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RECURSOS – CPP – Por: Viviane Constante 1 RECURSOS Recurso é um meio de se obter nova apreciação da decisão ou situação processual, com o fim de corrigi-la, modifica-la ou confirmá-la. É o meio pelo qual se obtém o reexame de uma decisão. É o meio jurídico idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, anulação, integração ou esclarecimento da decisão que se impugna – o recurso NÃO inaugura uma nova relação jurídica. O que acontece com a interposição de um recurso é o desdobramento da relação anterior, em regra, perante o órgão jurisdicional diverso e de hierarquia superior. ATENÇÃO: EM ESPECÍFICO NAS AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO HABEAS CORPUS E REVISÃO CRIMINAL HÁ UMA NOVA RELAÇÃO JURÍDICA. EMBORA CONSTEM NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL NO CAPÍTULO DOS RECURSOS, POSSUEM NATUREZA DE AÇÃO PENAL. Alguns doutrinadores ainda o conceituam como uma extensão do próprio direito de ação. A existência de um recurso está condicionada à manifestação da vontade da parte, que demonstra seu interesse em recorrer com a interposição do recurso, por isso, muitos o conceituam como um remédio jurídico voluntário. (?) RECURSO DE OFÍCIO? O REEXAME NECESSÁRIO, MUITAS VEZES É ERRONEAMENTE CHAMADO DE “RECURSO DE OFÍCIO” (O PRÓPRIO CPP O NOMEIA DESSA FORMA), MAS NÃO É UM RECURSO, E SIM UMA CONDIÇÃO DE EFICÁCIA DA SENTENÇA. FUNDAMENTOS: a necessidade psicológica do vencido, na falibilidade humana e no combate ao arbítrio. BASE CONSTITUCIONAL: encontra-se implícito na organização do Poder Judiciário em diferentes graus de jurisdição. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS (MNEMÔNICO: CATRALE): Cabimento: o recurso deve estar previsto em lei e cabível ao caso. Adequação: o recurso deve ser adequado à decisão que se quer impugnar, pois, para cada decisão, a lei prevê um recurso adequado. Aqui também se aplica o princípio da unirrecorribilidade das decisões, o qual, para cada decisão, só existe um único recurso adequado. Esse princípio é mitigado por algumas exceções legais, em que é possível o cabimento simultâneo de dois recursos da mesma decisão. Ex: interposição simultânea de RExt. e REsp. Tempestividade: interposição do recurso deve ser feita dentro do prazo previsto em lei. Os prazos só começam a correr a partir do primeiro dia útil após a intimação (SÚMULA 310 STF). Ex.: intimada a parte na segunda-feira, seu prazo só se inicia na terça e caso se encerre no sábado, prorroga-se até a outra segunda. Regularidade: o recurso deve preencher as formalidades legais para ser recebido. Art. 578, CPP: O recurso será interposto por petição ou por termo nos autos, assinado pelo recorrente ou por seu representante. § 1o Não sabendo ou não podendo o réu assinar o nome, o termo será assinado por alguém, a seu rogo, na presença de duas testemunhas. § 2o A petição de interposição de recurso, com o despacho do juiz, será, até o dia seguinte ao último do prazo, entregue ao escrivão, que certificará no termo da juntada a data da entrega. § 3o Interposto por termo o recurso, o escrivão, sob pena de suspensão por dez a trinta dias, fará conclusos os autos ao juiz, até o dia seguinte ao último do prazo. RECURSOS – CPP – Por: Viviane Constante 2 Ausência de fatos impeditivos: ex.: a renúncia ao direito de recorrer; ter se verificado a extinção da punibilidade, ter ocorrido o trânsito em julgado, dentre outros. OBS: QUANTO À RENÚNCIA AO DIREITO DE RECORRER, EM HAVENDO DIVERGÊNCIA ENTRE A VONTADE DO RÉU E A DO DEFENSOR, EXISTEM TRÊS POSIÇÕES: 1. PREVALECE A DO RÉU, POIS SE ELE PODE O MAIS, QUE É CONSTITUIR ADVOGADO, PODE TAMBÉM O MENOS, QUE É DECIDIR SE RECORRERÁ OU NÃO DA SENTENÇA; 2. PREVALECE A DO DEFENSOR, POIS ELE É O PROFISSIONAL QUE POSSUI CONHECIMENTOS TÉCNICOS E PODE JULGAR MELHOR SE É OU NÃO CONVENIENTE RECORRER DA SENTENÇA; 3. PREVALECE A VONTADE DE QUEM QUER RECORRER – PREDOMINANTE, EM RAZÃO DA AMPLA DEFESA COM MEIOS E RECURSOS A ELA INERENTES. Legalidade: recurso previsto em lei. PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS: Interesse jurídico: Significa necessidade da medida para obter uma situação processual mais vantajosa. Para tanto, é necessário que tenha havido sucumbência, ou seja, desacolhimento total ou parcial da pretensão da parte no processo. QUESTIONA-SE SE O MP PODE RECORRER EM FAVOR DO RÉU, NOS CASOS DE SENTENÇA CONDENATÓRIA. HÁ TRÊS POSICIONAMENTOS: 1. NÃO PODE, UMA VEZ QUE POSSUI INTERESSE DIVERSO DAQUELE DO RÉU; 2. PODE, DESDE QUE TENHA PEDIDO A ABSOLVIÇÃO DO RÉU E ELE TENHA SIDO CONDENADO; 3. O STF JÁ DECIDIU REITERADAS VEZES PELA POSSIBILIDADE, SENDO QUE NESSE CASO ESTARIA O MP ATUANDO COMO CUSTUS LEGIS (FISCAL DA LEI). Art. 577, CPP: O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor. Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não tiver interesse na reforma ou modificação da decisão. Legitimidade: art. 577, CPP. O recurso deve coincidir com a posição processual da parte. Interposição: art. 578, caput. O recurso será interposto por petição ou por termo nos autos, assinado pelo recorrente ou por seu representante. Juízo de admissibilidade: é a verificação por parte do juízo de primeiro grau se estão presentes os pressupostos objetivos e subjetivos. Estando presente, o juiz recebe o recurso e determina seu processamento. Se não estiver presente qualquer dos pressupostos, o juiz não recebe o recurso, impedindo que haja o processamento. EFEITOS DOS RECURSOS Obstativo: o recurso obsta/impede que ocorra o trânsito em julgado de uma sentença ou decisão. Devolutivo: o recurso devolve ao poder judiciário a possibilidade de rever, invalidar, integrar, confirmar ou esclarecer uma decisão. Suspensivo: o recurso suspende a produção do efeito da sentença. Porém, quando for absolutória, tal efeito não ocorre, assim, se o réu está preso, é colocado em liberdade, mesmo havendo recurso. Quando for condenatória, havendo recurso, em alguns casos, será suspenso os efeitos da sentença, p. ex., não será colocado na prisão, a não ser que na sentença o juiz decrete a prisão preventiva. Regressivo: diz respeito à possibilidade do julgador que prolatou a decisão alterar o que foi decidido. É raro no ordenamento jurídico que algum recurso possua esse efeito – ex.: Agravo em Execução da LEP, RESE e os Embargos de Declaração. Extensivo: se duas pessoas são processadas em um mesmo processo, prolatada a sentença, somente um recorre, caso, ao ser julgado o recurso haja algum benefício ao recorrente, tal benefício se aplica ao réu que não recorreu. RECURSOS – CPP – Por: Viviane Constante 3 Se o benefício se deu em face de circunstância de caráter pessoal, p. ex., ser o réu que recorrer menor que 21 anos, tal benefício não se aplicará ao réu que tiver mais de 21. OBSERVAÇÕES Proibição da Reformatio in pejus – essa expressão latina, traduzida livremente, significa "reforma que prejudica". É o que estabelece o artigo 617 do Código de Processo Penal e no Processo Penal brasileiro ocorre quando somente a defesa recorre e o tribunal modifica a sentença de tal forma que a situação do réu que recorreu piora. Isso é proibido. Assim, por exemplo, se Horácio, réu em um processo, após a sentença condenatória recorre, não havendo recurso da acusação, o tribunal, de qualquer forma, piora a situação de Horácio, tal reforma é proibida, pois é vedado no ordenamento jurídico a reformatio in pejus. Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da sentença. Proibição da Reformatio in pejus indireta – ocorre quando somente a defesa recorre e o tribunal anula o procedimento de primeira instância a pedido da defesa, devendo ser refeitosalguns atos, inclusive a sentença. Na nova sentença do juiz de primeira instância, a pena não poderá ser superior à primeira sentença do processo que foi anulado. Percebe-se que a reforma que foi prejudicial ao réu não se daria de forma direta pelo próprio tribunal que teria piorado a situação do réu no recurso, mas sim se daria de forma indireta, ao ser prolatada nova sentença após anulação do processo. Tendo em vista a soberania dos veredictos garantida pela Constituição Federal no artigo 5º, inciso XXXVIII, alínea 'c', nos crimes de competência do tribunal do júri a doutrina entende que, em havendo anulação do primeiro julgamento, nada impede que o novo conselho de sentença, em novo julgamento, agrave a situação do réu. Por exemplo, no primeiro julgamento o réu foi condenado por homicídio simples, em recurso exclusivo da defesa o julgamento é anulado. No novo julgamento o novo conselho de sentença pode condenar o réu por homicídio qualificado. Doutrina e jurisprudência majoritária entendem que o juiz pode aumentar a pena conforme a nova decisão no segundo julgamento. Contudo, há julgamento do Supremo Tribunal Federal no sentido de que os jurados podem piorar a situação do réu (de homicídio simples para homicídio qualificado), mas o juiz ao aplicar a pena estará restrito à pena imposta no primeiro julgamento. Reformatio in mellius – é a melhora da situação do réu em recurso exclusivo da acusação. Como não há vedação no ordenamento jurídico, doutrina e jurisprudência entendem ser admitido. Recurso necessário – também conhecido como recurso ex officio, recurso de ofício, recurso obrigatório, reexame necessário ou recurso anômalo, é aquele que obrigatoriamente deve ser interposto pelo próprio juiz em determinadas decisões. Nesses casos, a decisão está forçosamente sujeita ao duplo grau de jurisdição. Em verdade não se trata de recurso, mas de medida imposta pela lei que condiciona o trânsito em julgado de determinada decisão, ao reexame necessário e obrigatório do órgão superior. A ideia é a de que o juiz que prolatou a sentença tem que enviar para o órgão superior e esse órgão superior vai convalidar ou modificar a decisão. EM QUAIS HIPÓTESES É NECESSÁRIO O REEXAME NECESSÁRIO? a. DA SENTENÇA QUE CONCEDER HABEAS CORPUS. b. LEI 1521/51 (CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR E A SAÚDE) – ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO PENAL OU ABSOLVIÇÃO NA AÇÃO PENAL. c. DECISÃO QUE CONCEDE A REABILITAÇÃO. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art383. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art386 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art387 RECURSOS – CPP – Por: Viviane Constante 4 d. DA QUE ABSOLVER DESDE LOGO O RÉU COM FUNDAMENTO NA EXISTÊNCIA DE CIRCUNSTÂNCIA QUE EXCLUA O CRIME OU ISENTE O RÉU DE PENA, NOS TERMOS DO ART. 411. O REEXAME NECESSÁRIO APLICA-SE AO JUÍZO DE 1° GRAU. Recurso voluntário – é a regra no ordenamento jurídico brasileiro. São aqueles que ocorrem quando, voluntariamente, a parte ingressa com o mesmo. APELAÇÃO Conceito: recurso interposto da sentença definitiva ou com força definitiva, para a segunda instância, com o fim de que se proceda o reexame de matéria, com a consequente modificação parcial ou total da decisão. É o recurso ordinário por excelência no processo penal. Previsão legal: art. 593, CPP. Inciso I – absolvição/condenação; Inc. II – definitiva e decisão com força de definitiva; Inc. III – Júri (OBS: no final da primeira fase do procedimento do júri será cabível apelação fundada no art. 416, CPP, nos casos de: impronúncia e absolvição sumária). Características: é um recurso amplo, porque em regra devolve o conhecimento pleno da matéria impugnada. É residual (subsidiária), porque só pode ser interposto se não houver previsão expressa de cabimento de RESE. É, por fim, um recurso que goza de primazia em relação ao RESE, de modo que, se a lei prever expressamente o cabimento deste último recurso com relação a uma parte da decisão e a apelação do restante, prevalecerá a apelação, que funcionará como único recurso oponível. Por exemplo: da sentença condenatória sempre cabe apelação, de acordo com o disposto no art. 593, I, do CPP, não havendo possibilidade do recurso em sentido estrito, ante a falta de previsão expressa neste sentido. No entanto, no caso de decisão denegatória do SURSIS, é previsto o recurso em sentido estrito. Portanto, se, na sentença condenatória, houvesse a denegação do benefício, ficaria a dúvida: cabe apelação contra o mérito da decisão, e recurso em sentido estrito da parte denegatória da suspensão condicional da pena? Haveria dois recursos para a mesma decisão? Resposta: não, pois a apelação, neste caso, goza de primazia. Caberá somente apelação contra qualquer parte da decisão condenatória (ART. 593, §4°, CPP). O recurso em sentido estrito fica reservado para as hipóteses de denegação do SURSIS, que ocorrerem fora da sentença condenatória (desde que não seja processo de execução penal, quando, então, caberá agravo em execução). Art. 599 – princípio do tantum devolutum quantum appellatum. No entanto, o princípio do favor rei permite o tribunal apreciar a sentença, mesmo na parte não impugnada, desde que seja para favorecer o réu. Legitimidade e interesse: art. 577, CPP. MP não tem legitimidade para apelar de sentença absolutória proferida em ação penal privada, pois seria uma violação a disponibilidade das ações privadas. Entretanto, pode apelar em favor do réu em ação pública ou privada na qualidade de fiscal da lei. Somente não o poderá quando tiver pedido a condenação nas alegações finais e o juiz decidir acolhendo tal pedido – pois assim faltará sucumbência ao MP. Na ação penal pública se o MP não interpõe a apelação, o ofendido ou o CADI poderão apelar – prazo de 15 dias. Assistente de acusação: o art. 598, CPP, trata do recurso do assistente de acusação. Se não interposta apelação pelo MP no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, CPP, poderão interpor apelação. RECURSOS – CPP – Por: Viviane Constante 5 IMPORTANTE: A APELAÇÃO DO ASSISTENTE SERÁ SEMPRE SUPLETIVA, OU SEJA, O DIREITO DE APELAR DO ASSISTENTE NASCE QUANDO TERMINA O PRAZO DO RECURSO MINISTERIAL (O ASSISTENTE SÓ PODE APELAR SE PASSAR O PRAZO DO MP E ELE NÃO APELAR). MESMO O ASSISTENTE NÃO HABILITADO TERÁ OPORTUNIDADE DE APELAR. NESSE CASO, AO INTERPOR A APELAÇÃO SERÁ FEITO O PEDIDO DE HABILITAÇÃO. NO CASO DO ASSISTENTE, SE ELE NÃO ESTIVER HABILITADO NOS AUTOS O PRAZO SERÁ DE 15 DIAS A CONTAR DO VENCIMENTO DO PRAZO PARA O MP (ART. 598, § ÚNICO, CPP E SÚMULA 448 STF); SE ELE JÁ ESTIVER HABILITADO NOS AUTOS – SERÁ INTIMADO DA SENTENÇA – E TERÁ O PRAZO DE 5 DIAS CONTADOS A PARTIR DA DATA DA INTIMAÇÃO OU DO TÉRMINO DO PRAZO RECURSAL PARA O MP. HOJE PREVALECE QUE O ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO PODE APELAR COM OBJETIVO ÚNICO DE INCREMENTAR A PENA. Cabimento nas sentenças do juiz singular: sentenças definitivas de condenação ou absolvição – são as decisões que põem fim à relação jurídica processual, julgando o seu mérito. No caso da absolvição sumária por prescrição ou extinção da punibilidade caberá o RESE (art. 581, VIII), nas demais situações caberá APELAÇÃO (art. 416). Também caberá contra a decisão que IMPRONUNCIAR o réu (na pronúncia caberá o RESE – art. 581, IV). E das decisões do Tribunal do Júri nos incisos III. Decisões definitivas x decisões com força de definitivas: são decisões definitivas aqueças que decidem o mérito sem condenar nem absolver. Ex. de decisões definitivas: decisão no pedido de restituição de coisa; pedido de sequestro; arresto e hipoteca legal; reabilitação (art. 93 e ss.) Decisão com força de definitiva encerra a relação processual sem o juízo de mérito. Ex.: decisão do juiz criminal que remete ao juízo cível umpedido complexo de restituição de coisa. Processamento: