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________________________________________________________________________________ CIÊNCIAS ECONÔMICAS E ADMINISTRATIVAS APOSTILA ADMINISTRAÇÃO Prof. Dr. Adilson Rocha FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 2 ADMINISTRAÇÃO I – NOÇÕES DA TEORIA GERAL DE ADMINISTRAÇÃO (TGA) 1. Processo Administração como processo de tomar decisões sobre objetivos e recursos. RECURSOS Pessoas Informação e conhecimento Espaço Tempo Dinheiro Instalações OBJETIVOS DECISÕES Resultados esperados Planejamento do sistema Organização Execução e Direção Controle A administração é processo ou atividade dinâmica, que consiste em tomar decisões sobre objetivos e recursos. O processo de administrar é inerente a qualquer situação em que haja pessoas utilizando recursos para atingir algum tipo de objetivo. A finalidade última do processo de administrar é garantir a realização de objetivos por meio da aplicação de recursos. Para melhor aproveitar o estudo da administração, você precisa pensar em situações práticas em que haja pessoas utilizando recursos para produzir bens e serviços. Pense em organizações próximas, como padarias, supermercados, a prefeitura de sua cidade, e outras, com as quais você tem contato direto. Pense também em organizações distantes, mas têm influência sobre sua vida: a rede de televisão a cujos programas você assiste, as empresas que fabricam os produtos que você usa (como roupas e automóveis) e as companhias fornecedoras de serviços, como telefone, água e esgoto, e energia elétrica. Pense na organização em que você trabalha. Pense em si próprio e em sua família como administradores de recursos e tomadores de decisões. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 3 2 – DECISÕES Tomar decisões significa fazer escolhas. O processo administrativo abrange quatro tipos principais de decisões, também chamados processos ou funções. 1. Planejamento – Consiste em tomar decisões sobre objetivos e recursos necessários para realizá-los. 2. Organização – Consiste em tomar decisões sobre a decisão de autoridade e responsabilidade entre pessoas e sobre a divisão de recursos para realizar tarefas e objetivos. 3. Direção – Compreende as decisões que acionam recursos, especialmente pessoas, para realizar tarefas e alcançar objetivos. 4. Controle – Consiste em tomar decisões e agir para assegurar a realização dos objetivos. 3 – RECURSOS Os recursos que as organizações utilizam classificam-se em seis tipos principais: instalações, espaço, tempo, dinheiro, informações e pessoas. As organizações são sistemas de recursos empregados na realização de objetivos. Pessoas Informação e conhecimento Espaço ORGANIZAÇÃO OBJETIVOS Tempo Dinheiro Instalações 4 – OBJETIVOS Os objetivos são os resultados esperados, ou fins que as organizações ou sistemas procuram atingir, por meio do emprego dos recursos. Os objetivos organizam-se em uma cadeia de meios e fins. Produtos e serviços são objetivos imediatos, que possibilitam a realização de outros objetivos, como atendimento dos interesses dos acionistas, a satisfação dos clientes e a contribuição para a comunidade. Um sistema ou organização que consegue realizar seus objetivos é eficaz. Entre duas organizações, ou entre dois momentos da mesma organização, é mais eficiente aquela que realiza o mesmo objetivo com menor quantidade de recursos. Eficácia é a capacidade de realizar objetivos. Eficiência é a capacidade de utilizar produtivamente os recursos. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 4 5 – PESSOAS As pessoas estão no centro do processo administrativo. Elas tomam decisões, compartilham o processo decisório com outras pessoas ou são afetas pelas decisões que outras tomam. Como indivíduos ou membros de organizações, as pessoas são os principais agentes do processo administrativo. 6 – ADMINISTRADORES Os administradores, ou gerentes, são as pessoas que tomam decisões de administração. Podem ser indivíduos (como um presidente de empresa) ou grupos (como assembléia de acionistas que nomeia esse mesmo presidente). Todas as pessoas que administram sistemas de recursos e objetivos são administradores (ou gerentes). Você é administrador de seus objetivos pessoais. Algumas pessoas administram o trabalho de outras pessoas, porque ocupam posições de chefia. 1 – HENRI FAYOL E O PROCESSO ADMINISTRATIVO É provável que, para muitas pessoas, administrar signifique planejar, organizar, dirigir e controlar. É a definição da escola do processo administrativo. A personagem mais importante que sistematizou e divulgou essas idéias foi o engenheiro francês Henri Fayol (1841-1925). Ao lado de Frederick Taylor e Max Weber, Fayol é um dos integrantes da escola clássica da administração. Em 1860, Fayol foi contratado para trabalhar na corporação mineradora e metalúrgica francesa Comambault. Fayol passou toda a sua vida nessa empresa, aposentando-se como diretor geral, em 1918. Em 1888, quando foi promovido a essa posição, a empresa estava à beira do desastre. Os acionistas não recebiam nenhum dividendo desde 1885, as fábricas só produziam prejuízos e as minas de carvão estavam quase exauridas. Fayol conseguiu mudar esse quadro, fechando unidades deficitárias, lançando novos produtos e adquirindo novas minas de carvão. Aos 77 anos, quando se aposentou, Fayol havia conseguido fazer uma empresa extremamente bem sucedida. ESCOLA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO MAX WEBER FREDERICK TAYLOR HENRY FAYOL (1864 – 1920) (1856 – 1915) (1841 – 1925) TIPO IDEAL DE ADMINISTRAÇÃO PROCESSO BUROCRACIA CIENTÍFICA ADMINISTRATIVO E PAPEL DOS GERENTES FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 5 Nos últimos anos de sua vida, Fayol dedicou-se a divulgar princípios de administração, que se baseavam em sua experiência. Ele fundou o Centro de Estudos administrativos e coordenava reuniões semanais das quais participavam importantes industriais, funcionários do governo, escritores, filósofos e militares. Um dos resultados dessas iniciativas foi a circulação de 2.000 cópias de um panfleto que propunha a aplicação dos princípios de Fayol à administração militar. Ele chegou a lecionar na Escola Superior de Guerra e suas idéias foram ensinadas na escola de suprimentos da Marinha francesa. No último ano de sua vida ele comentou as relações entre suas idéias e as de Taylor, dizendo que deviam ser vistas como complementares. Em 1926, no Centro de Estudos Administrativos fundiu-se com a conferência da Organização Francesa, criada para divulgar as idéias de Taylor, dando origem ao Comitê Nacional da Organização Francesa, que se tornou a mais importante associação francesa dedicada ao estudo da administração. Em 1916, aos 75 anos, Fayol publicou o livro Administração geral e industrial. Em 1929 o livro foi publicado em inglês, mas tornou-se conhecido nessa língua apenas em 1949, com o título General and industrial management. Segundo Fayol nesse livro: A administração é funçãodistinta das demais funções da empresa, como finanças, produção e distribuição. A administração compreende cinco funções: planejamento, organização, comando, coordenação e controle. De acordo com Fayol, a administração é uma atividade comum a todos os empreendimentos humanos (família, negócios, governo), que sempre exigem algum grau de planejamento, organização, comando, coordenação e controle. Portanto, todos deveriam estudá-la, o que exigiria uma teoria geral da administração que pudesse ser ensinada. Para responder na essa necessidade, Fayol criou e divulgou sua própria teoria, a qual começa por dividir a empresa em seis atividades ou funções distintas: Técnica (produção, manufatura). Comercial (compra, venda, troca). Financeira (procura e utilização de capital). Segurança (proteção da propriedade e das pessoas). Contabilidade (registro de estoques, balanços, custos, estatísticas). Administração (planejamento, organização, comando, coordenação e controle). Fayol sugeriu que a função administrativa fosse a mais importante de todas e definiu cada um de seus componentes da seguinte maneira: Planejamento: consiste em examinar o futuro e traçar um plano de ação a médio e longo prazo. Organização: montar uma estrutura humana e material para realizar o empreendimento. Comando: manter o pessoal em atividade em toda a empresa. Coordenação: reunir, unificar e harmonizar toda a atividade e esforço. Controle: cuidar para que tudo se realize de acordo com os planos e as ordens. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 6 Os princípios de administração de Fayol: 1. Divisão do trabalho – Designação de tarefas específicas para cada indivíduo, resultando na especialização das funções e separação dos poderes. 2. Autoridade e responsabilidade – A primeira é o direito de mandar e o poder de se fazer obedecer. A segunda, a sanção – recompensa ou penalidade – que acompanha o exercício do poder. 3. Disciplina – Respeito aos acordos estabelecidos entre a empresa e seus agentes. 4. Unidade de comando – De forma que cada indivíduo tenha apenas um superior. 