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Elementos da Comunicação e Funções de Linguagem

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Elementos da Comunicação e Funções da Linguagem
Os fatores constitutivos de qualquer processo linguístico, de qualquer ato de comunicação verbal, então, são os seguintes:
Contexto: é o objeto ou a situação a que a mensagem se refere. 
Mensagem: é o resultado, a comunicação em si.
 Emissor: é aquele que envia a mensagem (pode ser uma única pessoa ou um grupo de pessoas). 
Receptor: é aquele a quem a mensagem é endereçada (um indivíduo ou um grupo). 
Emissor – o que emite a mensagem.
Receptor – o que recebe a mensagem.
Mensagem – o conjunto de informações transmitidas.
Código – a combinação de signos utilizados na transmissão de uma mensagem. A comunicação só se concretizará, se o receptor souber decodificar a mensagem.
Canal de Comunicação – por onde a mensagem é transmitida: TV, rádio, jornal, revista, cordas vocais, ar…
Contexto – a situação a que a mensagem se refere, também chamado de referente.
Ruído – qualquer perturbação na comunicação.
Funções da Linguagem 
O linguista russo chamado Roman Jakobson caracterizou seis funções de linguagem, ligadas ao ato da comunicação:
1 - Referencial
Também chamada de denotativa ou informativa, é quando o objetivo é passar uma informação objetivas e impessoal no texto. É valorizado o objeto ou a situação de que se trata a mensagem sem manifestações pessoais ou persuasivas.
1 - Função Referencial ou Denotativa
♦ Texto escrito em terceira pessoa;
♦ Linguagem denotativa;
♦ Frases estruturadas na ordem direta.
Uma nova estrada para o turismo de natureza
“Existe um paraíso escondido no interior do país com potencial para tornar-se uma segunda Transpantaneira - a rodovia MT-060. A nova rota é conhecida como Estrada Turística e fica próxima da fronteira entre o Brasil e a Bolívia, em Cáceres, no Mato Grosso. O desafio dessa região é similar ao de muitas área naturais do Brasil: implementar o turismo de natureza para gerar desenvolvimento sócioeconômico e o empoderamento das comunidades locais. Seria possível trilhar esse sonho em uma região tão distante dos grandes centros urbanos?
O Brasil tem em seu território alguns dos ecossistemas mais ricos em biodiversidade do mundo.  O Pantanal, com seus 250 mil quilômetros quadrados de extensão, é um desses exemplos.  Segundo o Fórum Econômico Mundial, o Brasil é o líder em um ranking  de 140 países em belezas naturais. (...)”.
Revista Época. Acesso no dia 11/09/14. Disponível em Época.globo
A função referencial também pode ser encontrada na linguagem não verbal, observe o exemplo:
A função referencial está presente nos textos dissertativos, técnicos, instrucionais, jornalísticos e todos os outros que têm a informação como principal objetivo. Ela é considerada a função mais comum porque a informação é a finalidade maior de todo ato de comunicação. Vale lembrar que em um mesmo texto várias funções podem estar presentes, mas sempre haverá uma função predominante, certo?
2 – Função Conativa
A função conativa é encontrada principalmente nos anúncios publicitários, nos quais a linguagem está voltada para o possível consumidor
Na função conativa da linguagem, a mensagem está centrada no destinatário. Como assim, centrada no destinatário? Pois bem, isso quer dizer que a mensagem tem como objetivo influenciar, envolver e convencer o interlocutor. Quando pensamos nesse tipo de linguagem, podemos associá-la imediatamente à linguagem empregada nos anúncios publicitários, que utiliza alguns artifícios para conquistar novos consumidores. Observe:
A principal característica da função conativa é o desenvolvimento de uma linguagem centrada no destinatário.
Com uma leitura atenta e cuidadosa, podemos perceber que a maioria dos anúncios utiliza os verbos no imperativo, pois assim incita o leitor ou interlocutor a adotar algum tipo de comportamento, já que esse modo verbal expressa sempre uma ideia de ordem, aconselhamento ou pedido. Outra característica importante é o uso da 2ª pessoa, ou seja, o anúncio está falando diretamente com você. Agora, observe um exemplo de função conativa na linguagem poética:
Poeminha sobre insuficiência
Rapazinho,
Estuda depressa,
Pois burro aos trinta
É burro à beça.
 
