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DIREITO CONSTITUCIONAL I – TEORIA DA CONSTITUIÇÃO Prof. Dr. Rafael Iorio MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA Teoria da Constituição Conceito de Direito Constitucional O Direito Constitucional é um ramo do Direito Público responsável pelo estudo da organização do Poder Político, do Estado, da estrutura do Estado e dos Direitos Fundamentais que controlam o exercício e o abuso deste Poder. Constitucionalismo Movimento jusfilosófico surgido no século XVIII com as revoluções liberais burguesas baseado na crença de que o poder político deve estar submetido à supremacia da lei, de uma Lei Maior, a Constituição escrita. MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA Constituição Conceito de Constituição A Constituição, segundo José Afonso da Silva, “consiste num sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regulam a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e exercício do Poder, o estabelecimento de seus órgãos e os limites de sua atuação”. Sendo assim, a Constituição é a norma jurídica suprema e basilar que estrutura juridicamente os limites de atuação e exercício de toda a nossa sociedade política. MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA Conceito Material A Constituição material significa a reunião de todas as regras, estejam ou não estabelecidas em um único texto, que abordem a estrutura do Estado, a organização, as formas de atuação e limitação do Poder Político. Refere-se ao que nós chamamos de normas materialmente constitucionais. Conceito Formal Constituição formal é a Constituição escrita, definindo-se como o conjunto de normas reunidas em um documento denominado Constituição e elaborado pelo Poder Constituinte Originário ou de Fato. Para facilitar a sua compreensão, a Constituição formal é o conjunto de todas as normas que estão escritas na Constituição, sejam ou não de conteúdo tipicamente constitucional, como por exemplo, as normas previstas nos arts. 180 e 242, § 2o da CRFB/88. Por esta razão, temos normas materialmente constitucionais e formalmente constitucionais. MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA Tipologia Constitucional Pode-se classificar as constituições das seguintes maneiras. Quanto à Forma Quanto à forma as Constituições podem ser classificadas de duas maneiras: Constituição escrita, ou seja, àquela codificada em um documento escrito; e a Constituição não escrita ou consuetudinária ou costumeira, que pode ser definida como o conjunto de leis, costumes e jurisprudências esparsos no tempo, em um determinado ordenamento jurídico, que tratem de tudo aquilo que seja considerado constitucional (forma de governo, estrutura do estado, direitos fundamentais etc). Os constitucionalistas apontam como um grande exemplo deste tipo de Constituição a chamada “Constituição Inglesa”. Na verdade, a Inglaterra não possui um documento denominado Constituição, como é o caso do Brasil, e sim, um conjunto de normas feitas em diversos momentos da história pelo Parlamento inglês que tratam do que chamamos de normas materialmente constitucionais, ou seja, àquelas que abordam a estrutura e organização do Estado. MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA Quanto ao modo de elaboração Quanto ao modo de elaboração as constituições podem ser classificadas em duas espécies: dogmáticas e históricas. A constituição dogmática é aquela que se origina de forma escrita e sistemática, baseada em dogmas, ou seja, princípios e ideias incontestáveis existentes no momento de sua elaboração. Já a constituição histórica, também denominada costumeira, é a que se origina através de uma evolução de ideias no tempo, produto dos usos e costumes de determinada sociedade, baseada na tradição de um povo. São constituições compostas de vários documentos e juridicamente não-escritas. MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA Quanto à origem Quanto à origem há três formas de classificação: Diz-se promulgada, popular ou democrática a Constituição que é elaborada através de uma Assembleia Nacional Constituinte, composta de representantes eleitos pelo povo para esta finalidade. Uma vez concluída a Constituição esta Assembleia se dissolve. Quando a Constituição é outorgada, não há participação do povo em sua elaboração, posto ser ela imposta ao povo, sendo produto exclusivo do Governante que por si só, ou por terceira pessoa, impõe à sociedade um novo ordenamento jurídico e político. MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA No Brasil as Constituições de 1891, 1934, 1946 e 1988 foram promulgadas e, as de 1824, 1937 e 1967 foram outorgadas. Em relação a “Constituição de 1969” não a inserimos no rol das Constituições outorgadas, visto que formalmente ela foi uma emenda, Emenda Constitucional n. 1 à Constituição de 1967. A terceira forma é a Constituição Bonapartista que se caracteriza por ser uma Constituição outorgada, na qual o ditador para dar-lhe uma feição legítima convoca um referendo popular para aprová-la. MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA Quanto à estabilidade Quanto a este critério estamos preocupados em saber do processo legislativo para alteração das normas constitucionais. Sendo assim, a doutrina nos aponta que as constituições podem ser de cinco tipos: Imutáveis – não contém a possibilidade de reforma de suas normas. Superrígidas – esta é uma classificação que alguns doutrinadores dão à Constituição de 1988, visto que esta Constituição possui um núcleo duro em seu art. 60, parágrafo 4º, conhecido como cláusulas pétreas, que exigem um processo legislativo ainda mais rígido ou dificultoso para alteração destas normas