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Módulo 3 - 4 Responsabilidade civil das instituições bancárias; Da alienação fiduciária de bem imóvel

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Tópicos EspEciais Em DirEiTo privaDo
Unidade II
Responsabilidade civil das instituições bancárias
Ementa: 1. Introdução. 2. Responsabilidade civil objetiva. 3. Aplicação do CDC nas relações 
bancárias. 4. Pagamento de cheque falso. 5. Considerações finais. 6. Bibliografia.
1. Introdução
A responsabilidade civil remonta a um importante instituto do Direito Privado, sendo certo não 
possuir tratamento específico dentro da legislação pátria. Assim, o Código Civil não traz um livro 
dedicado ao seu estudo como o faz em outros. Também é fato que a legislação extravagante tem 
diretrizes específicas para a análise do instituto.
O estudo da disciplina da responsabilidade civil encontra-se, por assim dizer, dissipado, o que por 
si só demonstra a dificuldade a ser vencida pelo estudioso ou ainda pelo operador do direito em geral.
A responsabilidade civil decorre da imperfeição no cumprimento das relações jurídicas estabelecidas, 
tanto na forma culposa quanto na forma dolosa ou, ainda, tecendo a minúcias de relações contratuais 
imperfeitas ou relações extracontratuais das quais houve comprovado prejuízo.
Há que se consignar a regulamentação do instituto na Parte Geral do Código Civil, artigo 186, na 
Constituição Federal, artigo 5º, inciso X e outras legislações extravagantes como um todo.
Os elementos para a caracterização da obrigação de indenizar são: conduta, nexo de causalidade, 
dano e, em alguns casos, a culpa.
No presente estudo será abordada a responsabilidade civil das instituições bancárias. Trata-se de 
tema uma tanto quanto extenso devido às inúmeras situações que sucedem das atividades bancárias.
Por conseguinte, devido à vastidão do tema, será realizado um corte metodológico, a fim de serem 
analisadas duas situações fáticas que envolvem as instituições bancárias: a aplicação do Código de 
Defesa do Consumidor nas relações jurídicas bancárias e o pagamento de cheque falso.
As hipóteses acima narradas são casos de responsabilidade civil objetiva, por isso, antes de adentrar 
o tema especificamente, será realizado um estudo acerca da responsabilidade civil objetiva.
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Unidade II
2. responsabIlIdade cIvIl objetIva
A responsabilidade civil objetiva tem sido justificada por nossa doutrina através do recurso ao valor 
da solidariedade social e da justiça distributiva.
Assim, os interesses de ordem individual não devem ser colocados acima dos interesses sociais, 
sendo certo que estes últimos determinarão ou não a necessidade da reparação.
A teoria do risco funda-se na ideia de socialização do direito. Havendo perigo real da insegurança 
material dos indivíduos, os interesses coletivos proclamam, defendem e querem a segurança jurídica.
Tem-se como exemplo legislativo o art. 3º, I, que instituiu como objetivo da República Federativa do 
Brasil a formação de uma sociedade livre, justa e solidária.
O art. 927, parágrafo único, do Código Civil de 2002, que instituiu uma cláusula geral de 
responsabilidade civil fundada no risco, constitui projeção da diretriz da solidariedade social.
O fundamento da responsabilidade civil objetiva é pacífico, contudo, persistem questionamentos 
acerca de sua operabilidade. São esses: requisitos de incidência e limites para a defesa.
Há que se realizar a distinção entre responsabilidade fundada em culpa presumida e responsabilidade 
fundada no risco.
No primeiro caso, a culpa sempre será presumida, somente admitindo como hipótese de exclusão 
de responsabilidade situações que configurem ausência de nexo causal. O segundo caso permite, 
além da exclusão da responsabilidade pela atuação de excludentes de nexo causal, o afastamento da 
responsabilidade nas hipóteses em que o réu prove não ter agido com culpa, com o cuidado preciso.
No Código Civil de 2002, o tratamento dado à responsabilidade pela guarda do animal configurou 
uma regra de responsabilidade objetiva, pois somente permitiu, àquele que detém poder de controle 
sobre o animal, excluir sua responsabilidade, se demonstrar a ocorrência de hipótese de exclusão de 
nexo causal: culpa exclusiva da vítima e força maior.
