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9-7-OLIVEIRA_1998-relevo

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OLIVEIRA, A. M. dos S. Relevo. In: OLIVEIRA, A. M. dos S.; BRITO, S. N. A. de. Geologia de 
engenharia. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia – ABGE, 1998. 
 
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4. RELEVO 
 
 O relevo da superfície da Terra é o resultado da interação entre a 
litosfera, a atmosfera e a hidrosfera, em cuja interface se desenvolvem processos 
de troca de matéria e energia, que, ao longo do tempo e do espaço, condicionam a 
evolução de diferentes feições do relevo. 
 O relevo, em sua definição mais simples, refere-se às saliências e 
reentrâncias da superfície da Terra que podem ser descritas e caracterizadas em 
diferentes escalas. Em escala planetária, elas são representadas pelos oceanos e 
continentes, enquanto que, nas áreas continentais, elas podem ser representadas 
pelas cadeias de montanhas e pelas grandes planícies fluviais ou, ainda, pelos 
talvegues e interflúvios. 
 
 
Figura 5.13 Classificação climática do Brasil segundo K6ppen (Galvão, 1966) 
 
 O talvegue corresponde à linha sinuosa no fundo de um vale, pela qual as 
águas correm e onde se alojam os canais fluviais. O interflúvio é o espaço entre 
dois talvegues, que é constituído por duas encostas ou vertentes. 
 Por sustentarem a grande maioria das atividades humanas, as vertentes têm 
sido analisadas quanto a sua forma, morfografia e morfometria, quanto ao 
substrato rochoso que as sustenta, e quanto às suas dinâmicas, no que se refere 
aos processos responsáveis por suas gênese e comportamentos. 
 
 
4.1 Vertentes 
 
 As vertentes, ou encostas, correspondem às superfícies inclinadas, não-
horizontais, que constituem a conexão dinâmica entre a linha divisora de águas e 
o fundo do vale. As vertentes podem ser descritas por meio de superfícies 
geométricas elementares, que constituem o topo e os diversos segmentos da 
vertente, compondo o seu perfil longitudinal. A Figura 5.14 mostra os tipos de 
perfis mais comuns. 
 
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engenharia. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia – ABGE, 1998. 
 
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Figura 5.14 Superfícies geométricas elementares dos perfis das vertentes (Young, 
1971) 
 
 
 Uma vertente apresenta um perfil retilíneo quando tem seus ângulos de 
declividade aproximadamente constantes. Convexo, quando o perfil apresenta 
curvatura positiva, com ângulos que aumentam continuamente para baixo. Côncavo, 
quando o perfil apresenta curvatura negativa, com ângulos decrescentes para 
baixo. A ruptura de declive é positiva quando há aumento da declividade no perfil 
da encosta. Ao contrário, a ruptura é negativa. 
 As superfícies geométricas das vertentes correspondem à menor fração 
taxonômica do relevo, têm dimensões que variam de dezenas de metros até alguns 
quilômetros quadrados e representam superfícies geneticamente homogêneas, que 
podem ser caracterizadas por sua constituição rochosa, pelo tipo de processo 
atuante, pelo tipo de cobertura detrítica ou, ainda, por sua idade. 
O arranjo espacial dos perfis transversais e longitudinais das vertentes, que 
podem ser claramente avaliados em cartas topográficas em escala 1:10.OOO, 
permite, segundo Troeh (1965) em Bloom (1970), definir quatro tipos básicos de 
vertentes que se caracterizam pela atuação de diferentes processos erosivos 
(Figura 5.15). 
 As descrições morfográficas das formas de relevo devem apresentar os 
atributos fisionômicos básicos das vertentes e dos canais fluviais, uma vez que 
existe uma estreita relação entre o espaçamento das linhas de ta1vegue, que 
refletem a densidade de drenagem, e a profundidade do encaixamento dos canais com 
a tipologia e a declividade das encostas (Figura 5.16). 
 
