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Resumo Bruna 2017 direito das obrigações 2

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Resumo geral Direito das Obrigações Bruna 2017 
1. Classificadas quanto ao objeto
O objeto da obrigação pode ser mediato ou imediato.
- Imediato: a conduta humana de dar, fazer ou não fazer. 
Ex.: Dar a chave do imóvel ao novo proprietário. 
- Mediato: é a prestação em si. 
Ex.: O que é dado? A chave. 
De acordo com essa classificação, podemos destacar:
Obrigações de dar, que se subdivide em dar coisa certa ou incerta; 
Ex.: Dar um documento a alguém. 
Obrigação de fazer; 
Ex.: Fazer uma reforma em parede divisória entre terrenos. 
Obrigação de não fazer; 
Ex.: Não fazer um muro elevado a certa altura. 
2. Classificadas quanto aos seus elementos
A obrigação é composta por três elementos, que são:
- Elemento subjetivo, ou seja, os sujeitos da relação (ativo e passivo), 
- Elemento objetivo, que diz respeito ao objeto da relação jurídica, e 
- Vínculo jurídico existente entre os sujeitos da relação.
Dividem-se, portanto, as obrigações em:
Simples: que apresenta todos os elementos no singular, ou seja, um sujeito ativo, um sujeito passivo e um objeto.
Composta ou Complexa: contrária a primeira, apresenta qualquer um dos elementos, ou todos, no plural. Por exemplo: um sujeito ativo, um sujeito passivo e dois objetos. Esta, por sua vez, divide-se em: 
Cumulativas: os objetos aparecem relacionados com a conjunção "e". Somando-se, então, os dois objetos. 
Ex.: "A" deve dar a "B" um livro e um caderno. 
Alternativas: os objetos aparecem relacionados com a conjunção "ou". Alternando então, a opção por um ou outro objeto. 
Ex.: "A" deve dar a "B" R$ 10.000,00 ou um carro. 
As obrigações que possuem multiplicidade de sujeitos são classificadas como:
Divisíveis: são as obrigações em que o objeto pode ser dividido entre os sujeitos. 
Ex.: Determinada quantia em dinheiro - R$ 1.000,00. 
Indivisíveis: são as obrigações em que o objeto não pode ser dividido entre os sujeitos. 
Ex.: Um animal, um veículo, etc. 
Solidárias: não depende da divisibilidade do objeto, pois decorre da lei ou até mesmo da vontade das partes. Pode ser solidariedade ativa ou passiva, de acordo com os sujeitos que se encontram em número plural dentro da relação. 
Quando qualquer um deve responder pela dívida inteira, assim que demandado, tendo direito de regresso contra o sujeito que não realizou a prestação. Ex.: "A" e "B" são sujeitos passivos de uma obrigação. "C", sujeito ativo, demanda o pagamento total da dívida a "A", que cumpre a prestação sozinho e pode, posteriormente, cobrar de "B" a parte que pagou a mais. 
3. Obrigações de Meio e de Resultado
- Obrigação de meio é aquela em que o devedor, ou seja, o sujeito passivo da obrigação, utiliza os seus conhecimentos, meios e técnicas para alcançar o resultado pretendido sem, entretanto, se responsabilizar caso este não se produza. Como ocorre nos casos de contratos com advogados, os quais devem utilizar todos os meios para conseguir obter a sentença desejada por seu cliente, mas em nenhum momento será responsabilizado se não atingir este objetivo.
- Obrigação de resultado é aquela que o sujeito passivo não somente utiliza todos os seus meios, técnicas e conhecimentos necessários para a obtenção do resultado, como também se responsabiliza caso este seja diverso do esperado. Sendo assim, o devedor (sujeito passivo) só ficará isento da obrigação quando alcançar o resultado almejado. Como exemplo para este caso temos os contratos de empresas de transportes, que têm por fim entregar tal material para o credor (sujeito ativo) e se, embora utilizado todos os meios, a transportadora não efetuar a entrega (obter o resultado), não estará exonerada da obrigação.
4. Obrigações Civis e Naturais
- Obrigação civil é a que permite que seu cumprimento seja exigido pelo próprio credor, mediante ação judicial. 
Ex.: a obrigação da pessoa que vendeu um carro de entregar a documentação referente ao veículo.
- Obrigação natural permite que o devedor não a cumpra e não dá o direito ao credor de exigir sua prestação. Entretanto, se o devedor realizar o pagamento da obrigação, não terá o direito de requerê-la novamente, pois não cabe o pedido de restituição. 
Ex.: Arts. 814, 882 e 564, III do Código Civil. 
"Artigo 814 CC - As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito".
5. Obrigações Puras e Simples; Condicionais; a Termo e Modais
As obrigações possuem, além dos elementos naturais, os elementos acidentais, que acabam muitas vezes por caracterizá-las.  Estes elementos são: a alteração da condição da obrigação, do termo e do encargo ou do modo.
- Obrigações puras e simples são aquelas que não se sujeitam a nenhuma condição, termo ou encargo. 
Ex.: Obrigação de dar uma maçã sem por que, para que, por quanto e nem em que tempo. 
- Obrigações condicionais são aquelas que se subordinam a ocorrência de um evento futuro e incerto para atingir seus efeitos. 
Ex.: Obrigação de dar uma viagem a alguém quando esta pessoa passar no vestibular (condição).
- Obrigações a termo submetem seus efeitos a acontecimentos futuros e certos, em data pré estabelecida. O termo pode ser final ou inicial, dependendo do acordo produzido. 
Ex.: Obrigação de dar um carro a alguém no dia em que completar 18 anos de idade.
- Obrigações modais em que o encargo não suspende a "aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva", de acordo com o artigo 136 do Código Civil. 
Ex.: Pode figurar na promessa de compra e venda ou também, mais comum, em doações. 
6. Obrigações de Execução Instantânea; Diferida e Periódica
Esta classificação é dada de acordo com o momento em que a obrigação deve ser cumprida. Sendo classificadas, portanto, em:
- Obrigações momentâneas ou de execução instantânea que são concluídas em um só ato, ou seja, são sempre cumpridas imediatamente após sua constituição. 
Ex.: Compra e venda à vista, pela qual o devedor paga ao credor, que o entrega o objeto. "A" dá o dinheiro a "B" que o entrega a coisa.