A menção de força maior e não caso fortuito como excludente da responsabilidade é mais um 
indicativo de que a regra institui uma responsabilidade objetiva.
A distinção doutrinária esclarece em termos práticos: no caso fortuito tem-se um impedimento 
relacionado com a pessoa do devedor ou com a sua empresa; a força maior é um acontecimento externo.
Tal distinção permite estabelecer uma diversidade de tratamentos para o devedor, consoante o 
fundamento da sua responsabilidade. Se esta se fundar na culpa, bastará o caso fortuito para exonerá-
lo. Com maioria de razão o absolverá a força maior. Na responsabilidade fundada no risco, o caso 
fortuito não o exonerará.
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Tópicos EspEciais Em DirEiTo privaDo
A responsabilidade civil por fato de terceiro teria como fundamento uma dessas três formas de 
presunção: culpa in vigilando, culpa in educando e culpa in eligendo.
A responsabilidade do patrão/comitente por ato de seus empregados/prepostos tem por base uma 
culpa presumida de forma absoluta.
Atualmente, o art. 932 do Código Civil trata como responsabilidade objetiva, conforme deixa clara a 
disposição do art. 933.
É importante ressaltar que o atual Código Civil de 2002 não apenas realiza alterações em dispositivos 
pontuais – regulando hipóteses específicas de responsabilidade objetiva – como estabelece uma regra 
geral acerca da responsabilidade fundada no risco, como o faz o art. 927, parágrafo único, que estabelece: 
“Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou 
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para 
os direitos de outrem”.
Atualmente, tem-se o risco proveito – que estabelece ser a responsabilidade uma decorrência do 
fato de organizar atividade com vistas à obtenção de proveito.
São também responsáveis pela reparação civil: I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob 
seu poder e em sua companhia; II – o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados que se acharem 
nas mesmas condições; III – o patrão, amo ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos no 
exercício do trabalho que lhes competir, ou por ocasião dele; IV – os donos de hotéis, hospedarias, casas 
ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, 
moradores e educandos; V – os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a 
concorrente quantia.
Consequências prejudiciais que dela decorrem – o que implicaria aplicar-se o referido dispositivo 
legal apenas a danos decorrentes do funcionamento de atividades econômicas? Compreendidas no 
sentido de “conduta reiterada, habitualmente exercida, organizada de forma profissional ou empresarial 
para realizar fins econômicos”. A essa opinião opõe-se a daqueles que compreendem o referido artigo 
como fundado na idéia de risco criado – que estabelece ser a responsabilidade uma decorrência da 
criação de perigo, ou seja, parte-se da premissa de que aquele que põe em funcionamento, dirige e/ou 
controla uma fonte de risco para terceiros deve arcar com as consequências relativas à concretização 
desse risco – isso implicaria aplicar-se referido dispositivo legal a qualquer atividade que, desempenhada 
com determinada regularidade, pudesse ser classificada como atividade perigosa.
O problema relativoà responsabilidade objetiva resume-se aos processos de seleção da fórmula 
superior risk avoider.
São utilizados dois critérios conjugados: custo transacional (informação) e a possibilidade de 
dispersão do risco para definir quem tem as melhores condições de administrar o custo do risco.
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Unidade II
3. a responsabIlIdade cIvIl dos bancos em face do cdc
O artigo 3º, parágrafo 2º, do Código de Defesa do Consumidor, incluiu as atividades bancárias no 
conceito de serviços.
Assim, as atividades bancárias, como sendo atividade de prestação de serviços é OBJETIVA.
O artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor estatui: “Fornecedor de serviços responde, 
independentemente da existência de culpa, pela prestação dos danos, causados aos consumidores 
por defeitos relativos à prestação, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua 
fruição e riscos.”
O fornecedor não está obrigado a indenizar pelo serviço defeituoso quando comprovar que o defeito 
inexiste ou, ainda, quando for comprovada a culpa exclusiva do consumidor ou cliente.
