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Estudo da Posse: Teorias e Origem Histórica

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POSSE
2.1. INTRODUÇÃO DO ESTUDO DA POSSE
De início, vale observar que o termo "posse" muitas vezes tem recebido significações incorretas, fato que dificulta ainda mais o estudo do instituto, pois a maioria das pessoas internaliza uma conceituação equivocada do referido termo.[2: DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Direito das coisas. 20. Ed. v. 4. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 35.]
Dessa forma, muitas vezes a posse é tratada como sinônimo de propriedade, de tradição, domínio político, significando o exercício de um direito qualquer, denotando o compromisso do funcionário no qual se compromete a exercer sua função com honra e até com a acepção de poder sobre uma pessoa (fazendo referência ao poder que os pais têm sobre os filhos).
Por esse e outros motivos, doutrinadores como Sílvio de Salvo Venosa, asseveram que a posse é "o instituto mais controvertido de todo o direito, não apenas do direito civil".
E meio à cizânia doutrinária, encontramos uma consistente base teórica nas idéias de Savigny (teoria subjetiva) e Ihering (teoria objetiva), pois através do seu estudo será possível estabelecer um conceito seguro para este instituto tão ambíguo e controvertido.
2.2. ORIGEM HISTÓRICA
Pode-se delimitar o ano 1803 como marco histórico caracterizador do estudo da posse, pois foi neste período que Friedrich Carl Von Savigny publicou o Tratado da Posse, obra na qual desenvolveu a “Teoria Subjetiva” que versava sobre conceito e os elementos essenciais da posse.
Contudo, com o passar do tempo a Teoria Subjetiva sofreu diversas críticas e seus pontos fundamentais foram superados pelas teorias de seu principal opositor: Ihering, o criador da Teoria Objetiva (teoria aceita até os dias atuais, nos mais diversos ordenamentos de todo o mundo). Ressalte-se que apesar da divergência de idéias entre Ihering e Savigny, o próprio Ihering reconhece o brilhantismo do pensamento saviniano.
2.3. TEORIAS SOBRE A POSSE (SAVIGNY, IHERING E TEORIAS SOCIOLÓGICAS)
TEORIA SUBJETIVA
Conforme a Teoria de SAVIGNY a posse seria a soma de dois elementos: o corpus e o animus. “O corpus é o elemento material, é o poder físico da pessoa sobre a coisa, é o elemento externo/objetivo, é a ocupação da coisa pela pessoa. Já o animus é o elemento interno/subjetivo, é a vontade de ser dono da coisa possuída, é a vontade de ter a coisa como sua” . [3: SANTIAGO, Mariana Ribeiro. Teoria subjetiva da posse. www.jusnavegandi.com.br Elaborado em 01.2004. Jus Navigandi. P. 2.]
Seguindo esta linha de raciocínio, poderíamos dizer que p. ex. o locatário e o comodatário não teriam posse, haja vista, o fato de que estes contratantes não pretendem serem donos do bem (ausência de animus), pois sua manifestação de vontade expressa justamente um interesse temporário de permanência no imóvel.
Segundo Savigny o locatário e o comodatário apenas teriam a detenção, não podendo, inclusive, se valer de meios de proteção às “agressões” perpetradas sobre o imóvel, pois seriam apenas detentores.
Destarte, percebe-se que Savigny, ao conceituar posse como sendo “o poder que tem a pessoa de dispor fisicamente de uma coisa (corpus) com a intenção de tê-la para si (animus)”, valorizou por demais o elemento interno ou subjetivo. Até por isso sua teoria é chamada de subjetiva.
TEORIA OBJETIVA
IHERING desenvolveu sua teoria analisando a posse à luz do conceito de propriedade. Afirmou que: o proprietário pode transferir, se quiser apenas a posse para um terceiro. P. ex. para um melhor uso econômico do bem. 
Observe-se o exemplo de um advogado que herda uma fazenda, mas não tem interesse de administra.-la, pois não tem conhecimento técnico na área, então resolve alugá-la ou arrendá-la a um empresário do ramo.
