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Aulas de Formação da língua portuguesa

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FORMAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA
Aula 1: As Línguas Românicas
Outros fatos específicos causaram o enfraquecimento politico e cultural dos romanos. Os mais importantes são a invasão dos bárbaros e o domínio árabe. A invasão dos bárbaros, no século V, foi o principal fator da quebra das relações entre Roma e sua províncias, descentralizando, portanto, o poder.
Romance ou Romanço é o extrato linguístico originado do latim e modificado pela língua dos bárbaros e pela influência dos árabes em conjunto com os dialetos que já existiam naquela região. 
Pode-se caracterizar romance, ou romanço como: Língua da fase intermediária entre o latim vulgar e o galego-português.
O galego-português é chamado por alguns autores de português arcaico.
No plano cultural, cita-se com lugar de destaque a influência grega na arquitetura, no direito, na religião e, sobretudo, na literatura. No plano socioeconômico, uma grande tensão se firmou. Ao mesmo tempo em que grandes riquezas foram adquiridas, alguns problemas surgiram: uma imensa população de escravos conquistados, de camponeses e citadinos sem atividade econômica, bem como a inexistência de industrias que causou muitos problemas. No plano político, as conquistas revelaram aos romanos diferentes tipos de governos, de monarquias e democracias, o que acarretou em um avanço no plano das ideias políticas.
A unidade romana presente na península ibérica desapareceu no século V com a invasão dos bárbaros, pois os costumes, hábitos, cultura foram sendo alteradas.
No fim do século XVI está pronta a língua portuguesa. “Os Lusiadas” de Camões é a mostra que a língua portuguesa estava pronta, construída e a partir daí são feitas as modificações. 
O Império romano começou na região do Lácio.
A FORMAÇÃO DO LÉXICO PORTUGUÊS:
Séculos XII ou XIII > primeiros escritos em português.
Palavras latinas - cerca de 80% do léxico ; 
Palavras pré-romanas, germânicas e árabes - cerca de 20% do léxico.
O PROTO-ROMANCE é o latim vulgar.
A invasão romana começou com a Segunda Guerra Púnica.
Aula 2: A România
O estado Romano dominou boa parte do mundo conhecido da época.
ARGUMENTOS HISTÓRICOS
Esse filme faz um resumo muito bom da história de Roma. Vale a pena assistir.
Todos os caminhos levam a Roma não apenas no sentido geográfico, mas também cultural.
Todo território conquistado por Roma adotava o LATIM como língua oficial e abraçavam o cristianismo, pois os romanos tomaram o cristianismo como religião oficial e a difundiam pelo mundo. Somente o povo BASCO não o fez.
Aula 3: O Latim Vulgar e a Emergência das Línguas Neolatinas
A aula 3 está no Resumão junto com o conteúdo dos slides.
Aula 4: O Surgimento do Galego- Português
Idem aula 3
Aula 5: O Surgimento do Galego-Português Parte II
Quanto à grafia, já aparecem:
- ch para o som [tʃ]: Sancho, chus (diferente já de x, ligada ao som [ʃ]);
- n palatal e l palatal ganham mais tarde a grafia nh e lh, respectivamente;
- o til (~) é usado para indicar a nasalização das vogais, não raro também representada pelas letras m e n.
Quanto à morfologia e à sintaxe
O quadro dos demonstrativos era um pouco diferente do nosso atual, pois contava com a forma aqueste e 
aquel (e).
O quadro dos advérbios de lugar apresentava as formas aqui, acá, acó, ali, alá e aló.
As formas de estabelecer a anáfora  mais comuns desse período são (h) i e ende-em.
O tratamento se regulariza com o tu familiar e o vós cerimonioso.
A morfologia do verbo sofre vária transformações:
Quanto ao vocabulário:
Empréstimos do francês e do provençal são muito constantes: dama, sage, Maison para o primeiro caso e assaz, freire, trobar, trobador etc., para o segundo.
Palavras eruditas e semieruditas, da herança greco-latina, estão constantemente sendo aplicadas e reaplicadas.
Entendendo bem as características agora já em fase de consolidação no galego-português, e antes de analisar os textos dessa fase, cabe compreender um pouco mais acerca da ortografia da nossa língua, um dos fatores de grande preocupação no mundo letrado e também um dos aspectos que apontam grande dificuldade para os alunos dos níveis fundamental e médio.
Inicialmente é muito importante entender os três períodos distintos da história da ortografia e o que eles representam.
Consoante Léllis (2001), do início do português arcaico até o século XVI, temos o conhecido Período Fonético. Essa fase assim se nomeia em razão da absoluta ausência de sistematização em torno do assunto, do escasso acesso ao texto escrito, da baixa quantidade de pessoas alfabetizadas, da imprensa rudimentar. Considerando-se esses fatos, temos de procurar entender como a situação de escrita se dava. 
O Período Fonético de nossa ortografia é assim chamado porque procurava-se escrever exatamente conforme as pessoas falavam.
Pense em um tipo de escrivão que procedia ao estabelecimento dos textos por escrito em situações legais ou o próprio rei ou sacerdote tendo que fazê-lo. Essa era sempre uma cena solitária, em que se produzia texto escrito sozinho e para que ele servisse tão somente como um documento que muitas vezes nunca era lido por ninguém ou unicamente pelo próprio autor.
Nessa faixa de tempo, aparecem grafias como  bem , ben , b; homem , omen , ome;  h~uu ,h~u ,~u (til deve ficar em cima do u), em que verifica o que foi dito acima: a não uniformização da escrita. Ao lado dessas ocorrências, aparecem também, curiosamente, formas como emssynava , contrayro, pãao, ffilho .
A partir do século XVI, novos ventos começam a soprar e identifica-se então um novo período da história da ortografia. Os estudiosos começaram a se preocupar com a sistematização da grafia, ainda que hoje isso soe um pouco exagerado. Mas de fato foram escritos muitos compêndios tratando, até exclusivamente, desse assunto. É importante citar os trabalhos quinhentistas de Fernão de Oliveira, Duarte Nunes do Lião, J. Barros, Pero M. de Gândavo, dentre outros.
Mas foi principalmente nos séculos XVI e XVII, sobretudo com o Renascimento, que os olhares se voltaram mais fortemente para os antigos textos e houve uma necessidade desse momento em se revestir de uma alta carga de erudição em todo o movimento cultural desse tempo. Assim é que, em uma busca descontrolada da parte dos intelectuais da época, surgiram as etimologias falsas ao lado das verdadeiras, clique no ícone e veja.
Passada essa fase de altíssima valorização das culturas da Antiguidade, e com o grande impulso dos estudos científicos, como, por exemplo, a publicação da teoria da evolução das espécies de C. Darwin, no final do século XIX, os estudiosos da língua assumem o compromisso de tratar a língua de forma também científica.
Nessa mesma época, como não poderia deixar de ser, a Filologia ganha novo fôlego em Portugal, graças ao empenho de Adolfo Coelho, Gonçalves Viana, Leite de Vasconcelos, J.J. Nunes, dentre outros, formalizado através de seus importantes trabalhos.
Por meio desse impulso, os estudiosos então 
firmaram o compromisso de tratar cientificamente a língua e isso se fazia por meio de sua história, portanto todos acabavam avançando nos estudos filológicos. 
E, diferentemente do período anterior, para o avanço intelectual desse campo, os filólogos iam às fontes disponíveis e estruturavam o caminho das palavras ao longo da história, depreendiam suas leis e divulgavam somente aquilo que se poderia confirmar e mostravam as hipóteses prováveis de alguns fenômenos.
Encerram-se aqui as principais evoluções, de acordo com Léllis (2001), que causam confusão na grafia do português atual. Entretanto, alguns resultados ortográficos causam certa intriga na mente dos falantes e, obviamente, de qualquer observador da nossa grafia.
Estuda-se que algumas formas originais são capazes de produzir produtos absolutamente discrepantes, como é o caso de plaga do latim que resulta em chaga, praga, praia e plaga.
No primeiro resultado (chaga),temos a evolução natural da palavra em que o grupo pl- sofre palatização, como se viu anteriormente, levando ao ch-.
