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28/01/2017 1 EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS Enf. Elvécio Adilson da Cunha Especialista em Cardiologia EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS • Objetivo da aula • Aprimorar os conhecimentos em situações de agravamento do quadro clínico, urgência e emergência, assim como sinalizar e direcionar as condutas de enfermagem. “UMA INTERVENÇÃO OPORTUNA EM CRIANÇAS GRAVEMENTE DOENTES É FUNDAMENTAL PARA EVITAR A PROGRESSÃO PARA UMA PARADA CARDÍACA E PARA SALVAR VIDAS” 28/01/2017 2 PROGRAMAÇÃO • Avaliação pediátrica; • Falência respiratória; • Choque; • Parada cardiorrespiratória; O QUE DEFINE O NEONATO, O LACTENTE E A CRIANÇA ? • Neonato: bebês nos seus primeiros 28 dias de vida; • Bebê ou lactente: inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses); • Criança: se aplica ao grupo de 1 a 8 anos de idade. 28/01/2017 3 POR QUE ACONTECE PCR NA CRIANÇA? • A parada cardíaca pediátrica frequentemente representa um evento terminal de choque progressivo ou da falência respiratória; • A causa de parada cardíaca também varia com a idade, a condição basal de saúde da criança e o local do evento; • No hospital, as causas comuns de paradas cardíacas incluem sepse, parada respiratória, intoxicação medicamentosa, distúrbios metabólicos e arritmias. POR QUE ACONTECE PCR NA CRIANÇA? • Nos recen-nascidos, a falência respiratória é a causa mais comum de deterioração cardiopulmonar e parada; • Em lactentes mais velhos e crianças, a parada pode estar relacionada à progressão da falência respiratória, choque ou disfunção neurológica; • Em geral, paradas pediátricas no cenário extra-hospitalar são caracterizadas pela progressão da hipóxia e da hipercapnia para parada respiratória e bradicardia, e na evolução, para parada cardíaca em assistolia; • Nesse grupo etário, a ventilação e oxigenação efetivas e precoces devem ser estabelecidas o mais rápido que for possível. 28/01/2017 4 COMO AVALIAR A CRIANÇA DE RISCO? CARACTERÍSTICAS DA CRIANÇA � Cabeça é proporcionalmente maior em relação ao corpo; � Cérebro mais complacente; � Cavidade oral menor e língua proporcionalmente maior; � Tórax mais elástico; � Menor peso; � Evolução clínica extremamente rápida; � Recuperação neurológica maior. 28/01/2017 5 EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA Independentemente da causa básica, se respiração, circulação ou sistema nervoso central estiverem comprometidos, devemos nos preparar para atuar de imediato. PARÂMETROS AVALIADOS PARA DIAGNÓSTICO DE RISCO DE MORTE • RESPIRAÇÃO • CORAÇÃO (CIRCULAÇÃO) • SISTEMA NERVOSO CENTRAL PARTICULARIDADES DA CRIANÇA A criança é susceptível a desenvolver insuficiência respiratória devido à: • Pequeno diâmetro das vias aéreas, maior tendência à obstrução; • Função muscular intercostal e diafragmática menos maduras favorecendo à exaustão; • Poros de ventilação colateral (canais de Lampert e poros de Kohn) pobremente desenvolvidos favorecendo à formação de atelectasias; • Caixa torácica mais complacente; • Incoordenação toraco-abdominal durante o sono REM que prejudica a higiene brônquica; • Pulmões com menos elastina, diminuição da complacência pulmonar; • Sistema imunológico em desenvolvimento. 