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Ambiental Atualizado (XVI TRF1)

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DIREito Ambiental
2015
	
Resumo elaborado conforme o edital do XVI Concurso Público para Provimento de Cargo de Juiz Federal Substituto do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, tendo sido adaptado com informações do edital adotado pelo Tribunal Regional da 3ª Região.
Colaboradores: 
André Reis
Bruno Barros
Camila Targa
Philippe Macedo
Victor Nascimento
	
	
	
	
	
	
Sumário
1	Ponto 1 - Conceito. Objeto. Princípios fundamentais. Princípios do direito ambiental na Constituição Federal de 1988.	9
1.1	Conceito	9
1.2	Desdobramentos do conceito jurídico de meio ambiente	9
1.3	Principais marcos da proteção ambiental	10
1.4	Estado “Socioambiental” de Direito	10
1.5	Objeto	10
1.6	Princípios fundamentais do Direito Ambiental	11
1.6.1	Princípio do Meio Ambiente como Direito Humano Fundamental	11
1.6.2	Princípio da Prevenção	12
1.6.3	Princípio da precaução (vorsorgeprinzip)	12
1.6.4	Princípio do Poluidor-Pagador ou da Responsabilização	13
1.6.5	Princípio do Usuário-Pagador	14
1.6.6	Princípio do Protetor-Recebedor	15
1.6.7	Princípio do Desenvolvimento Sustentável ou ecodesenvolvimento	15
1.6.8	Princípio do Ambiente Ecologicamente Equilibrado	15
1.6.9	Princípio da Obrigatoriedade de Atuação	16
1.6.10	Princípio da Participação Comunitária (Princípio Democrático/Cooperação)	16
1.6.11	Princípio da Publicidade ou da Informação	17
1.6.12	Princípio da Educação Ambiental	17
1.6.13	Princípio da Função Socioambiental da Propriedade	17
1.6.14	Princípio do Equilíbrio (ou proporcionalidade)	17
1.6.15	Princípio do Acesso equitativo aos Recursos Naturais	18
1.6.16	Princípio do Limite ou Princípio do Controle do Poluidor pelo Poder Público	18
1.6.17	Princípio da Ubiquidade (Princípio da Variável Ambiental no processo decisório das políticas públicas)	18
1.6.18	Princípio do Direito à Sadia Qualidade de Vida	18
1.6.19	Princípio da Reparação Integral	18
1.6.20	Princípio da Solidariedade Intergeracional	18
1.6.21	Princípio da Proibição do Retrocesso Ecológico (Canotilho)	19
1.6.22	Princípio do Progresso Ecológico (Canotilho)	19
1.6.23	Princípio da Correção na Fonte (Canotilho)	19
1.6.24	Princípio da Responsabilidade Social (ou Princípio do Equador)	19
1.6.25	Princípio do Mínimo Existencial Ecológico (STJ)	19
1.6.26	Princípio da Moralidade Ambiental (TRF 1)	19
2	Ponto 2 - O Direito Ambiental como D. Econômico. A natureza econômica das normas de Direito Ambiental.	20
3	Ponto 3 - Normas constitucionais relativas à proteção ambiental.	22
3.1	Histórico do D. Ambiental nas Constituições brasileiras	22
3.1.1	Constituição de 1988	23
3.1.1.1	Um capítulo para o meio ambiente	23
3.1.1.2	Deveres específicos do Poder Público na tutela do meio ambiente	23
4	Ponto 4 - Repartição de competências em matéria ambiental	27
4.1	Competência Legislativa	28
4.1.1	União	29
4.1.2	Estados e Distrito Federal	30
4.1.3	Municípios	31
4.2	Competência Material	32
4.2.1	União (Competência Exclusiva)	33
4.2.2	Estados (Competência Remanescente e Expressa em Relação ao Gás)	33
4.2.3	Municípios (Concorrência Comum e Supletiva ou “Concorrente Implícita”)	34
4.3	Critérios definidos pelo STF para fixação da Competência Ambiental (antes da LC 140, mas ainda válidas)	34
4.4	Lei Complementar 140/2011 – Regulamentação da Repartição de Competências Administrativas em Matéria Ambiental	34
4.4.1	Estrutura da LC 140	34
4.4.1.1	A Lei Complementar está divida em quatro capítulos	34
4.4.1.1.1	Disposições Gerais	34
4.4.1.1.2	Instrumentos de Cooperação	34
4.4.1.1.3	Ações de Cooperação	36
4.4.1.1.3.1Competências da União	36
4.4.1.1.3.2Competências dos Estados	38
4.4.1.1.3.3Competências dos Municípios	38
4.4.1.1.3.4Competências Do Distrito Federal	39
4.4.1.1.4	Disposições Finais	39
5	Ponto 5 - Zoneamento Ambiental. Sistema nacional de unidades de conservação da natureza.	39
5.1	Zoneamento Ambiental	39
5.2	Unidades de Conservação	40
5.2.1	Gestão do Sistema Nacional de Unidades de Conservação	42
5.2.2	Unidades em Espécie	43
5.2.2.1	Unidades de Proteção Integral – 5 Espécies – Art. 8°	43
5.2.2.1.1	Estação Ecológica – art. 9°	43
5.2.2.1.2	Reserva Biológica – art. 10	43
5.2.2.1.3	Parque Nacional – art. 11	43
5.2.2.1.4	Monumento Natural – art. 12	44
5.2.2.1.5	Refúgio da Vida Silvestre – art. 13	44
5.2.2.2	Unidades de Uso Sustentável – 7 Espécies – Art. 14	44
5.2.2.2.1	Áreas de Proteção Ambiental – APA – art. 15	44
5.2.2.2.2	Áreas de Relevante Interesse Ecológico – ARIE – art. 16	45
5.2.2.2.3	Floresta Nacional – art. 17	45
5.2.2.2.4	Reserva Extrativista – art. 18	45
5.2.2.2.5	Reserva de Fauna – art. 19	46
5.2.2.2.6	Reserva de Desenvolvimento Sustentável – art. 20	46
5.2.2.2.7	Reserva Particular do Patrimônio Natural – art. 21, Lei n.° 9.985/00	47
5.2.3	Criação, Implantação e Gestão das Unidades de Conservação	47
5.2.3.1	Normas gerais	47
5.2.3.2	Zonas de Amortecimento	48
5.2.3.3	Corredores ecológicos	49
5.2.3.4	Mosaico de UCs	49
5.2.3.5	Plano de manejo – art. 27	49
5.2.3.6	Atividades Proibidas – arts. 28 e 31	49
5.2.3.7	Espécies não Autóctones	50
5.2.3.8	Doações	50
5.2.3.9	Conselho Consultivo	50
5.2.3.10	Gestão Compartilhada com OSICP	50
5.2.3.11	Taxa de Visitação	50
5.2.3.12	Compensação por significativo impacto ambiental	51
5.2.3.13	Populações Tradicionais	51
5.2.3.14	Competência para Licenciamento Ambiental em UC	52
5.2.3.15	Outras disposições 	52
5.2.3.16	Quadro	52
5.2.4	Reservas da Biosfera – Art. 41	52
5.2.5	Outras Unidades de Conservação (Não Previstas Na Lei n.º 9.985/00)	53
5.2.5.1	Reservas Ecológicas	53
5.2.5.2	Jardins Botânicos	53
5.2.5.3	Jardins Zoológicos	53
5.2.5.4	Horto Florestal	54
5.2.5.5	Cavidades naturais	54
6	Ponto 6 - Poder de polícia e Direito Ambiental. Licenciamento ambiental. Infrações ambientais. Biossegurança.	54
6.1	Licenciamento Ambiental	54
6.2	Critérios para fixação da Competência Ambiental	59
6.3	Poder de Polícia e Direito Ambiental. Infrações Ambientais.	63
6.3.1	Poder de Polícia Ambiental X Competência para Licenciamento	64
6.3.2	A Responsabilidade Administrativa Ambiental	65
6.3.2.1	Caracterização da Infração Administrativa Ambiental	65
6.3.2.2	Responsabilidade administrativa de natureza objetiva ou subjetiva?	65
6.3.3	Sanções Administrativas Em Espécie	68
6.3.3.1	Advertência – art. 72, I, e §2º, Lei e art. 2º, I, e §2º, Decreto	68
6.3.3.2	Multa Simples – art. 72, II, e §§ 3º e 4º, Lei e art. 8º e ss do Decreto 6.514/08	68
6.3.3.3	Multa Diária – art. 72, III, e §5º, Lei e art. 10 do Decreto 6.514/08	69
6.3.3.4	Apreensão de animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração	66
6.3.3.5	Destruição ou Inutilização do Produto	69
6.3.3.6	Suspensão de venda e fabricação do produto	69
6.3.3.7	Embargo Ou Interdição De Obra Ou Atividade	70
6.3.3.8	Demolição de obra - art. 72, VIII, e §7º, Lei e art. 3º, VIII, Decreto 6.514/08	70
6.3.3.9	Suspensão parcial ou total das atividades	70
6.3.3.10	Restritivas de direitos - art. 72, XI, e §8º, Lei e art. 3º, X, Decreto 6.514/08	70
7	Ponto 7 - Responsabilidade ambiental. Conceito de dano. A reparação do dano ambiental	71
7.1	Introdução	71
7.2	Conceito Legal de Poluidor	71
7.3	Nexo de causalidade	73
7.4	Natureza objetiva	74
7.5	Danos Ambientais	75
7.5.1	Conceito	75
7.5.2	Principais Características	76
7.5.3	Punitive Damage e Danos Morais Ambientais (STJ)	77
7.5.5	Aspectos Processuais Relevantes	77
8	Ponto 8 - Sistema nacional do meio ambiente. Política Nacional do Meio Ambiente	78
8.1	Sistema Nacional do Meio Ambiente	78
8.1.1	Estrutura do SISNAMA	78
8.1.2	SISNAMA e a gestão do meio ambiente	79
8.2	Política nacional do meio ambiente	79