Millôr Fernandes
3- Função Fática
A função fática é responsável por testar o funcionamento do canal de comunicação
A principal característica dessa função é conferir o funcionamento adequado do canal de comunicação. Por exemplo, quando você conversa com alguém por telefone, o tempo todo utiliza expressões para certificar-se de que seu interlocutor, que está do outro lado da linha, está te ouvindo e te compreendendo:
Quando Calvin diz “ouça”, no terceiro quadrinho, ele está testando o canal de comunicação. Outras expressões como “entende”, “alô” e “veja bem” também apresentam a mesma função. A professora, quando explica uma nova matéria na escola, também indaga seus alunos para comprovar que a mensagem transmitida foi compreendida, não é mesmo? Outra importante característica da função fática é criar uma espécie de vínculo solidário entre os falantes. Observe mais um exemplo de função fática:
Na história em quadrinhos Garfield, de Jim Davis, embora John esteja um pouco entediado, a personagem ao seu lado elabora estratégias para iniciar um possível diálogo. Esse tipo de conversa, que muitas vezes não está centrado na mensagem, mas sim no canal, é muito comum, sobretudo entre pessoas que não se conhecem, mas que têm interesse de tornar um ambiente mais amistoso e agradável através de um bate-papo descompromissado. Quem nunca entrou em um elevador e deu de cara com um desconhecido? Nessa situação, para evitar aquele silêncio constrangedor, lançamos mão, ainda que intuitivamente, da função fática.
4 – Função Poética
A função poética está voltada para a própria mensagem: a palavra é a grande protagonista. Ela pode ser encontrada na Literatura, nos poemas de grandes escritores e até mesmo em um anúncio publicitário, onde é possível brincar com a palavra e com seus significados. Observe o exemplo de função poética da linguagem em um poema de Paulo Leminski:
Ovo do coelho
Coelho não bota ovo,
quem bota ovo é galinha.
Mas eu conheço um coelho
que é mesmo uma maravilha.
Os ovos que ele bota,
você nem imagina.
São ovos de chocolate
ou ovos de baunilha.
Por isso, nosso coelho
foi expulso da família.
O pai dele disse: - Meu filho,
isso é coisa de galinha.
O coelho respondeu rapidamente:
- Meu pai eu não tenho culpa,
botar ovo é meu destino.
Se não posso botar ovos em casa,
prefiro botar sozinho.
E foi assim que o coelho
saiu de casa para a rua,
botando ovo na Páscoa,
no sonho de todo mundo.
Paulo Leminski
Foi possível observar, após a leitura do poema de Paulo Leminski, que a função poética preocupa-se com a sonoridade das palavras, com a maneira com a qual elas são dispostas nos versos, estrofes e rimas e com os elementos que estão relacionados com as nossas sensações. Agora veja como a publicidade também pode apropriar-se da função poética:
Veja que não se trata de uma simples propaganda, pois os publicitários fizeram uso da função poética para construir os significados do texto. Você percebeu a brincadeira entre as palavras “Quasar” e “casar”? Pois é, novos sentidos foram construídos, o que permitiu que a propaganda rompesse com o modo tradicional com o qual estamos acostumados a ver as palavras. Assim é a função poética, ela nos faz ir além e enxergar nas palavras imagens e sons.
5 - Função emotiva
A função emotiva é encontrada principalmente nos textos literários, nos quais as palavras são utilizadas com expressividade e diversos significações.
A função emotiva pode ser encontrada em poemas nos quais o eu lírico utiliza o discurso na primeira pessoa.
A função emotiva é caracterizada por sua mensagem centrada no emissor, ou seja, encontramos nos textos que utilizam essa função a expressividade de um discurso construído na primeira pessoa. O autor tem como principal desejo buscar a adesão de quem lê, convencendo-o
através de algumas marcas gramaticais peculiares. Observe as principais características da função emotiva:
♥ Verbos e pronomes em primeira pessoa;
♥ Interjeições (responsáveis por revelar o estado emocional do falante);
♥ Adjetivos valorativos;
♥ Sinais de pontuação como reticências e pontos de exclamação.
Agora observe um exemplo de função emotiva em um poema de Fernando Pessoa, principal poeta português:
“(...) E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo (...)”.
(Fragmento do poema “Poema em linha reta”, de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa)
Ao lermos o poema de Fernando Pessoa, conseguimos observar as principais marcas linguísticas de um discurso que emprega a função emotiva da linguagem. No Poema em linha reta, o eu lírico demonstra uma visão crítica de si mesmo e ao mesmo tempo interroga o leitor pedindo respostas. Podemos notar também o uso de vários adjetivos pejorativos, e todos esses recursos são empregados para expressar seus sentimentos e impressões pessoais.
A função emotiva, assim como a função poética, é encontrada principalmente nos textos literários e em vários gêneros textuais, como músicas, depoimentos, entrevistas, narrativas de caráter memorialista, críticas subjetivas de cinema, teatro e demais manifestações artísticas nas quais o discurso esteja centrado no próprio emissor. É importante lembrar que nos textos não literários, como dissertações argumentativas, reportagens e notícias, o uso da função emotiva deve ser evitado, já que nesses tipos e gêneros deve predominar a função referencial com seu uso objetivo e transparente da linguagem.
6 – Função metalinguística
Nos dicionários também encontramos a função metalinguística em ação: trata-se de um compêndio de palavras que são explicadas através dos verbetes. As gramáticas também fazem uso dessa função, pois utilizam palavras para explicar outras palavras. Quando você analisa e interpreta um texto, você também está fazendo uso da metalinguagem, mesmo que inconscientemente. Mas não é só com a palavra que o fenômeno acontece, ela está presente quando um filme tem por próprio tema o cinema, uma peça de teatro que tem por tema o teatro e em um poema que use as palavras para explicar o processo de criação literária. Observe só um exemplo de metalinguagem:
Quando o código é o centro da mensagem, dizemos que está presente a função metalinguística. O código, nos textos verbais, é a língua. Podemos observar a metalinguagem no poema de João Cabral de Melo Neto chamado “Poema de desintoxicação”. Nele, o poeta realiza o que chamamos de metapoesia, ou seja, a poesia fala sobre ela mesma:
 
Poema de desintoxicação
Em densas noites
com medo de tudo:
de um anjo que é cego
de um anjo que é mudo.
Raízes de árvores
enlaçam-me os sonhos
no ar sem aves
vagando tristonhos.
Eu penso o poema
da face sonhada,
metade de flor
metade apagada.
O poema inquieta
o papel e a sala.
Ante a face sonhada
o vazio se cala.
Ó face sonhada
de um silêncio de lua,
na noite da lâmpada
pressinto a tua.
Ó nascidas manhãs
que uma fada vai rindo,
sou o vulto longínquo
de um homem dormindo.
 
João Cabral de Melo Neto
A metalinguagem está presente também em diversas manifestações artísticas. Manifesta-se, por exemplo, nas artes plásticas quando esta fala sobre a própria pintura. Observe a tela intitulada “Autorretrato”, de Van Gogh.

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