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Responsabilidade Civil

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UFRGS – 2020/1 ERE / By: Carolina Justo (@justo_estudos)
Responsabilidade CivilResponsabilidade Civil
Profª Tula Wesendonck
Noções introdutórias
Um bom artigo para fazer reflexões em torno da disciplina é “A linguagem da
Responsabilidade Civil” da Judith-Martins Costa, onde ela diz que a função primordial da
Resp. Civil é a reparação de danos e que não é função da Resp. Civil a punição.
P ressupostos do dever de indenizar
De acordo com Judith-Martins Costa, os pressupostos do dever de indenizar são:
• Antijuricidade ou ilicitude da conduta do agente (Judith considera antijuricidade e
ilicitude como sinônimos);
• Dano
• Nexo de causalidade entre o dano e a conduta ilícita (pressupostos gerais e
elementares tanto na responsabilidade contratual quanto na extracontratual, na
subjetiva (culpa como fator de imputação), na objetiva (risco como fator de
imputação).
Já de acordo com Sanseverino, os pressupostos são:
• Ato (fato);
• Dano (caracterizado pelo prejuízo);
• Nexo casual (relação de causa e efeito entre fato e dano);
• Nexo de imputação (vínculo entre fato e atribuição a certas pessoas – imputação
delitual ou objetiva);
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• Ilicitude (contrariedade do fato ao direito – alguns fatos lícitos podem gerar
obrigação de indenizar)
De acordo com Fernando Noranha, a ilicitude se caracteriza “quando um ato ou um fato
ofende direitos alheios de modo contrário ao direito, independentemente de qualquer juízo
de censura que porventura também possa estar presente e ser referido a alguém”. Já Judith
diz que “antijuricidade, ou ilicitude é a contrariedade a direito. Seria paradoxal pensar em
ato contrário ao direito (ilícito, antijurídico) que fosse, ao mesmo tempo, conforme ao
direito (lícito)”.
Quando se tem responsabilidade subjetiva é necessário um ato humano culposo. Já a
responsabilidade objetiva pode ser um ato humano ou fato de natureza independente
de culpa, na resp. civil objetiva a vitima não precisa fazer a prova de culpa do réu.
Ilicitude e culpa
De acordo com Pontes de Miranda a diferença entre ilicitude e culpa era que a culpa era um
plus, algo a mais, em relação ao suporte fático. Assim haveria a expressão ilicitude em sentido
lato (compreendendo fatos jurídicos, atos-fatos jurídicos e aos atos jurídicos que atentam
contra o direito) e em sentido objetivo (….). Já para Antunes Varela, a culpa e ilicitude são
condicionantes da sanção civil, a ilicitude que deve considerar objetivamente a conduta do
autor do fato em confronto com os valores tutelados pela ordem jurídica, a culpa atem-se ao
elemento subjetivo (…). Judith diz que a “antijuridicidade não é necessariamente culposo”,
licitude e culpa não se confundem, ilicitude é o pressuposto da Resp. Civil (gênero),
enquanto a culpa é um fator de imputação da responsabilidade civil (na resp. objetiva o fator
de imputação é o risco) (espécie). A responsabilidade objetiva independe de culpa e o fator
de imputação é o risco, mas isso não quer dizer que os danos decorrem de uma conduta
lícita, existe também ilicitude nos casos de resp. civil objetiva, mas é uma ilicitude fundada
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no risco. É importante ressaltar que a culpa é quando o réu não causou o dano
intencionalmente, mas quando houver dolo o agente também será obrigado a indenizar.
De acordo com Cavaliere, o ato ilícito em sentido estrito é o conjunto de pressupostos da
responsabilidade, ou da obrigação de indenizar, resp. subjetiva art. 186, já o amplo indica a
ilicitude do ato, conduta humana (…)
AULA 2 – Formas de ilicitude
Mario Júlio Almeida Costa diz que “antijuricidade existe sempre que ocorre a infração de
um dever jurídico”, para ele existem duas formas de antijuricidade, a) a ilicitude pela
violação de um direito; e b) o abuso do direito ou exercício ilegítimo das posições jurídicas.
Já Judith Martins-Costa, fala que nas formas de ilicitude teremos: a) violação ao direito
alheio; c) afronta à lei; e c) exercício de direito próprio, de modo manifestamente contrário
à boa-fé, aos bons costumes e ao fim econômico e social do direito. Ambos tem uma visão
muito parecida, embora Judith acrescente nas hipóteses de ilicitude a afronta à lei.
No Código Civil de 1916, tínhamos um sistema de ilicitude sempre calcado na culpa, a ideia
era de que a responsabilidade civil ocorreria quando houvesse ilícito e a ilicitude era sempre
relacionada a culpa. A partir do Código Civil de 2002 tivemos transformações no sistema
das ilicitudes. O art. 927, CC diz que “aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. Ao fazer referência aos arts, 186 e 187, o CC
deixa bem claro que a ilicitude não pode ser confundida com a culpa, visto que o art. 186
temos a responsabilidade civil fundada na culpa (ilicitude subjetiva) e o art. 187 dispensa a
culpa para a caracterização dessa ilicitude. No Parágrafo único do art. 927 diz de forma
claro que a responsabilidade civil se impõe independentemente de culpa (ilicitude
objetiva).
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Ilicitude objetiva é quando existe uma responsabilidade civil fundada na culpa.
Ilicitude subjetiva é quando a responsabilidade civil é fundada no risco, independentemente da culpa.
Ilicitude objetiva é quando existe uma responsabilidade civil fundada na culpa.
Ilicitude subjetiva é quando a responsabilidade civil é fundada no risco, independentemente da culpa.
UFRGS – 2020/1 ERE / By: Carolina Justo (@justo_estudos)
Vários artigos do Código Civil de 2002 tratam sobre modalidades de ilicitude, o art. 186 é o
único que centraliza a responsabilidade civil na culpa, os demais não tem o requisito de
culpa. No nosso ordenamento jurídico temos dois tipos de ilicitude, a ilicitude fundada na
culpa e a ilicitude fundada no risco (independentemente de culpa, art. 931).
Ilicitude e dano
Como regra, o dano é uma consequência da ilicitude, entretanto, no art. 187 do CC fala que
pode haver a ilicitude sem a configuração do dano e neste caso não incide a responsabilidade
civil. Quanto a indenização a regra do ordenamento jurídico é que o dever de indenizar é
uma consequência do ato ilícito, entretanto existe uma exceção prevista no art. 118 do CC
que diz que o dever de indenizar independentemente do ato ilícito (se gerar dano se tem o
dever de indenizar mesmo em virtude de ato lícito).