Dessa relação de posse e propriedade extraem-se os conceitos de posse indireta e posse direta, ligadas respectivamente ao proprietário e ao locatário/usufrutuário/comodatário. No pensamente de Ihering, nos dois casos os possuidores podem exercer o direito à proteção possessória descrita no artigo 1.210 do Novo Código Civil.
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. 
§1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
§ 2º Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
A análise dos artigos 1196 e 1197 do Código Civil de 2002 in fine, demonstra que a Teoria Objetiva desenvolvida por Ihering foi adotada pelo ordenamento pátrio. Embora notemos que de certa forma, Ihering leva em consideração alguns pontos trazidos pela teoria de Savigny, motivo pelo qual jamais poderemos rejeitá-la completamente. 
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
Vale observar que alguns contratos exigem a transferência da posse para sua formação como locação, depósito e comodato. Outros contratos não transferem só a posse, mas também a propriedade da coisa como compra e venda, doação e mútuo. 
Mas também existem modalidades de contratos que não permitem essa transferência, é o caso dos bens imateriais, onde não há posse como p. ex. direitos autorais, de crédito, ou até mesmo nas obrigações de fazer e não-fazer.
2.4. CONCEITO
Apesar das controvérsias doutrinarias, sobre o conceito, origem, os elementos essenciais, e natureza jurídica da posse, é patente que todo conflito sobre o tema permeia as idéias de “corpus” e de “animus”.
Inclusive, Savigny e Ihering aceitavam pacificamente a existência desses dois elementos, contudo, discordavam sobre a conceituação da posse, que compreende em verdade a caracterização dos referidos elementos.
CONCEITO DE SAVIGNY: “posse é o poder imediato que tem a pessoa de dispor de um bem com a intenção de tê-lo para si ou de defendê-lo contra quem quer que seja.”
CONCEITO DE IHERING: “posse é a exteriorização do domínio, ou seja, a relação exterior intencional, existente, normalmente entre possuidor e a coisa.”
Na consentânea doutrina de José Dias Figueira Junior encontramos ou conceito bastante completo acerca da posse, obtempera o autor que “possuidor é todo aquele que tem poder fático de ingerência sócio econômica, absoluto ou relativo, direto ou indireto, sobre determinado bem da vida, que se manifesta através do exercício ou possibilidade de exercício inerente á propriedade ou a outro direito real suscetível à posse”.[4: GONÇALVES, Carlos Roberto. Op., cit. p. 43.]
2.5. POSSE E DETENÇÃO
O conceito de detenção é extraído do artigo 1.198 do CC-02:
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.
Neste sentido “a posse é menos do que propriedade, e detenção é menos do que posse. Sim, existe um estado de fato inferior à posse que é a detenção”.[5: SANTIAGO, Mariana Ribeiro. Teoria subjetiva da posse. www.jusnavegandi.com.br Elaborado em 01.2004. Jus Navigandi. P. 4.]
Existe detenção, p. ex: no caso das ferramentas que o mecânico usa para trabalhar, pois elas são de propriedade da oficina e ele apenas as utiliza, não esboçando relação de posse ou propriedade com a coisa.
Frise-se que o detentor possui a coisa em nome do legítimo possuidor, estando, inclusive, sob o comando dele. Outro aspecto importanteé que a mera detenção não gera a usucapião, pois não existe a posse prolongada. Vale ressaltar o disposto no artigo 1.208 do CC-02.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
2.6. ESPÉCIES DE POSSE 
Nos termos do Código Civil de 2002, a posse pode ser classificada como: posse direta e indireta; posse justa e injusta; posse de boa-fé e posse de má-fé; posse nova e posse velha; posse natural e posse civil ou jurídica; posse ad interdicta e posse ad usucapionem.
POSSE DIRETA: É a daquela que recebe o bem para usá-lo ou gozá-lo, em virtude de contrato, sendo, portanto temporária e derivada.
