fig. 20 – Diagrama do mecanismo reflexo do sistema nervoso. D- dorsal, V- ventral, fm-fibra motora, fs-fibra sensitiva, g- gânglio delimitado por linha tracejada, m-músculo, na- neurônio associativo, nm- neurônio motor, ns- neurônio sensitivo, conetado ao receptor sensorial, s- sinapse. Quanto à percepção dos estímulos, distinguem-se as sensilas: mecanorreceptoras quimiorreceptoras fotorreceptoras As sensilas podem se apresentar sob diversos aspectos, estando os principais esquematizados na Fig. 21. Fig. 21 – Tipos de sensilas: 1- tricóide, 2- placóide, 3- basicônica, 4- campaniforme, 5- celocônica, 6- ampulácea. O TATO é um sentido cujos responsáveis por sua percepção normalmente acham-se distribuídos por toda a superfície do corpo. As sensilas mais encontrados para essa finalidade são as do tipo tricóide, sendo comum também as basicônicas. A GUSTAÇÃO é outro sentido que se observa de uma maneira geral nos artrópodes, sendo responsáveis especialmente os tarsos e tíbia, a epifaringe e também as antenas, com sensilas tricóides ou basicônicas. A OLFAÇÃO é percebida pelas sensilas olfativas, que podem ser de todos os tipos, sendo as antenas a principal sede dessas estruturas especializadas. A AUDIÇÃO está relacionada principalmente a sensilas placóides e celocônicas. Existem órgãos cordotonais, formados por tufos fusiformes de células sensitivas, chamadas 45 46 escolóforos, ligados à membrana externa desses órgãos timpânicos A VISÃO é o sentido que apresenta a maior complexidade nas estruturas responsáveis por sua percepção. Os órgãos visuais são constituídos por fotorreceptores topográfica e estruturalmente diversos. Distinguem-se os olhos simples ou ocelos e os olhos compostos ou facetados. Os ocelos (Fig. 22) são constituídos por camada única de células que representam uma diferenciação das células hipodérmicas – as células retineanas, que produzem um espessamento superficial chamado córnea (lente), circundado por uma camada de células pigmentares – as células íris. Fig. 22 – Esquema de um ocelo: c - cutícula, ci - células íris, co - córnea, cr - cristalino, h-hipoderme, no - nervo ocelar, r - retínulas, rb - rabdômeros, v - vitrelas. Os olhos compostos são formados por omatídeos, cujo número é muito variável, geralmente grande: em dípteros ao redor de 1.000, em odonatos cerca de 28.000; existe, no entanto, exemplo extremo, em formiga do gênero Dinoponera, onde ocorre apenas um omatídeo!. Cada omatídeo é constituído por: 1) elementos profundos – as células retineanas, geralmente em número de sete, que representam a parte sensível, prolongando- se por fibras nervosas; dispõem-se radialmente segregando um bastão interno – o rabdoma, elemento cuticular, não sensitivo, formado pelo conjunto dos rabdômeros de cada célula; 2) parte óptica responsável pela refração dos raios luminosos; superposta à região sensível, é constituída por um cone cristalino, formado geralmente por quatro elementos e junto com células geradoras; 3) parte superficial, formada pela córnea, que é transparente e esclerotizada, de formato hexagonal, sobre duas células corneagênicas. (Fig. 23) Os omatídeos são contornados por células pigmentares: em geral 2 a 8 ao redor da córnea e cristalino – constituindo as células iris primárias, e, mais 6 a 16 basais, contornando as células retineanas – formando as células iris secundárias. Fig. 23 – Omatídeos. A - de justaposição, B - de superposição. a - córnea, b - células corneagênicas, c - cone cristalino, d - células íris primárias, e - rabdoma, f - células retineanas, g - células íris secundárias, h - membrana basal, i - filamento translúcido, j - fibra nervosa. (Segundo Maranhão) Em função da disposição das células íris, distinguem-se nos olhos compostos a visão por aposição, comum em insetos diurnos, e, a visão por