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12 - Hormônios tireoidianos e drogas antitireoidianas

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FARMACOLOGIA 
FERNANDO SALA MARIN 
12. HORMÔNIOS TIREOIDIANOS E DROGAS 
ANTITIREOIDIANAS 
 A tireoide tem um importante papel na homeostase do organismo (função reguladora) através da secreção de 3 
hormônios: Tetraiodotironina ou Tiroxina (T4), Triiodotironina (T3) e Calcitonina. Pesa cerca de 20 gramas, possui 
dois lobos (direito e esquerdo) unidos pelo istmo, é bem vascularizada e constituída por diversos folículos, os quais 
são circundados por células foliculares, que possuem o coloide internamente, onde ficam armazenados o T3, T4 e 
iodo. 
 O hipotálamo estimula a produção de TRH (hormônio liberador de tireotrofina) que estimula a hipófise a liberar o 
TSH (tireotrofina), esse vai estimular a tireóide liberar T3 e T4, esses últimos (principalmente o T4) realizam feedback 
negativo sobre o eixo. 
 O bócio endêmico (hipotireoidismo) pode ser evitado incluindo-se pequenas doses de iodo na dieta, por exemplo, 
no sal de cozinha, o que já é realizado no Brasil. 
*A portaria nº 22/92 do Ministério da Saúde tornou obrigatório o Programa de Diagnóstico Precoce do Hipotireoidismo nos serviços 
públicos e privados. A lei nº 11.619/94 determinou que o estado é obrigado a oferecer o Teste do Pezinho. 
 
SÍNTESE E LIBERAÇÃO DOS HORMONIOS 
TIREOIDIANOS 
 
 A síntese de T3 e T4 pela glândula tireoide 
envolve as seguintes etapas principais: (1) transporte 
ativo do iodo através da membrana basal para dentro 
da célula folicular (aprisionamento ou captação); (2) 
oxidação do iodo e iodização dos resíduos de tirosil 
na tireoglobulina(TGB) formando as MIT e DIT 
(organificação); (3) ligação de pares de moléculas de 
tirosina na TGB para a formação das iodotireoninas 
T3 e T4; (4) pinocitose e proteólise da tireoglobulina 
com liberação de T4 e T3 livres para a circulação (T4 
é formado em maior quantidade em relação a T3, 
proporção de 11:1, que depois sofrerá conversão em 
T3 na periferia). 
A síntese dos hormônios tireóideos necessita 
que a bomba de iodo (NIS - etapa 1), a TGB e a 
enzima TPO (tireoperoxidase) (etapas 2 e 3) estejam 
presentes, funcionais e não inibidas. 
 O iodo da dieta chega pela corrente sanguínea na forma de iodeto (I-) até a tireoide, é captado ativamente 
pela bomba de iodo (NIS – simporte de Na+ e I-) para a célula folicular, onde é concentrado e liberado na luz folicular 
pela membrana apical. Perto da borda em escova há enzima tireoperoxidase (TPO), que, juntamente com H2O2, 
oxida o iodeto, formando I2, que então é incorporado a TGB formando MIT (monoiodotirosina) e DIT (diiodotirosina), a 
união de 2 DITs forma o T4 (menor potência e produzido em maior quantidade) e de uma DIT com uma MIT, o T3, 
que permanecem acoplados a TGB. 
 Essa TGB unida aos hormônios tireoidianos sofre pinocitose na membrana apical, formando um fagossomo, 
ao qual se unem lisossomos que realizam a proteólise da TGB, liberando o T3 e T4, assim, os hormônios são 
liberados na corrente sanguínea e a TGB retorna ao coloide para ser reutilizada. Na corrente sanguínea, os 
hormônios circulam em sua maior parte ligados à TBG (globulina da tiroxina, carreador) e à albumina e uma menor 
parte (0,02%), livre. 
A fração livre é ativa e adentra às células, sendo que o T3 já se liga ao seu receptor citoplasmático e o 
complexo T3-receptor vai até o núcleo celular, ligando-se a nível de DNA e desencadeando a transcrição gênica 
(mecanismo de ação genômico). O T4 é um pró-hormônio e para realizar a ação precisa ser convertido em T3, o que 
é feito no citoplasma celular pela enzima desiodinase (ou desiodase), processo que ocorre pincipalmente no fígado. 
 
