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ESPIRITUALIDADE DE PACIENTES RENAIS CRÔNICOS SUBMETIDOS A TRATAMENTO HEMODIALÍTICO

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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA - UNOESC
CAMPUS SÃO MIGUEL DO OESTE
ÁREA DAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE ENFERMAGEM
KELIN SIGNOR MARMITT
TAILINE CRISTINA DE LUCCA
ESPIRITUALIDADE DE PACIENTES RENAIS CRÔNICOS SUBMETIDOS A TRATAMENTO HEMODIALÍTICO 
São Miguel do Oeste - SC
2016
KELIN SIGNOR MARMITT
TAILINE CRISTINA DE LUCCA
ESPIRITUALIDADE DE PACIENTES RENAIS CRÔNICOS SUBMETIDOS A TRATAMENTO HEMODIALÍTICO 
Trabalho de Conclusão de Curso de Enfermagem da UNOESC – Universidade do Oeste de Santa Catarina Campus de São Miguel do Oeste, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem.
Professor Orientador: Profª. Drª. Sirlei Favero Cetolin
São Miguel do Oeste - SC
2016�
KELIN SIGNOR MARMITT
TAILINE CRISTINA DE LUCCA
ESPIRITUALIDADE DE PACIENTES RENAIS CRÔNICOS SUBMETIDOS A TRATAMENTO HEMODIALÍTICO 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Enfermagem, Área das Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade do Oeste de Santa Catarina, Campus São Miguel do Oeste, como requisito para obtenção do Grau de Bacharel em Enfermagem.
Aprovado em: ___/___/_____
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Orientadora: Drª. Sirlei Favero Cetolin
Universidade do Oeste de Santa Catarina
__________________________________________________
Membro da Banca Examinadora: Enfª. Carmelita Maria Schneider
Universidade do Oeste de Santa Catarina
__________________________________________________
Convidado: Gerson Luiz Weissheimer
Médico
Dedicamos as nossas famílias e amigos, pelo apoio recebido ao longo da graduação e para a conclusão da mesma, especialmente com o trabalho aqui apresentado. Aos mestres que tanto nos ensinaram com empenho incansável. 
AGRADECIMENTOS
Primeiramente а Deus que permitiu que tudo isso acontecesse, ao longo de nossas vidas, е não somente nestes anos como universitárias, mas que em todos os momentos é o maior Mestre que alguém pode conhecer.
Aos nossos pais e irmãs, pelo amor, incentivo е apoio incondicional.
É difícil agradecer todas as pessoas que de algum modo, nos momentos serenos e ou apreensivos, fizeram ou fazem parte da nossa vida, por isso primeiramente agradecemos a todos de coração.
Agradecemos а todos оs professores pоr nos proporcionarem о conhecimento, nãо apenas racional, mаs а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо processo dе formação profissional, pоr tanto que sе dedicaram а nós, nãо somente pоr terem nos ensinado, mаs por terem nos feito aprender. А palavra mestre, nunca fará justiça аоs professores dedicados аоs quais sеm nominar terão оs nossos eternos agradecimentos.
A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da nossa formação, о nosso muito obrigada.
Paz, eis a grande riqueza da vida.
(Autor Desconhecido)
RESUMO
Com o objetivo de avaliar a importância da espiritualidade no tratamento das pessoas submetidas ao tratamento hemodialítico e utilizando-se da metodologia quantitativa, além do BMMRS-p (Medida Multidimensional Breve de Religiosidade Espiritualidade), questionário já validado no Brasil no ano de 2013. Em relação ao universo de pesquisa, há 104 pacientes usuários dos serviços da clínica renal, para a amostra entrevistou-se trinta pacientes sem distinção de sexo, idade, classe social, credo ou nível de escolaridade. Foram escolhidos trinta pacientes a fim de tornar a pesquisa mais ágil, mas sem deixar de levar em conta a opinião de um número considerável de pessoas. Os participantes da entrevista foram 16 homens e 14 mulheres, sendo o mais jovem com 29 anos e o mais velho com 80 anos de idade. Quanto ao estado civil, 64% são casados; 13% viúvos; 13% divorciados e 10% solteiros. O grau de escolaridade tem profundo impacto quanto à racionalização da real situação, 73% possuem o nível fundamental; 10% são analfabetos, enquanto os 27% restantes dividem-se em ensino médio completo, superior completo e não respondido. Conclui-se que é necessária a ampliação de estudos que valorizem o ser humano e sua espiritualidade.
Palavras-chave: Espiritualidade. Diálise Renal. Enfermagem.
LISTA DE QUADROS E ILUSTRAÇÕES
	Quadro 1 -
	Conceitos de religiosidade e espiritualidade............................... 
	21
	
	
	
	Gráfico 1 -
	Mostra de pacientes por idade....................................................
	26
	Gráfico 2 -
	Frequência com que sentem a presença de Deus......................
	27
	Gráfico 3 -
	Frequência com que encontra força e conforto na religião.........
	28
	Gráfico 4 -
	Frequência com que sente paz interior ou harmonia..................
	29
	Gráfico 5 -
	Desejo estar próximo ou em união com Deus............................
	29
	Gráfico 6 -
	Frequência com que sente o amor de Deus, diretamente ou por meio dos outros.....................................................................
	
30
	Gráfico 7 -
	Frequência com que sou espiritualmente tocado pela beleza da criação....................................................................................
	
31
	Gráfico 8 -
	Sobre a crença de ser cuidado por Deus....................................
	32
	Gráfico 9 - 
	Sobre a responsabilidade em reduzir a dor e o sofrimento no mundo..........................................................................................
	
32
	Gráfico 10 - 
	Se tem se perdoado pelas coisas que tem feito errado..............
	33
	Gráfico 11 -
	Se tem perdoado os que o tem ofendido....................................
	34
	Gráfico 12 - 
	Sobre o conhecimento acerca do perdão de Deus.....................
	35
	Gráfico 13 - 
	Frequência com que reza (ora) intimamente em lugares que não sejam igreja ou templo religioso...........................................
	
36
	Gráfico 14 -
	Frequência que medita, tem intimidade com Deus.....................
	36
	Gráfico 15 - 
	Frequência com que ouve programas religiosos na TV ou rádio..............................................................................................
	
37
	Gráfico 16 - 
	Frequência com que é lida a bíblia ou outra literatura religiosa (livros, jornais, revistas e folhetos) ..............................................
	
38
	Gráfico 17 - 
	Frequência com que são feitas orações ou agradecimentos antes ou após as refeições em sua casa.....................................
	
39
	Gráfico 18 -
	Se acredita que sua vida faz parte de uma força espiritual maior.............................................................................................
	
40
	Gráfico 19 - 
	Sobre o trabalho em união com Deus..........................................
	40
	Gráfico 20 -
	Se vê Deus como força, suporte e energia..................................
	41
	Gráfico 21 -
	Se sente que Deus o castiga por seus pecados ou falta de espiritualidade................................................................................
	
42
	Gráfico 22 -
	Se pergunta se foi abandonado por Deus..................................... 
	43
	Gráfico 23 -
	Se tenta entender o problema e resolvê-lo sem confiar em Deus..............................................................................................
	
43
	Gráfico 24 -
	O quanto sua religião está envolvida (interessada) na compreensão e na maneira de lidar com situações estressantes (difíceis)..........................................................................................
	
44
	Gráfico 25 - 
	Em caso de doença, quantas pessoas de sua comunidade religiosa o ajudariam......................................................................
	
45
	Gráfico 26 -
	Quanto de conforto seria recebido daspessoas da comunidade religiosa em uma situação difícil....................................................
	
46
	Gráfico 27 -
	Frequência com que é procurado(a) pelas pessoas da comunidade religiosa..................................................................... 
	
46
	Gráfico 28 -
	Frequência com que as pessoas de sua comunidade religiosa lhe criticam e as coisas que faz.....................................................
	
47
	Gráfico 29 -
	Se já teve alguma experiência religiosa ou espiritual que mudou a sua vida.......................................................................................
	
48
	Gráfico 30 -
	Idade em que ocorreu a experiência religiosa ou espiritual que mudou a sua vida...........................................................................
	
48
	Gráfico 31 -
	Se já teve alguma recompensa por sua fé....................................
	49
	Gráfico 32 -
	Idade em que ocorreu a recompensa............................................
	49
	Gráfico 33 -
	Se já teve alguma perda significativa da fé...................................
	50
	Gráfico 34 -
	Idade em que ocorreu a perda significativa da fé..........................
	50
	Gráfico 35 -
	Se tenta levar suas crenças religiosas ao longo da vida...............
	51
	Gráfico 36 -
	Sobre a contribuição para a comunidade religiosa ou para as causas religiosas...........................................................................
	
52
	Gráfico 37 -
	Horas semanais dedicadas às atividades da igreja ou que faz por razões religiosas/espirituais.....................................................
	
52
	Gráfico 38 -
	Sobre a frequência com que participa de serviços religiosos (rituais, missas, cultos, celebrações) ............................................
	
53
	Gráfico 39 -
	Além dos serviços religiosos, com que frequência participa de outras atividades da igreja e templos religiosos............................
	