Na segunda transformação, vê-se uma alteração marginal e portanto menos frequente, em que o grupo pl- passa a pr-.
O terceiro resultado é uma transformação do segundo em que atua a síncope do –g- intervocálico.
Constata-se assim que uma única forma pode originar resultados diferentes. A esse fato se dá o nome de formas divergentes. Suas causas são várias.
Em geral, trata-se de diferenças cronológicas, que têm como mola mestra a época da entrada da palavra na língua, portanto palavras retomadas na época do Renascimento apresentam também a sua forma erudita, ao lado da evolução natural da palavra em que atuaram as leis fonéticas de desgaste...
...ou ainda de diferenças sociais, em que as formas terão maior ou menor prestígio em função do grupo social que as sanciona e, finalmente, de diferenças regionais, em que o contato com outros grupos de outras origens e a história da colonização farão as palavras atenderem a uma ou outra solicitação cultural (no Sul de Portugal, por exemplo, defensa passa a ser defesa, enquanto no Norte, passa a devesa).
São exemplos de formas divergentes ocorrências como:
Por outro lado, e não menos importante, assinalam-se palavras que têm origens absolutamente distintas e que, por sua evolução fonética, acabam apresentando as mesmas gra
fias em um determinado estágio da língua, mas ainda com significados diversos.
A esse fato dá-se o nome de formas convergentes.
São exemplos de formas convergentes:
Donu> dõo> dõ>dom = virtude
Domine> domyne> dom = senhor
Sanu> são = sadio
Sunt> são = verbo ser no plural (“eles são”)
Santo> san> são = santo
Aula 6: O texto em Galego-Português
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Reconhecer as mudanças nos níveis fonológico, morfológico, sintático e lexical que caracterizam a consolidação do galego-português ou português arcaico (continuação da aula anterior).
O primeiro texto em prosa não literária, amplamente reconhecido pela comunidade acadêmica, é o testamento de D. Afonso II. Ele foi escrito em galego-português.
Existem dois exemplares deste testamento, a cópia que foi enviada ao arcebispo de Braga e aquela que foi enviada ao arcebispo de Santiago.
Esse texto original (inteiro) se encontra no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Portugal. Éombo que ficam guardados os documentos de Portugal 
1214 Junho 27 TESTAMENTO DE D. AFONSO II.
En'o nome de Deus. Eu rei don Afonso pela gracia de Deus rei de Portugal, seendo sano e saluo, temëte o dia de mia morte, a saude de mia alma e a proe de mia molier raina dona Orraca e de me(us) filios e de me(us) uassalos e de todo meu reino fiz mia mãda p(er) q(ue) de
pos mia morte mia molier e me(us) filios e meu reino e me(us) uassalos e todas aq(ue)las cousas q(ue) De(us) mi deu en poder sten en paz e en folgãcia. P(ri)meiram(en)te mãdo q(ue) meu filio infante don Sancho q(ue) ei da raina dona Orraca agia meu reino enteg(ra)m(en)te e en paz.
E ssi este for morto sen semmel, o maior filio q(ue) ouuer da raina dona Orraca agia o reino entegram(en)te e en paz. E ssi filio barõ nõ ouuermos, a maior filia q(ue) ouuuermos agia'o ...
Encontramos ainda algumas características importantes, como:
Caracteristicas da relação geafema/fonema
EXEMPLOS
gracia, folgãcia, em que a africada sibilante surda [ts] ainda era grafada “ci”;
molier, filios, em que a palatal [λ] era representada ainda por “li”;
agia, em que a africada palatal sonora ou já fricativa [dȝ] era representada por “gi”;
mãda, folgãcia, barõ, nõ, em que o til marca a nasalidade das vogais;
saluo, ouuermos, uassalo, em que o “u” (tradição latina) ainda registra a fricativa labiodental sonora [v];
ausência do h em ouuermos; etc
Caracteristicas morfologicas e sintáticas 
“aver” em estrutura de posse: “filho que ei”, “agia meu reino”, “maior filho que ouver”, “se filio Baron non ouuermos”;
“ser” com aspecto verbal de transitoriedade: “seendo sano e saluo”;
“sten”, subjuntivo na forma etimológica do verbo estar, com valor de “sejam” (”aquelas cousas sten en paz e folgãcia”).
Características lexicais
“a prol de” = em prol de;
“manda” = mandado, testamento;
“semmel”= por metonímia: descendência;
“entegramente” = inteiramente
Depois de ter visto o primeiro documento não literário escrito em galego-português, considerado o mais importante dessa fase porque a inaugura sob o aspecto da língua comum, não plástica, pode-se cotejá-lo com outros, tanto os literários quanto os não literários, dos anos subsequentes ao testamento de D. Afonso II até às vésperas da nova fase que se inicia com a publicação de Os Lusíadas.
1.Fonético-fonológico: reconhece-se a síncope de –d- intervocálico, resultando no encontro vocálico em hiato em veer (em português é ver); a sonorização de –g- intervocálico em mig’á (mecu->migo). Essas transformsções mostram a passagem do latim vulgar para o galego português.
2.Morfológico: a forma antiga da preposição que ocorre como pera; a forma arcaica do advérbio que ocorre como alá.
3.Sintático: a combinação talhou preito, que significa “prometeu”; mig’á, que significa “migo há”, ou melhor, “tem comigo”.
4.Lexical: madre ocorre na forma erudita.
Como exemplos de textos em língua arcaica de natureza literária, apontam-se:
Cantiga de amigo II
O anel do meu amigo
Perdi-o sso-lo verde pinho, 
E chor’eu, bela.
O anel do meu amado
Perdi-o sso-lo verde ramo,
E chor’eu, bela.
Perdi-o sso-lo verde pinho,
Por en chor’eu, dona virgo,
E chor’eu, bela.
Perdi-o sso-lo verde ramo,
Por en chor’eu, dona d’algo,
E chor’eu, bela.
(De Pero Gonçalves de portocarreyro. Séc. XII, apud J. Leite de Vasconcelos. Textos Arcaicos)
A parte em negrito é o refrão.
Comentários: Cantiga de amigo II
Fonético-fonológico 
Observa-se a pronúncia de per alternando-se com por; observa-se o desgaste fonético que 
leva ao apagamento da consoante final dentro do grupo (preposição + clítico) em sso-lo para 
referir-se a sob o; observam-se outras questões ainda que não serão apontadas por se tratar 
de texto literário, que tem, dentre outras coisas, obrigação com o padrão estético da época.
Morfossintático
Observa-se a ocorrência de preposição por ao lado do advérbio anafórico en (<inde), estrutura 
precursora da conjunção coordenativa adversativa porém.
Lexical 
Observam-se as ocorrências de virgo para virgem e de dona d’algo para fidalga.
A dona pee de cabra
Dom Diego Lopes era muy boo monteyro e, estãdo huu dia em sa armada e atemdemdo quando verria o porco, ouuyo cantar muyta alta voz huua molher em çima de huua pena e el foy pera lá e vio-a seer muy fermosa e muy bem vistida e namorou-sse logo della muy fortemente e pregumtou-lhe qu~e era e ella lhe disse que era huua molher que mujto alto linhagem, e ell lhe disse que pois era molher de alto linhagem, que casaria com ella, se ella quisesse, ca ell era senhor daquella terra toda, e ella lhe disse que o faria, se lhe promtesse que numca se santificasse, e elle lho outorgou e e ella foi-sse logo com elle. E esta dona era muy fermosa e muy bem feita em todo seu corpo, saluando que auia huu pee forcado, como pee de cabra.