- Obrigações de execução diferida também exigem o seu cumprimento em um só ato, mas diferentemente da anterior, sua execução deverá ser realizada em momento futuro. 
Ex.: Partes combinam de entregar o objeto em determinada data, assim como realizar o pagamento pelo mesmo.
- Obrigações de execução continuada ou de trato sucessivo (periódica) que se satisfazem por meio de atos continuados. 
Ex.: As prestações de serviço ou a compra e venda a prazo.
7. Obrigações Líquidas e Ilíquidas
- Obrigação líquida é aquela determinada quanto ao objeto e certa quanto à sua existência. Expressa por um algarismo ou algo que determine um número certo. 
Ex.: "A" deve dar a "B" R$ 500,00 ou 5 sacos de arroz.
- Obrigação ilíquida depende de prévia apuração, já que o montante da prestação apresenta-se incerto. 
Ex.: "A" deve dar vegetais a "B", não se sabe quanto e nem qual vegetal. 
Diversos artigos do Código Civil estabelecem essa classificação. Citamos, então, os seguintes: arts. 397, 407, 369, 352, entre outros. 
8. Obrigações Principais e Acessórias
- Obrigações principais são aquelas que existem por si só, ou seja, não dependem de nenhuma obrigação para ter sua real eficácia. 
Ex.: Entregar a coisa no contrato de compra e venda.
- Obrigações acessórias subordinam a sua existência a outra relação jurídica, sendo assim, dependem da obrigação principal. 
Ex.: Pagamento de juros por não ter realizado o pagamento do débito no momento oportuno.
É importante, portanto, ressaltar que caso a obrigação principal seja considerada nula, assim também será a acessória, que a segue. 
9. Obrigações com Cláusula Penal
Acarretam multa ou pena, caso haja o inadimplemento ou o retardamento do acordo. A cláusula penal tem caráter acessório e, assim sendo, se considerada nula a obrigação principal, não haverá nenhuma multa ou penaà parte inadimplente. São divididas em:
Compensatórias: quando determinadas para o caso de total descumprimento da obrigação. 
Ex.: Se "A" não pagar R$ 500,00 a B, deverá reembolsá-lo no montante de R$ 800,00. 
Moratórias: com a finalidade de garantir o cumprimento de alguma cláusula especial ou simplesmente poupar a mora. 
Ex.: Se "A" não pagar em determinada data, incorrerá em multa de R$ 1.000,00. 
10. Obrigações Propter Rem
Constituem um misto de direito real (das coisas) e de direito pessoal, sendo também classificadas como obrigações híbridas. Obrigação propter rem é aquela que recai sobre determinada pessoa por força de determinado direito real. Existe somente em decorrência da situação jurídica entre a pessoa e a coisa.
Por exemplo, as obrigações impostas aos vizinhos, no direito de vizinhança, por estarem figurando como possuidores do imóvel.
Das obrigações de fazer
A obrigação de fazer consiste no comprometimento do devedor em realizar, praticar algum ato que resulte num benefício ao credor. Pode ser a prestação de um serviço (é o caso, por exemplo, do médico, advogado, cantor etc.), a produção de alguma coisa (é o caso, por exemplo, do artesão, pintor, construtor, alfaiate etc.), ou, até mesmo, a prestação de uma declaração de vontade (é o caso, por exemplo, do compromisso de compra e venda de um imóvel, que só depois de pago completamente será transferido seu domínio etc.). Assim, o pintor que se compromete a pintar um quadro, a costureira a fazer uma roupa, o advogado a defender uma causa, as partes que realizam um contrato preliminar e se comprometem a realizar um definitivo, todos estão diante de uma obrigação de fazer.
Não se deve confundir obrigação de dar com obrigação de fazer imaginando que quem se obriga a entregar algo está diante de uma obrigação de fazer a entrega, pois, na primeira, a prestação é a entrega da coisa, e, na segunda, a prestação é a produção de alguma coisa; é entrega de uma coisa feita anteriormente. Além disso, existem outras características que distinguem uma da outra.
Na obrigação de dar, a prestação é a entrega de uma coisa já existente, e o que é levado em conta é essa coisa, e não quem a deve, ou seja, a obrigação resolve-se com a entrega da coisa independentemente de quem a efetuou. Na obrigação de fazer, a prestação é a produção, confecção da coisa. Além disso, essa irrelevância de quem cumpriu a obrigação não ocorre nas obrigações de fazer personalíssimas, onde o simples cumprimento dela não tem validade se não foi realizado pela pessoa que foi contratada, designada para tal.
Há duas espécies de obrigação de fazer, a saber:
a) Fungível - caracteriza-se pela irrelevância da pessoa do devedor na obrigação de fazer, ou seja, não importa quem vai praticar, realizar o ato, o que importa é o seu resultado, ficando a escolha do devedor produzi-lo ou que outra pessoa o faça em seu lugar. Assim, se o sujeito encomenda a limpeza de seu veículo, não importa quem irá fazê-la, mas sim, que seja feita.
b) Infungível - neste caso a pessoa do devedor é relevante. A prestação só terá validade para o credor se realizada pela pessoa que ele escolheu em função de suas qualidades, em função da natureza da prestação ou de disposição contratual. É, então, uma obrigação personalíssima (intuitu personae), posto que não pode ser realizada por outra pessoa senão o próprio devedor, o próprio contratado.
Dispunha o artigo 878, do Código Civil de 1916, que: "Na obrigação de fazer, o credor não é obrigado a aceitar de terceiro a prestação, quando for convencionado que o devedor a faça pessoalmente", ou seja, só é infungível aquela obrigação em que as partes a determinarem como tal, convencionando a não possibilidade de substituição da pessoa do devedor. Porém, existe obrigação que se pode identificar sua infungibilidade, mesmo que as partes não a tenham definido como tal, em função de sua natureza, uma vez que o credor só contratou determinada pessoa devido às suas características pessoais. Assim, se Milton Nascimento é contratado para fazer um show, é inadmissível que outra pessoa apareça em seu lugar para cantar; neste caso, o credor não é obrigado a aceitar.
