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ALVES, Lourdes (200x) Cultura colaborativa

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A cultura colaborativa inspirando novos valores e 
possibilidades de mudança. 
 
 
Lourdes Alves de Souza 
 
 
Introdução 
 
O modelo de desenvolvimento adotado no século XX promoveu o 
agravamento das desigualdades, ampliando a pobreza e a exclusão 
em todo o mundo. Mais de um bilhão de seres humanos vivem na 
pobreza abjeta, mais de 120 milhões estão desempregados e muitos 
mais subempregados. – Estamos diante de uma crise moral e ética 
acompanhada da violência e criminalidade, agravada pela ruptura dos 
laços de vizinhança e o aumento dos conflitos interétnicos. – Este 
panorama é mundial e isso nos inclui em todos os aspectos. 
 
Uma nova visão de Desenvolvimento Social vai além de investimento 
em crescimento Econômico. Atua na perspectiva do desenvolvimento 
humano, que transcende a idéia de garantia das necessidades 
básicas, consiste no alcance, no domínio de cada um, do seu próprio 
desenvolvimento e na capacidade de contribuir para o progresso da 
sociedade em que vive de forma contínua e responsável. 
 
A reflexão de Educação para o Século XXI, da comissão de educação 
da UNESCO, está referenciada por essa visão de desenvolvimento 
social. “A Educação deve ser encarada no quadro de uma nova 
problemática, em que não apareça apenas como um meio de 
desenvolvimento, entre outros, mas como um dos elementos 
constitutivos e uma das finalidades essenciais desse 
desenvolvimento”. 
 
No Brasil, após 21 anos de ditadura, o ano de 1985 marca o inicio da 
redemocratização, expressa pelo direito de voto, elaboração da nova 
constituição nacional e maior participação na vida política do país. – É 
momento de grande mobilização da sociedade civil na busca de 
soluções para os problemas sociais. Lideranças comunitárias criam 
associações em fins lucrativos para lograr êxito em suas causas. É 
nesse contexto que se configura o denominado terceiro setor. 
 
A década de 90 é o marco de consolidação de organização do 
“Terceiro Setor” e de interface entre a iniciativa privada, poder público 
e sociedade civil a fim de compor e propor soluções para os graves 
problemas sociais. 
 
Na busca de sinergia e fortalecimento, as organizações da sociedade 
civil são responsáveis pelas primeiras iniciativas de organização em 
rede no país e ainda hoje representam a maioria quantitativamente 
falando e do ponto de vista de identificação ideológica. 
 
A organização em rede é uma estratégia de fortalecimento político e 
social e que na sua complexidade, dada a diversidade, os princípios 
de equidade e democracia, educa para o desenvolvimento social 
sustentável e gera a cultura colaborativa. 
 
Segundo Morin, a cultura é constituída pelo conjunto dos saberes, 
fazeres, regras, normas, proibições, estratégias, crenças, idéias, 
valores, mitos, que se transmite de geração em geração, se reproduz 
em cada indivíduo, controla a existência da sociedade e mantém a 
complexidade psicológica e social. 
 
Desse modo, a nossa forma de pensar, sentir, fazer e agir, que são as 
nossas lentes, nosso modo de ver e ser, está ou esteve referenciada 
pela Estrutura de Organização Piramidal, que gera e mantém 
fortalecida a cultura competitiva. 
 
Portanto, mudança para uma perspectiva colaborativa é a inversão da 
lógica da organização piramidal, cuja estrutura está baseada na 
hierarquia, na obediência e na centralização do poder, para outra, 
orientada pela horizontalidade, valores de solidariedade e da 
cooperação. – É forjar a partir da experiência, da vivência coletiva uma 
outra e nova forma de organização e de relacionamento entre os 
interessados na mudança, o que justifica sublinhar, a necessidade de 
mudança na forma de sentir, pensar, falar e agir. 
 