54
	Gráfico 40 -
	Religião no momento.....................................................................
	55
	Gráfico 41 -
	Sobre a denominação evangélica..................................................
	55
	Gráfico 42 -
	Até que ponto se considera uma pessoa religiosa........................
	56
	Gráfico 43 -
	Até que ponto se considera uma pessoa espiritualizada...............
	57
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
	Art./Arts.
	Artigo/Artigos
	BMMRS-p
	Medida Multidimensional Breve de Religiosidade Espiritualidade
	CEMI
	Câmara dos Especialistas em Medicina Integrativa
	CEP 
	Comitê de Ética e Pesquisa
	CF
	Constituição Federal
	IBGE
	Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística
	OMS 
	Organização Mundial da Saúde
	R/E
	Religiosidade/Espiritualidade 
	SUS
	Sistema Único de Saúde 
	TCLE
	Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
	UFPE 
	Universidade Federal de Pernambuco
	UNOESC
	Universidade do Oeste de Santa Catarina
SUMÁRIO
121 INTRODUÇÃO	�
142 CONCEITO SAÚDE-DOENÇA	�
162.1 HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E O RESPEITO À ESPIRITUALIDADE DO PACIENTE	�
183 ESPIRITUALIDADE VINCULADA A DOENÇA	�
203.1 RELIGIÃO versus ESPIRITUALIDADE	�
234 METODOLOGIA	�
265 RESULTADOS DA PESQUISA	�
275.1 EXPERIÊNCIAS ESPIRITUAIS DIÁRIAS	�
315.2 VALORES/CRENÇAS	�
335.3 PERDÃO	�
355.4 PRÁTICAS RELIGIOSAS PARTICULARES	�
395.5 SUPERAÇÃO RELIGIOSA E ESPIRITUAL	�
455.6 SUPORTE RELIGIOSO	�
475.7 HISTÓRIA RELIGIOSA/ESPIRITUAL	�
515.8 COMPROMETIMENTO	�
535.9 RELIGIOSIDADE ORGANIZACIONAL	�
545.10 PREFERÊNCIA RELIGIOSA	�
565.11 AUTOAVALIAÇÃO GLOBAL DE RELIGIOSIDADE E ESPIRITUALIDADE	�
586 CONSIDERAÇÕES FINAIS	�
617 REFERÊNCIAS	�
658 ANEXOS	�
65ANEXO A 	�
68APÊNDICE A 	�
�
�
1 INTRODUÇÃO
Este Trabalho de Conclusão de Curso tem a finalidade de cumprir requisito para a obtenção de grau de Bacharel em Enfermagem pela Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC Campus de São Miguel do Oeste. O tema do estudo se volta para a área das Ciências Biológicas e da Saúde, contemplando a linha de pesquisa sobre filosofia, sociologia e antropologia social. 
O trabalho teve como objetivo geral avaliar a importância da espiritualidade no tratamento das pessoas submetidas ao tratamento hemodialítico e o interesse em abordar a espiritualidade dos pacientes surgiu a partir da constatação do grande número de pessoas em tratamento hemodialítico no extremo-oeste catarinense e por não se verificar, até o momento, a existência de estudos que elencassem o grau de espiritualidade desses pacientes de forma específica. 
Além disso, o estudo visa auxiliar, mesmo que de forma modesta, na compreensão do sofrimento enfrentado ao receber a notícia da patologia. Diante disso, optou-se por avaliar a importância da espiritualidade para os pacientes submetidos ao tratamento hemodialítico. 
O método da pesquisa realizada neste estudo foi uma entrevista com o questionário BMMRS-p (Medida Multidimensional Breve de Religiosidade Espiritualidade), semiestruturado, já validado no Brasil no ano de 2013 na Universidade Federal de Juiz de Fora, MG. 
O questionário foi aplicado a 30 trinta dos 104 pacientes em tratamento hemodialítico na Clínica Renal do Extremo-Oeste de Santa Catarina. Sem distinção de sexo, idade, credo, escolaridade ou estado civil. Foram escolhidos trinta pacientes a fim de tornar a pesquisa mais ágil, mas sem deixar de levar em conta a opinião de um número considerável de pessoas.
Participaram da pesquisa aqueles pacientes que encontravam-se fazendo hemodiálise no dia da aferição do questionário e aceitaram participar. O questionário foi aplicado durante o período de 13 a 31 de setembro de 2016, sempre nos dias da diálise, sendo: segunda, quarta e sexta-feira, com 3 turnos e terça, quinta-feira e sábado com 2 turnos diários. 
Na primeira parte deste trabalho, apresenta-se um resgate na literatura acerca da temática espiritualidade e enfermagem, utilizando-se de autores como Huf (2002), Padilha e Mancia (2005), Scliar (2007), Costa et al. (2009), Paula, Nascimento e Rocha (2009), Bloise (2011), entre outros. 
Na segunda parte, é apresentado o percurso metodológico para a realização da pesquisa de campo. 
Na terceira parte são apresentados os resultados obtidos através da análise dos dados.
Na sequência apresenta-se as considerações finais.
Por fim, são apresentadas as referências utilizadas no presente trabalho.
2 CONCEITO SAÚDE-DOENÇA
Em uma antiga definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde era considerada como a ausência de enfermidade, ou seja, doença, deficiência, ou invalidez. Posteriormente, o conceito foi modificado para “um completo estado de bem-estar físico, mental e social”. Entretanto, o que é um bem-estar completo e quais as dimensões do indivíduo nós profissionais de saúde devemos considerar? O corpo? As emoções? A espiritualidade? A vida social? (BLOISE, 2011). 
O conceito saúde modifica-se conforme a época histórica que vivemos. Desde o início do nosso curso de graduação treinamos nosso olhar para reconhecer os fatores que levam um indivíduo a adoecer, que o leva a um sofrimento físico e emocional (BLOISE, 2011). 
O termo saúde não tem o mesmo significado para todas as pessoas. Dependerá da época, do lugar, da classe social. Dependerá de valores individuais, das concepções científicas, religiosas e filosóficas. O mesmo, aliás, pode ser dito das doenças. Segundo a OMS a saúde é definida como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afeções e enfermidades” (CEMI, 2016).
A concepção mágico-religiosa partia, e parte, do princípio de que a doença resulta da ação de forças alheias ao organismo que neste se introduzem por causa do pecado ou de maldição. Para os antigos hebreus, a doença não era necessariamente devida à ação de demônios, ou de maus espíritos, masrepresentava, de qualquer modo, um sinal da cólera divina, diante dos pecados humanos (SCLIAR, 2007).
A Constituição Federal (CF) de 1988 traz entre seus arts. 196 e 200 o conceito de saúde como direito do cidadão e dever do Estado. “Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, 1988).
O art. 200 prevê a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) estruturado de forma descentralizada, hierarquizada e regionalizada, de acesso universal e baseado na equidade, universalidade e integralidade das ações da saúde. 
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: 
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; 
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; 
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; 
IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; 
V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico; 
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano;
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; 
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
Sobre a Doença Renal Crônica(DRC), patologia que acomete a amostra do presente estudo, Pinto e Pais-Ribeiro (apud OTTAVIANI et al., 2014, p. 249) informam que:
[...] é considerada uma síndrome complexa, geralmente lenta e progressiva, que leva à perda da capacidade dos rins de excretar metabólitos. Esse conceito pode ser caracterizado pela lesão do rim e perda irreversível da função renal indicada pela taxa de filtração, que é o principal mecanismo de excreção de metabólitos tóxicos produzidos pelo organismo. 
A DRC “comumente se desenvolve após um dano renal inicial que é seguido de perda lenta, progressiva e irreversível das funções desse órgão. Em suas fases mais avançadas, chamadas de fase terminal, os rins não conseguem mais manter as suas funções regulatórias, excretórias e endócrinas” (MALAGUTTI et al., 2015, p. 368).
Sobre as formas de tratamento para DRC, Malagutti et al. (2015, p. 368):
Um dos tratamentos utilizados na Doença Renal Crônica (DRC) é a hemodiálise, que limita as atividades dos pacientes, favorecendo ao sedentarismo, a deficiência funcional, a depressão e ansiedade, fatores que refletem na sua qualidade de vida. Os pacientes que possuem doenças crônicas apegam-se a fé como forma de encontrar um apoio e alívio para sua dor. 
Nota-se uma ambiguidade, pois a hemodiálise possibilita uma oportunidade de tratamento como ao mesmo tempo apresenta vários efeitos adversos, levando muitos pacientes a buscar na fé alívio e conforto.
A seguir apresenta-se a história da enfermagem e o respeito à espiritualidade do paciente.
2.1 HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E O RESPEITO À ESPIRITUALIDADE DO PACIENTE
A enfermagem conhecida hoje no mundo todo foi edificada a partir das bases científicas propostas pela precursora Florence Nightingale, que foi influenciada diretamente pela sua passagem nos locais onde se executava o cuidado de enfermagem de forma leiga e fundamentado basicamente nos conceitos religiosos de caridade e amor ao próximo, e também pelos padrões de valorização do ambiente adequado para o cuidado e autoridade sobre o cuidado a ser prestado (PADILHA, MANCIA, 2005).