8.2.1	Dos princípios e objetivos	79
8.2.2	Dos conceitos	80
8.2.3	Dos instrumentos da PNMA (art. 9°)	80
8.2.3.1	Servidão Ambiental (art. 9-A)	82
8.2.3.2	Incentivos Governamentais (art. 12)	82
8.2.4	Taxa de controle e fiscalização ambiental	82
9	Ponto 9 - Estudode impacto ambiental. Conceito. Competências. Natureza jurídica.	83
9.1	Estudo de Impacto Ambiental – EPIA (ou EIA) / Relatório de Impacto Ambiental – RIMA	83
9.2	Questões complementares sobre o tema	86
10	Ponto 10 - Biodiversidade. Principais instrumentos de proteção internacional. Acesso. Política nacional. Proteção jurídica do conhecimento tradicional associado	86
10.1	Biodiversidade	86
10.1.1	Conceitos	86
10.1.2	Convenções de âmbito global e aplicação geral	87
10.1.2.1	Convenção sobre comércio Internacional das Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES)	87
10.1.2.2	Convenção sobre a Diversidade Biológica (UNCBD)	88
10.1.3	Acesso	88
10.1.4	Caráter erga omnes das normas que tratam de biodiversidade	88
10.1.5	Aspectos gerais da Convenção sobre a Diversidade Biológica	89
10.1.6	Biopirataria	89
10.1.6.1	Proteção jurídica do conhecimento tradicional associado	89
10.1.6.2	Proteção do conhecimento tradicional associado	90
11	Ponto 11 - Proteção às florestas.	92
11.1	Novo Código Florestal – Notas Gerais	92
11.2	Áreas (Florestais) de Preservação Permanente (APP)	93
11.2.1	Florestas de preservação permanente pelo efeito do Código Florestal	93
11.2.2	Floresta de preservação permanente por ato do Poder público	94
11.2.3	Regime de Proteção das Áreas de Preservação Permanente (arts. 7 e 8)	95
11.2.4	APPs e Regras para áreas consolidadas	96
11.2.4.1	Exercício do direito de propriedade em área florestal	96
11.2.4.2	Indenizabilidade da proteção florestal	98
11.3	Gestão das florestas públicas - Lei 11.284/2006	99
11.3.1	Princípios da gestão de florestas públicas	99
11.3.2	Da gestão direta	100
11.3.3	Da destinação às comunidades locais	100
11.3.4	Concessão florestal	101
11.3.4.1	Objeto da concessão	101
11.3.4.2	Licenciamento ambiental	102
11.3.5	Recursos financeiros oriundos dos preços da concessão florestal	102
12	Ponto 12 - Áreas de preservação permanente e Unidades de conservação.	103
13	Ponto 13. Modificação dos genes pelo homem e meio ambiente.	103
13.1	Atividades e pesquisas com OGM	103
13.2	Células-Tronco Embrionárias	104
13.3	Proibições	105
13.4	Responsabilidade Civil	106
13.5	Órgãos e entidades de biossegurança no Brasil	106
13.5.1	Conselho Nacional de Biossegurança – Cnbs	107
13.5.2	Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNbio	108
13.5.3	Comissão Interna de Biossegurança - CIBIO	108
13.5.4	Órgãos e entidades de registro e fiscalização	109
14	Ponto 14 - Proteção química das culturas e meio ambiente.	109
15	Ponto 15 - Produtos tóxicos. Controle. Transporte.	109
15.1	Introdução	109
15.2	Competência	109
15.2.1	Competência da União	109
15.2.2	Competência dos Estados e DF	110
15.2.3	Competência dos Municípios	110
15.2.4	Competência acerca das ações penais	110
15.3	Conceito de Agrotóxico	111
15.4	Regime Jurídico	111
15.5	Registro de agrotóxicos	111
15.6	Embalagens de agrotóxicos	113
15.7	Propaganda e venda	114
15.8	Da receita agronômica	114
15.9	Responsabilidade	114
15.10	Transporte de agrotóxicos	115
15.11	Vedação ao uso de DDT	115
15.12	Convenções Internacionais	115
15.12.1	Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92)	115
15.12.2	Convenção de Roterdã	115
15.13	Outros produtos tóxicos	116
15.14	Resíduos Sólidos	118
16	Ponto 16 - Recursos hídricos.	119
16.1	Regime Jurídico das Águas na CF/88	120
16.1.1	O Regime jurídico dos recursos hídricos	121
16.1.2	Conceitos básicos do Código de Águas	121
16.1.3	Desapropriação de recursos hídricos	122
16.1.4	As águas submetidas ao regime jurídico de direito privado	122
16.1.5	Regime de prescrição	122
16.2	Política Nacional se Recursos Hídricos (LEI 9.433/1997)	123
16.2.1	Fundamentos (art. 1°)	123
16.2.2	Instrumentos	123
16.2.3	Planos de recursos hídricos	124
16.2.4	Enquadramento dos corpos de água em classes	124
16.2.5	Outorga de direitos de uso de recursos hídricos	124
16.2.6	Cobrança do uso de recursos hídricos	126
16.2.7	Compensação a municípios	127
16.2.8	Sistema de informação sobre os recursos hídricos	128
16.3	O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos	128
16.4	Infrações administrativas	129
16.5	Política Nacional de Barragens	130
17	Ponto 17 - Mineração	130
17.1	Código de Mineração (DL 227/67)	131
17.2	O Código de Minas e a proteção ao MA	132
17.3	Mineração em terras indígenas (art. 231)	132
17.4	Mineração e MA	132
17.5	Regimes de Aproveitamento	132
17.6	Estudos de Impacto Ambiental e Atividades de Mineração	134
17.7	Atividades com repercussões ambientais	134
18	Ponto 18 - Efetivação da proteção normativa ao meio ambiente: Poder Judiciário, Ministério Público e Administração Pública.	134
18.1	Poder Judiciário e Ministério Público	134
18.2	Ação Popular em Matéria Ambiental (Peculiaridades)	135
18.2.1	Lesividade e Ação Popular Ambiental	135
18.2.2	Objeto	135
18.2.3	Prescrição da Ação Popular	136
18.3	Ação Civil Pública em Matéria Ambiental (Peculiaridades)	136
18.3.1	Legitimidade Ativa	136
18.3.2	Legitimidade passiva	137
18.3.3	Competência Jurisdicional	137
18.3.4	Litispendência, Conexão e Continência	138
18.3.5	Pedido na ACP Ambiental	138
18.3.6	Prescrição	138
18.3.7	Termo de Ajustamento de Conduta – TAC	139
18.3.8	Inversão do ônus da prova	139
18.3.9	Inquérito Civil	139
18.3.10	Administração Pública	139
18.3.11	Despesas com Perícia	139
19	Ponto 19 - Política energética e meio ambiente	140
19.1	Breve introdução	140
19.2	Política Energética no Brasil	140
19.3	Petróleo e Gás Natural	140
19.4	Biocombustíveis	141
19.5	Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia	142
19.6	Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica	142
19.7	Energia Nuclear	142
19.8	Usinas Hidroelétricas	143
19.9	Caso da Usina Belo Monte	145
20	Ponto 20 - Os indígenas e as suas terras	147
20.1	Fundamentos constitucionais dos direitos indígenas	147
20.2	Organização social dos índios: comunidade, etnia e nação	148
20.3	Direitos sobre as terras indígenas	149
20.3.1 Terras tradicionalmente ocupadas pelos índios	149
20.3.1.1 Teoria do fato indígena x Teoria do indigenato no STF	149
20.3.2 Posse permanente	150
20.3.3 Usufruto exclusivo	150
20.3.4	Mineração em terras indígenas	150
20.3.5	Demarcação das terras indígenas	150
20.3.6	Terra Indígena Raposa Serra do Sol	151
20.4	Defesa dos direitos e interesses dos índios	153
20.5	Conhecimento tradicional associado dos índios ao patrimônio genético	153
Ponto 1 - Conceito. Objeto. Princípios fundamentais. Princípios do direito ambiental na Constituição Federal de 1988.
 Conceito
A denominação direito ambiental é mais ampla do que a expressão direito ecológico ou direito da natureza: não limita seu campo de estudo a elementos naturais. É o ramo do direito que estuda, analisa e regulamenta as questões e os problemas ambientais e sua relação com o ser humano, voltando-se à proteção do meio ambiente e à melhoria das condições de vida no planeta.
"O complexo de princípios e normas reguladores das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando a sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações". (Edis Milaré)
O Direito Ambiental é multidisciplinar. Seus conceitos, normas e doutrina necessariamente recorrem às ciências que estudam o meio ambiente (Biologia, à Geografia, à Agronomia, Engenharia Florestal, Biotecnologia, Ecologia etc.) Exemplo: Lei de Biossegurança (apresenta inúmeros conceitos extraídos da biologia).
Os direitos relativos ao meio ambiente são de terceira geração.