a) A apelação é interposta por termo ou petição; b) Interposta a apelação, as razões devem ser oferecidas dentro do prazo de oito dias, se for crime, e em 3 dias se contravenção. Será interposto perante o juiz sentenciante (peça de interposição). As razões serão dirigidas ao tribunal. Não há retratação. Se o juízo a quo (sentenciante) não recebe a apelação caberá RESE (art. 581, XV, CPP). Em recurso exclusivo da defesa não se admite a piora da situação jurídica do réu (princípio do non reformatio in pejus), fundado no art. 617, CPP e no princípio constitucional da ampla defesa (art. 5°, LV, CF). Mesmo a sentença anulada em recurso exclusivo da defesa limita a gravidade da nova condenação. É o chamado princípio da non reformatio in pejus indireta (mesmo fundamento). Prazo: 5 dias, a partir da intimação da sentença, para interposição (art. 593, CPP) Será de 8 dias para oferecer as razões (art. 600, CPP). Art. 596 – a apelação da sentença absolutória não tem efeito suspensivo, de modo que o réu, se estiver preso, deverá ser colocado imediatamente em liberdade. Art. 597 – efeito suspensivo na sentença condenatória. Efeitos: a) devolutivo (tantum devolutum quantum appellatum): devolve o conhecimento da matéria à instância superior; b) suspensivo: trata-se do efeito da dilação procedimental, que retarda a execução da sentença condenatória – réu somente será preso se estiverem presentes os requisitos da prisão preventiva (CPP, art. 387, parágrafo único); c) regressivo: não há; na apelação não existe juízo de retratação; d) extensivo (CPP, art. 580): o corréu que não apelou beneficia-se do recurso na parte que lhe for comum. NO CASO DE SUA DENEGAÇÃO (NÃO ACOLHIMENTO) CABE RESE (ART. 581, XV). RESUMO RECURSOS – CPP – Por: Viviane Constante 6 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Conceito: recurso mediante o qual se procede ao reexame de uma decisão nas matérias especificadas em lei, possibilitando ao próprio juiz recorrido uma nova apreciação da questão, antes da remessa dos autos à segunda instância. Cabimento: nas hipóteses do art. 581 – rol taxativo. I – do RECEBIMENTO cabe habeas corpus. Do NÃO recebimento cabe o RESE. No caso das infrações penais de competência do JECRIM não caberá o RESE, mas apelação (art. 82, caput, Lei nº 9099/95). II – reconhece a incompetência. OBS: a decisão de desclassificação proferida no fim da primeira fase do júri (art. 419, CPP), ao reconhecer que o crime não é doloso contra a vida, está com isso reconhecendo a incompetência do júri para seu julgamento, de forma que o RESE contra tal decisão seria fundamentado no inciso II do art. 581. III – as exceções a que se refere: incompetência do juízo, litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgado. A suspeição não entra aqui porque se o próprio julgador não se considera imparcial para aquele caso, não cabe ao tribunal obriga-lo a julgar. REJEITADA as exceções a decisão é IRRECORRÍVEL. IV – apenas a decisão que pronunciar. A que IMPRONUNCIAR cabe apelação (art. 416) V – fiança cassada é aquela que não podia ter sido concedida para aquela infração penal. A inidônea é aquela que foi prestada, por engano, em quantia insuficiente. Não cabe o RESE da decisão que DECRETAR a prisão preventiva ou INDEFERIR pedido de liberdade provisória ou relaxamento da prisão. VII – será julgada quebrado a fiança quando o acusado deixar de comparecer em atos pelo qual foi intimado e não justificou a ausência, descumprir medida cautelar, etc (art. 328). O perdimento total da fiança se dará quando condenado o acusado não se apresentar para dar início ao cumprimento da pena definitivamente imposta. VIII – sentença terminativa de mérito – não julga o mérito, não absolve nem condena o réu. IX – é ao contrário ao inc. anterior, uma vez que aqui é NEGADA a extinção da punibilidade, seguindo normalmente o processo. Se for decisão oriunda do juiz da execução, durante a execução penal, é cabível AGRAVO EM EXECUÇÃO, art. 197, LEP. X – apenas para decisões em primeiro grau. Se o HC é denegado em tribunal, caberá Recurso Ordinário Constitucional (art. 102, II, “a” e art. 105, “a”, CF). EFEITOS Regra: suspensivo e devolutivo Extensivo quando houver concurso de agentes - SALVO se fundada em caráter pessoal PRAZO INTERPOSIÇÃO: 5 DIAS INTERPOSIÇÃO NOS JUIZADOS: 5 DIAS RAZÕES: 8 DIAS RAZÕES EM CONTRAVENÇ ÃO PENAL: 3 DIAS LEGITIMADOS Réu Defensor Público Ministério Público Assistente de acusação: competência recursal supletiva RECURSOS – CPP – Por: Viviane Constante 7 XI – decisão que encontra-se DENTRO da sentença condenatória caberá apelação e se depois do trânsito em julgado cabe agravo em execução (art. 197 da LEP) – parte da doutrina diz que esse inc. não é mais aplicado. XII – caberá agravo em execução (art. 197 da LEP) XV – cabe o RESE contra decisão que denegar a apelação no juízo de admissibilidade. XVII, IXI ao XXII – caberá agravo em execução (art. 197 da LEP) XXIV – revogado pelo art. 51 do CP. Competência para o julgamento: O recurso deve ser endereçado ao tribunal competente para apreciá-lo, mas a interposição far-se-á perante o juiz recorrido, para que este possa rever a decisão, em sede de juízo de