POSSE INDIRETA: É aquela que cede ao uso do bem, frise-se o artigo 1.197.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
POSSE JUSTA: É a que não é violenta, clandestina ou precária.
POSSE INJUSTA: É aquela que se reveste de violência, clandestinidade ou precariedade.
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
POSSE DE BOA-FÉ: Quando o possuidor está convicto de que a coisa lhe pertence.
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
POSSE DE MÁ-FÉ: É aquela em que o possuidor tem ciência da ilegitimidade do seu direito de posse, em razão de vício ou obstáculo impeditivo a sua aquisição. 
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
POSSE NATURAL: é a que se constitui pelo exercício de poderes de fato sobre a coisa.
POSSE CIVIL (JURÍDICA): é a que assim se considera por força de lei, sem necessidade de atos físicos ou materiais. É o chamado constituto possessório. É a que se transmite ou se adquire pelo título, não sendo necessário o contato com a coisa.
POSSE AD INTERDICTA: É aquela que pode ser defendida pelos interditos e ações possessórias, quando molestada, se originária de contrato pessoal, não é passível de usucapião, 
P, ex.: O locatário vítima de ameaça ou de efetiva turbação ou esbulho, quanto à posse, tem a faculdade de defendê-la ou de recuperá-la pela ação possessória até mesmo contra o proprietário.
POSSE AD USUCAPIONEM: É a que se prolonga no tempo, permitindo a seu titular a aquisição do domínio.
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
POSSE NOVA: aquela que estiver configurada a menos de ano e dia art. 558 CPC 2015.
POSSE VELHA: aquela que contar com mais de ano e dia, cuja presunção possessória será em prol daquele que se manteve na posse da coisa esbulhada.
2.7. AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE 
A aquisição da posse poderá ser originária (independe de translatividade) ou derivada (quando é necessária a existência de um possuidor anterior). Os modos de aquisição da posse estão descritos nos artigos 1.196, 1.204, 1.205 e 1.263
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:
I – pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II – por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei.
A tradição (real ou ficta), o constituto possessório e a acessão constituem formas derivadas de aquisição da posse. Vide artigos 1.206 a 1.209 e ainda 1.267 do CC-02
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
Art. 1.208. Citado na página 12.
Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem.
A perda da posse da coisa dar-se-á por abandono, tradição, perda da própria coisa, destruição da coisa, pela posse de outrem e pelo constituto possessório. 
A perda da posse dos direitos dar-se-á por impossibilidade do seu exercício ou pelo desuso.
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.
EFEITOS DA POSSE 
Como já observamos no item 2.4 há várias conseqüências jurídicas geradas pela posse relacionada diretamente com o historicamente protegido direito de propriedade. São efeitos da posse:
INVOCAR INTERDITOS POSSESSÓRIOS
Os interditos possessórios estão consubstanciados nas ações que visam assegurar o exercício da posse, são elas: a ação de manutenção de posse (em caso de turbação); a ação de reintegração de posse (em caso de esbulho); o interdito proibitório; a nunciação de obra nova; a ação de dano infecto; a ação de imissão de posse e; os embargos de terceiro.
A possibilidade de utilização dos interditos é, na forma da lei, outorgada a todos aqueles que estão na posse do bem. Os interditos podem ser opostos até contra os proprietários (p. ex. no caso em que o locador pratica ato atentatório contra o bem que está em posse do locatário).
DIREITO Á PERCEPÇÃO DOS FRUTOS
O possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos; direito as despesas de produção e de custeio dos frutos pendentes e dos colhidos antecipadamente, que deverão ser restituídos.
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
O possuidor de má-fé não tem direito aos frutos; responde por todos os prejuízos que causou pelos frutos colhidos e percebidos e pelo que por culpa sua deixou de perceber.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
DIREITO À INDENIZAÇÃO DAS BENFEITORIAS E DIREITO DE RETENÇÃO
O possuidor de boa-fé tem direito de ser indenizado pelas benfeitorias necessárias e úteis; direito de levantar as voluptuárias; tem direito de retenção pelo valor das necessárias e úteis.
