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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS (CCJS) UNIDADE ACADÊMICA DE DIREITO MONITORIA DE DIREITO CIVIL I (NOITE) PESSOA NATURAL (Parte I) i. MATERIAL ELABORADO PELOS MONITORES DA DISCIPLINA DE DIREITO CIVIL I; ii. ESTE MATERIAL NÃO SUBSTITUI A LEITURA DA DOUTRINA. É ALTAMENTE RECOMENDÁVEL A PROCURA DE MATERIAIS COMPLEMENTARES. AO FINAL, QUANDO PETINENTE, SERÃO INDICADAS LEITURAS AUXILIARES; iii. ESTE MATERIAL NÃO SE ENCONTRA FINALIZADO.. AS ALTERAÇÕES SERÃO COMUNICADAS ATRAVÉS DO EMAIL DA TURMA iv. OS RESUMOS SERÃO ENVIADOS AO FINAL DE CADA SEMANA E TRATARÃO DOS ASSUNTOS DEBATIDOS EM SALA DE AULA v. AS DÚVIDAS COM RELAÇÃO AO CONTEÚDO DESTE MATERIAL SERÃO RESPONDIDAS PELOS MONITORES REPONSÁVEIS; vi. A CÓPIA DESTE MATERIAL É LIVRE. 1. APONTAMENTOS INICIAIS Trata-se de um dos mais importantes temas da Teoria Geral do Direito Civil, vez que explora a questão de quem pode ou não ser titular de direitos e obrigações, bem como o momento em que atos essenciais para a vida civil podem efetivamente ser desempenhados sem a necessidade de representação ou assistência, entretanto, sem descuidar dos mecanismos existentes para antecipar esta capacidade. E indubitável que para que seja possível falar objetivamente de direitos e de seu real conteúdo é necessário esclarecer de início o centro, quem é diretamente afetado pela conjuntura jurídica, no tocante ao Direito Civil, claro, que é o nosso campo de estudo neste semestre. Portanto, a nossa primeira constatação é que o SER HUMANO é o destinatário final de toda norma. “O estudo do Direito deve começar pelo conhecimento e compreensão das pessoas, os sujeitos de direito, porque são elas que se relacionam dentro da sociedade. Vimos que um homem só em uma ilha deserta não está subordinado, como regra geral, a uma ordem jurídica. No momento em que aparece um segundo homem nessa ilha, passam a existir ‘relações jurídicas’, direitos e obrigações que os atam, que serão os ‘sujeitos’ da ‘relação jurídica’. Portanto, em qualquer instituto jurídico que se estude, em qualquer situação jurídica, deve-se partir de um ponto fundamental, questionando-se: qual é a relação jurídica existente? Quem faz parte dessa relação jurídica? Quais são os sujeitos de direito dessa relação? O ser humano é a destinação de todas as coisas no campo do Direito” (VENOSA) Em momento oportuno também aprofundaremos o estudo da personalidade artificial, que nos é apresentada pela doutrina em geral como sendo a PESSOA JURÍDICA, porém destacamos agora a PESSOA NATURAL, conceito que passamos a demonstrar, mas já adiantando que se trata, a grosso modo, todo ser humano, nascido com vida, desse modo não excluído inteiramente da ordem jurídica, a quem podem ser atribuídos certos direitos e obrigações, sendo considerado assim SUJEITO DE DIREITOS. “O direito ao analisar a pessoa, o faz sob o prisma de ser o elemento primário para o surgimento de uma relação jurídica, como potencial detentora de direitos e obrigações, inerente que é, nos dias de hoje, da qualidade de ser humano. E, a expressão jurídica do ser pessoa é a personalidade” 2. CONCEITO DOUTRINÁRIO1 -Todo ser humano é pessoa -Em regra, as criaturas HUMANAS são portadoras de direitos2 Observe-se que o conceito de pessoa natural exclui os animais, os seres inanimados e as entidades místicas e metafísicas, todos tidos, eventualmente, como objetos do direito (TARTUCE) STOLZE------------------------ Personalidade jurídica, portanto, para a Teoria Geral do Direito Civil, é a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações, ou, em outras palavras, é o atributo necessário para ser sujeito de direito3 BEVILÁQUA----------------------------- Pessoa é o ser a que se atribuem direitos e obrigações. Equivale, assim, a sujeito de direitos PONTES DE MIRANDA--------------------------- Pessoa é o titular do direito, o sujeito de direito. Personalidade é a capacidade de ser titular de direitos, pretensões, ações e exceções. Capacidade de direito e personalidade são o mesmo PAULO LÔBO---------------------------- Pessoa é o sujeito de direito em plenitude, capaz de adquirir e transmitir direitos e deveres