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TRABALHO DE PROCESSO PENAL RECURSOS Teoria Geral dos Recursos: Introdução: Recurso é o ato da parte por meio do qual se solicita a modificação de uma resolução judicial que produziu um gravame ao recorrente no mesmo processo em que aquela foi ditada. No manual “Curso de Direito Processual Penal”, o professor Nestor Távora afirma: “O recurso é o meio voluntário destinado à impugnação das decisões, afigurando-se como remédio de combate a determinado provimento, dentro da mesma relação jurídica processual, propiciando a sua reanálise. Trata-se de exercício de direito potestativo, consubstanciado em um ônus processual, que pode ser utilizado antes da preclusão e na mesma relação processual, apto a propiciar a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão’’. Características: É ato da parte, não sendo recurso a atividade de ofício do juiz; A parte recorrente de ter sofrido um gravame (prejuízo); É um direito que deve ser exercido no mesmo processo, não instaura nova situação jurídica; A decisão deve ser recorrível (não deve ter operado a coisa julgada); Outro órgão jurisdicional (superior hierarquicamente) modifique a decisão anulando-a ou reformando-a (princípio do duplo grau de jurisdição). Trás na essência o direito fundamental de prejudicado pela decisão submeter o caso penal a outro órgão jurisdicional. Distinção técnica: Recurso x Ação Autônoma de Impugnação Recurso tem a ver com manutenção da Lide (refere-se ao mesmo processo). Ação Autônoma de Impugnação faz surgir nova relação jurídica. Pressupostos: A) Objetivos: Cabimento/Adequação: princípio da unirrecorribilidade (único tipo de recurso), princípio da fungibilidade (art. 579/CPP - juiz aproveita recurso em prestígio à ampla defesa); Tempestividade (prazo); Forma (art. 578/CPP): petição ou por termo nos autos; Motivação: o que delimita o recurso; Preparo (art. 802, §2º/CPP): Somente para iniciativa privada (queixa crime). B)Subjetivos: Legitimidade: art. 577, caput/CPP; *legitimidade subsidiária, art.598/CPP Interesse: art. 577, p.ú/CPP. Efeito dos Recursos: A) Devolutivo: Devolve a matéria para a instância superior apreciar (é a regra). B) Suspensivo: A interposição do recurso suspende a execução da sentença recorrido, art. 584/CPP. Recursos Espécies: 1) Recurso Inominado: art. 581/CPP Sentido Amplo: Recurso é todo meio de defesa pelo qual impugna uma decisão. Obs: Ação de Impugnação são apenas instrumentos de impugnação e não recursos. Sentido Estrito: Recurso é todo remédio processual pelo qual se visa o reexame, por um órgão jurisdicional superior, de uma decisão não transitada em julgado. Assim, os recursos previstos no CPP são em sentido estrito. Obs: Há uma controvérsia em relação ao rol supracitado ser taxativo ou exemplificativo: 1ª Corrente: Afirma que o rol é taxativo, pois em razão do princípio da taxatividade dos recursos, deve haver previsão legal específica para cada uma das hipóteses. O STJ afirma que o rol é taxativo na essência. 2ª Corrente: O rol é meramente exemplificativo, razão pela qual a interpretação ampliativa é plenamente admissível. Prazo para interposição: 5 dias (art. 586/CPP) Prazo para razões: 2 dias (art.588/CPP) Obs: O Recurso Inominado admite o juízo de retratação. (art. 586/CPP) 2) Recurso de Apelação: art.593/CPP Hipóteses de cabimento: Sentenças definitivas; Decisões definitivas ou com força de definitivas; Apelação das decisões do tribunal do juri. Obs: Recurso de Apelação no Jecrim – art. 82 da Lei 9099/95. Prazo monofásico – 10 dias para interpor e arrazoar. Prazo para interpor: 5 dias – art. 593/CPP. Prazo para razões: 8 dias – art. 600/CPP. Obs: A apelação é plena quando impugna toda matéria e limitada quando se refere a parte da decisão. Nesse caso (limitada), o recurso não devolve toda a matéria do tribunal, mas só o que for objeto do recurso. Já quando for plena, se aplica o brocardo “tatum devolutam quantum appelatum”. (Incidência do efeito devolutivo). Recurso de apelação no tribunal do juri: art. 593, III/CPP Soberania dos veredictos e não da sentença. Toda sentença pode ser reformada ou anulada por um recurso. O Júri é soberano. 3) Embargos Infringentes (questão de mérito) ou de Nulidade (questão processual): art. 609, p.