Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Curso: Engenharia de Produção Disciplina: Metodologia Científica Autor: Kelly Alonso Costa DI: Bruna Canabrava Supervisão de DI: Cristine Barreto Aula 2 –A Ciência e o Conhecimento Meta Apresentar os conceitos básicos sobre a ciência e sua evolução. Expor a natureza do conhecimento e seus tipos existentes. Objetivos Após esta aula, você será capaz de: 1. Distinguir as principais características da Ciência e sua importância; 2. Identificar as principais etapas da evolução da Ciência e sua classificação; 3. Classificar os diferentes tipos de conhecimento. 1- O papel da ciência na construção do conhecimento Uma das formas mais interessantes de conhecer o mundo é aprendendo sobre a Ciência e sua evolução. Fatos e provas do seu progresso estão presentes no nosso cotidiano e até mesmo na nossa expectativa de vida, com muitas descobertas em diversas áreas. A Ciência e o conhecimento fazem parte da aprendizagem e do desenvolvimento do trabalho intelectual, inclusive na sua formação como engenheiro. Questionamentos do tipo "o que há lá fora?", "do que o mundo é feito?", "qual é o segredo da vida?" e "como chegamos até aqui?" (BBC, 2011) nos instigam desde a pré-história. Essas inquietações são direcionadas desde aspectos fisiológicos até o seu papel na civilização desse planeta e galáxia sempre em busca de explicações e soluções. Início boxe multimídia Sociedade que transforma a ciência que transforma a sociedade 2 Se você tiver oportunidade de assistir a série “A História da Ciência” da BBC, não perca esta chance de ver como problemas práticos e fatores culturais impulsionaram a evolução da ciência e, por outro lado, como o desenvolvimento científico resultou em grandes transformações na maneira como vivemos, nos comunicamos e trabalhamos! Fonte: http://www.freeimages.com/photo/948575 Autor: Beniamin Pop Fim Box As descobertas e as inovações ajudaram a construir nossa sociedade em seus aspectos social, econômico e cultural. As explicações para os fenômenos foram observadas, experimentadas e testadas. Esse processo de construção sistemática dos experimentos e das informações na criação do conhecimento forma a Ciência. Nosso objetivo é reconhecer o desenvolvimento da Ciência e sua contribuição para a história da humanidade em diversas áreas, possibilitando novas revelações que favoreceram as formulações dos métodos científicos da Ciência. Existem inúmeras definições para “Ciência”, então vamos conhecer inicialmente alguns termos que representam a origem etimológica da palavra e suas características. No grego, a palavra ciência — scire — significa conhecer. Então podemos entender que a Ciência para os gregos era todo o resultado da indagação racional. Em latim — scientia — significa “um conhecimento que inclui, em qualquer modo ou medida, uma garantia da própria validez”. Hoje em dia, “o significado da palavra “Ciência”, no sentido lato sensu, refere-se ao conhecimento superficial, assistemático e subjetivo; e, no stricto sensu, um conhecimento delimitado, formulado, sistemático e metódico que diz respeito a fatos registrados, observados e experimentados pelas suas causas determinantes. A primeira concepção refere-se ao senso comum, a segunda é caracterizada pelo conhecimento 3 científico, especificado a partir da precisão metódica, clareza, objetividade e verificação” (JEZINE, 2007). Esses são dois tipos distintos de conhecimento, que veremos em maior profundidade mais adiante nesta aula. Verbete Conhecimento assistemático é aquele que não é fruto de uma investigação organizada, que não resulta de uma pesquisa científica ou metodologia bem definida. fim do verbete A Ciência demonstra que é capaz de fornecer respostas dignas de confiança sujeitas a críticas; é uma forma de entender, compreender os fenômenos que ocorrem em qualquer campo. Figura 2.1: A ciência e sua forma sistêmica Fonte: https://www.flickr.com/photos/langwitches/642133/ Os fenômenos da natureza nos