superposição, característica dos noturnos. (Fig. 23) No primeiro caso as células íris primárias e secundárias formam um revestimento total do omatídeo, de forma que cada um recebe as impressões luminosas parciais, representando a visão total a soma (aposição) de todos os omatídeos. No segundo caso, as células íris primárias formam um pequeno revestimento na parte superior do cristalino e as células íris secundárias acumulam-se apenas na região basal do omatídeo, de modo que os raios luminosos podem, após passar pelo cone cristalino de um omatídeo, atingir o rabdoma de outro, formando-se uma imagem mais reforçada – por superposição. Nesse caso, em geral, os rabdomas também são bem mais curtos. 47 48 3 REPRODUÇÃO 3.1 MODALIDADES A reprodução nos insetos pode se processar por: sexualidade partenogênese. A reprodução sexual é o processo mais comum, sendo necessário o concurso dos dois sexos para a formação de novos indivíduos. Os sexos são separados, sendo freqüente o gonocorismo ou dimorfismo sexual. São muito raros os casos de hermafroditismo, sendo conhecidos apenas três, sendo um o da cochonilha Icerya purchasi Maskel, 1879 (HEMI., Sternorrhyncha, Margarodidae), espécie ocorrente em nosso meio. A reprodução partenogenética caracteriza-se pelo desenvolvimento do ser, a partir do óvulo, sem a interferência do sexo masculino. Pode ser: acidental facultativa obrigatória periódica Acidental - quando a espécie se reproduz por sexualidade e eventualmente ocorre o desenvolvimento do óvulo de forma independente. Facultativa - onde o inseto, reproduzindo-se normalmente por sexualidade, pode, em determinadas circunstâncias, dar origem a novos indivíduos em decorrência de ovos não fecundados, como se observa com a formação de zangões nas abelhas. Obrigatória ou constante - quando a reprodução se processa exclusivamente por partenogênese. É o caso de algumas cochonilhas e microhimenópteros, em que não se 49 50 conhecem os machos. Periódica ou heterogâmica - quando aparece uma alternância mais ou menos regular de gerações sexuadas e partenogenéticas. Também é chamada de “cíclica” e ocorre em muitos pulgões de regiões frias e na filoxera. Em função dos sexos produzidos na reprodução partenogenética, costuma-se distinguir três tipos: arrenótoca - exclusivamente machos telítoca - exclusivamente fêmeas deuterótoca - tanto machos como fêmeas. A reprodução, tanto sexual como partenogenética, tendo em vista caracteres pertinentes à evolução do embrião, pode ainda ser classificada como por: oviparidade ovoviviparidade viviparidade Oviparidade - o embrião completa seu desenvolvimento no ovo, fora do corpo materno. É o caso mais freqüente. Ovoviviparidade - o embrião completa seu desenvolvimento no ovo, antes de ser expelido, isto é, conserva- se dentro do copo materno durante o período de incubação, nascendo diretamente as pequenas formas jovens. Comum em pulgões (HEMI., Sternorrhyncha, Aphididae) e já observado também em alguns representantes de outras ordens, como Blattodea, Thysanoptera, Coleoptera e Diptera. Vivipar idade - o embrião completa o seu desenvolvimento às expensas de substâncias produzidas pelo organismo materno; pode ser: adenotrófica hemocélica pseudoplacentária Adenotrófica - quando a nutrição é feita às expensas de secreções de glândulas uterinas. Observa-se em alguns dípteros, como na mosca tsé-tsé (Glossina spp.) e em outros chamados pupíparos. Hemocélica - adaptação associativa com neotenia. Desenvolve-se apenas a parte mediana dos ovários, ficando então livres nos hemoceles, proporcionando, assim, a nutrição necessária às formas em desenvolvimento, cujos ovos são destituídos de córion. Observado em estrepsípteros e dípteros Cecidomyiidae e Chironomidae. Pseudoplacentária - forma mais complexa onde
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