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CINTIA LOBO CEZAR Capitão-de-Corveta Encarregada da Divisão de Enfermagem do HNBra CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR I – Introdução à Infecção Hospitalar A infecção hospitalar é aquela adquirida no hospital e que não estava presente ou em incubação quando da admissão do paciente. Ela pode manifestar-se durante a internação ou mesmo após a alta. Atualmente, o termo infecção hospitalar tem sido substituído por: Infecção Relacionada À Assistência À Saúde (IRAS). Esta mudança abrange não só a infecção adquirida no hospital, mas também aquela relacionada a procedimentos realizados em ambulatório, durante cuidados domiciliares e a infecção ocupacional adquirida por profissionais de saúde. A infecção é resultante da interação entre: - Os microrganismos, sua fonte de transmissão e hospedeiro. II – Precauções, Isolamentos e Biossegurança 2.1 – Precauções e Isolamentos 2.1.1- Precaução Padrão Devem ser seguidas para TODOS OS PACIENTES, independente da suspeita ou não de infecções. -Higienização das mãos; - EPI: Luvas, máscaras, avental e óculos. 2.1.2- Precaução de Contato: - Higienização das mãos; - EPI: Luvas e avental; - Quarto privativo ou leito com 1m de distância. - Indicações: infecção ou colonização por microrganismo multirresistente, varicela, infecções de pele e tecidos moles com secreções não contidas no curativo, impetigo, herpes zoster disseminado, baixa imunidade,etc MRSA Lesões de pele colonizadas 2.1.3- Precaução para Gotículas - Higienização das mãos; - EPI: máscara cirúrgica (para o profissional e para o paciente em caso de transporte) e avental; - Quarto privativo ou pacientes com o mesmo agente etiológico ( 1m de distância). -Indicações: meningites bacterianas, coqueluche, difteria, caxumba, influenza, rubéola, etc. 2.1.4- Precaução para Aerossóis - Higienização das mãos; - EPI: máscara PFF2 (N-95) – pelo profissional, máscara cirúrgica (paciente durante transporte) e avental; - Quarto privativo com porta fechada. - Indicações: Tuberculose Pulmonar, Varicela ou Zoster disseminado, Sarampo. 2.2 –Biossegurança Conjunto de ações voltadas para prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes as atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços. 2.2.1 - Biossegurança em Ambiente Hospitalar: Refere-se à proteção que os profissionais devem ter contra agentes biológicos, com a manutenção de sua saúde e esquema vacinal individual, bem como, conhecimento de técnicas para evitar contaminação de pacientes e ambiente hospitalar. A maior ênfase deve ser dada à adoção permanente das precauções-padrão, com destaque à lavagem das mãos. 2.2.2 – Dimensão dos riscos no ambiente hospitalar -Risco biológico(A); - Risco químico(B); - Risco radiológico(C) 2.2.3 – Definições importantes em Biossegurança Hospitalar -Assepsia: conjunto de medidas utilizadas para impedir a penetração de microorganismos em ambiente estéril. - Antissepsia: É a eliminação das formas vegetativas de bactérias patogênicas e grande parte da flora residente da pele e mucosa, mediante a aplicação de agente germicida de baixa causticidade, hipoalergenico e passível de ser aplicado em tecido vivo. Assepsia - Degermação: remoção de detritos, impurezas, sujeira e microorganismos da flora transitória e alguns da flora residente depositados sobre a pele, através de água, sabão, detergentes e anti-sépticos. - Desinfecção: é o processo pelo qual se destroem particularmente os germes patogênicos e/ou se inativa sua toxina ou se inibe o seu desenvolvimento. Os esporos não são destruídos. Técnica específica para ambientes e materiais. Desinfecção de unidade -Esterilização: é processo de destruição de todas as formas de vida microbiana (bactérias nas formas vegetativas e esporuladas, fungos e vírus) mediante a aplicação de agentes físicos e ou químicos, Toda esterilização deve ser precedida de lavagem e enxaguadura do artigo para remoção de detritos. Bactérias esporuladas Autoclave - Antissépticos / Desinfetantes: a) Antisséptico: empregado em tecido vivo; Um antisséptico adequado deve exercer a atividade germicida sobre a flora cutâneo-mucosa em presença de sangue, soro, muco ou pus, sem irritar a pele ou as mucosas. b) Desinfetante: quando a utilizamos em objetos inanimados. Desinfetante NÃO!!! SIM!!! Clorexidina degermante Clorexidina alcóolica Álcool 70% Álcool gel - Infecção Cruzada: refere-se à transferência de