E viuerom gram tempo e ouuerom dous filhos e huu ouue nome Enheguez Guerra e a outra foi molher e ouue nome dona [...] ]
E, quando comiam de suu Dom Diego Lopez e sa molher, assentaua ell apar de ssy o filho e ella assentaua apar de ssy a filha, da outra parte.  E huu dia foy elle a seu monte e matou huu porco muy gramde e trouxe-o pera sa casa e pose-o ante ssy hu sya comemdo com ssa molher e com seus filhos, e lamçarom huu osso da mesa e veerom a pellejar huu alãao e huua pondenga sobre’elle em tall maneyra que a pondenga travou ao alão em a gargãta e matou-o. E Dom Diego Lopez, quando esto vyo, teue-o  por millagre e synou-sse e disse:
-- Santa Maria, vall! Quem vio nunca tall cousa¿ 
(apud J.J.Nunes.Crestomatia Arcaica)
Comentários: A dona pee de cabra
Cantiga de amigo I - Observam-se sobremaneira as letras dobradas, típicas do período de fonético, conforme estudado na aula anterior, por sua falta de sistematicidade e, consequentemente, pela franca variação de um copista para outro no que tange aos princípios ortográficos (ssy, ell, daquella etc). Observa-se também o emprego do u consonantal advindo do latim, em lugar de v (como em ouueron, saluando, trauuou etc, a enorme variação da grafia das nasais (como em numca, quando, comemdo, gargãta, estãdo etc).
Fonéticos- fonológicos 
 Observam-se:
 
- pera ainda sem alteração para pela;
- fermosa ainda sem a harmonização vocálica ou assimilação para formosa;
- muyta, maneyra, em situação de ditongo, conforme atesta a grafia com y;
- molher com harmonização vocálica, seguindo a  evolução natural da palavra;
- seer, veerom, pee, boo, alãao, huu que sofreram síncope da consoante intervocálica, mas ainda não operaram a crase;
- pose-o em sua forma arcaica de pretérito perfeito;
- vyo apresenta a grafia de o para representar uma pronúncia bastante alta e fechada da vogal, que mais tarde passou a u;
- sobre’elle, que, pela forma como foi grafado, indica uma pronúncia em que a preposição se apoia no pronome pessoal, como um clítico.
Morfológicos
Destacam-se:
- uso do possessivo feminino átono, como em sa molher;
- emprego dos clíticos sem grande preferência por uma única posição, em que vio-a, pregumtou-lhe, foi-sse, teue-o, dentre outros, aparecem ao lado de ella lhe disse, ell lhe disse, lhe prometesse, se santificasse, lho outorgou etc;
- variação dos gêneros, como em alto linhagem;
- gram e muy, em sua forma reduzida;
- uso da conjunção antiga ca.
Sintáticos 
Alguns giros sintáticos merecem destaque, como abaixo se vê:
“...ouuyo cantar muyta alta voz huua molher...”: a circunstância expressa pelo adjunto adverbial não aparece aí introduzida pela preposição em;
“ ...e ouuerom dous filhos e huu ouue nome de...”: verbo haver no sentido de ter;
“E Dom Diego Lopez, quando esto vyo, teue-o por millagre e synou-sse e disse...”: excesso de emprego de conjunção coordenativa aditiva;
“...a podenga trauou ao alão em a gragãta e matou-o”: ocorre o verbo travar seguido de preposição a, ocorre a ausência da contração de em + a, e ainda a ênclise, embora o verbo esteja precedido de conjunção.
Lexicais 
Alguns itens merecem atenção especial, como monteyro, para indicar aquele que monta, ou, em outras palavras, o cavaleiro; armada, no sentido de montaria; atemdendo, no sentido de esperar; forcado, metáfora para um “defeito” anatômico; dona, que significa senhora; outorgou, no sentido de consentir, aprovar; alão, grande cão de fila; podenga, a cadela para a caça de coelhos.
Trecho de “O rato da cidade e o da aldeia”
(...)
E o rrato da çidade veemdo-o, chamou-ho, que outra vez viesse a comer com elle, e nom ouvesse medo; e o outro rrato lhe respondeo:
-- Amigo meo, ora fosse eu jajuum do comvite que me fezeste! A mym praz mais de comer triiguo, favas e hervamços em paz que galinhas e capões com temor e periiguo  de morte. A paz, a quall ssempre tenho comiguo, me faz a mym os meus comeres sseerem delicados. E poren teus comeres guarda-os pera ty, ca eu me comtento do que hey.
(apud Rodrigues Lapa. O livro de Esopo)
Comentários: o rato da cidade e o rato da aldeia
SLIDES
FECHAMENTO DO FÓRUM DE DISCUSSÃO DAS AULAS 1 A 5.
Um substrato é uma língua que tem menor poder ou influência do que outra, enquanto um superestrato é uma língua que tem maior presença ou influência. Um adstrato refere-se a uma linguagem que está em contato com outro idioma de uma população vizinha, sem por isso ter uma influência identificável maior ou menor.
Superestrato > persistência da língua local – a língua intrusa é deixada de lado; é o caso da adoção do latim pelos invasores árabes e germânico.;
Substrato > língua local desaparece (submete-se) – a língua intrusa é adotada pelos vencidos; é o caso das línguas originais da Península Ibérica em relação ao latim .
Adstrato > espanhol e português que se interpenetram e se influenciam mutuamente na fronteira sul do país.
PORTUGUÊS BRASILEIRO X PORTUGUÊS DE PORTUGAL
Diferenças de vocabulário.
açougue / talho aeromoça/ hospedeira de bordo banheiro / casa de banho cafezinho /bica / celular / telemóvel fila / bicha / ônibus / autocarro sanduíche / prego sorvete /gelado trem / comboio xícara / chávena
	O latim vulgar deu origem ao galego-português. Com este último percebemos a ausência das declinações, de modo que as palavras começam a ganhar ordem na frase. O latim não tinha ordem porque as palavras tinham terminações que indicavam a sua função sintática.com a queda das declinações, com o desaparecimento das desinências que indicavam e, portanto, as suas funções sintáticas. É preciso organizar as palavras como nós fazemos na língua portuguesa: colocando na ordem sujeito + verbo+ complemento adjunto. Essa ordem já está no galego-portugues e será mais usual no português. Já aparecem os artigos que não existiam. As preposições começam a ganhar força também por conta da queda das declinações.
DIFERENÇAS FONÉTICAS
Menino / m'nino
Esperança / esp'rança
Pedaço / p'daço
Aqui não houve mudanças de significado, mas da forma de escrever.
DIFERENÇAS SINTÁTICAS
Me dá um presente? / Dá-me um presente?
Estou preparando o almoço. / Estou a preparar o almoço. 
Vou na escola hoje. / Vou à escola hoje. 
Metaplasmos: As transformações fonéticas do latim para o português que originam as variações na forma de falar continuam a ocorrer até hoje.
acūmen > gume; sonorização do [k]
apothēca > bodega; sonorização do [p]
veritatem > verdade {sonorização do {t}
aedus: transformação do ditongo ae > [é]
plenus: encontro [pl] > [ch]
ATIVIDADE
Na passagem “...agia meu reino...”, do Testamento de Dom Afonso II, há um exemplo de:
a)Construção bitransitiva
b)Construção de “haver” em estrutura de posse
c)Construção com “agir” no modo subjuntivo
d)Construção metonímica
e)Construção intransitiva
REAPOSTA: B
Na ocorrência da forma “uassalo”, identifica-se:
a)Grafia latina da fricativa labiodental sonora
b)Pronúncia vocalizada 
c)Mudança em curso da pronúncia da vogal, para um tom mais fechado de “u”
d)Ocorrência de “u” como semivogal
e)Grafia estilística aleatória, comum à época.
RESPOSTA: A
Aula 7: O Moderno Português Europeu (Parte 1)
O movimento cultural da escola literária 
Ano de 1350
Em primeiro lugar, deve-se considerar que assim que acaba o movimento cultural da escola literária que elevou o prestígio do galego-português, o galego começa a isolar-se do português (desde o século XIV, por volta de 1350). Conta-se com o testemunho de obras em prosa, como o exemplifica a Crônica Troiana. O estilo trovadoresco começa a perder espaço e prestígio. Esse é um motivo para o fim do galego-portugues. Outro motivo é o fato de Portugal, a essa época, já obteve uma organização política que corresponde, quase perfeitamente, à extensão que possui hoje. E essa estabilidade de fronteira política também se verificou na fronteira linguística, pois o português, uma vez separado do galego, é adotado em todo o território, com números desprezíveis de outras comunidades linguísticas.