 
 
 
 
Figura 5.15 Classificação espacial das encostas quanto ao tipo de perfil e de 
processos superficiais operantes (Troeh, 1965 em Bloom, 1970) 
 
OLIVEIRA, A. M. dos S. Relevo. In: OLIVEIRA, A. M. dos S.; BRITO, S. N. A. de. Geologia de 
engenharia. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia – ABGE, 1998. 
 
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Figura 5.16 Três relações diferentes entre amplitude de relevo (grau de 
encaixamento da drenagem) e densidade de drenagem e seu reflexo na declividade 
das vertentes 
 
 
4.2 Atributos morfométricos das vertentes e do relevo 
 
As vertentes e as formas de relevo podem ser caracterizadas por uma série 
de índices morfométricos, obtidos a partir da análise de cartas topográficas, que 
fornecem informações indispensáveis para a caracterização do relevo. 
Os índices morfométricos mais comumente utilizados para descrição do relevo 
são: a altitude, a amplitude, o comprimento de rampa e a declividade. Entretanto, 
ainda são utilizados outros índices, tais como densidade de drenagem, relação de 
bifurcação de canais, gradiente de canais, etc. 
A altitude refere-se à altura do relevo em relação ao nível do mar, sendo 
indicada diretamente nas cartas topográficas. A amplitude refere-se à altura da 
feição do relevo, ou seja, a diferença de altitude entre o topo da saliência e o 
fundo da reentrância contígua, que é obtida pela diferença entre a cota do topo e 
a cota do fundo do vale. O comprimento de rampa ou da vertente refere-se à 
distância entre a linha do divisar de águas e a linha de talvegue (canal), 
traçada perpendicularmente à forma. 
A declividade, ou inclinação, refere-se à relação entre a amplitude e o 
comprimento de rampa, que pode ser expressa em grau ou porcentagem. A 
determinação da declividade (em graus) ou do gradiente topográfico (em 
porcentagem) pode ser feita diretamente no campo, por meio de levantamentos 
topográficos, ou, indiretamente, por meio de cartas topográficas. Em estudos de 
detalhe, escala 1:1O.000 e maiores, pode-se estimar a declividade usando-se 
ábacos, que permitem delimitar classes de dec1ividade, caracterizando-se assim os 
diferentes setores da vertente. 
A análise dos atributos morfométricos do relevo (Figura 5.17) permite 
avaliar o seu grau de energia e sua suscetibilidade à ocorrência de processos 
erosivos e deposicionais. Permite também inferir a intensidade de denudação e a 
amplitude de soerguimento, bem como contribuir para a avaliação das 
possibilidades de urbanização, o tipo e as características do sistema viário, o 
tipo de manejo agrícola, etc. 
 
 
4.3 Formas de relevo 
 
As formas de relevo, definidas pelo arranjo espacial de superfícies 
geneticamente homogêneas, correspondem à unidade taxonômica básica para a 
descrição do relevo. Esta unidade tem dimensões que variam desde algumas centenas 
de metros quadrados até centenas de quilômetros quadrados, sendo diferenciadas 
pela amplitude e declividade do perfil das encostas, que são os critérios que 
permitem diferenciar as formas do relevo. 
Com base nos índices morfométricos são estabelecidas diferentes 
c1assificaçôes de formas de relevo, utilizando-se ora a dec1ividade ou o 
gradiente topográfico, ora a amplitude (Tabelas 5.2 e 5.3) ou, ainda, a 
conjugação dos dois parâmetros(Tabela 5.4). 
Esses padrões básicos de formas mostram variações de tipos que refletem a 
constituição do substrato litoestrutural que o sustenta e também aspectos de sua 
morfogênese. As formas de relevo podem ainda ser diferenciadas quanto à sua 
origem em: erosivas (rampas, colinas, morrotes, morros, montanhas, escarpas etc.) 
e deposicionais (planícies, cones de dejeção, corpos de tálus etc.). 
Em algumas situações, a separação entre os tipos de formas não é nítida, 
podendo-se descrever o relevo como uma associação de formas como, por exemplo, 
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colinas pequenas e morrotes ou morros e morrotes paralelos, sendo o primeironome 
dado para o tipo de forma predominante (Pires Neto, 1992). 
 