retratação. PRAZO: 5 dias, a partir da intimação da sentença, para interposição (art. 586, caput, CPP) Será de 2 dias para oferecer as razões (art. 588, CPP). Art. 589, CPP – tem juízo de retratação: juiz exercerá juízo de retratação, reexaminando a decisão. NO CASO DE SEU NÃO ACOLHIMENTO CABE CARTA TESTEMUNHÁVEL. RESUMO RECURSOS – CPP – Por: Viviane Constante 8 CARTA TESTEMUNHÁVEL Conceito: recurso que tem por fim provocar o reexame da decisão que denegar ou impedir o seguimento (não conhece = não entra no mérito) de recurso em sentido estrito e do agravo em execução. Negar seguimento ou não conhecer significa entender ausente algum dos pressupostos recursais. Ex: juiz nega seguimento do recurso por entender que é intempestivo, ou seja, foi interposto fora do prazo. Negar seguimento não se confunde com negar provimento, pois nesta hipótese o recurso é negado no mérito. Previsão legal: art. 639, CPP. Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável: I - da decisão que denegar o recurso; II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição e seguimento para o juízo ad quem. OBS: se o juiz nega seguimento a apelação, o recurso cabível é o RESE – art. 581, XV, CPP. Competência: a interposição vai para o Escrivão chefe e as razões para o tribunal. Tem juízo de retratação: art. 589 c/c 643, CPP. PRAZO: 45h após a ciência da decisão que denegar o recurso ou obstar o seu seguimento (art. 640). Legitimidade: qualquer das partes (assistente de acusação também quando seu recurso interposto for negado seguimento. Não tem efeito suspensivo. Testemunhante é o recorrente e testemunhado é o juiz que denega o recurso. A tese é demonstrar que o pressuposto recursal está presente. Pedido = seja conhecido e provido o presente recurso, julgado desde logo o mérito, na forma do art. 644, CPP. EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADES RECURSOS – CPP – Por: Viviane Constante 9 Conceito: recurso oponível contra decisão não unânime de segunda instância, desde que desfavorável ao réu. A razão de ser desse recurso é o voto divergente. Cabimento: só podem ser opostos no caso de RESE e apelação. Parte da doutrina diz ser cabível como recurso de agravo em execução – entendimento não é pacífico. Previsão legal: art. 609, § único, CPP. Art. 609. Os recursos, apelações e embargos serão julgados pelos Tribunais de Justiça, câmaras ou turmas criminais, de acordo com a competência estabelecida nas leis de organização judiciária. Parágrafo único.Quando não for unânime a decisão de segunda instância, desfavorável ao réu, admitem-se embargos infringentes e de nulidade, que poderão ser opostos dentro de 10 (dez) dias, a contar da publicação de acórdão, na forma do art. 613. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto de divergência. Posso ter embargos: Infringentes: se a divergência versar sobre direito material – dois magistrados condenam e 1 absolve por atipicidade (princ. da insignificância)); 2 desembargadores mantém a pena e o terceiro a reduz; 2 desembargadores aplicam o regime fechado e o terceiro aplica o semiaberto Nulidade: quando o voto vencido versar sobre um vício processual Requisitos: o uma decisão proferida em 2° instância; o só pode se dar no julgamento de apelação, RESE e agravo em execução. Desta forma, conclui-se que na hipótese de habeas corpus, ainda que a decisão não seja unânime, não caberá esse recurso. o não cabe do julgamento de revisão criminal. Também não cabe da decisão de Turma Recursal (JECRIM) porque o art. 609 se vale da expressão “tribunais”; a decisão final do colegiado (os 3 votos) deve ser desfavorável a defesa; o recurso EXCLUSIVO DA DEFESA; o decisão não unânime – necessariamente tenho uma divergência. A DIVERGÊNCIA PODE SER TOTAL OU PARCIAL (PARCIAL – CRIME A TENHO UMA CONDENAÇÃO UNÂNIME E NO CRIME B TENHO UMA CONDENAÇÃO NÃO UNÂNIME = 2 CONDENAM E 1 ABSOLVE. POSSO IMPOR OS EMBARGOS EM RELAÇÃO AO CRIME B? SIM!). AINDA QUE A DIVERGÊNCIA SEJA PARCIAL, É PERFEITAMENTE POSSÍVEL A INTERPOSIÇÃO DOS EMBARGOS. EMBARGOS DE NULIDADE PARCIAL: INTERPOSTA A APELAÇÃO ALEGANDO A NULIDADE “X” DO PROCESSO E QUE A CONDENAÇÃO DEVE SER REFORMADA. O TRIBUNAL ENTENDE DE MANEIRA UNÂNIME PELA CONDENAÇÃO, MAS QUANTO A NULIDADE “X” UM ACOLHE A TESE E OS OUTROS DOIS NÃO. DECISÃO FAVORÁVEL A DEFESA E PARCIAL. INTERPONHO EMBARGOS DE NULIDADE. NA SITUAÇÃO EM QUE HÁ TRÊS VOTOS DISTINTOS PREVALECE O VOTO MÉDIO (AQUELE QUE NÃO É NEM MAIS BRANDO E NEM MAIS GRAVE). EX: A – AUMENTA A PENA PARA 8 ANOS B – MANTÉM A CONDENAÇÃO DE 4 ANOS = PREVALECE O VOTO MÉDIO C – ABSOLVE Daqui cabe embargos? Sim e terá a tese do voto vencido mais benéfico (c). Em havendo três votos, o primeiro que condenou em 8 anos, o segundo que condenou a 4 anos e o terceiro que absolveu prevalece o voto médio, ou seja, o que impôs a pena de 04 anos. Nesta hipótese, é possível a oposição de embargos infringentes com escopo de fazer prevalecer o voto absolutório. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art613 RECURSOS – CPP – Por: Viviane Constante 10 Competência: interposição é para o juízo a quo (de origem) – RELATOR DO ACORDÃO EMBARGADO. Razões é para o tribunal. Legitimidade: é exclusivo da defesa. PRAZO: 10 dias – prazo único porque apresento as razões junto da interposição. Teses e pedidos: a tese sempre vai ser a mesma do voto favorável vencido, ou seja, a tese se limita a tese do voto vencido. Mesmo que se encontre outra tese, deve sustentar apenas a do voto vencido. Ex: o sujeito primário é condenado a 01 ano de reclusão pelo delito de furto consumado. O juiz fixou o regime semiaberto. A defesa recorreu, pleiteando a imposição de regime aberto com fulcro no art. 33, §2°, “c”, do CP. Ao julgar a apelação 2 magistrados decidiram manter o regime semiaberto e o terceiro vencido entendia pelo cabimento do regime aberto. O valor da res é de R$1,00, o que sugere uma possível tese de insignificância. Contudo, em eventuais embargos infringentes opostos, a tese deve se limitar ao teor do voto vencido, ainda que outras teses pareçam cabíveis. Desta forma, os embargos versarão apenas sobre o regime. REVISÃO CRIMINAL Conceito: tem natureza jurídica de ação penal rescisória promovida originariamente perante o tribunal competente, para que, nos casos expressamente previstos em lei, seja efetuado o reexame de um processo já encerrado por decisão transitada em julgado. Pressupõe o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Não cabe revisão criminal para mudar o fundamento da absolvição. Não cabe revisão criminal de sentença absolutória, salvo na hipótese de sentença absolutória imprópria (que impõe medida de segurança). Legitimidade: art. 623 – próprio réu ou por procurador legalmente habilitado, ou no caso de morte do réu o CADI. MP não tem legitimidade. Prazo: art. 622. A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após. Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado em novas provas. Súmula 611 do STF = hipótese de novatio legis in mellis, basta uma simples petição para o juiz da execução. Cabimento/Previsão legal: art. 621 I – Lei expressa abrange tanto o direito penal quanto o processual. P. ex.: réu condenado por fato que não constitui crime ou condenação com pena superior ao limite máximo previsto em lei. II – Prova falsa: condenação não tem apoio em provas idôneas, mas em meros indícios. P. ex.: testemunha que mente; perito que faz falsa perícia. III – Novas provas de inocência ou de diminuição de pena. P. ex.: surge um vídeo que comprove o álibi. Não se produz prova durante a revisão criminal. Deve-se trazer a prova junto com a própria revisão criminal. Justificação criminal: é ajuizada no primeiro grau. Trata-se de uma cautelar de produção antecipada de provas. P. ex.: conforme apurado em justificação criminal, a testemunha comprova o álibi. RECURSOS – CPP – Por: Viviane Constante 11 Art. 626, CPP – teses e pedidos. Importante pedir que seja reconhecido o direito a indenização pelo erro judiciário. Competência: art. 624 a) Regra: TJ; TRF (federal); Turma Recursal (infração do JECRIM) Sentença jud. estadual transitou em julgado sem recurso: TJ competente Acordão TJ transitou em julgado no TJ: TJ competente Acordão TRF transitou em julgado: TRF competente Trânsito em julgado no JECRIM: Turma Recursal competente b) Exceção: STF; STF (casos de competência originária) Competência originária STF: revisão criminal no STF Competência originária STJ: revisão criminal no STJ A competência será do STF ou do STJ desde que tenha sido conhecido o recurso e o fundamento da revisão criminal seja o mesmo do recurso especial ou extraordinário. Ex: TJ condena. O STF/STJ NÃO conhece o recurso extraordinário/especial. Quem julga a revisão será o TJ. Ex2: TJ condena. O STF/STJ conhece e NEGA provimento do recurso extraordinário/especial que discutia o pedido “x”. Ingresso com a revisão criminal com o fundamento “y”. Por ser fundamento diferente, quem julga a revisão é o TJ. Ex3: TJ condena. O STF/STJ conhece e NEGA provimento de recurso extraordinário/especial que discutia a inconstitucionalidade da lei X. Ingresso com a revisão criminal com fundamento da inconstitucionalidade da Lei X. Quem julgará a revisão será o STF/STJ. Portanto, dois são os pressupostos para que seja o STF ou STJ: eles têm de ter RECONHECIDO o recurso e o fundamento da revisão criminal tem de ser o mesmo que foi o do recurso especial ou extraordinário. Processamento: art. 625. A forma se refere a uma petição inicial – peça única. HABEAS CORPUS Conceito: remédio judicial que tem por finalidade evitar ou fazer cessar a violência ou a coação à liberdade de locomoção decorrente de ilegalidade ou abuso de poder. Ação penal popular com assento constitucional, voltada à tutela da liberdade ambulatória, sempre que ocorrer qualquer dos casos elencados no art. 648 do Código de Processo Penal. É uma ação (peça única). Previsão legal: art. 5°, LXVIII, CF, 647 e 648 do CPP. Espécies: a) liberatório ou repressivo: destina-se a afastar constrangimento ilegal já efetivado à liberdade de locomoção; b) preventivo: destina-se a afastar uma ameaça à liberdade de locomoção.Nesta hipótese, expede-se salvo-conduto. Legitimidade ativa: pode ser impetrado por qualquer pessoa, independentemente de habilitação legal ou representação de advogado. Prazo: não tem. Competência: Art. 650, CPP. a) Do juiz de direito de primeira