microorganismos de uma pessoa (ou objeto) para outra pessoa, resultando em infecção. - Infecção Oportunista: patógenos que se aproveitam do estado de debilidade das defesas do organismo para causar danos, que normalmente não aconteceriam em indivíduos com estado imunológico preservado. - Colonização: Crescimento e multiplicação de um microorganismo em superfícies epiteliais do hospedeiro, sem manifestações clínicas ou resposta imunológica. -Contaminação: presença de microorganismos em cultura sem que signifique colonização ou infecção. - Infecção: danos decorrentes da invasão e multiplicação de microorganismos no hospedeiro, levando à uma resposta imunológica. III – Principais Infecções Hospitalares 3.1- Pneumonia 3.1.1- Conceito Pneumonia Hospitalar ou Nosocomial é definida como infeçcão do trato respiratório inferior que ocorre 48 horas ou mais após a internação, desde que não presente ou em incubação à admissão hospitalar. 3.1.2 - Os microrganismos podem alcançar o trato respiratório pela: - Aspiração de secreções da orofaringe; - Inalação de aerossóis contaminados; - Disseminação hematogênica de um foco a distância - Entubação orotraqueal ou traqueostomia; - Sonda nasogástrica ou nasoentérica; - Ventilação mecânica (causa mais frequênte). Presença de placas esbranquiçadas. Fator de risco para infecção respiratória. 3.1.3 - Para que a infecção respiratória ocorra é necessário a presença de fatores de risco tais como: - Perda das defesas do hospedeiro; - Presença de um microrganismo altamente virulento; - Uso de imunossupressores; - Cirurgias prolongadas; - Retenção e aspiração de secreções acumuladas no interior do tubo orotraqueal; - Idade e doença de base (Ex:DPOC). 3.1.4 - Patógenos relacionados: - S.pneumonia; Klebsiella spp., E. coli, Enterobacter spp., P. aeruginosa, Staphylococcus aureus, OBS: Aspergillus spp. e Pneumocystis carinii. São responsáveis por causar pneumonia em imunodeprimidos. Um tipo gravíssimo de pneumonia é a pneumonia por aspiração, comum em pacientes com nível de consciência reduzido.. Tem como fonte principal, as secreções da vias áreas superiores, seguida pelo refluxo do trato gastrintestinal. 3.1.5 - Sinais e sintomas da Pneumonia: - Incluem tosse com expectoração, febre, calafrios, falta de ar, dor no peito quando se respira fundo, vômitos, perda de apetite, prostração e dores pelo corpo. Hemoptise em casos mais graves. A febre da pneumonia é geralmente alta. Pode evoluir para Derrame Pleural. Pneumonia Derrame Pleural 3.1.6 - Principais medidas de prevenção: - Manter os pacientes com a cabeceira elevada entre 30 e 45º (quando não houver contraindicação); - Aspirar a secreção em TOT ou cânula traqueal; - Higiene oral diariamente; - Recomenda-se a troca de circuito de ventilação mecânica quando houver sujidade ou mau funcionamento do equipamento; - Recomenda-se a troca do sistema fechado de aspiraçãose houver sujidade ou mau funcionamento. 3.1.7 – Classificação dos equipamentos de assistência respiratória: - Produtos ou Equipamentos de Assistência Respiratória Críticos: Utilizados em procedimentos invasivos com penetração em pele e em mucosas adjacentes, incluindo todos os materiais que estejam diretamente conectados com essas regiões. Cânula Traqueal TOT Sistema Fechado de AVAS - Semi – Críticos: São produtos ou equipamentos que entram em contato com mucosas íntegras colonizadas e exigem, no mínimo, uma desinfecção de alto nível. Ex.: nebulizadores, umidificadores, inaladores e circuitos respiratórios, etc NBZ Umidificador Circuito de Ventilação Mecânica -Não – Críticos: São produtos ou equipamentos destinados ao contato com pele íntegra .Exigem como processamento eles mínimo a limpeza e/ou desinfecção de baixo nível, entre um uso e outro. Ex.:, oxímetros de pulso, etc. Oxímetro de Pulso 3.2- Infecções do Trato Urinário (ITU) 3.2.1- Conceito A infecção urinária é um termo amplo usado para descrever a infecção de alguma estrutura do sistema urinário. A infecção urinária pode acometer rins, bexiga ou uretra e é geralmente causada por uma bactéria. 3.2.2 – Denominações - Pielonefrite (Infecção acomete os Rins); - Cistite (Infecção acomete a bexiga urinária); - Uretrite (Infecção acomete a uretra); - Altas - que envolvem o parênquima renal (pielonefrite) ou ureteres (ureterites); Baixas - que envolvem a bexiga (cistite) a uretra (uretrite), e nos homens, a próstata (prostatite) e o epidídimo (epdidimite). 