estabelecidas como pétreas, pois não poderão ser abolidas ou restringidas, podendo somente sofrer alterações para serem ampliadas. MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA Rígidas – são as constituições que estabelecem que qualquer alteração de suas normas deverá passar por um processo legislativo mais dificultoso do que o processo legislativo ordinário. Em nossa Constituição esse processo encontra-se no art. 60. Semirrígidas ou Semiflexíveis – são aquelas que estabelecem para alteração de um determinado grupo de suas normas um processo legislativo mais árduo e para reforma do outro grupo de suas normas um processo legislativo ordinário ou simples. Por exemplo: Constituição Imperial de 1824. Flexíveis – são àquelas constituições que estabelecem para alteração de suas normas o mesmo processo legislativo previsto para as leis ordinárias. MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA Quanto à Extensão Quanto a este critério estamos preocupados em analisar o tamanho da Constituição. Sendo assim, as constituições podem ser: Analíticas – quando possuem uma grande quantidade de artigos, que descrevem diversos assuntos ou, Sintéticas – quando possuem poucos artigos que estabelecem princípios e normas gerais da estrutura do Estado. Por exemplo: Constituição Norte-americana de 1787 e a Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1891. MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA Quanto à Ideologia Quanto à ideologia, a doutrina leva em conta a que sistema de produção econômica está atrelada a Constituição. Elas podem ser de dois tipos: Ortodoxas – são aquelas atreladas a um única ideologia, por exemplo a Constituição da República da antiga URSS de 1977, que estabelecia o modelo socialista; Heterodoxas ou Ecléticas – são aquelas que estabelecem mais de uma ideologia, como a Constituição de 1988, que possui valores capitalistas como a livre iniciativa e, valores socialistas, como a valorização do trabalho (art. 170 da CRFB/88). MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA Quanto à Finalidade Quanto à finalidade a Constituição pode ser de três tipos: de garantia – os grandes exemplos são as Constituições liberais burguesas que estabelecem liberdades públicas ou os chamados Direitos Fundamentais de 1ª geração como mecanismos de controle do poder estatal, como a Constituição Norte- americana de 1787. de balanço – como grande exemplos podemos citar a Constituição do México de 1917 e a Constituição da República de Weimar de 1919, onde encontramos direitos sociais como também liberdade públicas, ou seja, direitos fundamentais individuais e direitos fundamentais sociais. Elas recebem esse nome porque procuram equilibrar os anseios burgueses e proletários; MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA 3) dirigente – são aquelas que além de estabelecer direitos individuais e sociais que o Estado deveria alcançar, preveem normas conhecidas como programáticas (tipo de normas de eficácia limitada) que procuram fixar metas, programas, políticas públicas, como valores a serem perseguidos pelo ente estatal. Por exemplo: saúde para todos, moradia para todos. Como exemplo deste tipo de constituição temos a Constituição Brasileira de 1988 e a Portuguesa de 1976. MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA formal, escrita, dogmática, Classificação da Constituição Brasileira de 1988 A Constituição de 1988 é classificada da seguinte forma: promulgada, super rígida, analítica, heterodoxa e dirigente. ESTRUTURA DA CRFB/88 PREÂMBULO PARTE PERMANENTE ADCT MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO: forma escrita conteúdo: separação de poderes e direitos e garantias individuais SP + DGI DIREITO CONSTITUCIONAL I – TEORIA DA CONSTITUIÇÃO Prof. Dr. Rafael Iorio PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO ORIGEM: Emanuel Sieyès - “O que é o terceiro Estado?” TITULARIDADE: POVO EXERCÍCIO: Promulgada: Assembleia Nacional Constituinte Outorgada: Autoridade PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO CARACTERÍSTICAS (Teoria JUSPOSITIVISTA): Revolucionário Extraordinário Permanente Inicial ou inaugural (juridicamente) Ilimitado (juridicamente) Incondicionado (juridicamente) PODER DE FATO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO “Para os jusnaturalistas, o Poder Constituinte apresenta natureza jurídica, na medida em que antes dele já existem as normas de Direito Natural que o limitam. Para essa corrente, o conjunto de normas positivadas, do qual a Constituição é a primeira, é apenas parte do Direito.” Celso Spitzcovsky. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO CARACTERÍSTICAS (Teoria JUSNATURALISTA): Derivado Limitado Condicionado Poder DE DIREITO Alemanha: Otto Bachoff - Normas Constitucionais Inconstitucionais? PODER CONSTITUINTE DERIVADO (2º GRAU, CONSTITUÍDO, INSTITUÍDO OU REFORMADOR) TITULARIDADE: Povo EXERCÍCIO: Congresso Nacional CARACTERÍSTICAS: Derivado Limitado Condicionado Poder DE DIREITO PODER CONSTITUINTE DERIVADO (2º GRAU, CONSTITUÍDO, INSTITUÍDO OU REFORMADOR) FORMA DE EXERCÍCIO: NORMAS CONSTITUCIONAIS DERIVADAS (Emendas à Constituição): Emendas constitucionais (art. 60, CF) - EMC Emendas constitucionais de revisão (art. 3o, ADCT) - ECR PODER CONSTITUINTE DERIVADO (2º GRAU, CONSTITUÍDO, INSTITUÍDO OU REFORMADOR) LIMITES ÀS EMENDAS CONSTITUCIONAIS: EXPRESSOS: Formais (art. 60, I a III, §2o, 3o, 5o, CF) Circunstanciais (art. 60, §1o, CF) Materiais (art. 60, §4o, CF) IMPLÍCITOS: Materiais (cláusulas pétreas implícitas, v.g. art.60) PODER CONSTITUINTE DERIVADO (2º GRAU, CONSTITUÍDO, INSTITUÍDO OU REFORMADOR) LIMITES FORMAIS: INICIATIVA (art. 60, I a III, CF): 1/3 dos deputados federais 