instância: para trancar inquérito policial (Súmula 103 das Mesas de Processo Penal da USP). Porém, se o inquérito tiver sido requisitado por autoridade judiciária, a competência será do tribunal de segundo grau competente. RECURSOS – CPP – Por: Viviane Constante 12 b) Do Tribunal de Justiça: quando a autoridade coatora for representante do Ministério Público Estadual (CE, art. 74, IV). c) Do Tribunal Regional Federal: se a autoridade coatora for juiz federal (CF, art. 108, I, d). d) Do Superior Tribunal de Justiça: quando o coator ou paciente for governador de Estado ou do Distrito Federal, membros dos tribunais de contas do Estado e do Distrito Federal, desembargadores dos tribunais de justiça do Estado e do DF, membros dos tribunais regionais federais, dos tribunais regionais eleitorais e do trabalho, membros dos conselhos ou tribunais de contas dos municípios, e membros do Ministério Público da União. e) Do Supremo Tribunal Federal: quando o coator for Tribunal Superior. Julgamento e efeitos: a) a concessão de habeas corpus liberatório implica seja o paciente posto em liberdade, salvo se por outro motivo deva ser mantido na prisão (art. 660, § 1º); b) se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de violência ou coação ilegal, será expedido ordem de salvo-conduto em favor do paciente; c) se a ordem for concedida para anular o processo, este será renovado a partir do momento em que se verificou a eiva (CPP, art. 652); d) quando a ordem for concedida para trancar inquérito policial ou ação penal, esta impedirá seu curso normal; e) a decisão favorável do habeas corpus pode ser estendida a outros interessados que se encontrem na situação idêntica à do paciente beneficiado (art. 580 do CPP, aplicável por analogia). CABE RESE COMO RECURSO (ART. 581, X). RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL Recurso cabível no STF das decisões dos Tribunais Superiores que julgarem em única instância o mandado de segurança, o habeas data, o habeas corpus e o mandado de injunção, de que denegatórias (art. 102, II, a, CF); das decisões referentes a crimes políticos, previstos na Lei de Segurança Nacional (art. 102, II, b). No STJ é cabível das decisões denegatórias de habeas corpus, proferidas em única ou última instância, pelos TRFs, ou pelos tribunais dos Estados e do DF (art. 105, II, a); das decisões denegatórias de mandado de segurança, proferidas em única instância pelos TRFs ou pelos tribunais dos Estados e do DF (art. 105, II, b); das decisões proferidas em causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional de um lado, e, do outro, município ou pessoa residente ou domiciliada no país (art. 105, II, c) Se o HC for: denegado tribunal (TJ/TRF/STJ) será cabível o ROC. OBS: se o HC for concedido/denegado por juiz de primeiro grau será cabível RESE. Previsão legal: se for pro STF: art. 102, II, CF; se for pro STJ: art. 105, CF + Lei 8038/90. Legitimidade: do impetrante se for mandado de segurança, do paciente se for habeas corpus. PRAZO: único tanto para interposição quanto para razões, sendo HC denegado, 5 dias (art. 30, Lei 8038/90) e MS, 15 dias (art. 33, Lei 8038/90). RECURSOS – CPP – Por: Viviane Constante 13 Competência: se for pro STJ a peça de interposição vai para o TJ ou TRF (para o Presidente do Tribunal) e as razões para o STJ. Se for para o STF a peça de interposição vai para o STJ e as razões para o STF. Tese: será a mesma que foi pedida no HC ou no MS. MANDADO DE SEGURANÇA EM MATÉRIA CRIMINAL Conceito: ação de natureza constitucional (RTJ, 83/255), de rito sumaríssimo, e fundamento constitucional, destinada a proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público (CF, art. 5º, LXIX). Lei 12016/2009. Direito líquido e certo = direito apto a ser comprovado de plano, mediante prova documental. O impetrante pode ser tanto pessoa física quanto jurídica. Autoridade coatora é aquela que pratica ou ordena, concreta e especificamente, a execução ou inexecução do ato impugnado. PRAZO: 120 dias a partir da ciência oficial do ato impugnado. Exs: a) direito de vista do inquérito policial ao advogado (RT, 611/362, 610/337, 592/311 e 586/204); b) direito do advogado acompanhar o cliente na fase do inquérito (RT, 603/302) e direito do advogado entrevistar-se com seu cliente (RT, 589/83); c) direito de obter certidões (RT, 624/297, 609/323 e 586/313); d) direito a juntar documentos em qualquer fase do processo penal, de acordo com o art. 231 do CPP (RT, 531/329); e) delegado indefere o requerimento de bens apreendidos (vítima tinha o BO de furto e CRLV do veículo que foi furtado e posteriormente localizado e apreendido pela polícia); f) ofendido que requer habilitação como assistente de acusação em ação pública. RECURSO EXTRAORDINÁRIO Conceito: recurso destinado a devolver, ao STF, a competência para conhecer e julgar questão federal de natureza constitucional, suscitada e decidida em qualquer tribunal do país. Tem finalidade primordial de conferir aplicação uniforme ao direito constitucional, a fim de garantir a autoridade e a unidade da CF em todo território brasileiro. Súmula 279 STF (apenas matéria de direito, nunca de fato). ATENÇÃO: admite a discussão