3.2.3 – Vias de Contaminação do Trato Urinário - Via ascendente: o microrganismo poderá atingir através da uretra, a bexiga, ureter e o rim (comum em pacientes submetidos à instrumentação do trato urinário). - Via hematogênica: o rim pode ser comprometido em qualquer infecção sistêmica. Microorganismos associados: Staphylococcus aureus, Mycobacterium tuberculosis, Histoplasma spp.. - Via linfática: é rara. 3.2.3 – Sintomas - Disúria dor, ardência, queimação, incômodo A disúria é um sintoma muito comum na cistite e na uretrite, podendo ocorrer eventualmente na pielonefrite. - Hematúria A hematúria pode ser macroscópica quando é facilmente notada na urina, ou microscópica quando só é detectada através de exames laboratoriais. - Febre Em casos de pielonefrite (acima de 38ºC acompanhada de calafrios). Na Cistite geralmente é abaixo dos 38ºC. Na uretrite somente nos casos de disseminação da bactéria para a corrente sanguínea. A febre diferencia a pielonefrite das demais infecções urinárias. - Urgência Urinária Na polaciúria, paciente sente vontade urinar com frequência, porém o volume de urina a cada micção é pequeno. Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga. - Corrimento uretral A saída de pus pela uretra (típico das uretrites). Tanto a cistite quanto a pielonefrite não provocam corrimento uretral, sendo este um sintoma típico de infecção da uretra. - Náuseas e vômitos Náuseas e vômitos são sintomas comuns na pielonefrite e costumam aparecer junto com a febre. A cistite pode causar um mal estar, mas não costuma provocar vômitos. Em resumo: - Cistite: ardência para urinar hematúria, urgência urinária; - Pielonefrite: febre alta, calafrios, náuseas e vômitos, dor lombar; - Uretrite: corrimento purulento pela uretra ardência para urinar. Hematúria Urgência Urinária Piúria 3.2.4 –Infecção do Trato Urinário Relacionada à Atencão À Saúde (ITU-RAS). São Infecções do trato urinário diagnosticadas após 72 horas de admissão hospitalar, com ausência de quaisquer evidências clínicas ou período de incubação no momento da admissão. Cerca de 80% das ITU-RAS são atribuíveis à utilização de um cateter vesical de demora. Sonda de Foley 3.2.5 – ITU hospitalar associada SVD - Infecção urinária diagnosticada em pacientes com SVD ou até 7 dias após a retirada da sonda. - Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus sp são as bactérias mais associadas a manipulação das vias urinárias. - Em pacientes sondados, os microrganismos atingem a bexiga através de três caminhos: a) No momento da inserção do cateter; b) Através da interface mucosa-cateter (via extraluminal). c) Através da luz do cateter ( via intraluminal); Em pacientes sedados, a presença de febre sem sinais de localização em outros sítios e a piora hemodinâmica orientam a pesquisa de ITU. - SVD X Cateterismo de Alívio X Condom X Sistemas de Drenagem: • Após uma única cateterização de alívio o risco varia de 1 a 5%; • Sistema de drenagem aberto:100% dos pacientes desenvolvem infecção urinária; • Sistema de drenagem fechado: 25% dos pacientes desenvolvem Infecção urinária; Sistema Fechado Sistema Aberto • Mesmo com o sistema de drenagem fechado o trato urinário estará colonizado em dez dias; • Pacientes hospitalizados, que permanecem cateterizados por vários meses, desenvolverão bacteriúria no primeiro mês de cateterização; • A incidência de bacteriúria é de 3 a 10% por dia de cateterização. Cultura Positiva • Quando utilizar o “condom”, o sitema de drenagem deverá ser trocado a cada troca de condom; • A maior vantagem do uso de condom está associada a preservação da integridade do esfíncter, mas o sistema coloniza ao redor da uretra com microorganismos fecais. Condom 3.2.6 – Cuidados durante manipulação de cateter urinário • O sistema não deve ser desconectado a menos que haja necessidade de irrigação; • Desinfecção da junção antes da desconexão; •Técnica asséptica para irrigação; • Caso indicada a irrigação vesical, usar sonda vesical de três vias, no intuito de não violar o sistema fechado. Irrigação Vesical • Manter a bolsa de drenagem sempre abaixo do nível da bexiga a fim de evitar refluxo de urina; • Os cateteres devem ser corretamente afixados após a inserção para impedir o movimento e a tração uretral; • Não permitir o acúmulo de urina no tubo de drenagem, permitindo um fluxo livre de urina; • Higienizar as mãos e usar luvas de procedimento ao manusear o cateter, tubo e bolsa de drenagem. •Fazer anti-sepsia com álcool a 70% na válvula de drenagem da bolsa coletora do sistema vesical, antes e depois de esvaziar a bolsa coletora. A extremidade do dispositivo de saída não deve tocar em objetos (ex. frasco para coleta de urina) ou superfícies; ERRO: Profissional não está utilizando luvas! • Utilizar luvas estéreis para inserção do cateter; •Inserir o cateter utilizando técnica asséptica e equipamento estéril; Técnica Asséptica Evitar uso de relógios e bijouterias durante técnicas assépticas. •Em caso de resistência ou obstrução, não forçar a inserção do cateter evitando possíveis lesões no conduto uretral. 