1/3 dos senadores Presidente da República + 1/2 das Assembleias Legislativas - maioria relativa PODER CONSTITUINTE DERIVADO (2º GRAU, CONSTITUÍDO, INSTITUÍDO OU REFORMADOR) LIMITES FORMAIS: CONSTITUTIVA (60, §2o, CF): Casa Inicial e Casa Revisora 2 Turnos Maioria de 3/5 (ou 60%) de todos os membros Ausência de deliberação executiva (sanção e veto) Princípio da Irrepetibilidade Absoluta (60, §5o, CF) PODER CONSTITUINTE DERIVADO (2º GRAU, CONSTITUÍDO, INSTITUÍDO OU REFORMADOR) LIMITES FORMAIS: INTEGRATIVA DE EFICÁCIA (art. 60, §3o, CF): Promulgação e publicação: Mesa da Câmara e Mesa do Senado PODER CONSTITUINTE DERIVADO (2º GRAU, CONSTITUÍDO, INSTITUÍDO OU REFORMADOR) LIMITES CIRCUNSTANCIAIS (art. 60, §1o, CF): Estado de SÍTIO Estado de DEFESA Intervenção FEDERAL PODER CONSTITUINTE DERIVADO (2º GRAU, CONSTITUÍDO, INSTITUÍDO OU REFORMADOR) LIMITES MATERIAIS (art. 60, §4o, CF): CLÁUSULAS PÉTREAS: Não serão objeto de abolição nem de restrição: Forma federativa de Estado Voto direto, secreto, universal, periódico Separação de poderes Direitos e garantias individuais PODER CONSTITUINTE DERIVADO (2º GRAU, CONSTITUÍDO, INSTITUÍDO OU REFORMADOR) LIMITES MATERIAIS IMPLÍCITOS: TITULARIDADE E EXERCÍCIO DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO E DERIVADO: Não é possível revogar o art. 60, CF para alterar o processo de reforma Vedação ao processo da “dupla reforma ou revisão” PODER CONSTITUINTE DERIVADO (2º GRAU, CONSTITUÍDO, INSTITUÍDO OU REFORMADOR) EMENDAS CONSTITUCIONAIS DE REVISÃO (art. 3o, ADCT): Limites formais Limite temporal Limites implícitos Circunstanciais Cláusulas Pétreas PODER CONSTITUINTE DIFUSO TITULARIDADE: Povo EXERCÍCIO: STF MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL (alteração informal da Constituição) DIREITO CONSTITUCIONAL I – TEORIA DA CONSTITUIÇÃO Prof. Dr. Rafael Iorio NORMAS CONSTITUCIONAIS Classificação das Normas Constitucionais Quando a doutrina estabelece a classificação das normas constitucionais, ela está preocupada quanto ao instituto jurídico aplicado à generalidade das normas conhecido como eficácia jurídica, ou seja, os efeitos que essas normas produzirão no ordenamento jurídico e social. Sendo assim, estabeleceremos, dentre as diversas classificações existentes, a mais famosa entre nossos doutrinadores, visto que é a adotada pelo Supremo Tribunal Federal – STF, que é de autoria de José Afonso da Silva, onde as normas constitucionais são classificadas como normas de eficácia plena, normas de eficácia contida e normas de eficácia limitada. NORMAS CONSTITUCIONAIS Normas de eficácia plena – são aquelas que estão aptas a produzir todos os seus efeitos desde a entrada em vigor da Constituição. Desta forma, não necessitam de regulamentação infraconstitucional e possuem aplicabilidade imediata, direta e integral. Por exemplo: art. 5º, inciso II; Normas de eficácia contida – são aquelas que, assim como as de eficácia plena, produzem todos os seus efeitos. Entretanto, admitem serem restringidas ou contidas em seus efeitos por legislação infraconstitucional. Portanto, têm aplicabilidade imediata e direta, mas não integral, visto que admitem contenção em seus efeitos, como por exemplo a norma do art. 5º, inciso XIII; NORMAS CONSTITUCIONAIS 3) Normas de eficácia limitada – são aquelas que para a produção ampla de seus efeitos necessitam de norma infraconstitucional que as venham complementar. Assim sendo, enquanto não existir a legislação infraconstitucional elas não produzirão efeitos integrais, por isso, sua aplicabilidade é indireta, mediata e reduzida. Por exemplo: art. 37, inciso VII. NORMAS CONSTITUCIONAIS Classificação de José Afonso da Silva: Eficácia Plena Eficácia Contida Eficácia Limitada NORMAS CONSTITUCIONAIS EFICÁCIA PLENA: Aplicabilidade: DIRETA IMEDIATA INTEGRAL EFICÁCIA CONTIDA: Aplicabilidade: DIRETA IMEDIATA POSSIVELMENTE NÃO INTEGRAL NORMAS CONSTITUCIONAIS EFICÁCIA LIMITADA: Aplicabilidade: INDIRETA MEDIATA REDUZIDA ESPÉCIES DE EFICÁCIA LIMITADA: Princípio programático Princípio institutivo A eficácia mínima O gradualismo eficacial A presunção de aplicabilidade imediata NORMAS CONSTITUCIONAIS O Fenômeno da Superveniência de Nova Constituição A doutrina aponta ainda como tópico importante para o estudo das normas constitucionais, o problema que é acarretado para o ordenamento jurídico em relação ao processo legislativo quando da superveniência de uma nova Constituição. Para tanto, ela aponta três possíveis fenômenos a fim de solucioná-lo. São eles: a recepção, a repristinação, e a desconstitucionalização. NORMAS CONSTITUCIONAIS TESE DA AB-ROGAÇÃO (REVOGAÇÃO TOTAL): toda Constituição anterior é revogada TESE DA DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO: as normas da Constituição anterior são recebidas como lei ordinária havendo compatibilidade material TESE DA REPRISTINAÇÃO NORMAS CONSTITUCIONAIS Desconstitucionalização – “É o fenômeno segundo o qual a Constituição derrogada, em relação àquelas normas que não se revelarem incompatíveis com a nova Carta, permanece vigente, mas com status de legislação infraconstitucional.” Celso Spitzcovsky. NORMAS CONSTITUCIONAIS Repristinação – “É o fenômeno que restaura a Constituição revogada por ter a Constituição que a revogou perdido a vigência sem que outra tivesse sido promulgada.” Celso Spitzcovsky. NORMAS CONSTITUCIONAIS constitucional + compatibilidade material RECEPÇÃO: lei nasceu Constituição NÃO-RECEPÇÃO: lei nasceu inconstitucional + ainda que com a nova apresente compatibilidade material com a nova Constituição REVOGAÇÃO: lei nasceu constitucional + incompatibilidade material com a nova Constituição NORMAS CONSTITUCIONAIS Recepção – “É o acolhimento, pela nova