jurídicos SERPA LOPES---------------------------------- No direito moderno, é ponto indiscutível que todo o homem, como tal, é pessoa, ou sujeito de direito: em virtude do que a capacidade jurídica é sinônimo de personalidade 1 Em 1949, noticia EMILIO MIRA Y LÓPEZ, renomados psicólogos reuniram-se em um congresso realizado em Berna, com o propósito de traçar um conceito de personalidade que fosse aceito pela maioria significativa dos profissionais de psicologia, havendo os experts chegado à conclusão de que tal conceito seria “a estrutura ou a silhueta psíquica individual”, ou, ainda, “o modo de ser peculiar do eu” 2 O postulado fundamental da ordem jurídica brasileira é a dignidade humana, enfeixando todos os valores e direitos que podem ser reconhecidos à pessoa humana, englobando a afirmação de sua integridade física, psíquica e intelectual, além de garantir a sua autonomia e livre desenvolvimento da personalidade 3 Sujeito de direito é, assim, a pessoa que detém a titularidade de um direito, que incorpora esse direito a seu patrimônio jurídico, como sujeito ativo, ou como sujeito passivo, responde pelas obrigações. Estes direitos ou obrigações de que o sujeito é titular, decorrem da capacidade Ao contrário do Código Civil anterior, o atual prefere utilizar a expressão pessoa em vez de homem, constante do art. 2.° do Código de 1916, e tida como discriminatória, inclusive pelo texto da Constituição de 1988, que comparou homens e mulheres (art. 5.°, I). Esse mesmo dispositivo da atual codificação traz a ideia de pessoa inserida no meio social, com a sua dignidade valorizada, à luz do que consta no Texto Maior, particularmente no seu art. 1.°, III, um dos ditames do Direito Civil Constitucional (TARTUCE) -A doutrina ainda pode se referir a esses sujeitos em outros termos, a saber: PESSOA FÍSICA, PESSOA INDIVIDUAL ou PESSOA SINGULAR. Lembrando que TEIXEIRA DE FREITAS, gênio do Direito Civil, preferia a expressão, acolhida inclusive pelo código argentino, PESSOA DE EXISTÊNCIA VISÍVEL -Dispondo de sua personalidade o ente tem a possibilidade de atuar na ordem jurídica, alterando- a, conservando-a, interagindo com outros sujeitos ao travar relações4 que repercutem produzindo seus efeitos conforme seus desejos e seus limites, sejam eles morais ou legais EM RESUMO, PODEMOS DIZER SINTETICAMENTE QUE ser pessoa significa ter personalidade. Ter personalidade decorre de ser pessoa; são conceitos indissociáveis, sendo, na verdade, a personalidade a própria face jurídica da pessoa. Assim, podemos dizer que, o ser humano nascido vivo é necessariamente pessoa e, portanto, detentor de personalidade 3. AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA -O texto legal diz que a personalidade jurídica se adquire a partir do NASCIMENTO COM VIDA, isto é, no momento em que se verifica que opera normalmente o APARELHO CARDIORESPIRATÓRIO -São vários os métodos para se aferir clinicamente o funcionamento deste aparelho, dentre os quais se destaca a DOCIMASIA HIDROSTÁTICA DE GALENO -Mesmo vindo a falecer instantes depois que “respirou” o ente já é considerado sujeito de direitos e, portanto, opera efeitos determinantes na ordem civil CONTUDO, a questão não é pacífica. São TRÊS as principais teorias sobre o momento em que se adquire a PERSONALIDADE JURÍDICA DE ANTEMÃO É PRECISO DIZER QUE, cientificamente é possível apontar dois momentos para definiro início da personalidade jurídica. São eles A CONCEPÇÃO e o NASCIMENTO. Entretanto, são as variáveis quando consideradas que trazem uma interrogação para o estudioso do direito, enfaticamente a questão do NASCITURO é bastante complexa e conduz a certa inconsistência no tocante a um consenso NESSE CONTEXTO, traçando um PARALELO COM O CÓDIGO ANTERIOR, diz que perdeu o legislador a oportunidade histórica de pôr fim à controvérsia entre natalistas e concepcionistas. Os natalistas entendem que a personalidade tem início com o 4 Relação jurídica é o vínculo entre sujeitos de direito estabelecido por lei ou pela vontade humana, para a consecução dos seus próprios interesses nascimento com vida. Os concepcionistas defendem a tese de que a personalidade começa a partir da concepção. Qual seria