Século XVI
O centro cultural de Portugal oscila então entre Coimbra, Lisboa e Évora, inicialmente, pois que aí estão localizadas as Universidades e os Mosteiros (também responsáveis pela produção do saber, como é o caso dos de Alcobaça e de Santa Cruz). Em meados do século XVI, o eixo Lisboa-Coimbra passa a ser o centro cultural a partir de onde será emanada a norma linguística. Nessa época, Portugal vive uma fase de transformações muito intensas com os descobrimentos e a expansão ultramarina, que já conhecemos, principalmente por fazermos parte dessa história. Assim, culturalmente, a produçãotambém aumenta e a figura mais emblemática não poderia deixar de ser nosso ilustre poeta Camões, e a obra, igualmente emblemática, não poderia deixar de ser, Os Lusíadas, cuja publicação marca o início do moderno português europeu.
Ano de 1350 a 1450
Entre 1350 e 1450, houve um segundo reflorescimento de obras líricas, mas sem participação portuguesa, o que também marca a separação do galego e do português.
Século XVII
Assim, a partir do século XVII, o galego deixa de ser língua literária em Portugal, passa a ser usada apenas oralmente e recebe transformações fonéticas (algumas delas aparecem no capítulo III, da obra citada de Paul Teyssier). Aparecem ainda questões interessantes, como a ascensão do prestígio do espanhol, de forma que essa língua passou a ser, por um tempo, a segunda língua, que indicava prestígio, entre os portugueses cultos, fenômeno conhecido como “castelhanização da corte” (TEYSSIER, 2001). A perda desse prestígio só acontece com a subida de D. João VI ao poder.
Século XVIII
A segunda influência bem marcada se deu mais tarde, a partir do século XVIII, com a ascensão da cultura francesa, verificada não só no conteúdo das obras, como também no vocabulário e na sintaxe portugueses. Nesse período, deve-se destacar ainda as obras especificamente dedicadas ao conhecimento da língua, considerados gramáticos, lexicógrafos e filólogos.
A primeira gramática data de 1536, de autoria de Fernão de Oliveira. A ela seguem-se importantes publicações, como Grammatica da Lingua Portuguesa, de João de Barros, Orthographia, de Duarte Nunes do Lião, dentre outros.
Assim sendo, passamos à observação das transformações fonéticas do português europeu do séc. XIV aos nossos dias.
Eliminação dos encontros vocálicos em hiato, advindos da síncope das consoantes –d-, -l- e –n- intervocálicas. Para tanto, o sistema linguístico encontrou soluções:
-Desenvolvimento de uma consoante entre essas vogais: v~io> vinho (til em cima do i)
- Contração de duas vogais numa única:
1º ) Vogal nasal - se uma vogal é nasal,  geralmente o resultado é vogal nasal: lãa> lã; paombo> pombo etc;
2º )Contração de duas vogais - a contração de duas vogais orais sempre resulta em vogal oral e isso pode afetar o sistema, trazendo a ele novos fonemas:
Em posição tônica o sistema já é o atual: vies > vis; leer>ler; pee>pé;coor>cor; nuu>nu.
Gaanha>ganha, [a] aberto } a partir desses dados, opõem-se –ámos e –amos,
Cama – a etimológico → [ä] fechado } perfeito e presente em português europeu.
Em posição postônica, o sistema não se altera. –oo e –aa em fim de palavra contraem-se em –o e –a, respectivamente. Ex: diaboo> diabo, Brágaa> Braga.
Confundem-se com –o e –a etimológicos, herdados das formas latinas, como amigo, amiga.
Em posição pretônica, as contrações dos hiatos produzirão três fonemas vocálicos novos, que sempre se distinguem das vogais simples na mesma posição ([ɛ], [a], [ɔ]), como em escaecer> esqueecer, esquècer; preegar> prègar; caaveira>càveira; coorar>corar etc.
No séc. XV, quando as contrações dos hiatos se completaram, essas vogais deveriam ser longas e abertas, em oposição às pretônicas simples ([e], [a], [o]) breves e fechadas.
Os três fonemas novos serão reforçados em palavras eruditas, que terão timbre aberto, como dir[ɛ]ctor, [a]cção, ad[ɔ]pção etc.
Por volta de 1500, o sistema de vogais orais em posição pretônica está igual ao das tônicas:
i   u
 e  o
 ɛ   ɔ
  ä
  a
3º) contração de duas vogais orais em um ditongo oral, que, em alguns casos, causará confusões, como é o caso de a-e> ae, confundido com ai; e a-o> ao, confundido com au.
Algumas contrações darão origem a ditongos inteiramente novos, inexistentes na língua até então, como [ɔ]e> oe, hoje oi: so-es> soes> sóis; [ɛ]o> eo, hoje eu: ce-o> ceo> céu; [ɛ]e> ee>ei: crue-es> cruees> cruéis.
O quadro dos ditongos assim se estabelece
ui                 iu
ei              oi              eu                ou
[ɛ]i          [ɔ]i           [ɛ]u      
 ai             au
4º) contração de uma vogal nasal e uma vogal oral em ditongo nasal:
Ã-o, ã-e, õ-e > ditongos: ão, ãe, ãe , como em mão, cães e leões.
5º) encontros vocálicos provindos da síncope de –d- de desinências verbais (2ª pessoa do plural) são resolvidos de formas distintas:
- As vogais são suprimidas por ações analógicas: seerei e teerei> serei e terei, com [e] pretônico ao invés do esperado [ɛ];
- As grafias não seguem as transformações, mantendo vogais duplas mesmo depois de já feita a contração; 
- Escrevem-se vogais duplas onde não existiam, para indicar sílaba tônica, como em estaa, antiigo etc;
- Alguns hiatos são eliminados mais tarde, como ~u-a (til em cima do u)> uma; e-o> -eio,-eia, com alargamento;
- Alguns encontros vocálicos sobreviveram, como lua, boa etc;
- Hiatos produzidos por quedas de consoantes desencadearam um processo de revisão que provocou o enriquecimento do sistema fonológico das vogais nos séculos XIV e XV: oito vogais em posição tônica e pretônica, e em posição final, apenas três (/E/, /A/, /O/), além de onze ditongos orais (ei, ei, ai, ói, oi, ui, iu, eu, éu, au, ou) e três nasais.
2. Unificação dos substantivos singulares anteriormente em –ã-o, -an e –on:
- Os antigos hiatos (mã-o, can e le-on) reduziram-se (> mão, can e leon) para então se unificarem em mão, cão e leão. Isso mostra que todas as palavras da língua que possuíam –an (am) e –on (om) convergiram para –ão;
- formas verbais tônicas: dan>dão.
- /b/ e /v/ continuam sendo fonemas distintos.
- o centro e o norte hoje, como em espanhol, têm um único fonema que é /b/ oclusivo bilabial ou /ƀ/ fricativo bilabial, dependendo do contexto fonético em que ocorra.
- no séc. XVI, um testemunho explícito: Duarte Nunes do Lião, em sua Orthographia, menciona a confusão entre b e v.
3. Evolução do sistema das sibilantes:
- Inicialmente, são quatro os fonemas: [ts],[s],[dz] e [z]. Por volta de 1500, [ts] e [dz] perdem o elemento oclusivo. O novo quadro assim se organiza:
- Predorsodentais surda (/s/, escrita ç e c, como em “paço”) e sonora (/z/, escrita z, como em “coser”);
- Ápico-alveolares surda (/ś/, escrita s e SS, como em “passo”) e sonora (/ź/, escrita s, como em “coser”);
- 
Os textos aljamiados escritos em Marrocos mostram não haver confusão entre as séries, e a gramática de Fernão de Oliveira contém descrição precisa.
- No fim do séc. XVI, o português reduziu o sistema das sibilantes a dois fonemas, em favor das predorsodentais, como o francês: surda /s/, de forma que “paço” e “passo” confundem-se, e a sonora /z/, causando confusão entre “coser” e “cozer”.
