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Penal Atualizado (XVI TRF1)

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Resumos Magistratura Federal | e-mail: resumos-magistratura-federal@yahoogrupos.com.br
Direito Penal
2015
Resumo elaborado conforme o edital do XVI Concurso Público para Provimento de Cargo de Juiz Federal Substituto do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, tendo sido adaptado com informações do edital adotado pelo Tribunal Regional da 3ª Região.
Colaboradores: 
	Ana Paula da Cunha
	Fábio Fonseca
	Felipe Giordani
	Hans Kelder
	Hendrikus Garcia
	Ingrid Miranda
	Jacqueline Barbosa
	Lais Domilitio
	Régis Bonfim
	Rodrigo Ortiz
	
	
Atualizado conforme edital do XVI Concurso Público para Provimento de Cargo de Juiz Federal Substituto do Tribunal Regional Federal da 1ª Região em 12/2015.
Colaboradores
Leônder Magalhães
Felipo Livio
Herbert Filho
Roney Leão
Denny Santiago
Pedro Dimas
Fabrício Bressan
Ponto 1 - Introdução ao Direito Penal. Conceito, caracteres e função do Direito Penal. Princípios básicos do Direito Penal. Relações com outros ramos do Direito. Direito Penal e política criminal. Criminologia. Crimes contra a pessoa. Crimes de Imprensa. Crimes de manipulação genética. Crimes contra o patrimônio. Crimes contra a propriedade imaterial: crimes contra a propriedade intelectual e crimes contra o privilégio de invenção, contra as marcas e patentes e de concorrência desleal.
Introdução ao Direito Penal: Conceito, Caracteres e Funções do Direito Penal
O Direito Penal se apresenta como o conjunto de normas jurídicas que tem por objeto a determinação de infrações de natureza penal e suas sanções correspondentes – penas e medidas de segurança (Bitencourt). Por outro lado, apresenta-se como um conjunto de valorações e princípios que orientam a própria aplicação e interpretação das normas penais (Mir Puig). 
Uma das principais características do moderno Direito Penal é seu caráter fragmentário, no sentido de que representa a ultima ratio do sistema para a proteção daqueles bens e interesses de maior importância para o indivíduo e a sociedade à qual pertence (Bitencourt). É ciência cultural normativa, valorativa e finalista (Magalhães Noronha). Pauta-se na análise do dever-ser, bem como nas conseqüências jurídicas do não cumprimento dos preceitos normativos, enquanto as ciências causais-explicativas, como a Criminologia e a Sociologia Criminal, preocupam-se com a análise da gênese do crime, das causas da criminalidade, numa interação entre crime, homem e sociedade (Bitencourt) .
Funções Do Direito Penal
a) proteção dos bens jurídicos mais relevantes; b) instrumento de controle social; c) garantia dos cidadãos contra o arbítrio estatal; d) disseminação ético-social de valores; e) simbólica na mente dos cidadãos e governantes (hipertrofia do direito penal); f) motivadora de comportamento conforme a norma; g) promocional de transformação social.	
Princípio da intervenção mínima (ultima ratio) – a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a proteção de determinado bem jurídico.
Relações com outros Ramos do Direito
Autonomia do Direito Penal em relação aos outros ramos do Direito – Independência das instâncias cível, criminal e administrativa.
Relação com o Direito constitucional: a CF é a primeira manifestação legal da política penal. As regras e princípios constitucionais são os parâmetros de legitimidade das leis penais e delimitam o âmbito de sua aplicação. Princípios da anterioridade da lei penal, da irretroatividade etc.
Relação com os direitos humanos: Declaração Universal dos Direitos do Homem e Convenção Americana de Direitos Humanos, consagram princípios hoje reproduzidos na CRFB/88.
Relação com o Direito Administrativo: é administrativa a função de punir. Essa relação se evidencia com a tarefa de prevenção e investigação de crimes pelas Polícias, bem como a execução da sanção penal, missões reservadas à administração Pública. Além disso, punem-se crimes contra a administração (utilização de conceitos), a perda do cargo é efeito da condenação etc.
Relação como Direito Processual Penal: é íntima. O Direito Penal precisa do direito processual, porque este último permite verificar, no caso concreto, se concorrem os requisitos do fato punível.
Relação com o Direito Processual Civil:este ramo fornece normas ao processo penal, de maneira subsidiária.
Relação com o D. Internacional Público: denomina-se direito internacional penal. Tem por objetivo a luta contra as infrações internacionais. Entrariam nessa categoria de ilícitos os crimes de guerra, contra a paz, contra a humanidade etc. Tem-se procurado estabelecer uma jurisdição Penal Internacional e o grande avanço foi a criação do TPI, instituído pelo Tratado de Roma, ratificado pelo Brasil (Decreto 4.388/2002).São importantes nesse ponto, inclusive, a menção aos institutos da extradição e cooperação internacional em matéria penal.
Relação com o D. Internacional Privado: denomina-se direito penal internacional. Há a necessidade de normas jurídicas para resolver eventual aplicação simultânea de leis penais (nacional e estrangeira).
Relação com o direito civil: um mesmo fato pode caracterizar um ilícito penal e obrigar a uma reparação civil; a diferença entre ambos é de grau, não de essência. Tutela ainda o Direito Penal o patrimônio, ao descrever delitos como furto, roubo, estelionato etc. Ademais, muitas noções constantes das definições de crimes são fornecidas pelo Direito Civil, como as de "casamento", "erro", "ascendente", "descendente", "cônjuge" etc., indispensáveis para a interpretação e aplicação da lei penal.
Relação com o Direito Comercial: tutela a lei penal institutos como o cheque, a duplicata, o conhecimento de depósito ou warrant, etc. Determina ainda a incriminação da fraude no comércio e tipifica, em lei especial, os crimes falimentares.
Relação com o Direito do Trabalho: principalmente no que tange aos crimes contra a Organização do Trabalho (arts. 197 a 207 do CP) e aos efeitos trabalhistas da sentença penal (arts. 482, d, e parágrafo único, e 483, e e f da CLT).
Relação com o Direito Tributário:quando contém a repressão aos crimes de sonegação fiscal (Lei n° 8.137/90).
Direito Penal e Política Criminal
A política criminal é a ciência ou a arte de selecionar bens (ou direitos), que devem ser tutelados jurídica e penalmente, e escolher os caminhos para efetivar tal tutela, o que iniludivelmente implica a crítica dos caminhos e valores já eleitos. A política criminal guia as decisões tomadas pelo poder político ou proporciona os argumentos para criticar essas decisões. O bem jurídico tutelado, escolhido como decisão política, é o componente teleológico que nos indica o fim da norma. (Zaffaroni). Conforme Basileu Garcia, é a “ponte entre a teoria jurídico-penal e a realidade”.
Criminologia
A criminologia é a disciplina que estuda a questão criminal do ponto de vista biopsicossocial, ou seja, integra-se com as ciências da conduta aplicadas às condutas criminais (Zaffaroni).
Estuda os fenômenos e as causas da criminalidade, a personalidade do delinqüente e sua conduta delituosa e a maneira de ressocializá-lo. Nesse sentido, há uma distinção precisa entre essa ciência e o Direito Penal. Enquanto neste a preocupação básica é a dogmática, ou seja, o estudo das normas enquanto normas, da Criminologia se exige um conhecimento profundo do conjunto de estudos que compõem a enciclopédia das ciências penais. 
Criminologia crítica: a Criminologia não deve ter por objeto apenas o crime e o criminoso como institucionalizados pelo direito positivo, mas deve questionar também os fatos mais relevantes, adotando uma postura filosófica. Assim, cabe questionar os fatos "tais como a violação dos direitos fundamentais do homem, a infligência de castigos físicos e de torturas em países não democráticos; a prática de terrorismo e de guerrilhas; a corrupção política, econômica e administrativa".
Princípios Básicos do Direito Penal
Princípio da alteridade
desenvolvidopor roxin, assim como o da bagatela
corolário do principio da ofensividade
só posso incriminar quando lesionar bem jurídico de outrem e não o seu próprio (suicídio não é punido)
defende-se sua utilização para usuário de drogas
Decisão do STJ. O caso foi julgado em novembro de 2009 e a ementa foi publicada logo em seguida. Ei-la: "A Turma concedeu a ordem de habeas corpus para trancar a ação penal instaurada em desfavor de ex-prefeito denunciado pela suposta prática do crime de poluição ambiental (art. 54, § 3º, da Lei n. 9.605/1998). In casu, o tribunal a quo consignou que a autoridade emissora da medida de controle ambiental descumprida seria o próprio paciente, a quem, na condição de representante máximo do município, caberia tomar providências para fazer cessar o dano e recuperar a área atingida. Contudo, segundo a Min. Relatora, essa conclusão conduz ao entendimento de que o acusado seria, ao mesmo tempo, o agente e o sujeito passivo mediato do delito, o que contraria característica inerente ao direito penal moderno consubstanciada na alteridade e na necessidade de intersubjetividade nas relações penalmente relevantes. Com essas considerações, reconheceu a atipicidade da conduta por ausência de elementar do tipo. Precedentes citados: HC 95.941-RJ, DJe 30/11/2009, e HC 75.329-PR, DJ 18/6/2007" (HC 81.175-SC).
Princípio da intervenção mínima: Estabelece que o Direito Penal só deve preocupar-se com a proteção dos bens mais importantes e necessários à vida em sociedade. Impõe-se a necessidade de limitar ou, se possível, eliminar o arbítrio do legislador no que diz respeito ao conteúdo das normas penais incriminadoras (Bitencourt). 
Princípio da lesividade: impossibilidade de atuação do Direito Penal caso um bem jurídico de terceira pessoa não esteja efetivamente atacado. 4 funções: a) proibir a incriminação de uma atitude interna; b) proibir a incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor; c) proibir a incriminação de simples estados ou condições existenciais; d) proibir a incriminação de condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico.
Princípio da adequação social: Segundo Welzel, o DP tipifica somente condutas que tenham certa relevância social; caso contrário, não poderiam ser delitos. Deduz-se consequentemente, que há condutas que por sua “adequação social” não podem ser criminosas. 
Princípio da fragmentaridade: Direito penal não protege todos os bens jurídicos de violações – só os mais importantes. E dentre estes, não acolhe todas as lesões – intervém só nos casos de maior gravidade, “protegendo um fragmento de interesses jurídicos”. Corolário do princípio da intervenção mínima e da reserva legal.
Princípio da insignificância ou da bagatela Foi cunhado pela primeira vez por Claus Roxin em 1964, que voltou a repeti-lo em sua obra de Política criminal, partindo do velho adágio latino mínima non curat praetor. É causa supralegal de exclusão da tipicidade material, devendo ser valorado através da consideração global da ordem jurídica (Zaffaroni). É um postulado hermenêutico voltado à descriminalização de condutas formalmente típicas (Min. Gilmar Mendes). 
O princípio da insignificância é baseado apenas no valor patrimonial do bem? 
NÃO. Além do valor econômico, existem outros fatores que devem ser analisados e que podem servir para IMPEDIR a aplicação do princípio. Veja: 
Valor sentimental do bem. Ex: furto de uma bijuteria de baixo valor econômico, mas que pertenceu a importante familiar falecido da vítima.
Condição econômica da vítima. Ex: furto de bicicleta velha de uma vítima muito pobre que a utilizava como único meio de transporte (STJ. 6ª Turma. HC 217.666/MT, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/11/2013). 
Condições pessoais do agente. Ex: o STF já decidiu que, se a conduta criminosa é praticada por policial militar, ela é revestida de maior reprovabilidade, de modo que isso poderá ser levado em consideração para negar a aplicação do princípio da insignificância (HC 108884/RS, rel. Min. Rosa Weber, 12/6/2012). 