a posição do Código Civil? Os natalistas propugnam por sua tese; afinal, esta seria a intenção literal do legislador, ao afirmar que a personalidade civil começa do nascimento com vida. Ocorre que, logo a seguir, o mesmo legislador dispõe que os direitos do nascituro serão postos a salvo. DIREITOS SÓ DETÊM AS PESSOAS, SENDO ASSIM, POR INTERPRETAÇÃO LÓGICA, O TEXTO LEGAL ESTARIA ADOTANDO A TESE CONCEPCIONISTA. O Código de 1916 já era dúbio. Faltou coragem ao legislador de 2002 3.1. NATALISTA -Posição predominante no DIREITO BRASIILEIRO -Entende-se que a PERSONALIDADE começa a partir do NASCIMENTO COM VIDA5 -A questão é que o artigo utilizado para sustentar esta teoria também, em sua parte final, reconhece os direitos da figura do NASCITURO, que versa sobre a proteção daquele ente ainda não nascido, mas que se espera que vá nascer Art. 2o A personalidade civil da pessoa COMEÇA DO NASCIMENTO COM VIDA; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro -Grande parte da doutrina adota este entendimento, o que denota a importância desta teoria que tem inúmeros reflexos práticos e sociais6 CAIO MÁRIO, aponta que o nascituro não é ainda uma pessoa, não é um ser dotado de personalidade jurídica. OS DIREITOS QUE SE LHE RECONHECEM PERMANECEM EM ESTADO POTENCIAL. Se nasce e adquire personalidade, integram-se na sua trilogia essencial, sujeito, objeto e relação jurídica; mas se se frustra, o direito não chega a constituir-se, e não há falar, portanto, em reconhecimento de personalidade ao nascituro, nem se admitir que antes do nascimento já ele é sujeito de direito ORLANDO GOMES, por sua vez, entende que ao lado do que ele chama de PERSONALIDADE REAL, pode existir também uma PERSONALIDADE FICTÍCIA, atribuindo esta última ao nascituro, que não tem personalidade, mas desde a concepção é “como se tivesse”. Aponta ainda o clássico doutrinador que se trata tão somente de um CONSTRUÇÃO TÉCNICA DESTINADA A ATINGIR CERTOS FINS, de modo que podemos classificar Orlando Gomes como mais um adepto da TEORIA NATALISTA 5 Dá-se o nascimento com a positiva separação da criança das vísceras maternas, pouco importando que isso decorra de operação natural ou artificial. A prova inequívoca de o ser ter respirado pertence à Medicina (VENOSA) 6 Se o recém-nascido — cujo pai já tenha morrido — falece minutos após o parto, terá adquirido, por exemplo, todos os direitos sucessórios do seu genitor, transferindo-os para a sua mãe. Nesse caso, a avó paterna da referida criança nada poderá reclamar. A Lei de Registros Públicos (Lei n. 6.015/73) determina, em seu art. 50, que “todo nascimento que ocorrer no território nacional deverá ser dado a registro, no lugar em que tiver ocorrido o parto ou no lugar da residência dos pais, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, que será ampliado em até 3 (três) meses para os lugares distantes mais de 30 (trinta) quilômetros da sede do cartório diz que o fato de o nascituro ter proteção legal, podendo inclusive pedir alimentos7, não deve levar a imaginar que tenha ele personalidade tal como a concebe o ordenamento. Ou, sob outros termos, o fato de ter ele capacidade para alguns atos não significa que o ordenamento lhe atribuiu personalidade. Embora haja quem sufrague o contrário, TRATA-SE DE UMA SITUAÇÃO QUE SOMENTE SE APROXIMA DA PERSONALIDADE, mas com esta não se equipara. A personalidade somente advém do nascimento com vida , sabiamente disserta que no útero a criança não é pessoa. Se não nasce viva, nunca adquiriu direitos, nunca foi sujeito de direito, nem pode ter sido sujeito de direito (=nunca foi pessoa). Todavia, entre a concepção e o nascimento, o ser vivo pode achar-se em situação tal que se tenha de esperar o nascimento para se saber se algum direito, pretensão, ação, ou exceção lhe deveria ter ido. QUANDO O NASCIMENTO SE CONSUMA, A PERSONALIDADE COMEÇA -Um dos problemas desta teoria é que ela não consegue responder satisfatoriamente a questão: SE O NASCITURO NÃO TEM PERSONALIDADE, NÃO É PESSOA; DESSE MODO, O NASCITURO SERIA APENAS UMA COISA? , de modo peculiar, critica que A TEORIA NATALISTA ESTÁ TOTALMENTE DISTANTE DO SURGIMENTO DAS NOVAS TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA E DA PROTEÇÃO DOS DIREITOS DO EMBRIÃO. Também está distante de uma proteção ampla de direitos da personalidade, tendência do Direito Civil pós-moderno (...) nega ao nascituro mesmo os seus direitos fundamentais, relacionados com a sua personalidade, caso do direito à vida, à investigação de paternidade, aos alimentos, ao nome e até à imagem8 3.2. TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL -Esta teoria pode ser considerada uma derivação das TEORIAS CONCEPCIONISTAS, a despeito de que Tartuce entende que ela pode, ao contrário, ser vista como ESSENCIALMENTE NATALIST, pois parte da premissa de que a personalidade só tem início com o nascimento com vida -Entendem os seus adeptos, em linhas gerais, que os direitos, então pertencentes a o nascituro, estão CONDICIONADOS ao nascimento com vida, momento em que seriam CONSOLIDADOS9 7 Stolze Gagliano e Pamplona Filho aduzem ainda que o nascituro deve fazer jus a alimentos, "por não ser justo que a genitora suporte todos os encargos da gestação sem a colaboração econômica do seu companheiro reconhecido" (2002:93). Corretíssima a afirmação. Os alimentos são devidos não apenas pelo companheiro reconhecido, mas por qualquer um que tenha concebido o nascituro 8 A matéria deverá ganhar novos contornos e estudos em futuro muito próximo, pois a possibilidade de reprodução humana assistida, com o nascimento do filho tempos após a morte do pai ou da mãe, obrigará, certamente, uma revisão de conceitos filosóficos e jurídicos, inclusive para fins de direito hereditário. Veja o que examinamos a respeito em nossa obra de direito de família. Os seres gerados pela inseminação artificial com o sêmen preservado do marido ou do companheiro e aqueles gerados de embriões congelados obrigarão novos estudos, que terão implicações éticas e religiosas, além de uma profunda reformulação jurídica 9Encontramos muitos autores, tanto na doutrina nacional, como na estrangeira, bem como muitos códigos que, direta ou indiretamente se identificam com essa colocação a propósito do início da personalidade. Assim, o próprio Teixeira de Freitas que, como já visto, no art. 1 da Consolidação das Leis Civis e no art. 221 do Esboço de Código Civil Brasileiro, se identifica com a teoria concepcionista pura, escorrega para a tese da personalidade condicional, ao dispor no art. 222 do Esboço que os direitos referidos no art. 221, somente estarão adquiridos se ocorrer o nascimento com vida70. Por sua vez, o projeto original de Clóvis Bevilaqua, seguia a mesma linha ao dispor, no então art. 3º que a personalidadecomeça na concepção, sob a condição de que ocorra o nascimento com vida71, posição defendida por Carvalho Santos que, ao criticar a redação definitiva adotada pelo Código -Portanto, paira sobre estes direitos certa condição suspensiva, qual seja, o nascimento com vida10 , clarifica que a proteção do nascituro se explica, pois há nele uma personalidade condicional que surge, na sua plenitude, com o nascimento com vida e se extingue no caso de não chegar o feto a viver -Pode-se dizer que esta teoria traz uma visão menos ousada que aquela defendida pelos CONCEPCIONISTAS, podendo receber a alcunha de TEORIA CONCEPCIONISTA MODERADA/IMPURA, já que não chega ao ponto de reconhecer a personalidade do nascituro convictamente , entende que a aquisição de todos os direitos surgidos ‘medio tempore’ da concepção subordina-se à condição de que o feto venha a ter existência: se tal acontece, dá-se a aquisição; mas, ao contrário, se não houver o nascimento com vida, ou por ter ocorrido um aborto ou por se tratar de natimorto, não há uma perda ou uma transmissão de direitos, como devera de suceder se ao nascituro fosse reconhecida uma ficta personalidade , nessa linha, admite que em suma, reconhece-se a existência do ser humano a partir da concepção. A personalidade é condicional, dependente do nascimento com vida -Um dos problemas desta teoria é que ela se apega com questões patrimoniais, não respondendo aos apelos dos direitos pessoais a favor do nascituro, vez que OS DIREITOS DA PERSONALIDADE não podem estar sujeitos a condição, termo ou encargo -Por esta doutrina, o nascituro, como assevera