Ainda baseado em Padilha e Mancia (2005) os ensinamentos de amor e fraternidade transformaram não somente a sociedade, mas também o desenvolvimento da enfermagem, marcando, ideologicamente, a prática de cuidar do outro e modelando comportamentos que atendessem a esses ensinamentos. A enfermagem profissional sofreria influência direta destes ensinamentos, traduzida pelo conceito de altruísmo introduzido pelos primeiros cristãos. A caridade era o amor a Deus em ação, propiciando para aqueles que a praticavam o fortalecimento de caráter, a purificação da alma e um lugar garantido no céu. 
Em 12 de maio de 1820, durante uma viagem pela Europa, Francis Nightingale dá à luz a uma de suas filhas, que recebeu o nome de Florence, uma vez que seu nascimento se deu na cidade de Florença na Itália (WHOODHAM-SMITH, 1951 apud PADILHA; MANCIA, 2005). 
Nascida em família rica, cresceu e teve a oportunidade de estudar diversos idiomas, matemática, religião e filosofia. Extremamente religiosa, Florence, desejava mesmo era realizar o “trabalho de Deus”, ajudar aos pobres, os doentes e menos dotados, ameninzando-lhes assim o sofrimento (ALCÂNTARA, 1963 apud PADILHA, MANCIA, 2005). 
A Enfermagem, para Nightingale, era uma arte que requeria treinamento organizado, prático e científico; a enfermeira deveria ser uma pessoa capacitada a servir à medicina, à cirurgia e à higiene e não a servir aos profissionais dessas áreas (COSTA et al., 2009). Ao institucionalizar a enfermagem como profissão, ela produziu um significado no silêncio que havia na prática de enfermagem, que até então era envolta em regulamentos e correspondências internas às instituições de cuidado, executadas por aquelas que faziam parte de associações, geralmente religiosas, cujo espírito era servir ao próximo, por amor a Deus (BARREIRA, 1999 apud COSTA et al., 2009).
A enfermagem é uma profissão que ao longo do tempo vem desconstruindo e construindo sua história. A sua relação com a sociedade é permeada pelos conceitos, preconceitos e estereótipos que se estabeleceram na sua trajetória histórica e que influenciam até hoje a compreensão de seu significado enquanto profissão da saúde composta de gente que cuida de gente (PADILHA; BORENSTEIN, 2000; PADILHA; BORENSTEIN, 2005 apud COSTA et al., 2009). 
3 ESPIRITUALIDADE VINCULADA A DOENÇA
A Bíblia Sagrada em muitas passagens apresenta Deus como o Grande Médico, como exemplo cita-se Êxodo 15:26 “Em Mara o Senhor lhes deu leis e ordenanças, e os colocou à prova, dizendo-lhes: “Se vocês derem atenção ao Senhor, o seu Deus, e fizerem o que Ele aprova, se derem ouvidos aos seus mandamentos e obedecerem a todos os seus decretos, não trarei sobre vocês nenhuma das doenças que eu trouxe sobre os egípcios, pois Eu sou o Senhor que os cura” (BÍBLIA, Êxodo, 15, 26).
De acordo com Santos (2012, p. 37, v. 2):
As relações entre ciência e espiritualidade não são de agora, se misturam ao próprio processo de evolução moral e intelectual da humanidade. Acompanhando os diferentes patamares em que outrora transitamos, nem sempre gozaram do devido respeito, fomentando fanatismos e disputas intelectuais ou belicosas. Ainda assim guardam em si verdadeiras pérolas, esperando seu melhor aproveitamento junto ao nosso raciocínio [...].
De acordo com esta afirmação, contata-se que durante muito tempo espiritualidade e ciência mantiveram-se em campos diametralmente opostos, contudo, em tempos recentes, a espiritualidade ligada à saúde tem se tornado uma aliada à prática clínica. A enfermeira não responde somente pelo que é de origem orgânica durante a sua atenção com o paciente, mas sim, por um ser que tem vida e sofre no seu todo - espírito, corpo e mente. Deste modo, durante a formação acadêmica, há que se instruir também com a habilidade do cuidado holístico (TOMASSO, BELTRAME, LUCCHETTI, 2011). 
Um avanço neste sentido é a introdução da espiritualidade na grade curricular.
Seguindo uma tendência que ocorre em escolas médicas de todo o mundo, os autores introduziram, na Universidade Federal de São Paulo, a disciplinaeletiva – Espiritualidade e Medicina – dirigida a estudantes de medicina e enfermagem com o objetivo de promover o reconhecimento da dimensão espiritual do paciente e, consequentemente, um atendimento mais humanizado (REGINATO; DE BENEDETTO; GALLIAN, 2016, p. 237).
Esta ação vem ao encontro da essência da enfermagem, qual seja, o ato de cuidar constitui, basta avaliarmos a evolução histórica e o cotidiano dos enfermeiros. Tanto o enfermeiro, quanto o paciente em questão são seres humanos, que apesar das semelhanças, apresentam especificidades próprias, o que inclui diferentes aspectos da multidimensionalidade humana (HUF, 2002). 
O cuidar do enfermeiro e o ser cuidado do paciente, tem como objetivo principal estabelecer um atendimento individualizado, integral e humanizado. Aquele que cuida considera aquele que é cuidado como um ser completo e único. Para isso, utiliza-se de sua visão biológica, psicológica e por vez, espiritual. Essas dimensões são interdependentes, derivam de uma visão integral como complementares e não devem ser isoladas durante a avaliação (HUF, 2002).
Para que aconteça um melhor enfrentamento das doenças pelos pacientes, os profissionais de enfermagem buscam acentuar a importância de se admitir a religião e a espiritualidade como fontes de fortalecimento. Num contexto onde a religiosidade e a espiritualidade confirmam cada vez mais o seu impacto sobre a saúde, atuando como possível fator de cautela ao desenvolvimento de novas doenças e também ao aumento da sobrevida dos pacientes. 
Estudos recentes corroboram que pessoas que possuem um nível superior de religiosidade e espiritualidade usufruem de um maior bem-estar geral, um menor predomínio de depressão, menor ocorrência de suicídio e uma melhor qualidade de vida (TOMASSO, BELTRAME, LUCCHETTI, 2011). 
A separação entre o corpo e o espírito, promovida principalmente pelo acelerado progresso científico-tecnológico, ocasionou um empobrecimento na avaliação do paciente na globalidade integrativa das suas dimensões biológicas, psicológicas, sociais e espirituais. Se, por um lado, os recursos tecnológicos, cada vez mais sofisticados, ampliaram a nossa capacidade de penetrar no universo molecular da constituição humana, por outro, eles promoveram uma diminuição da sensibilização em relação aos sentimentos humanos, o que, certamente, resultou em uma deterioração da imprescindível relação profissional da saúde-paciente (REGINATO; DE BENEDETTO; GALLIAN, 2016, p. 249).
Neste contexto, o cuidado espiritual é um desafio a ser superado pelo profissional da enfermagem. Seu papel implica em estar presente, ouvir as necessidades dos familiares, pacientes sempre respeitando as suas crenças e valores, sendo a comunicação o aspecto de maior relevância. Em geral, a enfermagem enfatiza a importância do reconhecimento da religião e da espiritualidade como fontes de fortalecimento para enfrentamento da doença e devem ser consideradas no cuidado à saúde (PAULA, NASCIMENTO, ROCHA, 2009).
A ideia de que ciência e espiritualidade são áreas contrárias faz parte do passado. Pesquisas feitas em países como Brasil, Canadá e Estados Unidos buscam provar como experiências do tipo espiritual ajudam a melhorar a qualidade de vida das pessoas. Essa tendência vem se firmando cada vez mais há alguns anos e ganha maior destaque com o consequente aumento dos estudos sobre o assunto (TEIXEIRA, MÜLLER, SILVA, 2004). 
3.1 RELIGIÃO versus ESPIRITUALIDADE 
Há certa confusão por parte da população quando se fala em religião e espiritualidade. A relação entre religião e medicina ou se estreita ou se afasta. Com o iniciar do século XX, Freud contribuiu para o afastamento, por crer que a religião relacionava-se com a neurose e a alienação. Entretanto, essa afirmação não possuía nenhum cunho científico, era baseada apenas em crenças e opiniões pessoais dele. Por conta das afirmações de Freud, a psiquiatria passou por vários anos subestimando e desqualificando as crenças e práticas religiosas dos pacientes (BLOISE, 2011). 
A partir dos anos 1980, investigações científicas e sistemáticas, apontaram que pessoas religiosas não são predominantemente neuróticas ao serem comparadas as menos religiosas. Pelo contrário, elas tendem a lidar melhor com o estresse, depressão, apresentando menores índices de ansiedade e emoções negativas (BLOISE, 2011, p. 145). 
E Curcio (2013, p. 16) informa que nas duas últimas décadas, “[...] houve um grande crescimento no número de estudos que abordam questões relacionadas às implicações da Religiosidade/Espiritualidade (R/E) na saúde física e mental dos indivíduos”.
Inúmeras pesquisas apontam que pessoas que praticam sua fé apresentam alguns resultados benéficos distintos tanto na psicoterapia, como nos resultados das demais intervenções. Um potencializa o outro, gerando uma melhor qualidade de vida, bem-estar e alívio dos sintomas.
Segundo Carneiro (2015) devido ao fato de termos complexos e subjetivos permanecerem sem um consenso formal, algumas definições tem sido propostas e no quadro 1 apresenta-se alguns conceitos de religiosidade e espiritualidade.
Quadro 1 - Conceitos de religiosidade e espiritualidade
 Fonte: Carneiro (2015, p. 34).
Em termos emocionais, a espiritualidade propicia uma maneira diferenciada de tratar as dificuldades, que podem ser vistas como experiências de vida. Existem alguns indicativos que, de fato, aquele com uma prática religiosa, um apoio espiritual de alguma natureza, mostra-se mais beneficiado em relação aos outros (TEIXEIRA; MÜLLER; SILVA, 2004). 