Desdobramentos do conceito jurídico de meio ambiente
A maior parte da doutrina e da jurisprudência divide o conceito de meio ambiente em: 
a) meio ambiente natural (ou físico): conjunto de recursos naturais bióticos e abióticos. O meio ambiente natural é tutelado pelo caput do art. 225 da Constituição Federal e imediatamente, v. g., pelo § 1º, I, III e VII, desse mesmo artigo. 
b) meio ambiente artificial: construído ou alterado pelo serhumano, composto pelos edifícios urbanos (espaços públicos fechados) e pelos equipamentos comunitários (espaços públicos abertos). O meio ambiente artificial recebe tratamento constitucional especialmente no capítulo referente à Política Urbana. A mais importante norma vinculada ao Meio Ambiente Artificial é o Estatuto da Cidade (Lei n. 10.257/2001). 
c) meio ambiente cultural: patrimônio histórico, artístico, paisagístico, ecológico, científico e turístico, constituído tanto por bens imateriais e materiais. Tutelado especialmente na Seção destinada da Cultura, em especial no art. 216, da CF; 
d) meio ambiente do trabalho: conjunto de fatores que se relacionam às condições do trabalho, compreendendo as relações entre o trabalhador e o meio físico e psicológico em que presta serviços. Não se restringe às relações de caráter empregatício, pois fundamentado na promoção da salubridade e incolumidade de todo trabalhador, independentemente da atividade, do lugar ou da pessoa que exerça; 
e) patrimônio genético: é admitido apenas por parte da doutrina. Trata-se de novo elemento do meio ambiente, consistente nas informações de origem genética oriundas dos seres vivos de todas as espécies. Compreende o conhecimento obtido sobre a biodiversidade.
Principais marcos da proteção ambiental
1. Conferência de Estocolmo de 1972: frisou-se o Desenvolvimento sustentável e princípio da prevenção; 
2. Comissão Brundtland de 1987 – frisou-se o Desenvolvimento sustentável; 
3. Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92) – Introduzido o princípio da precaução, ou seja, “quando haja perigo de dano grave e irreversível, a falta de certeza científica absoluta não deverá ser utilizada como razão para postergar a adoção de medidas eficazes para impedir a degradação do meio ambiente”.
Estado “Socioambiental” de Direito
Segundo INGO SARLET, HERMAN BENJAMIN e FENSTERSEIFER, atualmente é possível falar em um Estado Socioambiental de Direito. Percebe-se uma expressiva valorização do meio-ambiente em termos jurídico-constitucionais, incorporando-se uma consciência ecológica que objetiva assegurar a efetividade dos programas constitucionais e legislativos de proteção ao meio ambiente. O bem-estar ambiental passa a constituir uma dimensão da própria dignidade da pessoa humana. A qualidade e segurança ambientais passam a figurar como elemento integrante do próprio conteúdo normativo do princípio da dignidade da pessoa humana.
Objeto
O objeto do Direito Ambiental é a harmonização da natureza, garantida pela manutenção dos ecossistemas e da sadia qualidade de vida para que o homem possa se desenvolver plenamente. Restaurar, conservar e preservar são metas a serem alcançadas através deste ramo do Direito, com a participação popular.
Direito ao Meio Ambiente x Direito do Ambiente: 
O direito ao meio ambiente reconhece o direito ambiental como um direito fundamental do homem de 3a dimensão (visão antropocêntrica); 
O direito do ambiente rompe com a visão antropocêntrica do direito. Decorre do reconhecimento do valor ecológico independente do homem. Meio ambiente como sujeito de direito, e não como objeto de direito (fenômeno da ecologização do direito). Alinhada ao e o biocentrismo e ao ecocentrismo . 
Doutrinas éticas ambientais:
Antropocentrismo: defende a centralidade do ser humano e valoriza a natureza de um ponto de vista instrumental. Tal centralidade não implica a negação da necessidade de preservação da natureza, uma vez que o mundo natural constitui um recurso susceptível de poder ser utilizado para os mais diversos fins humanos. 
Ecocentrismo: o meio ambiente é considerado em si mesmo, independentemente de qualquer interesse humano, e pode ser defendido até contra ele. O ecocentrismo defende o valor não instrumental dos ecossistemas, e da própria ecosfera, cujo equilíbrio se revela preocupação maior do que a necessidade de florescimento de cada ser vivo em termos individuais.
Biocentrismo: sustenta-se a existência de valor nos demais seres vivos, independentemente da existência do homem, notadamente os mais complexos, a exemplo dos mamíferos, pois são seres sencientes. Inspirada no biocentrismo, nasceu a defesa dos direitos dos animais (abolicionismo), movimento que vai de encontro à utilização dos animais como instrumento do homem, chegando a colocá-los como sujeito de alguns direitos, notadamente os animais sencientes e autoconscientes. 
A fim de facilitar a diferenciação, far-se-á a análise do estilo de alimentação humana à luz das tratadas doutrinas éticas ambientais: O antropocentrismo e o ecocentrismo são favoráveis ao consumo humano de animais, mas por premissas diversas. Para os antropocêntricos, decorre da liberdade humana de escolha da sua alimentação. Para os ecocêntricos, é corolário da natureza humana carnívora, sendo uma necessidade natural, típica da condição de predador natural ostentada pelo homem. Por outro lado, os biocêntricos defendem apenas o consumo de vegetais ou de produtos de origem animal (como ovos e leite), sob o argumento do direito à vida dos animais não racionais, além da vedação ao seu sofrimento (seres sencientes). (Frederico Amado)
Meio Ambiente – Preservação x Conservação – 
Preservação - manter o meio ambiente intocado, sem ações do homem. É não interferir na biota (conjunto de seres vivos que vive num determinado sistema). A preservação deve ser exceção diante do princípio do desenvolvimento, por isso é melhor a utilização da expressão conservação.
Conservação - integração do meio ambiente com as atividades desenvolvidas pelo homem.
Titularidade do Meio Ambiente (art. 225 da CF) – 
Teoria Minimalista: a expressão “todos” do dispositivo se refere a todos que estão sujeitos ao regime constitucional - visão antropocêntrica.
Teoria Maximalista: a expressão “todos” do dispositivo se refere a todos que integram o meio ambiente, não apenas os homens, mas também a fauna e a flora.
No ordenamento brasileiro não é possível defender os animais como sujeitos de direito, mas o art. 225, § 1º, VII, que dispõe acerca da proteção da fauna e da flora e proíbe que se submetam os animais à crueldade, representa uma aproximação dessa concepção.
Princípios fundamentais do Direito Ambiental
Princípio do Meio Ambiente como Direito Humano Fundamental
Apesar de não estar contido no rol do artigo 5º da CF, o meio ambiente é considerado um direito fundamental, sendo uma extensão do direito à vida e necessário à pessoa humana. Está previsto expressamente no artigo 225 da Constituição Federal: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
A subsunção da questão ambiental à busca da qualidade de vida se apresenta como elemento de encontro do direito ambiental com a dignidade da pessoa humana, fato que se apresenta como fundamento para ligar o meio ambiente a: a) um dos fundamentos da república federativa do Brasil (dignidade da pessoa humana); b) um dos princípios que rege relação internacional (prevalência dos Direitos Humanos).
Princípio da Prevenção
Procura-se evitar o risco de uma atividade sabidamente danosa e efeitos nocivos ao meio ambiente. Aplica-se aos impactos ambientais já conhecidos. Finalidade: evitar que o dano possa chegar a produzir-se. Deve-se tomar as medidas necessárias para evitar o dano ambiental porque as consequências de se iniciar determinado ato, prosseguir com ele ou suprimi-lo são conhecidas.
Previsão: Declaração de Estocolmo (1972 – princípios 6 e 21) e Declaração do Rio (ECO – 92 – princípio 2). A Política Nacional do Meio Ambiente fala em manutenção e proteção (Lei 6.938/81). CR/88: art. 225, §1º, IV - obrigatoriedade de EIA em obras ou atividades potencialmente causadoras de significativa degradação ao meio ambiental).
Principal instrumento de prevenção: EIA/RIMA.
Princípio da precaução (vorsorgeprinzip)
 Incide quando nãose tem certeza científica acerca dos danos que podem ser causados. Aplica-se o primado da prudência e o benefício da dúvida em favor do ambiente. A falta de plena certeza científica não deve ser usada como razão para postergar medidas para evitar ou minimizar essa ameaça. In dubio pro natura. Deve ser aplicado, contudo, apenas em face da ausência científica do impacto de RISCOS GRAVES E IRREVERSÍVEIS. Inversão do ônus é seu corolário: implica a necessidade de demonstração de que a atividade não traz riscos ao meio ambiente.
Marco inicial - Lei da Alemanha de 1976. Primeira previsão internacional: Conferência do Mar do Norte de 1987. Foi proposto formalmente na Declaração do Rio (ECO – 92 – princípio 15) e na Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as mudanças do clima – 1992 (uma de suas emendas é o protocolo de Kyoto de 1997). Presente na Convenção sobre Diversidade Biológica – 1992. Amparo constitucional (art. 225, caput, de forma implícita). Primeira lei que tratou no Brasil foi a da Biossegurança (art. 11.105/05 – art. 1º).
Destaca Paulo Afonso Leme Machado 3 características: 
1 - incerteza do dano em face do atual estado da técnica; 
2 - possibilidade de efeitos graves e irreversíveis ao ambiente; 
3 - dirige-se com primazia às autoridades públicas.
A adoção das medidas públicas, por sua vez, deve ser regida pela temporariedade (enquanto durar a incerteza) e pela proporcionalidade.
A prevenção atua no sentido de inibir o risco de dano em potencial (atividade sabidamente perigosas), enquanto a precaução atua para inibir o risco de perigo potencial (ou seja, o dano em abstrato).
Mesmo diante dos princípios da precaução e da prevenção, que para alguns suplantariam os princípios de garantias dos cidadãos, há de se considerar, diante do caso concreto, a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância.
