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CCJ0019-WL-B-AMMA-05-Teoria da Constituição - Hemenêutica Constitucional-01

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AULA + 5 – DIREITO CONSTITUCIONAL I 
 
TEMA: TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. 
 
OBJETIVOS: 
 Compreender o processo histórico de reconhecimento, evolução e 
sedimentação dos direitos fundamentais inerente à pessoa; 
 Analisar as características dos direitos fundamentais. 
 
Conceito de Direitos Fundamentais 
 
Segundo José Afonso da Silva “os direitos fundamentais é expressão que 
designa em nível do direito constitucional positivo, àquelas prerrogativas e 
instituições que ele concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e 
igual de todas as pessoas. No qualificativo fundamental acha-se a indicação de 
que se trata de situações jurídicas sem as quais a pessoa humana não se 
realiza, não convive, e às vezes nem sobrevive; fundamentais do homem, no 
sentido de que a todos, por igual devem ser, não apenas formalmente 
reconhecidos, concreta e materialmente efetivados”. 
O constituinte organizou os direitos fundamentais da seguinte forma: 
 
1) direitos individuais, também conhecidos como liberdades públicas, 
direitos negativos, liberais ou de 1a geração (art. 5o da CRFB/88) - são direitos 
que apresentam como principais características terem os indivíduos como 
titulares e controlar os abusos de poder estatais; 
 
2) direitos coletivos e difusos (ou de 3a geração) – os primeiros 
caracterizam-se por serem direitos de um grupamento humano com interesses 
homogêneos, por exemplo o pleito dos sindicatos. Já os difusos são direitos 
que pertencem a todos, ou seja, não somos capazes de identificar quem são o 
seus titulares, como por exemplo o meio ambiente; 
 
3) direitos da nacionalidade – caracteriza-se como vínculo jurídico-político 
de uma pessoa com o Estado que nos permite dizer que esta pessoa faz parte 
do povo deste Estado. Ela pode ser de dois tipos: originária, que chamamos de 
natos, que no Brasil pode ser adquirida pelo critério misto, ou seja, pelo 
nascimento em nosso território (ius soli) ou pela consangüinidade (ius 
sangunis) de pai ou mãe brasileiros ou; derivada, que se adquire com um 
pedido ao governo brasileiro atendendo aos requisitos de se for originário de 
país de língua portuguesa: ter visto (autorização de permanência regular no 
Estado Brasileiro) de permanência, residência ininterrupta por um ano e 
idoneidade moral e, se originário de outro país: visto de permanência, quinze 
anos de residência ininterrupta e nenhuma condenação penal. (art. 12 da 
CRFB/88); 
 
4) direitos políticos – segundo Pedro Lenza “direitos políticos nada mais 
são do que instrumentos através dos quais a Constituição Federal garante o 
exercício da soberania popular atribuindo poderes aos cidadãos para 
interferirem na condução da coisa pública, seja direta ou indiretamente”. Esses 
direitos são basicamente exercidos pelo sufrágio universal e pelo voto direto e 
secreto. O sufrágio (capacidade eleitoral ativa) determina o direito de eleger e 
ser eleito (capacidade eleitoral passiva). O voto é um direito público subjetivo 
que tem como características ser personalíssimo, sigiloso, obrigatório, livre, 
periódico e igual. Apenas para não confundir, vale lembrar que escrutínio 
significa a maneira pela qual se vota e que a legislação infraconstitucional 
referente aos direitos políticos é a Lei 4737/65; 
 
5) direitos sociais – são direitos sociais ou de 2a geração, se caracterizam 
por terem como titulares grupos específicos de pessoas como por exemplo 
crianças, mulheres, trabalhadores etc. Exigem do Estado um fazer, um animus 
de proteção efetiva na persecução desses direitos a fim de amenizarem as 
desigualdades sociais. 
 
Importante ressaltar que como já entendeu o STF o rol dos direitos 
fundamentais (que são cláusulas pétreas – art. 60, §4o ,inciso IV da CRFB/88) 
é meramente exemplificativo, visto que podemos depreender novos direitos 
implicitamente como também pela incorporação de tratados internacionais de 
direitos humanos (art. 5o §§ 2o e 3o da CRFB/88). 
 
A doutrina aponta sete características para os direitos fundamentais, são elas: 
 
a) universalidade – eles se destinam a todos os seres humanos; 
 
b) imprescritibilidade – esses direitos não se perdem pelo decurso do tempo; 
 
c) inalienabilidade – esses direitos não podem ser transferidos; 
 
d) irrenunciabilidade – esses direitos não podem ser renunciados; 
 
e) concorrência – possibilidade de acumular os direitos fundamentais; 
 
f) relatividade – estes direitos não são absolutos, pois podem entrar em 
conflito com outros direitos fundamentais e; 
g) historicidade – eles são direitos conquistados por revoluções políticas e 
tecnológicas no decorrer da história no mundo ocidental. 
 