Circunstâncias do delito. Ex.1: estelionato praticado por meio de saques irregulares de contas do FGTS. A referida conduta é dotada de acentuado grau de desaprovação pelo fato de ter sido praticada mediante fraude contra programa social do governo que beneficia inúmeros trabalhadores (STF. 1ª Turma. HC 110845/GO, julgado em 10/4/2012). Ex.3: o modus operandi da prática delitiva - em que o denunciado quebrou o vidro da janela e a grade do estabelecimento da vítima - demonstra um maior grau de sofisticação da conduta a impedir o princípio (STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1377345/MG, julgado em 03/12/2013, DJe 13/12/2013). 
Consequências do delito. Ex.1: não se aplica o princípio da insignificância ao delito de receptação qualificada no qual foi encontrado, na farmácia do réu, exposto à venda, medicamento que deveria ser destinado ao fundo municipal de saúde. Isso porque as consequências do delito atingirão inúmeros pacientes que precisavam do medicamento (STF. 2ª Turma. HC 105963/PE, julgado em 24/4/2012).
Requisitos objetivos para aplicação do princípio da insignificância (STF e STJ):
Mínima ofensividade da conduta do agente;
Nenhuma periculosidade social da ação;
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
Inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Requisito subjetivo para a aplicação do princípio 
A 5ª Turma do STJ construiu a tese de que, para a aplicação do princípio da insignificância, além do aspecto objetivo, deve estar presente também o requisito subjetivo. Para o requisito subjetivo estar presente, o réu não poderá ser um criminoso habitual. Caso o agente responda por outros inquéritos policiais, ações penais ou tenha contra si condenações criminais, ele não ser beneficiado com a aplicação do princípio da insignificância por lhe faltar o requisito subjetivo. Nesse sentido: HC 260.375/SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, Quinta Turma, julgado em 17/09/2013.
É possível a aplicação do princípio da insignificância para réus reincidentes ou que respondam a outros inquéritos ou ações penais?
NÃO. É a posição que atualmente prevalece, sendo adotada pela 5ª Turma do STJ e pelo STF. 
STF: (...) A reiteração delitiva, comprovada pela certidão de antecedentes criminais do paciente, impossibilita a aplicação do princípio da insignificância. (...) STF. 1ª Turma. HC 109705, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 22/04/2014. 
(...) Sentenciados reincidentes na prática de crimes contra o patrimônio. Precedentes do STF no sentido de afastar a aplicação do princípio da insignificância aos acusados reincidentes ou de habitualidade delitiva comprovada. (...) (STF. 2° Turma. HC 117083, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 25/02/2014).
STJ (5ª Turma): 
(...) Apesar de não configurar reincidência, a existência de outras ações penais ou inquéritos policiais em curso é suficiente para caracterizar a habitualidade delitiva e, consequentemente, afastar a incidência do princípio da insignificância. No caso, há comprovação da existência de outros inquéritos policiais em seu desfavor, inclusive da mesma atividade criminosa. (...) (AgRg no AREsp 332.960/PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 22/10/2013)
É possível a aplicação do princípio da insignificância para atos infracionais (STF e STJ).
O princípio da insignificância pode ser reconhecido mesmo após o trânsito em julgado da sentença condenatória (STF).
Princípio da insignificância e prisão em flagrante 
A autoridade policial pode deixar de lavrar a prisão em flagrante sob o argumento de que a conduta praticada é formalmente típica, mas se revela penalmente insignificante (atipicidade material)? A) 1ª corrente: SIM. O princípio da insignificância, como vimos, afasta a tipicidade material. Logo, se o fato é atípico, a autoridade policial pode deixar de lavrar o flagrante. Nesse sentido: Cleber Masson (Direito Penal esquematizado. Vol. 1. São Paulo: Método, 2014, p. 37); B) 2ª corrente: NÃO. A avaliação sobre a presença ou não do princípio da insignificância, nocaso concreto, deve ser feita pelo Poder Judiciário (e não pela autoridade policial). É a posição da doutrina tradicional.
Infração bagatelar própria (princípio da insignificância) X Infração bagatelar imprópria (princípio da irrelevância penal do fato):No primeiro caso, a situação já nasce atípica (material); o agente não deveria nem mesmo ser processado já que o fato é atípico. Não tem previsão legal no direito brasileiro. No segundo, por sua vez, a situação nasce penalmente relevante, porém, em virtude de circunstâncias envolvendo o fato e o seu autor, consta-se que a pena se tornou desnecessária; o agente tem que ser processado e somente após a análise das peculiaridades do caso concreto, o juiz poderia reconhecer a desnecessidade da pena. Está previsto no art. 59 do CP.
Crimes nos quais a jurisprudência reconhece a aplicação do princípio da insignificância:a) furto simples ou qualificado (tudo a depender das circunstâncias do caso concreto); b) crimes ambientais (deve ser feita uma análise rigorosa, considerando que o bem jurídico protegido é de natureza difusa e protegido constitucionalmente); c). crimes contra a ordem tributária previstos na Lei n. 8.137/90; d) descaminho (art. 334 do CP).
Qual o valor considerado insignificante nos crimes tributários? É possível aplicar a Portaria MF n. 75/12 que aumentou o parâmetro para R$ 20.000,00?
	STJ: NÃO
O STJ tem decidido que o valor de 20 mil reais,
estabelecido pela Portaria MF n. 75/12 como limite mínimo para a execução de débitos contra a União, NÃO pode ser considerado para efeitos penais (não deve ser utilizado como novo patamar de insignificância).
São apontados dois argumentos principais:
i) a opção da autoridade fazendária sobre o que deve ou não ser objeto de execução fiscal não pode ter a força de subordinar o exercício da jurisdição penal;
ii) não é possível majorar o parâmetro previsto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002 por meio de uma portaria do Ministro da Fazenda. A portaria emanada do Poder Executivo não possui força normativa passível de revogar ou modificar lei em sentido estrito.
	STF: SIM
Para o STF, o fato de as Portarias 75 e 130/2012 do Ministério da Fazenda terem aumentado o patamar de 10 mil reais para 20 mil reais produz efeitos penais. Logo, o novo valor máximo para fins de aplicação do princípio da insignificância nos crimes tributários passou a ser de 20 mil reais. Precedente: STF. 1ª Turma. HC 120617, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 04/02/2014.
Vale ressaltar que o limite imposto por essa portaria pode ser aplicado de forma retroativa para fatos anteriores à sua edição considerando que se trata de norma mais benéfica (STF. 2ª Turma. HC 122213, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, julgado em 27/05/2014).
Crimes nos quais a jurisprudência NÃO reconhece a aplicação do princípio da insignificância: a) roubo, b) lesão corporal, c) tráfico de drogas, d) moeda falsa e outros crimes contra a fé pública, e) contrabando, f) estelionato contra o INSS, g) estelionato envolvendo o FGTS e o seguro-desemprego, h) crime militar, i) violação a direito autoral.
Crimes em que há maior divergência na jurisprudência: crimes cometidos por prefeito (STF admite e STJ NÃO admite); porte de droga para consumo pessoal (STF admite e STJ NÃO admite); apropriação indébita previdenciária (STF NÃO admite e STJ admite); crime contra a administração pública (Há decisões da 2ª Turma do STF admitindo; STJ NÃO admite); manter rádio comunitária clandestina, de baixa potência (STF já admitiu; STJ NÃO admite). 
Princípio da individualização da pena (art. 5º, XLVI, CFRB/88):pretende que o tratamento penal seja totalmente voltado para características pessoais do agente a fim de que possa corresponder aos fins que se pretende alcançar com a pena ou com as medidas de segurança. Presente nas fases de cominação, aplicação e execução.
Princípio da proporcionalidade:exige que se faça um juízo de ponderação sobre a relação existente entre o bem que é lesionado ou posto em perigo (gravidade do fato) e o bem de que alguém pode ser privado (gravidade da pena). Toda vez que, nessa relação, houver um desequilíbrio acentuado, haverá desproporção. Ou seja, a pena deve ser proporcional à gravidade do fato. Decorrência da individualização da pena.
Princípio da culpabilidade:possui três orientações básicas: a) integra o conceito analítico de crime; b) serve como princípio orientador, medidor, para a aplicação da pena; c) e serve como princípio que afasta a responsabilidade penal objetiva.
Princípio da confiança: bastante difundido no direito penal espanhol, é requisito para a existência de ato típico, determinando que todos devem esperar das demais pessoas comportamentos compatíveis com o ordenamento jurídico (usado pela jurisprudência nos crimes praticados na direção de veículo automotor).
Princípio da legalidade (art. 5º, XXXIX, CFRB/88):proíbe a retroatividade da lei penal, a criação de crimes e penas por costumes, as incriminações vagas e indeterminadas, bem como o emprego da analogia para criar crimes.
Legalidade formal: corresponde à obediência aos trâmites procedimentais previstos pela CF para que determinado diploma legal possa vir a fazer parte do ordenamento jurídico.
Legalidade material: pressupõe não apenas a observância das formas e procedimentos impostos pela CF, mas também, e principalmente, o seu conteúdo, respeitando-se as suas proibições e imposições para a garantia dos direitos fundamentais por ela previstos.
Fundamentos do princípio da legalidade:
Político: exigência da vinculação do executivo e do judiciário às leis o que impede o exercício do poder punitivo com base no livre arbítrio.
Democrático: parlamento é responsável pela criação dos tipos definidores dos crimes. 
Jurídico: uma lei prévia e clara produz efeito intimidativo.
Medida provisória – não pode criar crimes nem penas, mas STF admite para favorecer o réu (RE 254818/PR).
Princípio da limitação das penas: A CF prevê, em seu art. 5º, XLVII, que não haverá penas de morte (salvo em caso de guerra declarada), de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento ou cruéis.(dignidade da pessoa humana)
Princípio da responsabilidade pessoal:somente o condenado é que terá de se submeter à sanção que lhe foi aplicada pelo Estado.
Crimes Contra a Pessoa
Homicídio		
HOMICÍDIO DOLOSO SIMPLES:
ART. 121 MATAR ALGUÉM:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
TIPO NORMAL somente tem elementos objetivos
SUJEITO ATIVO: pode ser praticado por qualquer pessoa (CRIME COMUM). O tipo não exige qualidade ou condição especial do agente.
HOMICÍDIO PRATICADO POR IRMÃOS XIFÓPAGOS / SIAMESES
Homicídio praticado por um dos irmãos, que ainda estão unidos, o que deve ser feito?
Questão: Se um deles matar uma pessoa, já que cada um pode ter uma ação, os dois respondem pelo crime? 
Resposta: Havendo o conflito entre o estado de liberdade do inocente (gêmeo que não praticou a ação), prevalece o seu direito de liberdade. (cria-se uma impunidade em benefício ao inocente). 
DOUTRINA DIVERGENTE:a) absolvição do irmão que matou; b) suspensão da condenação. Crítica de Lênio Streck ao exemplo dos gêmeos xifópagos: http://www.conjur.com.br/2012-mar-22/senso-incomum-pan-principiologismo-sorriso-lagarto
SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa.
Para que haja o crime, não é necessário que se trate de vida viável, bastando a prova de que a vítima nasceu viva e com vida estava no momento da conduta criminosa do agente. 
O que acontece quando se quer matar apenas um irmão xifópago, mas acaba matando os dois? Responde por qual crime? 
Responde por duplo homicídio, com dolo direto de primeiro grau, em relação ao irmão que se queria matar, e dolo direto de segundo grau em relação ao outro, pois o resultado para o irmão que não se quer matar é certo e necessário. Concurso formal impróprio.
ATENÇÃO:MATAR O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
	Art. 121 – CP
	Art. 29 – Lei 7179/83
	SEM MOTIVAÇÃO POLÍTICA 
	COM MOTIVAÇÃO POLÍTICA 
	VAI A JÚRI 
	NÃO VAI A JÚRI 
	