Três correntes diferenciam o conteúdo, extensão e acepção desse princípio: 
1) radical: não tolera qualquer risco; 
2) minimalista: exige a presença de riscos sérios e irreversíveis; 
3) intermediária: o risco deve ser baseado na ciência e deve ser crível, mas não exclui a moratória e adota a teoria dinâmica da distribuição do ônus da prova.
Princípio do Poluidor-Pagador ou da Responsabilização
Art. 225, § 3º da CF; art. 3º, IV; art. 4º, VII; e art. 14, § 1º, da Lei 6.938/81. Aquele que polui terá que arcar com os custos da reparação de dano causado.
Art. 225, § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;
Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
Art. 14, § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
Caráter Preventivo - devem-se buscar todas as medidas para evitar o dano.
Caráter Repressivo - se, ainda que tenham sido adotadas todas as medidas, o dano vier a ocorrer, aquele que foi o responsável tem o dever de repará-lo. Esses custos não podem ser repassados para a sociedade.
Internalização das Externalidades Negativas - O ônus ambiental em decorrência da atividade deve ser considerado como integrante dos custos da produção, não podendo ser transferido para a sociedade. 
Previsto também na Declaração do Rio 92 (princípio 16): As autoridades nacionais devem procurar promover a internacionalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem segundo a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais.
Responsabilidade civil por dano ambiental 
a) Extracontratual - Decorre da Lei, sem que haja um vínculo jurídico contratual anterior; 
b) Objetiva - Independe da análise de culpa do agente ou licitude da atividade; 
c) Propter rem - O adquirente responderá ainda que não tiver provocado o dano. Qualquer Cláusula de Não Indenizar só terá validade entre as partes; 
d) Solidária - Entre todos que de alguma forma deram origem ao dano (litisconsórcio facultativo). Majoritariamente entende-se que é possível a responsabilidade solidária do ente público quando, devendo agir para evitar o dano ambiental, mantém-se inerte ou atua de forma deficiente. Entretanto, apesar de solidária, a execução contra o ente público é subsidiária, de modo se exigir execução primeiro do poluidor direto, não devendo, em regra, a sociedade ser duplamente onerada pela degradação ambiental;; 
A responsabilidade solidária e de execução subsidiária significa que o Estado integra o título executivo sob a condição de, como devedor-reserva, só ser convocado a quitar a dívida se o degradador original, direto ou material (= devedor principal) não o fizer, seja por total ou parcial exaurimento patrimonial ou insolvência, seja por impossibilidade ou incapacidade, inclusive técnica, de cumprimento da prestação judicialmente imposta, assegurado, sempre, o direito de regresso (art. 934 do Código Civil), com a desconsideração da personalidade jurídica (art. 50 do Código Civil). (REsp 1071741/SP)
e) Inversão do ônus da prova - Jurisprudência majoritária admite nos moldes do CDC (verossimilhança ou hipossuficiência). No caso de ACP ambiental, o STJ vem entendendo que em observância ao P. da Precaução e ao caráter público e coletivo do bem jurídico tutelado, o ônus da prova é do empreendedor; 
f) Imprescritível - a responsabilização civil por dano ambiental é imprescritível. Fundamento: a titularidade do direito ambiental é difusa, pertence às gerações atuais e futuras. Não seria possível aceitar a penalização decorrente da prescrição àquela geração que sequer existe.
Em matéria de prescrição cumpre distinguir qual o bem jurídico tutelado: se eminentemente privado seguem-se os prazos normais das ações indenizatórias; se o bem jurídico é indisponível, fundamental, antecedendo a todos os demais direitos, pois sem ele não há vida, nem saúde, nem trabalho, nem lazer, considera-se imprescritível o direito à reparação. O dano ambiental inclui-se dentre os direitos indisponíveis e como tal está dentre os poucos acobertados pelo manto da imprescritibilidade a ação que visa reparar o dano ambiental.” (REsp 1120117/AC)
Esse princípio não tolera a poluição, pois a finalidade primordial é evitá-la. Não se trata de uma autorização para poluir, desde que se indenize. A poluição continua vedada; se acontecer, contudo, deve dar-se a recomposição in natura e a indenização dos danos insuscetíveis de recomposição.
Princípio do Usuário-Pagador
Evolução do princípio do poluidor-pagador. O uso gratuito de recursos naturais às vezes pode representar enriquecimento ilícito por parte do usuário, pois a comunidade que não usa ou usa em menor escala fica onerada. Não deve ser encarado como punição, pois poderá ser implementado mesmo sem haver comportamento ilícito (art. 4, VII, da Lei 6.938/81).
O usuário de recursos naturais (escassos) deve pagar por sua utilização. A ideia é de definição do valor econômico ao bem natural com intuito de racionalizar o seu uso e evitar seu desperdício (o fato gerador é a mera utilização dos recursos, independentemente de dano ou ilicitude). Leme faz uma correlação entre o princípio do usuáriopagador e a compensação ambiental: "a compensação ambiental é uma das formas de implementação do usuário pagador, antecipando possíveis cobranças por danos ambientais".
O usuário é aquele que não causa poluição. Paga por um direito outorgado pelo poder público. Ex: cobrança pelo uso de água, art. 19 e 20 da Lei nº 9.433/97. Pagar é garantir o art. 225 CF, em benefício das futuras gerações.
Princípio do Protetor-Recebedor
Tem previsão expressa no art. 6º, II, da Lei nº 12.305/10 (Política Nacional de Resíduos Sólidos). Está também previsto no Código Florestal (art. 1-A).
Art. 6 São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: II - o poluidor-pagador e o protetor-recebedor; (...) 
Art. 1-A - A Parágrafo único. Tendo como objetivo o desenvolvimento sustentável, esta Lei atenderá aos seguintes princípios: 
VI - criação e mobilização de incentivos econômicos para fomentar a preservação e a recuperação da vegetação nativa e para promover o desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis.
O agente público ou privado que protege um bem natural em benefício da comunidade deve receber uma compensação financeira como incentivo pelo serviço de proteção ambiental prestado.
Pode ser considerado o avesso do conhecido princípio do usuário-pagador. Exemplos: 
a) art. 10, §1º, II, da Lei nº 9.393/96, que excluiu da área tributável de ITR alguns espaços ambientalmente protegidos; b) Lei nº 12.512/11 (Programa de Apoio à Conservação Ambiental), voltado a famílias de baixa renda que desenvolvam atividades de conservação em determinadas áreas.
Princípio do Desenvolvimento Sustentável ou Ecodesenvolvimento
A ideia de desenvolvimento socioeconômico em harmonia com a preservação ambiental emergiu da Conferência de Estocolmo, de 1972. No início da década de 1980, a ONU retomou o debate das questões ambientais. O documento final desses estudos chamou-se Nosso Futuro Comum ou Relatório Brundtland. Apresentado em 1987, propõe o desenvolvimento sustentável, que é “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades”.
CR/88: art. 170, VI, e 225. Pilares do desenvolvimento sustentável: crescimento econômico, preservação ambiental e equidade social. Caráter social: forma de realização da justiça por meio da distribuição da riqueza.
As necessidades humanas são ilimitadas, mas os recursos ambientais não o são, sendo necessário buscar o equilíbrio, pela sustentabilidade, e decorre de uma ponderação casuística entre o direito fundamental ao desenvolvimento econômico e o direito fundamental à preservação ambiental.
Princípio do Ambiente Ecologicamente Equilibrado
Reconhecido no art. 225 da CR e em Estocolmo (1972). Está intimamente ligado ao direito fundamental à vida e à proteção da dignidade humana.
Princípio da Obrigatoriedade de Atuação (princípio da natureza pública da proteção ambiental)
É dever irrenunciável do Poder Público promover a proteção do meio ambiente. Destaca-se a necessidade de intervenção do poder público (caráter vinculado do poder de polícia ambiental), mas, ao mesmo tempo, aborda a questão do aumento da função fiscalizatória/regulatória, via agências reguladoras.
Por ser direito indisponível, a proteção ambiental não pode ser objeto de transação (a única forma admitida é a negociação de prazo, inclusive por meio de TAC). Esse princípio decorre da declaração de Estocolmo (1972). Encontra-se na CF (art. 225 – dever de defender e preservar o meio ambiente) e na declaração do Rio 92.
Encontra previsão expressa, ainda, no artigo 2º, inciso I, da Lei 6.938/81, destacando-se a obrigação do Poder Público de: 
a) Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e promover o manejo de espécies e ecossistemas; 
b) Preservar a diversidade e integridade genética do país; 
c) definir espaços especialmente protegidos; 
d) exigir estudo de impacto ambiental.
A intervenção do Estado pode ocorrer ainda de forma indireta, como agente normativo e regulador (Art. 174, CF), mediante: a) fiscalização: de atividades econômicas potencialmente degradadoras; rigorosas multas ambientais; b) incentivo: incentivos fiscais para empresas ambientalmente responsáveis (princípio do protetor recebedor); c) planejamento: necessidade de integrar o planejamento ambiental ao planejamento das questões públicas.
Lei Complementar 140/2011: nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade ambiental, o ente federativo que tiver conhecimento do fato deverá determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la, comunicando imediatamente ao órgão competente para as providências cabíveis. 
Princípio da Participação Comunitária (Princípio Democrático/Cooperação)
Inserido no caput do art. 225 da CF. Princípio nº 10 da Declaração do Rio de 1992. É dever de toda a sociedade atuar na defesa do meio ambiente.