O não cumprimento de uma obrigação de fazer pode ocorrer por impossibilidade ou por inadimplemento. No caso de impossibilidade (não realização) do cumprimento da obrigação de fazer (tanto fungível como infungível), deve-se analisar se ela ocorreu com ou sem culpa do devedor, posto que terão conseqüências diversas, conforme determina o artigo 248, do Código Civil de 2002: "Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos". Então, se ocorreu a impossibilidade sem culpa do devedor resolve-se a obrigação, isto é, o negócio é desfeito (se eventualmente o devedor recebeu antecipadamente algum valor em pagamento pela prestação ele devolverá) e as partes voltam à mesma situação em que se encontravam antes; mas se houve culpa do devedor (foi o responsável, o causador da impossibilidade), este responderá por perdas e danos, ou seja, pagará uma indenização pelo não cumprimento; sofrerá, portanto, uma execução genérica.
No caso de inadimplemento por parte do devedor, não cumprindo a obrigação que só por ele poderia ser feita, ou seja, só ele poderia tê-la cumprido, mas se recusou, não o fez porque não lhe convinha; deixou de cumprir voluntariamente. Trata-se aqui de uma obrigação infungível na qual, ocorrendo o seu não cumprimento, estará sujeito o devedor a uma execução genérica (posto que seria inadmissível obrigar alguém a fazer alguma coisa usando força física para isso – seria uma ofensa à liberdade individual do devedor), estando ele obrigado a pagar uma indenização correspondente às perdas e danos, segundo o artigo 247 do Código Civil: "Incorre também na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível".
Todavia, se a obrigação for fungível, ou seja, puder ser realizada por outra pessoa que não o próprio devedor, fica à escolha do credor pedir a indenização por perdas e danos (execução genérica) ou exigir que a obrigação seja realizada por terceiro à custa do devedor (execução específica), ou seja, o juiz ordenará que uma outra pessoa faça o combinado entre devedor e credor, sendo depois este serviço cobrado do devedor e pago por ele, conforme regra do artigo 249, do Código Civil: "Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível". Vale lembrar que o credor não pode, em regra, mandar que terceiro execute a obrigação à custa do devedor por conta própria, ele deve requerer ao juiz (nos próprios autos do processo), o qual decidirá que terceiro realize a obrigação (artigos 816 e 817, Código de Processo Civil) ou, segundo o parágrafo único do art. 249, "em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido".
Pode ocorrer também o não cumprimento da obrigação de prestar declaração de vontade (que consiste na promessa do devedor, num contrato preliminar, de realizar com o credor um contrato definitivo). Neste caso, se uma das partes se recusa a prestar declaração de vontade, a outra poderá obter uma sentença judicial que substitua esta declaração (preceito cominatório), de acordo com o art. 501, do Código de Processo Civil: "Na ação que tenha por objeto a emissão de declaração de vontade, a sentença que julgar procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida". Assim, num contrato de compromisso de compra e venda, o qual exige a existência de um contrato definitivo futuro, as partes se comprometem a realizar um contrato de compra e venda transferindo o domínio; se uma delas se recusa a assinar este contrato (fato ao qual ela se comprometeu a fazer no contrato preliminar), a outra obterá do judiciário umasentença que terá validade de assinatura do contrato pela parte omissa.
Das obrigações de não fazer
A obrigação de não fazer consiste no compromisso que o devedor assume com o credor de não praticar determinado ato, de não fazer determinada coisa. Assim, aquele vizinho que se compromete a não aumentar seu muro, ou a não construir nenhum prédio, aquele comerciante que aliena seu estabelecimento e se compromete a não abrir outro da mesma espécie do alienado na mesma rua, todos estão diante de uma obrigação de não fazer.
Porém, para que tenha validade a obrigação deve ser lícita, isto é, uma pessoa só pode se obrigar a não fazer alguma coisa se este fato não ferir sua liberdade individual. Assim, é ilícita a obrigação de não andar pela rua, de não falar, de não viajar etc., posto que este tipo de restrição é absolutamente contrário aos direitos do cidadão e, conseqüentemente, aos fins de uma sociedade.
O inadimplemento deste tipo de obrigação se dá quando o devedor, que se comprometeu a abster-se de determinado ato, descumpre sua promessa, praticando-o. Se isto ocorre sem culpa dele, ou seja, torna-se impossível não praticar o ato, resolve-se a obrigação, conforme o art. 250, do Código Civil: "Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar". Dessa forma, se o devedor se comprometeu a não vender seu imóvel a outra pessoa que não o credor, e este imóvel é desapropriado pelo município, tornou-se impossível ao devedor cumprir a obrigação.
Entretanto, se o inadimplemento ocorreu por culpa do devedor, aplica-se a regra do art. 389, CC: "Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado", ou seja, pagará indenização ao credor.
Mas o não cumprimento da obrigação pode ocorrer por um ato voluntário do devedor, ou seja, ele pratica o ato que se comprometeu a não praticar. Nesse caso, leva-se em consideração a possibilidade de se desfazer o ato.
No caso da possibilidade de se desfazer o ato, aplica-se a regra do artigo 251, do Código Civil: "Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos", ou seja, assim como na obrigação de fazer, o juiz ordenará que uma outra pessoa desfaça o ato praticado pelo devedor, sendo depois este serviço cobrado dele e, além disso, também responderá por perdas e danos.
Se não for possível desfazer ato praticado com culpa do devedor, aplica-se o disposto no art. 389 do Código Civil, já citado, e no parágrafo único, do art. 823, do Código de Processo Civil: "Não sendo possível desfazer-se o ato, a obrigação resolve-se em perdas e danos, caso em que, após a liquidação, se observará o procedimento de execução por quantia certa.".
Obrigação de dar propriamente dita e obrigação de restituir, das obrigações de dar coisa certa e coisa incerta.
Obrigação de dar é a obrigação do devedor de entregar alguma coisa ao credor. A entrega, pelo devedor, da coisa devida ao credor denomina-se tradição.
As obrigações de dar podem ser: obrigação de dar propriamente dita e obrigação de restituir.
Na obrigação de dar propriamente dita o devedor é o dono do objeto, daquilo que é devido, e deve entregá-lo ao credor, pois a ele é devido. Já nas obrigações de restituir (dar de volta, devolver), o objeto que o devedor tem em mãos pertence ao credor, devendo devolvê-lo ao credor. Caracteriza obrigação de restituir, por exemplo, a existente no comodato, pois o devedor (comodatário) tem em mãos coisa alheia e está sujeito a devolvê-la.