sobre QUESTÕES DE PROVA, desde que o seu ponto de partida seja uma NORMA JURÍDICA que trata de prova (e não uma merda questão de fato, que não poderia ser objeto desse recurso). Ex: condenação sem exame de corpo de delito baseada na confissão do acusado = É CONTRÁRIO ao disposto em lei federal (CPP). Condições de admissibilidade: causa decidida em única ou em última instância (deve-se ter esgotado, por quem impugna, todas as vias recursais ordinárias). Dessa forma, não conhece de recurso extraordinário contra acórdão em recurso de apelação do qual ainda caibam embargos de declaração, ou embargos infringentes. Súmula 281 STF. Prequestionamento: Súmulas 282 e 356 STF. Entende-se que não pode ser objeto desse recurso questão que haja sido expressamente conhecida e decidida pela instância inferior. Portanto, se o apelante, ao oferecer suas razões, solicitou RECURSOS – CPP – Por: Viviane Constante 14 ao Tribunal o pronunciamento sobre determinada questão federal constitucional e o acórdão a omitiu, é necessário, para que se possa interpor o recurso extraordinário, que o sucumbente oponha embargos de declaração (por omissão), a fim de alcançar o prequestionamento. O requisito do prequestionamento, portanto, somente se considera satisfeito se houver apreciação judicial da alegação de violação da CF ou da lei federal – vide art. 1025, CPC. Questão federal de natureza constitucional: é preciso que a causa decidida em única ou última instância suscite questão federal de natureza constitucional – art. 102, III, CF. Súmulas 238, 284 e 279 do STF. Repercussão geral das questões constitucionais: art. 102, §3°, CF. Somente aquelas questões que transcendam os interesses meramente particulares e individuais em discussão na causa, e afetem um grande número de pessoas, surtindo efeitos sobre o panorama político, jurídico e social da coletividade. Art. 1035, CPC. Legitimidade: sucumbente (defesa, MP, o querelante e o assistente de acusação – este último observa as súmulas 210 e 208 do STF). Processamento: a petição de interposição é direcionada ao Presidente do Tribunal recorrido e as razões para o STF. PRAZO: art. 1003, §5°, CPC = 15dias (ainda que a previsão seja do direito processual civil, a contagem é a mesma do penal, ou seja, em dias corridos). O juiz a quo pode: 1 – admitir = manda para o STJ ou STF 2 – inadmitir (falta requisito do recurso, ex: prequestionamento). Será cabível agravo para o Tribunal Superior (STJ ou STF): art. 1042 e 1030, §1°, CPC. 3 – negar seguimento (ex: quando o STF ou STJ já pacificou entendimento em contrário a minha tese). É dizer que o recurso contraria tese já fixada em Repercussão Geral ou Recurso Repetitivo. Será cabível agravo interno (volta para o próprio TJ): art. 1021 e 1030, §2°, CPC. RECURSO ESPECIAL Conceito: recurso destinado a devolver ao STJ a competência para conhecer e julgar questão federal de natureza infraconstitucional, suscitada e decidida perante os TRFs ou pelos Tribunais dos Estados e do DF. Previsão legal: art. 105, III, CF. Condições de admissibilidade: causa decidida em única ou última instância; prequestionamento; questão federal de natureza infraconstitucional. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Conceito: recurso interposto para o mesmo órgão prolator da decisão, no caso de ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão da sentença. A doutrina entende que não constitui recurso, pois não visam o reexame do mérito da decisão, mas mera correção de erro material. PRAZO: dois dias. No entanto, sendo de competência do JECRIM o prazo será de 05 dias (art. 83, §1°, Lei 9099/95). Processamento: interposto perante o próprio juiz prolator da sentença (art. 382, CPP) ou aos tribunais (art. 619, CPP), endereçados ao próprio relator do acordão embargado. RECURSOS – CPP – Por: Viviane Constante 15 Pressupostos: pressupõe que a sentença ou acórdão tenha ambiguidade, obscuridade, omissão ou contradição. É preciso que o embargante indique, no requerimento, o ponto a ser declarado ou corrigido. Não há manifestação da parte contrária. Embargos de declaração com conteúdo infringente: em regra, os embargos de declaração não se prestam a alterar a decisão, mas apenas para esclarecê-la. No entanto, em casos de grave contradição é possível que o esclarecimento venha a alterar a essência da decisão. EX: JUIZ CONDENA QUANDO TENHA ABSOLVIDO; RECONHECE ALGUMA QUALIFICADORA QUE NÃO CABE. EM TAIS CASOS SERÁ POSSÍVEL SUSTENTAR A NECESSIDADE DE RESPEITO AO CONTRADITÓRIO PARA QUE A PARTE CONTRÁRIA POSSA RESPONDER OS ARGUMENTOS DOS EMBARGOS BUSCANDO A MANUTENÇÃO DA DECISÃO QUE A FAVORECEU. Legitimidade: pode ser interposto tanto pela acusação quanto pela defesa. Efeito suspensivo: não possui, mas interrompem o prazo para interposição de outro recurso. RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL É utilizada por descumprimento de Súmula Vinculante. Art. 103-A, §3°, CF e art. 7°, Lei 11417/06. Endereçada ao STF. Não precisa ser uma decisão judicial, abrangendo também ato administrativo (ex: delegado de polícia que viola a Súmula Vinculante 14 negando acessos ao Inquérito Policial).
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