	Art. 29 - Matar qualquerdas autoridades referidas no art. 26.
Pena: reclusão, de 15 a 30 anos
	
	Quando o sujeito passivo for o Presidente da República, Presidente do Senado, Presidente da Câmara, Presidente do STF e a morte ocorrer por motivo político, o agente responde pelo artigo 29 da Lei de Segurança Nacional (7170/83).
	
	COMPETÊNCIA JUSTIÇA FEDERAL.
Art. 121 TIRAR A VIDA DE ALGUÉM
	VIDA INTRA UTERINA
	VIDA EXTRA-UTERINA
	ABORTO
	HOMICÍDIO 
INFANTICÍDIO 
	QUANDO SE INICIA O PARTO?
	1ª CORRENTE:
	2ª CORRENTE
	3ª CORRENTE
	Com o completo e total desprendimento das entranhas maternas.
	Inicia-se o parto desde as dores típicas do parto. 
	Com a dilatação do colo do útero.
QUESTÃO: “A gestante que quer realizar o aborto, expulsa o feto. Este morre 6 meses depois em consequência da expulsão, (em decorrência da manobra abortiva), por qual crime ela responde, aborto ou homicídio? 
Como a ação que gerou a morte foi o aborto, responde por aborto.
CUIDADO: No Brasil a eutanásia é crime; é homicídio ceifar a vida, ainda que esta não seja uma vida viável. No entanto, a ortotanásia não é considerada crime, pois existe resolução do CFM que a regulamenta (Resolução CFM 1.805/2006). 
CRIME DE AÇÃO / EXECUÇÃO LIVRE: 
AÇÃO / OMISSÃO
MEIOS DIRETOS / INDIRETOS 
CAPUT PUNIDO A TÍTULO DE DOLO 
É animus necandi ou animus occidendi. A conduta do agente é dirigida finalisticamente a causar a morte de um homem.
DOLO DIRETO
DOLO EVENTUAL 
OBS: Os motivos do crime não excluem o dolo, podendo configurar um privilégio ou uma qualificadora. 
CONSUMAÇÃO: COM A MORTE ENCEFÁLICA.Art. 3º, Lei 9439/97.
 É POSSÍVEL TENTATIVA DE HOMICÍDIO, pois o crime é plurissubsistente, admite fracionamento da execução. 
É POSSÍVEL A TENTATIVA NO CASO DO DOLO EVENTUAL?
Existe vontade tanto no dolo direto quando no dolo eventual. Sendo assim ambos admitem a tentativa (maioria da doutrina e jurisprudência) 
O HOMICÍDIO SIMPLES PODE SER HEDIONDO?
SIM, QUANDO PRATICADO EM ATIVIDADE TÍPICA DE GRUPO DE EXTERMÍNIO, AINDA QUE POR UM SÓ AGENTE. 
Obs.: Prática típica do grupo de extermínio é matar sem saber quem está matando, mas mata-se por saber das raízes da pessoa, do seu grupo social, sexual, preferências religiosas Ex. Chacina (Candelária, Vigário Geral).
QUANTAS PESSOAS SÃO NECESSÁRIAS PARA SE FALAR EM UM GRUPO DE EXTERMÍNIO?
	FERNANDO CAPEZ
2 pessoas 
	PARA ALEXANDRE DE MORAIS
3 PESSOAS.
GRUPO ≠ PAR
GRUPO≠ BANDO
	ALBERTO SILVA FRANCO. Como o legislador não deu um conceito para o grupo de extermínio = grupo = associação criminosa
Por analogia à associação criminosa são 3 também o número de pessoas
	
	
	Melhor doutrina
O diferencial do grupo de extermínio é que o crime pode ser praticado por um só dos indivíduos do grupo. O GRUPO DE EXTERMÍNIO é impessoal em relação a vítima, mas determinado em relação a sua classe social etnia, raça, cor, opção sexual, etc.. Ex: Skinhead – matar homossexuais.
QUEM É QUE DECIDE SE O HOMICÍDIO FOI PRATICADO EM GRUPO DE EXTERMINIO? OS JURADOS OU O JUIZ PRESIDENTE? (questão de prova)
POSIÇÃO MAJORIÁRIA - a verificação deste fato cabe ao juiz togado não devendo ser apresentado quesito específico aos jurados, já que a matéria diz respeito à aplicação da pena e não aos fatos. Contudo, uma 2ª CORRENTE, do Prof. Alberto Silva Santos (minoria), não concorda e acha que é o júri quem decide.
DIFERENÇA ENTRE O GRUPO DE EXTERMÍNIO ≠ GENOCÍDIO.
GENOCÍDIO Lei 2889/56 - INTENÇÃO DESTRUIR NO TODO OU EM PARTE – EXTERMINAR 
Quem com a intenção de destruir no todo ou em parte, grupo nacional, ético, religioso, pratica genocídio. 
ATENÇÃO: No genocídio, não necessita a existência de um grupo. Uma única pessoa pode realizar o crime.
O GENOCÍDIO NÃO NECESSARIAMENTE ENVOLVE O HOMICÍDIO, já que pode se praticar o genocídio evitando que nasçam novas crianças da raça/grupo ou efetuando a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo.
Genocídio de índios: competência da JF. Pelo juiz singular, salvo se houver concurso formal impróprio com o homicídio (aí vai para o júri).
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO
CASO DE DIMINUIÇÃO DE PENA
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima (homicídio emocional), o JUIZ PODE reduzir a pena de um sexto a um terço.
TRÊS PRIVILÉGIOS:
1. PRATICAR O CRIME IMPELIDO POR MOTIVO DE RELEVANTE VALOR SOCIAL.
Ex. Matar um perigoso bandido que estava causando medo na comunidade. 
2. IMPELIDO POR MOTIVO DE RELEVANTE VALOR MORAL.
Matar para atender interesses particulares, porém ligados aos sentimentos de compaixão, misericórdia ou piedade. Ex: eutanásia.
3. HOMICÍDIO EMOCIONAL: sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. REQUISITOS:
 a)	DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO; 
ATENÇÃO:	DOMÍNIO É ABSORVENTE E DURADOURO
	≠ Mera influência - passageiro e transitório 
	Influência é minorante do artigo 65 III.
b) IMEDIATIDADE DA REAÇÃO (Será imediata a reação sem intervalo temporal)
c)	INJUSTA PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA
Não precisa corresponder a um crime, basta ser injusto. 
Pode ser dirigida a 3ºs e não necessariamente à vítima. (Pai que mata estuprador da filha)
O PRIVILÉGIO SE COMUNICA A CO-AUTORES E PARTÍCIPES? Como não é elementar, não se comunica. Busato, no entanto, entende que a solução mais justa passará pela comunicabilidade em algumas situações (p.ex., farmacêutico sensibilizado que presta auxílio na prática de eutanásia).
 É circunstância, embora Busato considere elementar.
TEM NATUREZA SUBJETIVA OU OBJETIVA? Subjetiva.
ATENÇÃO: Crime privilegiado “TECNICAMENTE” deveria ter novo mínimo e máximo de penas. Ou seja, o tratamento dado no nosso ordenamento ao chamado homicídio privilegiado” é, na realidade, de um homicídio com causa de diminuição de pena.
	