As obrigações de dar dividem-se também em obrigação de dar coisa certa e de dar coisa incerta, em função das características de seu objeto.
Das obrigações de dar coisa certa
A obrigação de dar coisa certa consiste num vínculo que obriga a entrega ou a restituição pelo devedor de uma coisa específica, individualizada, qualificada, exclusiva, não sendo o credor obrigado a aceitar outra no lugar dela, ainda que de maior valor.
Além disso, os acessórios da coisa também são devidos pelo devedor (reafirmando preceito do art. 92, in fine, do Código: é bem "acessório, aquele cuja existência supõe a do principal"); só não serão se resultarem do título ou das circunstâncias do caso, conforme art. 233, do Código Civil, ou seja, "a obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso".
O Código Civil trata da possibilidade da coisa certa devida, se perder (extinguir) ou se deteriorar (danificar, estragar), com ou sem a culpa do devedor, antes da tradição (entrega da coisa), tanto nos casos de obrigação de dar coisa certa como nos de restituir.
Se a coisa se perder sem culpa do devedor, tanto na obrigação de dar coisa certa como na de restituir, ela se resolverá para ambas as partes, ou seja, sofre a perda o credor. Porém, se esta perda ocorrer com culpa do devedor, ele deve responder pelo equivalente à obrigação e ainda pagar uma indenização ao credor, isto é, pagar perdas e danos (artigos 234 a 238, do Código Civil).
Se a coisa se deteriorar sem culpa do devedor, no caso de obrigação de dar coisa certa, fica a critério de o credor dar por resolvida a obrigação, sofrendo os prejuízos da deterioração, ou aceitar receber a coisa na condição que estiver, abatendo em seu preço o valor que perdeu (art. 235, Código Civil); em se tratando de obrigação de restituir, o credor receberá a coisa no estado em que se encontrar, sem direito a indenização (art. 238, Código Civil).
Se houver culpa do devedor sobre a deterioração da coisa, tanto na obrigação de dar coisa certa como na de restituir, o credor poderá exigir o equivalente à coisa, ou aceitá-la como estiver, com direito a reclamar, em um ou outro caso, indenização pelas perdas e danos (art. 236, Código Civil).
Estabelece ainda o Código que, como até o momento da tradição o devedor é o dono da coisa, ele pode exigir aumento do preço em função de melhoramentos e acréscimos, podendo resolver a obrigação se o credor não anuir às suas exigências. Também em função da propriedade antes da tradição, todos os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes (art. 237, Código Civil). 
Das obrigações pecuniárias 
Obrigação pecuniária é a obrigação de entregar dinheiro, por assim dizer, saldar a dívida em dinheiro. É uma espécie particular de obrigação de dar, que ao contrário das demais, não tem por objeto a coisa, mas sim, o dinheiro.
De acordo com o art. 315 do CC "as dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes", os quais prevêem a possibilidade de corrigi-lo monetariamente.
O art. 317, do CC, também versando a respeito estabelece que "quando por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quando possível, o valor real da prestação".
O Código Civil preceitua inclusive que "é ilícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas" (art. 316), e que "são nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial" (art. 318).
A distinção que pode ser feita entre a dívida em dinheiro e a dívida de valor se funda em ter a primeira, por objeto da prestação, o próprio dinheiro, e a segunda, o fato de o dinheiro não constituir o objeto da prestação, mas apenas representa seu valor.
Como exemplo de dívida de valor, podemos citar a obrigação de indenizar, decorrente da prática de um ato ilícito, já que seu montante deve corresponder ao do bem lesado.
As obrigações de saldar a dívida em dinheiro compreendemtambém, além das dívidas pecuniárias e das dívidas de valor, as dívidas remuneratórias, representadas pelas prestações de juros, que possui, por sua vez, natureza acessória, uma vez que pressupõe a existência de uma dívida de capital. 
Das Obrigações de dar coisa incerta
A obrigação de dar coisa incerta caracteriza-se pela existência de um vínculo entre credor e devedor, através do qual este deve para aquele uma coisa não específica, não considerada em sua individualidade. Mas esta coisa deve ser definida pelo menos pelo gênero (espécie a qual ela pertence, por exemplo: um cavalo, um carro, um computador etc) e a quantidade. Assim, se A deve para B um cavalo de determinada raça, não importa a B a cor ou o comportamento do animal, importa apenas receber o que lhe é devido.
A obrigação de dar coisa incerta, porém, torna-se obrigação de dar coisa certa no momento em que é feita a escolha. Em regra é feita pelo devedor, que deve escolher dentro de uma média: não pode escolher a pior, mas também não está obrigado a dar a melhor, conforme art. 244, Código Civil: "Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação. Mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor".
Disso decorre que o devedor não poderá alegar perda ou deterioração da coisa antes da escolha, ainda que por força maior ou caso fortuito, pois, como a coisa não foi escolhida, pode ser dada outra em seu lugar (art. 246, Código Civil). Esta é uma desvantagem em relação à obrigação de dar coisa certa, pois nela, havendo perda ou deterioração sem culpa do devedor, ele está desobrigado da prestação, o que não ocorre se o objeto desta for coisa incerta.
Depois de feita a escolha, segundo o artigo 245 do Código Civil, vigorará o disposto sobre as obrigações de dar coisa certa.
Conceito e diferenças entre obrigações facultativas e alternativas (escolha da coisa, divisibilidade da obrigação) e conceito e diferenças entre obrigações divisíveis e indivisíveis.
Obrigações alternativas e obrigações facultativas
As obrigações alternativas são compostas, ou seja, possuem uma multiplicidade de objetos, sendo que a entrega de apenas um será suficiente para satisfazer a obrigação e para liberar o devedor (o que as diferencia das obrigações cumulativas ou conjuntivas). Ela se difere das obrigações de dar coisa incerta, porque nestas o objeto da obrigação é um só, apenas indeterminado quanto à qualidade, ao passo que nas obrigações alternativas há vários objetos e a escolha recaí sobre apenas um deles. 