Tabela 5.2 Classificação das formas de relevo, com base na amplitude (Kudrnovská, 
1948 e 1969 em Demeck, 1972) 
 
 
 
Figura 5.17 Determinação dos parâmetros morfométricos de dois perfis de vertentes 
de morros sustentados por granitóides. Reprodução parcial da Folha Topográfica de 
Extrema, MG, em escala original 1:50.000. 
 
 
Tabela 5.3 Classificação do relevo com relação ao ângulo de declividade e 
gradiente (Demeck, 1972) 
 
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Tabela 5.4 Classificação de formas de relevo, segundo a amplitude e gradiente (I 
PT, 1981) 
 
 
4.4 Condicionantes litoestruturais do relevo 
 
A influência das rochas no relevo é conseqüência de sua resistência 
diferencial perante os processos de alteração e erosão. A resistência diferencial 
das rochas depende de diversos fatores, destacando-se, dentre os fatores 
intrínsecos: a composição mineralógica e a alterabilidade dos minerais, a 
textura, o arranjo estrutural, os quais influenciam na porosidade e na coesão. 
A estabilidade dos diversos minerais primários, que entram na composição de 
uma dada rocha, não é a mesma diante das mesmas condições de intemperismo 
(Capítulo 6 Solos), na medida em que alguns minerais são rapidamente destruídos e 
outros parecem pouco afetados, ou são erodidos, transportados e depositados como 
detritos, seguindo uma ordem de estabilidade que depende da sua composição 
química. Além do grau ele estabilidade dos minerais constituintes, é importante 
considerar também a composição média das rochas, pois se um mineral muito 
alterável apresenta-se isolado em meio a uma maior porcentagem de minerais 
estáveis, a rocha tende a manter suas características físicas. Ao contrário, se 
predominar na composição minerais facilmente alteráveis, a rocha apresentará 
aspecto profundamente alterado, mesmo que ocorram minerais bastante estáveis 
disseminados. 
Estruturas como acamamento, foliação, sistemas de juntas, falhas, dobras, 
bem como características texturais referentes ao grau de cristalização, tamanho 
dos grãos e cristais, grau de diagênese, também têm forte influência na 
resistência da rocha e nas suas características hidráulicas. 
As diferentes características dos vários tipos de rocha permitem que eles 
se manifestem no relevo, sustentando formas específicas ou variações 
morfológicas. Assim, por exemplo, as rochas sedimentares da Bacia do Paraná 
sustentam, predominantemente, formas colinosas, enquanto no embasamento 
cristalino predominam morrotes e morros. As diferenças morfológicas observadas 
nessa situação refletem a permeabilidade das rochas e, conseqüentemente, a 
densidade de drenagem, que define o grau de dissecação do relevo e o tamanho das 
formas, como ilustra a Figura 5.18. 
Na Figura 5.18, a Folha de Jaú, SP, exemplifica urna região de relevo de 
colinas amplas em rochas sedimentares. A Folha de Lagoinha, SP, uma região de 
relevo de morros em rochas cristalinas. 
Para o entendimento das características e da distribuição das formas e dos 
tipos de relevo é importante conhecer não só as características litológicas do 
substrato rochoso, mas também a disposição espacial das rochas, que se manifestam 
em diferentes arranjos estruturais. No caso das rochas sedimentares, o grau de 
inclinação de camadas com diferentes resistências à erosão pode gerar diversas 
formas de relevo: tabular, cuestiforme, hog-back e crista. Nas rochas 
cristalinas, a presença de estruturas dobradas ou falhadas pode caracterizar 
relevos específicos (Figura 5.19). 
Deve-se mencionar ainda o comportamento das rochas carbonáticas que, devido 
à sua solubilidade, sustentam relevos específicos, denominados relevos cársticos, 
que se caracterizam pela ausência de drenagem organizada, pela formação de 
dolinas, cavernas, galerias, rios e lagos subterrflneos, e por apresentarem, 
freqüentemente, processos de abatimento devido à dissolução das rochas. 
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engenharia. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia – ABGE, 1998. 
 
