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Caderno de Responsabilidade Civil - Tadeu

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Caderno de Responsabilidade Civil
Profº Tadeu
Bibliografia: Programa de Responsabilidade Civil - Sérgio Cavalieri Filho
Sentido da expressão responsabilidade Civil 
Esta expressão traduz a ideia de responder, assumir as consequências. Busca identificar se naquele caso específico alguém vai assumir as consequências de determinado acontecimento. 
Há uma divisão: há a responsabilidade civil e a responsabilidade penal. Cada uma dessas responsabilidades são autônomas e vão em um sentido diverso. A responsabilidade penal trata da conduta daquele que violou a norma jurídica, buscando uma sanção para essa pessoa. Assim, olhar está mais voltado para a pessoa que violou a norma jurídica. Na esfera penal, a visão sobre a vítima, apesar de ser importante, não é a principal, podendo ter uma responsabilidade penal sem um dano concreto, como nos casos de dano da própria conduta. 
No plano civil, o foco não será tanto na figura do agente que violou o direito, mas sim para a vítima, para aquele que sofreu o dano injusto. Buscar-se-á dentro do ordenamento jurídico normas que visam compensar a vítima. A responsabilidade civil é construída para proteger aquele que sofreu um dano injusto. Na esfera civil há os casos de responsabilidade objetiva, onde não importa a conduta daquele que praticou o dano. 
Quando se pensa em responsabilidade civil, se pensa em um ramo do direito que busca meios de compensação da vítima, ou seja, esta será ressarcida de um dano injusto que sofreu. 
Estrutura da responsabilidade civil 
Para que ocorra a responsabilidade civil, ou seja, para que ocorra o dever de indenizar, deve existir a combinação de quatro elementos que integram a estrutura:
Conduta
Só há o dever de indenizar se houver a conduta que desencadeou uma situação fática que levou ao dano causado à vítima. Nos casos envolvendo consumidores, por exemplo, quando se propõe uma ação em face do fornecedor, uma das formas que ele tem de se proteger é provar que não colocou o produto no mercado, ou seja, que não houve conduta da sua parte.
A regra geral é a existência de uma conduta positiva, ou seja, a ocorrência de uma ação que desencadeou o dano. No entanto, também pode existir uma conduta negativa, a qual ocorre nos casos de omissão do agente. Por exemplo, na área trabalhista a responsabilidade do empregador de fornecer ao empregado os equipamentos de proteção individuais.
A conduta é, via de regra, própria, tendo em vista que ela decorre da capacidade civil. Assim, cada pessoa responde por suas próprias condutas. 
O nosso sistema também admite a responsabilidade por conduta alheia. Isso ocorre nos casos em que os pais respondem pela conduta dos filhos menores, por exemplo. Esta responsabilidade é considerada a exceção, tendo em vista que ela decorre de uma norma jurídica que impõe determinada responsabilidade. 
Dano
Para existir indenização, deve haver um dano. O dano representa o prejuízo causado injustamente para a vítima. Há pelo menos três formas de dano: 
a) Dano patrimonial (também chamado de dano material ou dano econômico): é o dano por excelência; aquele dano causado ao patrimônio da vítima. Há o dever de indenização pelo agente que causou o dano em razão da necessidade de ressarcir a vítima. 
b) Dano moral (dano extrapatrimonial): o dano moral é autônomo. Existem alguns problemas envolvendo o dano moral como o que diz respeito a prova do dano, em que casos se dispensaria essa prova, quanto a quantificação do valor do dano moral e, por fim, qual seria a amplitude do dano moral, ou seja, o que irá produzir o dano moral.
c) Dano estético: é um dano autônomo em relação ao dano moral. 
Nexo causal
O nexo causal diz respeito a relação de causa e efeito entre a conduta e o dano, onde a conduta é a causa e o dano é o efeito (consequência). Este assunto não tem base legal, apenas doutrinária. 
Teoria da causalidade alternativa: é uma teoria que envolve diversas questões como a trabalhista, a consumeristas, a ambientalista. 
Fator de atribuição ou fator de imputação 
Este fator representa aquele motivo justificador da atribuição de responsabilidade. Ele é fundamental para que se justifique a ocorrência do dever de indenizar. No nosso sistema há duas posições: 
a) ter como fator de atribuição a culpa, fazendo existir a responsabilidade subjetiva (regra geral, para alguns autores); 
b) há também a lei ou o risco da atividade como fator de atribuição, que também vão produzir o dever de indenização. No nosso sistema é possível a lei imputar à alguém o dever de indenizar, independentemente de culpa. É a chamada responsabilidade objetiva. O risco da atividade também serve como causa de atribuição de responsabilidade, por exemplo, nos casos envolvendo o direito do consumidor, onde aquele que tem o benefício econômico (fornecedor) também possui o risco da atividade. 
Podemos ter responsabilidade civil por conduta lícita nos casos de lei ou risco da atividade. Por exemplo, ser pai não é ilícito, mas apresenta risco de atividade, bem como atribuições legais. 
Conduta 
Há a conduta ativa e a conduta por omissão, sendo que também são divididas em conduta própria e em conduta alheia (de 3º, de outrem). Aplica-se, neste último caso, o art. 932 do CC, que irá trazer a aplicação da chamada responsabilidade in vigilando e da responsabilidade in eligendo, que são duas formas de atribuição de responsabilidade por conduta alheia. 
Quando falamos em conduta pensamos, em geral, na conduta ativa, ou seja, aquela prática de um comportamento voluntário que irá desencadear o dever de indenizar. Não há no direito nenhuma teoria sobre a ideia de ação como conduta positiva.
Na conduta por omissão há uma visão um pouco mais específica, pois não é qualquer omissão que vai nos permitir pensar em responsabilidade civil. A omissão qualificada/omissão especial é aquela omissão em que a parte tinha o dever de agir mas não agiu. Pode-se observar a omissão qualificada nos casos em que a lei determina uma conduta e a parte não pratica aquela conduta determinada por lei. Não se faz necessário saber de onde parte esse dever de agir, ou seja, essa expectiativa de que houvesse uma ação. Ex.: empregador que não fornece os equipamentos de proteção ao empregado – nesse caso ele violou um dever de agir que a lei determina e com isso praticou uma omissão qualificada. 
Também podemos ter a omissão qualificada em função de uma série de outras possibilidades, onde era esperado que a parte agisse, mas não agiu. Por exemplo, nos casos dos contratos de vigilância de uma escola, mas a empresa não fez a segurança. Outro caso de omissão é quando a parte mostrou uma expectativa de que iria agir, mas não agiu. Neste caso, quando os deveres anexos do princípio da boa-fé não são observados, ocorre a omissão qualificada dando ensejo a responsabilidade civil.
Em síntese, podemos ter a omissão qualificada em qualquer forma de ocorrência nos casos em que o direito esperava que houvesse uma conduta, mas ela não ocorreu. 
Esta ação ou omissão que vai produzir responsabilidade civil será própria, ou seja, cada pessoa responde por sua própria conduta, sendo esta uma noção de capacidade civil. 
Responsabilidade por conduta alheia (art. 932 do CC)
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II – o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV – os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V – os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
A responsabilidade por conduta de terceiro é a exceção, devendo existir uma base legal determinando essa responsabilidade, a qualse encontra no art. 932 do CC. Este artigo concentra as hipóteses de responsabilidade por conduta de terceiro, envolvendo a chamada responsabilidade in vigilando (a responsabilidade pelo dever de vigilância), bem como a responsabilidade in eligendo (a responsabilidade pela escolha). 
Essas hipóteses de responsabilidades são casos de responsabilidade objetiva, por tanto, sem a verificação da presença da culpa.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. 
Quando o artigo anterior nos diz que os casos existentes no art. 932 ocorrem idependentemente de culpa, ele quer nos dizer que estamos em frente a uma responsabilidade objetiva. 
Até a entrada em vigor do CC atual, esses casos existiam no Código passado, mas eram casos de responsabilidade subjetiva, utilizando-se os termos culpa in vigilando e culpa in eligendo. Alguns autores ainda mantém essas duas expressões, mas o ideal é não utilizar essas expressões, pois elas trazem a noção de uma responsabilidade fundada em culpa, o que vai de encontro com o que estabelece o Código atual, o qual diz claramente que a responsabilidade é independentemente de culpa.
Ex. de responsabilidade in vigilando: responsabilidade dos pais em relação aos seus filhos menores.
Ex. de responsabilidade in eligendo: nos casos do empregador, pois quando o empregador escolhe o seu empregado ele assume os riscos dessa escolhando, passando a responder de forma objetiva perante ela.
Responsabilidade dos pais pelos atos praticados pelos filhos menores – responsabilidade in vigilando (art. 932, inciso I, CC):
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; 
Esse artigo nos leva a dois possíveis erros de interpretação:
a) “São também responsáveis”: conforme o entendimento doutrinário, a palavra também estabelece que a responsabilidade é dos pais, pois é deles o dever de vigilância. Não há, dessa forma, solidariedade entre os pais e o filho pela responsabilidade civil. 
b) “e em sua companhia”: parece que a responsabilidade é dos pais (ou de um deles) e está vinculada a guarda, sendo que ela está atrelada ao poder familiar, o qual é, na verdade, um poder-dever, sendo mais um dever do que um poder, pois traz uma série de encargos e deveres. Esse é o fundamento da responsabilidade dos pais pelos atos praticados pelo filho menor, qual seja, o poder familiar, sendo que ele pertence a ambos os pais. Não é correto colocar o peso da responsabilidade dos pais sobre a guarda, tendo em vista que ela não é suficiente para produzir essa responsabilidade exclusiva.