A participação consubstancia-se: 
a) no dever jurídico de proteger e preservar o meio ambiente; 
b) no direito de opinar sobre as políticas públicas; e 
c) na utilização dos mecanismos de controle políticos (plebiscito, referendo, iniciativa popular), judiciais (ação popular, ação civil pública) e administrativos (informação, petição, EIA).
Destaca-se aqui a atuação das ONGs e assento dos cidadãos nos conselhos ambientais e da consulta pública para criação de algumas unidades de conservação, além da participação como amicus curiae, em processos de controle abstrato de constitucionalidade.
Princípio da Publicidade ou da Informação
Toda informação sobre o meio ambiente é pública. Visa assegurar a eficácia do princípio da participação. É necessária a devida publicidade das questões ambientais, sob pena de impossibilidade de atuação do princípio democrático. O art. 5º, XXXIII da Constituição Federal e a Lei 12.527/11, garantem o acesso à informação de forma ampla, incluindo aquela que diz respeito ao meio ambiente.
Princípio da Educação Ambiental
Embora não seja obrigação exclusiva do poder público, encontra-se constitucionalmente previsto no art. 225, § 1º, VI, CF. Para assegurar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, incumbe ao Poder Público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação.
A Lei 9.795/99 trata da educação ambiental. O art. 1 dispõe que se entende por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. O art. 10 assinala que a educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal, e que não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino.
Princípio da Função Socioambiental da Propriedade
Art. 186 da CF: a função social da propriedade é atendida quando há aproveitamento racional e adequado; utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; observação das disposições que regulam as relações de trabalho; exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e trabalhadores. É o princípio que justifica serem as obrigações ambientais propter rem.
Princípio do Equilíbrio (ou proporcionalidade)
Consiste na ponderação de valores quando da prática de algum evento que possa repercutir na esfera ambiental. Necessidade de se analisar quais os prejuízos e impactos, e ao contrário, quais os benefícios e ganhos. Nessa ponderação, deve-se levar em conta todas as condições ambientais, no sentido legal do termo, como as influências e integrações de ordem química e biológica, que permitem abrigar e reger a vida em todas as formas. Esse equilíbrio está atrelado ao desenvolvimento econômico e seus impactos ambientais, guardando estreita relação com o desenvolvimento sustentável.
Portanto, mesmo que fosse mais benéfico, para não dizer inevitável,optar pela mecanização da colheita da cana, por conta da saúde do trabalhador e da população a viver nas proximidades da área de cultura, não se poderia deixar de lado o meio pelo qual se considerasse mais razoável para a obtenção desse objetivo: a proibição imediata da queima da cana ou a sua eliminação gradual. Por óbvio, afigurar-se-ia muito mais harmônico com a disciplina constitucional a eliminação planejada e gradual da queima da cana. Por outro lado, em relação à questão ambiental, constatar-se-ia que, se de uma parte a queima causaria prejuízos, de outra, a utilização de máquinas também geraria impacto negativo ao meio ambiente, como a emissão de gás metano decorrente da decomposição da cana, o que contribuiria para o efeito estufa, além do surgimento de ervas daninhas e o consequente uso de pesticidas e fungicidas. (RE-586224) 
Princípio do Acesso equitativo aos Recursos Naturais
A utilização saudável do meio ambiente deve ser partilhada de forma equânime por toda a humanidade.
Princípio do Limite ou Princípio do Controle do Poluidor pelo Poder Público
Previsão constitucional: art. 225, § 1º, inciso V. A Administração Pública tem a obrigação de fixar padrões máximos de emissões de poluentes, ruídos, enfim, de tudo aquilo que possa implicar prejuízos para os recursos ambientais e à saúde humana. É imprescindível para que se evite, ou pelo menos se minimize a poluição e a degradação. Faz-se necessária a intervenção do Estado no controle de interesses particulares e na defesa em prol da maioria.
‘Princípio da Ubiquidade (Princípio da Variável Ambiental no processo decisório das políticas públicas)
Ubiquidade é a qualidade do que está em toda a parte. O meio ambiente é condição prévia para a existência e o exercício dos direitos humanos. Os bens naturais, tendo caráter de onipresença, colocam-se em posição soberana a qualquer limitação espacial ou geográfica. O meio ambiente deve ser considerado em toda decisão política (ex. leis orçamentárias, PAC). Visão holística: protege-se o todo para proteger a parte. Princípio 17 da RIO/92: “A avaliação do impacto ambiental, como instrumento nacional, será efetuada para as atividades planejadas que possam vir a ter um impacto adverso significativo sobre o meio ambiente e estejam sujeitas à decisão de uma autoridade nacional competente”
Princípio do Direito à Sadia Qualidade de Vida
Enquanto as primeiras constituições escritas colocavam o direito à vida entre os direitos individuais, a partir do séc. XX foi inserido o "direito à qualidade de vida", não sendo suficiente viver ou apenas conservar a vida (caput do art. 225 da CF).
Princípio da Reparação Integral
Invocado pelo STJ em seus julgados e melhor tratado no tópico sobre reparação dos danos ambientais. Deve conduzir o meio ambiente e a sociedade a uma situação, na medida do possível, equivalente à anterior ao dano. Incluem-se os efeitos ecológicos e ambientais da agressão, as perdas de qualidade ambiental, os danos ambientais futuros e danos morais coletivos. Positivado na legislação civil (art. 944, CC).
 “Na hipótese de ação civil pública proposta em razão de dano ambiental, é possível que a sentença condenatória imponha ao responsável, cumulativamente, as obrigações de recompor o meio ambiente degradado e de pagar quantia em dinheiro a título de compensação por dano moral coletivo. Isso porque vigora em nosso sistema jurídico o princípio da reparação integral do dano ambiental, que, ao determinar a responsabilização do agente por todos os efeitos decorrentes da conduta lesiva, permite a cumulação de obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar.” (REsp 1.328.753-MG)
Princípio da Solidariedade Intergeracional
Princípio 3 da RIO/92: “O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades das gerações futuras.” art. 225 da CF.
O constituinte criou um sujeito de direito indeterminado: gerações futuras, que ainda não nasceram e para os quais os recursos naturais devem ser preservados. A solidariedade ambiental é sincrônica (presentes gerações) e diacrônica (futuras gerações).
Princípio da Proibição do Retrocesso Ecológico (Canotilho) ou “non clicquet” ambiental
É inadmissível o recuo da salvaguarda ambiental para níveis de proteção inferiores aos já consagrados, exceto se as circunstâncias de fato sejam significativamente alteradas.
Embora não possua previsão expressa constitucional, trata-se de princípio implícito, extraído da própria noção de Estado Democrático de Direito: dignidade da pessoa humana, máxima eficácia e efetividade dos direitos fundamentais, princípio da segurança jurídica.
STJ - a salvaguarda do meio ambiente tem caráter irretroativo: não pode admitir o recuo para níveis de proteção inferiores aos anteriormente consagrados, a menos que as circunstâncias de fato sejam significativamente alteradas. Busca estabelecer um piso mínimo de proteção ambiental, para além do qual devem rumar as futuras medidas normativas de tutela, impondo limites a impulsos revisionistas da legislação.
Princípio do Progresso Ecológico (Canotilho)
Necessidade de avançar e aprimorar a legislação ambiental. “Cláusula de Progressividade” do Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (art. 2º, 1). Finalidade de garantir a disponibilidade permanente e salubridade social.
Princípio da Correção na Fonte (Canotilho)
A poluição deve ser corrigida no local em que foi produzida. Ao poluidor cabe corrigir o dano, no local em que foi produzido, especialmente para que seja evitado o “turismo” da poluição, ou seja, a migração das consequências em dada área para outra até então intacta.
Princípio da Responsabilidade Social (ou Princípio do Equador)
São critérios mínimos para a concessão de crédito, que asseguram que os projetos financiados sejam desenvolvidos de forma socialmente e ambientalmente responsável.
Princípio do Mínimo Existencial Ecológico (STJ)
Por trás da garantia constitucional do mínimo existencial, subjaz a idéia de que a dignidade da pessoa humana está intrinsecamente relacionada à qualidade ambiental. Ao conferir dimensão ecológica ao núcleo normativo, assenta a premissa de que não existe patamar mínimo de bem-estar sem respeito ao direito fundamental do meio ambiente sadio.
Princípio da Moralidade Ambiental (TRF 1)
Está ligado à ideia de que a incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por interesses empresariais nem ficar dependente de motivações de índole econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade econômica, considerada a disciplina constitucional que a rege, está subordinada, dentre outros princípios gerais, àquele que privilegia a "defesa do meio ambiente". (AC 9681920114013900 – TRF1)
Ponto 2 - O Direito Ambiental como Direito Econômico. A natureza econômica das normas de Direito Ambiental.
A relevância atribuída à questão ambiental na Constituição Federal de 1988 foi inovadora, tendo em vista que o direito a uma vida saudável encontra-se vinculado ao próprio conceito de dignidade humana. Por se tratar de direito fundamental de terceira geração, a importância de sua preservação transcende o direito de cada Estado, passando a ocupar importante espaço nos compromissos firmados no âmbito internacional, dentre eles as Declarações de Estocolmo/1972 e do Rio de Janeiro/1992 e o Protocolo de Quioto.
O capítulo do meio ambiente é um dos mais importantes e avançados da Constituição de 1988, sendo considerado por princípio que é direito de todos e bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida. O art. 225, §4º, declara alguns ecossistemas (mata atlântica, mangues, etc.) como patrimônio nacional, não para torná-los estaticamente conservadas, por contrário, sua utilização econômica, inclusive quanto à utilização dos recursos naturais, é admissível, na forma da lei, dentro das condições que assegurem a preservação do meio ambiente. É, portanto, equivocada a ideia de preservação incondicional do meio ambiente; esta cautela deve estar situada no “meiotermo” almejado pelo chamado desenvolvimento da economia ambientalmente sustentável para as gerações futuras.