A organização em Rede geradora da cultura colaborativa se apresenta 
como uma tecnologia social viável, tanto do ponto de vista sócio – 
político, função educativa, processo de humanização e expansão da 
consciência sobre o papel da Educação e do Educador no 
Desenvolvimento Social. 
 
 
Modelo de Estrutura Piramidal 
 
Significa, em texto elaborado por Chico Whitaker: 
 O poder concentrado no topo da pirâmide; 
 A informação é usada como forma de poder; 
 A decisão está concentrada no topo da pirâmide; 
 A participação por vezes não é compromisso da pessoa ou da 
Organização; 
 Relação de subordinação, os de baixo aceitam o que vem de cima; 
 A responsabilidade é do chefe e etc. 
 
Havemos de reconhecer, mesmo com vistas à possibilidade de 
mudança, que nossa experiência de relacionamento em todos os 
sentidos, tem raízes na matriz piramidal, e fica evidenciado nas 
relações de trabalho, na vida familiar e na nossa formação e atuação 
profissional. – Conseqüentemente, também se reflete na educação. 
 
Sem grandes esforços infelizmente, a maioria de nós tem exemplos de 
experiências no trabalho, em suas equipes e relação com seus 
superiores, que reproduz de forma clássica a estrutura piramidal. – A 
queixa generalizada, seja de profissionais da educação ou da saúde, 
para não particularizar o problema, é a dificuldade de trabalhar em 
equipe, a falta de informação e as decisões serem de cima para baixo. 
O efeito é visível no “clima”, no nível de insatisfação, é freqüente o 
individualismo, o isolamento, a superficialidade nos relacionamentos, a 
resistência na participação e envolvimento em propostas que venha da 
cúpula. Resumidamente podemos chamar de apatia e insatisfação. 
A cultura organizacional é oriunda do modelo de organização social, 
portanto, a mudança de uma reflete e muda a outra. – A qualidade das 
relações e dos vínculos possíveis, tem origem no modelo mental que 
considera as partes e não a relação entre elas, que funciona sob a 
ótica binária, ou é isso ou é aquilo, ou é amigo ou inimigo. – Esse 
modelo fragmentado e de rotinas defensivas, julgamentos e 
generalizações, inviabiliza a aprendizagem em equipe e outras formas 
de convivência necessárias ao processo de mudança. 
 
Durante muito tempo à educação teve como papel primordial à 
instrução, o repasse de conteúdo, a transmissão de saberes acabados 
e inquestionáveis e também a preocupação de formar pessoas para o 
mercado. – É muito recente, mas animador o movimento de 
educadores que modelam e transformam a educação colocando no 
centro das preocupações a pessoa, o sujeito, o cidadão autônomo, 
que nutre seus próprios sonhos, que tem desejos de mudança, 
necessidades singulares e função social. 
 
 
Contexto histórico de criação do Programa Rede Social 
 
Na qualidade de Educadora Social, escrever sobre a Rede Social e a 
Cultura Colaborativa em certa medida é também registrar a minha 
trajetória de vida profissional no Senac São Paulo nos últimos nove 
anos, articulando e fomentando Redes Sociais. 
 
Compartilhar esse conhecimento é, portanto, compromisso e ao 
mesmo tempo oportunidade de disseminar conceitos e valores 
apreendidos da Cultura Colaborativa gerada a partir das Redes, com a 
esperança de que possa servir de inspiração para outros educadores 
sociais, que assim como eu anseiam por um mundo melhor. 
 
O Programa de Rede Social do Senac-SP existente a mais de nove 
anos é fruto de um processo reflexivo, consciente e comprometido da 
equipe que atualmente compõe a Gerência de Desenvolvimento 
Social. – Até então, o relacionamento de mais de duas décadas com 
as comunidades tentou garantir a realização de cursos gratuitos de 
qualidade para a população de menor poder aquisitivo a partir do 
relacionamento com Organizações de Base Comunitária. – Essa 
fórmula teve a função de contribuir com a diminuição do desemprego, 
de qualificar mão de obra e fundamentalmente potencializar a 
capacidade de trabalho e renda dos atendidos. 
 