Constituição, de todas as normas da ordem jurídica anterior que com ela se mostrem compatíveis. Não existe um procedimento formal voltado a verificar a recepção, ou não, de um ato normativo pela nova Constituição.” Celso Spitzcovsky. NORMAS CONSTITUCIONAIS EFICÁCIA DA NOVA CONSTITUIÇÃO RETROATIVIDADE MÁXIMA RETROATIVIDADE MÉDIA RETROATIVIDADE MÍNIMA DIREITO CONSTITUCIONAL I – TEORIA DA CONSTITUIÇÃO Prof. Dr. Rafael Iorio HISTÓRIA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS CONSTITUIÇÃO POLITICA DO IMPERIO DO BRAZIL (DE 25 DE MARÇO DE 1824) Após a dissolução da Assembleia Nacional Constituinte, convocada em 1823, o Imperador D. Pedro I outorgou a Carta Imperial de 1824 que tinha como principais características: Instituiu a forma unitária de governo e a forma monárquica de governo (art. 3º) Instituiu a Religião Católica como a religião oficial do império, podendo todas as outras Religiões ter seu culto domestico, ou particular em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior do Templo. (art.5º) HISTÓRIA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS Fundamentada nas teorias de Benjamin Constant sobre a separação entre os poderes, estabeleceu quatro funções do Poder Político: o Poder Legislativo, o Poder Moderador, o Poder Executivo, e o Poder Judicial. (art. 10) O Tribunal do Júri tinha atribuições penais e civis. Existência de sufrágio censitário, sendo vedado o direito de voto àqueles que não tiverem de renda liquida anual cem mil réis por bens de raiz, indústria, comércio, ou Empregos e, em relação à capacidade eleitoral passiva, ou seja, o direito de ser eleito para ocupar algum cargo político também havia necessidade de comprovação de renda mínima proporcional ao cargo pretendido. (art. 92,V e seguintes). HISTÓRIA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL ( DE 24 DE FEVEREIRO DE 1891). Após a proclamação da República, ocorrida em 15 de novembro de 1889, os representantes do povo brasileiro, reunidos em Congresso Constituinte, para organizar um regime livre e democrático, promulgaram a Constituição Republicana, que apresentava as seguintes características: Instituiu a forma federativa de estado e a forma republicana de governo (art. 1º) Entusiasmado pela teoria da separação entre os poderes de Montesquieu, houve a repartição em três funções: Poder Legislativo, Executivo e Judiciário, independentes e harmônicos (art. 15). HISTÓRIA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS O sufrágio, embora tendente a ser universal, ainda encontrava restrições censitárias, pois impedia o voto àqueles que eram considerados mendigos e aos analfabetos. (art. 70). Previu-se expressamente o Habeas Corpus, onde se estabelecia que “dar-se-á o habeas corpus, sempre que o indivíduo sofrer ou se achar em iminente perigo de sofrer violência ou coação por ilegalidade ou abuso de poder” (art. 72, § 22). Separação entre a Igreja e o Estado, não sendo mais assegurada à Religião Católica o status de religião oficial, deste modo, foi estabelecido o direito de culto externo a todas as religiões. (art. 11, § 2º). HISTÓRIA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (DE 16 DE JULHO DE 1934). Com a tomada do Poder realizada por Getúlio Vargas, o qual tinha como ideológica política as questões socioeconômicas, em confronto com a política liberal, promulga-se uma Constituição com diretrizes sociais, que apresenta as principais características: Constitucionalizou os direitos sociais, estabelecendo um Título referente à ordem econômica e social (Titulo IV). Criou o mandado de segurança e a ação popular no capitulo dos direitos e garantias individuais (art. 113). HISTÓRIA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS Estabeleceu dois mecanismos de reforma constitucional, a revisão e a emenda, estabelecendo que a Constituição poderá ser emendada, quando as alterações propostas não modificarem a estrutura política do Estado ; a organização ou a competência dos poderes da soberania e revista, no caso contrário, estabelecendo que o processo de revisão seria mais rígido do que o processo de emenda. (art. 178). Proibição de voto aos mendigos e analfabetos. HISTÓRIA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (DE 10 DE NOVEMBRO DE 1937) Em 10 de novembro de 1937 com um golpe liderado pelo Presidente Getúlio Vargas com fundamento na ideia da continuidade de Vargas no poder, haja vista as eleições marcadas para 1938, inicia-se o Estado Novo que iria durar até 1945. Neste período conturbado foi outorgada a Constituição de 1937, denominada de Constituição Polaca, pois foi inspirada na Carta ditatorial Polonesa de 1935, que apresenta as principais características: Reduziu a esfera dos direitos individuais, desconstitucionalizando o mandado de segurança e a ação popular. Os Prefeitos Municipais passaram a ser nomeados pelo Governador de Estado. HISTÓRIA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS Possibilitou que o Presidente da Republica interferisse nas decisões do Judiciário, pois lhe possibilitava submeter à apreciação do Parlamento as leis declaradas inconstitucionais, podendo o Parlamento desconstituir esta declaração e inconstitucionalidade através de dois terços de seus membros (art. 9, parágrafo único). Proibição de voto aos mendigos e analfabetos. HISTÓRIA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (DE 18 DE SETEMBRO DE 1946). A entrada do Brasil na guerra ao lado dos aliados teve efeitos irreversíveis para o Estado Novo, pois ao lutar contra o regime ditatorial nazifascista coloca em conflito a própria conservação de uma ditadura no país. Assim, em decorrência desta perda de legitimidade o Estado Novo entra em crise e tem o seu fim outubro de 