28/01/2017 6 O QUE DEVO AVALIAR NA CRIANÇA? Aparência � Tônus muscular; � Interação; � Olhar; � Fala/choro Circulação � Coloração anormal da pele; Esforço respiratório � Aumento; � Redução do trabalho respiratório; � Sons anormais; AVALIAÇÃO DA VIA AÉREA E RESPIRAÇÃO Via aérea � Avaliar os movimentos do tórax e abdome; � Ouvir os sons respiratórios; Boa respiração � FR; � Esforço respiratório; � Volume corrente; � Sons pulmonares; � Oximetria de pulso; 28/01/2017 7 AVALIAÇÃO DA FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA IDADE RESPIRAÇÕES POR MINUTO RN e lactente (0 a 1 ano) 30 a 60 Criança pequena (1 a 3 anos) 24 a 40 Pré-escolar(4 a 5 anos) 22 a 34 Escolar (6 a 12 anos) 18 a 30 Adolescentes (13 a 18 anos) 12 a 16 FR anormal: Taquipnéia - Bradipnéia - Apnéia(> 20 segundos sem respiração) AVALIAÇÃO DO ESFORÇO RESPIRATÓRIO � Batimento de asas do nariz; � Retrações torácicas: o Leve/moderada: Subcostal, intercostal; o Grave: Supraclavicular, supra-esternal; � Balançar da cabeça ou respiração abdominal; 28/01/2017 8 AVALIAÇÃO DO VOLUME CORRENTE E VOLUME MINUTO � Volume corrente = 5 a 7ml/Kg � Volume minuto = VC x FR � Observar a expansão da parede do tórax: o Geralmente é simétrica; � Auscultar a movimentação do ar dentro do tórax SONS RESPIRATÓRIOS E PULMONARES ANORMAIS � Estridor: o Inspiratório: indica obstrução da VAS � Gemido expiratório: o Colapso da pequenas vias aéreas e/ou dos alvéolos oSinal grave!!! � Sibilos o Obstrução da via aérea inferior � Estertores o Crepitações no final da inspiração 28/01/2017 9 OXIMETRIA DE PULSO � Mede a porcentagem de hemoglobina da criança que está saturada com oxigênio; � Valores normais: > 94%; � A onda de pulso também pode indicar a perfusão periférica; AVALIAÇÃO DA CIRCULAÇÃO Função cardiovascular � Cor e temperatura da pele; � FC; � Ritmo cardíaco; � Pressão arterial; � Pulsos (periféricos e centrais); � Tempo de enchimento capilar; Perfusão de órgãos alvo � Perfusão cerebral; � Perfusão cutânea; � Perfusão renal; 28/01/2017 10 FREQUÊNCIA CARDÍACA NA CRIANÇA Idade FC acordado FC dormindo RN até 3 meses 85 a 205 bpm 80 a 160 bpm 3 meses a 2 anos 100 a 190 bpm 75 a 160 bpm 2 a 10 anos 60 a 140 bpm 60 a 90 bpm >10 anos 60 a 100 bpm 50 a 90 bpm Como determinar a FC: pulso, ausculta, monitor PRESSÃO ARTERIAL NA CRIANÇA: HIPOTENSÃO Idade PA sistólica RN < 60mmHg Lactente < 70mmHg 1 a 10 anos < 70 + (idade em anos x 2) >10 anos >10 anos < 90mmHg 28/01/2017 11 TEMPO DE ENCHIMENTO CAPILAR Tempo normal: � Até 2 segundos; Fatores que interferem no enchimento capilar: � Desidratação, � Choque; � Hipotermia; PERFUSÃO DOS ÓRGAOS-ALVO Cérebro Alteração do nível de consciência; Perda do tono muscular; Agitação/letargia; Inconsciência; Rins Oligúria: < 1,5ml/kg/hora nos lactentes < 1ml/kg/hora nas crianças maiores Pele Palidez: sangue na pele; Mosqueamento: vasoconstricção na pele; Cianose: central e periférica; 28/01/2017 12 CIANOSE CENTRAL X PERIFÉRICA Central � > 5g/dl de Hb insaturada; � Distúrbios pulmonares (shunt intrapulmonar); � Hipoventilação alveolar; o Reduzida oferta de oxigênio (altitude); Periférica o Oxigênio nos tecidos periféricos; FALÊNCIA RESPIRTÓRIA 28/01/2017 13 FALÊNCIA RESPIRTÓRIA Função fisiológica do sistema respiratório � Realizar a troca gasosa � Oxigenação: O2 entra e se liga a hemoglobina; � Ventilação: CO2 é exalado; � Consumo de O2 na criança >> no adulto � 6 a 8 ml/Kg/min x 3 a 4ml/Kg/min; � Problemas respiratórios podem ocasionar � Hipoxemia: oxigenação insuficiente no sangue arterial; � Hipercapnia: ventilação inadequada; � Ambos FALÊNCIA RESPIRATÓRIA � HIPOXEMIA � Conteúdo arterial de oxigênio =(1,36 x Hb x SaO2) + (0,003 x PaO2) � Oxigenação inadequada do sangue; � Saturação de O2 < 94%; � Cianose; � Hipóxia tecidual � Oxigenação do tecido é inadequada! � Taquipneia, palidez, fatiga, taquicardia, desconforto respiratório, cianose; � Hipoxemia nem sempre leva a hipóxia tecidual! 28/01/2017 14 MECÂNISMOS DA HIPOXEMIA Fator Mecanismo Causas ↓O2 ambiental ↓PaO2 Altitude Hipoventilação alveolar ↑PCO2 → ↓PaO2 TCE, infecção SNC, drogas Defeito da difusão Alteração da membrana alveolo- capilar: ↓PaO2 e depois ↑PCO2 Pneumonia intersticialAlteração da ventilação/perfusão (V/Q) Passagem inadequada de sangue oxigenado pelos pulmões: ↓PaO2 e depois ↑PCO2 Pneumonia, SARA, Asma, Bronquiolite Shunt Perfusão de áreas não ventiladas ou shunt fixo intracardíaco Shunt intracardíaco: Cardiopatia cianótica Shunt pulmonar FALÊNCIA RESPIRATÓRIA � HIPERCAPNIA � Ventilação alveolar inadequada: ↑ da PaCO2; � Acidose respiratória; � Causas mais comuns � Redução do esforço respiratório: hipoventilação central; � Doenças das vias aéreas ou do tecido pulmonar; � Quadro clínico: � Taquipnéia; � Batimentos das asas do nariz, retrações torácicas; � Agitação; � Alteração do nível de consciência; 28/01/2017 15 FALÊNCIA RESPIRATÓRIA Como detectar a hipoxemia e hipercapnia � Hipoxemia � Oxímetro de pulso � Hipercapnia � Apenas através da gasometria! � Alerta: � Pode haver hipercapnia sem hipoxemia!!! � Avaliar muito bem o nível de consciência FALÊNCIA RESPIRATÓRIA � Respiração normal � Esforço mínimo e silenciosa; � Mecânismos importantes no controle da respiração � Resistência das vias aérea; � Complacência pulmonar; � Músculos da respiração; � Controle da respiração pelo snc; 28/01/2017 16 FALÊNCIA RESPIRATÓRIA Resistência das vias aéreas � É a impedância do fluxo de ar causada por forças de atrito � Depende do tamanho das vias aéreas � O trabalho da respiração aumenta com o aumento da resistência das vias aéreas � A resistência aumenta quando: � O fluxo de ar é turbulento: agitação e choro! � Há redução da luz da via aérea FALÊNCIA RESPIRATÓRIA Complacência pulmonar � Distensibilidade do pulmão e caixa torácica � Quanto menor a complacência pulmonar mais rígido é o pulmão (―pulmão duroǁ) � Condições pulmonares que ↓a complacência � Pneumonia, SARA � Condições extrapulmonares que ↓a complacência � Derrame pleural, pneumotórax 28/01/2017 17 FALÊNCIA RESPIRATÓRIA Músculos da respiração � Diafragma: principal músculo inspiratório � A contração do diafragma ↓ pressão no tórax e permite o fluxo de ar entrar nos pulmões � Músculos intercostais � Mantém a rigidez da caixa torácica para permitir a entrada de ar nos pulmões � Músculos acessórios � Geralmente não são utilizados na respiração, porém em situações patológicas são utilizados para ↓ pressão no tórax e permitir a entrada de ar no pulmões 28/01/2017 18 FALÊNCIA RESPIRATÓRIA Controle da respiração pelo snc � Centros respiratórios no tronco encefálico � Respondem aos quimioceptores � Quimioceptores