O relacionamento com as organizações sociais nas comunidades, foi 
pouco a pouco, sendo modificado. Num primeiro momento, ao invés 
de oferecer cursos do nosso portfóliopara uma determinada 
comunidade, passamos á reunir as várias lideranças locais com o 
propósito de conhecer as necessidades e as potencialidades locais, e 
oportunamente disponibilizar o curso que atendesse a real 
necessidade. Por outro lado, a proximidade nos possibilitou perceber a 
necessidade de profissionalização dessas Organizações Sociais, que 
buscava no Senac uma forma de atender melhor a sua comunidade. 
 
Aconteceu num bairro próximo a Diadema, uma grande quebra de 
paradigma, o que seria mais uma reunião com organizações sociais, 
com apresentações, discussões e deliberações do que o Senac 
poderia oferecer, deu-se o inesperado: eram todos residentes do 
mesmo bairro, que atendiam a mesma comunidade e com dificuldades 
muito semelhantes e que estranhamente não se conheciam. À medida 
que foram convidadas a se apresentarem e falar sobre o que faziam 
isso foi ficando evidente e as pessoas começaram a se dar conta das 
“possibilidades” de complementaridade e parcerias lá, no próprio local. 
 
Daquele momento em diante, e de forma intencional as reuniões 
tinham o propósito de promover a interação entre os participantes e 
buscar conectividade entre os projetos, os talentos, as competências e 
identificação de objetivos comuns. – A partir desses passos criamos a 
metodologia que orienta a formação e a articulação das Redes Sociais 
no Senac. 
 
Metodologia para Formação e Articulação de Redes Sociais 
 
A partir do Passo 1, os demais passos não seguem, necessariamente, 
uma ordem linear, constituindo-se, porém, num entrelaçamento 
contínuo e dinâmico que resulta na constituição da rede. 
 
Ressaltamos que os Passos "Novo Compromisso" e "Ação" são 
fundamentais para a constituição de uma Rede Social no modo como 
a concebemos. 
 
1 - Reunião/ Espaço comum (presencial ou virtual) 
Formação dos elos entre os componentes 
 
2 - Identificação/ Conhecimento mútuo 
Estabelecimento de diagnósticos 
 
3 - Proposição/ Estabelecimento das visões de mundo 
Propostas 
 
4 - Composição/ Estabelecimento de parcerias 
Definição da missão 
 
5 - Novo Compromisso/ Definição do projeto ou ação 
Formação do compromisso conjunto 
Estabelecimento de objetivos e metas 
Ação/ Realização do planejamento 
Avaliação dos resultados 
 
Atualmente são 33 Redes Sociais organizadas no Estado de São 
Paulo, participam desse processo 747 Organizações, 99 projetos 
estão em andamento e mais de 100 já foram implementados. 
 
As Redes fomentadas pelo Senac têm como mediador um membro da 
equipe de desenvolvimento social, o qual assume um papel de 
importância organizacional e de referência ética e de valores que 
sustentam a ação. Em outras iniciativas, o mediador/educador social, 
pode ser escolhido pelo grupo participante, de todo modo ele deve ser 
reconhecido pelos componentes e preparado para facilitar a 
construção de algo que é novo e muito maior que todos 
individualmente. Site www.sp.senac.br/redesocial 
 
 
A estrutura horizontal como forma de organização. 
 
A Rede é composta por Organizações de Base Comunitária, 
Organizações privadas e Públicas, sendo a primeira em maior número. 
Essa composição inaugura a possibilidade de um diálogo entre 
diferentes e que na perspectiva do ganha – ganha. Para melhor 
exemplificar, todos os envolvidos disponibilizam o que tem de melhor e 
todos devem se beneficiam de acordo com suas necessidades. Nessa 
perspectiva são construídas as relações de confiança entre governo 
local, sociedade civil e Iniciativa privada, que a partir de suas 
experiências de trabalho conjunto criam novos valores e princípios de 
relacionamento. 
 