1945. Após a queda de Getúlio Vargas e fim do Estado Novo, incide um período de redemocratização que irá culminar na promulgação da Constituição de 1946, que apresentava as principais características: Reduziram-se as atribuições do Poder Executivo, que, na Constituição precedente o tornaram um verdadeiro ditador, com a interferência nos outros Poderes. Assim, na Constituição de 1946 estabelece-se o equilíbrio entre os poderes. Constitucionaliza-se o mandado de segurança para proteger direito liquido e certo não amparado por habeas corpus e a ação popular (art. 141) HISTÓRIA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS A propriedade foi condicionada à sua função social, possibilitando a desapropriação por interesse social. (art. 141, § 16º) Continuava a proibir o voto dos analfabetos. HISTÓRIA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1967 Nos dizeres de José Celso de Mello Filho, a Constituição republicana de 1967 foi formalmente discutida, votada, aprovada e promulgada pelo Congresso Nacional que, convocado pelo Marechal Castelo Branco, no exercício da Presidência da Republica, se reuniu extraordinariamente para este fim. Contudo, o Congresso Nacional que deliberou sobre o referido projeto, de autoria do Ministro da Justiça, não mais se apresentava como órgão revestido de legitimidade política em razão das ofensas e arbitrariedade perpetradas pelo regime revolucionário militar. Ainda, é necessário estabelecer que ao Congresso Nacional não foi reconhecida a faculdade de substituir o projeto constitucional encaminhado pelo executivo por outro, de autoria dos próprios parlamentares. Deste modo, verdadeiramente, a promulgação deste texto constitucional pelo Congresso Nacional escondeu um verdadeiro ato de outorga constitucional . As principais características do texto constitucional são as seguintes: HISTÓRIA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS Concentrou poderes na União e privilegiou o Poder Executivo em detrimento dos outros poderes. Baseou toda a estrutura de Poder na Segurança Nacional Reduziu a autonomia dos Municípios estabelecendo a nomeação dos Prefeitos de alguns municípios pelo Governador (art. 16 § 1º - Serão nomeados pelo Governador, com prévia aprovação: a) da Assembleia Legislativa, os Prefeitos das Capitais dos Estados e dos Municípios considerados estâncias hidrominerais em lei estadual; b) do Presidente da República, os Prefeitos dos Municípios declarados de interesse da segurança nacional, por lei de iniciativa do Poder Executivo.) HISTÓRIA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS Houve a criação de uma ação de suspensão de direitos políticos e individuais (art. 151, Aquele que abusar dos direitos individuais previstos nos §§ 8º, 23. 27 e 28(liberdade de pensamento, profissão e associação) do artigo anterior e dos direitos políticos, para atentar contra a ordem democrática ou praticar a corrupção, incorrerá na suspensão destes últimos direitos pelo prazo de dois a dez anos, declarada pelo Supremo Tribunal Federal, mediante representação do Procurador-Geral da República, sem prejuízo da ação civil ou penal cabível, assegurada ao paciente a mais ampla, defesa.). Os analfabetos permaneciam sem direito a voto. HISTÓRIA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS EMENDA CONSTITUCIONAL N.1 DE 1969 (EDITADA EM 17/10/1969) Em 17/10/1969 a Constituição Brasileira sofreu profundas alterações em decorrência da emenda constitucional n. 1, outorgada pela junta militar que assumiu o Poder no período em que o Presidente Costa e Silva encontrava-se doente. Para considerável parte da doutrina, na verdade, a EC n. 1 de 19679 trata-se na verdade de nova Constituição, como expende o professor José Afonso da Silva, teórica e tecnicamente, não se tratou de emenda, mas de nova constituição. A emenda só serviu como mecanismo de outorga, uma vez que verdadeiramente se promulgou texto integralmente reformado, a começar pela denominação que se lhe deu: Constituição da República Federativa do Brasil, enquanto a de 1967 se chamava apenas Constituição do Brasil. As três principais alterações promovidas pela citada emenda constitucional foram: HISTÓRIA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS Estabelecimento de eleições indiretas para o cargo de Governador de Estado. Ampliação do mandato presidencial para cinco anos. Extinção das imunidades parlamentares. HISTÓRIA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 (DE 05 DE OUTUBRO DE 1988) Em 27 de novembro de 1985, através da emenda constitucional n. 26, foi convocada a Assembleia Nacional Constituinte, com a finalidade de elaborar um novo texto constitucional que expressasse a nova realidade social, a saber, o processo de redemocratização e término do regime ditatorial. Assim, em 05 de outubro de 1988 foi promulgada a Constituição da Republica Federativa do Brasil, a qual apresenta as seguintes características principais: HISTÓRIA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS Após um período ditatorial, o Constituinte de 1988 tratou de assegurar princípios e objetivos fundamentais que tem a finalidade de possibilitar o integral desenvolvimento do ser - humano, tendo como base o principio da dignidade da pessoa humana. (CF, art. 1º a 4º). Criação do Superior Tribunal de Justiça em substituição ao Tribunal Federal de Recursos. Criou o mandado de injunção (CF, art. 5º, LXXI); mandado de segurança coletivo (CF, art. 5º, LXX); habeas data (CF, art. 5º, LXXII). Estabeleceu a faculdade do exercício do direito de voto ao analfabeto. http://www.vemconcursos.com/opiniao/index.phtml?page_id=1897 Antônio Henrique Lindemberg Baltazar DIREITO CONSTITUCIONAL I – TEORIA DA CONSTITUIÇÃO