O direito econômico, por sua vez, é a normatização da política econômica como meio de dirigir, implementar, organizar e coordenar práticas econômicas, tendo em vista uma finalidade ou várias e procurando compatibilizar fins conflituosos dentro de uma orientação macroeconômica. Princípios da constituição econômica formal (art. 170): soberania nacional, propriedade privada, função social da propriedade, livre concorrência, defesa do consumidor, redução das desigualdades regionais e sociais, busca do pleno emprego, tratamento favorecido para empresas nacionais de pequeno porte, e defesa do meio ambiente, sinalizando desde já a Constituição econômica pela necessidade de interação com a Constituição natureza, mesmo porque a base do desenvolvimento das relações produtivas está na natureza. A cogitada antítese se desfaz desde o seu nascedouro.
A CF “econômica” impõe desde o início (como princípio) a preservação ambiental, e o capítulo ambiental destaca a segurança da possibilidade de exploração econômica mesmo em detrimento do meio ambiente, desde que ex vi legis, compreendendo que o meio ambiente é um valor preponderante (mas não intolerante) que deve estar interligado ao desenvolvimento, cabendo à lei a importante função de ditar os parâmetros desta convivência.
O direito ambiental econômico procura iluminar a relação entre produção econômica e conservação dos recursos naturais, compreendendo o direito ambiental e o direito econômico individualmente e cumprindo o objetivo básico de racionalização e democratização da atividade econômica, sendo certa a indissociabilidade destes ramos do direito.
A decantada oposição entre economia e proteção ambiental - por consequência - oposição entre os objetivos do direito econômico e do direito ambiental - deixa de existir plenamente, quando a política econômica adotada traz de volta o relacionamento da economia com a natureza de uma forma integrativa, e não por uma atuação de pilhagem. Natureza precisa ser entendida economicamente.
Normas ambientais são dotadas da capacidade de interferência na ordem econômica, e podemos citar algumas dessas intervenções, tais como: 
a) necessidade de planejamento ambiental, através do estudo prévio de impacto ambiental para evitar atividades potencialmente destruidoras (art. 225, § 1º, IV); 
b) a sanção imposta pelo princípio ambiental do Poluidor-Pagador, o qual impõe a responsabilidade àqueles que causam danos ambientais de arcarem com o custos de recuperação do ato lesivo (art. 225, § 3º); 
c) a necessidade do Plano Diretor como instrumento legal que possibilita o limite ao direito de propriedade mediante o zoneamento urbano, controlando assim, as atividades potencialmente degradantes (lei 6938/81, art. 2º, V); 
d) função social necessária ao direito de propriedade, retirando sua característica de direito soberano, em prol da transindividualidade (art. 170, II e III).
Síntese do entrelaçamento entre o Direito Ambiental e o Direito Econômico: PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O desenvolvimento é sustentável quando satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a habilidade das futuras gerações em satisfazer as suas próprias necessidades.
Visa obter um desenvolvimento harmônico da economia e da ecologia, numa correlação máxima de valores, onde o máximo econômico reflita igualmente um máximo ecológico, impondo um limite de poluição ambiental, dentro do qual a economia deve se desenvolver, proporcionando, consequentemente, um aumento no bem-estar social. 
Portanto, a defesa do meio ambiente na ordem econômica expressa claramente o princípio do desenvolvimento sustentável, pois que estabelece um controle do Estado sobre as atividades econômicas que ultrapassem os limites razoáveis de exploração ambiental, obrigando uma harmonização entre esferas até pouco tempo considerada independentes, de modo a alcançar uma qualidade de vida saudável para todos, lembrando que a intensificação ou diminuição deste controle é um assunto político vinculado às prioridades de quem estiver no exercício do governo.
O fato de que a defesa do meio ambiente foi elevada ao nível de princípio da ordem econômica tem o efeito de condicionar a atividade produtiva ao respeito do meio ambiente e possibilita ao poder público interferir drasticamente, se necessário, para que a exploração econômica preserve a ecologia.
Não há essencialmente uma separação material entre economia e ecologia, porque a base do desenvolvimento das relações produtivas está na natureza, e a natureza só pode ser compreendida enquanto integrante das relações humanas - aqui inseridas, com todo o seu peso, as relações econômicas. A realização do art. 225 da Constituição Federal passa pela efetivação do art. 170 e vice-versa.
Princípios fundamentais como o da livre iniciativa / econômico e o do meio ambiente ecologicamente equilibrado / ambiental são igualmente necessários para a consecução de uma finalidade essencial do texto constitucional: o da realização de uma existência digna.
A natureza econômica do Direito Ambiental deve ser percebida como o simples fato de que a preservação e sustentabilidade da utilização racional dos recursos ambientais (que também são recursos econômicos, obviamente) deve ser encarada de forma a assegurar um padrão constante de elevação da qualidade de vida dos seres humanos, que necessitam da utilização dos diversos recursos ambientais para a garantia da vida.
André Ramos Tavares: A busca por uma boa qualidade de vida é objetivo último tanto do Direito econômico quanto do direito ambiental. Ocorre que, além da finalidade comum, também os meios de alcançá-la devem guardar correspondência entre si. É que, dada a escassez dos recursos naturais, ou, mais propriamente, sua quantidade finita, e tendo em vista as infinitas necessidades humanas, é preciso uma abordagem desenvolvimentista consciente com relação ao meio ambiente, sob pena de, invocando-se a busca de uma suposta melhoria da qualidade de vida, gerar efeitos exatamente opostos.
Ponto 3 - Normas constitucionais relativas à proteção ambiental.
Art. 225 CF- Define o meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito de todos e lhe dá a natureza de bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
O art. 225, par. 4º, declara patrimônio nacional a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira, e sua utilização econômica, inclusive, quanto ao uso dos recursos naturais é admissível, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente.
Histórico do D. Ambiental nas Constituições brasileiras
As constituições que precederam a de 1988 não se preocuparam com a proteção do ambiente de forma específica e global. Nelas, nem mesmo uma vez foi pregada a expressão meio ambiente, dando a revelar total inadvertência ou até despreocupação com o próprio espaço em que vivemos.
Constituição do Império, de 1824 > apenas cuidou da proibição de indústrias contrárias à saúde do cidadão.
Primeira constituição republicana 1891 > atribuía competência à União para legislar sobre as suas minas e terras.
Constituição de 1934: dispensou proteção às belezas naturais, ao patrimônio histórico, artístico e cultural; conferiu à União competência em matéria de riquezas do subsolo, mineração, águas, florestas, caça, pesca e sua exploração.
Constituição de 1937: também se preocupou com a proteção dos monumentos históricos, artísticos e naturais, bem como das paisagens e locais especialmente dotados pela natureza; inclui entre as matérias de competência da União legislar sobre minas, águas, florestas, caça, pesca, e sua exploração; cuidou ainda da competência legislativa sobre subsolo e tratou da proteção das plantas e rebanhos contra moléstias e agentes nocivos.
Constituição de1946: além de manter a defesa do patrimônio histórico, cultural e paisagístico, conservou como competência da União legislar sobre normas gerais da defesa da saúde, das riquezas do subsolo, das águas, florestas, caça e pesca.
Constituição de 1967: insistiu na necessidade de proteção do patrimônio histórico, cultural e paisagístico; disse ser atribuição da União legislar sobre normas gerais de defesa da saúde, sobre jazidas, florestas, caça, pesca e água.
Constituição de 1969: emenda outorgada pela Junta Militar à Constituição de 1967, cuidou também da defesa do patrimônio histórico, cultural e paisagístico. No tocante à divisão de competência, manteve as disposições da Constituição emendada. Art. 172-“a lei regulará, mediante prévio levantamento ecológico, o aproveitamento agrícola de terras sujeitas a intempéries e calamidades”; “o mau uso da terra impedirá o proprietário de receber incentivos e auxílio do governo”. Introdução do vocábulo “ecológico” em textos legais.
Constituição de 1988
Pode ser denominada “verde”: grande destaque à proteção ambiental.
Um capítulo para o meio ambiente
Art. 225, seus parágrafos e incisos: compreende, segundo José Afonso da Silva, três conjuntos de normas.
O primeiro aparece no caput, onde se inscreve a norma matriz, reveladora do direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado; o segundo encontra-se no §1º, com seus incisos, que versa sobre os instrumentos de garantia e efetividade do direito anunciado no caput do artigo; o terceiro compreende um conjunto de determinações particulares, em relação a objetos e setores, referidos nos §§ 2º a 6º, que, por tratarem de áreas e situações de elevado conteúdo ecológico, merecem desde logo proteção constitucional.
A norma matriz cria um direito constitucional fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, e, sendo assim, é indisponível. 
Indisponibilidade acentuada: o interesse não é só da presente geração, mas das futuras também. Em segundo lugar, o meio ambiente é considerado bem de uso comum do povo, o que o qualifica como patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo.
Além de ser bem de uso comum do povo, é reputado bem essencial à sadia qualidade de vida.
Esta norma cria para o Poder Público um dever constitucional, geral e positivo, representado por verdadeiras obrigações de fazer, isto é: defender e preservar o meio ambiente. Esta ação é vinculada, saindo da esfera da conveniência e oportunidade, para ingressar num campo de imposição.
O cidadão deixa de ser mero titular (passivo) do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e passa também a ter a titularidade de um dever de defesa e preservação.
