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TRABALHO I O PAPEL DO PSICÓLOGO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

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O PAPEL DO PSICÓLOGO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
ROBERTO CRUZ
Em 27 de Agosto de 1962, foi acionado o decreto lei que regulamentou a profissão de Psicólogo no Brasil, desde então a Psicologia tem procurado se afirmar como ciência e profissão nas diferentes áreas de conhecimento e campo de aplicação da Psicologia na sociedade.
Três temas serão abordados: Família, Sociedade e Trabalho. 
JULIA BUCHER
FAMÍLIA– Houve um avanço bastante importante, as Universidades estão sensibilizadas para os estudos voltados para estruturas e dinâmicas de famílias, e como o Psicólogo passa a ter uma formação não só para o ponto de vista Clínica, mas voltado também para as questões de transformações da família moderna.
Toda família tem uma estrutura e uma dinâmica ela faz parte do movimento, anteriormente da família tradicional, pois era extremamente bem estruturada, tinha regras definidas, uma hierarquia, o papel masculino era bem definido como o homem provedor, a mulher era a provedora emocional, havia uma regra clara em termos de limites, uma hierarquia como o mundo dos pais e o mundos dos filhos, essa era uma organização que funcionou e que ainda encontramos, mas didaticamente dividimos essas estruturas em família tradicional,família moderna e família pós moderna.
Não podemos dizer que temos um modelo familiar, pois temos estruturas e dinâmicas bem diferenciadas, como também os períodos de transformações do ciclo vital, mudanças de comportamentos e cognição, sendo o papel do Psicólogo muito importante para não ficar fixado nos instrumentos, na forma de leitura como se tudo fosse a mesma coisa, aprender a ver, observar, descobrindo o que tem de original e diferente de todas as estruturas. 
Podemos imaginar que a sociedade tradicional foi se transformando para uma sociedade moderna, por vários fatores como o desenvolvimento tecnológico que trouxe descobertas que alteraram bastante a vida, estruturas, dinâmicas de marido e mulher, da maternidade pois quando a pílula anticoncepcional surgiu a mulher passou a ter uma outra concepção do próprio corpo, passou a ter os filhos que ela quisesse ter, já na sociedade tradicional não havia os mecanismos de escolhas.
Essas transformações todas acabaram também afetando muito as relações conjugais, gerando conflitos inter-relacionais, sexuais, ciúmes em relação ao uso da pílula anticoncepcional e então o Psicólogo tem que estar sempre atento a todos os movimentos de transformações, pois eles provocam uma ruptura entre o conhecido já estabelecido e o medo das mudanças fazendo com que as pessoas acabem dentro de uma posição de fundamentalismo, não querendo avançar e descobrir o que de positivo no novo.
O avanço da tecnologia na medicina trouxe várias mudanças no conceito de paternidade e maternidade, criando outros mecanismos como inseminação artificial, banco de esperma e de repente a figura do pai ficou em segundo plano dentro da sociedade pós-moderna, então o Psicólogo tem que estar preparado, lendo, pesquisando renovando o conhecimento e entendendo as consequências dessas transformações, pois são mais rápidas do que as mudanças extracurriculares.
Há também um aspecto como uma mãe que serve de barriga de aluguel para a filha, ou seja, vira mãe biológica de um neto, sendo a estrutura modificada e muitas vezes, não se tem uma nomenclatura para definir e se adaptar a essa nova realidade; 
Outro aspecto seria acerca do divórcio, começam as restituições desses novos casamentos e tudo isso gera conflitos, na qual o Psicólogo precisa estar atento, pois faz parte do imaginário de como as pessoas introjetaram esses valores e suas respectivas concepções.
O Psicólogo tem que ouvir, sendo um grande tradutor, tem que traduzir tudo o que ouve dentro dos conhecimentos de aspectos teóricos, vai tentando retrabalhar os conflitos para que as pessoas se sintam mais calmas, menos angustiadas e consequentemente com menor sofrimento.
HARTMUT GÜNTHER
SOCIEDADE– A Psicologia é uma ciência com o objetivo transformador da Sociedade, na qual tem o papel de estudar, compreender e modificar o ser humano e a sua subjetividade.
O Psicólogo tem três desafios sociais: 
1º - Preparar as pessoas para aceitar as mudanças que estão por vir
2º - Acompanhar as Mudanças centrais: Mobilidade, Virtualidade e a Participação da Sociedade
3º - Tratar as vítimas das mudanças, que não conseguem se adaptar à nova sistemática. 