Há uma movimentação, uma fluidez nessa participação, entram e 
saem pessoas em função do entendimento, da expectativa, também 
por não acreditarem na proposta e outras circunstâncias. – Em geral 
são mais freqüentes e assumem responsabilidades as organizações 
cuja prática tende a horizontalidade. 
 
A participação na Rede é livre e voluntária, se dá por escolha própria, 
isso significa dizer participação consciente. – Quem decide pela 
participação em geral se identifica com a proposta, tem envolvimento e 
assume compromissos e responsabilidades. Participantes 
conscientes são curiosos, abertos para as possibilidades de mudança, 
dispostos a interagir e pensar “fora da caixa”. Em outras palavras, 
pensar a partir de novos referenciais, olhar as mesmas questões por 
diferentes ângulos, usa a indagação para conhecer outros pontos de 
vista e nesse sentido, é grande o espaço para inovar. Isso cria uma 
vantagem potencial sobre o modelo a ser superado. 
 
A estrutura horizontal como forma de organização, é o principio que 
coloca a todos em pé de igualdade, nenhuma idéia, opinião ou 
vontade deve prevalecer em função do interesse individual, ou 
alimentar privilégios tomando como referência o nível intelectual, 
gênero, posição política, raça ou credo. – Mais uma vez o diálogo e a 
discussão se apresentam para dar forma e sustentação a 
horizontalidade que vai sendo experimentada e reconhecida como um 
valor importante, pouco a pouco. 
 
É na realização de tarefas, na capacidade de cooperar de um grupo 
ou comunidade que se cria uma identidade comum e fortalece-se a 
confiança e o compromisso com a coletividade. – Pintar uma escola, 
organizar uma coleta seletiva no bairro, após um estudo da realidade é 
uma das mais belas experiências de cidadania e empoderamento de 
um grupo ou comunidade. A essa altura, valores de solidariedade e 
cooperação já foram incorporados pelo coletivo e fica valendo a 
perspectiva Ganha - Ganha. 
 
Por vezes esperamos mesmo em situações mais democráticas que 
alguém faça, escolha, assuma e responsabilize-se em nosso lugar, por 
isso, é necessário estarmos acordados individualmente e com os 
demais companheiros. A cultura colaborativa depende do sucesso da 
horizontalidade para se estabelecer e promover mudanças. 
 
Portanto, mudanças na perspectiva da cultura colaborativa é a 
inversão da lógica da cultura competitiva apreendida como paradigma. 
É forjar a partir da experiência, da vivência coletiva uma outra e nova 
forma de organização e de relacionamento entre os interessados na 
mudança, o que justifica sublinhar, uma vez mais, a necessidade de 
mudanças na forma de sentir, pensar, falar e agir. 
 
Segundo Whitaker significa na prática: 
 Desconcentração do poder. 
 Circulação livre da Informação. 
 Não tem um dono, não tem chefe. 
 Poder exercido por todos e por cada um. 
 A decisão é negociada, entendimento pelo Diálogo. 
 A participação é livre e voluntária 
 Relação igualitária exige mais paciência, mais tempo, mais prazo, 
mais respeito. 
 A responsabilidade e as tarefas são compartilhadas por todos. 
 
Considerando que esse é um processo que se constrói no médio e 
longo prazo, e como necessariamente depende do envolvimento das 
pessoas e da relação horizontal entre elas, educar, educar, e 
educarmo-nos continuamente faz parte integrante do que entendo 
como edificação do “Ser autônomo” e do “Desenvolvimento Social”. 
 
Para tanto, muito investimento será despendido e parte dele será em 
formação do educador que media, que facilita e anima os processos. - 
São muitos os conhecimentos, habilidades e atitudes colocadas em 
curso para a realização desse propósito. 
 
Em minha experiência como mediadora/educadora e fazendo parte de 
uma grande equipe de mediadores/educadores, identifico duas 
dimensões desse fazer que me servem como direção; a) acreditar e 
viver os princípios e valores da horizontalidade e b) humanizar os 
relacionamentos. 
 