As instituições financeiras têm-se mostrado renitentes no cumprimento das diretrizes legais, sob 
a alegação de não serem exclusivamente prestadoras de serviços, pois possuem outras atividades não 
configuradas como tais.
Contudo, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu, por vezes, que não cabe a interpretação restritiva.
Assim: “Natureza bancária, financeira, de crédito, nele contida não comporta que se afirme referir-se 
apenas a determinadas operações de crédito do consumidor. Os bancos, como prestadores de serviços 
especialmente contemplados no mencionado dispositivo, estão submetidos às disposições do Código 
do Consumidor. A circunstância de o usuário dispor do bem recebido através da operação bancária, 
transferindo-o a terceiros, em pagamento de outros bens ou serviços, não o descaracteriza como 
consumidor dos serviços prestados pelo banco”[1].
Essa posição foi sumulada pelo Superior Tribunal de Justiça.
Súmula 297: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras”.
Tratando-se de obrigação objetiva, a responsabilidade civil das instituições bancárias prescinde do 
elemento culpa, obrigando o cliente que for lesado a provar o dano e o nexo de causalidade.
No que concerne à prestação de serviço de cofre realizado pelo banco, o particular deve comprovar 
o conteúdo existente. Assim, o ônus da prova cabe ao contratante do serviço. Frise-se que o conteúdo 
do cofre é o dano.
Em termos gerais, com o advento do Código de Defesa do Consumidor a atividade bancária, estando 
consignada como prestação de serviços, é regulamentada como relação jurídica consumerista. Por isso, 
a prestação de serviços defeituosa impõe a obrigação de indenizar.
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Tópicos EspEciais Em DirEiTo privaDo
4. pagamento de cheque falso
A emissão de cheque falso constitui crime de falso, sendo certo que a instituição financeira deverá 
restituir o valor debitado da conta corrente, visto ser o cliente o terceiro.
A Súmula 28 do Supremo Tribunal Federal dispõe: “O estabelecimento bancário é responsável pelo 
pagamento de cheque falso, ressalvadas as hipóteses de culpa exclusiva ou concorrente do correntista”.
Seria uma solução simples se o entendimento jurisprudencial não divergisse, apresentando ao longo 
do tempo várias soluções. Dessa forma, tem-se três correntes, a saber: teoria clássica, teoria do risco e 
a teoria contratualista.
Teoria da culpa: verifica a quem cabe a responsabilidade pela emissão do cheque, se ao emitente ou 
ao sacado. Difícil muitas vezes aferir a quem cabe a culpa pela emissão do título falso;
Teoria do risco: há como pressuposto que a atividade bancária possui fins lucrativos, assumindo 
o risco dos danos que vier a causar. Assim, a responsabilidade deve recair sobre aquele que aufere os 
lucros.
Teoria contratualista: absorve a teoria do risco e a teoria da culpa, sendo certo que há caso em que 
se pode saber quem é o fraudador do cheque e nem sempre porque a instituição financeira aufere lucros 
deverá cumprir a obrigação.
Há uma tendência mundial de se reconhecer um regime próprio para a responsabilidade civil das 
instituições bancárias como sendo uma função delegada.
No caso dos bancos há um incremento do risco da atividade, face ao seu conhecimento especializado. 
Por isso não se indaga a presença de culpa e pressupõe-se a obrigação de indenizar no caso de cheque 
fraudado.
A prestação de serviço bancário, no caso discutido, equivale à responsabilidade civil do Estado, a qual 
foi acolhida constitucionalmente como sendo de natureza objetiva.
É impossível impor ao cliente que tenha conhecimento privilegiado sobre o trabalho interna corporis 
da instituição financeira, já que essa atividade é complexa.
No momento, as diretrizes da jurisprudência pátria anunciam: “a) quando o correntista não 
concorreu para o evento danoso, os prejuízos decorrentes do pagamento de cheques fraudados devem 
ser suportados pelo banco; b) provada, pelo banco, a culpa do correntista na guarda do talonário, 
fica aquele isento de culpa; c) em caso de culpa concorrente (negligência do correntista, na guarda 
do talonário, e do banco, no pagamento de cheque com assinatura grosseiramente falsificada) os 
prejuízos se repartem; d) não provada a culpa do correntista, nem do banco, sobre este é que deve 
recair o prejuízo”[2].