Prof. Dr. Rafael Iorio HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL CONSTITUCIONALISMO CLÁSSICO O pensamento dedutivo tinha na sua base a regra jurídica. Regras jurídicas Princípios: sem efetividade Kelsen temia a aplicação dos princípios pela jurisdição constitucional. HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL CONSTITUCIONALISMO CLÁSSICO HERMENÊUTICA x INTERPRETAÇÃO "Hermenêutica consiste na teoria científica, por sua vez interpretar é indagação prática mediante o emprego de um conjunto de métodos seguidos da aplicação”. HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL CONSTITUCIONALISMO CLÁSSICO Silogismo: a premissa maior é a lei e a premissa menor e a sentença o resultado. Hermenêutica: ciência (teorização); Interpretação: processo prático de descoberta do conteúdo jurídico no ordenamento Aplicação: subsunção mecânica da norma ao caso concreto. HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL CLASSIFICAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO Em função da Extensão ou Resultado Declarativa (símile): palavras da norma coincidem com o seu sentido gramatical e com o elemento lógico. Restritiva: Decorre da contradição da interpretação lógica com a gramatical, implica na limitação desta última. Extensiva: Decorre da contradição da interpretação lógica com a gramatical, implica na ampliação desta última. HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL CLASSIFICAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO Em função da origem Autêntica ou pública (interpretação da lei pela própria lei:ambas as normas devem se originar da mesma fonte) Judicial (promovida pelo Estado Juiz: súmula vinculante; o dispositivo da decisão no controle de constitucionalidade) Executiva Doutrinária (entendimento de ator jurista; sociedade aberta “Peter Häberle”) HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL CLASSIFICAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO Em função da forma Subjetivismo: lavra da vontade do legislador. fundamento histórico (originalistas) Objetivismo: lavra da vontade autônoma da lei (não originalistas) HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL CLASSIFICAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO Em função dos elementos (métodos) A interpretação literal, semântica, léxica ou gramatical: afeta aos dados de conhecimento da Filologia (linguagem): Savigny A interpretação histórica (originalistas / função do tempo): trabalhos preparatórios para elaboração da lei: Savigny A interpretação Lógica ou racional/sistemática (ratio legis – mutante e a occasio legis - fixa): Savigny (fruto da unidade do ordenamento) A interpretação teleológica ou sociológico: interpretação na base da finalidade da norma: Ihering HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL CLASSIFICAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO Em função da convergência metodológica Casos fáceis: todos os elementos metódicos convergem para a mesma solução. Casos difíceis: os elementos métodos bifurcam entre si para soluções colidentes ou diferentes. HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL CLASSIFICAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO Observações Os elementos da interpretação devem ser utilizados pelo exegeta de forma concorrente, já que o uso de um método não elimina a aplicação do outro. Os métodos devem ser combinados e controlados reciprocamente. Não há hierarquia entre eles. Apesar do avanço científico da hermenêutica jurídica os métodos clássicos não devem ser abandonados. HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL Normas Constitucionais Conceito de normas constitucionais: resultado de um procedimento hermenêutico. Classificação quanto ao conteúdo, finalidade e eficácia. Regras Constitucionais versus Princípios Constitucionais. (Nosso estudo se limita ao modelo de normas formalmente constitucionais, aquelas que estão no texto constitucional independentemente de qualquer conteúdo – basta o manto da fundamentalidade formal). HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS Ocaso do Modelo Positivista de Segurança - e o Aparecimento do novo Direito Constitucional de Justiça – O Neo-constitucionalismo Transformações paradigmáticas: Perda da predominância cêntrica do discurso axiomático-dedutivo do direito e prevalência do discurso axiológico-indutivo. Novos elementos hermenêuticos são incorporados à interpretação constitucional (ética; pragmatismo; filosofia; cultura). Efetividade dos princípios jurídicos se consolida progressivamente pela harmonização entre o texto da lei e o sentimento constitucional voltado para a distribuição de justiça. Reconhecimento da dimensão retórica das decisões judiciais como fator integrante da normatividade do direito. HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL NEOCONSTITUCIONALISMO Situado no pensamento axiológico-indutivo que tem na sua base o principialismo, o pensamento tópico-problemático (Theodor Viehweg: Tópica e jurisprudência), além de considerar os fatos. HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL NORMAS JURÍDICAS NO MODELO PÓS-POSITIVISTA- PRINCIPIOLÓGICO PARA FRIEDRICH MÜLLER “Norma não se confunde com o texto ou enunciado normativo (...) O texto de um preceito jurídico positivo é apenas a parte descoberta do iceberg normativo”. HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL PRINCIPIOLOGIA CONSTITUCINAL Estudo que Trata dos princípios Especificamente dotados de supremacia normativa HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL CRITÉRIOS PARA DIFERENCIAÇÃO REGRAS PRINCÍPIOS MORAL DO LEGISLADOR X MORAL DO DECISOR •CRITÉRIO DO GRAU DE GENERALIDADE CRITÉRIO DA