Um dos casos em que esse entendimento pode ser diverso é nos casos de alienação parental.
Enunciado 450 da Jornada de Direito Civil: Art. 932, I. Considerando que a responsabilidade dos pais pelos atos danosos praticados pelos filhos menores é objetiva, e não por culpa presumida, ambos os genitores, no exercício do poder familiar, são, em regra, solidariamente responsáveis por tais atos, ainda que estejam separados, ressalvado o direito de regresso em caso de culpa exclusiva de um dos genitores.
Então, este enunciado reforça a ideia de que a responsabilidade é solidária entre os pais pelos atos praticados pelos filhos menores, independente de quem esteja com a guarda da criança, tendo em vista que o fundamento desta responsabilidade dos pais é o poder familiar e não a guarda. 
Nos casos em que o juiz suspende o poder familiar dos pais a responsabilidade dos mesmo permanece por uma questão de política judiciária, ou seja, se o sentido de suspender o poder familiar tem um caráter punitivo aos pais, não pode afastar essa responsabilidade. Desse modo, pelo simples fato de serem pais mantêm a sua responsabilidade, a qual só será afastada quando for extinto o poder familiar. Por exemplo, nos casos de adoção.
Essa responsabilidade dos pais é exclusivamente em relação a filhos menores. Assim, se a justificava dessa responsabilidade se dá pelo fato de existir o poder familiar, assim que o filho passa a ser capaz (completa 18 anos), esse poder familiar se extingue, bem como o dever de indenizar dos pais. Conclui-se portanto que como regra geral os pais não tem responsabilidade por eventual dano causado pelo filho maior. Assim, se o filho possui 19 ou 20 anos não há responsabilidade dos pais de indenizar pelos atos praticados pelo filho capaz, mesmo sendo este sustentado exclusivamente pelos pais.
Importante lembrar que o que vale é a data do acontecimento, pois se o filho cometeu o fato um dia antes de completar 18 anos os pais passam a responder mesmo depois.
- Casos de filhos emancipados: 
O STJ pacificou um entendimento sobre esse assunto.
Há três tipos de emancipações: a emancipação voluntária, a emancipação judicial e a emancipação legal, conforme estabelece o art. 5º do CC. Qualquer forma de emancipação vai antecipar a condição de capaz, extinguindo o poder familiar.
Art. 5º. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o autor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II – pelo casamento;
III – pelo exercício de emprego público efetivo;
IV – pela colação de grau em curso de ensino superior;
V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
a. Emancipação voluntária: 
É uma emancipação por vontade dos pais. Eles vão até o tabelionato e lavram a escritura pública de emancipação, levando a escritura ao Registro Civil. Então, essa emancipação não tem intervenção do Judiciário. 
b. Emancipação judicial:
Há uma sentença que outorga a emancipação. Ex.: quando um dos pais quer emancipar e o outro não o juiz que irá decidir. A sentença será encaminhada ao Registro Civil. 
c. Emancipação legal: 
Ocorre nos casos de casamento, colocado de grau em curso superior, economia própria advinda de emprego ou de atividade civil comercial ou de exercício de emprego público efetivo (são os demais casos previstos no Código Civil). Assim, a lei que outorga a emancipação. 
O STJ entendeu que somente no primeiro caso (emancipação voluntária) a emancipação não afasta a responsabilidade dos pais até que o filho venha completar 18 anos. Isso ocorre para evitar que os pais encontrem uma forma de se isentarem da responsabilidade civil, jogando o peso do poder familiar sobre a sociedade. 
Neste caso, a responsabilidade, até que o filho venha a completar 18 anos, será dos três: do pai e da mãe que emanciparam e do filho, pois ele já está emancipado, ou seja, já é capaz. Dessa forma, há uma responsabilidade solidária entre eles, haja vista que, de acordo com o STJ, os pais respondem porque emanciparam prematuramente o filho e, por sua vez, o filho responde por ato próprio pois já é capaz.
Já nos casos de emancipação judicial e de emancipação legal os pais não respondem pelos atos praticados por seus filhos emancipados.
- Direito de regresso dos pais:
Se os pais tiveram que indenizar em relação a um dano que o filho causou e o filhou possui patrimônio, os pais poderia obter regresso aos danos praticados pelo filho? De acordo com o art. 934, como regra geral, todo aquele que indenizar por ato alheio tem direito de regresso. 
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.
No entanto, os pais não possuem direito de regresso, tendo em vista que não há regresso na linha descendente, pois a responsabilidade é dos pais, os quais falharam no dever de vigilância.
- Natureza da responsabilidade dos pais:
Quanto aresponsabilidade objetiva dos pais, a doutrina desenvolveu uma teoria sobre essa responsabilidade, chamada de teoria da substituição ou responsabilidade civil objetiva por substituição. 
Essa teoria autoriza que os pais venham a discutir culpa mesmo nesses casos de responsabilidade objetiva, mas não a culpa em relação ao seu dever de vigilância, porque esse é literalmente de ordem objetiva. Dessa forma, os pais não poderão discutir se foram cuidadosos na vigilância do filho, mas somente poderão discutir a existência de culpa na conduta do filho, em relação a ação ou omissão praticada por este. Se os pais conseguirem demonstrar que não houve conduta culposa do filho, eles poderão se isentar da responsabilidade. 
Enunciado 590 – A responsabilidade civil dos pais pelos atos dos filhos menores, prevista no art. 932, inciso I, do Código Civil, não obstante objetiva, pressupõe a demonstração de que a conduta imputada ao menor, caso o fosse a um agente imputável, seria hábil para a sua responsabilização. 
Este enunciado consagra a noção da teoria da substituição.
Exemplo: acidente de trânsito envolvendo o filho menor, que estava de bicicleta, e o condutor de um veículo, sendo que desse acidente resulta um dano ao veículo vindo o condutor do mesmo ajuizar uma ação de indneização em relação aos pais. Estes poderão vir ao processo na contestação e discutir sobre quem teve culpa no evento, ou seja, poderão discutir se a conduta que causou o acidente pode ser imputada ao filho ou ao condutor do veículo. Se conseguirem demonstrar que a culpa no acidente de trânsito não foi do filho e sim do condutor do veículo, os pais substituirão o filho e não ocorrerá o dever de indenização. 
Nesses casos, há dois graus de conduta a serem discutidos: o primeiro diz respeito a conduta do menor e o segundo grau diz respeito a conduta dos pais, ou seja, o dever de vigilância dos pais. 
A primeira conduta pode ser discutida de forma ampla, inclusive na análise da ocorrência da culpa. Se for demonstrado que houve culpa na conduta do menor, os pais, automaticamente, realizam a substituição e passam a responder pelo dano como se fossem o menor, ou seja, como se fosse um dano praticado por conduta própria.
- Legitimidade passiva dos pais:
O art. 928 do CC gera um pouco de dúvida sobre a legitimidade passiva dos pais. 
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Este artigo cuida da responsabilidade de atos praticados por incapazes e não só de filhos. De acordo com o disposto, é possível buscar o patrimônio do filho de forma subsidiária. 
Quando o filho menor pratica um ato que venha causar prejuízo para alguém, serão os pais que irão responder a ação no lugar do filho. Contudo, na fase de cumprimento de sentença pode-se buscar esse cumprimento em relação ao filho menor se os pais não tiverem condição econômica de proceder a essa indenização e o filho menor tiver patrimônio suficiente para indenizar, sem prejuízo do seu sustento e do atendimento de suas necessidades básicas. 
Para chegar a esse nível de responsabilidade, primeiro deve se esgotar as tentativas de busca ao patrimônio dos pais, para somente depois, de forma subsidiária, buscar a indenização no patrimônio do filho menor que causou o dano, desde que não cause prejuízo a sua subsistência. 
Além disso, de acordo com o art. 928, parágrafo único, do CC, nesses casos a indenização será equitativa, ou seja, nesta hipótese de responsabilidade subsidiária do filho menor teremos a adoção do critério da equidade para fixar o valor da indenização. A regra geral é de que a indenização deve ser integral em relação a extensão do dano, ou seja, se o dano foi de 100 a indenização deverá ser 100. Todavia, no momento em que o artigo citado estabelece que a indenização será equitativa, ele está autorizando o juiz a fixar um valor que entender adequado, o qual poderá não ser o exato valor do dano que a vítima experimentou, mas que venha a ressarcir de maneira razoável a vítima.
No entanto, o art. 928 do CC esbarra em uma questão prática bem específica, qual seja, o fato de que, em regra, só se busca o cumprimento de sentença em relação aquela pessoa que restou condenada na sentença, conforme explicita o art. 513, §5º, CPC. 