HOMICÍDIO PASSIONAL (crimes praticados com amor, paixão)
A morte por ciúmes e a vingança pelo abandono da pessoa amada não constituem homicídio privilegiado. 
HOMICÍDIO QUALIFICADO
SEMPRE HEDIONDO (são considerados hediondos desde 1994)
§ 2° Se o homicídio é cometido:
	I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
	II - por motivo fútil;
	III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
	IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
	V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
	MOTIVO TORPE
	MOTIVO FÚTIL
	MEIO CRUEL
	MODO SURPRESA
	FIM ESPECIAL
	SUBJETIVO
	SUBJETIVO
	OBJETIVO
	OBJETIVO
	SUBJETIVO
Art. 121 § 2º
I – POR MOTIVO TORPE;
CASO CLÁSSICO DE INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA.
	INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA é o método de interpretação. É buscar o sentido da lei. 
Há uma fórmula casuística, exemplificativa na própria lei, seguida de uma fórmula genérica. É POSSÍVEL.
	ANALOGIA É uma forma de integração integrar é suprir lacunas. Ela consiste em uma situação fática não prevista em lei, em que aplica-se dispositivo legal previsto para o caso semelhante, desde que a lacuna seja involuntária. 
SÓ É POSSÍVEL QUANDO EM BENEFÍCIO DO RÉU.
	CONCURSO DE AGENTES
	MONOSUBJETIVO
	PLURISUBJETIVO 
	PODE SER PRATICADO POR 1 OU + AGENTES
	SOMENTE PODE SER PRATICADO POR NÚMERO PLURAL DE AGENTES 
	REGRA GERAL DOS HOMICÍDIOS
	EXCEÇÃO: HOMICÍDIO MERCENÁRIO
	
	Necessariamente teremos o mandante e o executor. Quem paga e quem mata mediante pagamento.
A QUALIFICADORA DO MOTIVO TORPE É SOMENTE DO EXECUTOR OU ELA SE APLICA AO MANDANTE TAMBÉM?
	1ª CORRENTE: A torpeza é elementar subjetiva comunicável.
Prevalece na jurisprudência, inclusive do STJ. APESAR DE QUE AS CIRCUNSTANCIAS SUBJETIVAS NÃO SE COMUNICAREM
	2ª CORRENTE: A torpeza é circunstância subjetiva incomunicável.
Prevalece na doutrina moderna. 
Rogério Grecco.
	
	Seria perfeitamente possívelo mandante não estar agindo com ganância, motivos agnósticos.
Ex. Pagar alguém para realizar eutanásia, Matar o estuprador da filha.
QUAL A NATUREZA DA PAGA E PROMESSA RECOMPENSA? Prevalece que deve ter NATUREZA ECONÔMICA.
Mas matar por recompensa sexual é torpe do mesmo jeito, não é o exemplo do homicídio mercenário mas é torpe.
E SE O AGENTE NÃO RECEBER O PAGAMENTO? 
O homicídio continua sendo qualificado. O que importa é a motivação do agente.
II - POR MOTIVO FÚTIL;
CONCEITO: Quando o móvel do crime apresenta real desproporção entre o delito e a sua causa moral. É a pequeneza do motivo. Há um abismo entre a motivação e o comportamento extremo levado a efeito pelo agente. (Ex. briga no trânsito)
ATENÇÃO:
NÃO CONFUNDIR MOTIVO FÚTIL COM MOTIVO INJUSTO.
A injustiça não qualifica o homicídio, todos os crimes são injustos. 
HOMICÍDIO SEM MOTIVO É QUALIFICADO?
	1ª CORRENTE:
Se o motivo fútil qualifica, deve qualificar também a ausência de motivos. Fernando Galvão assevera que, de fato, não existe homicídio sem motivo, mas admite que há quem mate tão somente para “satisfazer a vontade de matar”.
	2ª CORRENTE:
Motivo fútil não pode ser equiparado a ausência de motivos, querer abranger a ausência de motivos seria uma analogia em malan parten, ferindo o princípio da legalidade.Bittencourt. Essa é a posição que vem sendo adotada pelo STJ (HC 152.548/MG).
Se o agente pratica o crime por causa de ciúmes, haverá homicídio qualificado por motivo fútil? NÃO (posição majoritária).
Um homicídio pode ser fútil (inciso II) e torpe (inciso I) ao mesmo tempo? NÃO. Um homicídio nunca poderá ser fútil e torpe ao mesmo tempo. Se for fútil (bobo), não pode ser torpe (repugnante).
É possível que uma pessoa pratique homicídio qualificado por motivo fútil agindo com dolo eventual? SIM. Nesse sentido: STF. 2ª Turma. HC 111442/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 28/8/2012.
É possível que o homicídio seja qualificado por motivo fútil (art. 121, § 2º, II) e, ao mesmo tempo, privilegiado (art. 121, § 1º)? NÃO. A jurisprudência somente admite que um homicídio seja qualificado e privilegiado ao mesmo tempo se esta qualificadora for de natureza objetiva (ex: meio cruel, surpresa). Se a qualificadora for subjetiva, entende-se que ela é incompatível com o privilégio. Entedimento do STF.
INFORMATIVO 716 DO STF: Não há motivo fútil se o início da briga entre vítima e autor é fútil, mas ficar provado que o homicídio ocorreu realmente por conta de eventos posteriores que decorreram dessa briga inicial (posição agressiva da vítima, por exemplo). Caso concreto julgado pelo STF (início de uma briga em mesa de bilhar, porém que decorreu de discussão e ameaça laçada pela vítima em momento posterior).
III - COM EMPREGO DE VENENO, FOGO, EXPLOSIVO, ASFIXIA, TORTURA OU OUTRO MEIO INSIDIOSO OU CRUEL, OU DE QUE POSSA RESULTAR PERIGO COMUM;
A exemplo do inciso I, o inciso III também traz a interpretação analógica.
Para que o homicídio seja qualificado pelo emprego de veneno é indispensável que a vítima desconheça a circunstância de estar sendo envenenada. CHAMADO DE MEIO INSIDIOSO. Neste caso o agente irá responder pelo homicídio causado com o uso de MEIO CRUEL, ou seja, o fato de obrigar a vítima a tomar o veneno o qualifica como meio cruel de execução.
	
MEIO INSIDIOSO
Marido que dá para mulher substância com veneno, e após ela ingerir oferece o antídoto para ela. Não será um arrependimento eficaz, pois ele teria que desistir antes dela tomar o veneno.
EMPREGO DE FOGO OU EXPLOSIVO:
Também é qualificado, pois se trata de meio extremamente cruel de execução podendo colocar inclusive em risco um número indeterminado de pessoas. 
EMPREGO DE ASFIXIA:
É o impedimento, por qualquer meio, da passagem do ar pelas vias respiratórias ou pulmões da pessoa, acarretando a falta de oxigênio no sangue, podendo, dependendo do tempo de suspensão da respiração, causar a morte. Meio mecânico: Enforcamento, afogamento, estrangulamento, esganadura ou sufocação.	Meio tóxico: produzido por gazes deletérios. 
TORTURA:
HOMICÍDIO QUALIFICADO PELA TORTURA ≠ TORTURA SEGUIDA PELA MORTE
	No homicídio qualificado pela tortura, o sujeito age com animus necandi, com vontade de matar. A tortura é um MEIO PARA COMETER O HOMICÍDIO.
	Na tortura qualificada pela morte, o dolo é de tortura, mas acaba por causar morte
Crime preterdoloso. Para Bittencourt é qualificado pelo resultado.
A vontade não é matar, mas sim torturar. 
	
	Lei 9455/97, artigo 1º § 3º.
Art. 1º Constitui crime de tortura:
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos
É POSSÍVEL TORTURA SEGUIDA DE HOMICÍDIO?
Sim porque você tortura, você pretende uma confissão, depois de obtida a confissão, elimina-se o réu. Responderá por TORTURA EM CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO COM HOMICÍDIO qualificado para facilitar a ocultação de outro crime.
IV - À TRAIÇÃO, DE EMBOSCADA, OU MEDIANTE DISSIMULAÇÃO OU OUTRO RECURSO QUE DIFICULTE OU TORNE IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO;
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA. 
PREMEDITAÇÃO QUALIFICA O CRIME DE HOMICÍDIO?
 Não, ela por si só não qualifica.
MATAR UMA PESSOA IDOSA JÁ SERVE PARA QUALIFICAÇÃO DO HOMICÍDIO POR CAUSA DE UM RECURSO QUE TORNOU IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO? 
 NÃO. A idade da vítima, tenra ou avançada, por si só não qualifica o crime, pois não é recurso procurado ou utilizado pelo agente, mas sim uma característica inerente à vítima. 
	TRAIÇÃO
	EMBOSCADA
	DISSIMULAÇÃO
	Ataque desleal, repentino e inesperado.
	Pressupõe ocultamento do agente, que ataca a vítima com surpresa.
	Fingimento, ocultando o agente a sua intenção hostil, apanhando a vítima desatenta e indefesa. 
HOMICÍDIO QUALIFICADO PELA CONEXÃO
V - PARA ASSEGURAR A EXECUÇÃO, A OCULTAÇÃO, A IMPUNIDADE OU VANTAGEM DE OUTRO CRIME
Mata-se pensando em outro crime, neste caso TEREMOS A CONEXÃO.
CONEXÃO TELEOLÓGICA Agente mata para assegurar a execução de crime futuro
Ex. Matar segurança de uma pessoa para estuprá-la. 
PARA INCIDÊNCIA DA CONEXÃO TELEOLÓGICA, INCLUSIVE, O CRIME FUTURO QUE FOMENTOU O HOMICÍDIO NÃO TEM QUE ACONTECER.
CONEXÃO CONSEQUENCIAL Mata para assegurar vantagem impunidade ou ocultação de crime passado.
CONEXÃO OCASIONAL QUALIFICA O CRIME DE HOMICÍDIO?
Conexão ocasional não é matar para assegurar crime, é matar por ocasião de um crime. 
CONEXÃO OCASIONAL Não há vínculo finalístico entre o crime e o homicídio. NÃO QUALIFICA O HOMICÍDIO.
PARA QUALIFICAR POR UMA DAS CONEXÕES ACEITAS, O CRIME FUTURO OU PRETÉRITO NÃO TEM QUE SER OU TER SIDO PRATICADO PELO HOMICIDA, podendo ter autoria de pessoa diversa.
MATAR PARA ASSEGURAR A VANTAGEM DE CONTRAVENÇÃO PENAL INCIDE A QUALIFICADORA?
 NÃO INCIDE ESTA QUALIFICADORA, mas pode incidir o motivo fútil ou torpe.
É POSSÍVEL O HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO?
TECNICAMENTE É INCORRETO DIZER QUE ELE É DUPLAMENTE QUALIFICADO, pois ele será qualificado por um dos motivos e as demais circunstâncias serão consideradas: (2 correntes) Ccmo circunstâncias judiciais ou como agravantes.
Exemplo: Matar por motivo torpe, meio cruel e a traição. à art. 121 § 2º I, II, IV.
O INCISO I SERVIRÁ DE QUALIFICADORA E a pena JÁ IRÁ VARIAR DE 12 A 30 ANOS, JÁ OS DOIS OUTROS INCISOS DEVEM SERVIR PARA QUE?
	1ª Corrente: Servem de circunstâncias judiciais desfavoráveis para incidência no patamar de 12 a 30 anos, PENA BASE. 
	2ª Corrente: 
Devem figurar como agravantes, pois todas estão previstas no artigo 61 do CP.
	STF: Apesar da disputa doutrinária e jurisprudencial, VEM ADOTANDO ESTA CORRENTE.
	