aterrorizam desde por falta de conhecimento sobre o que os causava. Com a organização dos grupos em sociedades, vieram as tentativas de explicação dos fenômenos naturais através das crenças e das superstições. Como as explicações mágicas não bastavam para obter as respostas que buscavam, os seres humanos finalmente iniciaram a investigação através de caminhos sistemáticos, cujas descobertas pudessem ser comprovadas. Início boxe explicação A Ciência se constitui em verdade absoluta? “A Ciência, sob a dimensão da universalidade, é apenas uma concepção. Pode ser concebida como um conhecimento racional que usa métodos, e como um sistema conceptual, não se constitui de verdades e certezas absolutas e eternas. Ela é certa e ao 4 mesmo tempo provável e deve estar sempre pronta a ser questionada e a resistir ou não a prova.” (JEZINE, 2007). Fim Box Por mais que se relacione à racionalidade humana, a própria ideia de Ciência tem interpretações diversas. Veja, a seguir, algumas delas: “A Ciência é um modo de compreender e analisar o mundo empírico, envolvendo o conjunto de procedimentos e a busca do conhecimento científico através do uso da consciência crítica que levará o pesquisador a distinguir o essencial do superficial e o principal do secundário” (Cervo e Bervian, 2002). “Trata-se do estudo, com critérios metodológicos, das relações existentes entre causa e efeito de um fenômeno qualquer no qual o estudioso se propõe a demonstrar a verdade dos fatos e suas aplicações práticas. É uma forma de conhecimento sistemático, dos fenômenos da natureza, dos fenômenos sociais, dos fenômenos biológicos, matemáticos, físicos e químicos, para se chegar a um conjunto de conclusões verdadeiras, lógicas, exatas, demonstráveis por meio da pesquisa e dos testes” (Oliveira, 2002). "A Ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação" (Trujillo Ferrari, 1974). Como podemos perceber desse conjunto de citações, a Ciência é constituída pela observação sistemática dos fatos; por intermédio da análise e da experimentação, extraímos resultados que passam a ser avaliados universalmente. Os pesquisadores Segundo Marconi e Lakatos, no livro “Fundamentos de metodologia científica” de 2003, identificam as seguintes características básicas que estão presentes em todas as ciências: 5 1.2 – A Evolução da Ciência O ser humano é um animal na Natureza com uma característica única, a capacidade de pensar. Esta característica permite que os seres humanos sejam capazes de refletir sobre o significado de suas próprias experiências e chegam a determinadas conclusões. O desenvolvimento do conhecimento humano está intrinsecamente ligado a sua característica de se relacionar através de um grupo, ou seja, o saber de um indivíduo é transmitido a outro por algum meio (oral, gestual, escrito), que, por sua vez, aproveita-se deste saber para somar a outro. Assim evolui a Ciência. 6 Hoje, estamos na era da informação ou revolução tecnológica em que as atividades de estudos e trabalho requerem um nível de instrução mais avançado do que as eras anteriores e as pessoas precisam de maior treinamento e raciocínio. Observe sua realidade social, descrevendo a presença da Ciência na sociedade e a ação humana, destaque as mudanças que o avanço que as tecnologias têm provocado na concepção de sociedade e no cotidiano das pessoas. 7 1.2.1 Classificação eDivisão da Ciência O que você imagina que sejam “Ciências Formais” e “Ciências Factuais”? Tendo essas 2 categorias em mente, como você classificaria cada um dos temas abaixo? a - A análise da política de saúde pública no Brasil. b - Um algoritmo para um software. c - Uma demonstração de uma fórmula de cálculo. d - O estudo sobre o comportamento infantil no Brasil. De acordo com Lakatos e Marconi (2003), “a complexidade do universo e a diversidade de fenômenos que nele se manifestam, aliadas à necessidade do homem de estudá-los para poder entendê-Ios e explicá-los, levaram ao surgimento de diversos ramos de estudo