centrais e periféricos � Centrais: respondem a PCO2 cerebral � Periféricos (corpo carotídeo): respondem a PO2 � Controle voluntário � Suspiro FALÊNCIA RESPIRATÓRIA Distúrbios respiratórios � Classificação por gravidade � Angustia respiratória � ↑ fr e do esforço respiratório � Insuficiência respiratória � Alteração da oxigenação e/ou da ventilação 28/01/2017 19 FALÊNCIA RESPIRATÓRIA Distúrbios respiratórios Classificação por tipo de problema � Obstrução de via aérea superior � Estridor, inspiração prolongada � Obstrução de via aérea inferior � Sibilos, expiração prolongada � Doença pulmonar parenquimatosa � Hipoxemia, estertores pulmonares � Alteração do controle da respiração � Taquipneia alternando com bradipnéia, respiração superficial FALÊNCIA RESPIRATÓRIA Sinais de angustia respiratória • Taquipnéia: 1º sinal de angustia respiratória; • Esforço respiratório aumentado: retrações, batimento de asas do nariz; • Gemido expiratório: colabamento das vias aéreas inferiores; • Estridor: obstrução de vias aéreas superiores; • Sibilos: obstrução de vias aéreas inferiores; • Respiração abdominal: retrações intercostais graves; • Balançar da cabeça: sinal de insuficiência respiratória iminente; 28/01/2017 20 Sinais de parada respiratória iminente � Bradipnéia; � Apnéia; � Tendência a bradicardia; � Movimentação diminuída do ar; � SpO2↓e cianose; � Estupor, coma; FALÊNCIA RESPIRATÓRIA Sinais de comprometimento da função cardiovascular e de órgãos-alvo: � Taquicardia ou bradicardia; � Pulsos periféricos diminuídos; � Pulsos centrais diminuídos; � Enchimento capilar anormal; � Hipotensão arterial; � Pele fria, pálida, sudoreíca; � Débito urinário reduzido; � Alteração do nível de consicência; FALÊNCIA RESPIRATÓRIA 28/01/2017 21 FALÊNCIA RESPIRATÓRIA Sinais clínicos Obstrução VAS Obstrução VAI Doença Parenquimatosa FR/esforço Aumentada Aumentada Aumentada Sons respiratórios Estridor, tosse de cachorro, rouquidão Sibilos, expiração prolongada Gemido, estertores, ↓sons respiratórios Movimentação do ar Diminuída Diminuída Diminuída FC Taquicardia(precoce) e bradicardia(tardia) Pele Pele fria e pálida (precoce);cianose (tardia) Nivel de Consciência Ansiedade e agitação (precoce); Letargia e ↓ responsividade(tardia) FALÊNCIA RESPIRATÓRIA FLUXOGRAMA DO TRATAMENTO DAS EMERGÊNCIAS RESPIRATÓRIAS � Posicionamento da via aérea; � Oxigênio; � Oximetria de pulso; � Monitorização; � Obstrução de via aérea superior: � Epinefrina por via inalatória ou IM � Corticóides, Albuterol e anti- histamínicos (anafilaxia) � Broncoscopia : corpo estranho � Obstrução via aérea inferior � Albuterol com ipatrópio � Corticóides, terbutalina, epinefrina SC � Doença parenquimatosa pulmonar � Albuterol, antibióticos � Considerar suporte ventilatório não invasivo (CPAP ou VNI) ou ventilação invasiva com PEEP � Considerar suporte inotrópico e diuréticos 28/01/2017 22 FALÊNCIA RESPIRATÓRIA A: Via aérea � Abertura da via aérea: Ligeira extensão da cabeça e elevação do mento FALÊNCIA RESPIRATÓRIA Via aérea � Abertura da via aérea: Tração anterior da mandíbula (supeita de trauma) 28/01/2017 23 FALÊNCIA RESPIRATÓRIA A: Via aérea � Verificar presença de secreção ou corpo estranho na cavidade oral e realizar aspiração com sonda calibrosa! FALÊNCIA RESPIRATÓRIA B - Ventilação � Ventilação com máscara (bolsa-valva-máscara) com FiO2de 100%: � Escolher a máscara adequada para a idade do paciente (RN, lactente, crianças maiores) 28/01/2017 24 FALÊNCIA RESPIRATÓRIA B: Ventilação FALÊNCIA RESPIRATÓRIA B: Ventilação � Manobra de Sellick 28/01/2017 25 FALÊNCIA RESPIRATÓRIA B: Ventilação � Máscara laríngea: FALÊNCIA RESPIRATÓRIA CPAP Nasal � Muito utilizado na neonatologia � Suporte pós-extubação � Boa tolerânica � Complicações: � Lesões asas do nariz 28/01/2017 26 FALÊNCIA RESPIRATÓRIA VENTILAÇÃO INVASIVA: Intubação traqueal � Preparação do material � Laringoscópio; � Sistema de aspiração de vias aéreas; � Medicações a serem utilizadas; � Verificar acesso venoso; � Utilizar sequencia rápida para o procedimento � Sedação e analgesia (midazolan, fentanil, ketamina) � Bloqueador neuromuscular (curarização) � Fazer a sequencia rápida com segurança!! � Estar sempre preparado para o pior: PCR!!!! FALÊNCIA RESPIRATÓRIA 28/01/2017 27 FALÊNCIA RESPIRATÓRIA • Ventilação invasiva � Tubo traqueal � Geralmente sem cuff nos RN´s; � Demais pacientes podem usar com cuff (pressão < 20cmH20); � Tamanho do tubo � Sem cuff: (idade/4) + 4; � Com cuff: (idade/4) + 3; � Fixação do tubo: � 3x o tamanho do tubo (rima labial); � Confirmação da posição do tubo � Movimentação do tórax, sons pulmonares>>>sons gástricos; � Saturação periférica no oxímetro; � CO2 exalado; � Laringoscopia direta; � Radiografia de tórax; 28/01/2017 28 VENTILAÇÃO INVASIVA Criança em ventilação mecânica, intubado, que piora subitamente.... � Deslocamento do tubo traqueal; � Obstrução do tubo traqueal; � Pneumotórax; �Equipamento falho; 28/01/2017 29 CHOQUE CHOQUE O que se conceitua como choque? É uma condição crítica resultante de uma distribuição inadequada de oxigênio e nutrientes aos tecidos podendo resultar de: � Volume insuficiente de sangue no organismo; � Distribuição inadequada do sangue no organismo; � Comprometimento da função cardíaca; � Fluxo de sangue obstruído; “Quanto mais cedo você reconhecer o choque, estabelecer as prioridades e iniciar a terapia, maior as chances da criança ter um prognóstico favorável” 28/01/2017 30 TIPOS DE CHOQUE Hipovolêmico � Desidratação (diarreia, Vômitos, poliúria, Queimaduras extensas, Febre) � Hemorragia; � Sequestro de líquidos: � Drenagem de grandes volumes de transudatos (ascite, hidrotórax); Obstrutivo � Coarctação de aorta; � Embolia pulmonar; � Pneumotórax hipertensivo; � Tamponamento cardíaco. TIPOS DE CHOQUE Cardiogênico � Aneurisma ventricular � Arritmias; � Defeitos mecânicos; � Disfunção miocárdica da Sepse; � Disfunção de condução; � Falência ventricular Esquerda; � IAM; � Lesões valvares; � Miocardite e Cardiomiopatias; Distributivo � Anafilaxia; � Choque séptico; � Choque neurogênico � (Trauma raquimedular, � Traumatismo craniano); � Doenças endócrinas (Hipocortisolismo/Hipotireoidismo); � Síndrome vasoplégica - Pós circulação Extracorpórea. 