Os titulares do bem jurídico “meio ambiente” não são apenas os cidadãos do país – as presentes gerações, mas também gerações futuras.
Deveres específicos do Poder Público na tutela do meio ambiente
- Preservação e restauração dos processos ecológicos essenciais - Cuida-se de garantir, através de ações conjugadas de todas as esferas e modalidades do Poder Público, o que se encontra em boas condições originais, e de recuperar o que foi degradado.
Processos ecológicos essenciais: garantem o funcionamento dos ecossistemas e contribuem para a salubridade e higidez do meio ambiente.
- Promoção do manejo ecológico das espécies e ecossistemas - Significa lidar com as espécies e conservá-las, e, se possível, recuperá-las. Cuida do equilíbrio das relações entre a comunidade biótica e seu habitat. Em caso de dúvida, o gestor deve pautar-se pela solução mais segura sob o ponto de vista ecológico, uma vez que o patrimônio da coletividade deve ser assegurado.
- Preservação da biodiversidade e controle das entidades de pesquisa e manipulação de material genético. 
Biodiversidade: variedade de seres que compõe a vida na Terra, a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos, aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo, ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e ecossistemas.
Preservar a biodiversidade é reconhecer, inventariar e manter o leque dessas diferenças de organismos vivos. 
Foi no Fórum sobre Biodiversidade, realizado em Washington, em 1986, que a questão foi posta como uma grande preocupação de nosso tempo, alertando para o desaparecimento acelerado das espécies, e colocando o assunto na agenda internacional.
- Definição de espaços territoriais protegidos - figura no rol dos Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, por força de determinação da L. 7.804, de 18.07.1989, que deu nova redação ao art. 9º, VI, da L. 6.938/81. Estes espaços são um dos instrumentos jurídicos para implementação do direito constitucional ao ambiente hígido e equilibrado, em particular, no que se refere à estrutura e funções do ecossistema.
Existem quatro categorias fundamentais de espaços territoriais especialmente protegidos: 
as áreas de proteção especial;
 as áreas de preservação permanente;
 as reservas legais; e
 as unidades de conservação.
- Realização de Estudo Prévio de Impacto Ambiental - EIA destina-se à prevenção de danos. Inspirado em modelo americano; introduzido em nosso ordenamento pela lei 6.938/81, que dispõe sobre as diretrizes básicas para zoneamento industrial nas áreas criticas de poluição.
Objetivo - evitar que um projeto (obra ou atividade), justificável sob o ponto de vista econômico, revele-se posteriormente nefasto ou catastrófico para o meio ambiente.
Necessidade de que seja elaborado no momento certo: antes do início da execução, ou mesmo antes de atos preparatórios do projeto.
Publicidade: possibilita a participação popular nas discussões e aferições do conteúdo dos estudos.
- Controle da produção, comercialização e utilização de técnicas, métodos e substâncias nocivas à qualidade de vida e ao meio ambiente. Permite-se aqui, a interferência do Poder Público nas atividades econômicas de domínio privado para impedir a prática danosa à saúde da população ao meio ambiente. Não somente substancias, mas também as técnicas e métodos são considerados fatores de danos reais ou potenciais ao meio ambiente. Implicitamente são privilegiadas tecnologias limpas.
- Educação Ambiental - Não se trata de ser contra o progresso, mas de promover e compatibilizar o desenvolvimento econômico-social com os requisitos ambientais mínimos, utilizando e conservando de modo racional os recursos naturais e solidarizando-se sincronicamente (nos tempos presentes) e diacronicamente (através dos sucessivos tempos) com toda humanidade.
- Proteção da Fauna e da Flora - Estão protegidos todos os animais indistintamente (todo ser vivo tem valor, função e importância ecológica, seja como espécie ou como indivíduo).
É estreita a ligação entre fauna e flora, expressada nas relações ecossistemicas. Florestas, matas ciliares, cerrados, manguezal, e quaisquer formas de vegetação estão sob a proteção constitucional.
- Meio ambiente e mineração - Mineração possui interface direta com o meio ambiente: não há como extrair um mineral sem danos.
Após consagrado interesse público existente sobre o aproveitamento dos minerais, impôs ao minerador a responsabilidade de recuperar o meio ambiente degradado, segundo soluções técnicas exigidas pelo órgão público. Anteriormente, a Lei 6.938/81, art. 2º, VIII já se referia à recuperação de áreas degradadas como um dos princípios programáticos informadores da Política Nacional do Meio Ambiente.
A própria recuperação do dano ecológico produzido pela mineração deve estar de acordo com uma decisão técnica.
- A responsabilidade cumulativa das condutas e atividades lesivas - Ao poluidor, nos termos da Constituição, aplicam-se medidas de caráter reparatório e punitivo.
A danosidade ambiental, potencial ou efetiva, pode gerar uma tríplice reação do ordenamento jurídico (sanções administrativas, penais e civis).
Em âmbito civil, a responsabilidade ambiental é objetiva. O dever de reparar exsurgedo nexo causal entre a lesão e uma determinada atividade. A responsabilidade civil, segundo a teoria do risco integral, não admite as hipóteses de excludentes do nexo de causalidade (força maior, caso fortuito, e fato de terceiro).
A responsabilidade civil do transportador de carga perigosa é objetiva, na modalidade “risco integral”, em que não se admite qualquer causa excludente de responsabilidade. (...) O STJ entendeu que a culpa de terceiro não elide a responsabilidade de transportador de carga perigosa. Incide no caso a teoria do risco integral, vindo daí o caráter objetivo da responsabilidade. O dano ambiental é, por expressa previsão legal, de responsabilidade objetiva (art. 225, § 3º, da CF e do art. 14, § 1º, da Lei nº 6.938/81), impondo-se, pois, ao poluidor, indenizar, para, posteriormente, ir cobrar de terceiro que porventura sustente ter responsabilidade pelo fato. (STJ - Informativo 490).
Em âmbito penal, a responsabilidade é subjetiva.
Na esfera administrativa o tema é polêmico. 
O Superior Tribunal de Justiça tem majoritariamente (decisões nas duas turmas) repelido a tese da adoção da responsabilidade objetiva na imposição de responsabilização administrativa ambiental, em razão: : i) da teoria da culpabilidade ao direito sancionador; ii) do princípio da intranscendência das penas; e iii) da utilização de vocábulo “transgressores” no caput do art. 14 da Lei de 8.938 (referência a responsabilidade administrativa), e não tão somente “poluidor”, referida no §1º do art. 14, relativa a responsabilidade civil. (REsp 1251697/PR) 
Essa orientação foi reafirmada nesse ano pela 1ª Turma do STJ em julgado com participação do Desembargador Olindo Menezes (AgRg no AREsp 62.584/RJ).
Entretanto, nesse mesmo ano (três meses antes da decisão citada acima), a própria 1ª Turma, sem o Desembargador Olindo, decidiu pela responsabilidade objetiva para aplicação de multa (REsp 1318051/RJ).
Diante disso, acredito que a posição mais segura é pela responsabilidade administrativa subjetiva, devendo se mencionar a posição do examinador Olindo e os precedentes do próprio STJ, bem como a existência de julgados do própria 1ª Turma em sentido contrário.
- Proteção especial às microrregiões
Cinco regiões entre os grandes biomas brasileiros recebem tratamento particular em decorrência das características de seus ecossistemas: Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Serra do Mar, Pantanal Mato-grossense e Zona Costeira.
Tão grande foi a preocupação do legislador constitucional com a manutenção desses vastos territórios, que os considerou patrimônio nacional, estabelecendo, em consonância com a devida proteção aos direitos de terceira geração, uma limitação ao seu uso, que só se dará na forma da lei e dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente.
A expressão patrimônio nacional não tem o sentido de propriedade federal ou do Estado, mas de riqueza que herdamos com a obrigação de preservar e transmitir às gerações futuras, sem perda de seu adequado aproveitamento econômico. Qualificado como bem de uso comum do povo, não integra o patrimônio disponível do Estado, que atua como simples administrador de um patrimônio que pertence à coletividade.
- Indisponibilidade de terras devolutas e de áreas indispensáveis à preservação ambiental - As terras devolutas ou arrecadadas pelo Estado por ações discriminatórias, desde que necessárias à proteção de ecossistemas naturais, são consideradas indisponíveis, segundo regra expressa no art. 225, §5º da CF.
No atual quadro constitucional, as terras devolutas foram mantidas como bens públicos. Pertencem à União as indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental definidas em lei. As demais pertencem aos Estados.
A indisponibilidade independe da ação discriminatória; não pressupõe a arrecadação, com julgamento final da ação de discriminação. É determinada em razão da origem de seu domínio e da finalidade a que se destina. Terras devolutas que concorrem para a proteção de determinado ecossistema são indisponíveis, por força de mandamento constitucional, mesmo que ainda não incorporadas ao patrimônio público da União, em virtude de ação discriminatória. A União, como detentora do domínio, só pode dispor dessas terras na estrita conformidade da intentio legis, ou seja, com o cuidado de preservar os ecossistemas que abrangem ou dos quais elas façam parte.
- O controle das usinas nucleares - As usinas que operam com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal. Somente após a edição de norma que regulamente a localização de usina nuclear o empreendimento poderá ser efetivamente instalado. Só a lei, no sentido estrito (lei federal), poderá dispor sobre a matéria, pois a Constituição também elegeu o controle político, efetuado pelo Congresso Nacional, como forma de gestão das atividades nucleares.