Talvez possa parecer óbvio que o educador tenha que estar alinhado 
aos princípios da horizontalidade para exercer a sua função, mas 
como fazê-lo, como prepará-lo, talvez não. Quais competências 
precisam ser desenvolvidas? Que áreas de conhecimento 
contribuem? O que éimportante conhecer, saber, ser? 
 
Há muito que saber, conhecer sobre Cultura de Paz, Educação para o 
Século XXI, Terceiro Setor, Meio Ambiente, Comportamento Humano, 
Desenvolvimento Social, Economia Solidária e História, Sociologia, e 
Política. – São essas às áreas de conhecimento que mais tem me 
oferecido informações úteis para refletir sobre essa atuação. 
Como ferramenta ou instrumento de trabalho de facilitação, é 
importante o domínio de técnicas de Mediação de Conflitos, Técnicas 
de Diálogo, de Investigação Apreciativa, Técnicas de Dinâmica de 
Grupo e Jogos Cooperativos, tudo isso ou parte disso considere como 
sugestões, pois será acrescentado a isso, as suas experiências, 
vivências e saberes acumulados ao longo do seu processo de 
desenvolvimento profissional. 
 
Quanto ao aspecto da humanização dos relacionamentos, me refiro a 
todas as palavras, gestos, ações que possam contribuir para 
aproximar, acolher, reconhecer, animar, incluir, tolerar, emocionar as 
pessoas, tornando esse convívio um – novo – modo – de – ser – e – 
ver. 
 
O Papel da Educação no contexto de Desenvolvimento Social 
 
A Educação para o século XXI tem um papel essencial no 
desenvolvimento contínuo na condução de um desenvolvimento 
humano, capaz de dar sentido e criar conectividade entre 
conhecimento, habilidades e atitude. Tecer redes de solidariedade 
entre as pessoas, fortalecendo o sentido de coletividade e de 
interdependência, tudo está ligado a tudo e existe em relação ao outro. 
– Portanto, ela tem em si responsabilidade na edificação de um “Ser 
Autônomo e um Mundo Solidário”. 
 
Educação, um Tesouro a Descobrir é um compilado do relatório para a 
UNESCO da comissão sobre Educação para o século XXI, se tornou 
uma importante referência mundial para a educação e para 
educadores. O resumo abaixo pode ser encontrado no site do comitê 
para a Década de Cultura de Paz – www.comitepaz.org.br foi 
elaborado pela comissão de educação. No documento original, são 
quase 300 páginas de reflexões, estudo e propostas para a educação 
ao longo de toda a vida. Nesse contexto entendo que deva ser 
apresentado como tal. 
 
As missões da educação fazem com que englobe todos os processos 
que levem as pessoas, desde a infância até ao fim da vida, a um 
conhecimento dinâmico do mundo, dos outros e de si mesmas, 
combinando de maneira flexível quatro aprendizagens fundamentais: 
 
Aprender a Conhecer 
Supõe, antes de tudo, aprender a aprender, exercitando a atenção, a 
memória e o pensamento. O processo de descoberta implica duração 
e aprofundamento da apreensão. 
Aprender a Fazer 
Combina a qualificação técnica e profissional, o comportamento social, 
a aptidão para o trabalho em equipe, a capacidade de iniciativa, o 
gosto pelo risco. Qualidades como a capacidade de comunicar, de 
trabalhar com os outros, de gerir e de resolver conflitos, tornam-se 
cada vez mais importantes. A aptidão para as relações interpessoais, 
cultivando qualidades humanas que as formações tradicionais não 
transmitem necessariamente e que correspondem à capacidade de 
estabelecer relações estáveis e eficazes entre as pessoas. 
Aprender a Viver Juntos 
Aprender a viver com os outros desenvolvendo a compreensão do 
outro e a percepção das interdependências - realizar projetos comuns 
e preparar-se para gerir conflitos - no respeito pelos valores do 
pluralismo, da compreensão mútua e da paz. 
Aprender a Ser 
Para o desenvolvimento da personalidade individual e da capacidade 
de autonomia, discernimento e responsabilidade pessoal. 
Esses são parâmetros que inspiram e contribuem na formação do 
mediador/educador social e com os princípios que sustentam a Rede 
Social e a cultura colaborativa. 
 