Responsabilidade civil subjetiva
A responsabilidade civil subjetiva é fundada na culpa, é a responsabilidade civil causada
devido a conduta culposa. O CC no art. 186 conceitua a responsabilidade civil subjetiva
como uma conduta humana (ação ou omissão) voluntária contrária ao direito. Neste caso é
necessário que se tenha a capacidade civil para caracterizar a conduta culposa.
Culpa
Originalmente tínhamos a ideia da culpa como uma conotação muito ligada ao aspecto
moral, o fundamento da responsabilidade civil era como uma resposta ao mau uso da
liberdade individual. A conotação moral vinha da ideologia cristã, contornos éticos e morais
ligados à ideia do livre arbítrio. Tinha uma forte influência do Direito Canônico (a culpa era
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uma infração moral, um pecado, uma violação consciente de um dever vindo de ordem
superior).
Georges Ripert sempre atribuía o caráter moral à noção de culpa, para ele o autor do dano é
obrigado a indenizar porque violou a regra.
 Concepção psicológica da culpa
Era apresentada pelo comportamento reprovável por parte do autor do dano, “pas de
responsabilité sans faute” (não há responsabilidade civil sem culpa) e a preponderância da
culpa na configuração do ato ilícito – ilicitude condiciona à culpa.
 Alterações na noção de culpa
Ocorreu um “divórcio da moral”. A maioria dos autores faz distinção das duas modalidades
de culpa, a acepção psicológica e a culpa objetiva. A acepção psicológica deculpa (ou culpa
moral) é uma espécie de pecado jurídico, a culpa como um estado de ânimo do agente. Já a
culpa objetiva (ou culpa normativa) é considerada como um erro de conduta, faz-se uma
comparação com um modelo geral de comportamento e realizar a apreciação em abstrato do
comportamento do agente (ex.: que comportamento esperar de um médico em determinada
situação). Daí vem a importância da boa-fé objetiva, que é um padrão de conduta geral para
que se defina qual é o comportamento adequado no que tange o comportamento contratual,
ou seja, é ela que vai ditar as hipóteses de incidência ou não da responsabilidade subjetiva.
Para que haja a incidência de responsabilidade civil não basta simplesmente ter violado o
direito de outrem, mas além disso, deve ter causado dano (exigência do dano para a
incidência da responsabilidade civil). Essa é uma noção que veio com o Cód. Civil de 2002.
Eugênio Facchini Neto diz que, a substituição da conjunção ou (cód. civil de 1916) para a
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conjunção e (cód. civil de 2002) deixou claro que a função da responsabilidade civil é
reparatória ou compensatória e não tem como efeito principal a punição.
 Alguns fatores importantes:
Conduta voluntária não quer dizer dolo. Conduta voluntária é uma ação humana, no
sentido de que se conhece a norma mas opta-se por não cumpri-la, entretanto não quer
dizer que há uma intenção de causar o dano.
Menoridade e emancipação: responde ou não?
Incapacidade: art. 928 do CC diz que o incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as
pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios
suficientes. A indenização deverá ser equitativa.
 Elementos da conduta culposa:
• A conduta voluntária com resultado involuntário : um ato de vontade que significa
que se conhece o ordenamento, mas opta-se por não cumpri-lo (não existe dolo
pois o resultado é inesperado pelo agente);
• A previsão ou previsibilidade : há uma ciência de que determinado comportamento
pode gerar um dano;
• Falta de cuidado, cautela, diligência ou atenção (boa-fé objetiva) : define no caso
concreto qual padrão de conduta o cidadão deve seguir
 Formas de exteriorização da conduta culposa:
• Imprudência : faz o que não deveria;
• Negligência : deixa de fazer algo que deveria;
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• Imperícia (não está referida na lei): faz algo que não tem aptidão para fazer
(médico que não é cirurgião e mesmo assim faz uma cirurgia.
 Graus de culpa
No ordenamento jurídico atual, o grau da culpa tem relevância pois pode haver uma redução
equitativa da indenização. Não afasta a responsabilidade, mas diminui-se.
• Grave : com grosseira falta de cuidado, com descuido injustificável ao homem
normal;
• Leve : falta pode ser evitada com atenção ordinária, com o cuidado do próprio
homem comum;
• Levíssima : falta de atenção extraordinária, pela ausência de habilidade especial ou
conhecimento singular.
Quem define o grau da culpa é a jurisprudência. A relevância dos graus de culpa encontra-se
no art. 944 do CC que diz que a indenização mede-se pela extensão do dano, mas no
paragrafo único abre a possibilidade do juiz reduzir, equitativamente, a indenização.
Sanseverino diz que é necessário alguns requisitos para a aplicação do artigo 944 do CC:
a) extensão e natureza dos danos : somente é aplicável nos danos patrimoniais (danos
pessoais deve se obedecer o art. 177 CF);
b) excessiva desproporção : desequilíbrio manifesto, uma culpa de grau leve que acaba
gerando um dano grave, por exemplo;
c) condição economica do ofensor ;
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d) responsabilidade objetiva : necessidade de considerar a relevancia da causa e não a
gravidade da culpa. Norma voltada à quantificação da indenização e não se aplica
nos casos de relação de consumo (art. 6º, VI CDC).
 Modalidades de culpa:
• culpa in eligendo: má escolha do preposto;
• culpa in vigilando: falta de atenção ou cuidado com o procedimento de outrem que
estava sob a guarda ou responsabilidade do agente;
• culpa in custodiano: falta de atenção quanto ao animal ou coisa.
Considerando o art. 932 CC, pouca, ou nenhuma relevância, tem essa classificação
atualmente, mas continuamos fazendo referência atualmente devido sua origem histórica (do
direito romano).
• Culpa presumida : essa modalidade existe, e é admitida, atualmente no nosso
ordenamento jurídico. É considerada como um estágio anterior da
responsabilidade civil objetiva. Quando se diz que a responsabilidade civil é
baseada na culpa presumida, significa que ainda sim é fundada na culpa e ocorre
uma inversão do ônus da prova, a vítima não precisará provar que a culpa do réu.
O réu por sua vez poderá afastar a responsabilidade se provar que foi prudente,
diligente e perito. Ou seja, a culpa presumida é fundada na culpa, mas tem uma
inversão do ônus da prova. Existe uma presunção de que a culpa existe sim, juris
tantum. Não se confunde com responsabilidade objetiva.
• C ulpa concorrente (art. 945 CC) : é um evento danoso decorrente do
comportamento culposo do ofensor e da vítima. Neste caso, o ordenamento
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jurídico apresenta a possibilidade de repartição da responsabilidade, dos danos.
Sanseverino diz que o melhor seria utilizar a nomenclatura fato concorrente pois
poderia ser usado tanto na responsabilidade civil subjetiva quanto objetiva.
Cavalieri diz que o dolo do ofensor é uma conduta tão repugnante e absurda que
afastaria por completo a incidência desta norma.