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
O possuidor de má-fé te direito de ser indenizado pelas benfeitorias necessárias; não tem direito ás úteis; não pode levantar as voluptuárias; nem tem direito de retenção.
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo;ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.
RESPONSABILIDADE PELA DETERIORAÇÃO DA COISA
O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da a que não der causa.
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.
Já o possuidor de má-fé responde tanto pela perda como pela deterioração da coisa.
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.
OUTROS EFEITOS:
Posse conduz á usucapião
Ônus da prova compete ao adversário do possuidor
O possuídor goza processualmente de posição mais favorável
2.9. MANUTENÇÃO E REINTEGRAÇÃO DE POSSE
A manutenção de posse é a ação cabível quando houve alguma violência à posse, algum tipo de perturbação á posse (turbação), p. ex: a derrubada da cerca, corte do arame, cerco à fazenda, fechamento da estrada de acesso. Nesta ação o intento do autor e manter-se a posse e ser indenizado pelos danos que eventualmente tenha sofrido.
Na turbação o possuidor ainda não perdeu sua posse, mas está com dificuldade para exercê-la livremente conforme os exemplos supracitados. 
Já a reintegração de posse é viabilizada quando efetivamente o possuidor perdeu a posse mediante violência (esbulho). Desta vez o pedido do autor consiste na devolução da coisa perdida, literalmente ele terá o bem reintegrado ao seu domínio.
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
O juiz ainda poderá deferir o pedido do autor liminarmente, caso o esbulhador esteja a na posse por menos de um ano e um dia (posse nova). Pois se este pra já tiver expirado, o autor só terá sua pretensão atendida ao final do processo.
2.9.1.DO INTERDITO PROIBITÓRIO
“interdito possessório é uma ordem do Juiz e são três as ações possessórias que se pode pedir ao Juiz quando o possuidor não tem sucesso através do desforço imediato”. 
A ação de interdito proibitório é preventiva e integra o Interdito Possessório. Cabível quando o proprietário ou possuído tem sua posse ameaçada, ou seja, existe um fundado receio de perda da posse. P. ex. quando um proprietário de uma fazenda recebe a informação de que o Movimento dos Sem Terra estão se dirigindo pra invadir suas terras.
2.9.2. AÇÕES AFINS AOS INTERDITOS POSSESSÓRIOS
Ressalte-se a natureza processual de muitos dos institutos aqui estudados, motivo pelo qual, a análise sobre eles não será completa, pois constituem objeto de outra disciplina.
IMISSÃO NA POSSE: “Se destina à proteção de quem, sem ter a posse, tem, todavia o direito a ela”.
Apesar da ação de imissão de posse ser classificada como ação petitória, verifica-se a sua natureza possessória, não que se busque a proteção da posse, pois o autor não a tem, mas se busca a aquisição da posse. “A denominada ação petitória, em cuja classe se inclui a ação de imissão de posse, tem por finalidade obter o reconhecimento definitivo do direito em litígio.”
NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA: era prevista como ação de rito especial nos artigos 934 a 940 do CPC revogado, sendo excluída no novo Código, entendendo os doutrinadores e juristas que os direito protegidos anteriormente por essa, bem como por outras ações excluídas, poderão ser resguardados ou protegidos por meio de outras ações que seguem o procedimento comum, com possibilidade de tutelas provisórias.
EMBARGOS DE TERCEIRO: Visa defender o bem daquele que sofre turbação ou esbulho em sua posse ou direito em razão de ato judicial Artigos 674 e seguintes do Novo CPC. 
JURISPRUDÊNCIAS
As jurisprudências abaixo evidenciam que nosso ordenamento jurídico adotou as idéias trazidas por IHERING.