 
Criando a Cultura Colaborativa 
 
No meu modo de ver, o ideal de transformação social, está 
fundamentalmente condicionado á mudança das pessoas na forma de 
sentir, pensar, sonhar, falar e viver a sua cidadania, o senso de 
coletividade, de responsabilidade e participação social. 
 
A cultura colaborativa é um valor, uma crença, uma aposta na 
capacidade das pessoas e das organizações de promoverem á 
transformação social a partir da cooperação, da solidariedade, da 
identificação conjunta de problemas e soluções, fundamentada na 
relação de ganha - ganha. Essa é a relação desejável e que deve 
permear as relações de parceria, que são baseadas na relação de 
confiança. 
 
Os protagonistas da mudança criam novas condições de 
aprendizagem e desenvolvem seus talentos, novas competências a 
partir da troca de experiências, no compartilhamento de 
conhecimentos acumulado pelo conjunto. Em geral aceitam o erro 
como parte da aprendizagem, potencializam os ganhos advindos da 
diversidade e criam estrutura para acolher o novo. 
 
Peter Senge faz uma contribuição muito interessante no seu livro “A 
Quinta Disciplina” para melhor entender as organizações que 
aprendem e que podemos transpor para o nosso foco de interesse. É 
possível identificar cada um deles em diferentes momentos de 
evolução da Rede Social e na expressão da cultura. 
 
Domínio Pessoal – pessoas com um alto nível de domínio pessoal 
aprenderam a perceber e trabalhar com as forças da mudança, em 
vez de resistir a elas. São profundamente curiosas continuamente 
comprometidas a ver a realidade de uma forma cada vez mais precisa. 
Na fábula, “Aprendendo além dos Lobos” o rebanho de ovelhas, não 
tem dúvidas de que estão predestinados a serem “comida de lobo”. 
Até que uma ovelha confessa a sua indignação e entra em ação, 
coloca dúvida nessa verdade, convida para pensar diferente e age 
para solucionar o problema. – O filme “Doze Homens e uma 
Sentença”, também tem uma situação em que um homem de alto nível 
de domínio pessoal faz a diferença pela participação e inquietação 
com os fatos. – Outro exemplo conhecido está no filme “Bagda Café”, 
que uma personagem com alto nível de domínio pessoal chega e faz a 
mágica da mudança acontecer. Esses protagonistas estão por toda a 
parte e participando voluntariamente e de forma consciente das redes 
de solidariedade. 
 
Modelos Mentais – são imagens internas profundamente arraigadas 
sobre o funcionamento do mundo que nos limitam a formas bem 
conhecidas de pensar e agir. São ativos que moldam nossa 
percepção, nossa forma de agir, fazer e ver. 
E que modelo mental é esse? Trata-se do modelo mental da 
separação, da exclusão com o qual estamos condicionados. - OU/OU: 
ou isso ou aquilo; ou amigo ou inimigo; ou bem ou mal; ou eu ou o 
outro; ou você está comigo ou está contra mim. O diálogo, a 
indagação, a negociação são fundamentais para que o nosso modelo 
mental sofra mudanças. 
Por vezes é o modelo mental de uma pessoa ou de um grupo de 
pessoas que não favorece a mudança em processos grupais. Se o 
meu modelo mental, em função de um fato, não acreditamos que é 
possível promover a mudança social, a minha ação com relação aos 
outros vai confirmar o meu modo de ver. 
 