Tartuce, não tem efetivamente seus direitos reconhecidos, mas apenas DIREITOS EVENTUAIS sob condição suspensiva, uma “refinada” expectativa de direitos. Arremata ainda que EM UMA REALIDADE QUE PREGA A PERSONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL, UMA TESE ESSENCIALMENTE PATRIMONIALISTA NÃO PODE PREVALECER 3.3. TEORIA CONCEPCIONISTA Salientou-se anteriormente que do ponto de vista exclusivamente científico apenas dois momentos podem ser apontados como sendo responsáveis por dotar o ente de personalidade: A CONCEPÇÃO E O NASCIMENTO. Falamos brevemente sobre as teses que se sustentam com base no nascimento com vida. Agora trataremos da teoria que acredita que é no momento encontro gamético que a personalidade pode ser adquirida -Seus defensores sustentam que o ente, uma vez CONCEBIDO, já seria detentor da personalidade nos termos que esta foi conceituada neste estudo de 16, atestava que “a razão estava com Clóvis, quando defendendo o ponto de vista do projeto, escrevia que a doutrina oposta à aceita pelo ‘Código’ é a verdadeira pois harmoniza ‘o direito civil consigo mesmo, com o penal, com a fisiologia e com a lógica 10 A condição suspensiva é o elemento acidental do negócio ou ato jurídico que subordina a sua eficácia a evento futuro e incerto. No caso, a condição é justamente o nascimento daquele que foi concebido. Como fundamento da tese e da existência de direitos sob condição suspensiva, pode ser citado o art. 130 do atual Código Civil -Partem seus defensores do conceito de que a qualidade de sujeito de direito é inerente à pessoa e inseparável da personalidade que, por sua vez, significa possuir a capacidade de adquirir direitos -Utiliza-se ainda como argumento o fato da própria ordem jurídica reconhecer inúmeros direitos ao nascituro, tanto de ordem patrimonial quanto no âmbito extrapecuniário, além do princípio da dignidade da pessoa humana, que irradia seus efeitos por todo ordenamento brasileiro e, por consequência, em toda relação travada no mundo do ser Baseiam-se, ainda, no fato incontestável de que, ainda, na vida intra-uterina, já existe um ser pertencente ao gênero humano, dotado de todas as características genéticas e com um DNA próprio que o faz um indivíduo único e perfeitamente caracterizado , pode ser considerado um entusiasta, já que consta o seguinte no Esboço do Código Civil Brasileiro: Art. 221. Desde a concepção no ventre materno começa a existência visível das pessoas e, antes de seu nascimento, elas podem adquirir direitos, como se já estivessem nascidas diz que a condição do nascimento não é para que a personalidade exista, mas tão-somente para que se ‘consolide’ a sua ‘capacidade jurídica Tem-se ainda , que preleciona que afirmar que a personalidade começa a partir da concepção decorre da existência de direitos não patrimoniais e ‘status’ que independem do nascimento com vida (...) juridicamente, entram em perplexidade total aqueles que tentam afirmar a impossibilidade de atribuir capacidade ao nascituro ‘por este não ser pessoa’. A legislação de todos os povos civilizados é a primeira a desmenti-lo. Não há nação que se preze (até a China) onde não se reconheça a necessidade de proteger os direitos do nascituro (Código chinês, art. 1.º). Ora, quem diz direitos, afirma capacidade. Quem afirma capacidade, reconhece personalidade Quanto à Professora , há que se fazer um aparte, pois alguns doutrinadores a colocam como seguidora da tese natalista, o que não é verdade. A renomada doutrinadora, em construção interessante, classifica a PERSONALIDADE JURÍDICA EM FORMAL E MATERIAL. A personalidade jurídica formal é aquela relacionada com os direitos da personalidade, o que o nascituro já tem desde a concepção, enquanto a personalidade jurídica material mantém relação com os direitos patrimoniais, e o nascituro só a adquire com o nascimento com vida. Mais à frente, a jurista diz que a razão está com a teoria concepcionista, filiando-se a essa corrente Em suma, prevalece, pelos inúmeros autores citados, a teoria concepcionista. As páginas que devem ser viradas são justamente aquelas que defendem as outras teses BOM ESTUDO
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