EFEITOS DOS HORMÔMNIOS TIREOIDIANOS: 
FARMACOLOGIA 
FERNANDO SALA MARIN 
 - SOBRE O CRESCIMENTO: os hormônios tireoidianos têm ação sinérgica com o Gh, para 
promover a formação do osso, induzem o fechamento das epífises. 
- SOBRE O SNC: estimula a produção de mielina, estimula a liberação de neurotransmissores, 
influenciando na memória, concentração, humor, sono e reflexos. 
- SOBRE O METABOLISMO BASAL: aumenta a ativação da Na-K-ATPase, aumenta a produção de 
calor (termogênese), aumento do metabolismo. 
- SOBRE O METABOLISMO LIPÍDICO: estimula a lipogênese no fígado e no tecido adiposo, 
aumenta a lipólise, aumenta a síntese e degradação do colesterol (rápida mobilização dos lipídios, 
diminuindo o acúmulo). 
- SOBRE O METABOLISMO DE CARBOIDRATOS: estimula a absorção intestinal de glicose, 
estimula a produção hepática de glicose por glicogênese ou gliconeogênese, estimula a entrada de glicose 
nas células (ação sinérgica com a insulina) e ativação da glicólise (maior utilização da glicose). 
- EFEITOS SIMPÁTICOS (SNA): aumento dos receptores β-adrenérgicos no músculo cardíaco, 
tecido adiposo e linfócitos, aumento da sensibilidade às catecolaminas. 
- SOBRE O SISTEMA CARDIOVASCULAR: estimula a frequência cardíaca aumentando o débito 
cardíaco (por estimular a liberação de catecolaminas no coração), promove vasodilatação devido ao aumento 
do metabolismo tecidual (consumo de O₂ - vasomotilidade). 
- OUTRAS AÇÕES: sobre o TGI, estimula a motilidade e as secreções digestivas, aumenta a 
frequência respiratória, também influencia o sistema endócrino estimulando outras secreções. 
 
DISFUNÇÕES DA TIREÓIDE 
 
- Hipotireoidismo: diminuição dos níveis de hormônio tireoidiano na circulação. 
- Hipertireoidismo: aumento dos níveis de hormônios tireoidianos na circulação. 
 
ALTERAÇÔES SOBRE HIPOTIREOIDISMO HIPERTIREOIDISMO 
CRESCIMENTO 
Crescimento retardado, estatura pequena 
para a idade. 
Crescimento excessivo e induz o 
fechamento das epífises. 
SNC / DESENVOLVIMENTO 
Infância: Cretinismo. Irritabilidade, hiperexcitabilidade, insônia. 
Adulto: apático, sonolento, lentidão, 
comprometimento da memória e capacidade 
mental. 
METABOLISMO LIPÍDICO Hipercolesterolemia, tendência à obesidade. Tendência à perda de peso. 
CARDIOVASCULAR - Taquicardia 
TGI Obstipação Diarréia 
REAÇÃO À TEMPERATURA Intolerância ao frio Intolerância ao calor 
 
� USO TERAPÊUTICO DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS 
Utilizadas no tratamento do hipotireoidismo: 
- A principal causa é a tireoidite de Hashimoto (doença auto imune); 
- Hipotireoidismo pós-cirúrgico (tireoidectomia); 
- Hipotireoidismo neonatal (detectado no teste do pezinho, evitando o cretinismo); 
- Doenças hipotalâmicas ou hipofisárias que reduzam TRH e ou TSH. 
 
HORMÔNIOS TIREOIDIANOS SINTÉTICOS 
- LEVOTIROXINA – T4 (Levotroid®, Syntroid®) 
- LIOTIROXINA – T3 
- LIOTRIX – T4 e T3 na proporção de 4:1 
- São administradas com o estômago vazio, para ter absorção total. O cálcio, ferro, hidróxido de alumínio causam 
diminuição da absorção desse hormônio tireoidiano sintético. 
- São indicadas no coma mixedematoso, causado pela ausência total de T3 e T4. 
 