Visão Compartilhada – Não é uma idéia, é uma força no coração das 
pessoas, uma força de impressionante poder. Pode ser inspirada por 
uma idéia, mas quando evolui (com apoio de mais de uma pessoa) 
deixa de ser abstração. Torna-se palpável. As pessoas começam a 
viver o sonho. 
Uma rede começa a ser tecida quando a visão é compartilhada, a 
partir de um sonho inicial de uma pessoa ou de um grupo e que por 
identificação se transforma no sonho de todos. Exemplos clássicos de 
visão compartilhada foram os movimentos de não violência, no início 
liderados por Martin Luther King nos Estados Unidos e Mahatma 
Gandhi na Índia. Uma idéia, um sonho que transformou o modo de 
vida e a realidade de milhões de pessoas. 
 
Aprendizagem em equipe – é o processo de alinhamento e 
desenvolvimento da capacidade da equipe de criar os resultados que 
seus membros realmente desejam. 
“Quase todosnós, em alguma época, fizemos parte de uma grande 
equipe, um grupo de pessoas que faziam alguma coisa juntas de 
maneira extraordinária – que confiavam umas nas outras, que 
complementavam suas forças e compensavam suas limitações, que 
tinham um objetivo comum maior que os objetivos individuais e que 
produziam resultados extraordinários”. 
O sucesso do trabalho em equipe depende de um conjunto de 
competências que se somam no coletivo. É um exercício constante de 
disciplina, colaboração, respeito com o outro, de abertura para o 
diálogo como forma de entendimento e atitude de cuidado com o outro 
e a clareza sobre os resultados que querem obter. 
A horizontalidade das redes cria uma condição favorável para o 
trabalho em equipe, a visão compartilhada, a atitude protagonista, o 
pensamento sistêmico e a mudança na forma de sentir, pensar, falar e 
agir. 
 
Pensamento Sistêmico – é uma disciplina para ver o todo. É um 
quadro referencial para ver inter-relacionamentos, ao invés de 
eventos; para ver os padrões de mudança, em vez de fotos 
instantâneas. – É o modelo mental que considera não apenas as 
partes, mas a relação entre elas. 
A Floresta com toda a sua diversidade, o corpo humano na sua 
complexidade, são exemplos de um sistema, de um conjunto de partes 
que interagem com um objetivo comum. – o mesmo pode-se dizer das 
redes que se mantém renovado o compromisso de torno de um 
objetivo comum. 
 
“Uma das mais belas compensações desta vida é que nenhum homem 
pode sinceramente tentar ajudar outro sem ajudar a si próprio” Ralph 
Waldo Emerson 
 
O entendimento a partir do Diálogo 
 
 
“Em um diálogo não há a tentativa de fazer prevalecer um ponto de 
vista particular, mas a de ampliar a compreensão de todos os 
envolvidos” David Bohm 
 
Se perguntados, num primeiro momento acreditamos que sabemos 
dialogar e que não há muito para aprender a esse respeito nos 
encontros da Rede Social. Se você também pensa assim, pode estar 
muito enganado, eu estava! – O treino que fazemos ao longo da nossa 
vida estudantil, profissional e até mesmo familiar é defender nossos 
pontos de vista, argumentar para impor nossas convicções e nos 
tornarmos eficientes oradores, em escala bem menor nos preparamos 
para ouvir, e ouvir para compreender o ponto de vista do outro. Até, 
mesmo quanto não concordamos, mas compreendemos o ponto de 
vista que nos é apresentado, porque fomos capazes de ouvir a ponto 
de nos colocar no lugar do outro, e compreender as suas razões, há 
grande chance de identificação, de aprendizagem e de acolhimento. 
 
O Diálogo é uma experiência enriquecedora de autoconhecimento e 
conhecimento do outro. Por meio do diálogo um grupo, ocupado na 
construção de uma nova Cultura, aprende a decidir depois de 
conhecer todos os pontos de vista, tornando desnecessário o recurso 
do voto. O voto por maioria, nesse novo processo não tem nenhuma 
contribuição, muito pelo contrário, alimenta a discórdia, e a 
competição. 
A discussão não se apresenta como contraposição ao diálogo, ela 
acontece após, permitindo que o coletivo decida e dê 
encaminhamento ao que foi acordado democraticamente. O Diálogo é 
próprio da Democracia, permite a inclusão de todos e de cada. 
 