É POSSÍVEL A EXISTÊNCIA DE UM HOMICÍDIO PRIVILEGIADO E QUALIFICADO?
 SIM é perfeitamente possível a existência de um homicídio qualificado privilegiado, desde que a qualificadora tenha natureza objetiva e não haja incompatibilidade entre as circunstâncias (STF). Busato entende que a questão da comunhão entre privilégio e qualificadora seja resolvida topicamente (p.ex., mandantede homicídio que atua por relevante valor moral ou social).
O homicídio qualificado privilegiado não é considerado crime hediondo. Doutrina majoritária. O privilégio acaba por considerar o motivo da realização do crime como nobre o que incompatibiliza com a característica do crime hediondo.
QUANDO HOUVER INCOMPATIBILIDADE ENTRE QUALIFICADORA E PRIVILÉGIO QUAL DEVERÁ PREVALECER? Prevalece o privilégio, porque uma vez reconhecido o privilégio, perde-se a razão das qualificadoras subjetivas. É POR ORDEM DE VOTAÇÃO - Primeiro se vota a tese da defesa e depois a da acusação.
§ 6º - A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)
O §6º, por sua vez, é uma novidade trazida recentemente pela Lei 12.720/12.A pena do homicídio doloso é majorada de 1/3 até a metade se o crime for praticado por MILÍCIA PRIVADA ou por GRUPO DE EXTERMÍNIO.
Antes da Lei 12.720/12, o fato de o homicídio ser praticado em atividade típica de grupo de extermínio (não falava em milícias) servia “somente” para agravar a pena-base (circunstância considerada pelo juiz) e para etiquetá-lo, quando simples, como hediondo, sofrendo os consectários da Lei nº 8.072/90. Tal circunstância, portanto, escapava da apreciação dos jurados. Agora, com o advento da Lei 12.720/10, a circunstância de o crime ter sido (ou não) praticado em atividade típica de grupo de extermínio (ou milícia privada) passou a ser majorante de pena (causa de aumento) e, como tal, dependerá de reconhecimento por parte dos juízes leigos (jurados). Deve ser observado, porém, que a Lei 8.072/90 não foi alterada, não abrangendo no rol dos crimes hediondos o homicídio (simples) praticado por milícia privada.
FEMINICÍDIO
O feminicídio consiste em inovação trazida pelo legislador por meio da Lei 13.104/2015.
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
(...)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - violência doméstica e familiar;      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
O grande destaque dessa figura típica está no fato de o crime ser cometido por razões de ser a vítima do sexo feminino.
É importante diferenciar o femicídio do feminicídio. Genericamente, o agente que mata uma mulher pratica o crime de homicídio. O femicídio consiste em matar uma mulher. O feminicídio, que foi objeto da alteração legislativa (Lei 13.104/2015), consiste em matar uma mulher por razões de condição de sexo feminino, ou seja, o crime foi motivado pelo fato de ser a vítima uma mulher.
O elemento subjetivo do tipo está para além do dolo. Este ainda é o animus mecandi, mas o fim de agir consiste nas razões de ser a vítima do sexo feminino.
Segundo Gabriel Habib, o inciso VI é desnecessário, pois o fato de matar uma mulher por razões de condição de sexo feminino é um homicídio por motivo torpe, portanto, era desnecessário se preocupar com inovação legal no tema.
A Lei 13.104/2015 pode ser considerada uma lei “reativa”, pois consiste numa reação do legislador a um problema recorrente, tendo ela a finalidade de afastar eventuais problemas, tida como uma solução a determinados problemas sociais.
O § 2º-A traz uma norma penal explicativa.
A redação do inciso I do § 2º-A foi inadequada, sendo necessário realizar uma interpretação teleológica para se verificar que a “violência doméstica e familiar” prevista no inciso deve ser aquela direcionada à mulher.
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 até ½ durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto. No que tange a este último prazo, não há uma finalidade dogmática na fixação do prazo, tendo o legislador se valido de prazo considerando o prazo de influência do estado puerperal.
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Acerca da dosimetria da pena, no inciso I do § 7º não incidirão as agravantes do art. 61, II, “f” e “h”, do CP, sob pena de incorrer em bis in idem.
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
No inciso II do § 7º não incidirão as agravantes do art. 61, II, “h”, do CP, sob pena de incidência em bis in idem, bem como a majorante do § 4º, segunda parte (Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)).
Como o legislador não fez qualquer distinção, a parte final do inciso II do § 7º abrange qualquer deficiência, física ou mental. Os conceitos de deficiência devem ser buscados na Lei7.859/89, que regulou os crimes praticados contra deficientes físicos.
O crime de feminicídio abrange o transexual?
Essa questão já vinha sendo discutida no que se refere ao estupro. A norma incriminadora do feminicídio é uma norma restritiva, logo, devemos dar a ela uma interpretação restritiva, de modo que não se deve inserir o transexual na esfera de proteção do feminicídio, pois o transexual, em geral, não é morto por estar na condição de mulher, mas pela opção de mudar da condição de homem para a de mulher.
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Na presença de ascendente ou descendente, entenda-se presença física. Entretanto, considerando que o legislador permite até o interrogatório por meio virtual, é um ponto a se observar a possibilidade de a presença prevista no inciso III ser também virtual.
Essa lei do feminicídio também gera a discussão acerca da possibilidade de o homicídio ser a um só tempo qualificado/privilegiado, tendo a maioria da doutrina se posicionado, regra geral, pela possibilidade de tal configuração se as qualificadoras forem de natureza objetiva. A qualificadora do inciso VI do § 2º do art. 121 do CP tem natureza subjetiva, portanto, sendo de cunho subjetivo, será incompatível com o privilégio.
Atenção ao princípio da irretroatividade de lei penal mais severa. Embora a lei do feminicídio traga mais do mesmo, pois a hipótese nela prevista já era abrangida pelo homicídio por motivo torpe, as causas de aumento nela previstas no § 7º, por serem mais severas não retroagirão.
O homicídio cometido contra integrantes dos órgãos de segurança pública (ou contra seus familiares) passa a ser considerado como homicídio qualificado, se o delito tiver relação com a função exercida
A Lei n. 13.142/2015 acrescentou o inciso VII ao § 2º do art. 121 do CP prevendo o seguinte:
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
(...)
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
(...)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Requisito 1: Vítima do Crime
Autoridades ou agentes do art. 142 da CF/88
O art. 142 da CF/88 trata sobre as Forças Armadas (Marinha, Exército ou Aeronáutica).
Autoridades ou agentes do art. 144 da CF/88
O art. 144, por sua vez, elenca os órgãos que exercem atividades de segurança pública. O caput desse dispositivo tem a seguinte redação:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidadedas pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
Situação dos guardas municipais
Como se vê pela redação do caput do art. 144 da CF/88, não há menção às guardas municipais. Diante disso, indaga-se: o homicídio praticado contra um guarda municipal no exercício de suas funções pode ser considerado qualificado, nos termos do inciso VII do § 2º do art. 121 do CP? Essa nova qualificadora aplica-se também para os guardas municipais?
SIM. A qualificadora do inciso VII do § 2º do art. 121 do CP aplica-se em situações envolvendo guardas municipais. Chega-se a essa conclusão tanto a partir de uma interpretação literal como teleológica.
O inciso VII fala em “autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal”.
Repare que o legislador não restringiu a aplicação da qualificadora ao caput do art. 144 da CF/88.
As guardas municipais estão descritas no art. 144, não em seu caput, mas sim no § 8º, que tem a seguinte redação:
Art. 144 (...) § 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
Desse modo, a interpretação literal do inciso VII do § 2º do art. 121 do CP não exclui a sua incidência no caso de guardas municipais. Vale aqui aplicar o vetusto brocardo jurídico “ubi lex non distinguir nec nos distinguere debemus”, ou seja, “onde a lei não distingue, não pode o intérprete distinguir”.
Ressalte-se que não se trata de interpretação extensiva ou ampliativa contra o réu. A lei fala no art. 144 da CF/88, sem qualquer restrição ou condicionante. O art. 144 é composto não apenas pelo caput, mas também por parágrafos. Ao se analisar todo o artigo para cumprir a remissão feita pela lei (e não apenas ocaput) não se está ampliando nada, mas apenas dando estreita obediência à vontade do legislador.
Além disso, há razões de natureza teleológica que justificam essa interpretação.
O objetivo do legislador foi o de proteger os servidores públicos que desempenham atividades de segurança pública e que, por estarem nessa condição, encontram-se mais expostos a riscos do que as demais pessoas. Os guardas municipais, por força de lei que deu concretude ao § 8º do art. 144 da CF/88, estão também incumbidos de inúmeras atividades relacionadas com a segurança pública. Refiro-me à Lei n.° 13.022/2014 (Estatuto das Guardas Municipais), que prevê, dentre as competências dos guardas municipais, a sua atuação em prol da segurança pública das cidades (arts. 3º e 4º da Lei).