e ciências específicas”. A Figura 2.2 apresenta essa classificação de acordo com as suas diferenças, objetos ou temas e metodologias empregadas. Figura 2.2: Classificação e divisão da ciência Fonte: LAKATOS; MARCONI, 2003. Agora use o esquema para refletir sobre as respostas da atividade proposta no início da seção: a – ciências factuais, pois a política possui aspectos sociais b – ciências formais, uma vez que o algoritmo possui aspectos da lógica 8 c – ciências formais, já que as demonstrações de fórmulas são provenientes da Matemática d – ciências factuais porque o comportamento possui aspectos sociais 1.3 – A natureza do conhecimento “Genericamente, o conhecimento pode ser conceituado como compreensão a apreensão intelectual de um fato ou de uma verdade, como o domínio (teórico ou prático) de um assunto, uma arte, uma ciência, uma técnica etc.” (Souza e Feitosa, 2012) Cyrino e Penha (1992) dizem que "conhecer é elaborar um modelo de realidade", isso significa que para haver conhecimento são necessários 3 elementos: (1) um sujeito pensante que observa a realidade; (2) o objeto desta observação, que será analisado e investigado; (3) o conjunto de informações obtido nesta investigação e reorganizado de forma a construir uma imagem mental – que pode ser uma idéia, opinião ou conceito – que passa a existir na cabeça do sujeito. Seguindo essa lógica, de que o conhecimento é o resultado de um processo interno de um sujeito, é comum ouvir a afirmação de que não é possível transmitir conhecimento, mas apenas dados e informações. Por outro lado, podemos chamar de conhecimento o conjunto de saberes acumulado pelos seres humanos ao longo da história. Entre os tipos de conhecimento existentes, inicialmente vamos diferenciar o conhecimento científico (pensar sistêmico) do conhecimento popular ou também chamado senso comum (experiências do cotidiano ou da necessidade). Utilizaremos um texto de Marconi e Lakatos (2003) para exemplificar essa diferença: “Desde a Antiguidade, até os nossos dias, um camponês, mesmo sendo iletrado e/ou desprovido de outros conhecimentos, sabe o momento certo da semeadura, a época da colheita, a necessidade da utilização de adubos, as providências a serem tomadas para a defesa das plantações de ervas daninhas e pragas e o tipo de solo adequado para as diferentes culturas. Tem também conhecimento de que o cultivo do mesmo tipo, todos os anos, no mesmo local, exaure o solo. Já no período feudal, o sistema de cultivo era em 9 faixas: duas cultivadas e uma terceira em “repouso”, alternando-as de ano para ano, nunca cultivando a mesma planta, dois anos seguidos, numa única faixa. O início da Revolução Agrícola não se prende ao aparecimento, no século XVII, de melhores arados, enxadas ou outros tipos de maquinária, mas à introdução, na segunda metade do século XVII, da cultura do nabo e do trevo, pois seu plantio evitava o desperdício de deixar a terra em pousio: seu cultivo “revitalizava” o solo, permitindo o uso constante. Hoje, a agricultura se utiliza de sementes selecionadas, de adubos químicos, de defensivos contra as pragas e tenta-se, até, o controle biológico dos insetos daninhos.” Verbete Pousio significa descanso ou repouso proporcionado às terras cultiváveis, interrompendo- lhe as culturas para tornar o solo mais fértil. fim do verbete No nosso dia a dia, utilizamos principalmente estes dois tipos de conhecimento e eles estão interligados, muitas vezes, por pesquisas e descobertas; ou seja, do senso comum podem nascer questões que, às vezes, iniciam pesquisas e investigações científicas. Podemos citar, por exemplo, o conhecimento popular dos índios sobre plantas medicinais; e então essas plantas serão pesquisadas pelo método científico para verificar o seu real potencial de cura. No entanto esses não são os únicos tipos de conhecimento. Nos aprofundaremos neles e estudaremos ainda o conhecimento filosófico e o teológico na seção seguinte. 