3.2.7 – Recomendações em caso de cateterismo vesical • A dimensão do cateter maior do que a apropriada para o paciente lesa os tecidos e favorece a colonização; • Quanto maior o balonete, maior a quantidade de urina residual que aumenta a probabilidade de infecções. Não é recomendável cateteres com balonetes maiores do que 15-20 ml; SVD • O sistema de drenagem fechado nunca deve ser violado; • Não existem recomendações para troca de rotina do cateter e do sistema de drenagem, exceto em casos de: obstrução, vazamento ou desconexão do sistema, vigência de sepse, febre de origem não determinada , ITU por fungos. Nessas situações o cateter + sistema de drenagemdevem ser substituídos Sistema de Drenagem Fechado • Higiene meatal diária com água e sabão. O uso de água oxigenada pode ser útil para remover sangue aderido à pele adjacente; • O calibre do cateter deve ser menor que o meato urinário externo para minimizar o traumatismo uretral e permitir que as secreções drenem ao longo das laterais do cateter; Extremidade da SVD Higiene em Meato Uretral F e M • Evitar ao máximo a interrupção da urina através de pinçamento e muito menos por dobras no sistema com esparadrapo, evitando acúmulo prolongado de urina nas alças do tubo; •A bolsa coletora deve ser esvaziada a cada 8 horas ou quando o volume alcançar 2/3 da mesma, evitando refluxo de urina e possível contaminação bacteriana; •Quando houver risco de refluxo pela manipulação ou movimentação do paciente, deve-se clampar o tubo coletor; • O tipo de cateter está relacionado ao maior ou menor aprecimento de infecções. As sondas de látex formam mais encrustrações que as de PVC e estas mais do que as de silicone. Estas incrustrações predispõem à infeccção. Sonda de Látex Sonda de PVC Sonda de Silicone 3.2.8 – Complicações decorrentes do cateterismo vesical a) Cateterização de curta permanência: febre, pielonefrite aguda e bacteriemia; b) Cateterização de longa permanência: obstrução do cateter, cálculos urinários, fístula uretral, epididimite, abscesso escrotal, prostatite, abscesso prostático, inflamações renais crônicas, insuficiência renal e após muitos anos, câncer de bexiga. 3.3 – Infecção de Corrente Sanguínea 3.3.1 – Conceito Presença de microrganismos viáveis no sangue do paciente. A presença de bacteremia ou fungemia representa uma falha nas defesas do hospedeiro em localizar e neutralizar uma determinada infecção em seu foco inicial. - A invasão do sangue por microrganismos geralmente ocorre por um dos seguintes mecanismos: 1 - Penetração a partir de um foco primário de infecção, através de vasos linfáticos e daí até o sangue. 2- Entrada direta na corrente sanguínea, via agulhas ou outros dispositivos vasculares, como catéteres. - Infecção da Corrente Sanguínea (ICS) relaciona-se com: a) Dispositivos intravenosos e arteriais; b) Pacientes imunocomprometidos e críticos. Cateter SC Paciente Imunodeprimido 3.3.2 – Fatores de risco: - Idade, -Doenças de base; - Medicamentos (corticóides, quimioterápicos, drogas citotóxicas); - Procedimentos médicos invasivos (ex:catéteres). Paciente Idosa / Paciente em QT / Punção de acesso profundo 3.3.3 – Considerações Do ponto de vista de tratamento, é importante avaliar: - Presença ou ausência de hemocultura positiva; - Sinais sistêmicos de infecção; - Presença ou ausência de foco primário de origem; - Presença ou ausência de acesso vascular, tipo do acesso, sinais locais de infecção do cateter. Hemocultura / Cultura + 3.3.4 – Tipos de infecções sanguíneas •Infecções primárias da corrente sanguínea (IPCS): são aquelas infecções de conseqüências sistêmicas graves, bacteremia ou sepse, sem foco primário identificável; •Infecções de corrente sanguínea secundárias: podem ser definidas como a ocorrência de hemocultura positiva ou sinais clínicos de sepse, na presença de sinais de