Ponto 4 - Repartição de competências em matéria ambiental
A repartição de competências é um dos temas mais controvertidos de Direito Ambiental, pelas seguintes razões: 
a) as competências administrativas e legislativas em matéria ambiental foram delimitadas, pela primeira vez, em sede constitucional;
 b) a CF/88 estabeleceu rol de competências comuns, no caso da atuação administrativa, e concorrentes, no âmbito da atuação legislativa, sem fixar, com segurança, os limites de atuação de cada ente, gerando superposição de competências;
 c) a utilização de conceitos jurídicos indeterminados como “interesse local”, “normas gerais” pelo legislador constituinte, assim como pela doutrina e pela jurisprudência (“predominância do interesse”, v.g.) sem definição precisa do seu conteúdo; 
d) a natureza difusa dos bens tutelados pelo Direito Ambiental; 
e) a regulamentação tardia das competências administrativas em matéria ambiental pela LC 140/2011, já objeto de ação direta de inconstitucionalidade.
A Constituição brasileira adota um sistema complexo que busca realizar o equilíbrio federativo, por meio de uma repartição de competências que se fundamenta na técnica da enumeração dos poderes da União (arts. 21 e 22), com poderes remanescentes para os Estados (art. 25, § 1º) e poderes definidos indicativamente para os Municípios (art. 30).
Há que se distinguir as competências legislativas e materiais na seara ambiental. A competência legislativa revela-se no poder outorgado a cada ente federativo para elaboração de leis e atos normativos. O critério que norteia a repartição de tais competências, previstas constitucionalmente, é a predominância do interessE, segundo o qual caberá à União aquelas matérias de predominante interesse geral, nacional, ao passo que aos Estados tocarão as matérias e assuntos de predominante interesse regional, e aos Municípios os predominantes interesses locais. 
A competência material, por sua vez, expressa-se na atuação concreta do ente público, por meio do exercício do poder de polícia. Nesse âmbito, a atribuição é comum a todas as entidades políticas. A fim de coordenar a atuação dos diversos entes políticos, num sistema de cooperação, o parágrafo único do art. 23 da Constituição prevê a possibilidade de edição de lei complementar que regulamente tal cooperação. Atualmente, a matéria é disciplinada pela LC 140/2011.
A Constituição de 1988 busca o EQUILÍBRIO FEDERATIVO através de uma repartição de poderes que se fundamenta na técnica da enumeração de poderes da União, dos poderes remanescentes para os Estados e poderes definidos indicativamente para os Municípios. Também existem áreas comuns de atuação paralela e setores concorrentes entre União e Estados, em que se outorga à primeira a competência para edição de normas gerais e aos últimos as normas específicas.
	I - Material
	a) exclusiva (art. 21)
	União
	
	b) comum, cumulativa ou paralela (art. 23)
	União, Estados e DF
	II - Legislativa
	a) privativa (art. 22)
	União
	
	b) concorrente (art. 24)
	União, Estados e DF
	
	c) suplementar (art. 24, §2º)
	Estadosd) exclusiva (art. 25, §§1º e 2º)
	Estados
Neste sentido, a doutrina identifica que a CF/88 adota, em matéria de repartição de competências entre os entes políticos, tanto a técnica de repartição horizontal (separar radicalmente a competência dos entes federativos), como a vertical (divisão de uma mesma matéria em diferentes níveis).
Competência Legislativa
A regra é que todos os entes políticos têm competência para legislar concorrentemente sobre o meio ambiente, cabendo à União editar normas gerais, a serem especificadas pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, de acordo com a amplitude do interesse, se regional ou local.
Em razão da inexistência de hierarquia entre as entidades que compõem a federação, o conflito entre leis ambientais de diferentes esferas, caso não seja hipótese de aplicabilidade do princípio da especialidade, será solucionado pela delimitação pontual do que é considerado como norma geral sobre o meio ambiente e o que é disposição que verse sobre peculiaridades regionais ou locais.
De acordo com o STF, "o espaço de possibilidade de regramento pela legislação estadual, em casos de competência concorrente abre-se: (1) toda vez que não haja legislação federal, quando então, mesmo sobre princípios gerais, poderá a legislação estadual dispor [competência legislativa supletiva]; e (2) quando, existente legislação federal que fixe os princípios gerais, caiba complementação ou suplementação para o preenchimento de lacunas, para aquilo que não corresponda à generalidade; ou ainda, para a definição de peculiaridades regionais [competência legislativa suplementar]". Ainda segundo o Pretório Excelso, o meio ambiente do trabalho está fora da competência legislativa concorrente (competência exclusiva da União).
Em princípio, não há conflito quando as normas estaduais, distritais ou municipais são mais restritivas que as federais, ou seja, instituam regras mais protetivas ao meio ambiente, desde que a lei federal o permita (por exemplo, a Resolução CONAMA 02/1990, que instituiu o Programa Nacional de Educação e Controle da Poluição Sonora - SILÊNCIO, prevê expressamente em seu art. 3º que "sempre que necessário, os limites máximos de emissão poderão ter valores mais rígidos fixados a nível estadual e municipal").
Ressaltamos que boa parte da doutrina, por outro lado, advoga a tese de que, no conflito entre normais ambientais, deve-se prevalecer sempre a lei mais protetiva ao meio ambiente, ou seja, a prevalência das normas mais restritivas, sustentando tal teoria com base nos princípios da precaução e do in dúbio pro natura, bem nos art. 24, §1º e 4º, e art. 225, da Constituição. Entretanto, observamos que tal teoria não tem encontrado respaldo na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal que, por diversas vezes, declarou a inconstitucionalidade de normas estaduais e municipais mais protetivas em face a usurpação/ou contrariedade com a lei federal, senão vejamos: 
a) Inconstitucionalidade de Lei Estadual que Restringe o Uso Organismos Geneticamente Modificados.
Ação Direta de Inconstitucionalidade ajuizada contra a lei estadual paranaense de no 14.162, de 27 de outubro de 2003, que estabelece vedação ao cultivo, a manipulação, a importação, a industrialização e a comercialização de organismos geneticamente modificados. 2. Alegada violação aos seguintes dispositivos constitucionais: art. 1o; art. 22, incisos I, VII, X e XI; art. 24, I e VI; art. 25 e art. 170, caput, inciso IV e parágrafo único. 3. Ofensa à competência privativa da União e das normas constitucionais relativas às matérias de competência legislativa concorrente. 4. Ação Julgada Procedente (ADI 3035)
b) Inconstitucionalidade de Lei Estadual que Restringe a Comercialização de Produtos com Agrotóxicos.
É formalmente inconstitucional a lei estadual que cria restrições à comercialização, à estocagem e ao trânsito de produtos agrícolas importados no Estado, ainda que tenha por objetivo a proteção da saúde dos consumidores diante do possível uso indevido de agrotóxicos por outros países. A matéria é predominantemente de comércio exterior e interestadual, sendo, portanto, de competência privativa da União (CF, art. 22, inciso VIII). 2. É firme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido da inconstitucionalidade das leis estaduais que constituam entraves ao ingresso de produtos nos Estados da Federação ou a sua saída deles, provenham esses do exterior ou não. 3. Ação direta julgada procedente. (ADI 3813)
c) Inconstitucionalidade de Lei Estadual que Veda a Comercialização de Amianto.
A Lei nº 9.055/95 dispôs extensamente sobre todos os aspectos que dizem respeito à produção e aproveitamento industrial, transporte e comercialização do amianto crisotila. A legislação impugnada foge e muito do que corresponde à legislação suplementar, da qual se espera que preencha vazios ou lacunas deixado pela legislação federal (ADI n. 2.396) 
COMPETÊNCIA NORMATIVA – TRANSPORTE – AMIANTO. Surge relevante pedido voltado a afastar do cenário jurídico-normativo diploma estadual a obstaculizar o transporte de certa mercadoria na região geográfica respectiva – do estado. (....) trecho do voto: Ante o quadro, defiro a medida acauteladora, em parte, para determinar a suspensão da eficácia das interdições ao transporte praticado pelas empresas associadas à arguente, quando fundamentadas em descumprimento da norma proibitiva contida no artigo 1º da Lei nº 12.684/2007, do Estado de São Paulo, reconhecendo-lhes o direito de efetuar o transporte interestadual e internacional de cargas, inclusive as de amianto da variedade crisotila, observadas as disposições legais e regulamentares editadas pela União. (ADPF 234 MC)
Em princípio, não há conflito quando as normas estaduais, distritais ou municipais são mais restritivas que as federais, ou seja, instituam regras mais protetivas ao meio ambiente, desde que a lei federal o permita.
União
A União detém COMPETÊNCIA PRIVATIVA e CONCORRENTE para legislar sobre o meio ambiente. No primeiro caso, a matéria, em princípio, deve ser tratada pela União com exclusividade, com fulcro no princípio da predominância do interesse, não obstante exista a possibilidade de delegação específica da competência legislativa aos Estados para tratar de questões pontuais. Nos termos do art. 22 da CF/88:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: IV – águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; XII – jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; XIV – populações indígenas; XVIII – sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacional; XXVI – atividades nucleares de qualquer natureza. Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Ressalte-se, ainda, que o fato de ser da União o poder legiferante não significa, em princípio, que só a ela caiba a fiscalização. Estados e Municípios podem e devem zelar pela proteção do meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas (competência material comum).
Compete, ainda, à União, no âmbito das ATRIBUIÇÕES CONCORRENTES, estabelecer normas gerais sobre as matérias discriminadas no art. 24 da CF/88:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
Um exemplo de norma geral da União em matéria ambiental é o Código Florestal, que dispõe, entre outras coisas, sobre a proteção da vegetação nativa. Nada impede que os Estados instituam também seus Códigos Florestais, desde que não disponham de forma contrária

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