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No entanto, cumpre ressaltar que com o advento do Código de Defesa do Consumidor, os bancos 
também são responsáveis pelo pagamento dos cheques fraudados quando houver culpa concorrente. O 
entendimento é que a vítima do crime de falso é a instituição financeira e não o cliente.
A instituição financeira também é responsável pela recusa de pagamento de cheques quando há 
provisão de fundos. Igual modo, também responde se a instituição financeira realiza o pagamento do 
título, mesmo com a contraordem do sacador.
Dessa forma, pode-se inferir que:
a) a instituição financeira possui responsabilidade objetiva quanto aos serviços prestados;
b) a responsabilidade civil das instituições financeiras equivale à responsabilidade civil do Estado, 
visto que a instituição financeira realiza atividade delegada;
c) quando houver cheque fraudado, a instituição financeira só se isenta da obrigação de indenizar 
se comprovar que houve culpa exclusiva do correntista, tal como a responsabilidade civil objetiva.
5. consIderações fInaIs
A Responsabilidade Civil é tema de alta relevância para o estudioso e para o operador do direito, 
sendo certo que a sua complexidade é decorrente das inúmeras relações jurídicas a que está afeto.
No presente estudo, escolheu-se a responsabilidade civil das instituições bancárias, isso porque 
direta ou indiretamente, todos os sujeitos de direito possuem uma relação jurídica com a mesma. Ora 
como clientes, ora como usuários do sistema bancário em geral.
Como já foi dito, são inúmeras as relações jurídicas decorrentes das operações bancárias, do 
sistema financeiro e outros, mas esses dois temas remontam grandeza, tendo em vista que guardam 
responsabilidade civil objetiva da instituição financeira.
Assim, estando diante de situações de cheque fraudado ou aplicação do CDC é patente que 
a instituição financeira responderá civilmente e sob a forma objetiva, ou seja, não é necessária a 
comprovação da culpa.
Dessa forma, pode-se inferir que:
a) a instituição financeira possui responsabilidadeobjetiva quanto aos serviços prestados;
b) a responsabilidade civil das instituições financeiras equivale à responsabilidade civil do Estado, 
visto que a instituição financeira realiza atividade delegada;
c) quando houver cheque fraudado, a instituição financeira só se isenta da obrigação de indenizar 
se comprovar que houve culpa exclusiva do correntista, tal como a responsabilidade civil objetiva.
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Por derradeiro, o Código de Defesa do Consumidor é aplicável à prestação de serviços bancários, 
situação sumulada pelo Superior Tribunal de Justiça, não se deslembrando que também nessa seara a 
responsabilidade é objetiva.
6. bIblIografIa
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, vol. 4, 5ª. ed., 2010.
OLIVEIRA, Celso Marcelo de. Código de Defesa do Cliente Bancário. Campinas: LZN Ed., 2002.
[1] REsp 57.974-0-RS, 4ª.T, rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar Júnior.
[2] GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2010, vol. 4, p. 247.
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Unidade II
Da alienação fiduciária de bem imóvel
Ementa: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Natureza jurídica. 4. Diferenças entre alienação 
fiduciária de bem imóvel e bem móvel. 5. Requisitos contratuais. 6. Direitos e obrigações. 7. 
Consolidação da propriedade e procedimento. 8. Considerações finais. 9. Bibliografia.
1. Introdução
A lei n. 9514/1997 dispôs sobre o sistema de financiamento imobiliário, instituindo a alienação 
fiduciária de coisa imóvel e deu outras providências. Trata-se de um novo regramento jurídico 
importante para o setor empresarial, mormente o setor financeiro à época, e que repercutiu no 
incremento das transações imobiliárias na atualidade.
O instituto da alienação fiduciária em garantia surgiu no momento em que os instrumentos tradicionais 
de garantia, tal como a hipoteca, não mais preenchiam os requisitos de rigor e eficiência para a garantia 
do crédito. Foi um avanço em termos jurídicos e supriu as necessidades do mercado imobiliário como um 
todo, ou seja, nos segmentos de construção civil, das instituições financeiras e outros.