- Esses fatos ocorreram com o português comum, a língua oficial e de prestígio do centro e do sul. No norte é diferente: do noroeste ao centro-leste, dois fonemas ([ś] e [ź], também conhecidos como “s beirão”); no Minho, Trás-os –Montes e Beira alta, conservam-se os quatro fonemas.
4. Monotongação de ou em [o]:
- no norte, continua a existir ou;
- algumas palavras variam de ou para oi (toiro, oiro, coisa);
- esse ditongo oi evitou a monotongação, mas se confundiu com oi já existente na língua, herdado do latim, como “noite, oito” etc);
- essa variação não atingiu todas as palavras (como pouco, amou etc);
- no séc. XVI, antes de generalizar-se o fenômeno na língua padrão, os judeus no teatro de Gil Vicente empregam sistematicamente oi por ou: coisa, poico etc.
5. Passagem de [t ] a [ʃ]:
Mas o norte não opera tal transformação e conserva o que já existia.
No sul, surge a mudança que se transforma em norma, em língua padrão.
6. Pronúncia chiante de s e z implosivos:
- hoje, todo s e z implosivos (fim de sílaba) são chiantes [ʃ] ou [ȝ].
Explicação:
• Enquanto as ápico-alveolares se transformavam em predorsodentais em início de sílaba, elas se teriam palatalizado em fim de sílaba como chiantes.
• É pouco compreensível o fato de que, em Minas Gerais, s e z implosivos são chiantes puras. 
• S e z implosivos teriam sido inicialmente sibilantes; entre o séc.XVI e o primeiro testemunho, o chiamento teria se produzido.
• Nos falares do norte, na zona intermediária do “s beirão”, os s e z implosivos são comumente percebidos como ápico-alveolares.
• Na zona arcaica do nordeste, entre o antigo s, pronunciado como um [ś] ápico-alveolar, e o antigo z, pronunciado como [s] predorsodental, há diferença.
7.“Redução” das vogais átonas [e] e [o]:
Átonas finais - por volta de 1800, [e] e [o] pré-tônicas e átonas finais serão reduzidas:
•	[e]> [ë]: m[ë]ter e p[ä]se;
•	[o]>[u]: m[u]rar, pás[u].
-a grafia oficial continua a manter [e] e [o];
Grafia oficial – a grafia oficial continua a manter e e o;
Vogais com caminhos diferentes
Posição pretônica 
Detalhes 
8. Monotongação ou manutenção de ei:
- a monotongação de ei>e não foi admitida na língua comum, por causa de Lisboa (se incluiu, quanto a esse fenômeno, no grupo conservador, com o norte).
- na língua moderna, houve um fenômeno de diferenciação: ei> äy
9. Inovações fonéticas do século XIX:
As mais importantes são:
ey>äy: diferenciação para acentuar oposição entre o elemento inicial e o elemento final do ditongo (admitido como normal na língua padrão);
-[e] tônico > [ä] diante de palatal: venho [vänho], espelho [ispälhu], vejo [väȝu], fecho [fäʃu] etc
- Pronúncia uvular do /r/ forte: /r/ brando (uma vibração) e /r/ (mais de uma vibração) > /r/ brando e /r/ forte uvular.
SLIDES
Eliminação dos encontros vocálicos em hiato, advindos da síncope das consoantes –d-, -l- e –n- intervocálicas:
Desenvolvimento de uma consoante entre essas vogais: 
vio > vinho
Contração de duas vogais numa única, em posição tônica: 
a)Se uma é nasal: lãa> lã; paombo> pombo
b)As duas orais: leer>ler; pee>pé; coor>cor; 
Em posição pós-tônica: diaboo> diabo, Brágaa> Braga.
Em posição pré-tônica, as contrações dos hiatos produzirão três fonemas vocálicos novos, que sempre se distinguem das vogais simples na mesma posição ([ɛ], [a], [ɔ]), como em escaecer> esqueecer, esquècer; preegar> prègar; caaveira> càveira; coorar> corar etc.
A contração de duas vogais orais em um ditongo oral, que, em alguns casos, causará confusões, como é o caso de a-e> ae, confundido com ai; e a-o> ao, confundido com au.
Algumas contrações darão origem a ditongos inteiramente novos, inexistentes na língua até então, como 
[ɔ]e> oe, hoje se transformou em oi: so-es> soes> sóis; 
[ɛ]o> eo, hoje se transformou em eu: ce-o> ceo> céu; 
[ɛ]e> ee> hoje se transformou em ei: crue-es> cruees> cruéis.
Contração de uma vogal nasal e uma vogal oral em ditongo nasal:
Ã-o, ã-e, õ-e > ditongos: ão, ãe, õe , como em mão, cães e leões.
Unificação dos substantivos singulares anteriormente em –ão, -an e –on:
- Os antigos hiatos (mã-o, ca-an e le-on) reduziram-se (> mão, can e leon) para então se unificarem em mão, cão e leão. Isso mostra que todas as palavras da língua que possuíam –an (am) e –on (om) convergiram para –ão.
O plural dessas palavras é diferente porque elas têm origem diferente. 
1.Permanência da distinção entre /b/ e /v/ no português comum:
- /b/ e /v/ continuam sendo fonemas distintos.
-o centro e o norte hoje, como em espanhol, têm um único fonema que é /b/ oclusivo bilabial ou /ƀ/ fricativo bilabial, dependendo do contexto fonético em que ocorra.
-no séc. XVI, um testemunho explícito: Duarte Nunes do Lião, em sua Orthographia, menciona a confusão entre b e v.
Evolução do sistema das sibilantes:
Inicialmente, são quatro os fonemas: [ts],[s],[dz] e [z]. por volta de 1500, [ts] e [dz] perdem o elemento oclusivo. O novo quadro assim se organiza:
Predorsodentais surda (/s/, escrita ç e c, como em “paço”) e sonora (/z/, escrita z, como em “cozer”);
Ápico-alveolares surda (/ś/, escrita s e SS, como em “passo”) e sonora (/ź/, escrita s, como em “coser”);
No fim do séc. XVI, o português reduziu o sistema das sibilantes a dois fonemas, em favor das predorsodentais, como o francês: surda /s/, de forma que “paço” e “passo” confundem-se, e a sonora /z/, causando confusão entre “coser” e “cozer”.
Monotongação de ou em [o]:
no norte, continua a existir [ou];
algumas palavras variam de [ou] para [oi] (toiro, oiro, coisa);
esse ditongo [oi] evitou a monotongação, mas se confundiu com oi já existente na língua, herdado do latim, como “noite, oito” etc);
essa variação não atingiu todas as palavras (como pouco, amou, etc.);
2.“Redução” das vogais átonas [e] e [o]:
-por volta de 1800, [e] e [o] pré-tônicas e átonas finais serão reduzidas:
•	[e]> [ë]: m[ë]ter e p[ä]se;
•	[o]>[u]: m[u]rar, pás[u].
-a grafia oficial continua a manter [e] e [o];
EXERCÍCIO
1.Sobre a separação do galego e do português, é correto afirmar:
a)Português e galego separam de uma vez e nunca mais se aproximam
b)Português se separa do galego, mas essa língua ainda fica sendo usada na literatura portuguesa
c)Português se separa do galego, mas só o português é usado como língua literária
d)Português se separa do galego, mas essa língua ainda figura no uso cotidiano
e)Português se separa do galego, mas o galego, inicialmente, ainda é usado como língua literária
RESP. B
2.O antigo sistema de quatro sibilantes no galego-português evolui para:
a)Duas consoantes, uma pré-dorsodental surda e uma sonora no português moderno
b)Duas consoantes, uma ápico-alveolar surda e uma sonora no português moderno
c)Duas consoantes, uma pré-dorsodental surda e uma ápico-alveolar sonora no português moderno
d)Três consoantes, uma pré-dorsodental surda e uma sonora e uma ápico-alveolar surda, no português moderno
e)Três consoantes, uma pré-dorsodental surda e uma sonora e uma ápico-alveolar sonora, no português moderno
RESP.: A
3.Como inovação fonética do século XIX mais evidente, identifica-se:
a)A alteração de algumas vogais para um [e] bem fechado
b)A alteração de algumas vogais para um [i] bem fechado
c)A alteração de algumas vogais para um [a] bem fechado, pronunciado [ä]
d)A alteração de algumas vogais para um [o] bem fechado
e)A alteração de algumas vogais para um [u] bem fechado
RESP.: D
 
ATENÇÃO: no exercício 7 a resposta para essa pergunta é a letra c.