Para mencionar um exemplo, dos princípios da Cultura de Paz. 
“O Manifesto 2000 por uma Cultura de Paz e Não - Violência”, é um 
Guia elaborado por laureados do prêmio Nobel da Paz e endossado 
por milhões de pessoas no mundo que se comprometem a cumprir os 
seis pontos descritos abaixo. 
 Respeitar a Vida 
 Rejeitar a Violência 
 Ser Generoso 
 Ouvir para compreender 
 Preservar o Planeta 
 Redescobrir a Solidariedade 
 
O Manifesto 2000 ajuda na compreensão e fortalecimento da Cultura 
Colaborativa, é desejável que possamos ouvir uns aos outros, que 
solucionemos os problemas de forma não violenta, que a 
solidariedade, a generosidade paute nossas ações e que o respeito ao 
planeta e a toda espécie de vida sejam a nossa visão inegociável de 
futuro. 
 
Dois autores me permitiram compreender o conceito do Diálogo e os 
meus pares a prática. 
O quadro abaixo foi elaborado por Humberto Mariotti, autor de vários 
textos sobre esse tema, em pesquisa da obra de David Bohm. 
 
 
Diálogo Discussão 
 Abrir questões 
 Mostrar 
 Estabelecer relações 
 Compartilhar idéias 
 Questionar/aprender 
 Compreender 
 Vê Interação partes/todo 
 Faz emergir idéias 
 Busca pluralidade 
 
 Fechar questões 
 Convencer 
 Demarcar posições 
 Defender idéias 
 Persuadir e ensinar 
 Explicar 
 Visa as partes em 
separado 
 Descarta idéias 
 Busca acordos 
 
 
“O diálogo não é apenas falarmos uns com os outros. Mais que falar, é 
uma maneira especial de ouvirmos aos outros – ouvir sem resistência 
– é ouvir de um ponto onde estamos dispostos a ser influenciados”. 
(Sarita Chanila) 
 
O educador social que media processos de aprendizagem em equipe 
é antes um facilitador, um animador, que tem como principal atividade 
humanizar os relacionamentos ajudando a construir uma nova 
experiência baseada na colaboração e nos princípios da 
horizontalidade. Ele deve ser capaz de ajudar o grupo a chegar onde 
deseja chegar. Os caminhos são delineados passo a passo de acordo 
com as escolhas e estratégias do grupo e dos resultados que desejam 
alcançar. 
 
Educador Social no Brasil é: 
Um Revolucionário na essência, alguém que Acredita em mudanças; 
Um idealista, um Crente, que acima de tudo acredita em si mesmo e 
na força transformadora de todas as pessoas. 
Alguém interessado em Avançar para além da mediocridade. Alguém 
comprometido com Mudanças sociais profundas! Ou deveria ser. 
Alguém que trabalha com princípios da Horizontalidade na relação 
com o outro. 
 
 
 
 
 Bibliografia: 
 Leonardo Boff – Obra: Saber cuidar – Ética do humano compaixão 
pela terra – Editora Vozes 
 Jacques Delors, – Obra: Educação – Um tesouro a descobrir – 
Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre 
Educação para o Século XXI - Editora Cortez – UNESCO – MEC - 
6ª edição 
 Larissa Costa, Cássio Marinho, Jorg Fecuri – Obra: REDES – uma 
introdução äs dinâmicas de conectividade e de auto-organização 
Editora: WWF – Brasil / www.wwf.org.br 
 Peter Senge – Obra: A Quinta Disciplina 
 Lia Diskin e Laura Gorresio Roizman – Obra: Paz: Como se faz? 
Semeando cultura de paz nas escolas. - Editora: Palas Athena 
 Edgar Morin – Os Sete Saberes necessários ä Educação do Futuro 
– Editora Cortez

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