Art. 513. § 5º - O cumprimento da sentença não poderá ser promovido em face do coobrigado ou do corresponsável que não tiver participado da fase de conhecimento.
Dessa forma, não podemos buscar o cumprimento de sentença em relação a quem não participou da fase de conhecimento. Nas ações que buscam a indanização pelo dano causado pelo filho menor somente os pais são partes legítimas na fase de conhecimento, portanto há esse entrave de ordem prática. Por causa disso, alguns autores dizem que o art. 928 do CC se torna inviável de ser utilizado em função das regras do processo civil. Outros autores entendem que a previsão do art. 928 é uma exceção ao art. 513, §5º, do CPC, devendo prevalecer sobre este artigo em função do seu aspecto social. 
De acordo com o parágrafo único do art. 928, o juiz não pode deixar que a indenização que recai sobre o patrimônio do incapaz retire dele o que for necessário para o seu sustento. Contudo, se os pais tiverem patrimônio para indenizar e a indenização utilizar todo o seu patrimônio, o menor, que depende totalmente dos pais, acabará ficando sem patrimônio para o seu sustento?
Por causa disso, o Enunciado 39 da Jornada de Direito Civil propõe que se faça um analogia dessa regra do art. 928, §único, do CC com a responsabilidade dos pais, entendendo que é possível ao juiz fixar uma indenização equitativa quando essa indenização colocar em risco o sustento dos pais. 
Enunciado 39 – art. 928. A impossibilidade de privação do necessário à pessoa, prevista no art. 928, traduz um dever de indenização equitativa, informado pelo princípio constitucional da proteção à dignidade da pessoa humana. Como consequência, também aos pais, tutores e curadores serão beneficiados pelo limite humanitário do dever de indenizar, de modo que a passagem ao patrimônio do incapaz se dará não quando esgotados todos os recursos do responsável, mas se reduzidos estes ao montante necessários à manutenção de sua dignidade.
Responsabilidade do tutor e do curador pelos atos praticados pelos seus pupilos e curatelados – responsabilidade in vigilando (art. 932, inciso II, do CC):
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: 
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; 
O tutor e o curador respondem da mesma forma que respondem os pais. O curador é aquele nomeado pelo juiz para cuidar dos interesses de alguém que possua alguma incapacidade relativa, mas é maior. O tutor é aquele nomeado para substituir os pais, atuando em relação aos menores. Dessa forma, o tutor e o curador possuem responsabilidade objetiva, sendo que essa responsabilidade é uma responsabilidade por substituição. 
Os tribunais e a doutrina tem entendido que o legislador foi exagerado em termos de rigidez ao fixar essa responsabilidade civil objetiva do curador e do tutor, porque tanto o tutor, como o curador, são auxiliares do Poder Judiciário, ou seja, eles são nomeados pelo Juiz para auxiliar o Judiciário nos cuidado em relação ao incapaz. Além disso, o tutor e o curador não recebem nenhuma quantia para cuidar do curatelado ou do pupilo, o que acarreta em uma colcaboração voluntária e gratuita dessas pessoas ao Poder Judiciário. Por causa dessas circunstâncias, a doutrina tem sugerido que se interprete o art. 932, inciso II, do CC com certa flexibilidade, evitando que este artigo atue como desistímulo a aceitação de alguém para assumir o encargo da tutela ou da curatela. 
A condição de tutor e de curador é uma condiçãoartificial e não natural, pois é uma condição colocada por uma conjuntura social.
- Direito de regresso:
O tutor e o curador tem direito de regresso desde que não haja relação de descendência, de acordo com o art. 934 do CC. Assim, se o curador for o pai do filho maior que é incapaz, ele não terá direito de regresso. Todavia, na linha ascendente fica autorizado o direito de regresso, como, por exemplo, no caso dos filhos serem curadores dos pais.
Quanto a responsabilidade dos pais, esta não é fundada em autoridade e companhia, conforme dispõe o art. 932, inciso I, do CC, mas sim fundada no poder familiar, de maneira que mesmo que o filho menor esteja sob a guarda de um dos genitores, ambos terão responsabilidade solidária. Como uma alternative para amenizar a responsabilidade do tutor e do curador, a doutrina e a jurisprudência propõem que em relação ao tutor e ao curador se mantenha a ideia de companhia para justificar essa manutenção de responsabilidade, afastando, portanto, a responsabilidade objetiva do curador/tutor quando o curatelado/tutelado estiver internado em alguma clínica, por exemplo, ou seja, quando ele estiver afastado da companhia do curador/tutor. 
Da mesma forma, se houver situações em que o curatelado se afasta da companhia do curador, também é hipótese para tirar a responsabilidade o curador, desde que essa fuga não seja devida a alguma conduta realizada pelo curador. 
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. 
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem. 
Este artigo permite que se busque, subsidiariamente, o patrimônio do incapaz quando o responsável por ele não tiver condições de proceder a essa indenização. Esse alcance no patrimônio do incapaz deve ser realizado sem prejuízo de sua subsistência.
Esta ideia se aplica integralmente a noção de curador e de tutor, ou seja, se o tutor/curador não tiver condições econômicas de proceder a ação, ele poderá buscar o patrimônio do pupilo/curatelado, sem prejuízo da subsistência dele, mediante uma indenização de caráter equitativo.
Há hipóteses em que se afasta do tutor ou do curador a responsabilidade, nesses casos pode se buscar a responsabilidade do tutelado ou curatelado, não sendo ela subsidiária, mas direta.
Responsabilidade dos empregadores em relação aos atos praticados por seus empregados (art. 932, inciso III, do CC) – responsabilidade in eligendo
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; 
Comitente é o tomador de serviço sem víncula de emprego, nos casos de terceirização.
A responsabilidade dos empregadores trata-se de outra forma de responsabilidade por conduta de terceiro, a chamada responsabilidade in eligendo, ou seja, a responsabilidade pela escolha.
Nesses casos existe tanto a responsabilidade in vigilando como a responsabilidade in eligendo do empregador. No entanto, o nosso sistema adotou a responsabilidade in eligendo, a qual nasce no momento em que o empregador escolhe o empregado. Enquanto que a responsabilidade in vigilando acabou ganhando espaço no sistema de proteção do empregado, ou seja, há o dever de vigilância do empregador em relação a proteção do empregado no ambiente de trabalho.
A responsabilidade in eligendo é uma espécie de responsabilidade objetiva, tendo em vista que o art. 933 do CC diz que todas as hipóteses indicadas no art. 932 são hipóteses de responsabilidade objetiva. 
Súmula Nº 341 do STF - É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto. 
Esta súmula não tem mais aplicabilidade frente ao texto do Código Civil, pois faz parte do texto do código civil passado, em que a responsabilidade era subjetiva.
Então, o empregador responde objetivamente pelos atos praticados pelos seus empregados nos exercícios das funções que lhe atribuir. Contudo, não há no Código Civil uma previsão de até onde vai essa responsabilidade do empregador. 
De acordo com o art. 932, inciso III, do CC, se o ato foi praticado pelo empregado no exercício do trabalho existe a responsabilidade do empregador. Porém, a expressão em razão dele está relacionada com toda a órbita de atuação do empregador, ou seja, o empregador responde quando o empregado pratica exatamente as funções para as quais fora contratado, mas também responde quando o empregado pratica outras funções diversas daquelas que levaram a sua contratação. Ex.: o cobrador do ônibus resolve dirigir o ônibus. Ele não foi contratado para essa função, mas ele está ali em função da relação de emprego, assumindo o empregador essa responsabilidade.
Dessa forma, quando o empregado cumpre ou descumpre as suas funções, se ele atuou em razão da relação de emprego, há essa forma de responsabilidade do empregador pelos atos praticados pelo seu empregado.
Houve uma decisão do STJ bastante polêmica em relação a uma empresa de TV a cabo. No caso concreto, os empregados da empresa foram até a casa de alguém fazer a instalação da TV a cabo, sendo que posteriormente voltaram a casa e praticaram um furto. Na decisão, o STJ responsabilizou a empresa de TV a cabo (empregadora) pelo ato praticado pelo empregado porque entendeu que eles só tiveram acesso ao imóvel em função da relação de emprego, mesmo o ato tendo ocorrido fora do horário de trabalho e fora de suas funções.
Além disso, quando o empregado comete o ato, o fato de estar na sede da empresa ou fora da empresa em nada muda a responsabilidade do empregador. 
- Direito de regresso:
O empregador, segundo o art. 934 do CC, como regra geral, tem direito de regresso em relação ao dano praticado pelo empregado. No entanto, esse direito de regresso não é regulado pelo texto do Código Civil, mas sim pela CLT. 
Quando o empregado agiu com dolo o empregador tem o direito de regresso, mas se o empregado agiu com culpa, esta, por si só, não autoriza o direito de regresso, devendo olhar o contrato de trabalho, pois é necessária a previsão no contrato do direito de regresso, de acordo com o art. 462, §1º, da CLT. Essa previsão pode também estar na convenção coletiva e não no contrato de trabalho.
Art. 462 – Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo.
§ 1º - Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado.