Nos últimos anos, em alguns ambientes acadêmicos, começou-se a perceber certa valorização positiva da religião, além da revitalização da vida religiosa, uma recuperação do sentido de Deus. Na religião cristã podemos exemplificar com o movimento de renovação carismática. Há, sem dúvida, uma forte busca do espiritual (TEIXEIRA; MÜLLER; SILVA, 2004).
Em sua trajetória o ser humano busca de forma incansável seu bem-estar físico e emocional. Busca em ritos e símbolos algo que o fará sentir-se completo, entusiasmado e com uma vida plena de sentido. Nessa busca, inebriados pela ilusão da matéria (que se desfaz dia a dia) e que se identifica como máscaras temporárias, de transição, adormecem espiritualmente, até que a morte (fenômeno biológico) realmente nos receba (ALBUQUERQUE, SOUZA).
A saúde atual é entendida através de um conceito ampliado, que envolve o bem-estar físico, mental, social e também espiritual. Não obstante, por muitos anos a relação da tríade corpo, mente e espírito foi subestimada e negligenciada, tanto pelos pesquisadores quanto pelos profissionais da área da saúde, não sendo somente a área de enfermagem responsável por tal ato. Somente há algumas décadas as pesquisas sobre esse tema começaram a aparecer (SILVA et al., 2015).
Conforme pode ser visto, os conceitos de espiritualidade e religião são muito subjetivos, que “[...] grande parte da população utiliza para dar sentido à vida e busca de motivação para a superação de crises (doenças e outras situações da vida)” (CURCIO, 20133, p. 16). 
E no intuito de ampliar conhecimentos sobre a forma como os pacientes da Clínica Renal do Extremo Oeste de Santa Catarina, vivenciam sua religiosidade e espiritualidade, realiza-se pesquisa com o Questionário BMMRS-p (Medida Multidimensional Breve de Religiosidade Espiritualidade).
4 METODOLOGIA
O presente trabalho trata-se de um estudo quantitativo, realizado em uma clínica de hemodiálise do município de São Miguel do Oeste - SC. Realizou-se uma pesquisa com trinta pacientes em tratamento hemodialítico, sem distinção de sexo, raça ou crença religiosa, durante o período de 13 a 31 de setembro de 2016.
Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade do Oeste de SC (UNOESC), registrado sob o número CAAE 57541316.0.0000.5367. Aos sujeitos da pesquisa foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (AnexoA). A pesquisa apresentou risco mínimo ao participante, seja por exposição situacional, constrangimento ou qualquer outro sentimento.
O instrumento de pesquisa utilizado para a coleta de dados foi o questionário BMMRS-p (Medida Multidimensional Breve de Religiosidade Espiritualidade), semiestruturado, já validado no Brasil no ano de 2013 na Universidade Federal de Juiz de Fora, MG. 
A ‘Brief Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality: 1999’, [...] foi construída por Ellen L. Idler, Marc A. Musick, Christopher G. Ellison, Linda K. George, Neal Krause, Marcia G. Ory, Kenneth I. Pargament, Lynda H. Powell, Lynn G. Underwood, David R. Williams. O instrumento foi desenvolvido como um recurso que proporciona uma lista extensa de questões relevantes à religiosidade e espiritualidade relacionando-as com a saúde. Ele foi organizado por domínio. Cada seção identifica um domínio, descreve a sua relação com a saúde. Os domínios da espiritualidade e da religiosidade incluídos nesse documento são destinados para o uso em estudos que avaliam a relação entre religiosidade, espiritualidade e saúde. A Escala está formada por 11 domínios que são os seguintes: 1) Experiências espirituais diárias; 2) Valores/crenças; 3) Perdão; 4) Práticas religiosas particulares; 5) Superação religiosa e Espiritual; 6) Suporte religioso; 7) História religiosa/espiritual; 8) Comprometimento; 9) Religiosidade organizacional; 10) Preferências religiosas e 11) Auto-avaliação Global. A pontuação de cada domínio é específica e quanto menor melhor é a posição em relação à dimensão (FETZER INSTITUTE, 2003 apud MIARELI, 2011, p. 37).
Para Kimura (1999) citado por Curcio (2013) a utilização de um instrumento que já tenha sido reconhecido em nível internacional com sua adaptação cultural e sua validação para a realidade em que se pretenda aplica-lo é uma tendência no que diz respeito a instrumentos de pesquisa.
As vantagens de utilizar instrumentos já validados são verificadas principalmente em relação à economia de tempo e dinheiro, já que a elaboração de um estudo desta natureza é demorada e muito dispendiosa. E Guillemin, Bombardier e Beaton (1993 apud CURCIO, 2013, p. 27) propõem ainda como vantagens da adaptação e validação de uma medida pré-existente os seguintes pontos:
Fornece uma medida padrão para uso em estudos internacionais;
Permite a inclusão de imigrantes;
Permite a comparação, entre grupos culturais nacionais, contando com uma medida padrão projetada e adaptada para medir o fenômeno transcultural;
Proporciona menor custo e consumo de tempo do que criar uma nova medida.
Contudo, durante a tradução há de se ter cuidado em relação à “adaptação cultural, pois fatores culturais tais como hábitos, crenças, costumes e atividades de uma população devem ser levados em conta, porque uma atividade não habitual a uma determinada população pode tornar a adaptação de um instrumento inválida” (CAGNEY et al., 2000 apud CURCIO, 2013, p. 27).
Para a pesquisa presente pesquisa utilizou-se o questionário semiestruturado, composto de 38 questões, divididas em 11 domínios (já descritos), abordando a importância da espiritualidade em pacientes renais crônicos. O questionário encontra-se no Anexo A.
Para realização do estudo foram escolhidos aleatoriamente 30 pacientes da clínica renal, sendo 16 do sexo masculino e 14 do sexo feminino. O passo seguinte foi a distribuição do questionário de acordo com a concordância dos pacientes em participar da pesquisa. As questões foram respondidas durante o tempo da realização da diálise do dia, sendo: segunda-feira, quarta-feira e sexta-feira, com 3 turnos e terça-feira, quinta-feira e sábado com 2 turnos diários. 
A Clínica Renal do Extremo Oeste iniciou seus trabalhos em 1º de Maio de 1999. O médico Gelson Santos e algumas técnicas de enfermagem se deslocavam 3 vezes por semana de Chapecó para São Miguel do oeste para realizar as diálises. 
No início eram 3 pacientes, somente de São Miguel do Oeste, porém, ao final do primeiro ano, já haviam 25 pacientes, oriundos de toda a região. 
E atualmente, com uma melhor estrutura, são 104 pacientes em tratamento de toda a região. As sessões são realizadas nas segundas, quartas e sextas-feiras em 3 turnos e; terças, quintas e sábados em 2 turnos. 
A equipe técnica é composta por: médico, enfermeiras, técnicas de enfermagem, estagiária de enfermagem, serviços gerais, técnico de manutenção, recepcionista, nutricionista, psicóloga e assistente social. 
Após o término da coleta da entrevista, os dados obtidos foram submetidos à análise e os resultados são apresentados a seguir. 
5 RESULTADOS DA PESQUISA
Quanto ao que refere a idade dos pacientes nota-se pelo gráfico 1 que a idade entre os 66 e 71 anos é a que apresenta o maior número de indivíduos, com 5 pessoas; seguido pelos 42 a 47 anos, 48 a 53 anos, 54 a 59 anos e 72 a 77 anos de idade, sendo cada uma com 4 pessoas. Após, seguem os indivíduos com 36 a 41 e 60 a 65 anos de idade, com 3 pessoas em cada faixa etária, com 78 a 80 anos com 2 indivíduos e um indivíduo com 29 anos ou menos. 
Gráfico 1 - Mostra de pacientes por idade
Fonte: as autoras (2016).
Baseado nos dados descritos e avaliando o gráfico 1, podemos afirmar que a maioria dos participantes se encontra em idade produtiva. Porém, devido a sua patologia e a necessidade do tratamento hemodialítico existe dificuldade na realização das tarefas normalmente. As principais dificuldades encontradas se dão pela privação do trabalho, que não pode mais ser realizado normalmente e acarreta várias situações delicadas opara o paciente.
Destaca-se ainda que uma das grandes diculdades é em relação ao deslocamento. Muitos pacientes perdem horas deslocando-se do seu município até a clínica; mais 2h30min à 4h de sessão hemodialítica, além da volta até a residência. Em conversa informal, vários participantes relataram ficar praticamente o dia todo em função do tratamento. 
Além de todos os esforços de locomoção, os participantes ainda estão suscetíveis a alterações pós-diálise, como hipotensão, palpitações, mal estar geral, fraqueza e em casos mais graves pode ocorrer parada cardíaca. O tratamento renal substitutivo é considerado uma intervenção de alta complexidade.
5.1 EXPERIÊNCIAS ESPIRITUAIS DIÁRIAS
O presente tópico é referente às possíveis experiências espirituais dos participantes. As opções de resposta apresentadas foram: 1. Muitas vezes ao dia; 2. Todos os dias; 3. A maior parte dos dias; 4. Alguns dias; 5. De vez em quando e; 6. Nunca ou quase nunca.
Questionados sobre a frequência com que sentem a presença de Deus, dos 30 participantes, 14 revelaram ser todos os dias; 10 responderam que muitas vezes ao dia; 3 afirmaram que sentem a presença de Deus a maior parte dos dias; 2 responderam que de vez em quando e um informou que nunca ou quase nunca.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 2.
Gráfico 2 - Frequência com que sentem a presença de Deus
 