Caso 1 - A União Brasileira de Artesãos, sociedade civil sem fins lucrativos, 
por decisão de sua diretoria determinou a exclusão de alguns de seus sócios 
sem garantia da ampla defesa e do contraditório. Entendendo que os direitos 
fundamentais assegurados pela Constituição não vinculam somente os 
poderes públicos, estando também direcionados à proteção dos particulares 
nas relações privadas, tais sócios buscam tutela jurisdicional no sentido de 
invalidar a referida decisão. Diante do que dispõe o art. 5º, XIX, CRFB, poderia 
o Poder Judiciário invalidar a decisão da diretoria da entidade? 
 
 
Caso 2 – A ABRATI – Associação Brasileira das Empresas de Transporte 
Rodoviário Intermunicipal, Interestadual e Internacional de Passageiros - 
ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal 
onde pedia a declaração de inconstitucionalidade da Lei 8.899/1994. 
Tal norma assegura o direito ao passe livre às pessoas portadoras de 
deficiência, desde que comprovadamente carentes, no sistema de transporte 
coletivo interestadual. 
Segundo a ABRATI, a norma viola os seguintes dispositivos constitucionais: 
art. 1ª, IV; art. 5º, XXII; art. 170, II e art. 195, § 5º. Alega, em síntese, violação 
do direito de propriedade e da livre iniciativa, direitos fundamentais que devem 
ser protegidos pelo Supremo Tribunal Federal. 
Em parecer, o Procurador-Geral da República manifestou-se pela 
improcedência da ação, uma vez que a Constituição consagra como Direito 
Fundamental a proibição de discriminação e a norma em xeque procura 
realizar a efetiva inclusão social dos deficientes físicos com carências 
econômicas, razão pela qual, numa ponderação entre os direitos em conflitos 
estes deveriam prevalecer em detrimento do direito à propriedade. 
Analise o conflito acima, assinalando se a Lei 8.899/1994 deve realmente ser 
declarada inconstitucional. Para a solução deste caso procure utilizar a técnica 
da ponderação de interesses. 
 
Sugestão de gabarito do caso 1: "Eficácia dos direitos fundamentais nas 
relações privadas. As violações a direitos fundamentais não ocorrem somente 
no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas igualmente nas 
relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os 
direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente não 
apenas os poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos 
particulares em face dos poderes privados. A ordem jurídico-constitucional 
brasileira não conferiu a qualquer associação civil a possibilidade de agir à 
revelia dos princípios inscritos nas leis e, em especial, dos postulados que têm 
por fundamento direto o próprio texto da Constituição da República, 
notadamente em tema de proteção às liberdades e garantias fundamentais. O 
espaço de autonomia privada garantido pela Constituição às associações não 
está imune à incidência dosprincípios constitucionais que asseguram o 
respeito aos direitos fundamentais de seus associados. A autonomia privada, 
que encontra claras limitações de ordem jurídica, não pode ser exercida em 
detrimento ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros, 
especialmente aqueles positivados em sede constitucional, pois a autonomia 
da vontade não confere aos particulares, no domínio de sua incidência e 
atuação, o poder de transgredir ou de ignorar as restrições postas e definidas 
pela própria Constituição, cuja eficácia e força normativa também se impõem, 
aos particulares, no âmbito de suas relações privadas, em tema de liberdades 
fundamentais." (RE 201.819, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 
11-10-05, DJ de 27-10-06). 
 
Sugestão de gabarito do caso 2: A ação foi julgada improcedente pelo 
Supremo Tribunal Federal, declarando-se constitucional o teor da norma 
impugnada. A maioria dos Ministros do Supremo compreendeu que a lei 
fornecia maior efetividade aos valores indicados no preâmbulo do Texto 
Constitucional de 1988, bem como aos princípios da solidariedade, constante 
no art. 3º da Constituição, e da dignidade da pessoa humana, expresso no art. 
1º, III. Ademais não haveria violação à livre iniciativa, uma vez que o serviço de 
ônibus consiste em concessão do Poder Público, havendo liberdade de 
exploração nos limites da lei. 
O docente deverá ainda enfatizar que entre a proteção à livre atividade 
econômica e a garantia da dignidade da pessoa humana, neste caso concreto 
esta última deve prevalecer, fornecendo-se assim a máxima efetividade dos 
direitos fundamentais. 
Tal decisão de nossa Suprema Corte consta no Informativo nº 505 do STF, ao 
informar o resultado do julgamento da ADIn 2649.