LEVOTIROXINA → é a droga de escolha, pois sua estrutura é mais parecida com o hormônio, tem meia vida 
plasmática de aproximadamente 1 semana e é convertida em T3 no fígado. 
FARMACOLOGIA 
FERNANDO SALA MARIN 
LIOTIROXINA → tem início de ação mais rápido, é utilizada em início de tratamento e depois se dá a 
continuidade com a Levotiroxina. Por ter meia vida plasmática inferior, é administrada várias vezes ao dia. 
 
REAÇÕES ADVERSAS AOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS: em doses tóxicas pode aparecer cefaléia, tremor, 
insônia, nervosismo, febre, intolerância ao calor, diarréia, cólicas, perda de peso, palpitações, aumento da PA, 
arritmias. (Sintomas de hipertireoidismo) 
 
 
� DROGAS ANTITIREOIDIANAS 
Utilizadas no tratamento do Hipertireoidismo, como em: 
- Doença de Graves; 
- Bócio nodular (durante a fase de liberação de hormônios); 
- Tireotoxicose; 
- Tumores hipofisários produtores de TSH. 
 
1) TIOAMIDAS: interfere na síntese dos hormônios da tireóide. 
- PROPILTIOURACIL (PTU) 
- METIMAZOL (MMT) 
- CARBIMAZOL 
- TIAMAZOL 
 
PROPILTIOURACIL (PTU) → Mecanismode ação: causa inibição da tireoperoxidase, enzima que catalisa a 
iodação das tironinas e o acoplamento das iodotiroxinas (MIT e DIT); inibe também a conversão periférica de T4 em 
T3. 
TIAMAZOL / CARBIMAZOL / METIMAZOL → Inibição da tireoperoxidase, enzima que catalisa a iodação das 
tironinas e o acoplamento das iodotironinas (MIT e DIT). 
 
- FARMACOCINÉTICA - Meia vida plasmática: PTU→1,5 h / MMT→6 h. 
* É administrada uma vez ao dia, porque se acumula na tireoide e vai sendo liberada lentamente. 
- USO TERAPÊUTICO: Hiperfunção tireoidiana (Hipertireoidismo); Doença de Graves (hipertireoidismo, bócio 
difuso); Tumores hipofisários produtores de TSH. 
*Podem ser administradas em grávidas (são drogas seguras). Durante a amamentação: PTU aparece em pequenas quantidades 
no leite; MMT 20mg/dia não alteram a função da tireoide do lactente. 
- EFEITOS ADVERSOS DAS TIOAMIDAS: mais comum: é exantema papulosa urticariforme (hipersensibilidade). 
Menos comum: dor, perda de cabelo, artralgias, cefaléia, náuseas e pigmentação da pele. 
*Com o uso de Metimazol → pode levar a agranulocitose (resultando em faringites ou febres), deve-se realizar a 
contagem de leucócitos. 
 
2) IODETOS 
- IODO ESTÁVEL 
- IODO RADIOATIVO 
 
- IODO ESTÁVEL → inibição aguda da associação do iodo com a tireoglobulina, bloqueando de forma rápida a 
liberação do hormônio na circulação. Também diminui o fluxo sanguíneo da tireoide. É utilizado no pré-operatório da 
tireoidectomia e em crises tireotóxicas (associado com antitireoidianos). 
- IODO RADIOATIVO → destruição de tecidos de produção de T3 e T4 sem lesar tecidos adjacentes, a desvantagem 
é que tem elevada incidência de hipotireoidismo tardio. 
 
 
3) CARBAMATO DE LÍTIO: impede que o Iodo se ligue à tireoglobulina, assim, inibe a secreção dos 
hormônios. É pouco utilizado (apenas quando há alergia às TIOAMIDAS). 
 
4) PERCLORETO DE POTÁSSIO: inibidor competitivo do transporte de Iodeto para a glândula (inibe NIS). É 
muito pouco utilizado devido aos efeitos colaterais: anemia aplásica e úlceras gástricas.

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