Fonte: as autoras (2016).
Com base em Pinto, Caldeiras e Martins (2012, p. 9) informa que a espiritualidade “[...] é uma dimensão humana multidimensional e complexa que proporciona ao homem bem-estar e paz interior. Faz parte de todas as pessoas e caracteriza-as na sua maneira de ser e de atuar. Paralelamente à sua universalidade é, também, individual, única e dinâmica, sendo influenciada pela cultura e pelas experiências de cada pessoa”.
Na pergunta 2 quis-se saber a frequência com que os participantes encontram força e conforto na religião. Dos 30 participantes, 13 revelaram ser todos os dias; 7 responderam ser a maior parte dos dias; 5 afirmaram que de vez em quando; 4 responderam que sentem muitas vezes ao dia; e um informou que nunca ou quase nunca.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 3.
Gráfico 3 - Frequência com que encontra força e conforto na religião
Fonte: as autoras (2016).
Diante dos índices apresentados, pode-seconcluir que “a religiosidade e a espiritualidade podem estar associadas à esperança de vida, pois a dimensão espiritual é descrita como relevante na atribuição de significados à vida e como um recurso de esperança no enfrentamento de doenças” (OTTAVIANI et al., 2014, p. 253).
A questão 3 versou sobre a frequência com que os participantes sentem paz interior ou harmonia. Dos 30 participantes, 11 afirmaram ser todos os dias; 8 responderam ser a maior parte dos dias; 5 disseram que sentem paz interior ou harmonia alguns dias; 3 revelaram que muitas vezes ao dia e; também 3 informaram que nunca ou quase nunca.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 4.
Gráfico 4 - Frequência com que sente paz interior ou harmonia
Fonte: as autoras (2016).
Na questão 4 o questionamento foi sobre o desejo estar próximo ou em união com Deus. A maioria dos participantes, ou seja, 17 pessoas revelaram tem este desejo todos os dias; 7 pessoas informaram que muitas vezes ao dia; 4 pessoas responderam ser a maior parte dos dias. As opções alguns dias e nunca ou quase nunca tiveram uma resposta cada.
Os dados obtidos encontram-se no gráfico 5.
Gráfico 5 - Desejo estar próximo ou em união com Deus
Fonte: as autoras (2016).
Esse desejo de estar próximo, em união com Deus encontra ressonância no fato que “nesse contexto atual de prevalência cada vez mais acentuada de comorbidades de pacientes em diálise, os que possuem doenças crônicas e muitas vezes incuráveis apegam-se a fé e ao ato religioso como forma de encontrar um apoio e um alívio para sua dor” (LUCCHETTI; ALMEIDA; GRANERO, 2010 apud MALAGUTI et al., 2015, p. 368).
Na questão de número 5, o questionamento foi sobre a frequência com que o participante sente o amor de Deus, diretamente ou por meio dos outros. 19 pessoas responderam que todos os dias; 6 pessoas responderam ser muitas vezes ao dia; 4 pessoas afirmaram ser a maior parte dos dias e uma pessoas afirmou ser de vez em quando.
Os dados encontram-se no gráfico 6. 
Gráfico 6 - Frequência com que sente o amor de Deus, diretamente ou por meio dos outros
Fonte: as autoras (2016).
A maioria dos participantes (64 %) revelou sentir a presença de Deus todos os dias. Em se tratando de pessoas em tratamento médico, este dado é muito importante, pois segundo Groberg (2004) quando estamos repletos do amor de Deus “[...] somos capazes de suportar a dor, superar o medo, perdoar sem reservas, evitar as desavenças, recobrar as forças e abençoar e ajudar as outras pessoas”
A pergunta 6 foi sobre a frequência com que o participante é espiritualmente tocado pela beleza da criação. Dos participantes, 11 afirmaram ser todos os dias; 9 afirmaram ser a maior parte dos dias; 8 informaram ser muitas vezes ao dia e as opções alguns dias e de vez em quando tiveram uma resposta cada.
Os dados encontram-se representados no gráfico 7.
Gráfico 7 – Frequência com que sou espiritualmente tocado pela beleza da criação
Fonte: as autoras (2016).
Os resultados apontam que 27 % dos participantes se sentem tocados pela beleza da criação da criação todos os dias e 37 % muitas vezes ao dia. Isto demonstra que os participantes tem noção da importância de cuidar de seu lado espiritual, o que vem ao encontro da afirmação de Durgante (2012, p. 124, v. 1): “a realidade irreversível é estamos vivendo por mais tempo e o modo como enfrentamos essa maior longevidade faz uma diferença monumental para todos. Estar bem dentro do corpo e cuidar da serenidade da mente é um aprendizado que exige sensibilidade, percepção e dedicação”.
A seguir tem espaço a discussão sobre valores/crenças dos participantes.
5.2 VALORES/CRENÇAS
De acordo com Koenig, Mccullough e Larson (2001 apud TOURINHO, 2012, p. 309, v. 3), “as crenças religiosas se relacionam com melhor saúde e qualidade de vida”. Com base nesta afirmação, o intuito do presente tópico foi levantar informações acerca dos valores/crenças dos participantes. As opções de resposta foram: 1. Concordo totalmente; 2. Concordo; 3. Discordo e; 4. Discordo totalmente. 
Questionou-se sobre a crença de ser cuidado por Deus. Dos 30 participantes, 25 afirmaram concordar totalmente com esta afirmação; 4 afirmaram concordar e uma pessoa não respondeu.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 8.
Gráfico 8 – Sobre a crença de ser cuidado por Deus
Fonte: as autoras (2016).
Observando os dados, esta crença em ser cuidado por Deus, pode ser traduzida em esperança de cura. “Nesse contexto, é a esperança associada à recuperação da saúde que leva o paciente a percorrer longas distâncias em busca do árduo tratamento para sua doença, a se submeter a incansáveis procedimentos invasivos, a mudar seu estilo de vida, sua rotina e a permanecer, ainda que debilitado, em tratamento” (OTTAVIANI, 2015, p. 249).
A questão 8 foi sobre a responsabilidade em reduzir a dor e o sofrimento no mundo. Dos 30 participantes, 17 afirmaram concordar totalmente com esta afirmação; 12 afirmaram concordar e uma pessoa disse discordar da afirmação.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 9.
Gráfico 9 - Sobre a responsabilidade em reduzir a dor e o sofrimento no mundo
Fonte: as autoras (2016).
A esta questão, 57 % dos participantes manifestou concordar totalmente sobre sua responsabilidade em reduzir a dor e o sofrimento no mundo. E Groberg (2004 [online]) associa esta responsabilidade à obediência a Deus, “Quanto mais obedientes somos a Deus, maior é nossa vontade de ajudar os outros. Quanto mais ajudamos os outros, mais aumenta nosso amor a Deus, e assim por diante”.  
Depois de levantar dados sobre os valores/crenças dos participantes, a próxima etapa abordou questões relacionadas ao perdão.
5.3 PERDÃO
Foi questionado acerca das crenças espirituais ou religiosas. As opções de resposta foram: 1. Sempre ou quase sempre; 2. Frequentemente; 3. Raramente e; 4. Nunca. 
O não perdão ou sentimento de culpa pode se transformar em graves doenças, pois “os modelos mentais que mais causam males ao corpo são crítica, raiva, ressentimento e culpa.” (HAY, 2004, p. 10). Diante desta constatação, foi questionado se os entrevistados tem se perdoado pelas coisas que tem feito errado as respostas foram as seguintes: 15 pessoas responderam que se perdoam frequentemente; 9 pessoas disseram se perdoar sempre ou quase sempre; 4 afirmaram se perdoar raramente, um participante disse que nunca se perdoa e um não respondeu.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 10.
Gráfico 10 - Se tem se perdoado pelas coisas que tem feito errado
Fonte: as autoras (2016).
O número de pessoas que afirmou se perdoar frequentemente ficou em 50 %, fato relevante se levarmos em conta que diz Ocaña (2007, p. 3): “o perdão não é só para os outros. Não se trata somente de os libertar. O perdão, sobretudo a nós próprios, permite libertamo-nos do ciclo interminável da dor, da raiva e recriminações que nos mantêm prisioneiros do sofrimento”.
Continuando na mesma linha, a próxima pergunta foi sobre o perdão àqueles que o tem ofendido. A este questionamento, 18 participantes afirmaram que sempre ou quase sempre; 9 responderam que frequentemente; 2 participantes afirmaram que raramente e; um disse que nunca. 
Os dados obtidos estão representados no gráfico 11.
Gráfico 11 - Se tem perdoado os que o tem ofendido
Fonte: as autoras (2016).
A esta questão, 60 % dos entrevistados afirmou perdoar sempre ou quase sempre, esta declaração é deveras importante, pois “o que perdoamos não é o ato, a violência, a negligência... mas sim as pessoas que não foram capazes de fazer melhor. Perdoamos as suas limitações, os seus erros, o seu descontrole, o seu abandono, [...] enquanto não perdoarmos, permaneceremos como que amarrados ao outro e ao sofrimento que ele nos provocou e isso aumentará em nós a dor que sentimos. Quando perdoamos, libertamo-nos do peso dessa amarra e deixamos o outro ser como realmente é. [...] o perdão liberta-nos, cura as feridase permite-nos crescer” (OCANÃ, 2007, p. 3).
Ainda sobre o perdão, a próxima questão foi sobre o conhecimento acerca do perdão de Deus. 23 participantes afirmaram que sempre ou quase sempre e; 7 afirmaram frequentemente saber que Deus o perdoa.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 12.
Gráfico 12 - Sobre o conhecimento acerca do perdão de Deus
Fonte: as autoras (2016).
Para esta pergunta, a maioria dos entrevistados, ou seja, 77 % sempre ou quase sempre Deus os perdoa. Sobre o tema, tem-se o perdão que Jesus oferece em nome de Deus, onde o perdão oferecido “não se trata de algo que surge após o arrependimento e conversão do pecador mas é ponto de partida; é dádiva de Deus. A transcendência radical de Deus tem a sua expressão máxima no perdão” (OCAÑA, 2007, p. 33).
O próximo tópico é sobre as práticas religiosas particulares dos participantes.
5.4 PRÁTICAS RELIGIOSAS PARTICULARES
A abordagem do presente tópico é sobre a forma como cada participante exerce sua prática religiosa. As opções foram: 1. Mais de uma vez ao dia; 2. Uma vez ao dia; 3. Algumas vezes por semana; 4. Uma vez por semana; 5. Algumas vezes no mês; 6. Uma vez no mês; 7. Menos de uma vez ao mês e; 8. Nunca.