AULA 3
Responsabilidade Civil Objetiva
Quando se fala em responsabilidade civil objetiva é sempre necessário observar a questão
histórica, sua evolução. Nós tínhamos um sistema onde a responsabilidade civil era baseada
apenas na culpa. Havia uma necessidade de prova da culpa pela vítima, existindo a
inconveniência da culpa, algumas situações a comprovação da culpa era quase impossível,
sendo chamado de prova diabólica. Com o capitalismo industrial e a proliferação dos
acidentes ligados às novas tecnologias a dificuldade de provas se intensifica. A
responsabilidade civil objetiva surgiu da necessidade para que a vítima não deixasse de ir
atrás de seus direitos por não ter os meios suficientes para produzir a prova.
Os doutrinadores sempre relacionam a responsabilidade civil objetiva com a era do
maquinismo, que era marcado pela urbanização, industrialização e massificação da sociedade.
Nessa época houve o surgimento de inúmeros acidentes deviso a disseminação de máquinas
do uso industrial e no quotidiano das pessoas. Havia a necessidade de socorrer as vítimas,
por isso houve a revisão do dogma da culpa, onde surgiu a presunção de culpa, a culpa
fundada no risco, sendo o risco proveito e o risco criado.
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Raymond Saleilles, em 1887, escreveu o artigo les accidentes de travail et responsabilité: essai
d’une théorie objective de la responsabilité déloctuaelle, que era um estudo propondo a teoria
objetiva da responsabilidade, principalmente considerando os casos de acidente de trabalho.
Após a publicação deste ensaio houve uma alteração da legislação francesa em torno deste
assunto. A proposta de Saleilles propunha que o princípio da imputabilidade fosse
substituído por um princípio de simples causalidade prescindindo da avaliação do
comportamento do sujeito causador do dano. Essa orientação foi seguida por Louis
Josserand na lei de 9 de abril de 1898.
Risco
A responsabilidade objetiva é aquela que independe de culpa, é fundada no risco.
 Modalidades de risco:
• Risco proveito : ubi emolumentum, foi a primeira ordem de modalidade de risco
apresentada pela doutrina. A ideia era que aqueleque se serve de uma atividade
potencialmente nociva para terceiros, se por acaso ocorrer um evento danoso
decorrente dessa atividade, ele obrigatoriamente deveria reparar o dano. Ou seja, o
dano deve ser reparado por quem retira algum proveito ou vantagem do fato que
ocasionou. Essa teoria teve uma evolução, pois anteriormente necessitava da prova
do proveito econômico direto, depois considerou-se também a possibilidade do
proveito econômico indireto. Essa teoria ainda é adotada pelo ordenamento
jurídico;
• Teoria do risco criado : ampliação a ideia de risco proveito, a responsabilidade é
imputada a quem criou o risco, salvo se demonstra que adotou as medidas idôneas
para evitar o dano;
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UFRGS – 2020/1 ERE / By: Carolina Justo (@justo_estudos)
• Risco integral : tem sua aplicação restrita no ordenamento jurídico. Impõe o dever
de indenizar mesmo nos casos de inexistência ou de diluição do nexo causar.
Responsabilidade atribuída a quem cria o risco ainda que sua atividade não tenha
causado dano (ex.: usinas nuclear).
Imputacao objetiva
Existe as hipóteses de responsabilidade fundada no risco (art. 927, parágrafo único e 931
CC) ou de responsabilidade objetiva por imposição legal – sem questionar culpa (arts.
187, 932, 936, 937 e 938).
 Responsabilidade objetiva fundada no risco
O a rt. 927 CC , trata sobre o risco da atividade. Tem-se incidência da cláusula geral e ampla,
e isso possibilita ter hipóteses que não estão pré-definidas na legislação. Já o art. 931 CC
tem-se a responsabilidade civil objetiva considerando o dano recorrente do produto. Ambos
são regras amplas que serão definidas o que são dependendo do caso concreto.
 Responsabilidade objetiva por imposição legal
Ocorre quando o legislador define que há uma responsabilidade civil objetiva em
determinada situação. Nenhuma das hipóteses da responsabilidade objetiva por imposição
legal tem exigência de culpa.
Excludentes da ilicitude
São caracterizados pela doutrina como causas justificadoras, onde a situação específica afasta
a ilicitude daquele ato. As hipóteses que a legislação compreende para excluir a ilicitude:
• Estado de necessidade – ocorre a exclusão de nexo causal (art. 24 CP);
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• Legitima defesa – o ato deve ser dirigida contra o autor da ameaça (art. 188 CC).
Pode ser em relação à própria pessoa, à integridade física de terceiro ou à proteção de
patrimônio.
Há uma diferença entre exclusão da ilicitude e a exclusão da responsabilidade. O
fundamento para incidir a responsabilidade civil é a equidade, ou seja, não foi a vítima que
deu causa aquela situação de perigo ou ameaça, mas sim uma outra pessoa, exemplo: para
evitar colisão frontal, eu coloco o meu carro para o acostamento e acabo ferindo outra
pessoa (art. 929 e 930, parágrafo único), neste caso a responsabilidade civil existe, mas há a
possibilidade de uma ação regressiva contra aquele que causou a situação.
Aula 4 - Nexo de casualidade parte I
Nexo de causalidade
O nexo de causalidade é o segundo pressuposto da responsabilidade civil. O nexo de
causalidade é a ligação estreita entre eu fato e o dano que gera uma responsabilidade civil, se
nessa “linha” entre o fato e o dano houver um outro fato que produziu o dano há uma
quebra de nexo de causalidade.
O nexo
de causalidade não é o mesmo que a causa, de acordo com Judith Martins-Costa, o nexo de
causalidade trata-se de relação necessária entre uma causa e efeito. A função do nexo de
causalidade é determinar a quem deve ser atribuído o dano e medida da indenização.
 Teorias
A doutrina traz algumas teorias para explicar o nexo de causalidade, as mais importantes são:
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FATO DANO
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• Equivalência das condições – é uma teoria muito radical para se ter uma
responsabilidade civil, a equivalência das condições que dizer que todas as causas e
condições se equivalem. É também denominada por conditio sine qua non, de acordo
com Maximilian von Buri a “soma de todas as forças é de ser considerada como causa
do fenômeno, pois tudo o que é condição deve ser considerado como causa”. Nessa
teoria sempre se pergunta a origem das outras condições, a pessoa responsável pela
conditio sine qua non deve responder pelo dano subsequente pois essa conduta não
ocorreria se não fosse o primeiro fato;
Inconvenientes da teoria:
◦ Possibilidade de retroceder exageradamente o desdobramento causal até a causa
mais primitiva, por exemplo: quem vendeu a arma?;
◦ Não possuía filtros suficientes para impedir uma responsabilização generalizada de
indivíduos que, de qualquer modo, concorressem para o evento danoso;
◦ No âmbito penal pode ser aplicada até pode ser aplicada pois existe a ideia do tipo
legal, devido a descrição do tipo legal.