infecção em outro sítio; • Infecções relacionadas ao acesso vascular (IAV): são infecções que ocorrem no sítio de inserção do cateter. O maior risco definido é a presença de acesso venoso central. A taxa de infecção varia de acordo com o local de implante, o tipo de cateter empregado, a categoria do CTI (queimados, trauma, pós-operatório). •As infecções primárias da corrente sanguínea geralmente são associadas ao cateter, se este estiver presente ao diagnóstico ou 48hs após sua retirada. Cateter de Jugular 3.4. – Infecção Relacionada a Cateteres 3.4.1 – Conceito As infecções relacionadas aos cateteres , envolve a presença de um agente infeccioso + um veículo de inoculação + a quebra de barreira. Microorganismo / CVC / Punção de Acesso Venoso Profundo 3.4.2 – Mecanismos de Colonização do cateter a) Superfície externa do cateter / túnel subcutâneo / pele circunvizinha: colonizados através da microbiota própria da pele, das mãos dos profissionais e dos anti-sépticos contaminados (quanto maior o número de bactérias, maior a probabilidade de infecção). Cateter Implantado Punção de Jugular - A ocorrência de infecção superficial do acesso deve ser suspeitada quando observamos sinais flogísticos:dor, calor, eritema, e edema local no local da inserção ou no trajeto e saída de secreção purulenta pelo orifício de implantação. Acesso Venoso Profundo b) Superfície interna: pode ocorrer por dois mecanismos principais: - Manipulação inadequada do canhão do cateter; - Contaminação das soluções de infusão por manipulação direta da substância administrada. Manipulação de Cateter Profundo / Manipulação de Equipo de Soro Punção de acesso profundo / preparo de NPT em capela de fluxo laminar a) Infecção hospitalar primária da corrente sangüínea: Infecção em pacientes com hemocultura positiva colhida 48h após a hospitalização, sem foco primário aparente; b) Infecção do local de inserção do cateter: eritema, induração ou secreção purulenta ao redor da pele no local de sua inserção e/ou febre; c) Infecção no túnel dos cateteres implantados: eritema, dor, induração maior que 2 cm do local de sua inserção, associada ou não à febre. 3.4.3 – Tipos de Infecções em cateteres e) Infecção da corrente sangüínea relacionada ao cateter: isolamento do mesmo agente em cultura do segmento distal do cateter e no sangue, acompanhado de sintomas clínicos de infecção da corrente sangüínea sem outro foco aparente de infecção. f) Infecção em dispositivo implantável: eritema e necrose da pele acima do reservatório do dispositivo ou exsudato purulento na bolsa subcutânea. a) Nos cateteres de múltiplas vias, quanto maior o número de lumens maior o risco de infecção; 3.4.4 – Recomendações Cateter de Hemodiálise em Jugular / cateter de jugular b) A heparina intra-luminal evita o depósito de fibrina que é responsável pela nidação das bactérias; c) Atualmente o Ministério da Saúde recomenda uso de degermantes químicos no cuidado a pacientes críticos e antes da realização de procedimentos invasivos (efeitos residuais e cumulativos local, retardando o processo de re-colonização, que varia de quatro a seis horas). d) Nas 24 h iniciais após a punção central, usar curativo oclusivo com gaze, porque pode ocorrer sangramento ou solução de continuidade. Após 24h, é recomendado trocar o curativo de gaze por curativo com filme plástico, com troca programada para 5 a 7 dias; Curativo com filme plástico Curativo com Gaze e) A fixação do cateter impede a sua movimentação sobre o seu ponto de inserção na pele, evitando a migração de bactérias da flora local sobre a superfície externa ; f) Nos pacientes com traqueostomia, ou quando a cateterização for necessária por período prolongado, é preferível a utilização da veia subclávia (menor incidência de contaminação do cateter); Pacientes Traqueostomizados f) Febre: retirar acesso venoso central e Coletar Hemocultura 02 amostras; g) Trocar equipo a cada 72hs e imediatamente após hemoderivados, bem como , em caso de suspeita de infusão lipídica contaminada; h)Manipulação dos cateteres sempre com luvas estéreis; i)Three-way: risco de contaminação intraluminal; Hemotransfusão / NPT / Cateterde acesso venoso profundo a) Cateter de Dieta Parenteral - Via de acesso exclusiva (não usar torneirinhas); - Manipulação asséptica; - Troca do equipo a cada 24h; - Soluções exclusivas de emulsão lipídicas : correr em 6h e no máximo a cada 12h; - Apresenta risco para infecção considerável, devido à alta concentração de carboidratos e proteínas . 