2. conceIto
O conceito do instituto jurídico da alienação fiduciária em garantia está previsto no artigo 22 da 
lei n. 9.514/1997 que dispõe: “Negócio jurídico pelo qual o devedor, ou fiduciante, com o escopo de 
garantia, contrata a transferência ao credor, ou fiduciário, da propriedade resolúvel de coisa imóvel”.
Nesse diapasão, a propriedade fiduciária consiste no domínio que se aliena ao credor para fins de 
garantia de dívida pecuniária. Mediante o translado da propriedade é assegurado o cumprimento da obrigação.
A propriedade fiduciária não é direito essencialmente distinta do domínio. Sua função, ao invés de 
ser a de gozo exclusivo é a de garantia do negócio jurídico realizado. Trata-se de contrato típico, já 
que previsto em diploma legal. Nesse contrato de alienação fiduciária, a propriedade fiduciária é a 
garantia. Negócio fiduciário que é, caracteriza-se pela existência do risco decorrente da confiança 
depositada pelo transmitente, em garantia na pessoa do adquirente e, ainda, pelo fato das partes 
realizarem o negócio jurídico com efeitos que transcendem a finalidade almejada.
No caso em análise, as partes realizam a alienação do bem imóvel, fim pretendido, mas há a 
presença da garantia, instituto jurídico excedente à alienação.
3. natureza jurídIca
O contrato de alienação fiduciária em garantia possui natureza jurídica direito real de garantia, 
bem como é acessório. O direito real de propriedade fiduciária depende de contrato escrito, qual seja 
contrato de alienação fiduciária em garantia. Os efeitos somente serão produzidos quando o contrato 
for levado a registro no CRI competente, possuindo, o registro, a natureza jurídica constitutiva, bem 
como produzindo o efeito de desmembrar a posse em direta e indireta.
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Tópicos EspEciais Em DirEiTo privaDo
Artigo 23 LSFI: “Constitui-se a propriedade fiduciária de coisa imóvel mediante registro, no 
competente Registro de Imóveis, do contrato que lhe serve de título.
Parágrafo único: Com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o desdobramento da posse, 
tornando-se o fiduciante possuidor direto e o fiduciário possuidor indireto da coisa imóvel”.
Através do contrato de alienação fiduciária, afeta-se um bem ao cumprimento de uma obrigação. 
É contrato acessório, pois depende de dívida preexistente ou assumida concomitantemente com a 
atribuição da garantia.
O devedor ou terceiro atribui, por meio do contrato, bem objeto de sua propriedade ao credor, 
sendo que o bem garante tal. Esta atribuição implica em transferência da propriedade a favor do credor, 
denominada propriedade fiduciária. O credor é titular, também, da posse indireta. O alienante apenas é 
beneficiário da posse direta e do direito de utilizar o bem.
Quando se aliena a propriedade para fim de garantia, celebra-se negócio jurídico de direito das 
coisas e, num segundo plano, direito obrigacional mediante um reforço da responsabilidade do devedor, 
mero possuidor do bem, que deve restituí-lo se não honrar a dívida.
O BEM IMÓVEL NÃO PERTENCE AO DEVEDOR.
O contrato de alienação fiduciária pode ter por objeto bens móveis ou imóveis. Contudo, o 
tratamento legislativo referente aos bens móveis é diverso e será tratado em capítulo separado por 
não ser objeto precípuo do presente estudo. Pode estar vinculado ao contrato de compra e venda 
ou contrato de mútuo.
No que se refere ao tempo de sua realização, pode ser: conjuntamente com o contrato principal 
ou posteriormente à celebração do contrato principal.
A plena propriedade é consolidada no devedor se e quando paga a dívida garantida pela 
alienação fiduciária. Os efeitos retroagem à data da constituição da propriedade fiduciária, visto 
que o devedor é proprietário desde sua anterior aquisição e não a partir do resgate da dívida.
4. dIferenças entre alIenação de bem móvel e bem Imóvel
A primeira diferença reside no fato da classificação do bem, objeto do contrato de alienação 
fiduciária. Ora se bem móvel ou bem imóvel, este último objeto do nosso estudo. A alienação 
fiduciária de bem móvel foi instituída pelo decreto-lei n. 911/69, sendo certo que houve revogação 
do mesmo com a entrada em vigor da lei n. 10.931/04.