Aula 8: O Moderno Português Europeu (Parte 2)
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Reconhecer na história externa os motivos possibilitadores das mudanças linguísticas;
2. reconhecer as mudanças nos níveis morfológico, sintático e lexical do moderno português europeu;
3. listar alterações sobre a ortografia atual portuguesa.
	Partindo do que já foi iniciado na aula anterior, apresentam-se agora as principais alterações nos planos morfológico, sintático e lexical. Avance a tela e acompanhe!
	Do século XVI em diante, pode-se dizer que a morfologia atingiu um nível de estabilidade que inspirará poucas alterações no português europeu. As evoluções fonéticas atingem obviamente o sistema morfológico.
	Um caso emblemático dessa situação é a formação dos plurais de nomes terminados em –ão, como ocorre com os exemplos mãos, cães e leões, assim como ocorre também com a fixação dos femininos de adjetivos em –ão, como o exemplo de sã.
Outro caso produtivo na análise dos textos é o plural de nomes e de adjetivos terminados em –l: cruel/cruéis; sol/sóis, etc.
É importante salientar que são eliminadas as formas de possessivos femininos átonos ma, ta e as. Já os anafóricos (h)i e em desaparecem como formas independentes. Pronomes e advérbios dêiticos organizam-se em um quadro que já é o atual: este, esse, aquele; aqui, aí, ali, cá e lá.
Anáfora - retoma por meio de referência um termo anterior.
João está doente. Vi-o na semana passada.
(pronome “o” retoma o termo “João”.)
Catáfora - termo usado para fazer referência a um outro termo posterior.
A irmã olhou-o e disse: - João, estás com um ar cansado.
(O pronome “o” faz referência ao termo subsequente “João”, de modo que só se pode compreender a quem o pronome se refere quando se chega ao termo de referência.)
Os nomes própriosmais utilizados na língua portuguesa são estes: João, Maria e José.
(Neste caso o pronome “estes” faz referência aos termos imediatamente seguintes “João, Maria e José”.)
Dêitico – (exofórica) se refere a algo fora do texto. Responsável por localizar algo no tempo ou no espaço.
Exemplo: 
- Aqui está muito frio. (Onde eu estou? Não sei! Só sei que estava frio no lugar em que você escreveu o texto)
Homem sendo empregado como a função de pronome indefinido, à semelhança do on francês, desaparece nesse período, bem como o uso do partitivo (como em “Quero do pão”). Além disso, as preposições per e por fundem-se em favor de por e pelo e polo, em favor de pelo.
Quanto à morfologia do verbo, há uma simplificação de seu paradigma.
Ainda no plano morfológico, aponta-se a questão do tratamento, que até aproximadamente 1500 só 
contava com o tuteamento familiar e o voseamento cerimonioso. A partir de então surgem as formas “vossa graça”, “vossa mercê”, “vossa excelência”, “senhor” e “senhor doutor”.
	Segundo Teyssier (2001), já se verifica, a partir do século XIX, o desuso da 2ª pessoa do plural na língua falada.
	O próximo assunto é o latinismo.
	No português moderno, há dois casos em que o emprego do infinitivo flexionado é obrigatório, quais sejam, quando há um sujeito explícito e quando a clareza exige, para que se evite a ambiguidade, que se verifica respectivamente em:
“... e feito o cômputo dos tempos, se achou serem passados trezentos anos” (BERNARDES. Sermões e práticas. Lisboa, 1733, II, p. 242)
“Ó Netuno, lhe disse, não te espantes De Baco nos teus reinos receberes” (Os Lusíadas, VI, 15)
	Também aparecem na própria obra Os lusíadas exemplos nos quais se esperaria a ocorrência de infinitivo flexionado, ao invés de não flexionado:
“Não sofre muito a gente generosa
Andar-lhe os cães os dentes amostrando” (Os Lusíadas, v. I, 87)
QUANTO À SINTAXE 
O início da era moderna salienta uma acentuada liberdade em termos de colocação das palavras na frase. Muitos desses casos são o que se chama “latinismo”, isto é, uma retomada, dentro do possível, do estilo dos autores latinos. São casos desse tipo a transposição do verbo para o fim da frase nas subordinadas, o estilo de frases longas e períodos carregados de subordinação, dentre outros.
OBSERVEM-SE:
1.“A Deus pedi que removesse os duros
Casos que Adamastor contou futuros” (Os lusíadas, Camões)
2.“ (...) Quando alevantaram
Um por seu capitão, que peregrino
Fingiu na cerva espírito divino” (Os Lusíadas. I, 26)
A concordância é tão rica e variada quanto os escritores a apresentaram, segundo intensas variações semânticas em numerosas possibilidades estilísticas.
Embora historicamente a língua arcaica estivesse mais próxima do latim, a concordância se fazia de um modo mais livre. Atualmente, as regras se sistematizaram ao ponto de exercer estigmatização social no falante que delas se afasta.
Sintaxe de colocação - desde a língua arcaica, verificam-se diferentes tendências: 
A) ênclise com futuro do presente e com futuro do pretérito (antigo condicional), como “farei-te”, “buscaria-o”, “(...) ou vós me matade, ou eu matarei-vos” (A demanda do Santo Graal, ed. ,Magne, i, p.88, apud chaves de melo, 1981).
B) há também uma quantidade considerável de ocorrências em que outros elementos aparecem entre pronome e verbo, como se vê no livro das linhagens (séc. XIII ou XIV):
“(...) Preguntou (...) como poderia leixar aquel castelo a seu salvo, pois que lho el-rei non queria tomar.”
Do século XVI ao XVIII, vão se fixando tendências que orientam esse uso até os dias atuais, ligadas a um processo fonético de atonização. 
Tais pronomes procuram um apoio fonético na emissão da sílaba tônica das palavras que os circundam na construção 
Essas posições são muito mais tendências do que regras propriamente ditas. 
Com as grandes navegações, Portugal conquistou muitos outros territórios. Esses fatos também trouxeram interferências na deriva natural da língua portuguesa. Isso se verificou principalmente no plano lexical da estrutura linguística.
GRANDES NAVEGAÇÕES – CONTRIBUIÇÕES LEXICAIS DE DIFERENTES CONTINENTES – ÁFRICA (ÁRABES), ÁSIA (MALAIO E CHINÊS), AMÉRICA (BRASIL)
Foram contribuições que vieram de diferentes continentes. Inicialmente, o Português recebeu novos vocábulos da África, com novas palavras árabes; da Ásia, com o dravídico, o malaio e o chinês, e mais tarde, do Brasil. 
Bilinguismo Luso-espanhol
Outro fator que provocou algumas alterações no léxico português foram os dois séculos e meio de bilinguismo luso-espanhol, nos quais houve significativas trocas, embora o português tenha aceitado poucas contribuições do espanhol.
Na virada do século XVIII para o XIX, verifica-se em curso um período de aceleração de algumas tendências anteriores que então se sedimentam e, portanto, identifica-se aí uma nova inspiração linguística cunhada por alguns, como o início do português contemporâneo.
Para ilustrar as alterações promovidas nesse período, citam-se o emprego do artigo definido acompanhado de possessivo, a maior rigidez no emprego do pronome átono (que em Portugal tem a preferência inicialmente pela próclise e hoje pela ênclise), o emprego da mesóclise restringe-se ao registro escrito da língua, o emprego do futuro perde seu caráter mais temporal e adquire o traço mais modal, o pretérito mais- que-perfeito confina-se também ao registro escrito.
Até 1907, a ortografia do Brasil e Portugal são oficialmente as mesmas, ano em que a Academia Brasileira de Letras tentou estabelecer um sistema ortográfico próprio, que foi visto e revisto pelos estudiosos interessados da época, o que culminou em uma grande revisão e voltou a envolver Portugal, na edição de 1931 da reforma ortográfica.