Para doutrina a obrigação facultativa é uma espécie sui generis da obrigação alternativa. Ela somente pode ser equiparada a obrigação alternativa quando observada pela ótica do devedor, posto que, para o credor, ela é uma obrigação simples. As obrigações facultativas não estão previstas no Código Civil, somente existindo na doutrina, por ser considerada semelhante à obrigação alternativa, embora existam algumas diferenças essenciais entre elas, conforme se verá. 
Uma questão importante refere-se a terminologia facultativa, que é inadequada, tendo em vista que, se é obrigação, existe um vínculo de coerção, não havendo, pois, que se falar em faculdade, que é sinônimo de liberdade, arbítrio. Portanto, existe uma certa contradição em sua terminologia. Segundo o autor Washington de Barros Monteiro, uma denominação mais aproximada do verdadeiro sentido dessa obrigação, mas não muito satisfatória, foi a contida no projeto de reforma do Código Argentino (1936), que a definia como "obrigações de pagamento facultativo" aquela que não tem por objeto senão uma só prestação, razão pela qual confere ao devedor a faculdade de substituí-la por outra. Porém, considera com maior exatidão a definição de Ennecerus-Kipp-Wolff, ao dizer se tratar de "obrigações com faculdade alternativa", com faculdade de solução ou com faculdade de substituição. 
Uma grande diferença, senão a principal, entre obrigações facultativas e alternativas diz respeito ao seu objeto. 
Se alternativa, os objetos estarão ligados pela expressão disjuntiva ou, havendo duas ou mais opções de adimplemento pelo devedor, sendo que ela se extinguirá com a entrega de apenas um dos objetos existentes, ou seja, há pluralidade de objetos e todos são devidos até que se entregue um deles. Ex.: "Porco" deve para "Mancha" uma gazela ou um gambá - "Porco" será liberado da obrigação entregando a gazela ou o gambá a "Mancha", ou seja, basta a entrega de um deles, não sendo necessária a de ambos.
Já a obrigação facultativa é simples, ou seja, um único objeto é devido, e somente é facultado ao devedor exonerar-se dela oferecendo outro no lugar daquele, não podendo, porém, ser obrigado pelo credor a dar outra coisa, posto que este somente pode exigir a prestação obrigatória originariamente acordada. 
Outra diferença entre as duas espécies de obrigação está em quem compete fazer a escolha da coisa. Na obrigação alternativa, em regra, quem realiza a escolha é o devedor, podendo as partes convencionarem de forma diversa. Pode, ainda, nos termos do artigo 252, § 4º, do CC, a opção pela escolha ser deferida, de comum acordo, a um terceiro e, se este não aceitar o encargo, a escolha caberá ao Magistrado. O devedor, cientificado da escolha, fará a concentração, na qual escolherá um objeto, e essa escolha será definitiva, transformando a obrigação em simples. Nesta obrigação, o devedor não pode obrigar o credor a receber parte em uma obrigação parte em outra, porém, se a obrigação for em prestações periódicas, a concentração será exercida a cada período, podendo, assim, em cada período o devedor escolher um bem diferente. Em regra, o contrato deve trazer um prazo para que o devedor faça a escolha e, não o fazendo, o devedor deverá ser notificado para sua constituição em mora. Caso a escolha caiba ao credor e o contrato não fixe um prazo, ele será citado para escolher em 5 dias, sob pena de, não o fazendo, a escolha recair sobre o devedor. Por fim, havendo pluralidade de optantes e não havendo um consenso entre eles, a decisão competirá ao Juiz (artigo 252, § 3º, do CC). 
Já nas obrigações facultativas competirá somente ao devedor a escolha de outra coisa para dar em troca, não sendo possível ao credor, em hipótese alguma, fazê-la, nem mesmo em caso de acordo entre as partes. 
Além disso, na obrigação alternativa, se impossível ou inexequível o objeto, ela continua existindo em relação aos demais.Trata-se da impossibilidade material. No caso de impossibilidade jurídica da obrigação, toda esta ficará contaminada, sendo que nenhuma das obrigações será exigível. Caso, todavia, uma das obrigações não possa ser cumprida, desde acordada a avença, a obrigação será alternativa apenas em aparência, uma vez que, na verdade, será uma obrigação simples. Se a impossibilidade de uma das prestações for superveniente e ocorrer sem culpa do devedor, a dívida ficará concentrada na outra obrigação. Caso a perda de uma obrigação se dê por culpa do devedor e a ele competia a escolha, a obrigação subsistirá em relação a outra. Caso, porém, ocorra a impossibilidade de todas as obrigações sem culpa do devedor, a obrigação se resolverá, porém, havendo culpa deste, o devedor ficará obrigado a pagar ao credor o valor da obrigação que por último se impossibilitou e perdas e danos. Por fim, caso a escolha caiba ao credor, ele pode exigir o valor de qualquer prestação (e não necessariamente da que por último pereceu) e as perdas e danos. Caso, entretanto, apenas uma obrigação se torne impossível, ele poderá escolher a subsistente ou o valor da perdida acrescido de perdas e danos. 
Se impossível ou inexequível a obrigação facultativa, a mesma se extingue. Na obrigação facultativa, basta o perecimento do objeto sem culpa do devedor para a mesma se torne extinta, enquanto que na alternativa é necessário o perecimento de todos os objetos sem culpa do devedor para a mesma se extinguir, assim sendo ela será válida se apenas uma prestação estivercom vício. 
Obrigações divisíveis e indivisíveis
Diferente do que ocorre com as obrigações alternativas e facultativas, nas obrigações divisíveis e indivisíveis o que se observa é uma pluralidade de sujeitos, e não de objeto. Essa classificação somente será relevante se houver pluralidade de credores ou de devedores, pois, assim não sendo, a obrigação será simples. Elas estão reguladas no Livro I (Do direito das obrigações), Título I (Das modalidades das obrigações), Capítulo V (Das obrigações divisíveis e indivisíveis) do Código Civil. 
Entende-se por obrigação divisível aquela em que seu objeto pode ser dividido em quantas partes forem necessárias, sem perder o seu valor e sem sofrer alterações em sua substância. Dispõe o art. 257, do Código Civil, que "havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores". Desta forma, cada devedor só deve a sua cota sendo que, a insolvência de um não implicará no aumento da cota dos demais, diferente do que ocorre na solidariedade. 
