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O Livre Arbítrio - Santo Agostinho - Introdução Livro III

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O LIVRE ARBÍTRIO – LIVRO III
Introdução
	É preciso que o homem reconheça a vontade que lhe é dada como um dom de Deus, e o quanto é importante esse dom para nossas vidas. Porém, é esta mesma vontade que faz com que nos afastemos do bem coletivo e imutável e nos aproximamos dos bens individuais, de outrem e inferiores, e ainda mutáveis. 
	Mas, uma vez que a vontade nos foi dada, a inclinação aos bens inferiores é natural, não se pode descobrir culpa alguma onde a necessidade e a natureza dominam.
	Não se deve condenar um movimento não culpável para a alma, apenas o ignorar, já que não existe culpa alguma no fato de alguém abandonar um bem imutável e ir em encontro das coisas mutáveis.
	A alma que for impulsionada pela sua própria natureza a realizar um movimento que a distancie do bem imutável, não pode ser culpada. 
	Quando uma pedra é lançada no ar, ela retorna ao chão em virtude de seu próprio peso, esse movimento que a pedra é atraída para o chão é natural, uma vez que o movimento não à pertence. Se o movimento da alma para as coisas inferiores for semelhante ao da pedra, também será natural. Sendo assim, não iremos considerar este movimento como culpado. Só declaremos o movimento da alma como culpado, quando o mesmo não for natural, e consequentemente, oposto ao movimento da pedra, ou seja, um movimento voluntario.
	A pedra não possuía o poder de reter o movimento que faz com que ela se aproxime do solo, ela pode não querer, mas não tem como intervir. Assim, o movimento da pedra é natural, enquanto o da alma, é voluntário. Voluntário pois verificamos claramente que a alma prefere os bens inferiores, em abandono dos superiores.
	É necessário que investiguemos de onde vem esse movimento que desvia a vontade do bem imutável para o mutável. Nada é mais prazeroso e íntimo do que a autonomia em poder escolher sua vontade e desfrutar de alguma coisa. Mas se a escolha é pessoal, a quem atribuir se não a mim mesmo?
	É bem verdade que quem me fez é um Deus bom, e a vontade atribuída à mim faz com que eu possa realizar boas ações. Fica bem claro que fazer o bem foi a razão da vontade ter sido me dada.
	Em relação aos movimentos que inclinam para um lado e para outro, se não fosse voluntario, o indivíduo não seria digno de receber glorificações quando se inclina para bens superiores, e muito menos culpado quando se inclina para bens inferiores. Quem for contrário às atribuições e advertências dadas ao homem em relação a seus movimentos, merece ser excluído do número de viventes.

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