3.4.5 – Cuidados com cateteres específicos NPT b) Cateter de Diálise - Uso exclusivo para diálise, proteção da via de entrada (exceto emergência); - Hemoderivados devem ser administrados no máximo em 4h e a troca do equipo deve ser feita ao término da infusão. c) PVC: Trocar o equipo a cada 24 horas; Manter a ponta protegida; Usar soro fisiológico 0,9% para aferir a PVC; Fazer a limpeza com água e sabão e desinfecção com álcool a 70%, do suporte de soro diariamente; Utilizar máscara e luvas estéreis durante a conexão e desconexão do sistema. d) Cateter de Longa Permanência: - Técnica asséptica durante manipulação; - Localizar o cateter pós-palpação; - Proceder à punção e testar a infusão com soro fisiológico; - Fixar bem a agulha com gaze; - Irrigar o cateter com 10 ml de soro fisiológico 0,9% a cada uso (“lavar” o cateter); - Quando infusão de sangue ou hemoderivados, ou refluxo de sangue, irrigar com 20 ml de SF 0,9% (“lavar” o cateter); - Heparinizar o cateter após cada uso e a cada 03 semanas para cateteres que não estão em uso; * Solução para heparinizar: 100 UI de heparina para 01 ml de soro fisiológico 0,9%. Injetar de 02 a 05ml da solução; - Evitar a utilização do cateter para infusão de sangue e seus derivados; - Não utilizar o cateter para coleta de sangue (facilita a obstrução). 3.4.6 – Sítios de punção por prioridade Escolha do sítio de punção por prioridade: 1ª opção Þ. subclávia. 2ª opção Þ. jugular ( evitar em caso de traqueostomia / preconizada para hemodiálise). 3ª opção Þ. femural. 4ª opção Þ. dissecção venosa. Cateter de SC Dissecção Venosa Cateter Femural 3.4.7 – Considerações para instalação de cateter a) Fatores de risco do hospedeiro: - Doença de base; - Neutropenia; - Tempo de Antibióticoterapia; - Uso de Imunossupressores; - Tempo de Internação. b) Fatores do Cateter: - Tipo; - Técnica de inserção; - Tempo de permanência; - Local de Inserção; - Curativo. c) Fontes de Contaminação: - Flora bacteriana da pele; - Mãos dos profissionais; - Disseminação hematogênica de focos à distância; - Soluções Contaminadas. 3.5 – Infecção em Sítio Cirúrgico 3.5.1 – Conceito Infecção do sítio cirúrgico são aquelas que acometem tecidos, órgãos e cavidades incisados durante procedimento cirúrgico.Ocorrem até 30 dias pós-op ou até o 1º ano no caso de colocação de próteses. 3.5.2 – Tipos de Infecção em Sítio Cirúrgico a) Incisional Superficial Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia e envolve apenas pele e subcutâneo. Ocorre: - Drenagem purulenta da incisão superficial; A incisão superficial é aberta pelo cirurgião na vigência dos seguintes sinais ou sintomas: dor, aumento da sensibilidade, edema local, hiperemia ou calor. b) Incisional Profunda Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia ou até UM ano, se houver colocação de prótese, e envolve tecidos moles profundos à incisão (ex: fáscia e/ou músculos). Drenagem purulenta da incisão profunda, mas não de órgão/cavidade; Deiscência parcial ou total da parede abdominal ou abertura da ferida pelo cirurgião. Prótese de Quadril c) Órgão / cavidade Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia ou até UM ano, se houver colocação de prótese, e envolve qualquer órgão ou cavidade que tenha sido aberta ou manipulada durante a cirurgia. Mediastinite pós- esternotomia 3.5.3 – Fatores de risco a) Relacionados ao paciente: - Infecção coexistente (sítio infectado distante do sítio cirúrgico). - Diabetes Mellitus (quando descompensada oferece maior risco. Ex: glicemia acima 200mg/dl nas 1ªs 48hs de pós-op). - Obesidade. -Desnutrição. - Tabagismo Obesidade Desnutrido Tabagismo - Corticoterapia (suprimem o sistema imunológico). - Distúrbios Imunológicos. - Idade. - Colonização por microorganismos. Ex: S. Aureus colonizam as narinas de 20 a 30% dos pacientes. b) Fatores relacionados ao Agente Infeccioso: - Virulência ( cap. Do MO em invadir o tecido do hospedeiro e produzir danos - Resistência a antimicrobianos. c) Fatores relacionados ao procedimento cirúrgico: - Ambiente livre de patógenos; - Grau de contaminação da operação (cirurgias limpas, potencialmente contaminadas, contaminadas, infectadas). - Natureza da indicação cirúrgica (urgência, eletivas). - Tempo de cirurgia. Cirurgias em regiões assépticas Cirurgia Limpa - Contaminada Apendicite supurada Ferida Cirúrgica com Abscesso de Mandíbula - Técnica cirúrgica (hemostasia