• Causalidade adequada – idealizada por Johannes Adolf von Kries, essa teoria busca
por critérios seletivos para a definição da causalidade. Há a necessidade de identificar
a causa mais adequada para que o dano se concretize. Essa teoria com o tempo
passou a ser discutida, Fernando Noronha diz que levar ao pé da letra essa teoria
haveriam hipóteses em que a vítima sairia sem indenização nenhuma, por isso ele e
Antunes Varella formaram duas formulações:
◦ Formulação positiva – é possível afirmar que aquele evento provocado pelo
ofensor vai gerar determinado tipo de dano, ou seja, dano x, causa resultado y,
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UFRGS – 2020/1 ERE / By: Carolina Justo (@justo_estudos)
qualquer resultado além disso não se fala em responsabilidade civil, nesse caso
tem-se um conhecimento empírico geral existente.
“O fato será causa adequada do dano, sempre que este constitua uma consequência
normal ou típica daquele, ou seja, quando verificado o fato, se possa prever o dano
como uma consequência natural ou como efeito provável dessa verificação”
(Antunes Varella);
◦ Formulação negativa – a pergunta que se faz é “é possível afastar, com 100% de
certeza que aquele fato afastaria o dano?”, se a resposta for não se aplica a
responsabilidade civil, a formulação negativa tem o objetivo de ampliar a
incidência da responsabilidade em que as condições de saúde da vítima não vão
afastar a responsabilidade do agressor.
Apresentada por Karl Martin Ludwig Enneccerus, essa formulação não se ocupa
do que seja a causa adequada, mas o que não seria essa causa adequada. A ruptura
do nexo de causalidade só ocorre quando se trate de consequências estranhas ou
extraordinárias.
Larenz apresenta um estudo, sem mencionar a formulação negativa, mas que
acaba dando a mesma conclusão que esta teoria, onde diz que “se alguém sofre
ferimento leve, mas acaba perdendo o braço devido uma infecção o ofensor terá
de indenizar a consequente redução da capacidade para o trabalho (…) só não
haverá a responsabilidade por consequências totalmente inadequadas e
extraordinárias, com cuja possível verificação ninguém conte e que só tenham
podido surgir devido a uma coincidência extraordinária de circunstâncias…”
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▪ Vantagens da formulação negativa: dilata o âmbito da causalidade, sendo
vantajoso para a vítima que poderia ficar sem a indenização.
• Danos diretos e imediatos subteoria da necessidade da causa (teoria adota pelo Cód.
Civil Brasileiro) – essa teoria é uma influência do Código Civil francês influenciado
por Pothier, nessa teoria só se leva em conta os danos diretos e imediatos. Pothier
dizia que não se podia submeter o devedor, “indistintamente, a indenizar o credor por
todas as perdas que não-cumprimento de sua obrigação lhe tenha ocasionado e,
menos ainda, por todos os ganhos que o credor poderia obter, caso o devedor tivesse
cumprido sua obrigação”. Somente é passível de reparação o dano que for causado
direta e imediatamente causado pelo comportamentodo ofensor, afasta os prejuízos
remotos e fatos posteriores que interrompem a relação de causalidade, por isso a
teoria também é denominada como teoria da interrupção do nexo causal.
Fernando Noronha faz uma advertência importante: a expressão “efeito direto e
imediato” não pode ser entendida no seu significado literal – relevância do conceito
de causa necessária nexo de causalidade como “relação necessária” entre o fato
gerador e o evento danoso. A teoria da causalidade adequada procura resolver o
problema de definir “direto e imediato” em termos de razoabilidade e previsibilidade
do dano, consideração o curso ordinário das coisas.
AULA 5
Quando se fala em nexo de causalidade deve-se levar em consideração a pluralidade de
agentes, conforme o art. 942 CC, esse artigo traz algumas hipóteses que não necessariamente
estão descritas no artigo, são elas:
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• Causalidade comum – quando existe cooperação consciente, quase como se fosse uma
combinação entre as partes;
• Causalidade concorrente – não existe a cooperação consciente, mas o efeito danoso
poderia ocorrer tanto pela ação de um contra do outro;
• Causalidade alternativa – tem-se o evento danoso que vem de um grupo e não se sabe
quem do grupo praticou, essa causalidade alternativa veio por uma construção
doutrinária e jurisprudencial com base na leitura do BGB, não está expressa no
Código Civil Brasileiro. Um exemplo dessa situação é sobre as torcidas organizadas
de futebol. Há dois fundamentos para imputar essa responsabilidade civil:
◦ Fundamento moral – se se está dentro do grupo, logo tem-se uma conduta
parecida com as dos demais;
◦ Fundamento contratual – estar no grupo, mesmo sem ter praticado o ato, o fato
de ser omisso (no sentido de evitar o dano ou denunciar quem o fez) traz para si
a responsabilidade civil.
Alguns doutrinadores dizem que a causalidade alternativa ajuda a responsabilizar
quem realmente causou o dano pois, quando um indivíduo percebe que a
responsabilidade recairá sobre ele, o mesmo será incentivado a apontar quem foi que
causou o dano.
AULA 6
Exclusao do nexo de causalidade
Em relação ao nexo de causalidade tem-se o art. 403 CC que trata sobre os danos diretos e
imediatos, no que se refere a exclusão do nexo de causalidade tem-se o artigo 393 do
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Código Civil, que dispõe que o devedor não responderá pelos prejuízos causados por caso
fortuito ou força maior.
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou
força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. 
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário,
cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. 
O artigo fala sobre a relação obrigacional e o inadimplemento das relações contratuais, mas
este artigo se estende também para a responsabilidade extracontratual, se entende o artigo
como uma regra geral. Outra interpretação que deve-se fazer em relação ao artigo é sobre a
definição de caso fortuito ou força maior que o legislador tratou como se fossem duas
expressões diferentes, porém no paragrafo único ele aplica a mesma conclusão, isso gerou
uma discussão na doutrina, de modo que alguns doutrinadores faziam a distinção entre caso
fortuito e força maior, outros não. Algumas posição dos doutrinadores em relação ao caso
fortuito ou força maior:
• Mario Júlio Almeida Costa
◦ Caso fortuito é um evento imprevisível (força da natureza) e força maior é um
evento inevitável (fato de terceiro). Esse entendimento também consta no artigo
393 essas expressões também são colocadas ali.
• Sérgio Cavalieri Filho
◦ Caso fortuito é imprevisível e por isso inevitável e força maior é o caso inevitável
porém previsível. De acordo com a professora Tula é um conceito muito confuso.