5. Unidade de direção – Um só chefe e um só programa para um conjunto de operações que visam ao mesmo objetivo. 6. Interesse geral – Subordinação do interesse individual ao interesse geral. 7. Remuneração do pessoal – De forma eqüitativa, e com base tanto em fatores externos quanto internos. 8. Centralização – Equilíbrio entre a concentração de poderes de decisão no chefe, sua capacidade de enfrentar suas responsabilidades e a iniciativa dos subordinados. 9. Cadeia escalar (linha de autoridade) – Hierarquia a série dos chefes do primeiro ao último escalão, dando-se aos subordinados de chefes diferentes a autonomia para estabelecer relações diretas (a ponte de Fayol). 10. Ordem – Um lugar para cada pessoa e cada pessoa em seu lugar. 11. Eqüidade – Tratamento das pessoas com benevolência e justiça, não excluindo a energia e o rigor quando necessários. 12. Estabilidade do pessoal – Manutenção das equipes como forma de promover seu desenvolvimento. 13. Iniciativa – Faz aumentar o zelo e a atividade dos agentes. 14. Espírito de equipe – Desenvolvimento e manutenção da harmonia dentro da força de trabalho. Fayol condenou o estilo de administração que se baseia na política para governar. Em suas palavras: “Não há nenhum mérito em criar intriga entre os funcionários. Qualquer principiante pode fazer isso. Por outro lado, é preciso verdadeiro talento para coordenar esforços, encorajar keenness, usar todas as aptidões das pessoas, e recompensar os méritos individuais sem despertar ciúmes nem prejudicar relações harmoniosas”. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 7 2 – MAX WEBER E A BUROCRACIA Max Weber nasceu em 1864, na Prússia. Em 1882, entrou na Universidade de Heidelberg, tendo interrompido seus estudos em 1884, para passar um ano como oficial convocado do exército. Completou seus estudos universitários em 1886. Em 1894, tornou-se professor universitário, na cátedra de Economia Política. Em 1897, voltou a Heildelberg como professor de economia. No mesmo ano, seu pai faleceu. Weber sofreu um colapso nervoso e abandonou a vida acadêmica. Nos 20 anos seguintes, viajou pelos Estados Unidos e Europa, época em que seus interesses voltaram-se para a Sociologia. Durante a Primeira Guerra Mundial, Weber trabalhou em administração hospitalar e adotou uma posição contrária ao regime monárquico. Essa conduta deu-lhe um posto na comissão que redigiu a Constituição de Weimar, após a guerra. Em 1918, voltou ao cargo de professor universitário. Em 1920, Weber faleceu após ter contraído a gripe que grassou na Europa nessa época, matando mais gente do que a guerra. Weber desapareceu no ápice de suas capacidades intelectuais, deixando grande obra incompleta. Na época de sua morte, seus escritos encontravam-se em estado caótico. Nada havia sido traduzido para o inglês. Weber nunca produziu uma obra completa e mesmo Economia e sociedade, seu livro mais famoso, foi feito a partir de fragmentos. Em 1930, o sociólogo americano Talcott Parsons traduziu A ética protestante e o espírito do capitalismo, projetando-o no cenário internacional. Em meados dos anos 40, seus escritos sobre a burocracia foram traduzidos para o inglês. As Organizações na Visão de Weber Weber não tentou definir as organizações, nem estabelecer padrões que elas devessem seguir. Ao contrário do que pensam algumas pessoas, Weber não defendeu uma receita de organização. Seu tipo ideal não é um modelo prescrito, mas uma abstração descritiva. É um esquema que procura sintetizar os pontos comuns à maioria das organizações formais modernas, que contrastam com as sociedades primitivas e feudais. Weber pintou a burocracia como a máquina completamente impessoal, que funciona de acordo com regras, enquanto as pessoas ficam em plano secundário ou nem são consideradas. Weber estudou o alicerce formal-legal em que as organizações reais se assentam, focalizando sua atenção no processo de autoridade-obediência (ou processo de dominação) que, no caso das organizações modernas, depende de leis. No modelo de Weber, organização formal e organização burocrática são sinônimos. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 8 Três bases da autoridade, segundo Max Weber: BASE DA AUTORIDADE CARACTERÍSTICAS CARISMA A obediência deve-se à “devoção” dos seguidores pelo líder, que demonstra, ou os seguidores acreditam, que ele tem qualidades que o tornam admirado. Exemplo: liderança política. TRADIÇÃO A obediência deve-se ao respeito dos seguidores às orientações que passam de geração a geração. Os seguidores obedecem porque o líder (figura da autoridade) aparenta ter o direito de comando segundo os usos e costumes. Exemplo: autoridade na família. ORGANIZAÇÃO E NORMAS A obediência dos seguidores deve-se à crença no direito de dar ordens que a figura de autoridade tem. Esse direito é estabelecido por meio de normas aceitas pelos seguidores e tem limites. A figura da autoridade somente pode agir dentro dos limites de seu cargo ou bureau. Todas as organizações formais dependem dessa base de autoridade. Exemplo: todas as organizações burocráticas. Principais características das organizações burocráticas, segundo Weber: Formalidade – As burocracias são essencialmente sistemas de normas. A figura daautoridade é definida pela lei, que tem como objetivo a racionalidade de coerência entre meios e fins. Impessoalidade – Nas burocracias, os seguidores obedecem a lei. As figuras da autoridade são obedecidas porque representam a lei. Profissionalismo – As burocracia são formadas por funcionários. Como fruto de sua participação, os funcionários obtêm os meios para sua subsistência. As burocracias operam como sistema de subsistência para os funcionários. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 9 3 - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL No século XVIII, as tendências que o mercantilismo havia iniciado foram impulsionadas pela Revolução Industrial, que foi produto de dois eventos: o surgimento das fábricas e a invenção das máquinas a vapor. A Revolução Industrial revolucionou também a produção e a aplicação de conhecimentos administrativos. Na maior parte do tempo que a antecedeu, a história da administração foi predominantemente a história de países, cidades, governantes, exércitos e organizações religiosas. A partir do século XVIII, o desenvolvimento da administração foi influenciado pelo surgimento de uma nova personagem social: a empresa industrial. Tendências da Revolução Industrial Substituição do artesão pelo operário especializado. Invenção das fábricas. Crescimento das cidades, originando novas necessidades de administração pública. Surgimento dos sindicatos. Marxismo. Doutrina Social da Igreja. Darwinismo Social. Administração consolida-se como área do conhecimento. Primeiras experiências práticas com a Moderna Administração de Empresa (SOHO). 4 – TAYLOR E O MOVIMENTO DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA Frederick Winslow Taylor foi o criador participante mais destacado do movimento da administração científica. Seu trabalho junta-se ao de outras pessoas que, na mesma época, compartilhavam esforços para desenvolver princípios e técnicas de eficiência, que possibilitassem resolver os grandes problemas enfrentados pelas empresas industriais. Apesar de nem todos trabalharem num mesmo grupo, simultaneamente, essas pessoas são consideradas, indistintamente, participantes do movimento da administração científica. Taylor nasceu em 1856, na Pensilvânia, filho de uma família abastada. Apesar disso, e de ter sido aprovado no exame de admissão da Escola de Direito de Harvard, Taylor tornou-se trabalhador manual, rejeitando a idéia de ser advogado. Trabalhou para uma empresa fabricante de bombas hidráulica, onde aprendeu o ofício de torneiro, observando aí o que era má administração. Em 1878 ingressou numa usina siderúrgica a Midvale Steel, começando como trabalhador e terminando como engenheiro-chefe. Nesse período, retomou seus estudos, desta vez em engenharia. Taylor era um engenheiro brilhante, tendo patenteado muitas invenções.Foi na Midvale que observou os problemas das operações fabris. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 10 Principais problemas observados por Taylor: A administração não tinha noção clara da divisão de suas responsabilidades com o trabalhador. Não havia incentivos para melhorar o desempenho do trabalhador. Muitos trabalhadores não cumpriam suas responsabilidades. As decisões dos administradores baseavam-se na intuição e no palpite. Não havia integração entre os departamentos dos da empresa. Os trabalhadores eram colocados em tarefas para as quais não tinham aptidão. Os gerentes pareciam ignorar que a excelência no desempenho significaria recompensas tanto para eles próprios quanto para a mão-de-obra.s Havia conflitos entre capatazes e operários a respeito da quantidade da produção. Os três momentos administração científica: Primeira Fase Ataque ao “problema dos salários”. Estudo sistemático do tempo. Definição do tempo-padrão. Sistema de administração de tarefas. Segunda Fase Ampliação de escopo, da tarefa para a administração. Definição de princípios de administração do trabalho. Terceira Fase Consolidação dos princípios. Proposição de divisão de autoridade e responsabilidades dentro da empresa. Distinção entre técnicas e princípios. O Problema dos Salários O problema da qual a Sociedade ocupou-se quase que exclusivamente nas reuniões iniciais era o chamado problema dos salários. Os sistemas de pagamento da época (pagamento por dia de trabalho e pagamento por peça produzida) tinham o efeito de fazer o trabalhador acreditar que seu esforço beneficiava apenas o patrão. Assim, como regra geral, os trabalhadores não se empenhavam como os engenheiros e os empregadores achavam que seria inadequado. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 11 No sistema de pagamento por dia de trabalho, o salário era fixo, e os trabalhadores não viam nenhuma vantagem em produzir além do que eles próprios achavam adequados. No sistema de pagamento por peça produzida, quando a produção aumentava muito, os administradores diminuíam o valor pago por peça. E, assim, os trabalhadores, sabendo o que esperar, mantinham a produção num nível propositadamente baixo. Os próprios sindicatos estabeleciam limites para os salários que os trabalhadores podiam receber, para evitar que eles se prejudicassem. Para resolver o desinteresse que esses dois sistemas de pagamento induziam, já na época falava- se na possibilidade da participação do empregado nos lucros da empresa, sistema que desde 1842 vinha sendo praticado na Europa. No entanto, também já se reconhecia que esse sistema tinha imperfeições, uma vez que as flutuações nos lucros, beneficiando ou prejudicando o empregado, deviam-se a fatores (como o preço de matéria-prima ou decisões gerenciais) sobre os quais ele não tinha controle. O Plano de Taylor Em 1895, Taylor apresentou à sociedade o que é considerado o primeiro trabalho da administração científica: A Piece-rate system (um sistema de pagamento por peça). Apesar de apresentado apenas em 1895, o documento relatava problemas enfrentados por Taylor e soluções nas quais ele vinha trabalhando desde 15 anos antes. Em A Piece-rate system, Taylor propõe um método para eliminar a diminuição do valor pago por peça. É nesse método que residem as raízes da administração científica. Taylor argumentou que a administração deveria primeiro procurar descobrir quanto tempo levaria para que um homem, dando o melhor de si, completasse uma tarefa. A administração poderia então estabelecer um pagamento por peça de forma que o trabalhador se visse compelido a trabalhar o suficiente para assegurar remuneração razoável. De acordo com Taylor, o caminho para resolver o problema dos salários era descobrir, de maneira científica e exata, qual a velocidade máxima em que o trabalho poderia ser feito. Sua resposta para esse problema foi o que ele chamou “estudo sistemático e científico do tempo”, que consistia em dividir cada tarefa em seus elementos básicos e, com a colaboração dos trabalhadores cronometrá-las e registrá-las. Em seguida, eram definidos tempos-padrão para os elementos básicos. Esse procedimento era a base do sistema de administração de tarefas (task management), que compreendia ainda a seleção de trabalhadores e o pagamento de incentivos. O sistema de administração de tarefas permitia que a administração controlasse todos os aspectos da produção e dispusesse do trabalho padronizado que era essencial para a eficiência. Portanto, a principal razão para a invenção do estudo dos tempos, do qual surgiu a administração científica, foi abusca de precisão para definir o valor dos salários. Posteriormente percebeu-se que o estudo de tempos (e, em seguida, tempos e movimentos) era um processo que tinha o valor intrínseco de permitir o aprimoramento do trabalho operacional, através da racionalização dos movimentos. Mais tarde, ao juntar-se às idéias de Gilberth, o sistema de administração de tarefas de Taylor formou a base do estudo de tempos e movimentos. O ataque ao problema dos salários é considerado o primeiro estágio do movimento da administração científica. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 12 Segunda Fase da Administração Científica Com o passar dos anos, a questão dos salários passou para o plano secundário, porque ficou evidente que constituía tão-somente um aspecto de contexto muito maior. Na segunda fase do movimento da administração científica, a ênfase deslocou-se, da produtividade do trabalhador, para o aprimoramento dos métodos de trabalho. Esta segunda fase corresponde ao estudo Shop management (administração de operações fabris), de 1903, mas não é um único momento cronológico, uma vez que abrange eventos muitos anteriores a esse ano, nos quais Taylor estivera envolvido desde que apresentara o trabalho anterior, A piece-rate system. A segunda fase é um desenvolvimento teórico, compreendendo o aumento do escopo da administração científica, que torna um sistema mais abrangente de administração. Segundo Taylor, o homem de primeira classe é altamente motivado e realiza seu trabalho sem desperdiçar tempo nem restringir sua produção. Idealmente, tal pessoa deveria ser selecionada para a tarefa que lhe fosse mais apropriada e incentivada financeiramente. Mesmo um homem de primeira classe tornar-se-ia altamente ineficiente se lhe faltassem incentivos ou se houvesse uma pressão do grupo de trabalho para diminuir a produção. Os princípios de Taylor: PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA SALÁRIOS IDENTIFICAÇÃO ALTOS E DA MELHOR CUSTOS BAIXOS MANEIRA DE DE PRODUÇÃO EXECUTAR TAREFAS SELEÇÃO E COOPERAÇÃO TREINAMENTO ENTRE DE PESSOAL ADMINISTRADOR E TRABALHADORES FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 13 Terceira Fase da Administração Científica Nesta terceira obra, Taylor sintetiza os objetivos da administração científica: Desenvolver uma ciência para cada elemento do trabalho, para substituir o velho método empírico. Selecionar cientificamente e depois treinar, instruir e desenvolver o trabalhador, que, no passado, escolhia seu próprio trabalho e treinava-se o melhor que podia. Cooperar sinceramente com os trabalhadores, de modo a garantir que o trabalho seja feito de acordo com princípios da ciência que foi desenvolvida. Existe uma divisão quase igual de trabalho e de responsabilidade entre a administração e os trabalhadores. A administração incumbe-se de todo o trabalho para o qual esteja mais bem preparada que os trabalhadores, enquanto no passado quase todo o trabalho e a maior parte da responsabilidade recaíam sobre a mão-de-obra. Taylor acreditava no incentivo para o trabalhador individual, que atenderia ao desejo de ganho material e estimularia o crescimento pessoal. Nas palavras de Taylor: A prosperidade máxima de cada empregado significa não apenas salários mais altos, mas também, e mais importante, significa também o desenvolvimento de cada homem à sua condição de eficiência máxima. A maioria das pessoas acredita que os interesses fundamentais dos empregados e empregadores são antagônicos. A administração científica, no entanto, tem por princípio que os verdadeiros interesses dos dois são idênticos. Um exemplo dos métodos de Taylor foi a experiência na qual demonstrou que a produtividade mais elevada resulta da minimização do esforço muscular. Esta é uma das idéias fundamentais da administração científica: a produtividade resulta da eficiência do trabalho e não da maximização do esforço. A questão, não é trabalhar duro, nem depressa, nem bastante, mas de forma inteligente. Até hoje, essa idéia não se firmou completamente, uma vez que ainda há quem acredite que a produtividade é mais elevada quando as pessoas trabalham muito e sem interrupção, ou que o homem é produtivo quando trabalha à velocidade máxima. Essa crença nada tem que ver com as proposições de Taylor e da administração científica. 5 - PRODUÇÃO EM MASSA E LINHA DE MONTAGEM É provável que o taylorismo, como são conhecidas as técnicas da administração científica, tivesse tido êxito qualquer que fosse o estágio de desenvolvimento da indústria na época e em qualquer contexto ideológico. Porém, o taylorismo formou parceria com a notável expansão da indústria e com inovação revolucionária do início do século: a linha de montagem de Henry Ford. O princípio da fabricação por meio linha de montagem era conhecido havia muito tempo, quando o movimento da administração científica nasceu. Desde os primórdios da Revolução Industrial, bicicletas, armas, peças, livros e jornais já eram produzidos em massa. Os venezianos, já dominavam a montagem seriada de navios no século XVI. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 14 5.1 - Princípios da Produção em Massa Assim o nome de Taylor está associado à administração científica, o nome de Henry Ford (1863-1947), está associado à linha de montagem móvel, mas esse foi apenas um dos inúmeros avanços que ele criou e que deixaram sua marca na teoria e prática de administração. Foi Henry Ford quem elevou ao mais alto grau os dois princípios da produção em massa, que é a fabricação de produtos não diferenciados em grande quantidade: Peças padronizadas e trabalhador especializado. PRINCÍPIO DA PRODUÇÃO EM MASSA PEÇAS PADRONIZADAS TRABALHADOR ESPECIALIZADO - Máquinas - Uma única tarefa ou especializadas pequeno número de tarefas - Sistema universal de - Posição fixa dentro de fabricação e uma seqüência de calibragem tarefas - Controle da qualidade - O trabalho vem até o trabalhador - Simplificação das peças - As peças e máquinas - Simplificação do ficam no posto de processo produtivo trabalho Cada peça ou componente pode ser montado em qualquer sistema ou produto final. Para alcançar a padronização, Ford passou a utilizar o mesmo sistema de calibragem para todas as peças, em tem processo de manufatura. Além de padronização, Ford procurou simplicidade, reduzindo o número de peças de seus produtos. Por exemplo, o bloco do seu motor de quatro cilindros era uma única peça fundida, ao passo que seus concorrentes fundiam os quatro cilindros separadamente, para depois juntá-los. O produto é dividido em partes e o processo de fabricá-lo é dividido em etapas. Cada pessoa ou grupo de pessoas, num sistema de produção em massa, tem uma tarefa fixa dentro de um processo predefinido. A divisão do trabalho implica a especialização do trabalhador. Na produção artesanal, o trabalhador faz um produto do começo ao fim – desde o projeto até o controle de qualidade final. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 15 No começo, aFord trabalhava artesanalmente. Em 1908, o tempo médio de ciclo (o tempo total trabalhado antes de serem repetidas as mesmas operações) de um montador da Ford chegava a 514 minutos. Nesse sistema cada trabalhador ficava sempre na mesma área de montagem e fazia uma parte importante de um carro (por exemplo, colocar rodas, molas, motor) antes de passar para o carro seguinte, que vinha até ele. Porém, era responsabilidade do trabalhador apanhar as peças no estoque e trazê-las até seu posto. Para cumprir esta responsabilidade, o trabalhador tinha que ir atrás do trabalho. A primeira providência que Ford tomou para tornar esse processo mais eficiente foi entregar as peças em cada posto, de onde os trabalhadores não precisavam mais ficar saindo o dia todo. Em seguida, Ford decidiu que o montador executaria uma única tarefa, andando de um carro para o outro dentro da fábrica. Em 1913, pouco antes de implantar a linha de montagem, o tempo médio do ciclo do montador da Ford havia caído para 2,3 minutos. Logo apareceram os problemas desse procedimento: a movimentação consuma tempo e, como os montadores tinham velocidades diferentes de trabalho, os mais rápidos perdiam sua eficiência quando encontravam o mais lento pela frente. Em 1910, Henry Ford estabeleceu a primeira planta dedicada exclusivamente à montagem final de peças fabricadas em plantas distintas, que eram partes de um processo produtivo comum. A linha de montagem móvel, qual o produto em processo desloca-se ao longo de um percurso enquanto os operadores ficam parados, desenvolveu-se rapidamente em seguida. Em 1912, o conceito de linha de montagem, sem mecanização, foi aplicado à fabricação de motores, radiadores e componentes elétricos. Finalmente, no começo de 1914, a Ford adotou a linha de montagem móvel e mecanizada para a montagem do chassi, que passou a consumir 1 hora e 33 minutos de trabalho em contraste com as 12 horas e 28 minutos necessárias no ano anterior, quando a montagem ainda era artesanal. As conseqüências foram espantosas. O tempo médio de ciclo foi reduzido para 1,19 minutos, por causa da mobilidade do trabalhador. A nova tecnologia também reduzia a necessidade de investimento de capital. A velocidade maior da produção reduzia também os custos dos estoques de peças à espera da montagem. Melhor de tudo, quanto mais carros eram fabricados, mais baratos eles ficavam. Tudo isso incendiou a imaginação dos concorrentes. Ford foi grande inovador em muitos outros aspectos. Também em janeiro de 1914, adotou o dia de trabalho de oito horas e duplicou o valor do salário, para cinco dólares por dia, medida que não foi vista com simpatia Por seus concorrentes. Entretanto, ele achava que seus operários deveriam poder comprar o produto que fabricavam, o que sem dúvida é opinião avançada até mesmo hoje em dia. Homem de mentalidade orientada para o mercado, imaginava que seu cliente era o fazendeiro que tinha uma caixa de ferramentas e sabia manejá-las. O manual do proprietário do Ford Modelo T, lançado em 1908, já em formato de perguntas e respostas, explicava em 64 páginas como usar ferramentas simples para resolver os 140 prováveis problemas que o carro poderia ter. À medida que se evidenciavam suas vantagens, o modelo Ford atraía uma empresa após outra, tornando-se rapidamente o padrão de organização das empresas industriais nos Estados Unidos. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 16 Junto com o trabalhador especializado que se tornou o principal elemento da linha de montagem móvel, surgira novas ocupações. O engenheiro industrial assumiu o planejamento e controle da montagem; o engenheiro da produção ficou com o planejamento do processo de fabricação. Faxineiros limpavam periodicamente as áreas de trabalho enquanto técnicos circulavam para calibrar e reparar as ferramentas. Outros especialistas controlavam a qualidade. Os supervisores deveriam procurar e encontrar problemas na fábrica, para que a administração superior pudesse corrigi-los. No final da linha havia os reparadores, que tinham muitas das habilidades dos artesãos originais e consertavam o que quer que esteja errado. Neste sistema o trabalhador especializado, mas sem grandes qualificações, não tinham perspectivas de ascensão profissional, que era privilégio dos engenheiros. As vantagens competitivas desse modelo impulsionaram a Ford para a primeira posição na indústria automobilística mundial, virtualmente eliminando as empresas artesanais, com exceção de algumas poucas que se mantiveram no mercado do alto luxo. Em 1923, foram produzidos 2,1 milhões de unidades do Modelo T, em 1926, a Ford montava automóveis e 19 países, além dos Estados Unidos. Em 1915, já era o principal fabricante na Inglaterra, Neste país, na Alemanha e na França, tinha fábricas completamente integradas, não apenas montadoras, no começo dos anos 30. Até o final de sua vida foram produzidas 17 milhões de unidades do modelo T. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 17 II – FUNDAMENTOS DE ÉTICA EMPRESARIAL Ética, do grego ethos, significa costume, maneira habitual de agir, índole. Ética pode ser entendida como a ciência voltada para o estudo filosófico da ação e conduta humana, considerada em conformidade ou não com a reta razão. Ética e Moral podem ser tratadas com um mesmo sentido, substancialmente idêntico, como ciência prática que tende a procurar pura e simplesmente o bem do homem. Ética é a parte da filosofia que estuda a moralidade dos atos humanos, enquanto livres e ordenados a seu fim último. De modo natural, a inteligência adverte a bondade ou malícia dos atos livres, haja vista o remorso ou satisfação que se experimenta por ações livremente realizadas. Ética é a parte da filosofia que estuda a moralidade do agir humano; quer dizer, considera os atos humanos enquanto são bons ou maus. Atos humanos – ações livres em que o homem decide fazer ou omitir, da forma que queira, porque procedem da vontade livre e deliberada (amar, desejar, falar, trabalhar etc.). Atos do homem – ações não livres, seja por falta de conhecimento ou voluntariedade (como são os atos de um deficiente mental, por exemplo), seja porque escapem ao domínio direto da vontade (crescimento, digestão, circulação do sangue). Voltada para a retidão moral dos atos humanos, a Ética é uma ciência prática, de caráter filosófico. Sob esse prisma sabe-se que o conhecer não tem sentido em si, mas sim por se dirigir à ação, buscando o bem do homem. Assim, a atividade humana pode ser encarada como um fazer uma obra (filosofia da arte), ou agir (moral ou ética), no caso em que as ações realizadas pelo homem orientam-no para atingir seu bem absoluto e supremo. A Ética não se detém no conhecimento da verdade em si, mas em sua aplicação na conduta livre do homem, fornecendo-lhe as normas necessárias para o reto agir. Aristóteles já dizia que não se estuda Ética para saber o que é virtude, mas para aprender a tornar-se virtuoso e bom; de outra maneira, seria um estudo completamente inútil. Sabendo que o homem é social por natureza e dirige-se para seu fim último em união com os outros homens, entende-se que a Ética, ou a Filosofia Moral seja estudada em dois aspectos: Moral Geral = analisa os princípios básicos da moralidade dos atos humanos (o fim último, a lei moral, a consciência, as virtudes); e FACENS Faculdade de Engenharia deSorocaba 18 Moral Especial ou Social = aplica tais princípios à vida do homem na sociedade (família, bem comum da sociedade, autoridade e governo, leis civis, a ordem moral da economia e das organizações). Pode-se dizer que: A Inteligência = iluminada pela verdade considera todas as circunstâncias que envolvem