ú/CPP É o recurso privativo da defesa, que visa o reexame de decisões não unânimes proferidas em segunda instância e desfavoráveis ao acusado, a serem apreciados no âmbito do próprio tribunal julgador. Sendo o desacordo parcial, os embargos somente poderão versar em relação a matéria objeto da divergência. Esse é um recurso privativo de defesa (favor do réu), quando houver voto vencido favorável a defesa. Ex: Sentença condena o réu a 4 anos. Defesa apela pra absolver. Infringentes = efeito modificativo. Prazo: 10 dias. 4) Embargos de Declaração: Art. 382 – Sentença (1ª instância); Art. 619 – Acórdão (2ª instância). Servem para impugnar ato decisório que não cumpra os requisitos mínimos de: clareza, coerência, lógica e exaustividade da decisão. Permite que o juiz esclareça e supra eventuais decisões. Esse recurso está a serviço da garantia da motivação das decisões judiciais. Serve, também, para que o juiz de 1º/2º grau declare ou esclareça a decisão. Hipóteses de cabimento: Obscuridade: Revela uma confusão das ideias; Ambiguidade: Decisão com mais de um sentido; Contradição: Conflito de ideias. Omissão: Falta de tocar em alguns pontos. Obs: Excepcionalmente, os embargos de declaração podem ser usados para fins de pré-questionamento da matéria a ser impugnada pela via do R.Esp ou R.E, normalmente quando a decisão for omissa no enfrentamento da norma federal ou constitucional. Os Embargos de Declaração são impostos por escrito, com razões inclusas; tem efeito interativo ou regressivo, pois atribui ao próprio juiz ou tribunal que ditou a decisão o poder de reexaminá-la e, também, interrompem ou suspendem o prazo para interposição de qualquer outro recurso. Embargos de Declaração com efeito infringente/modificativo: Ocorre quando há grave omissão ou contradição, então o estabelecimento, conduz, inexoravelmente à modificação da decisão. Contradição entre fundamentação e a decisão. Ex: O juiz na fundamentação conduz seu raciocínio para absolver e condena. 5) Carta testemunhável: art. 639/CPP Remonta ao império e servia para evitar que os juízes se ocultassem para não receber os recursos ou determinassem ao escrivão que não lhes dessem andamento. É recurso subsidiário e só cabe se não houver recurso específico para decisão denegatória Ações Autônomas de Impugnação: As ações autônomas de impugnação são ações desconstitutivas negativas, ou seja, é uma nova ação que busca a desconstituição de uma decisão já prolatada em outra ação, ou eventualmente, reformar essa decisão. Ações Autônomas de Impugnação x Recurso: A diferença está no fato de que na ação autônoma haverá um novo procedimento, a depender da ação utilizada, terá nova numeração, poderá mudar a competência, mostrando-se uma, como o próprio nome já diz, ação autônoma daquela que se pretende desconstituir a decisão, enquanto o recurso é apenas uma “continuação” do processo após a decisão que se pretende reformar ou desconstituir. Por fim, outra diferença que vale ressaltar é que o recurso deve ocorrer antes do trânsito em julgado da decisão, enquanto para a ação autônoma de impugnação o trânsito em julgado não tem o poder de obstar seu ajuizamento. 1) Revisão Criminal: A revisão criminal tem acentos no art. 5º, LXX/CF, sendo garantido, expressamente, a indenização pelo Estado ao condenado por erro judiciário, assim como que ficar preso além do tempo fixado na sentença. A RC é a antítese da coisa julgada, pois enquanto essa visa evitar que a revisão que solucionou o conflito de interesse seja reexaminada no mesmo processo ou reaberta um outro processo entre as mesmas partes, aquela visa discutir, reabrir a questão até então solucionada,porém em decorrência de um erro judicial. Natureza jurídica: Trata-se de uma ação autônoma de impugnação da coisa julgada, de índole constitucional que visa a reparação de um erro judicial, consagrado em decisão judicial. A R.C, não tem natureza de recurso, pois este pressupõe decisão não transitada em julgado e é interposto dentro da mesma relação jurídico processual. A R.C só pode ser ajuizada após o trânsito em julgado e instaura nova relação jurídico processual. É um instituto posto à disposição do indivíduo pra que ele possa resgatar seus statuss dignitatis, isto é, sua dignidade humana. Condições da ação: A) Legitimidade para ajuizar ação: art. 623/CPP - Réu (sem advogado) – art. 1º, §1º da Lei 8906/94 - Pode o MP ingressar com a revisão em favor do condenado? Divergência: 1ª Corrente: (Auri Lopes Jr) Não pode o MP ingressar com a revisão em favor do condenado. Tal situação caracteriza uma patologia processual. A lei não prevê. 