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• Caio Mário da Silva Pereira
◦ O caso fortuito como um acontecimento natural ou evento da força da natureza e
a força maior como o dano originado do fato de outrem.
• Carlos Roberto Gonçalves
◦ Caso fortuito é decorrente do fato ou ato alheio e a força maior decorrente de
forças da natureza.
• José de Aguiar Dias (pai da responsabilidade civil brasileira)
◦ Diz que é inútil distinguir pois as expressões são sinônimos. A direção não se faz
necessária, o artigo 393 do CC estabelece a mesma consequência para ambas as
excludentes que é a exoneração do dever de indenizar.
◦ Esta ideia é seguida por Judith Martins-Costa.
◦ É a concepção seguida pelos tribunais.
Requisitos
Para ocorrer a exclusão do nexo de causalidade existem alguns requisitos, são eles:
• Necessariedade , onde o fato é necessário e causador do dano, ou seja, o caso fortuito
ou força maior tem que ser suficiente para gerar o dano por si só. Ex.: eu paro meu
carro em uma faixa de pedestres para um pedestre passar, entretanto outro motorista
bate na traseira do meu carro e eu acabo atropelando o pedestre, sendo o que bateu
na traseira é quem é o responsável, pois o motorista que parou na faixa de segurança
agiu com a maior diligência, o evento danoso se deu pela colisão;
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• Inevitabilidade , ou seja, não existem meio hábeis de evitar ou impedir os seus
efeitos. Alguns efeitos danosos não podem ser evitados, entretanto o dano em si
poderia ter sido. Ex.: eu pego um livro emprestado e após ler eu o deixo na sacada do
apartamento, durante a noite chove e molha o livro, a chuva é inevitável, mas o dano
seria evitado, ou diminuído, se após a leitura houvesse a preocupação de colocá-lo em
um local seguro.
• Há alguns doutrinadores ainda que colocam um terceiro requisito: a
imprevisibilidade. Entretanto Caio Mário crítica o requisito da imprevisibilidade, pois
mesmo que previsível o evento pode surgir com força inarredável de forma que seus
efeitos são inevitáveis. Ainda assim o agente estará isentando de responsabilidade.
Fortuito interno e externo
A doutrina segue a classificação de Augustinho Alvim, que foi quem escreveu a parte de
obrigações do Código Civil. É uma teoria ligada a ideia de atividade exercida.
• Fortuito interno – fato imprevisível e inevitável, que se liga à organização da
atividade;
• Fortuito externo – fato imprevisível e inevitável, mas estranho à organização da
empresa
◦ Além da imprevisibilidade e da irresistibilidade do caso fortuito deve ser
acrescentada a exigência de externalidade – fortuito interno não exclui a
responsabilidade.
Esta classificação é importante quando se fala em responsabilidade civil objetiva,
principalmente quando se fala em risco de atividade do artigo 927 § único do CC. Um
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exemplo de aplicação desta teoria é de que o imprevisível e inevitável é aquele fato que eu
não sei quando, ou se acontecerá e se acontecer, não há maneiras de se evitar. A doutrina,
hoje em dia, entende que, quanto mais corriqueiro for o fato externo, ele deixa de excluir o
nexo de causalidade, aqui entra as questões de risco proveito ou risco criado.
Responsabilidade subjetiva ou objetiva
Agostinho Alvim fala que “se a responsabilidade fundar-se mediante a culpa basta o caso
fortuito para afastar a responsabilidade se a responsabilidade for fundada no risco, o simples
caso fortuito não o exonerará será necessário que haja força maior ou fortuito interno”.
Para Anderson Schreiber entende que “o fortuito é noção recorrente em relações regidas
pela responsabilidade objetiva, mas elemento estranho à responsabilidade subjetiva na qual a
imprevisibilidade é considerada suficiente para desconfigurar o ilícito”.
Para Carlos Gonçalves “somente o fortuito externo excluiria a responsabilidade,
principalmente se estase fundar no risco. O fortuito interno não”. Essa é uma noção
conturbada no direito.
Hipoteses de exclusao do nexo de causalidade
São hipóteses alheias ao autos, devido ação de terceiro, ação da vítima ou fato da natureza.
 Fato exclusivo da vítima
Ocorre quando, aparentemente, o agente é o causador do dano, mas, na verdade, ele é mero
instrumento do evento, sendo a ação da vítima a única do evento. Um exemplo mais comum
é nas hipóteses de acidente de transito em que a vítima atravessa a rua de forma afoita e
acaba sendo atropelada. A expressão correta é fato exclusivo da vítima pois a expressão culpa
da vítima dá um entendimento de que há a necessidade que a vítima atue com negligência,
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imprudência ou imperícia, o que excluiria as situações de eventos causados por crianças ou
pessoas com transtorno mental, por exemplo.
Surfista Ferroviário e pingente ferroviário
❗ A jurisprudência faz distinção no entendimento e responsabilização nesses casos. O surfista
ferroviário seria aquele que se arrisca em cima de uma composição ferroviário com o caráter
de exibicionismo, já o pingente ferroviário é aquele que se agarra ao trem e o usa como meio
de transporte. No caso de surfista ferroviário, aplica-se fato exclusivo da vítima, quando for
pingente ferroviário ocorrera culpa concorrente, pois ocorre, de forma tácita, uma permissão
(Resp 160051).
❗❗ Vítima menor (apelação cível nº 70009779588).
 Fato de terceiros
Fato de terceiro não se confunde com estado de necessidade, no estado de necessidade
ocorre apenas a exclusão da ilicitude. Trata-se de um dano provocado por pessoa diferente
da vítima o do responsável, o fato de terceiro é causa exclusiva do evento, afastando a
relação de causalidade entre a conduta do autor e a vítima.
No que se refere ao fato de terceiro, há alguns fatos específicos que mesmo que sendo fato
de terceiro não irá se excluir a responsabilidade civil, que é o caso da responsabilidade
contratual do transportador. Súmula 187 do STF considerou que “A responsabilidade
contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de
terceiro, contra o qual tem ação regressiva”. A súmula transformou-se no artigo 735 do
Código Civil que diz que “A responsabilidade contratual do transportador por acidente com
o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva”, ou seja,
mesmo que seja causado exclusivamente por fato de terceiro, caracteriza responsabilidade
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https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/7514171/recurso-especial-resp-160051-rj-1997-0092328-2/inteiro-teor-13133378
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civil, desde que não seja um fato estranho à atividade. As vítimas deverão ser indenizadas
pela transportadora, e a transportadora pode ajuizar ação contra o terceiro.
Obs.: se for um caso estranho ao exercício da atividade ocorre um fortuito externo que
exime a responsabilidade do transportador, como por exemplo o assalto ao coletivo. A
pergunta que se faz é: e se o fato é recorrente/comum? Nesse caso, a doutrina entende que
esse fato “comum” deveria importar responsabilidade civil para o transportador.