DETERMINALIDADE DOS CASOS DE APLICAÇÃO CRITÉRIO QUALITATIVO DE ROBERT ALEXY – OTIMIZAÇÃO HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL DIFERENÇAS ENTRE REGRAS E PRINCÍPIOS Regras Princípios Normacombaixa graudegeneralidade etextofechado; colisãoderegras:métodosclássicos dahierarquia,especificidade oucronologia. Normacomalto graude generalidade etextoaberto; conflito deprincípios:soluçãomediante ponderação devalores. HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL Regras Princípios altadensidadenormativa, pois indicama hipótese deincidênciae a conseqüênciajurídica; aplicadas mediante subsunçãogerando maiorsegurançajurídica comandos do tipo“tudo-ou-nada”. baixadensidadenormativa, poisapenas indicamofimou ovaloraperseguir; aplicados mediante uma dimensãode peso a partir deumaponderação devalores; comandos deotimização. HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL Princípios de Interpretação Constitucional Importante ressaltar no aspecto das normas constitucionais os princípios de interpretação das normas apontados pelos teóricos do Direito Constitucional. 1) Princípio da unidade – ao interpretar a Constituição devemos levar em conta que ela é um todo coerente e coeso, devendo o intérprete procurar harmonizar todas as suas normas de forma a não estabelecer contradições; HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL Princípio da supremacia constitucional - o intérprete deve levar em conta que a Constituição está no topo do ordenamento jurídico e é o fundamento de validade de todas as outras normas, sendo assim nenhuma lei pode contrariá-la, formal ou materialmente, sob pena de ser considerada inconstitucional; Princípio da máxima efetividade – a Constituição não estabelece normas supérfluas, todo intérprete deve buscar o máximo dos efeitos da Constituição; Princípio da harmonização – uma vez que todas as normas constitucionais estão no mesmo patamar hierárquico e devem ter máxima efetividade, ao interpretar a Constituição devemos buscar harmonizar antinomias aparentes de forma proporcional; HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL Princípio do efeito integrador – a Constituição deve ser interpretada de forma a estabelecer critérios e soluções que reforcem o seu papel de principal norma nas relações sociais; Princípio da força normativa da Constituição – a Constituição deve ser interpretada da maneira mais efetiva e atual possível quando diante de um caso concreto, ou seja, a norma quando aplicada deve solucionar o problema real; Princípio do conteúdo implícito – o interprete deve atentar que a Constituição estabelece comandos que não estão expressos explicitamente em seu texto, mas sim na coerência interna de seus objetivos e fundamentos; HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL Princípio da conformidade funcional – o intérprete não pode contrariar a distribuição explícita da repartição de funções estatais estabelecidas pelo Constituinte; Princípio da imperatividade das normas constitucionais – uma vez que todas as normas constitucionais emanam da vontade popular e são normas cogentes ou imperativas, o intérprete deve sempre lhes dar a maior extensão possível; HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL Princípio da simetria – princípio de interpretação federativo que busca adequar entre os entes os institutos da Constituição Federal às Constituições e institutos jurídicos dos Estados- Membros. Por exemplo, cabe ao Presidente da República a iniciativa de leis para o aumento do efetivo das forças armadas, caberá por simetria ao Governador os projetos de lei para aumento do efetivo da Polícia Militar, por exemplo: art. 61 da CRFB/88; Princípio da presunção de constitucionalidade das normas infraconstitucionais – o intérprete deve dar às normas hierarquicamente inferiores à Constituição uma interpretação que as coadune com a Lei Maior, visto que foram fruto de um processo legislativo que, em tese, procurou adequá-las aos comandos constitucionais. DIREITO CONSTITUCIONAL I – TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Prof. Dr. Rafael Iorio TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DIREITOS E GARANTIAS Garantias fundamentais: Princípios-Garantias Remédios Constitucionais TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Conceito de Direitos Fundamentais Segundo José Afonso da Silva “os direitos fundamentais é expressão que designa em nível do direito constitucional positivo, àquelas prerrogativas e instituições que ele concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas. No qualificativo fundamental acha-se a indicação de que se trata de situações jurídicas sem as quais a pessoa humana não se realiza, não convive, e às vezes nem sobrevive; fundamentais do homem, no sentido de que a todos, por igual devem ser, não apenas formalmente reconhecidos, concreta e materialmente efetivados”. TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS A doutrina aponta sete características para os direitos fundamentais, são elas: universalidade – eles se destinam a todos os seres humanos; imprescritibilidade – esses direitos não se perdem pelo decurso do tempo; inalienabilidade – esses direitos não podem ser transferidos; TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS irrenunciabilidade – esses direitos não podem ser renunciados; concorrência – possibilidade de acumular os direitos fundamentais; relatividade – estes direitos não são absolutos, pois podem entrar em conflito com outros direitos fundamentais e; historicidade – eles são direitos conquistados por revoluções políticas e tecnológicas no decorrer da história no mundo ocidental. TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Características