- Responsabilidade por substituição:
Quando há a responsabilidade objetiva por substituição existem três níveis: a responsabilidade in vigilando, a responsabilidade in eligendo e, no caso da responsabilidade dos pais, a responsabilidade será, primeiramente, in vigilando, mas posteriormente será uma responsabilidade subjetiva do filho. 
Exemplo de responsabilidade que em um primeiro plano é in eligendo do empregado, mas que permite a discussão de culpa (subjetiva): quando o motorista da empresa se envolve em um acidente de trânsito e a vítima propõe uma ação querendo ser indenizada pelo empregador. Nesse caso, a empresa irá contestar a culpa, tendo em vista que se trata de uma responsabilidade que em um plano mais imediato é subjetiva. Agora, se o condutor do outro veículo (vítima) é quem tem a culpa, irá se discutir que o empregado não teve culpa, não existindo, nesse caso, a responsabilidade pela empresa. 
Porém, nem sempre se terá essa possibilidade de descutir a culpa no evento, haja vista que as vezes essa responsabilidade é de caráter objetivo. Ex.: o empregado do hotel limpou o piso com o produto errado e um hóspede do hotel escorregou e sofreu a lesão, ajuizando uma ação de indenização em relação ao hotel.Neste caso, o empregador não poderá discutir culpa, pois a responsabilidade é objetiva. Assim, esta responsabilidade é duplamente objetiva: objetiva in eligendo e objetiva in vigilando.
Na responsabiliade do empregador pelos atos praticados de seus empregados utiliza-se a teoria da preposição, ou seja, o empregado é um preposto, uma concretização da figura do empregador em certas ações negociais, gerando esse grau de responsabilidade do empregador. 
- Pessoa do empregador:
A previsão do art. 932, inciso III, do CC envolve a figura dos empregadores em geral, ou seja, empregador pessoa jurídica, empregador pessoa natural ou empregador doméstico. Dessa forma, não interessa a natureza jurídica do empregador.
Além disso, não é necessária uma relação de emprego formal para caracterizar a responsabilidade do empregador, bastando que exista uma relação de emprego, mesmo que ela seja informal, bem como os requisitos necessários para a relação de emprego. 
Houve decisões do STJ responsabilizando a Igreja Católica em função de atos praticados por padres mesmo sem a presença da relação de emprego, sendo utilizada a teoria da preposição, já que o padre representa a Igreja Católica. Também o STJ decidiu questões em torno de responsabilidades de hospitais, imputando a responsabilidade deste por danos causados a paciente mesmo por quem não pertencia ao corpo clínico do hospital. 
Em relação a responsabilidade do hospital em relação aos atos praticados pelos médicos que integram o corpo clínico há o Enunciado 191 da Jornada de Direito Civil:
Enunciado 191 – Art. 932: A instituição hospitalar privada responde, na forma do art. 932, III, do CC, pelos atos culposos praticados por médicos integrantes de seu corpo clínico.
Nesse caso específico, como a responsabilidade médica é subjetiva, poderá discutir a culpa do médico, sendo que se ficar evidênciada tal culpa o hospital terá responsabilidade in eligendo. Da mesma forma ocorre tal responsabilidade se alguém sofre um dano por algum estagiário do médico que está vinculado ao hospital.
Lembrando que essa regra de responsabilidade do empregador integra as relações que não pertencem ao direito público, haja vista que se o empregador for um ente público se utilizará as regras do direito administrativo, que irão informar a responsabilidade do Estado.
Responsabilidade in custodiendo (art. 932, inciso IV, da CLT)
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
IV – os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
A responsabilidade in custodiendo representa a responsbailidade pelo dever de custódia, que assume, por exemplo, o estabelecimento de ensino, que passa a ter o dever de cuidado e de atenção em relação ao educando.
Dessa forma, a entidade possui responsabilidade por eventual dano causado à terceiro pelo educando ou pelo funcionário que realiza a hospedagem no estabelecimento.
Há uma decisão do STJ no caso do educando causar um dano a alguém quando estiver no ambiente escolar. O STJ entendeu por partilhar a responsabilidade entre os pais e a escola, compreendendo que ambos teriam essa responsabilidade: os pais pelos atos praticados pelos seus filhos menores e a escola pelo seu dever de custódia.
Quanto a prática do bullying no ambiente escolar, alguns entendem que se o bullying for realizado dentro do ambiente escolar passa a haver uma responsabilidade específica da escola pela prática desse dano causado a algun estudante. No entanto, hoje em dia o bullying está além do ambiente escolar, encontrando-se tal prática no ambiente virtual. Isso acarreta em um debate sobre a responsabilização somente da escola como entidade que deve reprimir o bullying ou também deve se responsabilizar os pais, tendo em vista que o bullying virtual foge do ambiente escolar.
Nesta espécie de responsabilidade ela está voltada as relações entre particulares, pois quando estiver se falando de escola pública, hospital público ou clínicas públicas afasta-se essa forma de responsabilidade do Código Civil e passa a tratar de uma responsabilidade administrativa. 
- Direito de regresso:
Nesses casos se terá a possibilidade do direito de regresso, conforme o art. 934 do CC, o qual dispõe que aquele que indeniza por dano causado por outrem possui o direito de regresso. 
Para benefício de produto de crime (art. 932, inciso V, da CLT)
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
V – os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Este inciso é bastante criticado pelo doutrina, pois entende que esta regra não corresponde as hipóteses de responsabilidade por conduta alheia previstas no art. 932 do CC.
De acordo com o disposto no inciso, se alguém se beneficiar em decorrência de um produto de crime assume a responsabilidade de ressarcir a coisa, o ganho que teve. Por exemplo: o empregado furta o maquinário do empregador e doa esse maquinário para alguém da família, havendo um uso indevido de um objeto de crime. Nesse caso, o bem deverá ser restituído. 
Na verdade, esse inciso V do art. 932, se resolve pelas regras de proibição do enriquecimento sem causa, haja vista que quem teve um ganho indevido deve restituir esse ganho que recebeu.
Importante lembrar que o art. 932 do CC deve ser combinado também com os artigos 933 e 934, ambos do CC.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.
Dano
Não basta a presença da ação e da omissão da conduta, devendo estar caracterizado o dano, o qual é o segundo elemento da responsabilidade civil. Assim, não há como pensar na ocorrência da responsabilidade civil quando inexistir o dano. 
O dano representa o prejuízo injusto causado a esfera jurídica da vítima. A expressão prejuízo injusto traz a ideia de que o dano, na esfera civil, traz imbutido a ideia de injusto.
O dano é a ofensa à esfera jurídica, não necessariamente a esfera jurídica econômica, mas a esfera jurídica da vítima em geral, como, por exemplo, a esfera extrapatrimonial. Nesse sentido, há a divisão do dano em três espécies, de acordo com o entendimento do STJ:
a) Dano patrimonial ou dano material ou dano econômico:
É um dano à economia, a esfera patrimonial da vítima. Ex.: batida de carro.
b) Dano moral ou dano extrapatrimonial;
Durante muito tempo se teve essa noção da divisão do dano na esfera civil, como é possível observar na Súmula nº 37 do STJ.
Súmula nº 37 – São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
No momento em que essa Súmula diz que são cumuláveis as indenizações por dano moral e material, o STJ consolidou o entendimento de que essas duas espécies de dano são autonômas, ou seja, não são vinculadas uma a outra. Dessa forma, podemos ter hipóteses onde só ocorreu o dano material ou hipóteses em que só ocorreu o dano moral.
c) Dano estético:
A Súmula nº 387 do STJ inovou no sistema, colocando uma terceira forma de dano, qual seja o dano estético.
Súmula nº 387 – É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.
Ao colocar na Súmula que é permitida a cumulação de indenização por dano estético e por dano moral mostrou que os dois danos são autonômos, ou seja, podem ser vistos de maneira isolada.
Dano patrimonial/ material/ econômico 
Este dano trata do prejuízo causado à esfera econômica da vítima.
- Princípio geral: art. 944 do CC. 
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Trata-se do princípio da integral reparação, o qual dispõe que, no dano patrimonial, há uma indenização com caráter ressarcitório, de maneira quese volte ao status quo anterior, que se volte a situação anterior a ocorrência do dano.
O valor da indenização mede-se pela extensão do dano, deixando claro esse caráter ressarcitório da indenização devida. Esta indenização deve ser integral, não podendo ser nem menor e nem maior do que o dano patrimonial causado, sendo que, se for menor não irá cumprir com a sua função de ressarcir e, se for maior, além de de ressarcir irá trazer um ganho. Cabe ao julgador estabelecer a extensão devida por esse dano causado ao patrimônio econômico da vítima, ou seja, a indenização deve se dar no tamanho da extensão do dano, não podendo ela ser menor e nem maior. 
- Exceção: art. 944, § único, do CC.
Art. 944. Parágrafo único. Se houver execessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.
Poderá se ter uma indenização por dano patrimonial menor que a extensão do dano, desde que presente os resquisitos previstos no §único do art. 944. Essa exceção ainda não foi aplicada pelos tribunais, não existindo jurisprudência. 