 Fato da natureza
O fato da natureza também exclui a responsabilidade civil, porém deve-se sempre analisar o
caso concreto, por exemplo: a chuva, por si só não afasta a responsabilidade. Deve-se analisar
se há a possibilidade de minimizar ou evitar os efeitos nocivos, os danos. Deve-se ter uma
interferência para excluir responsabilidade além de ser fato imprevisível e inevitável.
Dano
“Dano é a diminuição ou subtração de um interesse juridicamente protegido… Efeito
(diminuição ou subtração) da lesão a interesse tutelado pelo Direito”. Dano é “dimensionado
em relação ao legítimo interesse daquele que sofreu o dano” (Judith Martins-Costa – A
Linguagem da Responsabilidade Civil). É importante ressaltar que prejuízo não se confunde
com o dano.
O dano é um requisito para a responsabilidade civil, submetido aos limites da eliminação do
dano (regra). A indenização é tornar “indene”, sem dano, ou seja, colocar a vítima no
estado anterior ao dano, entretanto não é sempre possível que a indenização ocorra, sendo
substituída por reparação, ou compensação, com intuito de minimizar os efeitos da lesão.
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Quando se fala em responsabilidade civil é importante ter em mente a noção de Clóvis do
Couto e Silva que diz “a noção de dano é importante, pois é através dela que se pode ter
uma ideia exata da responsabilidade civil de um determinado país” (COUTO E SILVA,
Clóvis Veríssimo do – O conceito de dano no direito brasileiro e comparado, RT 667,
MAIO 1997, p. 8). Teremos um alargamento na noção de dano a medida em que a
sociedade evolui, o conceito de dano acompanha a evolução da sociedade.
Há uma evolução doutrinária e jurisprudencial no sentido de apreciar o dano não
importando a lesão em si e sim a consequência que pode causar, assim um dano à pessoa
pode causar dano patrimonial ou extrapatrimonial, dano estético ou moral.
Conceito de dano na doutrina
Na doutrina há duas teorias para a conceituação do dano (I) a doutrina
naturalista(objetiva), também chamada de teoria da diferença; e (II) teoria normativa
(subjetiva) também chamada de Teoria do Interesse. O nosso ordenamento jurídico, para
definir o dano utiliza a Teoria do Interesse.
 Noção naturalista (objetiva) – Teoria da Diferença
Na teoria naturalista, para definir a extensão do dano, utilizava-se uma expressão
matemática, dizia que o “Dano deve ser mensurado pela diferença entre a situação
patrimonial anterior e posterior à sua existência” [P1-P2=D].
Na doutrina, encontra-se fragilizações dessa teoria, são elas: (I) reparação in natura,
artigo 947 CC – situações em que o dano patrimonial é pequeno, essa teoria é insuficiente
para explicar o dano; (II) lucros cessantes, artigo 402 CC – a vítima pode buscar a
reparação dos danos emergentes (que efetivamente perdeu) e os lucros cessantes (que
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deixou de lucrar); e (III) danos extrapatrimoniais, artigo 186 – também chamados de
danos morais, que dizem respeito a uma parte além do patrimônio.
 Noção normativa (subjetiva) – Teoria do Interesse
É a noção adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro. Nesta teoria, o dano é a violação
(lesão) de interesse juridicamente protegido, é a violação da norma (a violação da norma
não necessariamente é aquilo descrito na lei, mas pode ser também o interesse digno de
tutela). O interesse consiste na posição de vantagem de uma pessoa frente a um bem, em
relação às demais, pode, ou não ser patrimonial.
O dano é negativo do interesse, desde que juridicamente protegido, excluído os não
protegidos. Inclui morais, coletivos, de lazer, etc (art. 6º, VI do CDC). O conceito de dano
deve ser construído. Para Judith Martins-Costa “Dano é a lesão a um interesse jurídico, que
é aquilo que a determinada comunidade considera digno de tutela jurídica” (Os danos à
pessoa no Direito Brasileiro e a natureza da sua reparação).
Tipos de dano
Há dois grandes blocos dos tipos de dano, sendo os danos patrimoniais e danos
extrapatrimoniais. 
 Dano patrimonial
O dano patrimonial está previsto no artigo 402 do Código Civil.
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas
ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente
deixou de lucrar.
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Neste dispositivo, nota-se que há uma diferenciação entre danos emergentes e lucros
cessantes.
DANOS EMERGENTES LUCROS CESSANTES
É aquilo que a vítima efetivamente perdeu. R$ 0,00
Exemplo: colisão entre um dois carros, onde o carroatingido é o de um taxista. Neste
caso, o taxista terá o dano imediato, que é o dano sofrido pelo carro, os gastos que terá ao
acionar o seguro, ao arrumar, etc. Porém há também, neste caso, uma perda além, que é a
perda de lucros, pois, por ser um veículo de trabalho, a colisão lhe impedirá de trabalhar
por alguns dias, o que ocasionará em uma perda de lucros cessantes, ele deixará lucrar
naqueles dias em que estiver sem o carro. Sendo o autor obrigado à indenização a vítima
do dano causado e dos dias em que a vítima não poderá trabalhar.
 Dano extrapatrimonial
É conhecido como dano moral, entretanto a profª Tula considera a expressão dano
extrapatrimonial mais adequada por ser mais ampla e abrange além da ideia de dor, angústia
e aflição. O dano extrapatrimonial é a ofensa que é dirigida a um direito de personalidade,
não sendo necessário a prova de dor, angústia e aflição. O dano extrapatrimonial também
pode ser aplicado a PJ.
Existem alguns fundamentos para se caracterizar dano extrapatrimonial, um deles é a CRFB/
88 que garante o direito à vida, à saúde, à honra, à propriedade, à integridade física, moral
da pessoa e de sus bens, como interesses juridicamente protegidos (art. 5º caput, X e XXII
CF, c/c arts. 186, 927 e 944 do CC).
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 Modalidades de dano extrapatrimonial (Judith Martins-Costa) 
↳ Danos à esfera existencial da pessoa humana, prejudicando interesses ligados aos
direitos da personalidade;
↳ Danos à esfera da socialidade da pessoa humana, afetando interesses
transindividuais não patrimoniais, bem como os danos ao meio ambiente;
↳ Danos à honra objetiva de pessoa jurídica.
 Pode-se ter uma lesão à honra subjetiva, que é como a própria pessoa se
percebe, somente a pessoa física tem a lesão à honra subjetiva.
 Tem também a honra objetiva, que é como as outras pessoas percebem
determinado indivíduo, neste caso enquadram-se à pessoa humana e a pessoa
jurídica. 