eficaz, usar adequadamente os drenos, materiais de suturas, tipos de fios). - Remoção de pelos (raspagem imediatamente antes da cirurgia – 3,1% risco de infecção; 24hs antes: 7,1%, mais de 20% mais que 24hs antes). - Clister intestinal (evita eliminação involuntária durante procedimento cirúrgico. Tricotomia IV – Noções de Microbiologia 4.1 – Conceitos Básicos a) Infectividade: capacidade do agente em se alojar e multiplicar no hospedeiro, bem como, transmitir-se deste para outro hospedeiro; b) Patogenicidade: capacidade de um agente causar doença em um hospedeiro suscetível; c) Virulência: grau de patogenicidade de um agente, que se expressa pela gravidade da doença; d) Poder imunogênico: capacidade do agente estimular resposta imune no hospedeiro. e) Bactérias Aeróbioas estritas necessitam de O2 para sobreviver e Anaeróbias estritas não crescem na presença de O2. f) Transmissão: transferência de um agente do reservatório ou fonte de infecção para o hospedeiro suscetível. Pode ser: - Direta (contágio); - Indireta: por meio de veículos animados(vetores)/ inanimados(água, ar, alimentos, solo, fômites) . g) Vias de Penetração: trajeto pelo qual o agente introduz-se no novo hospedeiro ( trato resp., digestivo, urinário, pele, mucosas). h) Imunidade: resistência específica. Pode ser ativa ou passiva. 4.2.1 - Microbiota Normal População de microrganismos que habita a pele e as mucosas de normais e sadias. 4.2.2 – Classificação da Microbiota - Residente: Microrganismos encontrados regularmente em determinada área da superfície, sendo perturbada, recompõe-se com facilidade. 4.2 - Microbiota - Transitória: Microrganismos não patogênicos ou potencialmente patogênicos que permanecem na pele ou mucosa por horas, dias ou semanas, provenientes do meio externo, não provocando doença e não se estabelecendo em definitivo na superfície. 4.2.3 – Condições para desenvolvimento de doença: - Deslocamento do sítio normal do corpo (S. epidermidis – leva a bacteremia); - Indivíduos imunocomprometidos. 4.2.4 – Benefícios da microbiota normal - Impedir a colonização por patógenos do meio externo e o possível desenvolvimento de doença por meio de interferência bacteriana. Distribuição da Flora Normal 4.2.5 – M.R.S.A A sigla MRSA que dizer Staphylococcus Aureus Resistente à Meticilina. A meticilina é um antibiótico da família das penicilinas. O MRSA é portanto, um Staphylococus resistente ao tratamento convencional através das penicilinas. Transmissão: contato entre pessoas, principalmente através das mãos. Isto é um grande problemano meio hospitalar onde os profissionais de saúde têm contato com vários doentes no mesmo dia, podendo levar o MRSA de um para outro. O simples ato de lavar as mãos após examinar os pacientes diminui muito o risco de transmissão da bactéria. O doente com MRSA é colocado em isolamento de contato. Pessoas saudáveis não desenvolvem doença se tiverem contato com pacientes infectados ou colonizados por MRSA. Mas para o doente da cama ao lado, essa contaminação pode ser fatal. O tratamento :Vancomicina, Linezulida e Teicoplamida. 4.2.6 – Manejo de Surto de KPC As enterobactérias são microrganismos que geralmente habitam a flora intestinal e eventualmente podem causar infecção em pacientes suscetíveis. Entende-se por suscetíveis pacientes sob estresse metabólico como pacientes de Unidades de Terapia Intensiva, pacientes com doenças crônicas debilitantes, usuários de drogas imunossupressoras, usuários de dispositivos como catéteres entre outros. Em especial, a Klebsiella pneumoniae carbapenemase tem causado grande preocupação e expectativa mundial. Já foi identificada em diversos países, levando ao fechamento de hospitais inteiros em alguns e, recentemente, foi identificada no Distrito Federal. Todo paciente acometido (colonizado e/ou infectado) por enterobactérias produtora de carbapenemase tipo KPC (resistente a ertapenem e/ou imipenem e/ou meropenem). O paciente colonizado é aquele que porta o microrganismo na pele e/ou superfícies mucosas sem nenhum sinal e/ou sintoma de infecção. O paciente infectado é aquele que desenvolve síndrome infecciosa de qualquer topografia com verificação do microrganismo em cultura de líquido estéril (sangue, LCR, urina, etc) ou em cultura de secreções não estéreis que preencham critérios qualiquantitavos de infecção (lavado bronco-alveolar, cultura quantitativa de aspirado traqueal) segundo os critérios nacionais/ANVISA