Vale ressaltar que essa também é a posição de Rogério Sanches em excelente artigo sobre o tema, cuja leitura recomendo: NOVA LEI 13.142/15: Breves comentários. Disponível em: http://www.portalcarreirajuridica.com.br/noticias/nova-lei-13-142-15-breves-comentarios-por-rogerio-sanches-cunha
Agentes de segurança viária
O mesmo raciocínio acima penso que pode ser aplicado para os agentes de segurança viária, disciplinados no § 10 do art. 144 da CF/88:
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas:
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei.
Servidores aposentados
Não estão abrangidos pelo inciso VII do § 2º do art. 121 do CP os servidores aposentados dos órgãos de segurança pública, considerando que, para haver essa inclusão, o legislador teria que ter sido expresso já que, em regra, com a aposentadoria o ocupante do cargo deixa de ser autoridade, agente ou integrante do órgão público.
Familiares das autoridades, agentes e integrantes dos órgãos de segurança pública
Também será qualificado o homicídio praticado contra cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau das autoridades, agentes e integrantes dos órgãos de segurança pública.
Quando se fala em cônjuge ou companheiro, isso inclui, tanto relacionamentos heteroafetivos como homoafetivos. Assim, matar um companheiro homoafetivo do policial, em retaliação por sua atuação funcional, é homicídio qualificado, nos termos do art. 121, § 2º, VII, do CP.
A expressão “parentes consanguíneos até 3º grau” abrange:
• Ascendentes (pais, avós, bisavós);
• Descendentes (filhos, netos, bisnetos);
• Colaterais até o 3º grau (irmãos, tios e sobrinhos).
O filho adotivo está abrangido na proteção conferida por este inciso VII? Se um filho adotivo do policial é morto como retaliação por sua atuação funcional haverá homicídio qualificado com base no art. 121, § 2º, VII, do CP?
O tema certamente suscitará polêmica na doutrina e jurisprudência, mas penso que não.
Existem três espécies de parentesco no Direito Civil:
a) parentesco consanguíneo ou natural (decorrente do vínculo biológico);
b) parentesco por afinidade (decorrente do casamento ou da união estável);
c) parentesco civil (decorrente de uma outra origem que não seja biológica nem por afinidade).
De acordo com essa classificação, a adoção gera uma espécie de parentesco civil entre adotando e adotado. O filho adotivo possui parentesco civil com seu pai adotivo.
O legislador, ao prever o novel inciso VII cometeu um grave equívoco ao restringir a proteção do dispositivo às vítimas que sejam parentes consanguíneas da autoridade ou agente de segurança pública, falhando, principalmente, por deixar de fora o parentesco civil.
Tivesse o legislador utilizado apenas a expressão “parente”, sem qualquer outra designação, poderíamos incluir todas as modalidades de parentesco. Ocorre que ele, abraçando a classificação acima explicada, escolheu proteger apenas os parentes consanguíneos.
É certo que a CF/88 equipara os filhos adotivos aos filhos consanguíneos, afirmando que não poderá haver tratamento discriminatório entre eles. Isso está expresso no § 6º do art. 227:
§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
Desse modo, a restrição imposta pelo inciso VII é manifestamente inconstitucional. No entanto, mesmo sendo inconstitucional, não é possível “corrigi-la” acrescentando, por via de interpretação, maior punição para homicídios cometidos contra filhos adotivos. Se isso fosse feito, haveria analogia in malam partem, o que é inadmissível no Direito Penal.
Parentes por afinidade também estão fora
Não estão abrangidos os parentes por afinidade, ou seja, aqueles que a pessoa adquire em decorrência do casamento ou união estável, como cunhados, sogros, genros, noras etc. Assim, se o traficante mata a sogra do Delegado que o investigou não cometerá o homicídio qualificado do art. 121, § 2º, VII, do CP. A depender do caso concreto, poderá ser enquadrado como motivo torpe (art. 121, § 2º, I, do CP).
Resumindo as vítimas que estão abrangidas pela nova qualificadora
O homicídio será QUALIFICADO se for cometido contra as seguintes vítimas:
AUTORIDADE, AGENTE OU INTEGRANTE da(o) (s):
• Forças Armadas (Marinha, Exército ou Aeronáutica);
• Polícia Federal;
• Polícia Rodoviária Federal;
• Polícia Ferroviária Federal;
• Polícias Civis;
• Polícias Militares;
• Corpos de Bombeiros Militares;
•Guardas Municipais*;
• Agentes de segurança viária*;
• Sistema Prisional (agentes, diretores de presídio, carcereiro etc.);
• Força Nacional de Segurança Pública.
OU
CÔNJUGE, COMPANHEIRO ou PARENTE consanguíneo até 3º grau de algumas das pessoas acima listadas.
Requisito 2: Relação bom a Função
Não basta que o crime tenha sido cometido contra as pessoas acima listadas. É indispensável que o homicídioesteja relacionado com a função pública desempenhada pelo integrante do órgão de segurança pública.
Assim, três situações justificam a incidência da qualificadora:
• O indivíduo foi vítima do homicídio no exercício da função.
Ex: PM que, ao fazer a ronda no bairro, é executado por um bandido.
• O indivíduo foi vítima do homicídio em decorrência de sua função.
Ex: Delegado de Polícia é morto pelo bandido como vingança por ter prendido a quadrilha que ele chefiava.
• O familiar da autoridade ou agente foi vítima do homicídio em razão dessa condição de familiar de integrante de um órgão de segurança pública.
Ex.: filho de Delegado de Polícia Federal é morto por organização criminosa como retaliação por ter conduzido operação policial que apreendeu enorme quantidade de droga.
De outro lado, não haverá a qualificadora do inciso VII do § 2º do art. 121 do CP se o crime foi praticado contra um agente de segurança pública (ou contra seus familiares), mas este homicídio não tiver qualquer relação com sua função.
Ex.: policial civil, em seu período de folga, está em uma boate e paquera determinada moça que ele não viu estar acompanhada. O namorado da garota, com ciúmes, saca uma arma e dispara tiro contra o policial. Não haverá a qualificadora do inciso VII, mas o crime, a depender do conjunto probatório, poderá ser qualificado com base no motivo fútil (inciso II).
Em suma, a novel qualificadora não protege a pessoa do militar, do policial, do delegado etc. A nova qualificadora tutela a FUNÇÃO desempenhada por esses indivíduos. Esse é o bem jurídico protegido.
Outras observações
Tentado ou consumado
Incidirá a qualificadora tanto nos casos de homicídio tentado, como consumado.
Elemento subjetivo
É indispensável que o homicida saiba (tenha consciência) da função pública desempenhada e queira cometer o crime contra o agente que está em seu exercício ou em razão dela ou ainda que queira praticar o delito contra o seu familiar em decorrência dessa atividade.
Ex: João, membro de uma organização criminosa, está “jurado de morte” pela organização criminosa rival e, por isso, anda sempre armado e atento. João não sabia que estava sendo investigado pela Polícia Federal, inclusive sendo acompanhado por dois agentes da PF à paisana. Determinado dia, ao perceber que estava sendo seguido, João, pensando se tratar dos membros da organização rival, mata os dois policiais. Não incidirá a qualificadora do inciso VII do § 2º do art. 121 do CP porque ele não tinha dolo de matar especificamente os policiais no exercício de suas funções. A depender do conjunto probatório, João poderá, em tese, responder por homicídio qualificado com base no motivo torpe (inciso I), desde que não fique caracterizada a legítima defesa putativa.
Natureza da qualificadora
A qualificadora do inciso VII é de natureza subjetiva, ou seja, está relacionada com a esfera interna do agente (ele mata a vítima no exercício da função, em decorrência dela ou em razão da condição de familiar do agente de segurança pública).
Ademais, não se trata de qualificadora objetiva porque nada tem a ver com o meio ou modo de execução.
Por ser qualificadora subjetiva, em caso de concurso de pessoas, essa qualificadora não se comunica aos demais coautores ou partícipes, salvo se eles também tiverem a mesma motivação. Ex: João, por vingança, deseja matar o Delegado que lhe investigou e, para tanto, contrata o pistoleiro profissional Pedro, que não se importa com os motivos do mandante, já que seu intuito é apenas lucrar com a execução; João responderá por homicídio qualificado do art. 121, § 2º, VII e Pedro por homicídio qualificado mediante paga (art. 121, § 2º, I); a qualificadora do inciso VII não se estende ao executor, por força do art. 30 do CP:
Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
Impossibilidade de a qualificadora do inciso VII ser conjugada com o privilégio do § 1º :
O § 1º do art. 121 do CP prevê a figura do homicídio privilegiado nos seguintes termos:
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
A jurisprudência até admite a existência de homicídio privilegiado-qualificado. No entanto, para isso, é necessário que a qualificadora seja de natureza objetiva. No caso do novo inciso VII a qualificadora é subjetiva. Logo, não é possível que seja conjugada com o § 1º.
Quadro-resumo:
NOVA QUALIFICADORA DO HOMICÍDIO
	