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Finalmente, é importante destacar que a dinâmica dos relevos e o 
comportamento das rochas é determinado não só por suas características, mas pelas 
condições climáticas da região em que ocorrem. 
 
 
Figura 5.18 Relação entre a densidade de drenagem e o tamanho das formas de 
relevo, em folhas topográficas 1:50.000 (IBGE, 1973). 
 
 
Figura 5.19 Disposição espacial e estrutural das rochas e seus reflexos no tipo 
de formas e de relevos. 
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5 Coberturas Detríticas 
 
As coberturas detríticas do relevo refletem os processos morfogenéticos 
passados, uma vez que são depósitos correlativos à evolução do relevo. As suas 
características e distribuição são condicionantes importantes dos processos 
morfogenéticos atuais, caracterizados por uma forte componente antrópica, já que 
constituem a interface de atuação do clima sobre a superfície da Terra. 
O estudo das características texturais, estruturais, sedimentológicas e de 
distribuição da cobertura detrÍtica permite avaliar a sua origem, que, em nosso 
País, está comumente relacionada a três processos básicos: eluvial, fluvial e 
pluvial-gravitacional. 
Os elúvios correspondem a capas de detritos, não transportadas, resultantes 
da alteração e da pedogênese do substrato rochoso. seja ele cristalino ou 
sedimentar. 
Os processos fluviais são responsáveis pela acumulação de detritos ao longo 
dos vales, onde formam barras, ilhas, planícies, terraços e, no sopé de áreas 
elevadas, onde originam cones de dejeção, também, denominados leques aluviais. Os 
depósitos fluviais, também denominados aluviões, são constituídos essencialmente 
por dois tipos de fácies que refletem a dinâmica do canal. A fácies mais grossa, 
constituída por cascalho e areia com estruturas internas, porosa e permeável 
resulta da ação do canal, e a fácies mais fina, constituída por argila, silte e 
areia fina, com evidências de exposições periódicas e formação de solos, resulta 
da decantação das cheias sobre a planície de inundação. 
Os processos pluviais gravitacionais são responsáveis pela formação de 
depósitos do tipo rampas de colúvio e corpos de tálus. 
As rampas de colúvio ou coluviões são acumulações detríticas que acompanham 
a morfologia das encostas, espessando-se da meia encosta para o sopé e nas 
reentrâncias da vertente. No sopé formam rampas suaves que podem interdigitar-se 
com depósitos fluviais, dando origem aos denominados depósitos colúvio-
aluvionares. Extensas coberturas detríticas, caracterizadas como coluviões, são, 
por vezes, de difícil distinção dos elúvios. A presença de linhas de seixos no 
seu interior e na sua base, constituídos por seixos de materiais resistentes, 
tais como sílica amorfa, quartzo, quartzito, nódulos e fragmentos de limonita e 
arenito ferruginoso, pode resultar tanto de processos pluviais gravitacionais 
(pavimentos detríticos) como de processos pedogenéticos, não constituindo, em 
geral, feição diagnóstica da origem, transportada ou residual. 
Os corpos de tálus são acumulações detríticas de sopé de escarpa ou de 
vertentes muito íngremes. São constituídos por matacões, blocos e materiais 
finos, mal-selecionados e sem estruturas. Sua formação está associada à 
ocorrência de escorregamentos e queda de blocos, que são processos condicionados 
pelo fraturamento do maciço rochoso, pelos processos de alteração e pela ação dagravidade. Embora depósitos de tálus e leques ou cones aluviais apresentem 
diferenças morfológicas e de constituição, quando ocorrem lado a lado, como é 
comum no sopé das serras da Região Sudeste, só é possível diferenciá-los em 
estudos detalhados. Os cones aluviais apresentam acúmulo de detritos mais grossos 
no topo, diminuindo a granulometria para baixo. Há presença de estruturas 
sedimentares fluviais, podendo haver arredondamento dos grãos. 
Em conseqüência dos processos climáticos vigentes e das condições de 
energia do relevo, os diferentes tipos de cobertura detrítica, na maior parte das 
vezes, têm suas características genéticas mascaradas pelos intensos processos de 
pedogênese que atuam em nosso território, dificultando em muito a sua utilização 
como depósitos correlativos. 
 