1.3.1 – Tipos de conhecimento Existem diferentes tipos de conhecimentos que permeiam as nossas vidas, originados de fontes diferentes como as experiências ao longo da vida, observações, relacionamentos etc. 10 Figura 2.3: Globo e livros Fonte: http://www.freeimages.com/photo/1195995 Há pelo menos quatro níveis de conhecimento fundamentais: popular científico, filosófico e teológico (Trujillo apud Marconi e Lakatos, 2003). É importante ressaltar que, na sua vida acadêmica, você utilizará somente o conhecimento científico, porém é necessário conhecer todos para entendê-lo melhor. a) Conhecimento Popular (vulgar, senso comum) É um conhecimento aprendido à luz das experiências e observações imediatas do mundo ao redor; é uma forma de conhecimento que permanece no nível das crenças vividas, segundo uma interpretação previamente estabelecida e adotada pelo grupo social. É assistemático, está relacionado com as crenças e os valores, faz parte de antigas tradições. Exemplos: - Mulher ao volante, há risco de perigo constante! (Uma afirmação derrubada pelas estatísticas em que a mulher dirige com mais segurança (defensiva) e tem menor risco de sofrer acidente). - A chave está emperrando na fechadura e, de tanto experimentarmos abrir a porta, acabamos por descobrir (conhecer) um jeitinho de girar a chave sem emperrar. 11 Para Ander-Egg (1978), o conhecimento popular caracteriza-se por ser predominantemente: • superficial, isto é, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar, simplesmente estando junto das coisas: expressa-se por frases como "porque o vi", "porque o senti", "porque o disseram", "porque todo mundo o diz"; • sensitivo, ou seja, referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária; • subjetivo, pois é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos, tanto os que adquirem por vivência própria quanto os por “ouvi dizer"; • assistemático, pois esta "organização" das experiências não visa a uma sistematização das ideias, nem na forma de adquiri-las nem na tentativa de validá-las; • acrítico, pois, verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos o sejam não se manifesta sempre de uma forma crítica. b) Conhecimento Filosófico É o conhecimento gerado por conceitos subjetivos. Seu desdobramento se dá por formulação de hipóteses filosóficas, num conjunto de enunciados logicamente correlacionados. O conhecimento filosófico não exige comparação experimental, mas coerência lógica, a fim de procurar conclusões sobre o universo e as indagações do espírito humano. Exemplos de pontos de partida para o pensamento filosófico: - Perguntas existenciais: Qual o sentido do homem e da vida? Existe ou não existe o absoluto? - Citações de grandes filósofos: "O homem é a ponte entre o animal e o além-homem" (Friedrich Nietzsche) Início boxe de explicaçãoPara você refletir sobre as diferentes formas de conhecer e pensar... A diferença entre o cientista e o filósofo é, portanto, fácil de perceber. O cientista se fixa sobre o objeto sem olhar a mesma maneira com que o atinge. A maiêutica lhe é, pois, estranha e indispensável. O filósofo centraliza sua atenção sobre o sujeito que conhece e 12 sobre as atividades do espírito, acionadas para apreender seu objeto. Do cientista ao filósofo é completamente diferente a atitude frente ao seu objeto. A Filosofia é uma reflexão do espírito sobre o trabalho do espírito. A Ciência é a flexão sobre objeto sobre o qual se debruça. Fonte: CHARBONNEAU, Paul-Eugéne. Curso de filosofia: lógica e metodologia. São Paulo: EPU, 1986. p. 15-16. Fim Box Início Verbete Maiêutica é um método investigativo desenvolvido por Sócrates, onde perguntas se desdobram em mais perguntas seguindo um seqüenciamento lógico até encontrar a verdade. Fim Verbete c) Conhecimento Religioso (teológico) Conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode, por sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da formação moral e das crenças de cada indivíduo. Está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado. Exemplos: - Acreditar que alguém foi curado por um milagre. - Acreditar em métodos adivinhatórios. d) Conhecimento Científico Início boxe multimídia Uma dica interessante para observar o desenvolvimento do conhecimento científico na vida de uma pessoa é assistir ao filme QUASE DEUSES (Something the Lord Made) Direção: Joseph Sargent. Elenco: Alan Rickman, Mos Def, Mary Stuart Masterson, Kyra Sedgwick. EUA, 2004 Fim Box O homem alcançou grandes avanços e desenvolvimento através do conhecimento científico. Com a organização dos fatos e idéias de forma lógica, o conhecimento 13 científico busca a verificabilidade de uma afirmação. Outra característica importante desse conhecimento é sua necessidade de coerência e questionamento em qualquer momento que haja um argumento que supere o anterior. Então, podemos entender que o conhecimento científico ocorre à medida que se investigam respostas para determinada problemática de forma sistemática e racional. "Utiliza-se o conhecimento científico para conseguir, através da pesquisa, constatar variáveis: a presença e/ou ausência de determinado fenômeno inserido em dada realidade." (BARROS; LEHFELD, 2007, p.45). É baseado em fatos (factual), lida com acontecimentos e é real. Sistematiza as observações em teorias, criando hipóteses que podem ou não ser refutadas. Exige verificação racional mediada pela observação e pela teorização das experiências e fatos. Segundo Galliano (1986), “ao analisar um fato, o conhecimento científico não apenas trata de explicá-lo, mas também busca descobrir suas relações com outros fatos e explicá-los. O conhecimento científico pode ser: contingente (hipóteses traduzem resultado através da experimentação); sistemático (procedimento ordenado forma um sistema encadeado de idéias); verificável (afirmações podem ser comprovadas); falível (novas proposições podem mudar as teorias existentes); real (lida com o real, conforme ocorrência dos fatos)”, ressalta Oliveira (2003). Exemplos: - Descobrir uma vacina que evite uma doença - Descobrir quais os problemas existentes no desenvolvimento de software Lakatos e Marconi identificaram parâmetros que classificam cada um dos conhecimentos aqui estudados e, para cada um deles, designaram uma breve lista de características: 14 Figura 2.4: Tipos de conhecimento e divisão da ciência Fonte: LAKATOS; MARCONI, 2003. Início boxe explicativo A ciência não é neutra O que é Ciência? A questão parece banal. As respostas, porém, são complexas e difíceis. Talvez a Ciência nem possa ser definida. Em geral, é mais conceituada do que propriamente definida. Porque “definir” um conceito consiste em formular um problema e em mostrar as condições que o tornaram formulável. No entanto, para os cientistas em geral, a verdadeira definição de um conceito não é feita em termos de “propriedades”, mas de “operações” efetivas. Mesmo assim, definições não faltam. Para o grande público, Ciência é um conjunto de conhecimentos “puros” ou “aplicados”, produzidos por métodos rigorosos, comprovados e objetivos, fazendo-nos captar a realidade de um modo distinto da maneira como a Filosofia, a Arte, a Política ou a mística a percebem. Segundo essa concepção, os contornos da Ciência são mal definidos. O protótipo do conhecimento científico permanece a Física, em torno da qual se ordenam a Matemática e as disciplinas biológicas. A esse conjunto, opõem-se os conhecimentos aplicados e técnicos, bem como as disciplinas chamadas “humanas”. A verdadeira Ciência seria um conhecimento independente dos sistemas sociais e econômicos. Seria um conhecimento que, baseando-se no modelo fornecido pela Física, se impõe como uma espécie de ideal absoluto. Mas há outras definições: umas são extremamente amplas e 15 vagas, a ponto de identificarem“Ciência” com “especulação”; outras são demasiadamente restritivas, a ponto de excluírem do domínio propriamente científico, senão todas, pelo menos boa parte das disciplinas humanas. Algumas definições podem ser classificadas