a ação; A Consciência = julga a validade moral dessa ação; A Liberdade = confere ao homem a capacidade de escolha; A Vontade – livre = adere à ação, praticando-a se for boa (ética) ou desprezando-a, se for má (antiética). O Bem = está associado à natureza das coisas ou dos seres. A Felicidade = é procurada por todos os homens, é uma tendência instintiva. Outros bens concretos são apenas fontes de felicidade para o homem. Uma das primeiras preocupações éticas no âmbito empresarial de que se tem conhecimento revela-se pelos debates ocorridos especialmente nos países de origem alemã, na década de 60, elevando o trabalhador à condição de participante dos conselhos de administração das organizações. O ensino da Ética em faculdades de Administração e Negócios tomou impulso nas décadas de 60 e 70, principalmente nos Estados Unidos, quando alguns filósofos vieram trazer sua contribuição. Ao complementar sua formação com as vivências empresariais, aplicando os conceitos de Ética à realidade dos negócios, uma nova dimensão surgiu: a Ética Empresarial. Ao final da década de 90, alguns desafios puderam ser identificados. A ética deve ser vivida numa enorme variedade de ambientes empresariais, em que a importância do clima moral pode diferir de país para país. Além disso, abordagens não ocidentais demandam forma apropriada de aplicação da Ética. Alguns temas específicos de Ética Empresarial se delinearam, como um foco de preocupação internacional, nesse fim de década e de século: a corrupção, a liderança e as responsabilidades corporativas. Sendo o sistema econômico a mola mestra das empresas, naturalmente seu desenvolvimento, em vários aspectos, coincide com os sistemas político e sociocultural, em que estão inseridas as organizações. Ora, ampliado a atividade econômica, a intersecção das duas esferas aumenta. Fica patente, assim, que a contribuição da empresa à sociedade e ao governo cresce, à medida que aumentam, por exemplo, seus rendimentos, suas linhas de produtos, e a qualidade desses produtos. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 19 SISTEMA POLÍTICO SISTEMA ECONÔMICO SISTEMA SOCIOCULTURAL Observa-se, então, a criação de muitas Organizações Não Governamentais (ONGs), com um papel importante no desenvolvimento econômico, social e cultural de todos e cada um dos países. Certamente o novo século verá como prioridade, no estudo e na aplicação da Ética nos Negócios, o desempenho das ONGs. Mais recentemente, a abordagem aristotélica dos negócios vem sendo recuperada. A boa empresa não é apenas aquela que apresenta lucro, mas a que também oferece um ambiente moralmente gratificante, em que as pessoas boas podem desenvolver seus conhecimentos especializados e também suas virtudes. As sociedades normalmente se regem por leis e costumes que asseguram a ordem na convivência entre os cidadãos. Cada pessoa, por sua formação familiar, religiosa, educacional e social, atua conforme determinados princípios. No dia-a-dia, os valores individuais podem coincidir ou conflitar com os valores da organização, que caracterizam a cultura empresarial. Dessa forma, é fundamental a existência de padrões e políticas uniformes para que os empregados possam saber, em qualquer circunstância, qual a conduta adequada e apropriada. O clima ético predominante na instituição deve acompanhar a filosofia e os princípios definidos como básicos principalmente pelos acionistas, proprietários e diretores. Isso se materializa no código de ética, que nada mais é do que a declaração formal das expectativas da empresa à conduta de seus executivos e demais funcionários. Se a consciência ética dos integrantes de uma organização, desde os altos executivos até o mais simples funcionário, é um patrimônio dessa organização, há quem dispense a implantação de códigos de conduta, já que da atuação de cada um emergirá um ambiente ético. Os códigos de ética não têm a pretensão de solucionar os dilemas éticos da organização, mas fornecer critérios ou diretrizes para que as pessoas descubram formas éticas de se conduzir. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 20 Programas de ética são desenvolvidos por meio de um processo que envolve todos os integrantes da empresa e que passa pelas etapas de sensibilização, conscientização, motivação, capacitação e, finalmente, adoção de um código de conduta baseados em princípios e valores perenes. Uma vez implantado o código de ética, deve ser desenvolvido um trabalho de acompanhamento e adequação às circunstâncias internas e externas da organização, fruto das contínuas mudanças inerentes ao desenrolar dos negócios. Os códigos de ética contemplam, normalmente, as relações dos empregados entre si e com os demais públicos da empresa, os stakeholders. Alguns códigos de ética descem ao nível concreto dos problemas enfrentados pela organização, enquanto outros se limitam a fornecer diretrizes gerais, deixando questões pontuais para manuais de procedimentos das diversas áreas funcionais da empresa. Assim, enquanto alguns códigos de ética estabelecem que é proibido presentear os fornecedores ou clientes, outros vão ao pormenor: não devem ser oferecidos presentes acima de determinado valor monetário. Os principais tópicos abordados na maioria dos códigos são: conflitos de interesse, conduta ilegal, segurança dos ativos da empresa, honestidade nas comunicações dos negócios da empresa, denúncias, suborno, entretenimento e viagem, propriedade de informação, contratos governamentais, responsabilidades de cada stakeholder, assédio profissional, assédio sexual, uso de drogas e álcool. O código de ética, além de possibilitar um trabalho harmonioso, deve servir também como proteção dos interesses públicos e dos profissionais que contribuem de alguma forma para a organização, os stakeholders. Por essa razão diz-se que deve ser específico, factível e passível de avaliação. A liberdade de adesão provém da convicção das pessoas, o que gera uma disposição positiva, bem humorada e agradável de vivenciar todos os seus itens. Um código de ética exposto em local de honra de uma empresa não serve para nada, se não for refletido na vida de cada pessoa que ali trabalha. É preferível não adotá-lo. Aliás, importa denunciar o mal que poderá provocar uma empresa cujos empregados, colaboradores e acionistas transmitam a imagem de que a empresa é ética pelo simples fato de ter um código de ética e, na prática, essas mesmas pessoas não o vivenciam, ou até mesmo adotam posturas antiéticas. Eisa grande desvantagem do código de ética. Consideradas as vantagens e desvantagens da adoção do código de ética, e feita à opção por ele, é de suma importância que em sua elaboração intervenha o maior número possível de pessoas, desde a alta administração até o mais simples funcionário braçal, para assegurar que será tailormade, isto é, atenderá às necessidades e peculiaridades da empresa. O caminho mais curto para que a ética passe da teoria à prática é fazer com que qualquer funcionário sinta que tem crédito, que suas opiniões não são apenas ouvidas, mas também valorizadas e aplicadas sempre que conveniente. Assim, o componente de confiabilidade gerado envolve todos os integrantes da empresa. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 21 Importa que os executivos sejam bem formados, que os profissionais sejam treinados, pois o cerne da questão está na formação pessoal. Caso contrário, a implantação de códigos de ética ou de conduta será inócua. A empresa necessita desenvolver-se de tal forma que a ética, a conduta ética, os valores e convicções primários da organização tornem-se parte da cultura da empresa. A conduta ética gera uma visão de perspectiva que provoca um natural desejo de antecipar-se, de ter iniciativas para atender às necessidades da empresa e das pessoas que nela convivem, como fruto de sua sensibilidade ética. A empresa é constituída de seres humanos que buscam o bem como ideal, como fim, emanando daí a dignidade de cada pessoa. O meio para alcançar esse fim são as virtudes. Pela ética realista, que é uma ética de fins e meios, a empresa só poderá ser ética se as pessoas que a constituam forem pessoas virtuosas. A excelência, termo de mais fácil aceitação no mercado, não pode ser conquistada pelas organizações sem o fundamento da ética empresarial. A ética associada à excelência é mais uma tentativa de aglutinação das virtudes de cooperação e integridade. Aristóteles já acenava com a possibilidade de reunir essas duas virtudes: uma empresa boa, bem-sucedida, harmoniosa e estável, integrada por pessoas boas, satisfeitas, seguras e felizes, emerge de um trabalho conjunto de cooperação e integridade. Virtudes são qualidades que capacitam as pessoas a encontrar motivos para agir bem. Sem coação, exercitando sua liberdade, a pessoa virtuosa sempre procura escolher o que é bom, certo e correto. As virtudes e os vícios caracterizam as pessoas. Pressupõem valores que, se não traduzidos em ações, perdem seu sentido. Virtudes são valores transformados em ações. Como o modo de agir é uma conseqüência do modo de ser, a pessoa que se exercita nas virtudes e tem uma unidade de vida, deixa transparecer em sua atuação profissional os valores que cultiva em sua vida pessoal. As virtudes são essencialmente hábitos bons que, para florescer, devem ser praticados. As organizações têm a responsabilidade de promover, incentivar e encorajar o comportamento ético. Caso seus empregados não tragam a ética do berço, deverão aprender na organização como cultivar as virtudes, engajando-se nas atividades de treinamento adequadas para este fim, além de se comprometerem a seguir o sistema de valores da empresa. A ética da virtude ensina que o exercício contínuo de bons hábitos conduz à aquisição da virtude, mesmo que seja árduo o caminho para conquistá-la. Da mesma forma, o atleta que almeja atingir recordes necessita treinar inúmeras vezes, e por longo tempo, antes de alcançar seu intento. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 22 Na empresa, as pessoas conscientes desse esforço ético têm maior probabilidade de tomar decisões corretas, sendo certo que, ao tomá-las, estarão crescendo na virtude almejada. Decorre daí ser a ética uma ciência também prática, e as virtudes, o resultado de ações repetidas no intuito de solucionar os dilemas. A virtude ética diz respeito ao caráter (em grego, êthos = caráter, procede de éthos = hábito). Assim, à medida que cresce o hábito de praticar ações boas, o caráter da pessoa torna-se mais enriquecido, e ela, mais virtuosa. Embora não tivesse se referido às organizações, Aristóteles elencou inúmeras virtudes muito importantes para o administrador: prudência, justiça, moderação, liberalidade, ambição, sabedoria e amizade. Algumas pessoas exercem influência ética sobre outras, orientam sua conduta, são capazes de conduzi-las. São os líderes. Ao dirigir pessoas em uma organização, a liderança revela-se importante e, até mesmo, necessária, para amalgamar vontades e conseguir que se alcancem metas comuns. Para que a liderança se exerça com ética, é preciso conhecer bem as pessoas a serem lideradas e saber onde se quer chegar, de que modo, com que fins e objetivos. Seguro de que tudo isso é bom, certo e correto, resta ainda uma atitude que exige extremada prudência: a intervenção quando conveniente. O líder ético faz que seus seguidores o sigam com liberdade e bom senso, e não por medo. Deduz-se que o bom líder vê sua atuação como um serviço, algo que ajude e melhore os demais seres humanos. Para isso deve pôr em ação virtudes e valores. No final do século XX, três razões pragmáticas são apontadas para que a liderança empresarial seja ética. Em primeiro lugar, porque os líderes necessitam conquistar a boa vontade dos empregados, de modo que eles ponham seus talentos a serviço dos objetivos da empresa. Para isso, os funcionários devem ser tratados com respeito. Segundo, os trabalhadores atualmente possuem mais conhecimentos, detêm mais informação e poder. A ética do líder, nesse sentido, influencia diretamente, e muito, a ética dos empregados. Uma terceira razão é que a sociedade em geral não aceita mais o uso coercitivo ou manipulador do poder, de forma que as pessoas não respeitam os líderes, ou não confiam neles apenas por seu cargo ou função, mas pelo poder exercido com dignidade e responsabilidade. Com isso, os seguidores aderem ao líder com voluntariedade. Nota-se que a questão ética centra-se primordialmente no poder dos líderes. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 23 Marketing: A Ética na administração do produto, pode-se ressaltar que a intenção é um aspecto fundamental para o julgamento de um comportamento ético. Por exemplo, quando os fabricantes oferecem ao mercado novos produtos, que na realidade são usados, fica clara a intenção de enganar os consumidores. Por exemplo, o caso do carro Chrysler, que na década de 80, vendeu nos EUA centenas de carros, como se fossem novos, porém já haviam sido aproveitados para testes, tendo já rodado milhares de quilômetros não registrados no odômetro. Em marketing é necessário pensar no consumidor ou usuário desde a fase de desenvolvimento do produto ou serviço até o pós-venda, inclusive quando for para assumir algum erro (recall). Também se deve ter o cuidado na utilização e implantação do preço, propaganda, distribuição dos produtos e vendas. A utilização de Serviços de Atendimento ao Consumidor (SAC), vêm sendo utilizados por diversas empresas, ajudando, em muito, a relação empresa-consumidor. A moral do consumo consiste na orientação da escolha do consumo e na demanda, conforme os princípios vitais e culturais prescritos nos fins existenciais do homem e de acordo com a ordem hierárquica de necessidades com respeito a eles. É preciso saber avaliar a qualidade dos bens e serviços a consumir e firmeza para poder exigi-la no instante da compra (Código de Defesa do Consumidor). Cabe ressaltar o papel primordial das donas-de-casa na economia nacional, uma vez que grande parte da renda nacional passa por suas mãos. Enquanto a administração financeira busca-se os meios, na Ética se buscam os fins. Assim, a um administrador financeiro cabe a tarefa de, entre inúmeras opções que tem, escolher a que maximize a riqueza dos acionistas ou investidores, considerando as conseqüências éticas dessa ação. A gestão de negócios em geral, e de modo mais concreto na área financeira, preocupa- se em ser ética não porque isso gere lucros, mas porque ela acontece entre seres humanos, os quais em qualquer circunstância devem agir corretamente, com independência em relação às conseqüências dessa atuação. Para os gestores, naturalmente, as atividades financeiras exigem virtudes (liberalidade e magnificência; prudência; veracidade e austeridade), antes, porém, quanto à execução em si da função financeira de uma empresa, cinco pontos principais podem ser identificados: Informação correta e imparcial (tecnologia e velocidade da comunicação atual); Restaurar a confiança (agir de modo correto sem precipitação ou ilusão de enriquecimento); Gestão de riscos (qualquer tipo de operação financeira existe um grau de risco, por isso o risco deve ser calculado e não incerto); FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 24 Concepção dos objetivos de finanças (para alguns acionistas – stockholders – o mais importante é a maximização dos lucros, para outros o bem-estar e o desenvolvimento humano de seus empregados – stakeholders – ou da sociedade). Sentido ético geral da sociedade (empresa é ética, útil à sociedade, e lucrativa, se atender de fato às necessidades dos consumidores ou clientes – preços que garantam a subsistência e o crescimento do negócio, os salários justos e o desenvolvimento tecnológico). A especulação no mercado é eticamente admissível enquanto cumpre uma função objetiva na economia: a redução da incerteza sobre a capacidade de comercialização das ações em bolsa. Quando a especulação não chega a reduzir realmente a incerteza, não está justificada. Os benefícios da especulação constituem o pagamento por esse serviço oferecido ao público da bolsa e justificam-se pelos sobrepreços criados pela especulação. Uma forma de se poder refletir sobre a ética na gestão de pessoas é considerar três momentos da vida de qualquer funcionário ou diretor de uma organização: a contratação, a permanência e o desligamento. Contratação – deixar de contratar a pessoa ideal (raça, credo, sexo, idade, condição socioeconômica etc.); Permanência – à medida que uma pessoa demonstra mais responsabilidade no trabalho, contribuindo com suas idéias e esforços, espera-se dela, e em relação a ela, confidencialidade, eqüidade e compromisso com respeito ao processo de valorização e compensação; Desligamentos – podem ocorrem dois fenômenos: o empregado quer desligar-se da empresa, contra a vontade de seus superiores, por se tratar de um bom funcionário; ou o inverso, a empresa julga conveniente dispensar o funcionário, que deseja permanecer na empresa. Ambas as situações requerem especiais cuidados éticos. A Economia e a Ética são ciências autônomas, porém não independentes. A economia está subordinada a ética, embora elabore suas teorias e propostas com liberdade. Como o fim ético é mais importante que o fim econômico, pois este diz respeito só a um aspecto da vida humana, enquanto aquele refere-se ao fim último e mais importante do homem, as políticas e o comportamento econômico dos agentes não devem ir contra a ética, porque nesse momento iriam contra o próprio homem e contra a sociedade. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 25 III – NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAL “Administração de Pessoal é a especialização administrativa que trata do planejamento, organização, direção e controle do setor de pessoal de uma empresa.” Não podemos negar a importância da relação homem/trabalho e que a administração procura fazer coisa com e por meio de pessoas, em grupos formalmente organizados (a empresa é um desses grupos). Realmente, numa empresa encontramos colaboradores (como são chamados os empregados, atualmente, dentro das empresas) em todos os lugares. Em todos esses lugares as pessoas são dirigidas e controladas pelos administradores, pois compete a eles conduzir, coordenar e controlar o trabalho de seus subordinados (administração operacional). Dessa forma, podemos dizer que toda empresa deve ter em sua estrutura organizacional o setor de pessoal, seja ele de maior ou menor dimensão, tenha esta ou aquela denominação, por exemplo: Serviço de Pessoal, Departamento de Pessoal, Divisão de Relações Industriais e Departamento de Recursos Humanos. Recrutamento e Seleção Logo de início, precisamos saber que, embora reunidos em uma única denominação ou título, o Recrutamento e a Seleção constituem duas áreas operativas distintas do setor de pessoal. O serviço desempenhado na área de Recrutamento consiste em atrair ou ir à procura de pessoas que possuam qualificações necessárias para o preenchimento dos cargos existentes na empresa, ou seja, procurar os colaboradores necessários à empresa. Convém salientar que não basta quantidade, isto é, muita gente, mas o que realmente deve interessar ao quadro de pessoal de uma empresa são as pessoas aptas para execução dos serviços ou tarefas, ou seja, pessoas capacitadas e que demonstrem possibilidades futuras. Um administrador de pessoal não pode ignorar esse detalhe importantíssimo, porque caso contrário, também pecará pela falta de qualificação para o cargo que ocupa, o que seria um contra-senso, para não dizer absurdo. Normalmente, o serviço de recrutamento costuma procurar os candidatos aos empregos disponíveis recorrendo aos seguintes meios: anúncios publicados em jornais; agências ou empresas de empregos; escolas profissionalizantes e universidades; colaboradores da empresa; tabuletas à porta da fábrica. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 26 Um detalhe muito importante é que, não só o recrutamento de candidatos qualificados e polivalentes, como também a contratação e a remuneração dos trabalhadores vêm, nos dias de hoje, mudando o perfil dos empregos. Tudo isso e muito mais relacionados com o emprego da atualidade deu origem a um novo conceito: empregabilidade (automação e informatização nas empresas). À medida que se sobe na escala hierárquica de uma empresa, vai se tornando mais difícil o recrutamento de candidatos. Algumas grandes empresas não publicam anúncios classificados nos jornais, dando preferência aos candidatos de alto escalão recomendados pelas agências especializadas que, inclusive, preparam cuidadosamente o curriculum vitae (do latim, significa: carreira de vida) dos pretendentes aos cargos vagos ou de recente criação. Assim procedendo, essas empresas entrevistam candidatos certos e realmente capacitados. Após o recrutamento, segue-se a atividade de seleção e colocação dos candidatos. Podemos dizer que a seleção visa escolher os candidatos ao emprego, enquanto que a colocação tem por fim celebrar o contrato de trabalho, legalizando a relação de emprego entre a empresa (empregador) e o trabalhador (colaborador), de acordo com a legislação em vigor. Treinamento de Pessoal A própria palavra treinamento explica o seu significado: ato ou efeito de treinar. Adquirir hábitos,costumes e mesmo tornar-se habilitado ou apto para o desempenho de certos serviços, tarefas ou práticas, geralmente decorrem do referido ato. Segundo os sociólogos, a palavra grupo significa a reunião de duas ou mais pessoas. Por isso é comum o uso da expressão grupo social para designar o conjunto de pessoas. Com a aplicação da técnica de treinamento, o que se visa é reformular o comportamento dos membros do grupo. Com isso, o grupo adquire maior rendimento em seus objetivos com o perfeito entrosamento de seus membros ou elementos, a chamada dinâmica de grupo. A dinâmica, nesse caso, significa a força que atua no grupo, fazendo com que ele alcance o resultado desejado. À medida que o tempo foi passando, a dinâmica de grupo foi se desenvolvendo e muitas técnicas foram sendo criadas, por exemplos: seminários, mesas-redondas, workshops, brainstormings (do inglês, brain = cérebro), etc. Os especialistas nas técnicas de dinâmica de grupo recomendam muito cuidado na aplicação delas. Se faltar pleno conhecimento e domínio quanto à aplicação de tais técnicas, o insucesso é inevitável. Frederick W.Taylor, por exemplo, desenvolveu sua teoria de organização do trabalho baseada em quatro princípios fundamentais: ciência em lugar do empirismo: o trabalho empírico, baseado na experiência, deve ser substituído pelo trabalho orientado pela ciência da organização; seleção e treinamento do trabalhador: o trabalhador deve ser selecionado, treinado e especializado; FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 27 articulação do trabalho com a ciência: ao trabalhador, escolhido e treinado, devem ser fornecidos os conhecimentos indicados pela organização e não deixá-lo abandonado à própria sorte; divisão do trabalho: à direção compete planejar e orientar, enquanto aos trabalhadores cabe a responsabilidade da execução das tarefas. O treinamento não é válido somente para a empresa. O empregado também recebe os benefícios dessa prática. As vantagens são para ambas as partes, de modo que, olhando de um lado e de outro, podemos apresentar duas vantagens: para o empregado: maior eficácia de seu desempenho; para a empresa: maior e melhor produção. Numa empresa existem, praticamente, dois grupos de colaboradores a serem treinados: os que dirigem (administradores, gerentes, chefes, supervisores, etc.) e os que executam as tarefas (escriturários, auxiliares, operários, etc.). Dessa forma, segundo os especialistas em treinamento de pessoal, os métodos de treinamento devem ser diferentes, porém os princípios básicos de ensino podem ser aplicados tanto para o grupo que dirige ou chefia, como também para o grupo que executa. Então, o treinamento possibilita conseguir hábitos e costumes, bem como certas habilidades para melhor desempenho de algumas atividades, tornando-se evidente que não podemos ignorar a presença do processo de aprendizagem no treinamento. Isso porque uma coisa está ligada à outra. Existe estreita relação entre as duas: treinamento e aprendizagem. Esses dois atos, aprender e lembrar, podem ser considerados como dois estágios ou duas etapas de uma única seqüência de nossa faculdade de percepção (processo pelo qual ficamos sabendo o que está se passando ou acontecendo por intermédio de informações de nossos sentidos). Trata-se, pois, do que os psicólogos denominam de capacidade cognitiva, isto é, a capacidade que possuímos de perceber, interpretar e compreender o que está se passando em nosso meio, inclusive o poder de lembrar o que aprendemos ou ficamos sabendo. Portanto, podemos afirmar que a ação ou a disposição de aprender nos permite tomar conhecimento, ficar sabendo, receber instruções, reter ou guardar na memória, levar vantagem do que se vê ou se observa. Do ponto de vista da Teoria da Informação, podemos concluir que a aprendizagem envolve uma entrada (input) e também uma saída (output). No input, verificamos a entrada de uma informação, que é o ponto principal do processo de aprendizagem. No output, ocorre uma saída de informação, caracterizada por uma lembrança ou recordação do que sabemos ou aprendemos. Entre esses dois estágios ou etapas de uma seqüência, entrada (input) e saída (output), a informação recebida permanece retida ou guardada na memória durante certo tempo, cujo prazo de armazenagem varia de pessoa para pessoa. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 28 Referente as comunicações e informações, segundo a psicologia da aprendizagem, ocorrem ao mesmo tempo em três seqüências: 1-) conhecer novas informações; 2-) incluí-las em nossa experiência; e 3-) aplicá-las em nossa atividade prática. Cargos e Salários O colaborador recrutado, selecionado e treinado com a finalidade de desempenhar determinada função, ocupa, evidentemente, um cargo na empresa, conforme consta de seu registro. Este colaborador ocupa um cargo (às vezes a mesma pessoa acumula mais de um cargo). É claro que, em muitos casos, várias pessoas têm o mesmo cargo (numa indústria de metalúrgica existem vários torneiros), desempenhando funções iguais, devendo receber também salário idêntico, de acordo com a nossa legislação trabalhista. O salário é o pagamento feito diretamente pelo empregador ao colaborador como retribuição pelos serviços prestados. Quando o colaborador recebe, além do salário, mais alguma importância de terceiros (pessoas que estão fora da empresa), como decorrência de seu trabalho, nosso direito do trabalho considera seu rendimento como sendo sua remuneração. Um exemplo típico é o caso dos garçons que recebem gorjetas. O problema da fixação de salários para os diversos cargos de uma empresa constitui verdadeiro desafio para os administradores, tornado-se mais complexo se levarmos em conta outros fatores, tais como o mercado de trabalho (variação de ofertas e procuras), a legislação trabalhista e previdenciária, os sindicatos de classes nas reivindicações salariais de seus associados, as possibilidades financeiras da empresa, etc. Enquanto