 Critérios de distinção
A doutrina possui dois critérios de distinção dos danos patrimoniais e extrapatrimoniais,
podendo cumular os danos, uma lesão pode ocasionar vários reflexos jurídicos e todos os
danos merecem reparação. Há orientações sobre os danos na Constituição Federal em seu
artigo 5º incisos V e X e na Súmula 37 do STJ que fala sobre a cumulação do dano
patrimonia com o dano extrapatrimonial. São os critérios utilizados:
↳ Critério negativo – tudo aquilo que não for dano patrimonial será considerado
dano extrapatrimonial;
↳ Critério positivo ou substantivo – esse critério dá nome ao dano extrapatrimonial,
como exemplo o dano à honra, à vida, etc.
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» O critério positivo é criticado pelo fato de que, ao caracterizar os danos
extrapatrimoniais pode-se engessar o Direito, por isso muitos doutrinadores
ainda utilizam-se do critério negativo.
Funcao fundamental da responsabilidade civil
A função fundamental da responsabilidade civil é a remoção dos efeitos danosos de uma
injusta lesão sofrida por uma pessoa decorrente de ato praticado por outra. Transfere-se a
responsabilidade do dano sofrido pela vítima ao ofensor para que a vítima não fique sofrente
os efeitos danosos posteriormente. A função que a responsabilidade civil desempenha é a
função reparatória, de remover os efeitos danosos.
Há alguns doutrinadores que tratam a responsabilidade civil tendo uma função punitiva. O
nosso ordenamento jurídico não dá lugar para este tipo de pensamento. Há, entretanto, um
movimento muito forte na doutrina e na jurisprudência que trata da função punitiva,
fazendo referência a expressão punitive damages que é a punição com caráter punitivo, é uma
matéria que tem sido objeto de bastante discussão.
Nos danos patrimoniais a indenização tem uma função compensatória, onde há possibilidade
de recompor ao estado de coisas anterior. Nos danos extrapatrimoniais a indenização tem
função satisfatória, é um “lenitivo ao sofrimento do sujeito lesado” (Min. Sanseverino).
Reparacao do dano
O artigo 944 caput do código civil trata sobre o princípio da reparação integral do dano e
em seu parágrafo único trata sobre a possibilidade de reduzir equitativamente o valor da
indenização, para que se tenha uma avaliação do comportamento do ofensor. Se busca na
reparação do dano colocar o lesado em situação equivalente a que se encontrava antes de
ocorrer o efeito danoso, sendo a reparação integral a regra.
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 Critério para a definição do valor da indenização
No direito francês, há a ideia de que a reparação deve abranger todos os danos, mas nada
além dos danos (tout le dommage, mais rien que le dommage), a reparação deve encontrar um
limitador. Mazeaud e Tunc, doutrinadores franceses, dizem que os “danos e prejuízos se
medem pelos prejuízos sofridos, não pela culpa”. A doutrinadora Geneviève Viney diz que a
possibilidade da redução equitativa da indenização tem por objetivo evitar o inferno da
severidade.
A orientação que temos no nosso ordenamento jurídico vem, no direito brasileiro, do
doutrinador Augustinho Alvim (autor da parte geral do CC), dizia que “sucede, às vezes,
que, por culpa leve, sem esquecer uma dose de fatalidade, vê-se alguém obrigado a reparar
prejuízos de vastas proporções”, o autor criticava o CC anterior pois no caso concreto o juiz
era inclinado a negar a responsabilidade para evitar uma condenação que não comportava
meio-termo.
 Indenização dos danos extrapatrimoniais (Sanseverino) 
A jurisprudência tem rejeitado tarifações indenizatórios para a fixação da indenização por
dano extrapatrimonial. Sanseverino diz que o “Direito brasileiro possui sistema semelhante
ao do Direito francês no qual há ínfima interferência do legislador para fixação da
indenização por dano extrapatrimonial e amplo poder à jurisdição para definição da
indenização”.
O STJ entende que os juízes devem proceder ao arbitramento equitativo da indenização.
Orientação também do artigo 953 do CC de 2002. A súmula 281 do STJ determinava que a
indenização por dano não estava sujeita à tarifação prevista pela lei de imprensa.
Posteriormente a ADPF 130 considerou que a lei de imprensa não foi recepcionada pela CF,
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critério para qualificação da indenização passou a ser o arbitramento de forma equitativa,
com fundamento na razoabilidade. Para evitar situações parecidas com julgamentos muito
diferentes, tem-se alguns critérios para o arbitramento do dano extrapatrimonial que são
encontrados na jurisprudência e na doutrina.
↳ Gravidade do fato em si e suas consequências para a vítima;
↳ Intensidade do dolo ou do grau de culpa do agente;
↳ Eventual culpa concorrente da vítima;
↳ Condições pessoais da vítima.
 Judith Martins-Costa diz que além desses critérios devem ser levados em conta
os precedentes que apreciaram casos semelhantes.
Para Sanseverino, em sua tese de doutorado, a indenização deve atender ao critério bifásico,
em que analisará (I) 1ª fase – o arbitramento do valor básico, ou inicial da indenização,
considerando: o interesse atingido em conformidade com os precedentes jurisprudenciais
acerca da matéria (grupo de casos), deve haver igualdade de tratamento para casos
semelhantes; e (II) 2ª fase – fixação definitiva da indenização, ajuste do montante às
peculiaridades do caso com base nas circunstancias partindo-se da indenização básica eleva-
se ou reduz-se o valor de acordo com as circunstâncias particulares do dano.
Indenização
Indenização é a quantia recebida por um dano provocado por uma ação ilegal (indenização
por danos morais) ou uma compensação financeira obtida por perda patrimonial
(ressarcimento). O Código Civil prevê a indenização a partir do artigo 948.
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Morte
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras
reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto
da família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se
em conta a duração provável da vida da vítima.
O nosso ordenamento jurídico aplica a lógica de que a indenização alcança os mais próximos
e exclui os mais remotos. O inciso II trata sobre o pensionamento e traz controvérsias:
↳ Termo inicial/final da pensão – a súmula 491 do STF admite que mesmo que
tenha ocorrido a morte do filho menor, os pais têm direito a pensionamento, e o
termo inicial é compreendido como a data em que ela entraria no mercado de
trabalho (14 anos). O termo final leva em consideração a disponibilidade que o
ente querido tem para continuar sendo dependente, quando se tratar de filho
menor de idade, receberá o pensionamento até os 18 anos, podendo ser
prorrogável por mais tempo desde que comprovada a sua dependência. A viúva
continuará recebendo mesmo que após adquirir um novo casamento.