como “idealistas”, na medida em que insistem em reduzir a atividade científica à busca desinteressada do conhecimento ou da verdade; outras apresentam-se como “realistas”, chegando ao ponto de identificarem pura e simplesmente Ciência e tecnologia. Uma coisa nos parece certa: não existe definição objetiva, nem muito menos neutra, daquilo que é ou não a Ciência. Esta tanto pode ser uma procura metódica do saber, quanto um modo de interpretar a realidade; tanto pode ser uma instituição com seus grupos de pressão, seus preconceitos, suas recompensas oficiais, quanto um metiê subordinado a instâncias administrativas, políticas ou ideológicas; tanto uma aventura intelectual conduzindo a um conhecimento teórico (pesquisa), quanto um saber realizado ou tecnicizado. Fonte: JAPIASSU, Hilton. O mito da neutralidade científica. Rio de Janeiro: Imago, 1975. p. 9-10. Fim Box Atualmente, sabemos que todas essas formas de conhecimento, apesar de estarem metodologicamente separadas, coexistem no ser humano e podem ser identificadas no nosso dia a dia. Agora você já conhece os tipos de conhecimento e suas características. Durante seu curso de graduação, você viverá experiências de descobertas que vão transformar sua visão de mundo e seu modo de pensar sobre muitas questões. Então, aproveite as oportunidades de aprendizagem e mergulhe nessa evolução particular! Resumo Em nossa segunda aula, você foi apresentado aos conceitos da Ciência e tivemos a preocupação de demonstrar os movimentos históricos e sua relação com a produção do conhecimento, bem como as mudanças que esta relação provoca na sociedade. Aprendeu sobre os tipos de conhecimento e como estão presentes em nossas vidas. Portanto, nesta aula, torna-se importante aprender os conceitos que lhe possibilitam entender a Ciência como um conjunto de princípios teóricos e práticos que proporcionam 16 ao indivíduo pensar sobre as questões do seu cotidiano e motivar a construção do conhecimento científico ao longo do seu curso de graduação. Informações sobre a próxima aula Na Aula 3, serão introduzidos os conceitos sobre os métodos e as técnicas científicas para a consolidação do conhecimento científico. Referências ANDER-EGG, Ezequiel. Introducción a las técnicas de investigación social: paratrabajadores sociales. 7. ed. Buenos Aires: Humanitas, 1978. Parte I, Capítulo 1. ARAÚJO, R.A. Metodologia da pesquisa científica. IBES, Brasília, 2012. BARROS; A.J.S.; LEHFELD, N.A.S. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. British Broadcasting Corporation (BBC) - The History of Science, Power, Proof and Passion - Apresentado por Michael Mosley - Conforme série cuja primeira parte do primeiro episódio foi acessado sob título : "BBC - 1-6 - A Historia da Ciência - O que há lá fora? - parte 1", 2011. CARTONI, D.M. Ciência e conhecimento científico. Anuário da Produção Acadêmica Docente,Vol. I, Nº. 5, Ano 2009. CERVO, A.L.; BERVIAN, P.A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. 242 p. CYRINO, H. & PENHA, C. Filosofia hoje. 2. ed. Campinas: Papirus, 1992. GALLIANO, Alfredo Guilherme. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986. 200 p. 17 JEZINE, Edineide. Metodologia do trabalho científico. Licenciatura em matemática – EAD. Universidade Federal da Paraíba, Editora Universitária UFPB, 2007. MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. V. Fundamentos de metodologia científica. 5ª ed., São Paulo: Editora Atlas, 2003. OLIVEIRA, Antônio Benedito Silva (Coord.). Métodos e técnicas de pesquisa em contabilidade. São Paulo: Saraiva, 2003. 177 p. OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de metodologia científica: projetos de pesquisa, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. 320 p. SOUZA, Fábio Silva de; FEITOSA, Maria Lenir Oran. Metodologia do Trabalho Científico. Manaus: Escola Superior Batista do Amazonas, 2012. TRUJILLO FERRARI, A. Metodologia da ciência. 2. ed. Rio de Janeiro: Kennedy, 1974. Capítulo 1.
Compartilhar