5. requIsItos contratuaIs
Deve, igualmente, conter os elementos exigidos por lei.
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Artigo 24 da LSFI – “O contrato que serve de título ao negócio fiduciário conterá: I – o valor 
do principal da dívida; II – o prazo e as condições de reposição do empréstimo ou do crédito 
do fiduciário; III – a taxa de juros e os encargos incidentes; IV- a cláusula de constituição 
da Propriedade Fiduciária, com a descrição do imóvel objeto da alienação fiduciária e a 
indicação do título e modo de aquisição; V – a cláusula assegurando ao fiduciante, enquanto 
inadimplente, a livre utilização, por sua conta e risco, do imóvel objeto da alienação fiduciária; 
VI – a indicação, para efeito de venda em público leilão, do valor do imóvel e dos critérios 
para a respectiva revisão; VII – a cláusula dispondo sobre os procedimentos de que trata o 
artigo 27”.
Forma: pode ser realizado por instrumento particular, com força de escritura pública, quando o 
destinatário da operaçãofor uma pessoa física.
Descrição do imóvel: a descrição do imóvel e a indicação do título de aquisição devem ser 
interpretadas com a lei das escrituras públicas, que dispensa descrição se o imóvel for urbano.
Valor do imóvel: na compra e venda com pacto adjeto de alienação fiduciária, o valor do imóvel 
é verificado como o valor da compra e venda, anteriores à garantia.
Se o contrato for de mútuo deve-se aplicar, por analogia, o critério da garantia de hipoteca, no 
qual se verifica o valor do imóvel objeto da transação.
6. dIreItos e obrIgações
A propriedade fiduciária é utilizada, em geral, nos processos de financiamento imobiliário. Por meio 
dela, o adquirente do imóvel, cede, ato contínuo, fiduciariamente, o domínio, que passa à esfera jurídica 
do credor, embora contabilmente integre o patrimônio do devedor. A propriedade está realmente no 
patrimônio do credor, para efeitos de direito.
Por seu turno, sendo a propriedade o direito de garantia transferido, não existe a possibilidade de 
constituição de direitos sucessivos, tendo mais força executiva de seu crédito.
Direito do credor fiduciário: adquire a propriedade resolúvel, de forma restrita e limitada, 
visto que no momento em que o devedor paga a dívida, o bem retorna a este último. A 
propriedade é transferida ao credor fiduciário a título de garantia. O credor fiduciário tem a 
possibilidade de alienar o bem a terceiros, caso em que o adquirente se sub-rogará nos direitos 
e obrigações perante o devedor, principalmente na devolução da propriedade, se e quando 
paga a dívida.
Direito do devedor fiduciante: possui direito expectativo de se tornar proprietário, com natureza 
real e as consequências daí resultantes. Pode ser objeto de hipoteca a terceiros.
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7. consolIdação da proprIedade e procedImento
Preliminarmente, cumpre ressaltar que a propriedade poderá se consolidar ou não na pessoa 
do devedor fiduciante. No normal acontecimento dos fatos, realizado o pagamento integral do 
preço do bem imóvel, o credor fiduciário entrega o termo de quitação ao devedor fiduciante. 
Assim, na hipótese de adimplemento normal da obrigação garantida, deve o fiduciário, após trinta 
dias de pagamento integral do preço, fornecer instrumento de quitação, o qual é o título que se presta 
ao cancelamento do registro da propriedade em nome do fiduciário, que é o mesmo ato que implica 
a reversão do domínio para o fiduciante, sem necessidade de novo ato de disposição. Como o efeito é 
meramente resolutivo, da condição já aposta no ato inicial, não ocorre alteração patrimonial e, portanto, 
não existe, nesta específica hipótese, fato gerador de tributo.