2ª Corrente: Entendimento majoritário. A interpretação da lei tem que ser conforme a CF e não contrária, assim quando o art. 127, caput/CF incumbe o MP de defender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis. Desta forma, tem o MP legitimidade para ajuizar RC em favor do reestabelecimento da ordem jurídica, pois a legitimidade não é em favor do condenado e sim da reintegração ordenamento jurídico violado com o erro judiciário. A legitimidade decorre da interpretação sistemática do CPP, artigos 257 c/c 386 c/c 577 c/c 654/ CPP, bem com o art. 8º da Lei 8625/93. B) Interesse processual: Utilidade/ Necessidade (binômio) A RC é o único meio útil e necessário a disposição do compilado capaz de desconstituir uma sentença condenatória transitada em julgado. O interesse é a necessidade que o interessado tem em procurar o Estado para reparar o erro judiciário. C) Possibilidade jurídica da demanda: art. 621/CPP É a previsão no ordenamento jurídico da hipótese de revisão. Formas de RC: A) Pro Societate: Permite a desconstituição de uma sentença absolutória, não importa a razão. Obs: Alguns países só admitem quando sentença se dá baseada em provas falsas. B) Pro Réu: Visa corrigir os erros judiciais em uma sentença condenatória, tendo o legislador adotado o sistema restritivo. A propositura da RC está condicionada à existência de uma sentença penal condenatória transitada em julgado, eivada de um erro de procedimento de erro julgamento. Hipóteses de cabimento: art. 621/CPP. Efeitos da revisão: art. 626/CPP Altera a classificação da infração penal; Absolvição; Modificação da pena; Anular o processo. Obs: O p.ú veda o reformatio in pejus direto ou indireto. Obs: A RC é diferente da Ação Rescisória. A RC não tem prazo. Habeas Corpus: Origem: Magna carta de 1815, imposta pelos barões ingleses, previa que nenhum homem livre poderia ser preso ou perder seus bens, se não em virtude de julgamento de acordo com a lei local. Significado: Trazer o corpo, apresentar o corpo que era o meio de obter o comparecimento físico de alguém perante uma côrte. Conceito: Ação judicial que tem, por fim, evitar ou fazer cessar a violência ou coação a liberdade de locomoção decorrente de ilegalidade ou abuso de poder. Natureza Jurídica: Remédio constitucional garantidor da liberdade de locomoção contra toda espécie de ilegalidade. Espécies: - Preventivo: Diante de uma ameaça ao direito de locomoção. Concessão de um salvo conduto (de uma conduta). - Liberatório/ Repressivo: Já há efetiva lesão. Pedido de concessão de alvará de soltura. Hipóteses de cabimento: Art. 638/CPP Condições da Ação; A) Possibilidade jurídica pedido: Hipóteses em que o ordenamento admite a tutela, Art. 648/CPP: Falta de justa causa para prisão; Excesso de prazo na prisão provisória. Obs: A CF apenas afasta o cabimento do HC na hipótese prevista no art. 142, §2º, isto é, relativamente há punições disciplinares em razão dos princípios da hierarquia e da disciplina, vale dizer que alcança apenas o exame do mérito da punição disciplina, mas não a análise de sua legalidade. Obs: Mesmo na vigência do estado de sítio, não se admite a supressão da garantia, pois não está prevista nas hipóteses do art. 139/CF. B) Interesse de agir: Necessidade / Adequação Necessidade: O pedido de HC será necessário toda vez que houver uma prisão atual ou simples ameaça, mesmo que remota de restrição do direito de liberdade de alguém. Obs: Não cabe HC em pena de multa. Adequação: É a relação entre a situação de ilegalidade e o remédio utilizado, não existindo quando se pretender usar o HC para tutelar outros direitos que não de liberdade. C) Legitimidade: Ativa (art. 654/CPP): Pessoa física (nacional/ estrangeira), ainda que sem capacidade civil, pessoa jurídica (mesmo não estando regularmente constituída ou não estando no país) e MP em favor do réu. Passiva: coautor ou autoridade coautora Não se confunde a pessoa da autoridade com a figura do executor da ordem (detentor), este não tem poder de decisão. Ex: Carcereiro nunca pode ser legitimado passivo A CF, ao contrário do que prevê em relação ao MS, não exige que o coautor seja uma autoridade pública, sendo admissível para maioria da doutrina, a impetração contra ato do particular. Capacidade postulatória: O HC pode ser impetrado por qualquer pessoa independentemente de habilitação. (art. 654,§1º/CPP e art. 1º, §1º da Lei 8906/94) O advogado não é indispensável. Competência para impetração do HC: Critério de territorialidade (art. 649/CPP) Critério de hierarquia (art. 650, §1º/CPP)
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