A atuação do psicólogo na sociedade é fundamental para entender como o ser humano constrói sua história, correlacionando o meio ambiente na qual as pessoas estão inseridas, conhecendo os aspectos da sua subjetividade nas relações sociais e interpessoais, entendendo as suas expectativas para o futuro, os conflitos do seu passado e o seu cotidiano na construção do seu presente.
Nada mais prático que uma boa teoria, tendo a dicotomia entre a aplicação e teoria, sendo essencial um vasto estudo teórico das abordagens metodológicas.
ADRIANO PEIXOTO
TRABALHO– As tecnologias causam impactos direto no trabalho, em funções das transformações tecnológicas que hoje estamos vivenciando na sociedade, é possível expandir a produção sem necessariamente expandir o número de pessoas que estaria trabalhando e isso gera um impacto na produtividade das organizações.
No aspecto evolutivo, a prática da Psicologia nas organizações desenvolveu-se a partir do início do século XIX, sob o nome de Psicologia industrial, sendo definida como "o estudo do comportamento humano nos aspectos da vida relacionados com a produção, distribuição e uso dos bens e serviços de nossa civilização, dedicando-se à aplicação dos conhecimentos no comportamento humano para a solução dos problemas no contexto industrial.
Desde então, a prática da Psicologia no mundo do trabalho foi se modificando, e embora não pareça haver consenso entre os autores sobre as terminologias utilizadas, percebe-se uma ampliação do seu aspecto de atuação ao longo do tempo. 
Nós temos várias denominações, mas só temos um campo de trabalho, pois os nomes apontam para os objetos e não para as cisões teóricas.
Quando falamos em termo de Psicologia do Trabalho, estamos falando em desenvolvimento de sistema de trabalho, relação entre indivíduo e o ambiente, melhoria de desempenho, análise de cargos e salários, ergonomia, a segurança ocupacional, o bem-estar, estresse e qualidade de vida, estamos nesse nível de ação. Quando falamos em Psicologia Organizacional, estamos falando de mudanças, transformações, grupos, equipes e comunicação, são outros níveis de análises. E quando falamos em Psicologia de Recursos Humanos e Pessoal, temos o foco em recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, essas aéreas vão se interpenetrando e que essas divisões têm fronteiras atenues, onde transitamos de um lado para o outro e continuamos dentro de um mesmo elemento.
O que caracteriza a nossa área, fundamentalmente nós somos um campo de aplicação, produzimos conhecimento, e nosso principal papel e ser um profissional pesquisador, pois nos deparamos com um conjunto muito grande de transformações na sociedade, trazendo grandes desafios para o nosso conhecimento, tem que ter essa abertura para identificar o novo, levantar sistematicamente a informação, buscar compreender e focar a nossa atenção em função disso.
Existem algumas áreas da Psicologia Organizacional que recebem menor atenção, como o desenho de ambiente de trabalho relacionados a saúde e segurança, estamos falando de layout, identificação de fonte de perigo, avaliação e especificação de elementos ambientais, inclusive iluminação, disposição de móveis e fluxo de informações, a interação de homem e máquina chamada ergonomia, temos também uma área relacionada a negociação e técnicas de relaçõesintergrupais, motivação e insatisfação que ficam soltas e esquecidas que não damos devida importância.
Temos enormes diversidades de áreas com várias possibilidades de atuações e não atuamos adequadamente, onde atualmente a principal atividade no estágio do aluno de Psicologia é na área de recrutamentoe seleção, temos que mudar essa imagem e mostrar para as organizações a nossa devida importância e a nossa relevância, para fazermos isso precisamos aprender a linguagem dessas pessoas, sendo assim eles entenderão a essência do nosso papel dentro da organização.
Temos um desafio muito grande relacionado a qualificação de mão de obra em função das transformações no mundo do trabalho, à medida que novas tecnologias vão surgindo qualificações existentes vão se tornando obsoletas, então há uma necessidade de requalificar as pessoas para o novo mundo do trabalho, o problema é que esse processo de requalificação não ocorre na mesma velocidade que as transformações no mundo do trabalho, então as novas gerações vão apresentando um conjunto de qualificações atuais sendo demandadas e as gerações anteriores vão perdendo qualificações e não vão conseguindo acompanhar, tendo um lado da permeabilidade tecnológica que vai levando uma obsolescência muito grande de qualificações e precisamos enfrentar esse desafio.
Outro desafio é a questão da produtividade, na qual o governo fala que precisamos aumentar a produtividade para crescer e que a gente possa gerar empregos de qualidades, mas enfrentamos o dilema da precarização do trabalho em função dessas pressões que vão sendo postas, o envelhecimento da população por volta do ano 2030 teremos um idoso sendo sustentado por dois jovens e isso implica em transformações profundas no ambiente de trabalho.