Salienta-se, finalmente, uma vez que o tema aqui é o português europeu, que a imprensa portuguesa tem divulgado que o cidadão comum, não afeito aos princípios linguísticos, rejeita as alterações e reconhece o novo acordo como algo que não pertence à língua portuguesa, objeto da qual se consideram donos. Para eles, as alterações propostas lhes soam como “pretuguês” (matéria divulgada no site www.sapo.pt), neologismo que faz alusão às colônias povoadas por negros, de cunho pejorativo, por oposição ao bom português.
SLIDES
QUANTO À ORTOGRAFIA 
Com o retorno aos padrões clássicos, os homens da época buscaram as grafias na forma mais conservadora, fazendo um retorno à grafia greco-latina.
Essa busca trouxe ao uso uma quantidade enorme de complicações absolutamente inúteis e fora da evolução natural da língua, como é o caso de emprego de letras dobradas e de rh, th, ph e ch (com valor de [k]), como chãos, charidade, dentre outras ocorrências, tais como lytographia (por semelhança a typographia), septe, dapno, lyrio, sancto, comptar, eschola etc.
Com o tumulto que essa busca desenfreada causou, uma reação efetivou-se. 
Gonçalves Viana, estudioso com conhecimento na área histórica, apresentou uma proposta de revisão ortográfica, cujo texto é conhecido a partir de sua edição de 1904, em Lisboa, intitulado “Ortografia Nacional”, e cujas linhas norteadoras são as seguintes:
1.Extinção total das referências às letras gregas th, ph, ch, rh e y;
2.Simplificação das consoantes dobradas, com exceção de rr e de ss;
3.Eliminação de consoantes nulas, sem pronúncia;
4.Regularização da acentuação gráfica.
Até 1907, a ortografia de Brasil e Portugal é oficialmente a mesma, data em que a Academia Brasileira de Letras tentou estabelecer um sistema ortográfico próprio, que foi visto e revisto pelos estudiosos interessados da época, o que culminou numa grande revisão e voltou a envolver Portugal, na edição de 1931 da reforma ortográfica.
O Acordo Ortográfico mais recente é o de 2009, cuja proposta, partindo de Portugal, era a de uniformizar a grafia de toda a lusofonia. 
Os países envolvidos deveriam participar das decisões, fato que custou muito tempo (foram 17 anos de negociações e modificações) até sua aprovação, pois algunsestavam ainda em processo de guerras de independência, como foi o caso do último país a ter disponibilidade, Timor-Leste.
Salienta-se, uma vez que o tema aqui é o português europeu, que a imprensa portuguesa tem divulgado que o cidadão comum, não afeito aos princípios linguísticos, rejeita as alterações e reconhece o novo acordo como algo que não pertence à língua portuguesa, objeto da qual se consideram donos. 
Para eles, as alterações propostas lhes soam como “pretuguês” (matéria divulgada no site www.Sapo.Pt), neologismo que faz alusão às colônias povoadas por negros, de cunho pejorativo, por oposição ao bom português.
AULA 9: O PORTUGUÊS DO BRASIL	
É de conhecimento de todo brasileiro que tenha terminado o ensino fundamental os fatos históricos que são importantes para a compreensão do contexto em que se estrutura o português do Brasil. Mesmo assim, é importante relembrar os mais relevantes.
	É sabido que em 1500 Cabral aporta no Brasil e encontra nossos índios. Em 1532, começa efetivamente a colonização pelo litoral. Só mais adiante, começam, por São Paulo, as expedições interioranas.
	Mas em todo o processo inicial de colonização, não houve investimento cultural propriamente dito. Não havia universidade nem tipografia. As escolas alfabetizavam e ensinavam o português europeu, que é então de fato aprendido. Nas ruas, a conversação ordinária se dava em língua geral inicialmente.
	Os portugueses tentaram nos primeiros contatos impor o português como língua aos indígenas. Mas essa empreitada não logrou êxito diante dos indígenas brasileiros, de forma que os colonizadores tiveram de recuar e aprender um pouco das línguas indígenas de maior número de falantes para então depois promover algumas alterações, introduzindo palavras e estruturas portuguesas. 
	E assim se forma a língua geral: um tupi modificado pelos jesuítas, embora as línguas indígenas continuavam a sobreviver. Só com a expulsão dos jesuítas é que a língua geral deixou de ser usada, pois Pombal a proibira. Coincidentemente, datam dessa época os primeiros testemunhos da fala dos brasileiros ricos, denominados mineiros.
	Somente em 1808, com a chegada da família real ao Rio de Janeiro, o Brasil ganha significativamente em termos culturais. 
	Dentre as várias consequências dessa instalação, citam-se a criação da Biblioteca Nacional, a do Banco do Brasil, a do Jardim Botânico, a presença de 15000 portugueses da Corte na cidade, com seus hábitos linguísticos bem distintos das levas de portugueses que vieram habitar e explorar o interior do Brasil.
	Salienta-se, sobretudo, a elevação da colônia à categoria de reino. Todos esses fatos constituem o que se chama o fenômeno da relusitanização.
	
Com o fim do tráfico de escravos africanos e a crescente miscigenação, a aculturação fica cada vez mais evidente e isso marca a constituição da sociedade brasileira.
Também no brasil, a área do Nordeste, impulsionadora inicial da economia, fica culturalmente encolhida e o centro de prestígio passa ao centro-sul.
Os processos de urbanização e de industrialização mudam a caracterização eminentemente rural do país;
Exemplos de aspectos conservadores na fonética e na fonologia:
A)pronúncia de –s e –z implosivos: 
B)pronúncia das vogais átonas: repetem a pronúncia portuguesa do século XVIII ou até anterior a essa época.
C)conservam-se os ditongos [ey] (desde- pronunciamos desdie = ey) e também sua realização nasal, [e] antes de palatais e [r] uvular, pronúncias essas em que Portugal já imprimiu alterações.
D)algumas formas ortográficas não foram adotadas no Brasil, como o “sc”, pronunciado como [∫] em Portugal, e o caso de alguns grupos consonantais não adotados no Brasil, como facto, director, etc. (Em Portugal, a palavra PISCINA pronuncia-se bem o sc, no Brasil não.)
Exemplos de aspectos inovadores na fonética e na fonologia
A) não há oposição entre timbres abertos e fechado das tônicas [a], e [o] seguidas de consoante nasal, de forma que aqui elas são simples variações.
B)clíticos terminados em –e são pronunciados [i]. (me, dizemos mi- Mi dê uma banana.)
C)vocalização de [l] em quase todo o brasil, passando a um nítido [w]. A exceção está no extremo sul do país. (papel – papel)
D)a pronúncia chiante de –s e –z implosivos em fim de sílaba vem adicionada de um iode.
E)grupos consonantais complexos eruditos são desfeitos pelo acréscimo de [i] e, às vezes, de [e], como em “adevogado, peneu” etc.
F)os grupos [ti] e [di] sofrem, quase em absoluto, palatalização para [t∫] e [dȝ].
G)a pronúncia de [r] em fim de sílaba tende a se realizar como zero fonético em quase todo o brasil. (zero fonético é quando não pronunciamos, por exemplo, o “r” do final de alguns verbos como chamar. Geralmente pronunciamos: “vou chama® a professora. Engolimos o r.
Quanto à morfologia e à sintaxe, elencam-se:
 A construção “estar + gerúndio” conservadorismo da modalidade brasileira, em Portugal o padrão passou a ser “estar a + infinitivo”. Brasil: Estou fazendo a comida. – Portugal: Estou a fazer a comida. Nesse caso, o Brasil é mais conservador e Portugal avançou. Entretanto, as duas formas são legítimas, apenas marcam diferenças.
B) No Brasil, emprega-se o possessivo desacompanhado de artigo, diferentemente de Portugal.
C) No Brasil, a preferência de emprego do pronome átono ainda é a próclise: conservadorismo, uma vez que Portugal passou a preferir a ênclise.
D) Preferência da preposição “em” em detrimento do uso de “a”, como em “Fui na praia”, por exemplo.