Questionados sobre a frequência com que reza (ora) intimamente em lugares que não sejam igreja ou templo religioso, as respostas foram as seguintes: mais de uma vez ao dia (11); uma vez ao dia 10; algumas vezes por semana (3); algumas vezes no mês (3); uma vez por semana (1); uma vez no mês (1) e: nunca (1). 
Os dados obtidos estão representados no gráfico 13.
Gráfico 13 - Frequência com que reza (ora) intimamente em lugares que não sejam igreja ou templo religioso
Fonte: as autoras (2016).
O fato de os participantes estarem rezando (orando) intimamente em lugares que não sejam igreja ou templo religioso durante o dia representa um alento, pois “[...] o ato de rezar ou orar pode acrescentar otimismo ao processo de enfren​tamento e manejo da doença crônica” (SILVA et al., 2016, p. 336).
A seguir foi questionado, de acordo com a tradição religiosa ou espiritual, com que frequência o participante medita, tem intimidade com Deus. As respostas foram as seguintes: uma vez ao dia, 11 pessoas; mais de uma vez ao dia, 8 pessoas; algumas vezes por semana, 7 pessoas; uma vez por semana, duas pessoas; e as opções algumas vezes no mês e uma vez no mês com uma pessoa cada.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 14.
Gráfico 14 - Frequência que medita, tem intimidade com Deus
Fonte: as autoras (2016).
A este questionamento, a opção uma vez ao dia obteve 37 % das respostas, o que demonstra ser o contato mais íntimo com Deus uma busca constante. Esta realidade encontra embasamento nos comentários de Soares (2012) onde informa que nas escrituras sagradas são encontrados exemplos seguidos de homens que se recolhiam para ter um encontro com Deus. O próprio Jesus, Filho de Deus, é um e talvez o maior desses exemplos. Nestes momentos, deve-se esquecer de relógios, cronômetros e entrar em sintonia com o criador, independente de credo religioso, há que se buscar, segundo o autor, uma intimidade construída na solitude.
Foi questionado também sobre a frequência com que ouve programas religiosos na TV ou rádio. A opção algumas vezes por semana foi escolhida por 12 participantes; 5 participantes disseram que nunca meditam; as opções uma vez ao dia e menos de uma vez no mês foi apontada por 4 participantes; as opções uma vez por semana e algumas vezes no mês foi apontada por duas pessoas cada e; a opção mais de uma vez ao dia foi apontada por uma pessoa. 
Os dados obtidos estão representados no gráfico 15.
Gráfico 15 - Frequência com que ouve programas religiosos na TV ou rádio
Fonte: as autoras (2016).
Os dados obtidos dão conta de que algumas vezes por semana 40 % dos entrevistados tem acesso a programas religiosos via rádio ou TV. Esta realidade é explicada por Malheiros (2008, p. 15) quando afirma que “dos primórdios das pinturas rupestres ao uso do espectro da televisão, a religiosidade do homem sempre usou meios de se comunicar. Hoje, com maior velocidade e maior abrangência, os meios de comunicação de massa são grandemente utilizados na transmissão religiosa pelas igrejas. Muito tem chamado a atenção, nos últimos anos, a realidade da Igreja, em especial as evangélicas neopentecostais, ante os meios de comunicação social”.
Além disso, “a religiosidade é inerente às pessoas, forma a raiz de suas identidades como seres humanos e dá à vida sentido e propósito e os ajuda a lidar com situações adversas, como na DOENÇA, quando essas necessidades são intensas” (TOURINHO, 2012, p. 309).
Na sequência foi perguntado a frequência com que é lida a bíblia ou outra literatura religiosa (livros, jornais, revistas e folhetos). A opção nunca obteve 10 respostas; a opção algumas vezes ao mês foi apontada por 6 participantes; as opções uma vez ao dia e menos de uma vez ao mês foram apontadas por 5 participantes; algumas vezes por semana foi apontada por duas pessoas e as opções uma vez por semana e uma vez ao mês foram apontadas por uma pessoa cada.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 16.
Gráfico 16 - Frequência com que é lida a bíblia ou outra literatura religiosa (livros, jornais, revistas e folhetos)
Fonte: as autoras (2016).
A próxima pergunta foi sobre a frequência com que são feitas orações ou agradecimentos antes ou após as refeições em sua casa. As opções para esta questão foram: 1. Em todas as refeições; 2. Uma vez ao dia; 3. No mínimo uma vez por semana; 4. Apenas em ocasiões especiais e 5. Nunca.
14 participantes afirmaram que nunca fazem orações ou agradecimentos antes ou após as refeições em sua casa; 6 responderam que uma vez ao dia, 4 responderam que em todas as refeições e também 4 responderam que em todas as refeições, duas pessoas responderam que no mínimo uma vez por semana.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 17.
Gráfico 17 - Frequência com que são feitas orações ou agradecimentos antes ou após as refeições em sua casa
Fonte: as autoras (2016).
A este questionamento, 47 % dos participantes informaram fazer orações ou agradecimentos em todas as refeições em sua casa. De acordo com Silva et al. (2016, p. 336), “a prática de orar é benéfica de diversas formas, uma vez que, além de pedidos a Deus, muitas vezes são feitas ora​ções de agradecimento pela vida, pela saúde e pela família, o que resulta em aumento de sentimentos de gratidão”.
O próximo tópico abre espaço para abordagem sobre a superação religiosa e espiritual
5.5 SUPERAÇÃO RELIGIOSA E ESPIRITUAL
A ênfase foi dada na maneira como cada pessoa entende e como lida com os principais problemas da sua vida e com que intensidade se vê envolvida nessas maneiras de enfrentá-las. As opções foram: 1. Muito; 2. Bastante; 3. Um pouco e; 4. Nada.
Questionados se acreditam que sua vida faz parte de uma força espiritual maior. 12 participantes afirmaram que sentem bastante; 10 participantes afirmaram que muito e; 8 participantes afirmaram que sentem um pouco. 
Os dados obtidos estão representados no gráfico 18.
Gráfico 18 - Se acredita que sua vida faz parte de uma força espiritual maior
Fonte: as autoras (2016).
Segundo Martinez e Custódio (apud Correia et al., 2015, p. 493), “[...] ter uma ‘boa relação’ com Deus ou com um ser superior fortalece a resiliência do indivíduo”, ou seja, a capacidade do ser humano de responder às demandas da vida cotidiana de forma positiva, apesar das adversidades ao longo do seu ciclo vital de desenvolvimento, resultando na combinação positiva entre os atributos do indivíduo e seu âmbito familiar, social e cultural.
Novamente tendo como opção de resposta: 1. Muito; 2. Bastante; 3. Um pouco e; 4. Nada. Foi questionado sobre o trabalho em união com Deus.
12 participantes afirmaram que muito; 11 responderam que bastante e; 7 responderam que um pouco.
Os dados obtidos estãorepresentados no gráfico 19.
Gráfico 19 - Sobre o trabalho em união com Deus
Fonte: as autoras (2016).
Sobre o trabalho em união com Deus, somando as duas opções que tiveram maior número de respostas obtém-se que 77 % dos participantes realizam seu trabalho em união com Deus, o que pode resultar em maior força para enfrentar as situações. Esta afirmação encontra respaldo em Rocha e Ciosak (apud SILVA et al., 2016, p. 336) os quais revelam que “[...] o impacto no enfrentamento de situa​ções críticas acontece quando a espiritualidade do indivíduo é aplicada na vida cotidiana e inerente a seus valores, ideais e crenças mais íntimos”.
De acordo com Fonseca e Santos desde a década de 1980 tem sido desenvolvidos estudos que buscam identificar na área médica e psicológica relações entre espiritualidade e saúde. Já Almeida cotado pelos autores (2012, p. 278) revela que:
O volume e a qualidade das evidências atualmente disponíveis têm levado a um crescente reconhecimento de que a espiritualidade se constitui em uma dimensão importante da vida das pessoas em todo o mundo e de que suas práticas e crenças religiosas influenciam no cuidado e na evolução dos problemas de saúde física e mental.
Foi questionado também se os participantes veem Deus como suporte, força e energia.
A maior parte, 23 participantes afirmaram que sim; 5 participantes disseram que bastante e 2 participantes disseram que um pouco.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 20.
Gráfico 20 – Se vê Deus como força, suporte e energia
Fonte: as autoras (2016).
As respostas apresentadas indicam que os participantes veem Deus como força, suporte e energia, o que pode ajudar a confirmar dados apresentados nos gráficos anteriores e comprovar dados de pesquisas onde “os resultados mostram que espiritualidade, religiosidade e fé interferem de maneira positiva no enfrentamento dos obstáculos e dificuldades da vida, além de aumentarem a resiliência do paciente, melhorando, assim, sua condição patológica” (SILVA et al., 2-016, p. 336).
A seguir foi perguntado se os participantes sentem que Deus os castiga por seus pecados ou falta de espiritualidade. 13 participantes disseram que nunca; 9 afirmaram que um pouco, 5 responderam que bastante e; 3 responderam que muito.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 21.
Gráfico 21 - Se sente que Deus o castiga por seus pecados ou falta de espiritualidade
Fonte: as autoras (2016).
De acordo com a Revista Cuidarte (2012, p. 13), “a doença e o ambiente clínico constituem situações hostis, levando a pessoa a interrogar-se sobre o sentido da vida”. Diante dessa constatação, foi questionado se o participante se pergunta se Deus o abandonou.
Dos 30 participantes, 14 afirmaram que nunca; 9 responderam que um pouco; 4 responderam que muito e; responderam que bastante.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 22.
Gráfico 22 – Se pergunta se foi abandonado por Deus 
Fonte: as autoras (2016).
A este questionamento, 47 % dos participantes afirmaram nunca sentir terem sido abandonados por Deus, o que demonstra que mesmo com as dificuldades e restrições apresentadas em função do tratamento sua certeza da presença de Deus continua firme.
A seguir foi questionado se o participante tento entender o problema e resolvê-lo sem confiar em Deus. A opção nada teve 20 respostas; a opção um pouco teve 5 respostas; a opção muito teve 3 respostas e; a opção bastante teve duas respostas.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 23.