 
6 Tipos de Relevo e sua Distribuição no Território Brasileiro 
 
A amplitude e a declividade caracterizam as formas de relevo, as quais, em 
seu arranjo espacial, permitem definir diversos tipos de relevo. Assim, por 
exemplo, é possível identificar superfícies planas, relevos colinosos, regiões 
montanhosas, cuia distribuição altimétrica permite caracterizar os principais 
compartimentos do relevo brasileiro, que são os planaltos, as depressões e as 
planícies. 
Os planaltos são compartimentos de relevo elevados, em relação aos relevos 
vizinhos, podendo constituir relevos residuais, nos quais se destacam rochas mais 
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resistentes, ou representar blocos tectônicos soerguidos. Os planaltos são 
diferenciados em bacias sedimentares e em áreas do embasamento cristalino. Os 
planaltos em bacias sedimentares estão circundados por depressões periféricas, ou 
marginais, cujo contato comumente apresenta relevos de cuestas com escarpas de 
300 a 400 m de amplitudes, ou frentes desdobradas em degraus. No interior desses 
planaltos, o relevo, de modo geral, é colinoso, com topos convexos e planos, 
ocorrendo, de forma descontínua, morros residuais de topos planos. Podem ocorrer 
também relevos de chapadas formados por extensas e elevadas superfícies erosivas 
relativamente planas, limitadas por escarpas. Os planaltos em áreas cristalinas 
caracterizam-se por relevos de morrotes, morros, montanhas, serras, cristas e 
escarpas que evidenciam a sua constituição litoestrutural, bem como processos 
tectônicos pós-cretácicos, como no caso do Vale do Rio Paraíba, nos estados de 
São Paulo e Rio de Janeiro. Em conseqüência da sua localização e dos processos 
morfoclimáticos cenozóicos, esses planaltos podem apresentar formas de topos 
convexos e elevadas densidades de canais c vales profundos, constituindo o 
denominado mar de morros, ou apresentar relevos em formas de chapadas com 
extensos topos aplainados. 
As depressões são grandes unidades morfoesculturais, deprimidas em relação 
aos compartimentos vizinhos, formadas tanto como conseqüência de blocos 
tectônicos rebaixados, como em conseqüência da alternância de processos 
climáticos úmidos e secos, que ocorreram no Cenozóico, e desenvolveram extensas 
superfícies erosivas, que nivelaram tanto as rochas sedimentares como o 
embasamento cristalino. As depressões também podem apresentar relevos colinosos, 
de topos levemente convexos, rampas com topos quase planos e inclinados, morros e 
morrotes residuais formados devido à presença de rochas mais resistentes, As 
planícies silo, essencialmente, áreas planas, que correspondem a bacias 
sedimentares meso-cenozóicas, com sedimentação fluvial, lacustre e/ou marinhas 
recentes. As formas de relevo são agradacionais, podendo identificar-se: 
planícies de inundação, diques marginais, baixos terraços, pântanos, planícies 
costeiras, cordões, deltas, tabuleiros etc. 
 
 
Figura 5.20 Unidades de relevo do Brasil (IBGE, 1993) 
 
OLIVEIRA, A. M. dos S. Relevo. In: OLIVEIRA, A. M. dos S.; BRITO, S. N. A. de. Geologia de 
engenharia. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia – ABGE, 1998. 
 