O homicídio será QUALIFICADO
se tiver sido cometido contra...
	Requisito 1:
Condição da vítima
	Requisito 2:
Relação com a função
	
	1) autoridade, agente ou integrante da(o)(s):
• Forças Armadas;
• Polícia Federal;
• Polícia Rodoviária Federal;
• Polícia Ferroviária Federal;
• Polícias Civis;
• Polícias Militares;
• Corpos de Bombeiros Militares;
• Guardas Municipais*;
• Agentes de segurança viária*;
• Sistema Prisional
• Força Nacional de Segurança Pública.
	...desde que o homicídio tenha sido praticado no exercício das funções ao lado listadas ou em decorrência dela.
	
	2) cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau de algumas das pessoas acima listadas.
	
HOMICÍDIO CULPOSO
§ 3º SE O HOMICÍDIO É CULPOSO:
Pena - detenção, de um a três anos.
Admite suspensão condicional do processo.
	
CONCEITO: Ocorre o homicídio culposo quando o agente, com manifesta imprudência, negligência ou imperícia, deixa de empregar a atenção ou diligência de que era capaz, provocando com sua conduta, o resultado lesivo morte previsto (culpa consciente) ou previsível (inconsciente), porém jamais aceito ou querido.
	IMPRUDÊNCIA
	NEGLIGÊNCIA
	IMPERÍCIA
	É a precipitação, afoiteza, agindo o agente sem os cuidados que o caso requer.
	É a ausência de precaução. A negligência é negativa, omissão. 
	É a falta de aptidão técnica para o exercício de arte ou profissão.
	AFOITEZA / PRECIPITAÇÃO Conduta positiva praticada pelo agente que, por não observar o seu dever de cuidado, causa resultado lesivo que era previsível. 
	Falta de precaução.É um deixar de fazer aquilo que a diligência normal impunha. 
	Falta de aptidão técnica p/ o exercício de arte ofício ou profissão. Ligada a aptidão profissional do agente. É o caso do agente que em um determinado momento apesar de ser capacitado para tal ato age em desacordo com o “natural” e causa o dano.
Tipo aberto.
A ESFERA DA CULPA inclui a imperícia, a negligência e a imprudência, mas deve o julgador verificar também a CONDUTA do agente que produziu o resultado.
NÃO RESPONDE PELA TENTATIVA CULPOSA.
PREVISIBILIDADE CONDICIONADA AO DEVER DE CUIDADO. QUEM NÃO PODE PREVER NÃO TEM A SEU CARGO O DEVER DE CUIDADO.
	PREVISIBILIDADE OBJETIVA: É a substituição do agente por um homem médio para procurar saber se com a substituição o resultado não ocorresse saberia que o resultado é previsível. 
Se mesmo assim o fato continua ocorrendo, conclui-se que o caso extrapola as condições normais e não lhe pode ser atribuído.
	PREVISIBILIDADE SUBJETIVA: Analisam-se as limitações e as experiências daquela pessoa cuja previsibilidade está se aferindo em caso concreto.
CARACTERÍSTICA FUNDAMENTAL DO DELITO CULPOSO:
AFERIÇÃO DA PREVISIBILIDADE DO AGENTE: Se o fato escapar totalmente à sua previsibilidade, o resultado não lhe pode ser atribuído, mas sim ao caso fortuito ou a força maior. 
EXISTE COMPENSAÇÃO DE CULPAS NO DIREITO PENAL? Não. Mas a culpa concorrente da vítima pode atenuar a responsabilidade do agente.
CÓDIGO DE TRÂNSITO – TRATAMENTO DIFERENCIADO
Não admite suspensão condicional do processo.
O TRATAMENTO DIFERENCIADO PARA CRIME CULPOSO NÃO VIOLARIA A PROPORCIONALIDADE E A ISONOMIA?
COMO SERIA POSSÍVEL QUE O MESMO CRIME (DESVALOR DO RESULTADO SER O MESMO) POSSUA PENAS DIFERENTES? 
Se for analisada a questão somente sob a ótica do desvalor do resultadoseria inconstitucional, pois o desvalor do resultado é o mesmo.
CONSTITUCIONALIDADE: É analisada sobre o desvalor da conduta. Porque o desvalor da conduta é mais grave no trânsito, a conduta no trânsito negligente gera muito mais perigo do que a conduta fora do trânsito. 
PODERIA O JUIZ APLICANDO A PROPORCIONALIDADE APLICAR A PENA DO CP AO HOMICÍDIO CULPOSO PRATICADO NA CONDUÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR? 
OBS: SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO .
STJ e STF não admitem que o poder judiciário a título de princípio da isonomia aplique pena distinta daquela cominada na lei, pois estaria ocorrendo uma invasão de poderes.
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA.
	§ 4o. No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante...
	...sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
	Homicídio culposo
	Homicídio doloso
MAJORANTES PARA O HOMICÍDIO CULPOSO
	INOBSERVÂNCIA DE REGRA TÉCNICA PARA O EXERCÍCIO DE PROFISSÃO ARTE OU OFÍCIO.
O AGENTE TEM O CONHECIMENTO. MAS NÃO O OBSERVA NO CASO CONCRETO.
≠ imperícia - não domina as técnicas para o exercício de profissão, arte ou ofício
	Ex. Médico que tem o conhecimento, mas não observa as normas técnicas.
	SOMENTE PROFISSIONAL
DEIXAR DE PRESTAR SOCORRO:
Quando é possível fazer.
Não incide o artigo 135 do CP (crime autônomo) evitando-se o bis in idem. 
QUANDO NÃO SERÁ APLICADA ESTA CAUSA DE AUMENTO DE PENA? 
1º Morte instantânea da vítima
2ª Quando o agente não tem condições de prestar o socorro mediato ou imediato.
Medo de represálias;
3º Socorro prestado por 3ºs, pois seria incabível condenar o médico que não presta socorro, se o socorro já foi prestado por uma 3ª pessoa que estava mais apta a ajudar e com maiores recursos.
NÃO EXCLUI A MAJORANTE O AGENTE QUE ACHA QUE O SOCORRO DELE É INÚTIL. STF: Ao paciente não cabe proceder à avaliação quanto à eventual ausência de utilidade de socorro. 
NÃO DIMINUIU AS CONSEQÜÊNCIAS DOS SEUS ATOS
FUGIR PARA EVITAR O FLAGRANTE 
O agente demonstra insensibilidade moral, ausência de escrúpulo bem como prejudica a investigação. (maioria da doutrina não enxerga nenhuma inconstitucionalidade). CRITICA: Sanches - ofende o direito de não produzir prova contra si mesmo. 
MAJORANTES DO HOMICÍDIO DOLOSO
CRIME PRATICADO CONTRA A PESSOA:
Pessoa menor de 14 anos
Pessoa maior de 60 anos.
INDISPENSÁVEL QUE A IDADE DO OFENDIDO INGRESSE NA ESFERA DE CONHECIMENTO DO AGENTE, SOB PENA DE RESPONSABILIZÁ-LO OBJETIVAMENTE. 
PERDÃO JUDICIAL
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
PERDÃO JUDICIAL NÃO SE APLICA A NENHUMA MODALIDADE DE HOMICÍDIO DOLOSO. 
PERDÃO JUDICIAL: É o instituto pelo qual o juiz, não obstante a prática de um fato típico e antijurídico por um sujeito comprovadamente culpado, deixa de aplicar, nas hipóteses taxativamente previstas em lei o preceito sancionador cabível, levando-se em consideração determinadas circunstâncias que concorram para o evento.
Hipótese de falta do interesse estatal de punir. 
	PERDÃO JUDICIAL
	PERDÃO DO OFENDIDO
	NATUREZA JURÍDICA: Causa extintiva da punibilidade, 
Unilateral.
O PERDÃO JUDICIAL SÓ PODE SER CONCEDIDO AO TÉRMINO DO PROCESSO, PELO MAGISTRADO.
APÓS O RECONHECIMENTO DO HOMICÍDIO CULPOSO (posição que prevalece).
	Natureza jurídica: é causa extintiva de punibilidade. 
Bilateral 
Quem é que concede o perdão? É o ofendido, (querelante - ação penal privada).
NO CURSO DA AÇÃO PENAL PRIVADA. DEPENDE DE ACEITAÇÃO.
QUAL O MOMENTO DA CONCESSÃO DO PERDÃO JUDICIAL?
O perdão judicial extingue a punibilidade, sendo assim a maioria da doutrina entende que o perdão judicial somente pode ser concedido ao final do processo, na sentença. Ou seja, antes de se declarar o perdão judicial é necessário declarar que o agente praticou um ilícito culpável (Posição Tradicional)
NATUREZA JURÍDICA DA SENTENÇA DE CONCESSÃO PERDÃO JUDICIAL
	1ª CORRENTE: condenatória. 
Interrompe a prescrição. 
Serve como título executivo judicial 
Pressupõe o devido processo legal, não cabe na fase de inquérito policial.
	2ª CORRENTE: declaratória extintiva da punibilidade. (STJ)
Não interrompe a prescrição. 
Não serve como título executivo judicial 
Cabe na fase de inquérito policial.
	
	CRÍTICA AO 3º REQUISITO
Por um sujeito comprovadamente culpado
PERDÃO JUDICIAL - É RECONHECIMENTO DE CULPA
INDISPENSÁVEL DEVIDO PROCESSO LEGAL 
CPP Art. 397.  Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verifica: IV - extinta a punibilidade do agente.
ATENÇÃO: PERDÃO JUDICIAL NÃO CABE NO CASO DE ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA PORQUE, EM VEZ DE RECONHECER A ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA, ESTAR-SE-IA RECONHECENDO CULPA SUMARIAMENTE.
CRÍTICA: A súmula 18 STJ estaria errada, o CP teria adotado a 1ª corrente, no Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial, (apesar de condenatória), não será considerada para efeitos de reincidência. Este artigo somente tem razão de existir se a sentença é condenatória, se ela é declaratória extintiva não teria razão de ser deste artigo 120.
CABE PERDÃO JUDICIAL NO HOMICÍDIO CULPOSO EM ACIDENTE DE TRÂNSITO?
 Somente é cabível quando há expressa previsão legal. Obs: Perdão judicial nos crimes de trânsito – estava previsto no art. 300, que foi vetado pelo Presidente da República levando a discussão sobre continuar ou não cabendo o perdão judicial nos delitos culposos de trânsito. As razões do veto fazem com que se entenda pela aplicação do perdão judicial. RESUMO: É ADMITIDO PERDÃO JUDICIAL NO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
EUTANÁSIA, DISTANÁSIA E ORTOTANÁSIA
	EUTANÁSIA
	DISTANÁSIA
	ORTOTANÁSIA
	Homicídio piedoso, no qual o agente antecipa a morte da vítima, acometida de uma doença incurável, com a finalidade, quase sempre, de se abreviar-lhe algum tipo de sofrimento.
	Conhecida, também, como Obstinação terapêutica, prolongando, com sofrimento, a vida dos pacientes, que são mantidos vivos por meio de aparelhos, sem qualquer chance de sobrevivência caso os aparelhos sejam desligados.
	Suspensão de medicamentos ou meios artificiais de vida de um paciente em coma irreversível e considerado em “morte encefálica”.
	Geralmente é praticada a pedido ou com consentimento da própria vítima.
	Nesta conduta não se prolonga a vida propriamente dita, mas o processo de morte.
	