28/01/2017 31 TIPOS DE CHOQUE AVALIAÇÃO DA CRIANÇA COM CHOQUE Aspecto geral: � “Parece doente”, inquieta ou quietinha demais; � Respiração rápida com esforço respiratório; � Pele mosqueada, pálida ou sudoreica; 28/01/2017 32 AVALIAÇÃO DA CRIANÇA COM CHOQUE Circulação � Função cardiovascular: � FC: taquicardia é sinal precoce. Bradicardia é sinal de mal prognóstico; � PA: aferir a PA sempre. Hipotensão é sinal de mal prognóstico e deve ser tratada agressivamente; � Amplitude dos pulsos; � Pulsos filiformes; � Pulsos amplos: choque séptico � Tempo de enchimento capilar: geralmente prolongado (>2’’) � Pele: extremidades frias e pálidas � SNC: Confusão mental, irritabilidade, agitação e letargia, ↓resposta aos estímulos � Rins: Oligúria(< 1ml/kg/h ou < 30ml/h nos adolescentes) FISIOLOGIA DO CHOQUE � Distribuição adequada de oxigênio aos tecidos depende: � Conteúdo suficiente de oxigênio no sangue; � Hb e PaO2; � Fluxo sanguíneo adequado ; � Débito cardíaco; � Harmonia entre o fluxo sanguíneo e a demanda metabólica dos tecidos; � Objetivo principal do sistema cardiorespiratório: � Manter a distribuição do oxigênio para os tecidos e remover os produtos metabólicos; � Distribuição de oxigênio é inadequada, há um aumento... hipóxiatecidual, ácido láctico. Estas células morrem e levam a disfunção orgânica; 28/01/2017 33 FISIOLOGIA DO CHOQUE Volume sistólico depende... � Pré-carga: � Causa mais comum de choque na criança (Hipovolêmia); � Contratilidade: � Choque cardiogênico � Pós-carga: � Aumento da resistência periférica diminui o volume sistólico FISIOLOGIA DO CHOQUE Mecanismos compensatórios... � Taquicardia; � Aumento da IRVP � Vasocontricção periférica para redirecionar o fluxo de sangue para órgãos vitais (SNC, coração); � Aumento da contratilidade; � Aumento do tono venoso; 28/01/2017 34 FISIOLOGIA DO CHOQUE Efeitos sobre a pressão arterial � Pressão arterial = Débito cardíaco x Resistência vascular sistêmica � A PA inicialmente não se altera pois o DC RVS � Com o tempo, o aumento da RVS não é mais suficiente.... CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE POR GRAVIDADE (PRESSÃO ARTERIAL) Choque compensado � Perfusão tecidual inadequada com PA sistólica normal; � A PA diastólica pode estar alterada; � ↑no choque hipovolemico: pulsos finos; � ↓no choque séptico: pulsos amplos; Mecanismos compensatórios � FC aumentada: taquicardia � RV sistêmica aumentada: � Pele: Fria, pálida, sudoreíca � Circulação: Enchimento capilar lento � Rins: Oligúria � Intestino: Vômitos, íleo 28/01/2017 35 CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE POR GRAVIDADE (PRESSÃO ARTERIAL) Choque compensado (PA adequada) Choque hipotensivo(PA inadequada) PARADA CARDÍACA Algumas horas depois... Algumas minutos depois... FUNDAMENTOS DO TRATAMENTO DO CHOQUE Componentes do tratamento � Oxigênio; � Máscara, intubação traqueal; � Acesso vascular; � Ressuscitação volêmica; � Monitorização; � Exames auxiliares; � Suporte farmacológico; � Avaliações frequentes; 28/01/2017 36 FUNDAMENTOS DO TRATAMENTO DO CHOQUE Acesso vascular � Veia periférica: acesso “curto e grosso” (“jelco” calibroso) � Tentar acesso durante 60 segundos apenas; FUNDAMENTOS DO TRATAMENTO DO CHOQUE Acesso vascular � Intraóssea: Fácil acesso. � Pode receber todos fluidos e medicações. Tempo de permanência até 6 horas; 28/01/2017 37 FUNDAMENTOS DO TRATAMENTO DO CHOQUE Acesso vascular � Cateter central (técnica de Seldinger) FUNDAMENTOS DO TRATAMENTO DO CHOQUE Ressuscitação volêmica � Solução cristalóide isotônica: bolo de 20ml/kg em 5 a 10 minutos até melhorar a PA e perfusão tecidual; � Solução colóide: após 60ml/kg de