Gráfico 23 – Se tenta entender o problema e resolvê-lo sem confiar em Deus
Fonte: as autoras (2016).
67 % dos participantes afirmam não tentar entender e resolver problemas sem a presença de Deus. Esse dado demonstra que Deus é visto como força e direção para a solução dos problemas.
Ainda sobre a superação religiosa e espiritual foi perguntado o quanto sua religião está envolvida (interessada) na compreensão e na maneira de lidar com situações estressantes (difíceis). As opções foram: 1. Muito envolvida; 2. Pouco envolvida; 3. Não muito envolvida e; 4. Nem um pouco envolvida.
A opção pouco envolvida teve 15 respostas; a opção muito envolvida 9 respostas e as opções não muito envolvida e nem um pouco envolvida obtiveram 3 respostas cada.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 24.
Gráfico 24 - O quanto sua religião está envolvida (interessada) na compreensão e na maneira de lidar com situações estressantes (difíceis)
Fonte: as autoras (2016).
A este questionamento 30 dos participantes disse que informaram que sua igreja está muito envolvida (interessada) na compreensão e na maneira de lidar com situações estressantes (difíceis). Contudo, 50 % dos participantes afirmaram estar pouco envolvida; 10 % não muito envolvida e também 10 % respondeu nem um pouco envolvida. Isso demonstra que de modo geral não está havendo uma participação da comunidade religiosa na vida particular de seu fiel.
No próximo tópico a análise recai sobre o suporte religioso.
5.6 SUPORTE RELIGIOSO
Essas questões são destinadas a verificar o quanto de ajuda às pessoas de sua comunidade religiosa iriam lhe proporcionar, caso o participante precisasse no futuro.
O questionamento foi o seguinte: Se você estivesse doente, quantas pessoas de sua comunidade religiosa lhe ajudariam? As opções apresentadas foram: 1. Muitas; 2. Algumas; 3. Poucas e; 4. Nenhuma.
Dos 30 participantes, 13 revelaram que algumas; 11 afirmaram que muitas; 5 participantes disseram que poucas e um participante afirmou que nenhuma.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 25.
Gráfico 25 – Em caso de doença, quantas pessoas de sua comunidade religiosa o ajudariam
Fonte: as autoras (2016).
A maior parte dos participantes acredita que em caso de doença algumas pessoas da comunidade o ajudariam. Foi perguntado então sobre o quanto de conforto seria recebido da comunidade religiosa em caso de se encontrar em situação difícil. As opções foram: 1. Muito; 2. Algum; 3. Pouco e; 4. Nenhum.
15 participantes afirmaram que muito; 7 responderam que algum; 6 afirmaram que pouco e; 2 participantes disseram que nenhum conforto. 
Os dados obtidos estão representados no gráfico 26.
Gráfico 26 - Quanto de conforto seria recebido das pessoas da comunidade religiosa em uma situação difícil
Fonte: as autoras (2016).
Tendo em mente que nem sempre o contato que temos com os outros é agradável, foi questionada a frequência com que as pessoas da comunidade religiosa procuram pelo participante. As opções apresentadas foram: 1. Frequentemente; 2. Muitas vezes; 3. De vez em quando e; 4. Nunca.
16 participantes afirmaram que de vem em quando; 8 informaram que frequentemente; 6 disseram que muitas vezes e; um afirmou que nunca.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 27.
Gráfico 27 - Frequência com que é procurado(a) pelas pessoas da comunidade religiosa 
Fonte: as autoras (2016).
Novamente apresentado as opções: 1. Frequentemente; 2. Muitas vezes; 3. De vez em quando e; 4. Nunca; foi perguntado aos participantes a frequência com que as pessoas da sua comunidade religiosa lhe criticam e as coisas que faz.
A opção nunca obteve 21 respostas; a opção de vez em quando obteve 7 respostas e; a opção frequentemente obteve duas respostas.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 28.
Gráfico 28 - Frequência com que as pessoas de sua comunidade religiosa lhe criticam e as coisas que faz
Fonte: as autoras (2016).
De acordo com os dados, 70 % dos participantes informam que sua comunidade religiosa não lhe critica e às coisas que faz. Este dado revela uma evolução em termos de comportamento e aceitação ao próximo, visto que segundo Nobre (2012, p. 24), “[...] os julgamentos morais são mais uma capacidade que só os humanos possuem, que está fortemente associada às regiões mais anteriores doi córtex pré-frontal”,
No tópico a seguir aborda-se a história religiosa/espiritualdo participante.
5.7 HISTÓRIA RELIGIOSA/ESPIRITUAL
Inicialmente foi questionado se o participante já teve alguma experiência religiosa ou espiritual que mudou a sua vida. As opções apresentadas foram sim e não. 24 participantes afirmaram que sim e 4 responderam que não.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 29.
Gráfico 29 - Se já teve alguma experiência religiosa ou espiritual que mudou a sua vida
Fonte: as autoras (2016).
Aos que responderam de maneira positiva, foi questionado com que idade o fato correu. As opções foram: ≤10 anos; 11 a 20 anos; 21 a 30 anos; 31 a 40 anos; 41 a 50 anos; 51 a 60 anos e; 60 ou mais.
Dos participantes, 5 apontaram que foi de 41 a 50 anos e também 5 informaram que foi de 11 a 20 anos; 4 pessoas afirmaram ser de 31 a 40 anos; as opções 21 a 30 anos, 51 a 60 anos e 60 anos ou mais obtiveram 3 respostas cada e; a opção ≤10 anos obteve uma resposta.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 30.
Gráfico 30 – Idade em que ocorreu a experiência religiosa ou espiritual que mudou a sua vida
Fonte: as autoras (2016).
Foi questionado então se o participante já teve alguma recompensa por sua fé. As opções foram sim e não. 27 responderam afirmaram que sim e 3 que não. Os dados obtidos estão representados no gráfico 31.
Gráfico 31 – Se já teve alguma recompensa por sua fé
Fonte: as autoras (2016).
Aos que responderam de maneira positiva, foi questionado com que idade o fato ocorreu. As opções foram: ≤10 anos; 11 a 20 anos; 21 a 30 anos; 31 a 40 anos; 41 a 50 anos; 51 a 60 anos e; 60 ou mais.
Dos participantes, 9 afirmaram ser de 31 a 40 anos; 6 de 21 a 30 anos; 5 de 41 a 50 anos; 4 de 11 a 20 anos; 2 de 51 a 60 anos e; um de 60 anos ou mais. 
Os dados obtidos estão representados no gráfico 32.
Gráfico 32 - Idade em que ocorreu a recompensa
Fonte: as autoras (2016).
Questionados se já tiveram alguma perda significativa de sua fé, 22 participantes informaram que não e 8 que sim. 
Os dados obtidos estão representados no gráfico 33.
Gráfico 33 – Se já teve alguma perda significativa da fé
Fonte: as autoras (2016).
Mesmo enfrentando as dificuldades inerentes ao tratamento, 73 % dos participantes afirmaram que nunca tiveram uma perda significativa da sua fé.
Aos que responderam de maneira positiva, foi questionado com que idade o fato correu. As opções foram: ≤10 anos; 11 a 20 anos; 21 a 30 anos; 31 a 40 anos; 41 a 50 anos; 51 a 60 anos e; 60 ou mais.
As opções 21 a 30 anos; 31 a 40 anos; 41 a 50 anos; 51 a 60 anos obtiveram duas respostas cada.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 34.
Gráfico 34 - Idade em que ocorreu a perda significativa da fé
Fonte: as autoras (2016).
O tópico seguinte foi destinado ao comprometimento religioso dos participantes.
5.8 COMPROMETIMENTO
Segundo Carneiro (2015, p. 24), “pessoas espiritualizadas podem ser identificadas utilizando-se medidas de envolvimento religioso e então comparadas com pessoas menos religiosas e a indivíduos seculares, no que diz respeito à saúde mental e física”.
O interesse aqui foi obter dados referentes ao comprometimento religioso dos participantes. As opções de resposta foram as seguintes: 1. Concordo totalmente; 2. Concordo; 3. Discordo e; 4. Discordo totalmente.
Questionados se tentam levar suas crenças religiosas ao longo da vida, 18 participantes concordaram e 1 concordaram totalmente.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 35.
Gráfico 35 – Se tenta levar suas crenças religiosas ao longo da vida
Fonte: as autoras (2016).
A afirmação dos participantes de que tentam levar suas crenças religiosas ao longo da vida pode ser explicada pelo fato de que “a espiritualidade e a religiosidade podem estar associadas à esperança de vida, pois a dimensão espiritual é descrita como relevante na atribuição de significados à vida e como um recurso de esperança no enfrentamento de doenças que podem causar mudanças no estado de saúde e sofrimento” (OTTAVIANI et al., 2014, p. 153)
Foi questionado a seguir sobre a contribuição para a comunidade religiosa ou para as causas religiosas. As opções apresentadas foram: 1. Contribuição semanal; 2. Contribuição anual. Dos 30 participantes, 21 afirmaram contribuir anualmente e; 9 afirmaram que a contribuição é mensal.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 36.
Gráfico 36 – Sobre a contribuição para a comunidade religiosa ou para as causas religiosas
Fonte: as autoras (2016).
A seguir quis-se saber quantas horas semanais são dedicadas às atividades da igreja ou atividades que faz por razões religiosas ou espirituais. As opções apresentadas foram: <1 hora; 2-3h; 4-6h e; 7 ou mais.
16 participantes apontaram ser <1 hora; 9 afirmaram ser de 2-3 horas; 3 informaram que se dedicam 4-6 horas e; 2 participantes informaram ser 7 horas ou mais.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 37.
Gráfico 37 – Horas semanais dedicadas às atividades da igreja ou que faz por razões religiosas/espirituais
Fonte: as autoras (2016).
Pelos dados obtidos, nota-se que 53 % dos participantes dedicam em média uma hora por semana às atividades da igreja ou que faz por razões religiosas/espirituais. Geralmente este tempo é a duração de um culto ou reunião espiritual.
A seguir aborda-se a religiosidade organizacional.
5.9 RELIGIOSIDADE ORGANIZACIONAL
 Ao iniciar a abordagem, foi questionado com que frequência o participante participa de serviços religiosos (rituais, missas, cultos, celebrações). As opões foram: 1. Mais de uma vez por semana; 2. Toda a semana (semanal); 3. Uma ou duas vezes por mês; 4. Todo mês (mensal); 5. Uma ou duas vezes por ano e; 6. Nunca.