Participação em Suicídio
ART. 122 - INDUZIR OU INSTIGAR ALGUÉM A SUICIDAR-SE OU PRESTAR-LHE AUXÍLIO PARA QUE O FAÇA:
PENA - RECLUSÃO, DE DOIS A SEIS ANOS, SE O SUICÍDIO SE CONSUMA; OU RECLUSÃO, DE UM A TRÊS ANOS, SE DA TENTATIVA DE SUICÍDIO RESULTA LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE.
SUICÍDIO: É eliminação VOLUNTÁRIA e DIRETA da própria vida. O crime é instigar, induzir ou prestar auxílio. Hungria noticia que nas ordenações de São Luís, fazia-se processo ao cadáver do suicida, resultando no confisco dos bens do morto. No entanto, sob a perspectiva da moderna política criminal, seria inútil, do ponto de vista preventivo, a ameaça contra quem já não sente sequer o instintivo medo da morte. 
SUJEITO ATIVO: Crime comum. SE O AGENTE (quem induz, auxilia e instiga,) PRATICAR ATOS EXECUTÓRIOSRESPONDE POR HOMICÍDIO.
PERGUNTA PRÁTICA:
“A” induz “B” a auxiliar“C” a se matar. C morre. 
QUE CRIME PRATICOU A? “A” PRATICOU PARTICIPAÇÃO NO 122 - SIM É PERFEITAMENTE POSSÍVEL A PARTICIPAÇÃO.
SUJEITO PASSIVO:
Qualquer PESSOA CAPAZ pode ser vítima.
ATENÇÃO: Vítima, com capacidade de discernimento de autodeterminação. Caso não tenha estaremos diante de um homicídio; DEVE SER DETERMINADO
QUAL CRIME PRATICAQUEM INDUZ VÍTIMA INDETERMINADA A SUICIDAR-SE?
É FATO ATÍPICO. 
CONDUTAS: 
3 Núcleos
	INDUZ
Criar uma ideia até então inexistente.
	INSTIGA
Reforçar a ideia existente
PARTICIPAÇÃO MORAL
	AUXÍLIO:
Prestar assistência material. Não pode haver intervenção em atos executórios (matar), pois neste caso seria 121.
CRIME PLURINUCLEAR OU DE AÇÃO MÚLTIPLA
Se praticado mais de um núcleo dentro do mesmo contexto fático o crime continua sendo único. O juiz é que vai considerar a pluralidade de núcleos na fixação da pena base. 
A CONDUTA DO AGENTE DEVE DE ALGUMA MANEIRA EXERCER INFLUÊNCIA NA VONTADE DA VÍTIMA. 
EXISTE AUXÍLIO POR OMISSÃO? A única possibilidade de omissão cabível seria a de natureza imprópria, (comissiva-omissiva) – DEVER JURÍDICO DE AGIR.
Relação de direito que crie a custódia e assistência em face do suicida, tinha o dever jurídico de impedi-lo. Garantidor que poderia agir para evitar o resultado. 
ATENÇÃO: COAÇÃO EXERCIDA PARA EVITAR UM SUICÍDIO NÃO É CRIME DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL.
NÃO EXISTE A MODALIDADE CULPOSA.
TIPO SUBJETIVO
SOMENTE A TÍTULO DE DOLO DIRETO OU EVENTUAL. 
CONSUMAÇÃO:
	DOUTRINA CLÁSSICA
Nelson Hungria
	DOUTRINA MODERNA
Mirabete 
PREVALECE
	BITENCOURT
	INDUZIMENTO / INSTIGAÇÃO / AUXILIO 
CONSUMA-SE
	INDUZIR / INSTIGAR /AUXILIA 
É EXECUÇÃO DO CRIME
	INDUZIR / INSTIGAR /AUXILIA 
É EXECUÇÃO DO CRIME
	PUNIBILIDADE 
Condicionada:
Morte: 2 a 6 anos
Lesão Grave: 1 a 3 anos 
Resultados Condicionam a Punibilidade
	CONSUMAÇÃO: 
RESULTADOS:
Morte: 2 a 6 anos
Lesão Grave: 1 a 3 anos
Resultado naturalístico necessário para a consumação.
	RESULTADOS:
Morte: 2 a 6 anos
CONSUMAÇÃO
Lesão Grave: 1 a 3 anos
TENTATIVA
	Induzimento à Morte. 
Art. 122 consumado + punível
	Induzimento à Morte. 
Art. 122 Consumado (2 a 6)
	Induzimento à Morte. 
Art. 122 Consumado (2 a 6)
	Induzimento à Lesão Grave
Art. 122 consumado + Punível 
	Induzimento à Lesão Grave
Art. 122 Consumado (1 a 3)
	Induzimento à Lesão Grave
ART. 122 TENTADO
TENTATIVA SUI GENERIS
	Induzimento: Não morre - não sofre lesão grave.
Art. 122 consumado (não punível)
	Induzimento - Não morre - não sofre lesão grave.
FATO ATÍPICO.
	Induzimento - Não morre - não sofre lesão grave.
FATO ATÍPICO.
	OBS: O CRIME NÃO ADMITE TENTATIVA.
	
	ELE ADMITE A TENTATIVA DO 122.
EQUÍVOCO:
SUICÍDIO NÃO É CRIME. 
Seria uma punição de tentativa de forma sui generes sem precisar do auxilio do artigo 14.
.. SE DA TENTATIVA DE SUICÍDIO RESULTA LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE...
	Tentativa é juridicamente impossível.
	
	
	CRITICA: Trata os resultados como condição objetiva de punibilidade. E a condição objetiva de punibilidade não fazem parte do dolo. 
Condição objetiva de punibilidade é exterior a vontade do agente, e neste caso o agente tem vontade destes resultados. 
	Não admite tentativa, é um exemplo de crime material plurissubsistente que não admite a tentativa.
	
PARÁGRAFO ÚNICO - A PENA É DUPLICADA:
I - SE O CRIME É PRATICADO POR MOTIVO EGOÍSTICO;
II - SE A VÍTIMA É MENOR OU TEM DIMINUÍDA, POR QUALQUER CAUSA, A CAPACIDADE DE RESISTÊNCIA.
O QUE É SER VÍTIMA MENOR?
DOUTRINA MENOR É AQUELE COM 18 ANOS INCOMPLETOS PARA BAIXO. 
Existe limite para o menor? 
O que é considerado menor para aumento de pena.
	Art. 122 AUMENTO DE PENA
	14 ANOS > x < 18 ANOS
	Pena dobrada.
	Art. 121 HOMICÍDIO
	< 14 anos (menor que 14)
Presunção da incapacidade de discernimento. (homicídio) 
	DOUTRINA MAJORITÁRIA
Infanticídio
Nada mais é do que uma modalidade especial de homicídio.
Art. 123 - Matar, SOB A INFLUÊNCIA DO ESTADO PUERPERAL, o PRÓPRIO FILHO, DURANTE O PARTO OU LOGO APÓS:
	ART. 121
	ART. 123
	HOMICÍDIO
	INFANTICÍDIO 
	Conduta: Matar Alguém
	Conduta: Matar Alguém 
	SUJEITO PASSIVO: COMUM
SUJEITO ATIVO: COMUM
MOMENTO: COMUM
CONDIÇÃO: COMUM
	SUJEITO PASSIVO: ESPECIAL 
SUJEITO ATIVO: ESPECIAL 
MOMENTO: ESPECIAL
CONDIÇÃO PSÍQUICA: ESPECIAL
	
	O artigo 123 possui elementares que acrescentadas ao matar alguém torna o 121 especial, transforma o 123 em um homicídio especializado.
	
	ESPECIALIZANTES
SUJEITO ATIVO:
CRIME PRÓPRIO: GESTANTE
Aponta Fragoso, que para o antigo Direito Romano, a morte do próprio filho, pela mãe, era tão grave quanto o parricídio, que era considerado o crime mais grave entre todos. Além disso, a legislação era tolerante para com a morte do recém nascido disforme ou monstruoso. O sujeito ativo do infanticídio é a PARTURIENTE SOB INFLUÊNCIA DO ESTADO PUERPERAL. Hoje, vale dizer, prevalece ser perfeitamente possível o concurso de agentes (coautoria e participação). Como admite coautoria, trata-se de um crime próprio (se fosse crime de mão própria, não admitiria coautoria), incidindo as regras da comunicabilidade do art. 30 do CP
QUAL É O CRIME?
	MÃE
	MÉDICO
	Art. 123 
	ART. 123 (partícipe)
PARTURIENTE E MÉDICO MATAM O NASCENTE OU NEONATO. CO-AUTORIA. 
 Se mata filho de outrem pensando ser seu, APLICA-SE ERRO QUANTO A PESSOA: RESPONDE COMO SE TIVESSE MATADO A PESSOA CERTA. (art. 20 §3º) 
INFLUÊNCIA DO ESTADO PUERPERAL
É um elemento cronológico.
É um elemento psicológico. 
	ESTADO PUERPERAL
	PUERPÉRIO
	É o desequilíbrio físico psíquico. É o estado que envolve a parturiente durante a expulsão da criança do ventre materno. Deixando-a sem condições plenas de entender o que está fazendo. 
É uma hipótese de semi-imputabilidade que foi tratada pelo legislador com a criação de um tipo penal especial.
	É o período que se estende do início do parto até a volta da mulher às condições pré-gravidez. 
ATENÇÃO: Dependendo do grau de desequilíbrio físico psíquico oriundo do parto, pode a gestante ser considerada portadora de doença ou perturbação da saúde mental, aplicando-se as disposições dos art. 26, caput, ou parágrafo único (inimputável) caso tenha ela, em razão da causa biológica, retirada total ou parcialmente a capacidade de entendimento ou de autodeterminação. Caso seja considerada inimputável, tem-se a chamada psicose puerperal. Hungria já intuía a necessidade a questão da necessidade de um mínimo de atividades funcionais para reconhecer a ofensa à vida. Assim, caso uma mãe atente contra a vida de uma criança anencéfala após o parto, sob a influência do estado puerperal, o caso deverá ser considerado atípico (Busato).
	 MATAR ALGUÉM
	 DURANTE OU LOGO APÓS
	ESTADO PUERPERAL
	Para que se configure o delito descrito no artigo 123, não basta que a mãe mate o nascente ou neonato, durante ou logo após o parto sob a influência do estado puerperal,sendo IMPRESCINDÍVEL que haja uma relação de causa e efeito entre tal estado e o crime. Previsto na exposição de motivo do CP (item 40).
CRIME PUNIDO A TÍTULO DE DOLO: DIRETO OU EVENTUAL 
O QUE ACONTECE SE FOR A MORTE CULPOSA, SOB A INFLUÊNCIA DO ESTADO PUERPERAL? Qual crime pratica a parturiente que culposamente, sob a influência do estado puerperal mata o neonato? Fato atípico x Homicídio culposo (majoritária).
	CONSUMAÇÃO
	MORTE DO NASCENTE / NEONATO
Aborto
É EXCEÇÃO A TEORIA MONISTApune de forma diversa a gestante e o terceiro que a ajuda a praticar o delito. Por esta razão esta teoria é moderada temperada e não pura, já que existem exceções como esta. Segundo Busato, as legislações atuais abrigam diferentes tendências a respeito do aborto, ora criminalizando de modo mais intenso (CP Brasileiro), ora reduzindo o alcance da imputação (p.ex. EUA, onde é possível até os três meses), ora descriminalizando a conduta (Japão, Suécia, Hungria e Rússia).
ABORTO: Interrupção da gravidez, com a destruição do produto da concepção.
	
ESPÉCIES DE ABORTO:
ABORTO NATURAL: Interrupção espontânea da gravidez, normalmente causada por problemas de saúde da gestante. (INDIFERENTE PENAL) 
ABORTO ACIDENTAL: Decorrentes de queda, traumatismo, acidentes em geral. (INDIFERENTE PENAL)
ABORTAMENTO CRIMINOSO: Art. 124 a 127 CP. 
ABORTAMENTO LEGAL / PERMITIDO: Art. 128 CP. 
ABORTO MISERÁVEL / ECONÔMICO SOCIAL: Incapacidade

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