PROVIDÊNCIAS INTERNAS: Todos os pacientes acometidos e contactantes deverão permanecer em precauções de contato rigorosas, preferencialmente em quartos individuais ou em áreas exclusivas, incluindo pacientes que necessitem de cuidados intensivos; - Precaução de contato rigorosa inclui: material e equipamento exclusivos (esfignomanômetro, termômetro, estetoscópio), materiais de consumo diário (almotolia de álcool ou clorexidina, fraldas, gazes, sondas de aspiração, esparadrapo), avental descartável, luvas. O uso de máscara e óculos segue as recomendações das precauções padrão de acordo com os riscos dos procedimentos; Realizar banho diário com clorexidina degermante 4% em todos os pacientes acometidos e contactantes; Se for da UTI para enfermaria: manter rigorosamente as precaução de contato e todas as recomendações pertinentes para o manejo do paciente dentro do hospital. A IDENTIFICAÇÃO DO CASO DEVE CONSTAR NO PRONTUÁRIO; V – Antibioticoterapia 5.1 – Conceito Antibióticos são substâncias químicas, naturais ou sintéticas, que têm a capacidade de impedir a multiplicação de bactérias ou de as destruir, sem ter efeitos tóxicos para o homem. 5.2 – Resistência A resistência aos antibióticos ocorre quando estes perdem a capacidade de controlar o crescimento ou morte bacteriana. Assim, uma bactéria é considerada resistente a determinado antibiótico quando continua a multiplicar-se na presença de níveis terapêuticos desse antibiótico. A escolha adequada dos antibióticos depende de vários fatores: - Anamnese e exame clínico para definir o sítio da infecção; - Culturas; - Antibiograma; - Conhecer hipersensibilidades do paciente às drogas sugeridas; - Idade e peso do paciente para o cálculo da dosagem; - Gravidez, lactação; - Avaliar a função hepática e renal do paciente, para melhor absorção, metabolismo e excreção das drogas prescritas; - Detectar o sítio da infecção para escolha do agente, dose, via de administração. Os antibióticos são totalmente ineficazes contra os vírus. Antimicrobiano é um termo genérico que pretende englobar todas as substâncias químicas com atividade sobre os diferentes microrganismos: -Antibióticos ou antibacterianos (quando actuam em bactérias); - Antivirais - quando actuam em vírus; -Antifúngicos (quando actuam em fungos) e - Antiparasitários (quando actuam em parasitas). VI –Sepse e Choque Séptico 6.1- Conceitos - Sepse é uma síndrome caracterizada por um conjunto de manifestações graves em todo o organismo. Tem como causa a infecção, levando a uma Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica de causa infecciosa. - Choque séptico: caracterizado por hipotensão devido à vasodilatação periférica generalizada e instabilidade hemodinâmica. O Coração bombeia o sangue rico em oxigênio Através dos vasos sanguíneos para o interior das células 6.2 - Sintomas - Sepse : Taquicardia (acima de 90 bpm); Febre (acima de 38ºC ) ou Hipotermia (abaixo de 36ºC); Taquipnéia (acima de 20 ipm), leucocitose, alteração da cosciência, oligúria, acidose metabólica., hipotensão conforme evolução clínica. - Choque Séptico: falência de múltiplos órgãos (oligúria, dispnéia, confusão mental, hemorragia interna, hipotensão severa, acidose metabólica e morte. O Choque Séptico, desenvolve um quadro gravíssimo caracterizado pela CID (coagulação Intravascular Disseminada) : estado inflamatório da coagulação. O organismo reage à CID causando a lise dos coágulos, levando à hemorragias. 6.3 – Fatores de risco - Idade; técnicas invasivas durante internação; imunossupressão; infecção hospitalar. - Bactérias mais associadas ao quadro de sepse: E.coli, Klebsiella pneumoniae, Enterobacter sp, Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus e Streptococcus pnemoniae. 6.4 - Tratamento -Manutenção do suporte cardiorrespiratório e metabólico, somados ao controle definitivo do foco infeccioso. - A reposição volêmica deve ser prioritária, agressiva, e rápida. - - Deve-se instalar um cateter de PVC. - Hemotrasfusão pode ser necessária para elevar o conteúdo arterial de oxigênio. Monitorização de um paciente em estado de Choque -Drogas utilizadas: • Dopamina (elevar a PA sistólica); • Noradrenalina (efeito vasoconstritor), • Bicarbonato de sódio (tratamento da acidose metabólica). - O suporte nutricional é parte fundamental do tratamento. Dependendo das condições, utiliza-se a via enteral ou parenteral. Dieta EnteralNPT
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