Entende-se por obrigação indivisível, segundo citação de Sílvio Rodrigues, em Direito Civil, Parte Geral das Obrigações, como "quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato que não é suscetível de divisão por sua natureza ou pelo modo por que foi considerado pelas partes contratantes", ou, ao contrário da obrigação divisível, sua divisão resultar na perda do valor do objeto ou em alterações de sua substância. 
O problema referente à divisibilidade ou não de uma obrigação está relacionado às obrigações complexas, onde há pluralidade de credores e/ou devedores, pois nas obrigações simples não há que se falar em divisibilidade ou não da prestação, pois há apenas um credor e um devedor, não importando se o objeto da obrigação é divisível ou não.
Para parte da doutrina, a divisibilidade ou indivisibilidade da obrigação está diretamente relacionada a divisibilidade ou a indivisibilidade da prestação em si, e não de seu objeto. Porém, para Carlos Roberto Gonçalves, "a divisibilidade ou indivisibilidade da prestação confunde-se com a de seu objeto, sendo lícito afirmar que a obrigação é divisível quando é possível ao devedor executá-la por partes; indivisível, no caso contrário".
O Código Civil, em seu artigo 87, define bens divisíveis como os que podem fracionar sem alteração de sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam, de forma que, após a divisão, o objeto continua existindo em sua essência. A indivisibilidade, por seu turno, decorre, em regra, da natureza das coisas, porém podem decorrer de determinação legal (servidões prediais, por exemplo); da vontade das partes ou de ordem judicial. 
Se em uma relação jurídica obrigacional há mais de um credor, cada um tem direito apenas a determinada parte da obrigação, bem como se há mais de um devedor, é fato que cada um será responsável apenas por determinada parte do objeto, ou seja, ele se divide em quantas partes forem, como determina a regra concursu partes fiunt, bem como a regra do art. 257 do CC. 
Entretanto, não há possibilidade de aplicação dessa regra nos casos de obrigação solidária e de obrigação indivisível. Se vários são os credores e cada um tem direito a uma parte da prestação, se for uma obrigação solidária ou indivisível, um único credor receberá integralmente aquilo que pertence também aos demais. A mesma coisa acontece se vários são os devedores, pois qualquer um deles será obrigado a entregar integralmente aquilo de que devia apenas em parte. A esses casos aplica-se o artigo 258 do CC, que aduz que "a obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico" e o artigo 259, que proclama que, "se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda". 
Para o caso de pluralidade de devedores de objeto indivisível ocorre a mesma situação dos casos de solidariedade, ou seja, cada devedor deve uma parte, mas é responsável pela dívida inteira, aplicando-se a regra do art. 259, "caput", do Código Civil. Assim, como na solidariedade, o devedor que pagou a dívida por inteiro pode cobrar ressarcimento dos demais codevedores por meio de ação regressiva. Neste sentido, dispõe o artigo 259, parágrafo único, do CC que "o devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados" e o artigo 261 que proclama que "se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total". 
Já em relação a pluralidade de credores de objeto indivisível, cada um deles tem direito de exigir a dívida inteira, também como nas obrigações solidárias, mas o(s) devedor(es) só se desobriga(m) da dívida se o pagamento for efetuado a todos os credores conjuntamente, ou a apenas um, desde que este dê alguma garantia aos demais de que irá pagar suas partes. Neste sentido, dispõe o artigo 260 do CC que: "se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão pagando: I - a todos conjuntamente. II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores". 
O Código prevê, ainda, a possibilidade de remissão da dívida por parte de um dos credores, determinando que a obrigação subsiste em relação aos demais, porém, diminuída da parte remitida, logo, havendo remissão de apenas um dos credores, não ocorrerá a extinção da obrigação para os demais. Neste sentido, é a redação do artigo 262, que afirma que, "se um dos credores remitir a dívida a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a cota do credor remitente". Nas obrigações indivisíveis, todavia, esse desconto será impossível. Com efeito, aduz o parágrafo único do mencionado artigo que "o mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão". 
A obrigação de dar pode ser divisível ou não, dependendo da natureza de seu objeto, ou seja, se o objeto for divisível a obrigação também o será, caso contrário, em havendo indivisibilidade do objeto, a obrigação será indivisível. A mesma regra aplica-se às obrigações de fazer. Porém, as obrigações de não fazer, em regra, são indivisíveis, sendo somente divisível se a pessoa obriga-se a não fazer determinados atos completamente independentes entre si e faz um ou outro. 
Por fim, estabelece o Código Civil, em seu artigo 263, que a obrigação indivisível, ao se perder por culpa do devedor, se converte em perdas e danos, perdendo sua indivisibilidade. Neste sentido, afirma que "perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos". Assim, no lugar do objeto desaparecido, o devedor dará seu equivalente em dinheiro mais perdas e danos e este, por seu turno, pode ser dividido. O parágrafo 1º do mencionado artigo afirma que "se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais" e o parágrafo 2º aduz que "se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos", face o caráter pessoal da culpa. 
Cessão de crédito (conceito, requisitos, espécies e efeitos), assunção de dívidas (conceito, espécies e efeitos) e cessão de contrato (conceito e efeitos).
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As obrigações podem ser transmitidas por ato inter vivos ou em razão da morte de algum dos sujeitos da relação contratual, caso em que a transmissão será regulada pelo direito das sucessões. Caso, porém, a transmissão se de por ato inter vivos, ela poderá operar-se de duas formas: através da cessãodo crédito ou da assunção da dívida. Em ambos casos haverá a substituição dos sujeitos que ocupam um dos pólos da relação obrigacional sem que altere, por seu turno, a obrigação.
Além dessas duas formas de transmissão das obrigações previstas no Código Civil (artigo 286 a 303) a doutrina admite a existência de uma terceira: a cessão de contrato, ou da posição contratual, a qual será analisada no momento oportuno.
Cessão de Crédito
É um negócio jurídico de feição nitidamente contratual, pelo qual o sujeito ativo de uma obrigação transfere seu crédito a terceiro, estranho ao negócio originário, independentemente da concordância do devedor. Essa transferência pode se dar a título gratuito, mas a regra geral é que seja a título oneroso. Salvo disposição em contrário, pela cessão são transferidos também os acessórios da obrigação.