A natureza jurídica dessa exceção veio do direito português e do direito italiano, sendo que a exceção ao princípio geral da integral indenização é fundado na teoria do risco do convívio social. Essa teoria é inspirado na sociologia, sendo que o simples fato de convivermos na sociedade gera uma margem de risco, sendo que esta margem deve ser absorvida pelo direito de forma a desvincular certos acontecimentos da teoria tradicional da responsabilidade civil. Dentro dessa lógica, se propõe que alguns acontecimentos que ocorrem no convívio social sejam considerados como simples infortúnios, sem a classificação de agente causador do dano e vítima, do cruzamento de vidas em sociedade.
Ex.: alguém se encosta na janela e acaba caindo sobre alguém que está passando na calçada, causando um dano grave. Esse exemplo pode ser olhado dentro da lógica tradicional da responsabilidade civil ou dentro da lógica da teoria do risco do convívio social. Sob o enfoque da teoria tradicional da responsabilidade civil se terá a separação clássica entre a vítima e o causador do dano, sendo que o causador do dano deve indenizar todo o dano em toda a sua extensão, o qual foi experimentado pela vítima. Porém, há uma outra solução de acordo com o entendimento do risco do convívio social, o qual faz com que se pense nessa hipótese como um infortúnio social, sendo que esse dano será causado pela junção de vidas sociais que experimentaram esse infortúnio. Nesse caso, o que o parágrafo único do art. 944 propõe é que o juiz pode reduzir o valor da indenização de forma que ambos os envolvidos nesse acontecimento vão partilhar as consequências do risco social. 
Esta exceção é uma alternativa de uso, não obrigando o julgador a fazer o uso da teoria do risco do convívio social, mas apenas propõe ao julgador essa possibilidade, devendo o mesmo adequar o direito ao caso concreto.
- Críticas da doutrina em relação a esta exceção:
A primeira discussão levantada por alguns doutrinadores em relação a essa exceção foi quanto a constitucionalidade da mesma. No entanto, essa exceção está de acordo com a Constituição, pois na Carta Magna em seu art. 5º, inciso X, faz referência ao direito de indenização pela ocorrência do dano. 
Art. 5º. X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
Quando se interpreta o art. 5º e seus incisos busca-se o máximo de extensão e de efetividade de cada um de seus incisos. A partir daí, alguns autores começaram a defender que dentro dessa lógica hermenêutica de interpretar o texto constitucional, deve-se ler o art. 5º, inciso X à luz do princípio da integral indenização, passando a ter um vies constitucional mesmo que implícito. No entanto, esse entendimento acabou não vingando, enfraquecendo esse primeiro debate, pois se consolidou na doutrina de que as regras sobre o cálculo da indenização são regras infraconstitucionais, pois a Constituição apenas garante o dever de indenização, sendo tarefa do Código Civil estabelecer o cálculo da indenziação. 
A segunda discussão diz respeito ao momento que se utiliza a exceção. Alguns autores passaram a entender que a redação da exceção só seria aplicada aos casos de responsabilidade subjetiva, ou seja, na responsabilidade fundada na presença da culpa, pois como há referência expressa a ideia de culpa no texto do artigo, uma parte da doutrina passou a entender que deveria se aplicar o §único do art. 944 apenas a responsabilidade objetiva.
Porém, a doutrina foi evoluindo e mudou o entendimento, passando a entender que essa exceção é comum aos casos de responsabilidade subjetiva e objetiva. Isso porque a responsabilidade civil é tratada no capítulo que envolve os arts. 927/954. Porém esse tópico é dividido em duas partes: natureza da responsabilidade (indica quem é responsável pela indenização - art. 927/943) e indenização (art. 944/954). Na parte referente a indenização, há regras comuns tanto a responsabilidade objetiva como a subjetiva. Neste caso, a exceção, que está no art. 944, § único, integra as duas responsabilidades.
A terceira discussão diz respeito sobre a dimensão dessa exceção, em que o Código Civil, mesmo sendo posterior ao CDC, também se aplicaria esta regra do §único do art. 944 às relações de consumo? Nesse caso, o entendimento que acabou preponderando é de que apesar de o CDC ser anterior ao Código Civil, trata-se de uma norma especial, sendo que no nosso sistema a lei geral posterior não revoga a lei específica anterior. Dessa forma, está exceção não se aplica às relações de consumo, não podendo se pensar na teoria do risco social, mas sim na teoria do risco empresarial que é disciplinada pelo CDC, tendo em vista que o risco de concentra na figura do fornecedor. 
Além disso, o CDC é um código protecionista, consequentemente é de ordem pública, o que faz com que ele se sobreponha ao Código Civil. Do mesmo modo, o art. 6º, inciso VI do CDC garante ao consumidor a integral indenização sem nenhuma exceção. 
Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.
Alguns autores começaram a sugerir a possibilidade do Juiz aumentar a indenização de acordo com a exceção prevista no art. 944, §único. No entanto, não é possível interpretar, por analogia, essa exceção e ampliar o valor da indenização, haja vista que como toda exceção no direito ela deve ser interpretada de forma restritiva.
Esta exceção não tem aplicação impositiva, ou seja, não é direito da parte a aplicação deste artigo, cabendo ao Juiz fazer a análise do caso e optar pela aplicação ou não, mesmo haja a manifesta desproporção entre a intensidade da culpa e a gravidade do dano.
- Enunciados: 
Enunciado 46 – Art. 944: a possibilidade de redução do montante da indenização em face do grau de culpa do agente, estabelecida no parágrafo único do art. 944 do novo Código Civil, deve ser interpretada restritivamente, por representar uma exceção ao princípio da reparação integral do dano, não se aplicando às hipóteses de responsabilidade objetiva.
Enunciado 380 – Atribui-se nova redação ao Enunciado n. 46 da I Jornada de Direito Civil, com a supressão da parte final: não se aplicando às hipóteses de responsabilidade objetiva.
Enunciado 456 – Art. 944: A expressão “dano” no art. 944 abrange não só os danos individuais, materiais ou imateriais, mas também os danos sociais, difusos, coletivos e individuais homogêneos a serem reclamados pelos legitimados para propor ações coletivas.
Enunciado 457 – Art. 944: A redução equitativa da indenização tem caráter excepcional e somente será realizada quando a amplitude do dano extrapolar os efeitos razoavelmente imputáveis à conduta do agente.
Enunciado 458 – Art. 944: O grau de culpa do ofensor, ou a sua eventual conduta intencional, deve ser levadoem conta pelo juiz para a quantificação do dano moral.
PROVA G2
Continuação do dano
O dano representa o prejuízo injusto que é causado à vítima, sendo que ele pode ser dano material, patrimonial e econômico; dano moral ou extrapatrimonial; e dano estético. Essa classificação é inspirada no entendimento do STJ, em suas Súmulas 37 e 387.
Súmula nº 37 – São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
Súmula nº 387 – É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.
Há, ainda, duas outras formas que a jurisprudência reconhece como a manifestação do dano, que é o dano por ricochete/reflexo/indireto e o dano por perda de uma chance/oportunidade.
Há também uma classificação do dano em uma visão processual: o dano individual ou o dano coletivo (envolve o chamado dano difuso, dano coletivo em sentido estrito e dano individual homogêneo).
Dano material, patrimonial ou econômico 
Não há uma previsão normativa específica sobre esse dano no Código Civil, devendo se socorrer das regras de inadimplemento das obrigações (arts. 402 e 403 do Código Civil).
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu (danos emergentes), o que razoavelmente deixou de lucrar (lucros cessantes).
Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual. 
Há dois tipos de danos de acordo com esses artigos: os danos emergentes e os lucros cessantes. Essas são as formas de manifestação do dano material. 
Os danos emergentes são a efetiva redução patrimonial experimentada pela vítima, ou seja, é aquela redução que o patrimônio da vítima sofreu por causa do evento danoso. A forma de calcular os danos emergentes é simplória: deve-se analisar qual era o valor de determinado bem antes do evento e quanto que ele passou a valer a partir daquele evento. Assim, a diferença representa os danos emergentes. 
Exemplo: acidente de trânsito. Há um automóvel que vale 100 e, em função dos danos que decorreram de um acidente de trânsito, houve um estrago de 30, passando a valer 70. Então, precisa-se de 30 para recompor a perfeição do veículo, ou seja, para voltar ao status quo anterior. Desse modo, o cálculo dos danos emergentes é uma mera comparação do patrimônio anterior com o patrimônio posterior. 
Os danos emergentes também podem ser enxergados no valor econômico que a vítima teve que dispender em função do evento danoso. Exemplo: em função do estrago causado no veículo, em razão do acidente de trânsito, foi necessário utilizar o transporte do Uber, do taxi, do ônibus, entre outros. O gasto que se obteve com esse transporte é caracterizado como um dano emergente. 
Além disso, a prova de que há danos emergentes é simples, pois basta apresentar os recibos dos valores gastos em razão do dano que estará caracterizado o dano emergente.
Quanto aos lucros cessantes, eles dizem respeito aquilo que a parte razoavelmente deixou de ganhar, de ter de aumento patrimonial. A palavra razovelmente significa que deve haver com um juízo hipotético, pois irá se imaginar como seria o desdobramento natural dos fatos, constatando-se que o evento interrompeu esse desdobramento e, portanto, a parte deixou de ganhar aquilo que naturalmente iria receber. 