Existe o risco do envelhecimento da populaçãodeterminadas comunidades percam completamente a base financeira de sustentação, pois as pessoas se aposentaram. Existe um risco associado ao envelhecimento que é perda silenciosa da qualificação, no momento em que as pessoas vão envelhecendo e vão saindo do mercado de trabalho, algumas qualificações vão indo embora e os que ficam teriam que ter essa qualificação para repor.
BIBLIOGRAFIA
Vídeo: O Papel do Psicólogo no Mundo Contemporâneo – Link: https://youtu.be/tYe0g5wP2P0
Adriano Lemos Peixoto
Possui graduação em Administração pela Universidade Salvador (1989), graduação em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia (1999), mestrado em Administração pela Universidade Federal da Bahia (2003) e doutorado em Psicologia – pelo Instituto de Psicologia do Trabalho da Universidade de Sheffield, Inglaterra (2008). Gestor de empresas por mais de 20 anos, tem experiência como Psicólogo Organizacional e do Trabalho nas seguintes áreas: gestão de pessoas, gestão do trabalho, gestão no setor hoteleiro e gestão universitária. Presidente da SBPOT – Sociedade Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho para o período de 2014-2016.
Hartmut Günther
Estudou psicologia nas universidades de Hamburg, Alemanha (1966-67) e de Marburg, Alemanha (1967-68) e possui graduação em Psicologia pelo Albion College, Michigan, EUA (1969). Realizou mestrado em Psicologia Experimental (AEC) na Western Michigan University (1970) e doutorado em Psicologia Social na UniversityofCaliforniaat Davis (1975). Atualmente é professor titular e diretor do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, onde ensina Psicologia Ambiental, Psicologia Social, Planejamento de Pesquisa e Métodos Inferenciais. Realiza pesquisas no campo de Psicologia Ambiental, especialmente sobre qualidade de vida urbana e Psicologia do Trânsito.
Julia Bucher-Maluschke
Graduou-se em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1964), fez mestrado em Ciências Familiares e Sexológicas – UniversiteCatholique de Louvain (1969) e doutorado em Ciências Familiares e Sexológicas – UniversiteCatholique de Louvain (1975). Conquistou o título de Psicóloga pela Universidade de Brasília (1976). Foi professora titular da Universidade de Fortaleza. Especializou-se em Terapia Familiar. Realizou pós-doutorado nos Estados Unidos – StJohnsUniversity (NY 1988), e na Alemanha – UniversitatTübingen (Tubingen, 1996). Foi considerada professora emérita da Universidade de Brasília em 2006. Atuou em Psicologia com ênfase em Tratamento e Prevenção Psicológica, principalmente nos seguintes temas: família, sexualidade, processos de desenvolvimento e promoção da saúde. Atualmente é professora na Universidade Católica de Brasília e Pesquisadora Colaboradora da Universidade de Brasília. Coordena, ainda, o Grupo de Trabalho: Família, Processos de desenvolvimento e Promoção da Saúde da ANPEPP – Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia.
Roberto Moraes Cruz
Psicólogo desde 1990, é especialista em Avaliação Psicológica, Ergonomia e Gestão de
Recursos Humanos, mestre em Educação e Trabalho (UFBa.,1996) e Doutor em Engenharia de Produção – Ergonomia (UFSC-CNAM-Paris, 2001). Fez pós-doutorado em Métodos e Diagnóstico (Univ. Barcelona, 2010). Foi relator e presidente, respectivamente do I e II Congresso Nacional da Psicologia, vice-presidente do Conselho Regional de Psicologia – 3ª Região de 1992 a 1995, secretário do Conselho Federal de Psicologia (1996-1997), Presidente da Associação Brasileira de Psicologia Jurídica (2009-2011), Coordenador do curso e vice-chefe de Departamento do Psicologia da UFSC (2001-2002) e subdiretor para a América Latina da Revista Electrónica de Investigación y Docencia (REID). Atualmente é professor e pesquisador do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em 
BIBLIOGRAFIA
Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina, líder do Laboratório Fator Humano (UFSC) e pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Neuropsicologia e Saúde. 
Também é autor de livros e artigos científicos no âmbito da Avaliação Psicológica, Psicologia da Saúde e do Trabalho, Psicologia Jurídica e do Trânsito; assessor em projetos de investigação de perfil de agravos à saúde de trabalhadores e gestão da saúde no trabalho em diferentes instituições públicas e privadas; e perito psicólogo no âmbito do direito cível e do trabalho.

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