cristaloide; Cristaloide Colóide 28/01/2017 38 FUNDAMENTOS DO TRATAMENTO DO CHOQUE Monitorização � SpO2; � Frequencia cardíaca e ritmo (ECG); � Pressão arterial; � Função neurológica; � Temperatura; � Débito urinário; FUNDAMENTOS DO TRATAMENTO DO CHOQUE Exames auxiliares � Hemograma completo; � Glicemia; � Potássio; � Cálcio; � Lactato; � Gasometria arterial; � Saturação venosa O2; � Radiografia de tórax; � ECG; 28/01/2017 39 FUNDAMENTOS DO TRATAMENTO DO CHOQUE Hipoglicemia � Recém-nascidos: < 45mg/dl � Lactentes e crianças maiores: < 60mg/dl � Tratamento: � Solução de glicose a 10%: 5 a 10ml/Kg � Solução de glicose a 50%: 2 a 4ml/Kg “Não se usa glicose no líquido da ressuscitação volêmica!” FUNDAMENTOS DO TRATAMENTO DO CHOQUE Inotrópicos Dopamina Epinefrina Dobutamina ↑contratilidade cardíaca ↑ FC Efeitos alfa e beta adrenérgicos Inibidores da fosfodiesterase Milrinona ↓pós-carga (RVS) ↑contratilidade cardíaca ↑fluxo coronariano Vasodilatadores Nitroglicerina Nitroprussiato ↓pós-carga ↓tono venoso Vasopressores Epinefrina Norepinefrina Dopamina Vasopressina ↑ pós-carga (RVS) 28/01/2017 40 FUNDAMENTOS DO TRATAMENTO DO CHOQUE Choque hipovolêmico Expansão 20mlKg cristalóide em bolo Considerar colóide após 60ml/Kg 10 a 20 ml/kg; Reposição de concentrado de hemácias no choque hemorrágico; Choque distributivo Séptico: Expansão (60 a 80ml/Kg) + drogas vasoativas; Anafilático: Epinefrina, corticóides, anti- histamínicos; Choque cardiogênico Expansão 5 a 10ml/Kg; Drogas vasoativas; Choque obstrutivo CC canal dependente: PGE1 Pneumotórax ou tamponamento: drenagem FUNDAMENTOS DO TRATAMENTO DO CHOQUE 1ª hora: Reposição de volume (até 60ml/kg) correção de hipoglicemia e hipocalcemia antibiótico e hidrocortisona 2mg/Kg Iniciar drogas vasoativas •PA normal: dopamina •Choque hipotensivo ―quenteǁ: Norepinefrina •Choque hipotensivo ―frioǁ: epinefrina SvO2 > 70% quente • + Volume; • Norepinefrina; SvO2 < 70% e PA normal • Manter Hb > 10g/dl • + volume • Considerar dobutamina ou milrinona SvO2 < 70% e PA ↓(―frioǁ) • Manter Hb > 10g/dl • + volume • Considerar epinefrina ou dobutamina + norpeinefrina Caso não haja melhora... Procurar manter SvO > 70% ... CHOQUE SÉPTICO 28/01/2017 41 PCR - COLAPSO � Apnéia; � Ausência de pulso central � Femoral/braquial: <1 ano de idade; � Carotídeo: > 1 ano de idade; 28/01/2017 42 COMPRESSÕES COM 01 SOCORRISTA28/01/2017 43 COMPRESSÕES COM 02 SOCORRISTAS 28/01/2017 44 VENTILAÇÃO COM BOLSA VÁLVULA MASCARA 28/01/2017 45 CIRCULAÇÃO Acesso vascular para infusão de fluidos e drogas: “Obter acesso vascular seguro o mais breve possível” � Acesso venoso periférico: � 2 tentativas em no máximo 60 segundos! � Acesso Intraósseo: Geralmente é obtido entre 30 a 60 segundos � •Material: � Agulhas específicas � Agulhas com mandril (punção de medula óssea) � Agulhas calibrosas (18, 20) ou scalp 18 RITMOS DE COLAPSO � Bradicardia; � Assistolia; � FV/TV sem pulso; � AESP; 28/01/2017 46 BRADICARDIA SINTOMÁTICA (FC <60BPM + MÁ PERFUSÃO) Epinefrina • EV/IO: 0,01mg/Kg (0,1ml/Kg - 1:10.000) • ET: 0,1mg/Kg (0,1ml/Kg -1:1.000) • Repetir a cada 3 minutos, mesma dose Atropina • EV/IO/ET: 0,02mg/Kg (dose mínima: 0,1mg) • Repetir apenas mais 1x (após 5 minutos) RCP ASSISTOLIA Epinefrina • EV/IO: 0,01mg/Kg (0,1ml/Kg -1:10.000) • ET: 0,1mg/Kg (0,1ml/Kg -1:1.000) • Repetir a cada 3 minutos, mesma dose RCP 28/01/2017 47 FIBRILAÇÃO VENTRICULAR E TV SEM PULSO • pulso Epinefrina (1 x) •EV/IO: 0,01mg/Kg (0,1ml/Kg - 1:10.000) •ET: 0,1mg/Kg (0,1ml/Kg -1:1.000) Antiarrítmicos •Amiodarona 5 mg/Kg EV/IO •Lidocaina 1 mg/Kg EV/IO/ET •Magnésio 25-50 mg/Kg EV/IO (Torsades ou hipoMg) RCP Desfibrilação (1x) 2 J/Kg Desfibrilação (1x) 4J/Kg ATIVIDADE ELÉTRICA SEM PULSO (AESP) �6 T �6 H Epinefrina •EV/IO: 0,01mg/Kg (0,1ml/Kg - 1:10.000) •ET: 0,1mg/Kg (0,1ml/Kg -1:1.000) •Repetir a cada 3 minutos, mesma dose RCP 28/01/2017 48 OUTRAS MEDICAÇÕES UTILIZADAS DURANTE A RCP Bicarbonato de Sódio 10%: � Acidose metabólica documentada, hipercalemia, hipermagnesemia; � EV/IO: 1 mEq/kg; � Repetir após 10 minutos s/n; • Cloreto de Cálcio 10% � Hipocalcema, hipercalemia, hipermagnesemia e overdose de bloqueadores de canais de cálcio; � AESP; � EV/IO: 0,2 ml/Kg (em 10 a 20 segundos); � Repetir após 10 minutos s/n; OUTRAS MEDICAÇÕES UTILIZADAS DURANTE A RCP Glicose � Hipoglicemia suspeita ou documentada; � RN: 2ml/Kg de glicose 10% EV/IO em bolo; � Demais crianças: 4ml/Kg de glicose 25% EV/IO em bolo; 28/01/2017 49 ESTABILIZAÇÃO PÓS PCR •Ventilação Mecânica •Controle de Tº •Controle eletrolítico, ácido- básico e glicemia CHOQUE PÓS PCR Expansão volêmica:SF ou Ringer: 20ml/Kg em bolus Repetir s/n CHOQUE DESCOMPENSADO (HIPOTENSÃO ARTERIAL) CHOQUE COMPENSADO (SEM HIPOTENSÃO) Epinefrina (EV/IO)0,05 a 0,3 µg/Kg/min Dobutamina (EV/IO)2 a 20 µg/Kg/min Milrinone (EV/IO)50 a 75 µg/Kg (ataque) 0,50 a 0,75µg/Kg/min Epinefrina (EV/IO)0,1 a 1,0 µg/Kg/min Norepinefrina (EV/IO)0,2 a 2,0 µg/Kg/min QUANDO PARAR A RCP � Na assistolia: � Após RCP efetiva e 3 doses de epinefrina (péssimo prognóstico neurológico) � Na FV: � Enquanto durar a FV � Na AESP: � Manter RCP até identificar a causa “Em média, após 30 minutos de RCP efetiva” 28/01/2017 50 REFERÊNCIAS � ALMEIDA, F. A. SABATÉS, A.L. Enfermagem pediátrica: a criança, o adolescente e sua família no hospital. BarueriSP: Editora Manole, 2008; � American Heart Association 2015. Destaques das Diretrizes para RCP e ACE - Guidelines CPR ECC; � Ancona FL, Campos DJ. Tratado de Pediatria – Sociedade Brasileira de Pediatria. 2ª edição; � Filócomo, et al. Estudos dos acidentes na infância em um pronto-socorro pediátrico. Rev Latino-am Enfermagem 2002 janeiro-fevereiro; 10(1):41-7; � HOCKENBERRY, M.J. Wong Fundamentos de enfermagem. 7ª ed, Rio de Janeiro, Elsevier EditoraLtda, 2006; � Lino Junior, et al. Análise estatística do trauma ortopédico infanto juvenil do pronto socorro de ortopedia de uma metrópole tropical. ACTAORTOP BRAS 13(4) – 2005; REFERÊNCIAS � Kliegman et al. Nelson Textbook of Pedriatics. 18ª edição; � Manual de emergências: um guia para primeiros socorros/ Will Chapleau. Rio de Janeiro: Elsivier 2008; � MATSUMOTO, Toshio; CARVALHO, Werther Brunow de. Intubação traqueal. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre, v. 83, n. 2, May 2007 ; � Regina Márcia Cardoso de Sousa et al. Atuação no trauma: uma abordagem para a enfermagem. São Paulo: Editora Atheneu, 2009; � TOPJIAN, A. A. et al. Pediatric Cardiopulmonary Resuscitation: advances in sciences, techniques andoutcomes. Pediatrics. v.122, p.1086-1098, 2008;
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