 A duração provável de vida, para o cálculo do tempo de pensionamento, é
considerada pela doutrina a longevidade do brasileiro, que hoje em dia dura
em torno de 72/75 anos. Em caso de vítima com mais de 75 anos, a
jurisprudência estende o pensionamento por mais 5 anos
↳ Legitimados a receber – são as pessoas que dependiam do alimento do falecido
↳ Base de cálculo – considerando a média dos rendimentos recebidos pelo falecido
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↳ Percentual – é 2% do que ele recebia,
Lesao fisica
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido
das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além
de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
Pode incluir o dano extrapatrimonial, dano estético e até o dano existencial, além dos lucros
cessantes, que é o que a vítima deixou de adquirir devido a lesão sofrida.
Lesao fisica e inabilitacao para o trabalho
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu 
ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além
das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá
pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da
depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja
arbitrada e paga de uma só vez.
Nessa hipótese considera-se somente a inabilitação para o trabalho atual da vítima, não há
indenização por dano hipotético. Deve-se atentar que a inabilitação pode não ser completa,
mas apenas ocorrer a diminuição da habilitação, por exemplo: se um professor que fica
paraplégico não o inabilita completamente para o trabalho, mas pode diminuir sua
capacidade de lecionar, como a falta de estrutura das escolas, por exemplo.
O valor do pensionamento para a vítima que foi inabilitada para o trabalho deve ser
integral e até o fim de sua vida, ou até o momento em que a pessoa possa voltar a exercer
seu trabalho. O parágrafo único possibilita o pagamento integral do pensionamento em uma
única vez, se isso ocorrer, gerará uma redução do valor. Esse dispositivo é interessante para
a vítima para evitar o não recebimento dessa pensão em virtude de uma mudança da
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condição financeira do ofensor. A doutrina entende que o parágrafo único também pode ser
aplicado para pensionamento por morte.
Responsabilidade Civil Objetiva no CCB
Responsabilidade pelo risco da atividade
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito ( arts. 186 e 187 ), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa,
nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
O parágrafo único foi muito utilizado para a responsabilização em virtude de acidente de
trabalho, mas atualmente será somente aplicado se o risco for proveniente da atividade de
trabalho, não basta qualquer acidente.
O artigo 14 § 4º do CDC trata sobre a responsabilidade civil dos profissionais liberais será
apurada mediante culpa, mesmo que em relação de consumo.
Responsabilidade pelo fato do produto
Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários
individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos
causados pelos produtos postos em circulação.
É uma situação em que o produto ocasiona um dano para terceiros.
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https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10677806/art-927-1-do-codigo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10677854/art-927-do-codigo-civil-lei-10406-02
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Responsabilidade pelo fato de outrem
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua
companhia;
II – o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas
condições;
III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV – os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por
dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V – os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a
concorrente quantia.
É aplicada sempre que existe uma relação de dependência ou custódia em relação as
atividades de alguém, sempre ligado a ideia de zelo, cuidado e atenção à atitude de outrem. A
vítima não precisa fazer a prova de que não houve o zelo, o cuidado ou atenção e mesmo
que tenha havido, o outro responderá da mesma maneira.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não
haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
Nos casos de emancipação definida por lei, haverá afastamento do inciso I do art. 932. Em
caso de emancipação concedida e ainda houver dependência, os pais responderão pelos atos
civis dos filhos.
O inciso III trata inclusive de situações que não ocorram nas dependências do trabalho, mas
também em situações que ocorram em razão do trabalho. Ex.: técnico da NET que começou
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a perseguir a cliente após um serviço realizado em sua casa, a ação foi julgada procedente e a
responsabilidade civil é da empresa e não é necessário comprovar culpa.
Responsabilidade pelo fato da coisa
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não
provar culpa da vítima ou força maior.
Em regra a responsabilidade sobre a coisa é sempre do proprietário, a não ser que o mesmo
comprove que a coisa não estava mais sob sua ingerência, por exemplo: eu tenho um pitbull
se ele estiver no meu pátio sob supervisão da minha sobrinha de 15 anos e eventualmente se
soltar e atacar alguém, a responsabilidade é minha, mas se o mesmo pitbull tiver
acompanhado de um adestrador e a mesma situação ocorrer, a responsabilidade é dele, pois
o cachorro estava sob a ingerência de uma pessoa capacitada.
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de
sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
A expressão “cuja necessidade fosse manifesta” não quer dizer que o proprietário tem que ter
conhecimento da necessidade do reparo, basta que a falta de reparo fosse tão necessária que
causou danos. Exemplo: uma grade de uma janela que cai em via pública, mesmo que não
haja nenhum indícioque há necessidade do reparo, basta ter causado o dano para se
caracterizar a responsabilidade, salvo em casos de força maior. Pouco importa há quanto
tempo eu tenha adquirido a propriedade, se a responsabilidade estiver sob minha
responsabilidade há um dia, a responsabilidade mediante a vítima é minha, mas ainda
permite uma ação regressiva contra o proprietário anterior.
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente
das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
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O habitante, neste dispositivo, é qualquer um, mesmo que diferente do proprietário.
Exemplo: eu alugo um apartamento e ponho um vaso de flores para pegar sol na calçada,
bate uma ventania e ele cai, a responsabilidade pela queda é minha, pois eu acondicionei o
vaso em local indevido, salvo se o efeito danoso ocorrer por força maior. Exemplo, eu
acondiciono o vaso próximo a janela e houve um terremoto, por isso o vaso caiu pela janela,
nesse caso trata-se de caso fortuito, ou força maior.
No caso de dificuldade de identificar de qual dos apartamentos caiu o objeto, todos os
moradores respondem, se for possível concluir que o objeto caiu do lado X, entre os andares
Y e Z a responsabilidade pode ser restringida aos moradores do lado X, andares Y e Z, não
afetando os demais moradores. Dentro desse grupo, pode-se haver uma investigação para
conhecer o responsável e lhe pedir a regressão do valor, mas perante a vítima, todos
respondem.
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	Noções introdutórias
	Pressupostos do dever de indenizar
	Ilicitude e culpa
	Ilicitude e dano
	Responsabilidade civil subjetiva
	Culpa
	Responsabilidade Civil Objetiva
	Risco
	Imputacao objetiva
	Excludentes da ilicitude
	Nexo de causalidade
	Exclusao do nexo de causalidade
	Requisitos
	Fortuito interno e externo
	Responsabilidade subjetiva ou objetiva
	Hipoteses de exclusao do nexo de causalidade
	Dano
	Conceito de dano na doutrina
	Tipos de dano
	Funcao fundamental da responsabilidade civil
	Reparacao do dano
	Indenização
	Morte
	Lesao fisica
	Lesao fisica e inabilitacao para o trabalho
	Responsabilidade Civil Objetiva no CCB
	Responsabilidade pelo risco da atividade
	Responsabilidade pelo fato do produto
	Responsabilidade pelo fato de outrem
	Responsabilidade pelo fato da coisa

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