Exemplo: acidente de trânsito envolvendo um taxista, que acaba causando estragos no seu automóvel, o qual é utilizado para trabalhar. Nesse caso, o taxista irá ter danos emergentes, tendo em vista que houve redução em seu patrimônio já que o táxi ficou danificado, e ainda terá lucros cessantes, haja vista que é razoável se imaginar que ele deixou de ganhar já que o veículo deverá ficar no conserto. 
Porém, nem sempre essa questão é tão tranquila, já que se trata de uma figura que depende de um um juízo de razoabilidade. De regra, o advogado do autor terá dificuldade de fazer prova do quantum do valor dos lucros cessantes. 
Exemplo: uma pessoa comprou um ponto empresarial e quem lhe vendeu esse ponto tem a obrigação de não fazer concorrência no prazo de 5 anos. No entanto, passados 6 meses, o vendedor abre um comércio perto do ponto que havia vendido, fazendo concorrência com o antigo comprador. Nesse caso, há a caracterização dos lucros cessantes, tendo em vista que o ponto empresarial era o único comércio naquela quadra e, ao instalar-se um novo comércio próximo, foi reduzido o lucro. Todavia, nem sempre é fácil de demonstrar qual a média de valor que a parte receberia. 
Exemplo: houve um atropelamento de um corretor de imóveis e, em função desse atropelamento, ele fica incapacitado para o trabalho durante 3 meses. Da mesma maneira que retratado no caso anterior, não se tem uma clareza de quanto ele recebe por mês, pois é um trabalho que ocila, já que o salário advém da quantidade de imóveis que se consegue vender, dificultando o cálculo do quantum dos lucros cessantes. 
Ainda, é ônus da vítima demonstrar o quantum dos seus lucros cessantes. O juiz também terá a dificuldade em calcular os lucros cessantes, pois não há um critério categórico. Desse modo, o Magistrado acabará arbitrando o valor referente a indenização por lucros cessantes. 
No caso dos taxistas, alguns juízes utilizam o critério do bem simplório, verificando quanto é a média diária que o taxista ganha e multiplica pelos dias em que ele não pode trabalhar ou não pode utilizar seu veículo de trabalho, resultando no valor dos lucros cessantes. No entanto, outros juízos entendem que isso não gera uma solução totalmente justa e resolvem analisar melhor essa questão. Eles verificam o faturamento que o taxista recebe em cada dia da semana, e não em dias corridos, e acabam fazendo um cálculo mais pontual, entendendo que uma parte dos lucros é gasta com a gasolina, com a manutenção do veículo, entre outras coisas, separando uma parte do valor para custeio dessas despesas, devendo atribuir, segundo alguns julgados, 70% ao faturamento diário do taxista. 
Desse modo, o juiz terá a tarefa de arbitrar o valor do quantum dos lucros cessantes, chegando a uma solução que lhe parecer mais adequada ao caso concreto. 
Exemplo: alguém encomenda a aquisição e a entrega de enfeites de Natal, que deverão ser entregues em 1º de novembro, para realizar a venda desses enfeites em sua loja. A fábrica atrasa e acaba entregando esses enfeites apenas em 30 de novembro. Certamente o lojista deixou de vender durante esse período, mas é difícil calcular o valor que deixou de lucrar. Por isso, o juiz acaba tendo que buscar um arbitramento. 
O entendimento de que a inenização deve coincidir perfeitamente com a extensão do dano, nem sempre consegue ser realizado no caso concreto, pois os casos que tratam de lucros cessantes muitas vezes se faz um arbitramento, não sabendo se é a proporção adequada do prejuízo que a parte sofreu. 
Desse modo, percebe-se que o critério ressarcitório é artificial, pois nunca se terá uma perfeita indenização, tendo em vista que, quando se trata de lucros cessantes, acabará se trabalhando com um cálculo hipotético e com um juízo de razoabilidade. No entanto, o juiz, sempre que possível, irá tentar buscar o princípio da integral reparação, estabelecido no art. 944 do Código Civil.
Dano moral ou extrapatrimonial 
É o dano ocasionado a esfera não patrimonial da vítima. Este dano foi evoluindo aos poucos. No Código Civil passado não havia nenhuma menção a respeito dessa matéria, sendo retratado, posteriormente, na Constituição Federal e na Súmula nº 37 do STJ. Já no Código Civil atual, o legislador se limitou a fazer algumas referências sobre o dano moral, em especial no art. 186 que trata da ideia geral de ato ilícito. 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
a.Caracterização:
Há na doutrina e na jurisprudência uma espécie de ativismo no sentido de desestimular a chamada indústria do dano moral. Assim, o ativismo da doutrina e da jurisprudência estabelceu que o dano moral deve ser visto de forma casual, de acordo com as características de cada caso específico, ou seja, o dano moral é tópico. Ele se manifesta naquela ofensa grave aos direitos da personalidade da vítima. 
Nessa ideia de que o dano moral representa uma ofensa intensa, busca-se afastar do reconhecimento da ocorrência do dano moral aqueles casos de mero aborrecimento e de eventuais desconfortos e transtornos, decorrentes de situações naturais do convívio social, não sendo, por si só, a representação da caracterização do dano moral. Isso porque o dano moral sempre exige uma ofensa mais séria às prerrogativas referentes aos direitos da personalidade da vítima.
Isso é bem nítido quando se trata do direito das obrigações e da hipótese do inadimplemento das obrigações. Quem firma um contrato, por óbvio, conta com a adimplemento por parte do devedor. Se ocorrer o inadimplemento da obrigação, isso, por si só, não é capaz de caracterizar o dano moral, tendo em vista que quem firma um contrato sabe da possibilidade do contrato não vir a ser cumprido nos modos como esperava, pois são transtornos típicos de qualquer tipo de negociação. Outro exemplo, é quando se adquire um produto no mercado de consumo e esse produto apresenta um vício. Este vício trará transtornos, mas isso por si só não caracteriza uma ofensa aos direitos da personalidade. 
Não existe um parâmetro exato de quando termina esse mero aborrecimento e começa a possível ocorrência do dano moral. Isso exige uma análise tópica, que começará quando o advogado conversar com o seu cliente e acabará com a resposta que o Judiciário irá dar na pretensão do autor, dizendo se aquela pretensão caracteriza ou não algo anormal e intenso ao ponto de produzir o dano moral. Assim, deverá ser analisado o contexto fático e a intensidade do dano ocasionado à determinada pessoa. 
Desse modo, é possível que mesmo existindo situações idênticas haja soluções distintas ao reconhecimento da ocorrência do dano moral. Exemplo: dois vizinhos vão até a mesma loja e compram a filmadora da mesma marca e com as mesmas características. Esta filmadora possui um defeito de fabricação e faz com que a filmagem acaba não ocorrendo de forma satisfatória. Um dos consumidores chega em casa e apenas filma a parede, o muro, a sacada, os cachorros, ou seja, apenas testa a filmadora, constatando que há um defeito de fabricação, pois nem consegue ver a filmagem. O outro comprador do mesmo produto usa a filmadora para filmar o parto do filho e depois descobre que nada foi filmado em função de um defeito. Estas são situações que mostram a necessidade de olhar o caso concreto e deduzir a ocorrência ou não do dano moral, pois no caso do primeiro consumidor não houve o dano moral, tendo em vista que não existiu uma ofensa a sua condição de pessoa e nem uma dor intensa; enquanto que no segundo caso fica bem nítida a ocorrência do dano moral, porque houve uma frustração mais intensa.
Além disso, o dano moral não depende do caso em si, mas também depende da forma como evolui as relações sociais e o pensamento social no nosso contexto. Até dez anos atrás era praticamente impossível se pensar na hipótese do filho buscar indenização frente ao pai pelo abandono afetivo. Hoje, esse assunto é pacífico em termos jurisprudênciais, reconhecendo que se o pai realiza o abandon afetivo do filho, isso causa transtornos graves, os quais permitem a caracterização da ocorrência do dano moral. 
Do mesmo modo, antigamente não se cogitava em possível ocorrência do dano moral pela ofensa do direito ao esquecimento. Hoje, passa-se a ter isso como algo bastante normal, pois se alguém já cumpriu a sua pena e é posteriormente exposto, pois foi relembrada a prática daquele delito, pode-se pensar na ocorrência do dano moral pela ofensa do direito ao esquecimento. 
O dano moral se caracteriza de maneira tópica (caso a caso), sempre levando em conta esse impacto intenso sobre a pessoa da vítima, ou seja, sempre representando uma efetiva ofensa à esfera extrapatrimonial. Essa efetiva ofensa deve ser vista como aquele dano indiscutível.
b. Dano moral à pessoa jurídica:
Hoje, o reconhecimento do dano moral à pessoa jurídica está previsto na Súmula nº 227 do STJ, a qual põe fim a qualquer debate sobre esse assunto. 
Súmula nº 227 – A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
O Código Civil tem a previsão no art. 52, no sentido de que a pessoa jurídica pode ter também a proteção dos direitos da personalidade. 
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Dessa forma, a pessoa jurídica pode experimentar a ocorrência do dano moral. 