Ela comporta três figuras jurídicas: o cedente - é o credor que transmite o direito; o cessionário - é o beneficiário pela transmissão; e o cedido - é o devedor, a quem incumbe cumprir a obrigação, ou seja, é o sujeito passivo da obrigação.
O crédito se apresenta como um bem de caráter patrimonial e capaz, portanto, de ser negociado, uma vez que possui valor de comércio. Não podem ser cedidos créditos inalienáveis por natureza, por lei, ou por convenção com o devedor. A cessão de crédito pode ser intransferível se o credor e o devedor assim o convencionarem porém, para valer contra terceiros de boa-fé, é necessário que essa cláusula proibitiva conste no instrumento da obrigação.
Embora a lei não faça nenhuma menção, nada impede que haja cessão parcial do crédito mas, para isso, o devedor deve ser claramente informado e essa multiplicidade de credores não deve lhe causar maiores gastos, isto é, sua situação não poderá ser agravada sem a sua concordância.
A cessão não se confunde com compra e venda, pois esta possui 2 figuras (comprador e vendedor) e tem por objeto bens materiais; já a cessão possui 3 figuras (cedente, cedido e cessionário) e objetiva sempre direitos (bens imateriais). Não se confunde também com a novação pois, enquanto nesta há um novo crédito que substitui o anterior, extinguindo-se a obrigação originária, na cessão é o mesmo crédito que subsiste, transferindo-o com todos os seus acessórios, não ocorrendo a extinção da obrigação, mas apenas a mudança de sujeito ativo.
A cessão se distingue, igualmente, da sub-rogação. Enquanto naquela o caráter especulativo é elementar, nesta não se visa o propósito de lucro. A cessão só produz efeito após a notificação do devedor, o que não ocorre na sub-rogação. Existe a sub-rogação por força de lei, enquanto a cessão é ato voluntário. 
Por fim cumpre esclarecer que ela possui natureza contratual. É um contrato consensual mas que muitas vezes obrigará um escrito particular ou uma forma pública. Quando a cessão é gratuita, assemelha-se a uma doação; quando é oneroso, o que ocorre na grande maioria, assemelha-se a compra e venda. 
Requisitos de validade
Para que a cessão de crédito possua validade são necessários 3 requisitos, previstos no art. 104 do Código Civil, são eles:
a) Capacidade: é necessário que o agente possua capacidade não apenas para os atos jurídicos em geral, mas também a legitimação para praticar tais atos de alienação. Por exemplo, carece de legitimação o tutor pois não pode adquirir bens do pupilo, não podendo, portanto, adquirir-lhe um crédito.
b) Objeto: em regra, qualquer crédito pode ser cedido, salvo se não se opuser a natureza da obrigação (direitos personalíssimos ou aqueles créditos de caráter assistencial como, por ex., crédito alimentício); a expressa disposição da lei (indenização derivada de acidente de trabalho, direitos previdenciário etc.) ou, embora a lei silencie, o crédito que não encontra guarida jurídica, por atentar contra moral ou os bons costumes; e a convenção de intransmissibilidade com o devedor, sendo que, neste caso, a proibição somente poderá ser oposta a terceiro se constar do instrumento da obrigação.
c)  Forma: por se tratar de um negócio não solene e consensual, a lei não impõe qualquer forma específica para as relações entre cedente e cessionário. Porém, para valer contra terceiros é necessário que a celebração da cessão siga a forma prescrita em lei, isto é, seja realizada por instrumento público ou particular, com a assinatura de duas testemunhas, e o instrumento seja transcrito no Registro Público. Para vincular o devedor na cessão se faz necessário a sua notificação. A notificação ao devedor possui duas finalidades:
dar-lhe ciência da transmissão do crédito;
vinculá-lo a nova relação jurídica.
Com essas duas finalidades surgem as seguintes situações: a partir do momento em que tomou ciência da transmissão do crédito, o devedor não mais poderá resgatar o seu débito pagando ao credor primitivo (cedente), ou seja, a notificação tem o condão de ligá-lo a nova relação jurídica; no instante em que é notificado, o devedor pode opor, tanto ao cedente quanto ao cessionário, as exceções que lhe competirem, tais como alegar que o crédito não mais existe, pois já pagou a dívida; que já houve compensação, ou existe algum vício (erro, dolo ou coação).
Não é necessária a notificação quando o devedor, em escrito público ou particular, declarou ciente da cessão efetuada. 
Espécies de cessão de crédito
Existem 5 espécies de cessão de crédito. São elas:
a) Cessão de crédito convencional: é a forma comum de cessão, através da qual o cedente e cessionário celebram a cessão e, após, notificam o devedor-cedido. 
b) Cessão de crédito pro soluto: com a transferência o cedente deixa de ter qualquer tipo de responsabilidade pelo crédito, salvo pela sua existência. 
c) Cessão de crédito pro solvendo: caso o cedido não efetue o pagamento do crédito, o cedente se torna responsável por esse pagamento. 
d) Cessão de crédito judicial: se opera por força da decisão do magistrado. Ex.: É o que ocorre na partilha, quando um crédito do falecido é atribuído a um herdeiro. 
e) Cessão de crédito legal: são hipóteses raras em que a lei determina a cessão. Ex.: a cessão que o reivindicante deve fazer ao possuidor de boa-fé que pagou o valor da coisa existente em poder de terceiro. 
Efeitos
A cessão de crédito possui dois efeitos:
a) Transfere a titularidade do crédito: é a mesma relação jurídica, com todas as suas garantias e acessórios, salvo estipulação em contrário, que se transfere do cedente para o cessionário.
b) Garantia da existência do crédito: tratando-se de cessão a título oneroso, o cedente garante a existência do crédito no momento da cessão. Só estará obrigado a responder pela solvência do devedor-cedido após a transferência do crédito se assim o fizer expressamente, do contrário, só responderá pela existência do crédito e pela solvência do devedor no momento da cessão. Tratando-se de cessão a título gratuito, feita de boa-fé ou por disposição da lei, o cedente não responde pela existência do crédito e nem pela solvência do devedor. 
Uma vez penhorado o crédito, não pode mais o credor cedê-lo, pois a penhora, produzindo efeitos, vincula o bem ao resgate da obrigação, e o fato de sua cedência representa fraude à execução. 