10 participantes informaram que participam uma ou duas vezes por mês; 8 responderam participar toda semana (semanal); 6 informaram que participam uma ou duas vezes por semana; 3 revelaram nunca participar e; as opções mais de uma vez por semana e todo mês (mensal), obtiveram duas respostas cada.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 38.
Gráfico 38 – Sobre a frequência com que participa de serviços religiosos (rituais, missas, cultos, celebrações)
Fonte: as autoras (2016).
Pelas respostas, a periodicidade com que ocorrem as celebrações religiosas das quais os mesmos fazem parte. 
Foi questionado também se além dos serviços religiosos, com que frequência participa de outras atividades da igreja e templos religiosos. As opões foram: 1. Mais de uma vez por semana; 2. Toda a semana (semanal); 3. Uma ou duas vezes por mês; 4. Todo mês (mensal); 5. Uma ou duas vezes por ano e; 6. Nunca.
13 participantes informaram que participam uma ou duas vezes por ano; 10 afirmaram que nunca participam; 4 afirmaram participar mais de uma vez semana e; 3 afirmaram participar toda semana (semanal).
Os dados obtidos estão representados no gráfico 39.
Gráfico 39 - Além dos serviços religiosos, com que frequência participa de outras atividades da igreja e templos religiosos
Fonte: as autoras (2016).
Pelas respostas fica evidente que os participantes dão prioridade aos eventos maiores das igrejas, por exemplo: Natal e Páscoa, onde há maior mobilização, devido ao fato de serem desenvolvidas ações em prol de pessoas carentes.
O tópico a seguir trata da preferência religiosa dos participantes.
5.10 PREFERÊNCIA RELIGIOSA
Segundo Reginato, De Benedetto e Gallian (2016, p. 252), “no interior dos sentidos e dos sentimentos esconde-se a transcendência da natureza humana, manifesta na sua espiritualidade que pode se concretizar em ritos e devoções de uma crença religiosa”. 
Com base nessa ideia, quis-se saber a religião do participante no momento. 20 responderam ser católicos e 10 evangélicos. Os dados obtidos estão representados no gráfico 40.
Gráfico 40 - Religião no momento
Fonte: as autoras (2016).
Os dados obtidos refletem uma realidade verificada a nível de Brasil, onde segundo dados do IBGE (2010) os católicosrepresentam 64,6% e os evangélicos representam 22,2% da população.
Estudos tentando avaliar qual a relação entre redução de mortalidade e prática religiosas têm enfatizado o possível incentivo que essas práticas oferecem a hábitos de vida saudáveis, suporte social, menores taxas de estresse e depressão (SANTOS et al. 2013, apud CORREIA et al., 2015, p. 493).
Aos que responderam ser evangélicos, foi questionado qual a denominação religiosa. As denominações Universal, Deus é amor e Assembleia de Deus obtiveram duas respostas cada; as denominações Crer em Deus, Quadrangular e Luterana obtiveram uma resposta cada. Um participante não respondeu.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 41.
Gráfico 41 – Sobre a denominação evangélica
Fonte: as autoras (2016).
Para finalizar foi solicitado aos participantes uma autoavaliação global de religiosidade e espiritualidade.
5.11 AUTOAVALIAÇÃO GLOBAL DE RELIGIOSIDADE E ESPIRITUALIDADE
Sobre a religiosidade e espiritualidade, foi questionado até que ponto o participante se considera uma pessoa religiosa. As opções foram: 1. Muito religiosa; 2. Moderadamente religiosa; 3. Pouco religiosa e; 4. Nem um pouco religiosa.
16 responderam moderadamente religiosas; 8 informaram ser muito religiosas e; 6 afirmaram ser poucos religiosas.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 42.
Gráfico 42 - Até que ponto se considera uma pessoa religiosa
Fonte: as autoras (2016).
O fato de se considerar uma pessoa religiosa é fator que pode contribuir para a aceitação da nova situação e também do tratamento. Segundo Paula, Nascimento e Rocha (2009 apud OTTAVIANI, 2015, p. 249, “[...] sustentar a esperança ante a doença é um processo contínuo e importante, pois estimula o indivíduo e a família a buscar novos caminhos ou aceitação da nova condição imposta pela doença. Nesse contexto, a espiritualidade e a religiosidade também estão associadas como ferramentas de apoio e fortalecimento, para o enfrentamento das dificuldades no cotidiano, relacionadas às suas crenças espirituais individuais”.
Na última questão quis-se saber até que ponto o participante se considera uma pessoa espiritualizada. As opções foram: 1. Muito espiritualizada; 2. Moderadamente espiritualizada; 3. Pouco espiritualizada e; 4. Nem um pouco espiritualizada.
17 afirmaram ser moderadamente espiritualizadas; 9 afirmaram ser pouco espiritualizadas e; 4 afirmaram ser muito espiritualizadas.
Os dados obtidos estão representados no gráfico 43.
Gráfico 43 - Até que ponto se considera uma pessoa espiritualizada
Fonte: as autoras (2016).
A confirmação de que a maioria dos participantes enquadra-se na opção moderadamente espiritualizada pode ser um indicador dos dados apurados até o momento, onde nota-se uma participação em atividades religiosas e sentimento de estar amparado por uma força superior e “[...] sabe-se o quanto a religiosidade pode estar associada com níveis mais baixos de depressão a índices mais elevados de esperança e bem-estar, o que também pode explicar a relação positiva com a qualidade de vida em geral”.
Para finalizar utiliza-se a orientação de Ottaviani et al. (2014, p. 253):
Os profissionais de saúde que assistem os pacientes renais crônicos em tratamento dialítico devem ter o compromisso de considerar o nível de esperança e de espiritualidade dos mesmos no momento da assistência, pois isso será de suma importância para o enfrentamento da doença e do tratamento.
Na sequência são apresentadas as considerações finais do estudo.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo a avaliar a importância da espiritualidade no tratamento das pessoas submetidas ao tratamento hemodialítico e utilizando-se o BMMRS-p (Medida Multidimensional Breve de Religiosidade Espiritualidade), questionário já validado no Brasil no ano de 2013 em Juiz de Fora - MG.
Ao longo do trabalho alguns obstáculos foram encontrados. O modelo de questionário utilizado foi validado no Brasil há aproximadamente 3 anos e as publicações ainda sobre o assunto podem ser consideradas escassas. 
O trabalho tratou de aspectos relativos à saúde e doença, com abordagem a partir da espiritualidade, que até um passado bem recente não fazia parte dos tratamentos médicos. Contudo, trabalhos realizados e a prática médica foram demonstrando que há sim, uma linha tênue entre espiritualidade, medicina e saúde e pretendeu-se através de pesquisa com pacientes da Clínica Renal do Extremo-Oeste de Santa Catarina perceber até que ponto a espiritualidade faz parte de suas vidas e influencia seus tratamentos.
Sobre as experiências espirituais diárias, os participantes demonstraram em sua maioria que sentem a presença de Deus diariamente e que encontram força na religião todos os dias. Revelou também que os mesmos sentem a presença de Deus em suas vidas e que o veem como força para vencer os obstáculos e encontrar paz interior.
Questionados sobre seus valores e crenças, declararam sentir ser cuidados por Deus e sentem-se responsáveis em diminuir o sofrimento no mundo.
Acerca do perdão, foi respondido que a maioria tem se perdoado e perdoado ao próximo que os tem ofendido, demonstrando que os ensinamentos pregados nas diversas doutrinas e religiões tem sido absorvidos, visto que o perdão é tratado como essencial ao bem viver de cada ser humano.
A respeito das práticas religiosas particulares, os participantes em sua maioria frequentam cultos e templos semanalmente. As orações e meditações buscando encontro e intimidade com Deus são realizadas diariamente, as vezes mais de uma vez ao dia. Os programas religiosos no rádio ou na televisão também fazem parte da vida dos participantes da pesquisa. 
Questionados sobre a superação religiosa e espiritual, os participantes afirmaram reconhecer e sentir que fazem parte de um plano maior. A maioria dos participantes revelou ter suas via e suas atividades em comunhão com Deus, o qual é visto como força, suporte e energia.
Os participantes também não sentem que Deus os castiga por coisas erradas que tenham realizado e não se sentem abandonados em nenhum momento. As opiniões ficaram divididas ao se falar na presença de suas religiões em as vidas fora dos templos, onde os mesmo afirmam que não teriam grande apoio em caso de necessidade.
Situação semelhante é verificada em relação ao suporte religioso, onde os participantes afirmam que não teriam grande apoio se passassem por um período de doença ou se estivessem em uma situação difícil. Revelaram também que não são procurados com frequência pela denominação religiosa a que participam, as quais não lhes procuram com frequência e não lhes criticam por seus atos.
Sobre a história religiosa/espiritual, ficou evidente pelos dados levantados que a maioria dos participantes já teve alguma experiência significativa com Deus, muitas das quais mudaram suas vidas.
Sobre o comprometimento religioso, os participantes afirmam que tentam levar sua religiosidade ao longo da vida e que contribuem com as causas religiosas e que participam/auxiliam nos eventos realizados.
Acerca da religiosidade organizacional, os mesmo afirmaram participar semanalmente ou a cada quinze dias. 
Sobre a preferência religiosa, a maioria dos participantes declarou ser católica, revelando um dado que se verifica a nível de Brasil, onde embora cresça o número de fieis ou praticantes de outras denominações, a Igreja Católica ainda mantém a maioria.
Em uma autoavaliação global de religiosidade e espiritualidade os participantes revelaram se considerar em sua maioria moderadamente religiosos e espiritualizados.
Integrar a espiritualidade e tratar o indivíduo holisticamente foi a proposta central do trabalho. Considerando e respeitando sua religiosidade e seu sofrimento espiritual frente à sua condição física atual. Sempre prestando assistência humanizada e de qualidade, que facilite a assistência espiritual. 
Com esse estudo, espera-se que a revisão das práticas religiosas,

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