Houve uma evolução doutrinária sobre essa discussão, que começou no direito penal nos casos dos crimes contra a honra. Na visão de Nelson Hungria, quando se utiliza a expressão honra, na esfera penal, ela pode ser utilizada de duas maneiras: honra interna ou subjetiva e a honra externa ou objetiva. A honra interna/subjetiva é o sentimento de auto estima que alguém tem em relação a si, refere-se ao valores pessoais que a pessoa guarda em relação si; enquanto que a honra externa/objetiva representa a boa fama, a boa reputação que alguém usufrui no seu contexto social. Essa diferenciação se deu para classificar os crimes contra a honra.
Contudo, essa classificação também começou a ser aplicada na área cível, passando a entender que a pessoa natural/pessoa física tem, efetivamente, essas duas esferas, honra subjetiva e honra objetiva. Além disso, a pessoa jurídica também merece a tutela da sua honra, mas ela terá somente a honra objetiva, ou seja, o bom nome, a boa fama que ela possui nas suas relações sociais. É a partir daí que a doutrina e a jurisprudência passaram a aceitar a aplicação do dano moral às pessoas jurídicas, o qual refere-se a exposição indevida, vexatória do nome, da marca da pessoa jurídica, ofendendo a sua honra objetiva.
Exemplo: vincular certa marca a alguma prática criminosa, sendo esta uma acusação infundada que acaba expondo o nome dessa empresa. Isso pode ocasionar uma ofensa a sua honra objetiva. Não está descaracterizado o dano patrimonial.
Exemplo: há um tempo atrás houve uma discussão jurídica referente a uma conduta do BNDE, o qual publica, anualmente, uma lista de empresas brasileiras que ainda mantêm algum problema com trabalho escravo ou trabalho irregular. Essa listagem soma-se as listagens dos outros países e acabam criando uma espécie de lista negar. Por engano, o BNDE acabou publicando o nome de uma empresa, que não tinha qualquer problema com o trabalho escravo, em sua lista, tendo o seu nome indevidamente exposto. Isso poderia caracterizar o dano moral.
c. Prova do dano moral (dano in re ipsa):
Há uma dificuldade probatória, tendo em vista que o dano moral representa uma ofensa a esfera não patrimonial da vítima. Com isso, os Tribunais passaram a aceitar a figura do dano moral in re ipsa, que significa dano moral automático, não precisando demonstrar o dano. Desse modo, bastará somente a prova do fato, o que gera a ocorrência do dano moral. 
Essa questão surgiu a bastante tempo, mais precisamente nos casos em que uma pessoa consumia um alimento que apresentava algum objeto estranho ou ingrediente indevido que viesse a causar nojo ou algum tipo de constrangimento. Assim, um caso como esse, automaticamente, gera um sentimento de repugnância capaz de justificar a ocorrência do dano moral.
Posteriormente, a aplicação do dano moral in re ipsa também passou a ser bastante aplicado nos casos de protesto indevido de títulos ou cadastro indevido do nome de alguém em cadastro de credores negativos, ou seja, um dano moral que ocorre de forma automática pelo simples cadastro do nome da pessoa.
Quando o dano moral for notório, basta a prova do acontecimento, pois ele é presumido,decorrente dessa ideia do dano moral in re ipsa.
No entanto, isso não significa que todo dano moral é in re ipsa, mas em grande parte das vezes sim, quando ele for notório. No entanto, há hipóteses em que o dano moral é anormal naquele tipo de acontecimento, ou seja, não é comum aquele acontecimento produzir dano moral. Nesse caso, o dano moral precisará ser provado. A doutrina, em geral, traz o exemplo de alguém que se envolveu um acidente de trânsito e, em função do acidente, desenvolveu algum tipo de fobia e não consegue mais sair de casa. Nesse caso, deverá se demonstrar o dano para estar caracterizado o dano mora, tendo em vista que essa consequência decorrente do acidente de trânsito é anormal. Lembrando que sempre é do autor o ônus de fazer essa demonstração da ocorrência do dano moral.
d. Indenização de caráter compensatório:
No dano moral, diferentemente do que ocorre no dano patrimonial, não há como utilizar o caráter ressarcitório, pois a indenização terá caráter compensatório. Isso porque, em tese, no dano moral não tem como desfazer o efeito desse dano. Cabe ao julgador estabelecer um valor que venha a compensar o dano moral experimentado pela vítima. Esse caráter compensatório é fictício, pois não há como um valor compensar um sentimento extremo de dor. Ex.: morte de um filho ou parente.
O nosso sistema não adota o tarifamento em relação a indenização compensatória pelo dano moral, portanto vai caber ao juiz fazer essa fixação por meio de arbitramento, ou seja, o juiz irá arbitrar o valor que entender suficiente e capaz de compensar o dano moral experimentado pela vítima. Além disso, não há uma orientação normativa sobre os parâmetros para fixação do valor, mas também não há dificuldade de observar parâmetros para levarmos em consideração. Desse modo, deve-se levar em consideração para a fixação da indenização devida pelo dano moral:
A extensão do dano;
O bem jurídico atingido, ou seja, a intensidade do sofrimento, da dor.
A condição social do ofensor e do ofendido: a compensação deve ter um caráter pedagógico e punitivo, ou seja, precisa ser arbitrado um valor para punir o ofensor para que ele não volte a praticar aquele tipo de dano, cabendo ao juiz levar isso em consideração, se isso for relevante. Também deverá levar em consideração as condições sociais do ofendido, pois não se deve descaracterizar o sentido dessa indenização, já que ela serve apenas para compensar e não para trazer um ganho.
Alguns autores criticam a possibilidade do juiz levar em consideração no cálculo do valor da indenização as condições pessoais e econômicas do ofendido, pois entendem que isso significaria que os valores morais de uma pessoa rica valem mais do que os valores morais de uma pessoa pobre. Porém, este critério ainda tem sido usado sob a lógica de que deve se deixar caracterizada na situação uma mera compensação e não um ganho, para que a parte não tenha tido a “sorte” de ter o dano.
Desse modo, não existe um critério único, mas uma linha de pensamento que foi estabelecida pela doutrina e pela jurisprudência. 
Há um projeto de lei no Congresso que busca criar um parágrafo segundo ao art. 944 do CC, o qual aplicaria essa orientação para a indenização devida no dano moral, ou seja, o juiz fixaria uma indenização de caratér compensatório. Ainda diz que, se for viável ao caso, o juiz levará em consideração as condições pessoais do ofensor e do ofendido.
Durante muito tempo teve-se a ideia de que cabe ao juiz, na sentença, fixar o valor da indenização devida para compensar o dano moral. Assim, o autor da ação apenas ingressava com ação, deixando que o juiz arbitrasse o valor que entendesse adequado. O CPC atual estabeleceu que nas ações onde se busca compensação por dano moral, cabe ao autor fazer a indicação do valor que entende adequado para compensar o dano moral, conforme o art. 292, inciso V, do CPC.
Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:
V – na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;
Então, de acordo com o CPC atual, o autor terá que indicar na petição inicial o valor que entende ser devido como indenização pelo seu dano moral. Contudo, o juiz acabará exercendo o arbitramento do valor, mas ele vai, ao arbitrar o valor, julgar aquele apresentado pelo autor. Como temos no nosso sistema a proibição da sentença ultra petita, o valor pedido pelo autor limita a atuação do juiz, ou seja, o juiz não poderá fixar além daquilo que o autor pediu, mas poderá fixar um quantum menor, se assim achar necessário.
Dano estético
Por muito tempo se entendeu que o dano estético representava um caráter de quatificação da indenização devida para compensar o dano moral, ou seja, o dano estético era um dos critérios utilizados pelo juiz para caracterizar o dano moral, aumentado a indenização devida.
O entendimento que vigora atualmente no STJ é que o dano estético é autônomo em relação ao dano moral, conforme a sua Súmula 387. Essa autonomia ainda não é bem aceita pela doutrina, mas representa o entendimento do STJ sobre esse assunto.
Quando falamos que uma figura jurídica é autônoma em relação a outra significa que ela pode existir por si só, sem vinculação com a outra figura jurídica. Contudo, não se consegue desvincular o dano moral e o dano estético, tendo em vista que normalmente o dano estético é acompanhado pela dano moral, conforme o entendimento da crítica sustentada pela doutrina. 
a. Conceituação:
Não há no Código Civil a conceituação do dano estético, mas a doutrina nos oferece algumas orientações para essa conceituação. O dano estético representa o dano que se produz em relação a harmonia corporal da vítima, diz respeito ao aspecto físico da vítima, produzindo uma cicatriz, uma lesão, a perda de um membro, etc.
Esse dano estético precisa ser permanente ou, pelo menos, duradouro para se caracterizar como tal, de forma que situações que possam causar algum tipo de ofensa física a vítima, mas que não produzam algum efeito duradouro, não irão caracterizar o dano estético. 
b. Características:
O dano estético é um dano físico, um dano externo causado a vítima. Alguns autores discutem se seria possível colocar dentro da noção de dano estético as lesões internas, mas esse é um entendimento minoritário. Desse modo, a doutrina majoritária entende que o dano estético deve ser visível, externo. Nesse sentido, se em função de um acidente alguém venha a perder um funcionamento de algum órgão interno, esse dano não será estético, mas sim corporal. O dano corporal é um dano moral.