EMENTA:  APELAÇÃO CÍVEL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. COMODATO. NOTIFICAÇÃO E ESBULHO. PRELIMINARMENTE IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO: A notificação por ato extrajudicial é exigida apenas para deferimento da liminar sem justificação, pela superveniência de esbulho, não sendo requisito à propositura e julgamento da ação de reintegração de posse. ILEGITIMIDADE PASSIVA: A ação de reintegração de posse deve ser proposta contra quem está no imóvel exercendo posse injusta, neste caso, a pessoa apontada como esbulhador, é o demandado, sendo portanto, legítimo a figurar no pólo passivo da demanda. NO MÉRITO Em ação de reintegração de posse os autores devem provar os fatos a preencherem os requisitos do art. 927 do CPC, pois constitutivos de seu direito. Posse é matéria de fato, (Teoria de Ihering) e assim restando demonstrada, impõe-se a procedência da demanda. DESACOLHIDAS AS PRELIMINARES NEGARAM PROVIMENTO AO APELO. UNÃNIME. (Apelação Cível Nº 70013013271, Décima Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Mario Rocha Lopes Filho, Julgado em 09/03/2006)
EMENTA:  USUCAPIAO. POSSE "ANIMUS DOMINI". QUALIDADE DA POSSE PELO COMPORTAMENTO. ELEMENTO NEGATIVO NAO EVIDENCIADO. VERDADE QUE O VINCULO EMPREGATICIO E ATE UM DEPOIMENTO DO AUTOR VARAO PODERIAM TER CONOTACAO DE PROVA DO ELEMENTO NEGATIVO DA POSSE, DESCARACTERIZADOR SEGUNDO IHERING. O ANIMO DE DONO, TODAVIA, FIRMA-SE POR LONGOS ANOS E TRANQUILO NO RESPEITO DE TODOS E NO EXERCICIO DA POSSE SEM HOMENAGENS A OUTREM, DISPONDO DO BEM PELOS PROPRIOS INTERESSES. ACAO DE USUCAPIAO. HONORARIOS ADVOCATICIOS. VALOR ATUALIZADO. NAO SE TRATA PROPRIAMENTE DE ACAO DE SENTENCA CONDENATORIA, ANTES DE SENTENCA DECLARATORIA, COM LIBERDADE O JUIZ DE DAR HONORARIOS CONDIGNOS (PELA ATUALIZACAO DO VALOR DA CAUSA) E MODERADOS (PELA TAXA DE 15%). (Apelação Cível Nº 40391, Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Milton dos Santos Martins, Julgado em 18/03/1982)
RESUMO DA AULA
O termo "posse" muitas vezes tem recebido significações incorretas, fato que dificulta ainda mais o estudo deste instituto tão controvertido.
E meio à cizânia doutrinária, encontramos uma consistente base teórica nas idéias de Savigny (teoria subjetiva) e Ihering (teoria objetiva).
1803 é o marco histórico caracterizador do estudo da posse, pois foi neste período que Friedrich Carl Von Savigny publicou o Tratado da Posse, 
Contudo, com o passar do tempo a Teoria Subjetiva sofreu diversas críticas e seus pontos fundamentais foram superados pelas teorias de seu principal opositor: Ihering, o criador da Teoria Objetiva.
Conforme a Teoria de SAVIGNY a posse seria a soma de dois elementos: o corpus e o animus. “O corpus é o elemento material, é o poder físico da pessoa sobre a coisa, é o elemento externo/objetivo, é a ocupação da coisa pela pessoa. Já o animus é o elemento interno/subjetivo, é a vontade de ser dono da coisa possuída, é a vontade de ter a coisa como sua”.
IHERING desenvolveu sua teoria analisando a posse à luz do conceito de propriedade. Afirmou que: o proprietário pode transferir, se quiser apenas a posse para um terceiro. 
Nosso atual Código Civil adotou a Teoria Objetiva desenvolvida por Ihering.
Apesar das controvérsias doutrinarias, sobre o conceito, origem, os elementos essenciais, e natureza jurídica da posse, é patente que todo conflito sobre o tema permeia as idéias de “corpus” e de “animus”.