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Com base nos conhecimentos obtidos pelo Projeto Radambrasil, IBGE (1993) 
definiu as unidades de relevo do Brasil, conforme apresenta a Figura 5.20: 
 
· Depósitos sedimentares inconsolidados quaternários: 
 
Planícies: 1. fluviais e/ou f1uviolacustres; 2. marinhas, f1uviomarinhas c/ou 
f1uviolacustres. 
Depressões: 3. Boa Vista; 4. Rio Branco/Rio Negro; 5. Xingu; 6. Guaporé; 7. 
Bananal; 8. Pantanal. 
 
· Bacias com coberturas sedimentares inconsolidadas PlioPleistocênias: 
 
Depressões: 9. Acre/Solimões; 10. Amazonas, 11. Médio Tocantins/Araguaia; 12. 
Meio Norte; 13. Periféricas da Bacia do Paraná. 
Tabuleiros: 14. Paraenses; 15, Costeiros; 16. Maranhenses; 17. Recôncavo/ 
Tucano/Jatobá. 
Patamares: 18. Bacia do Paraná. 
Chapadas: 19. Parecis; 20. Meio Norte; 21. Silo Francisco; 22. Araripe. 
Planaltos; 23. Marginais do Amazonas; 24. Parecis; 25. lbiapaba; 26. Guimarães/ 
Alcantilados; 27. Caiapônia; 28. Central da Bacia do Paraná; 29. Araucárias; 30. 
Campanha Gaúcha. 
 
· Faixas de dobramentos e coberturas metassedimentares associadas: 
 
Depressões: 31. Alto Paraguai; 32. Goiano/Paraense; 33. Alto Tocantins/Araguaia; 
34. Paraíba do Sul; 35. Doce; 36. Jequitinhonha; 37. Alto/Médio São Francisco. 
Cristas e colinas: 38. Gurupi; 39. Pré-Litorâneas. 
Patamares: 40. Jequitinhonha/Pardo; 41. São Francisco/Tocantins. 
Chapadas: 42. Geraizinhos. 
Planaltos: 43. Central; 44. Residuais do Tocantins/Araguaia; 45. Sertanejo; 46. 
Rio Real/Vaza-Barris; 47. Canastra/Alto Rio Grande; 48. Paranapiacaba; 49. 
Jequitinhonha/Pardo. 
Planaltos e serras: 50. Bodoquena; 51. Borborema; 52. Diamantina. 
Serras: 53. Alto Paraguai/Guaporé; 54. Espinhaço/Quadrilátero Ferrífero. 
Escarpas e reversos: 55. Serra da Mantiqueira; 56. Serra do Mar. 
 
. Embasamentos em estilos complexos: 
 
Depressões: 57. Amazônia setentrional; 58. Amazônia meridional; 59. Sertaneja. 
Planaltos: 60. Residuais do Norte da Amazônia; 61. Residuais do Sul da Amazônia; 
62. Residuais sertanejos; 63. Centro-sul de Minas; 64. Poços de Caldas; 65. Sul-
riograndense. 
Serras: 66. Leste catarinense; 
Escarpas e reversos: 67. Planalto de Roraima. 
 
 
7 Bibliografia recomendada 
 
CUNHA, S.B.; GUERRA, A.J.T. 1996. Geomorfologia: exercícios, técnicas e 
aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 345p. 
 
GOUDIE, A. 1981. Geomorphological techniques. London: George Allen & Unwin. 395p. 
 
NIMER, E. 1989. Climatologia do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE.1989.421p. 
 
NUNES, B.A; RIBEIRO, M.I.C.; ALMEIDA, V.J.; NATALI FILHO, T. 1995. Manual técnico 
de Geomorfologia. Rio de Janeiro: IBGE. (Série Manuais Técnicos em Geociências, 
5). 
 
TRICARL, J. 1965. Principies et methodes de la Geomorphologie. Paris: Masson. 
496p. 
 
VIANELLO, R.L.; ALVES, AR. 1991. Meteorologia básica e aplicações. Viçosa: UFV. 
449p.

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