Assunção de dívida
É um negócio jurídico pelo qual o devedor transfere para outra pessoa sua posição passiva na relação jurídica, de modo que esta o substitua na obrigação. Para que ocorra essa troca do sujeito passivo é necessário a concordância expressa do credor, pois a figura do devedor é de alta relevância para o credor, já que o valor do débito depende sempre da solvência deste.
A assunção não se confunde com a novação subjetiva passiva pois nesta a relação jurídica se extingue, formando-se uma nova; naquela a relação jurídica é a mesma, mudando apenas o sujeito passivo. Difere também da cessão de crédito, já que nesta a troca de sujeito ativo independe da anuência do devedor; enquanto na assunção é indispensável que o credor concorde com a mudança de devedor.
As garantias especiais do devedor primitivo se extinguem com a assunção,salvo se houver concordância expressa dos garantidores, ou seja, se o débito está garantido por fiador ou terceiro hipotecante, devem estes concordar expressamente com a substituição para continuarem como garantidores, pois não são obrigados a garantir um devedor que não conhecem. Se o credor aceitar a substituição do devedor sem o consentimento expresso do fiador ou terceiro hipotecário, estes deixarão de garantir o débito.
O devedor primitivo se libera totalmente do débito. A solidariedade entre devedor primitivo e o novo devedor só vai existir pela lei ou pela vontade das partes.
Os casos mais conhecidos de assunção de dívida são os de venda de estabelecimento comercial, fusão de duas ou mais pessoas jurídicas e a dissolução de sociedades, quando um ou alguns dos sócios assumem dívidas da pessoa jurídica no próprio nome. 
Sua natureza jurídica é contratual. Ela é um negócio bilateral, quer seja realizado entre credor e terceiro, quer entre devedor e terceiro, com a concordância do credor. Da mesma maneira que a cessão de crédito, deve-se observar determinada forma se a lei exigir forma especial, capacidade e legitimação das partes. 
Espécies
Há duas espécies:
a) Expromissória: acordo entre terceiro e o credor. Não há necessidade de consentimento do devedor, pois é o credor que realiza o negócio com o terceiro que irá substituir o antigo devedor.
b) Delegatória: acordo entre terceiro e o devedor. É necessário o consentimento expresso do credor.Há um único caso onde admite-se o consentimento tácito, que ocorre quando o credor, notificado da assunção da dívida garantida por hipoteca pelo adquirente do imóvel hipotecado, não impugna a transferência em 30 dias.
Nessas duas espécies, em regra, o devedor primitivo se libera do débito (assunções liberatórias), salvo se concordar expressamente em se manter solidariamente responsável pela obrigação (assunções cumulativas; adesão; co-assunção; adjunção à dívida). 
Efeitos
Na falta de estipulação expressa, as exceções oponíveis pelo devedor primitivo, desde que não sejam pessoais, transferem-se ao novo devedor.
Caso a assunção seja anulada, restaura-se o débito com todas as suas garantias, exceto as garantias prestadas por terceiros de boa-fé.
No caso de bem imóvel hipotecado, o adquirente se responsabiliza pelo pagamento do crédito garantido; mas, para isso, é necessário que o credor seja notificado, devendo, no prazo de 30 dias, dizer se concorda ou não com essa substituição do sujeito passivo. Caso silencie, entender-se-á que deu seu assentimento. 
Cessão de contrato
A cessão de contrato não é disciplinado pela lei brasileira, mas decorre da análise lógica de que, se é possível transferir separadamente créditos (direitos) e débitos (deveres), é possível também transferi-los de maneira global. Desta forma ela consiste na transferência da posição ativa e passiva do conjunto de direitos e obrigações de que é titular uma pessoa, derivados de um contrato bilateral já constituído, mas cuja execução ainda não se concluiu.
O contrato, como um instituto pleno de direitos e obrigações, é um bem jurídico e possui um valor pecuniário, podendo circular como qualquer outro bem econômico. Na cessão de contrato um único ato transfere toda posição contratual de uma pessoa a outra. O contrato transferido, que constitui o objeto da cessão, chama-se contrato-base e, por transmitir, ao mesmo tempo, direitos e obrigações, ela somente será cabível nos contratos bilaterais ou sinalagmáticos
Como a cessão de contrato implica não só em uma cessão de crédito, mas também uma cessão de débito, o consentimento do cedido é indispensável para a eficácia do negócio em relação a ele. Só não será necessário a anuência do cedido se a cessão era desde logo consentida no próprio instrumento ou se a própria lei autoriza.
A cessão do contrato pode se dar com ou sem a liberação do cedente:
a)  Cessão de contrato com liberação do cedente: ocorre quando há um consentimento, prévio ou externado no tempo da cessão, do credor ou quando a própria lei brasileira permite a cessão independentemente da anuência do credor. Como exemplo destes podemos citar: a cessão de contrato de compromisso de imóvel loteado; transferência de contrato de locação para o adquirente; transferência de contrato de locação para o sublocatário, ocorrendo despejo por falta de pagamento, etc.
b) Cessão de contrato sem liberação do cedente: o cessionário assume a responsabilidade pelas obrigações resultantes do contrato, mas o cedente continua vinculado ao negócio como principal pagador. É o tipo de cessão mais frequente.
Os casos mais recorrentes de cessão de contrato são:
os contratos de cessão de locação;
os contratos de compromisso de compra e venda;
os contratos de empreitada;
o contrato de mandato.
Efeitos
O maior efeito é a substituição de uma das partes do contrato-base, permanecendo este íntegro em suas disposições. Além deste podemos citar outros efeitos, quais sejam:
a) Efeitos entre cedente e cessionário: o cedente é responsável pela existência do contrato, por sua validade e pela posição que está cedendo. Não ocorrendo tais circunstâncias cabe uma indenização ao cessionário por perdas e danos e a devolução do valor pago. Se for a título gratuito, o cedente deverá pagar perdas e danos se agiu de má-fé.
b)  Efeitos entre cedente e cedido: de maneira geral, o cedente se libera com a cessão de contrato. Porém poderá ocorrer das partes se manifestarem expressamente no sentido de que, não cumprindo o cessionário a obrigação contratual o cedente responderá pelo adimplemento. Salvo estipulação em contrário, a responsabilidade do cedente é subsidiária.
c) Efeitos entre cessionário e cedido: ambos passam a ser as partes no contrato base.

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