E) ampla utilização do verbo ter impessoal, com sentido de haver.
F)utilização de pronome reto nominativo (sujeito) em posição acusativa (objeto), do tipo “Eu vi ela”.
G)uso do pronome oblíquo em função nominativa, como em “ele deixou isso pra mim ver”.
H)o uso de dupla negação, como em “não sei, não”, “não vi nada”, etc.
I)concordância nominal fortemente marcada apenas no determinante, como em “meus amigo diz isso”.
J)você e a gente passam a ter uso amplo e generalizado.
K)a simplificação do paradigma verbal em muitos registros , como “eu amo, tu ama, ele ama, nós ama/amamos, eles ama”, com o total desuso da 2ª pessoa do plural.
Quanto ao vocabulário, obviamente convergem três grandes origens. 
Em primeiro lugar, o velho fundo de palavras latinas eruditas e semi-eruditas. Ao lado dessa maioria, encontram-se contribuições indígenas, sobretudo de origem tupi, e as contribuições de origem africana, principalmente do iorubá do quimbundo.
Depois do Romantismo, alguns brasileiros se puseram a pensar a realidade da língua portuguesa falada no Brasil e até a reivindicar a existência de uma língua propriamente brasileira, como aconteceu no Modernismo. De lá para cá, o assunto nunca mais deixou de estar em pauta e os cientistas da língua, os linguistas, se debruçam sobre ele.
A língua geral adotada no Brasil no início da colonização era o tupi modificado pelos jesuítas
EXERCÍCIO
Identificam-se como características do português brasileiro:
a)A preferência pela próclise e a construção “estar a + infinitivo”
 
b)A pronúncia [äy] para a grafia de ei e a pronúncia de [l] para a grafia de l em todo o Brasil
c)Há oposição entre timbres abertos e fechado das tônicas a, e ,o seguidas de consoante nasal e uso de pronome oblíquo em função nominativa
d)Os grupos ti e di jamais sofrem palatalização e grupos consonantais complexos eruditos são desfeitos pelo acréscimo de i e, às vezes, de e, como em “adevogado, peneu”
e)Uso de pronome oblíquo em função nominativa e simplificação do paradigma verbal.
RESP.: E
Aula 10: O Português no Mundo
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Reconhecer na história externa os motivos possibilitadores da extensão da língua portuguesa;
2. reconhecer as características específicas da formação do português no mundo lusófono;
3. conhecer a situação da comunidade lusófona no mundo.
Como se sabe, a expansão ultramarina realizada por Portugal levou a língua portuguesa a lugares distantes evariados.
O destino de cada língua também foi bastante diferenciado. Assim, algumas se fixaram, dominaram e outras se misturaram ou desapareceram.
A língua portuguesa foi a primeira a ser expandida fora da Europa, com as novas terras conquistadas por força, ousadia e coragem dos portugueses, na conquista do seu império.
Os portugueses levaram sua cultura e sua língua para fora, nascida do romance lusitânico, por sua vez advindo do latim da região da Lusitânia.
Quando a língua portuguesa impregnou o substrato indígena, apareceram os dialetos crioulos (tratados na Aula 1). Esse fenômeno de crioulização ocorreu em todas as colônias portuguesas da África e da Ásia. No Brasil, alguns afirmam a existência de um dialeto crioulo caipira, mas há controvérsias entre os linguistas.
Além do Brasil e Portugal, a língua portuguesa é falada em Açores e Madeira (dialetos insulanos).
Na Ásia, o português sofreu muitas alterações, de forma que há dialetos crioulos. Dentre eles, citam-se o de Diu, o de Damão, o norteiro (Bombaim, Chaul, Baçaim), o de Mangalor, o de Cananor, o de  Maé, o de Cochim, o de costa de Coromandel e, principalmente, o de Goa, todos na Índia. Apesar de muitos, hoje sofrem obsolescência, pela ocupação de Goa pelo governo indiano.
Na África, contam-se os falares de Cabo-Verde, Guiné, Timor Leste, S. Tomé e Príncipe e Ano Bom, considerados, os três primeiros, por alguns, como dialeto português ou modalidade de língua portuguesa. Além disso, há os dialetos portugueses de Angola, Moçambique, Zanzibar, Mombaça, Melinde, Quíloa.
Nos territórios de Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique e Timor-Leste, a língua oficial é a língua portuguesa, embora os dialetos locais sobrevivam em todos esses países com grande força. A língua oficial (em oposição às línguas nacionais), é a responsável pelas relações comerciais e pela documentação oficial em geral. O português utilizado na África se diferencia da modalidade europeia, sobretudo no uso informal e, por vezes, produz resultados parecidos com os do Brasil.
Nesses países, houve o desenvolvimento de uma literatura de língua portuguesa da qual  ressalta sobremaneira uma operação linguística original, por parte de seus escritores, ao tentarem se aproximar da língua falada. 
Um caso bastante expressivo desse fato pode ser observado na obra de Luandino Vieira. Em seu retrato do registro oral dos falares africanos – especificamente de Luanda –, ocorrem construções como “O João, lhe bateram na mãe dele”.
No plano sintático, também se identificam rapidamente algumas semelhanças, como o caso do uso de pronome sujeito em função acusativa, como Eu vi ele, muito comum tanto lá quanto aqui.
No plano morfológico, citam-se sobremaneira os casos de cruzamento vocabular.
“O mar foi ontem 
o que o idioma pode ser hoje,
basta vencer alguns Adamastores.”
Nesse quesito, o escritor moçambicano Mia Couto é mestre. Sua literatura é toda repleta de casos de cruzamento vocabular, recurso de renovação lexical a que Portugal ainda é pouco sensível, frente à prática observada em Moçambique e no Brasil, de um modo geral.
Em sua literatura, Mia Couto presenteia seus leitores com construções como ocorre no título uma de suas obras Pensatempos: textos de opinião, em que se percebe a junção de “pensamento” com “passatempo”.
“A nossa língua comum foi construída por laços antigos, tão antigos que por vezes lhes perdemos o rasto.”
Mia Couto
No Brasil, a expressão dialeto brasileiro causou desconforto para muitos e talvez até afetou aos mais nacionalistas, o que animou alguns a levantarem a bandeira da “língua brasileira”, cuja busca ainda persiste hoje, mas em bases completamente diferentes.
O que originariamente se viu foi uma tentativa de separar a língua portuguesa do Brasil de sua modalidade europeia, apontando fatos ainda isolados e sem um tratamento científico. Com a evolução dos falares brasileiros e do aparato linguístico-científico de descrição e de padronização, as bases para o reconhecimento de uma língua brasileira são bastante diferenciadas das anteriores.
Para tanto, recomenda-se o conhecimento das pesquisas de projetos que se dedicam a essa tarefa de descrição do português do Brasil, como por exemplo o NURC, existente em várias capitais brasileiras.
De um ponto de vista mais político, é interessante citar a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que conta com oito países que têm como língua oficial o português (Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Timor Leste). Os países lusófonos, através dessa organização, buscam formar uma aliança de amizade e fortalecer a língua portuguesa no mundo.
Dessa organização, com uma agenda cheia de compromissos para realizar ações que põem em relevo a língua portuguesa, dois fatos chamam a atenção de modo especial. Veja a seguir...
O primeiro é o fato de haver um movimento reintegracionista do galego ao português, dada a origem histórica e a semelhança ainda hoje entre as línguas utilizadas nas duas regiões (Galícia e fronteira de Portugal). Já existem, inclusive, instituições que se dedicam a esse movimento, como a Academia Galega de Língua portuguesa e a Associação de Amizade Galiza-Portugal.
O segundo são as críticas que se dirigem a essa Comunidade. A primeira crítica é a de que um dos objetivos da Comunidade não tem se realizado, qual seja o da prática de amizade entre os países. Para além da lamentável situação de subdesenvolvimento da maior parte dos integrantes da referida comunidade, houve muitas situações críticas em alguns desses países e a pretensa “amizade” ou “aliança” não se verificou. Ainda se somam acusações de práticas de neocolonialismo, por parte de Portugal e do Brasil.

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