O termo de quitação pode ser por instrumento público ou particular, sob pena de multa. O devedor 
fiduciante encaminhará o termo de quitação ao Cartório de Registro de Imóveis, a fim de proceder 
ao registro. Na hipótese de inadimplemento existirá prazo de carência contratualmente estipulado para 
a cobrança. É necessário dispositivo contratual regulamentando o prazo
Artigo 26 da LSFI – “Vencida e não paga, no todo ou em parte, a dívida e constituído em mora 
o fiduciante, consolidar-se-á, nos termos deste artigo, a propriedade do imóvel em nome do 
fiduciário”.
Na hipótese de não ser realizado o pagamento da obrigação pecuniária junto ao credor fiduciário 
ocorrerá: a) intimação para purgação de mora; b)consolidação da plena propriedade em nome do 
credor fiduciário; c) leilão extrajudicial e d) reintegração de posse.
Na fase da intimação, o artigo 26, parágrafo 2º, da lei n. 9451/97, estabelece que as partes 
acordem qual o prazo máximo de carência para o credor fiduciante após o mesmo iniciar o 
procedimento de cobrança. In verbis: “O contrato definirá o prazo de carência após o qual será 
expedida a intimação“. A intimação será realizada por meio do Oficial do Registro Imobiliário e 
se o devedor fiduciante não for encontrado, deverá ser intimado por edital.
Fase da Purgação de Mora: depois de realizada a intimação, o devedor fiduciante tem o prazo 
de quinze dias para realizar a purgação de mora no registro de imóveis.
Se houver o pagamento no prazo, o Oficial do Registro terá o prazo de 3 dias para entregar o 
valor ao credor fiduciário ou, se não pago o valor, será a propriedade consolidada na pessoa do 
credor fiduciário, devendo ser recolhido o ITBI.
Depois de consolidada a propriedade na pessoa do credor fiduciário, haverá a fase do leilão 
extrajudicial. O artigo 27 da lei n. 9.514/97 determina o prazo de 30 dias para a realização do leilão 
extrajudicial, realizado por leiloeiro oficial, escolhido livremente pelo credor fiduciário.
Não há regramento para os editais, por isso pode ser utilizado o regramento do edital para 
intimação do devedor fiduciante, o qual se encontra em local incerto e não sabido. O fiduciante 
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Unidade II
tem a responsabilidade pelos encargos do imóvel, a responsabilidade civil pela sua adequada utilização 
e o direito de posse. O fiduciário tem o dever de liberar o imóvel do gravame quando cumpridas as 
obrigações do fiduciante, a propriedade resolúvel e o direito de posse indireta.
A posição contratual pode ser cedida, tanto pelo fiduciante quanto pelo fiduciário. No caso do 
fiduciário, a cessão pode implicar a cessão da garantia por ela estar vinculada ao crédito.
Há três ações principais para a proteção dos direitos e deveres decorrentes do contrato de alienação 
fiduciária em garantia, são elas: o fiduciante tem ações possessórias para a garantia da utilização efetiva 
e plena dos poderes dominiais, ainda em face do fiduciário proprietário e tem a ação de execução 
das obrigações de fazer, mesmo com tutela específica, para haver a quitação na hipótese do credor 
se negar a fazê-lo espontaneamente no prazo disposto. O fiduciário, para haver a posse na hipótese 
de consolidação do domínio, a fim de proceder à venda ou imputação em pagamento, tem a ação de 
reintegração de posse, dado o esbulho que o abuso de confiança representa.
8. consIderações fInaIs
A agilidade da economia contemporânea, entretanto, demanda cada vez mais mobilidade do crédito, 
ainda mais de créditos integrantes de patrimônio de afetação, como no caso do fiduciário. Para tanto, 
a lei 9.514/97 com alterações posteriores, veio a suprir a lacuna deixada pelo instituto da hipoteca, que 
não evoluiu no tempo, a fim de promover a retomada do bem, objeto da garantia com maior celeridade. 
É um sistema inovador e que embasa, senão todas, quase todas as transações imobiliárias na atualidade.
9. bIblIografIa
TERRA, Marcelo. Alienação Fiduciária de Imóvel em Garantia. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris. 1998.
www.abecip.org.br/m22_redir.asp?cod_pagina=669&cod_link
http://jus.com.br/artigos/6406/polemicas-da-nova-alienacao-fiduciaria-de-bens-moveis#ixzz2e2deOwAF

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