não foi descoberta uma fórmula para obtermos o salário justo (essa busca é muito antiga, pois nos velhos tempos, quando o homem recebia seu pagamento em utilidades econômicas, o problema era encontrar o salário necessário), o recurso é contar com a ação do Estado e da própria empresa, o primeiro, na fixação do salário mínimo e na prestação de assistência e benefícios aos trabalhadores, e a segunda, dando “algo mais” a seus funcionários. Assistência e Benefícios A política salarial de uma empresa pode ser complementada com outras condições que ela proporciona a seus trabalhadores. Uma empresa pode oferecer além do salário de acordo com a capacidade, um plano de assistência médica-odontológica e alimentação gratuita. Para os cargos de direção, existem outras vantagens oferecidas aos administradores, tais como: aluguel de residência, automóvel com motorista, viagens ao exterior durante as férias, cartão de crédito, etc. Geralmente, essas vantagens são FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 29 englobadas naquilo que de denomina salário indireto, em contraposição ao salário direto que consta da folha de pagamento da Diretoria. De acordo com as Normas Legais, todo empregado que trabalho sob o regime da Consolidação da Legislação da Previdência Social (CLPS) é obrigado a contribuir para a Previdência Social, e por isso tem direito a gozar dos benefícios oferecidos, como segurado, inclusive a seus dependentes. Os benefícios prestados pela CLPS (art. 18, incisos I a III da Lei nº8.213, de 24/07/91, consolidada em 14/08/98) compreendem: I - quanto ao segurado a) aposentadoria por invalidez; b) aposentadoria por idade; c) aposentadoria por tempo de serviço; d) aposentadoria especial; e) auxílio doença; f) salário-família; g) salário-maternidade; h) auxílio-acidente. II - quanto ao dependente a) pensão por morte; b) auxílio-reclusão. III - quanto ao segurado e dependente a) serviço social; b) reabilitação profissional. Além dos benefícios prestados pela Previdência Social (considerados transferências pelos economistas),as empresas costumam oferecer a seus colaboradores outros serviços assistenciais, completando ainda mais os direitos dos trabalhadores (esses direitos são assegurados pela Constituição da República Federativa do Brasil), visando, com isso, proteger sua saúde e concorrer para seu bem-estar. Nesse momento, entra o papel social da empresa, pois ela não deve representar somente o papel de unidade de produção no sistema econômico. São inúmeros os exemplos de assistência e benefícios que as empresas prestam a seus empregados tais como: assistência aos empregados junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS); assistência médica por meio de médico particular ou contrato com organizações médico-hospitalares; empréstimos (amortizáveis em pequenas quotas mensais) para aquisição e reformas de moradias, compra de automóveis, viagens, etc.; complementação de salário quando o empregado recebe auxílio-doença previsto na CLPS; adiantamento de salários (mais conhecidos por “vale”) para despesas imprevistas ou mesmo correntes, quando o pagamento é mensal; pagamento de mensalidades escolares ou taxas de inscrição em cursos especializados. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 30 IV – NOÇÕES DE MARKETING O conceito mais básico e inerente ao marketing é o das necessidades humanas. Necessidades humanas são estados de carência percebida. O homem que tem muitas necessidades complexas: necessidades básicas físicas de alimentação, roupas, calor e segurança; necessidades sociais de fazer parte de um grupo e ser querido; e necessidades individuais de conhecimento e auto-realização. Essas necessidades não são criadas pelos profissionais de marketing, são umas partes básicas da constituição do homem. Quando uma necessidade não é satisfeita, ele tenta reduzi-la ou procura um objeto que a satisfaça. Os que pertencem a sociedades menos desenvolvidas possivelmente tentam reduzir seus desejos de satisfazê-los com o que for possível. O homem das sociedades industriais poderá tentar encontrar ou desenvolver objetos que irão satisfazer suas necessidades. Desejos são as necessidades humanas moldadas pela cultura e pelas características individuais. Quem tem fome nos Estados Unidos poderá desejar comer hambúrguer com batata frita e tomar uma Coca. Quem tem fome em Bali poderá desejar comer mangas, leitão e feijão. Os desejos são descritos como objetos que satisfazem as necessidades. À medida que a sociedade evolui, os desejos de seus membros aumentam. À medida que o homem vai sendo exposto a objetos que despertam seu interesse e desejo, as empresas tentam fornecer produtos e serviços que satisfaçam esses desejos. O homem tem desejos quase ilimitados, mas recursos limitados. Portanto, ele deve escolher produtos que lhe ofereçam mais valor e satisfação pelo dinheiro gasto. Quando os desejos podem ser comprados, tornam-se demandas. Os consumidores vêem os produtos como pacotes benefícios, e escolhem os que lhes proporcionam maior benefício pelo dinheiro gasto. Um Honda Civic significa transporte básico, preço baixo e economia de combustível. Um Mercedes significa conforto, luxo e status. As pessoas escolhem os produtos cujos benefícios lhes proporcionem o máximo de satisfação, conforme seus desejos e recursos financeiros. O produto é qualquer coisa que possa ser oferecida ao mercado para satisfazer uma necessidade ou desejo. Em geral, a palavra produto sugere um objeto físico, como um carro, uma televisão ou um sabonete, mas seu conceito não se limita a objetos físicos – qualquer coisa capaz de satisfazer uma necessidade pode ser chamada de produto. Mais importante do que possuir bens físicos é obter os benefícios que eles proporcionam. A comida não é comprada para ser olhada, mas para satisfazer a nossa fome. O forno de microondas não é comprado para ser admirado, mas para cozinhar nossos alimentos. Os profissionais de marketing usam em geral as expressões bens e serviços para distinguir entre os produtos físicos e produtos intangíveis. Os consumidores obtêm benefícios através de outros veículos, como pessoas, lugares, organizações, atividades e idéias. Eles decidem a que programas de televisão irão assistir, que lugares visitarão nas férias, para que organizações irão contribuir, e que idéias deverão ser adotadas. Portanto, o termo produto inclui bens físicos, serviços e uma variedade de outros veículos que possam satisfazer as necessidades e desejos dos consumidores. Quando o termo produto parece não ser adotado, podemos substituí-lo por solução, recurso, ou oferta. FACENS Faculdade de Engenharia de Sorocaba 31 O valor para o cliente é a diferença entre os valores que ele ganha comprando e usando um produto e os custos para obter esse produto. Por exemplo, os clientes da Federal Express têm vários benefícios, e o mais óbvio é a rapidez e segurança da entrega dos pacotes. Porém, ao usarem a Federal Express, eles também ganham outros valores como status e imagem. O uso da Federal Express faz com que o remetente e o receptor do pacote sintam-se mais importantes. Quando os clientes enviam um pacote via Federal Express, eles pesam esses e outros valores versus o dinheiro, esforço e custo físico do uso do serviço. Além disso, comparam o valor da Federal Express com o de outras empresas de entrega rápida e escolhem o serviço que lhes dará maior valor. Os clientes em geral não julgam os valores e os custos do produto com exatidão e objetividade. Eles agem sobre o valor percebido. A satisfação do cliente depende do desempenho do produto percebido com relação ao valor relativo às expectativas do comprador. Se o desempenho faz jus às expectativas, o comprador fica satisfeito. Excedem-se as expectativas, ele fica encantado. As companhias voltadas para marketing desviam-se do seu caminho para manter seus clientes satisfeitos. Clientes satisfeitos repetem suas compras e falam aos outros sobre suas boas experiências com o produto. A chave é equilibrar as expectativas do cliente com o desempenho da empresa. As empresas inteligentes têm como meta encantar os clientes, prometendo somente o que podem oferecer e depois oferecendo mais do que prometeram. A satisfação do cliente é intimamente ligada à qualidade. Nos últimos anos, muitas companhias seguiram programas de gestão da qualidade total (TQM – total quality management), idealizados para melhorar sempre a qualidade de seus produtos, serviços e processos de marketing. A qualidade tem um impacto direto sobre o desempenho do produto, portanto também afeta a satisfação do cliente. Em sentido mais restrito, qualidade pode ser definida como “ausência de defeitos”. Mas a maioria das empresas centradas no cliente ultrapassa essa definição restrita, definindo qualidade em termos de satisfação do cliente. A troca é o ato de obter-se um objeto desejado dando alguma coisa em retribuição. A troca é apenas uma das várias maneiras de se obter um objeto desejado. Por exemplo, quem tem fome pode caçar, pescar ou colher frutas
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