Segundo Savigny a posse é o poder imediato que tem a pessoa de dispor de um bem com a intenção de tê-lo para si ou de defendê-lo contra quem quer que seja. Segundo Ihering posse é a exteriorização do domínio, ou seja, a relação exterior intencional, existente, normalmente entre proprietário e sua coisa.
Conforme a sistemática jurídica atual não se pode dissociar a posse nem a propriedade de suas características sociais, nesse diapasão, apresentamos as teorias sociológicas.
No Brasil, podemos dizer que a CF de 1988, bem como o CC de 2002, consagraram a concepção social da posse. Como afirma Miguel Reale, não podemos caracterizar a posse, “como simples poder manifestado sobre a coisa”. A posse está diretamente ligada à sua função e deve ser exercida de maneira a assegurá-la. 
Possuidor é todo aqueleque tem poder fático de ingerência socioeconômica, absoluto ou relativo, direto ou indireto, sobre determinado bem da vida, que se manifesta através do exercício ou possibilidade de exercício inerente á propriedade ou a outro direito real suscetível à posse.
Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Nos termos do Código Civil de 2002, a posse pode ser classificada como: posse direta e indireta; posse justa e injusta; posse de boa-fé e posse de má-fé; posse nova e posse velha; posse natural e posse civil ou jurídica; posse ad interdicta e posse ad usucapionem.
A aquisição da posse poderá ser originária (independe de translatividade) ou derivada (quando é necessária a existência de um possuidor anterior). Os modos originários de aquisição e perda da posse estão descritos nos artigos 1.196, 1.204, 1.205, 1.263, 1.206 a 1.209 e ainda 1.267 do CC-02
São efeitos da posse: invocar interditos possessórios, direito á percepção dos frutos, direito à indenização das benfeitorias e direito de retenção, responsabilidade pela deterioração da coisa, outros efeitos: posse conduz á usucapião, ônus da prova compete ao adversário do possuidor, O possuído goza processualmente de posição mais favorável
A manutenção de posse é a ação cabível quando houve alguma violência à posse, algum tipo de perturbação á posse (turbação), Já a reintegração de posse é viabilizada quando efetivamente o possuidor perdeu a posse mediante violência (esbulho).
A ação de interdito proibitório é preventiva. Cabível quando o proprietário ou possuído tem sua posse ameaçada, ou seja, existe um fundado receio de perda da posse. 
A imissão na posse “Se destina à proteção de quem, sem ter a posse, tem, todavia o direito a ela”.
Nunciação de Obra Nova: É a ação cabível quando a posse é prejudicada na sua substância por obra nova em prédio contíguo. Artigos 934 à 940 do CPC.
Os embargos de terceiro: Visam defender o bem daquele que sofre turbação ou esbulho em sua posse ou direito em razão de ato judicial Artigos 1.046 e seguintes. 
QUESTÕES PARA MARCAR V (VERDADEIRO) OU F (FALSO):
Direito das coisas regula a relação humana tendo em vista os bens corpóreos( )
Titular do domínio detém o uso, gozo, fruição e a livre disposição da coisa ( ). 
O Direito das coisas regula também a posse ( )
Posse é direito real ( )
O Direito real pode recair sobre coisas próprias e alheias ( )
A ação reivindicatória é remédio processual possessório ( )
Posse nova é a que tem menos de um ano ( )
O incapaz pode adquirir pessoalmente a posse ( ) 
Ação de manutenção de posse se dá quando há esbulho ( )
Ação de interdito proibitório se dá quando há turbação ( )
Os direitos reais e os pessoais são suscetíveis de posse ( )
A desapropriação pode ser feita amigável ou judicialmente ( )
GABARITO
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BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Direito das coisas. 20. Ed. v. 4. São Paulo: Saraiva, 2004.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil. Volume IV, São Paulo: Atlas,  2005.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Direito das coisas. 2. Ed. Volume V. São Paulo:Saraiva, 2008.

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