A jurisprudência tem entendido que danos que se projetam sobre a arcada dentária da vítima produzem o caráter de dano estético, mesmo que esta parte não seja plenamente visível.
O dano estético deve ser duradouro ou de carácter definitivo. O duradouro traduz a ideia de um dano que vai acompanhar a vítima durante um razoável período de tempo. É possível que um cicatriz ocasionada a uma criança venha, no futuro, a desaparecer, devido a evolução corporal da criança, sendo este caso também considerado dano estético. Então, aquele dano que se projeta no tempo e não se sabe se ele vai ser definitivo ou não, caracteriza-se como um dano estético.
O dano estético deve causar uma anomalia, algum tipo de "enfeiamento" no aspecto físico da vítima. Às vezes, a cirurgia plástica pode não produzir o fim almejado, mas não significa que irá produzir um dano estético, pois poderá não ocasionar qualquer tipo de “enfeiamento” para o ofendido. Este “enfeiamento” deve produzir um sentimento negative ante a exposição da vítima, ou seja, a vítima tem que se sentir atingida como forma de exposição física. 
O dano estético pode ocorrer em qualquer parte do corpo e não necessariamente em uma parte do corpo que fique constantemente visível. Ex.: um dano estético que gera uma cicatriz na parte íntima da vítima. No entanto, o lugar do corpo que ocorreu o dano irá auxiliar na quantificação da indenização por dano estético.
Em suma, o danoestético é um dano externo que tem tendência a ser duradouro ou definitivo e causa algum tipo de “enfeiamento”, ocasionando a quebra da harmonia corporal da vítima. Esse dano pode ser em qualquer parte do corpo. Portanto, o dano estético pode advir de qualquer evento, ou seja, ele pode advir de um acidente de trânsito, de uma agressão, de uma cirurgia plástica mal sucedida, de um acidente de trabalho, etc. Assim, não se tem uma causa específica que acarrete o dano estético. 
c. Indenização em caráter "compensatório": 
No dano estético, assim como ocorre no dano moral, não há como se reverter o dano, como regra geral. Por isso, a indenização tem caráter compensatório, onde o juiz irá fixar um valor capaz de compensar o dano causado a vítima. Esse caráter compensatório irá trazer uma dificuldade de fixar o valor da indenização pelo dano estético, sendo responsabilidade do juiz arbitrar o valor, levando em conta os critérios a serem analisados, como a gravidade/intensidade do dano, as características pessoais da vítima, ou seja, se a profissão da vítima faz com que ela se exponha frequentemente, entre outros aspectos que possam lhe parecer relevantes.
Alguns autores entendem que esse critério de compensação não é o único critério viável que o juiz pode utilizar para restabelecer a indenização devida, tendo em vista a evolução das cirurgias plásticas que se tem hoje em dia. Assim, o juiz deverá levar em conta na indenização os gastos necessários para uma cirurgia reparadora desse dano estético, criando uma espécie de critério misto, o qual visará um tratamento para amenizar ou extinguir o dano estético experimentado pela vítima. 
Nesses casos, o advogado do autor deverá trazer para o processo o interesse na cirurgia reparadora, para que o juiz também leve em consideração esse critério quando da fixação da indenização. Desse modo, o juiz poderá se valer dos dois critérios: um critério compensatório, em relação a esse período que a vítima experimentar o dano estético, e o valor necessário para custear essa reparação específica por meio da cirurgia plástica.
Há uma autora no país que se dedica a esse assunto do dano estético, que é a autora Tereza Ancona. Em termos jurisprudenciais, existe muita jurisprudência entorno desse assunto de dano estético, o que levou o STJ a sumular a matéria na Súmula nº 387.
Dano por ricochete/ reflexo/ indireto
Este dano vai além da pessoa da vítima, representando uma exceção ao nosso sistema. No sistema brasileiro, a lógica geral é de que o sistema de indenização pertence a vítima, ou seja, é a vítima que terá direito de ser ressarcida no dano material e de ser compensada no dano moral e no dano estético. Contudo, excepcionalmente, o dano vai além da vítima e acaba atingindo pessoas que estão relacionadas ou próximas da vítima. 
A ideia desse dano foi construída na jurisprudência e adveio da hipótese de dano morte ocasionado a alguém que vem a ser o seio econômico da família, ou seja, o dano morte ocasionado a mãe ou ao pai que vem a ser a base econômica da família. Porém, esse dano se projeta sobre os filhos que dependem economicamente da vítima. Também passou a se aceitar a aplicação do dano morte aos pais que precisariam da assistência do filho.
Anteriormente, entendia-se que o dano por ricochete era de caráter econômico, mas depois se passou a entender que também pode ser um dano de cunho moral.
Aqui é utilizada a mesma lógica do dano moral e do dano material, ou seja, se for um dano material vai se ter um critério de ressarcimento e se for dano moral vai se ter um critério de compensação. Por isso, não se constuma colocá-lo como forma de dano, mas como forma de manifestação de dano, pois ele pode manifestar um dano moral ou um dano patrimonial.
	As dificuldades que existem aqui são as mesmas que existem no dano material e no dano moral, como, por exemplo, a prova dos lucros cessantes, a prova do dano emergente, os critérios para se estabelecer o valor da compensação, etc.
Dano pela perda de uma chance
Não possui base legal, mas adveio da jurisprudência. Esse dano se consolida pela retirada de uma oportunidade. Esse dano nasceu no direito francês em torno da responsabilidade médica decorrente de equívoco no diagnóstico, tendo em vista que o médico reduz a chance de sucesso do tratamento.
No direito brasileiro, o dano pela perda de uma chance surgiu em torno da responsabilidade do advogado pela perda do prazo, pela não interposição do recurso, etc. 
Desse modo, há um fato que retira uma oportunidade, de maneira que se terá a possibilidade de buscar em juízo um valor para compensar essa frustração. Essa chance deve ter alguma probabilidade de sucesso, ou seja, uma chance que seja efetiva, para que se viabilize uma indenização adequada.
Essa indenização pela perda da chance, de regra, não irá corresponder aquilo que a parte alcançaria caso tivesse sucesso na realização da chance. Apenas se indeniza a frustração da chance, ou seja, não se leva em consideração o que a parte ganharia se a chance fosse bem sucedida. Exemplo: contrata-se um transporte aéreo para fazer uma prova de um concurso em outro estado. No dia do transporte, a empresa cancela o voô, não podendo chegar a tempo para realizar a prova. Neste caso, houve a perda de uma chance, pois ocorreu a frustração de uma oportunidade. No entanto, essa indenização não equivalerá caso o candidato fosse aprovado no concurso, ou seja, não se leva em conta o sucesso da chance para fixar a indenização, mas sim a intensidade dessa chance. 
Esse assunto da perda de uma chance ganhou espaço no nosso sistema quando o STJ se deparou com uma ação que tratou do caso do show do milhão, ajuizada contra a rede de tv SBT. Esse precedente foi alvo de muitas críticas, porque o STJ condenou o SBT a indenizar o equivalente a R$ 125.000,00 para o participante. Como eram quarto alternativas na pergunta, o Tribunal entendeu que havia 25% de chance de acerto e fixou a indenização devida. Alguns autores entenderam que essa postura do STJ não foi a mais adequada, porque ele deveria levar em conta o grau de chance do candidato. 
Contudo, também teve críticas na doutrina em relação a aplicação do instituto pelo STJ ao caso, pois entendem que deveria ser aplicado o Código do Consumidor. Assim, não se aplicaria o art. 944 do Código Civil, pois o Código do Consumidor aplica a integral reparação, não utilizando a teoria da perda de uma chance.
No caso da perda de uma chance também se terá um critério de compensação, no qual o juiz irá arbitrar o valor da indenização, de acordo com algumas características, como, por exemplo, o maior ou menor sucesso da chance, as condições pessoais da vítima, etc. 
A perda de uma chance não é vista como uma forma de dano, mas sim uma forma de manifestação do dano. É um misto de dano moral (frustração) e de dano material (possíveis investimentos realizados para enfrentar essa oportunidade). 
Nexo causal 
É a relação de causa e efeito entre a conduta (ação ou omissão, própria ou por terceiro) e o dano.
Na esfera do direito civil não há tantas teorias sobre o nexo causal. Há duas teorias que buscam explicar a noção de nexo causal, sendo que essas teorias são tratadas como sinônimo, tendo em vista que elas não possuem grande diferença em termos práticos. Às vezes, essas teorias podem se misturar. Essas teorias existem tendo em vista que o texto do Código Civil é omisso quando ao nexo de causalidade.
a. Teoria da causalidade imediata ou direta: 
Exige-se uma relação direta entre a conduta e o dano, não podendo haver nada interrompendo esse vínculo, sendo que se houver esse corte de vínculo irá se constituir uma nova relação causal. 
Há uma base legal (art. 403, CC) indireta pra essa teoria, sendo que alguns autores utilizam esse artigo. Esse artigo trata do inadimplemento das obrigações. 
Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo

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