dos DIREITOS FUNDAMENTAIS HISTORICIDADE ou GENERATIVIDADE: 1ª Geração 2ª Geração 3ª Geração 4ª Geração 5ª Geração TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: Historicidade (generatividade - DIMENSÕES): Primeira Geração: Liberdades negativas ou direitos de defesa Segunda Geração : Liberdades positivas Terceira Geração : Direitos de solidariedade Quarta Geração : Direitos relacionados às novas tecnologias Quinta Geração(Paulo Bonavides): direito à paz TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Características dos DIREITOS FUNDAMENTAIS RELATIVIDADE: Colisão entre direitos fundamentais Colisão entre direitos fundamentais e o interesse público (primário) A ponderação ou balanceamento O princípio da proporcionalidade TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Características dos DIREITOS FUNDAMENTAIS IRRENUNCIABILIDADE: O caso dos “anões” na França A indisponibilidade do direito de ser tratado com dignidade TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Características dos DIREITOS FUNDAMENTAIS INDIVISIBILIDADE IMPRESCRITIBILIDADE UNIVERSALIDADE O princípio da proibição do retrocesso social (efeito “cliquet”) TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ESPÉCIES de DIREITOS FUNDAMENTAIS Direitos individuais e coletivos Direitos sociais Direitos de nacionalidade Direitos políticos Partidos políticos TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS O constituinte organizou os direitos fundamentais da seguinte forma: 1) direitos individuais, também conhecidos como liberdades públicas, direitos negativos, liberais ou de 1a geração (art. 5o da CRFB/88) - são direitos que apresentam como principais características terem os indivíduos como titulares e controlar os abusos de poder estatais; 2) direitos coletivos e difusos (ou de 3a geração) – os primeiros caracterizam-se por serem direitos de um grupamento humano com interesses homogêneos, por exemplo o pleito dos sindicatos. Já os difusos são direitos que pertencem a todos, ou seja, não somos capazes de identificar quem são o seus titulares, como por exemplo o meio ambiente; 3) TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS direitos da nacionalidade – caracteriza-se como vínculo jurídico-político de uma pessoa com o Estado que nos permite dizer que esta pessoa faz parte do povo deste Estado. Ela pode ser de dois tipos: originária, que chamamos de natos, que no Brasil pode ser adquirida pelo critério misto, ou seja, pelo nascimento em nosso território (ius soli) ou pela consanguinidade (ius sanguinis) de pai ou mãe brasileiros ou; derivada, que se adquire com um pedido ao governo brasileiro atendendo aos requisitos de se for originário de país de língua portuguesa: ter visto (autorização de permanência regular no Estado Brasileiro) de permanência, residência ininterrupta por um ano e idoneidade moral e, se originário de outro país: visto de permanência, quinze anos de residência ininterrupta e nenhuma condenação penal. (art. 12 da CRFB/88); TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 4) direitos políticos – segundo Pedro Lenza “direitos políticos nada mais são do que instrumentos através dos quais a Constituição Federal garante o exercício da soberania popular atribuindo poderes aos cidadãos para interferirem na condução da coisa pública, seja direta ou indiretamente”. Esses direitos são basicamente exercidos pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto. O sufrágio (capacidade eleitoral ativa) determina o direito de eleger e ser eleito (capacidade eleitoral passiva). O voto é um direito público subjetivo que tem como características ser personalíssimo, sigiloso, obrigatório, livre, periódico e igual. Apenas para não confundir, vale lembrar que escrutínio significa a maneira pela qual se vota e que a legislação infraconstitucional referente aos direitos políticos é a Lei 4737/65; TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 5) direitos sociais – são direitos sociais ou de 2a geração, se caracterizam por terem como titulares grupos específicos de pessoas como por exemplo crianças, mulheres, trabalhadores etc. Exigem do Estado um fazer, um animus de proteção efetiva na persecução desses direitos a fim de amenizarem as desigualdades sociais. Importante ressaltar que como já entendeu o STF o rol dos direitos fundamentais (que são cláusulas pétreas – art. 60, §4o ,inciso IV da CRFB/88) é meramente exemplificativo, visto que podemos depreender novos direitos implicitamente como também pela incorporação de tratados internacionais de direitos humanos (art. 5o §§ 2o e 3o da CRFB/88). TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS TITULARIDADE dos DIREITOS FUNDAMENTAIS Brasileiros e estrangeiros Residentes e não residentes Pessoas físicas e jurídicas A compatibilidade com a personalidade As pessoas jurídicas de direito público TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS AS PESSOAS JURÍDICAS COMO TITULARES Súmula 227 do STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral” Súmula 365 do STF: “Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.” TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DIREITOS FUNDAMENTAIS EXPRESSOS E IMPLÍCITOS (art. 5º, §2º, CF): Sistema aberto de direitos e garantias O papel da jurisprudência construtiva DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS Prof. Dr. Rafael Iorio DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS Pela importância do tema em provas e para o exercício da cidadania destacaremos alguns direitos estabelecidos no rol do art. 5o da CRFB/88. isonomia jurídica – o legislador, o Juiz e o administrador público na elaboração da lei ou em sua aplicação não pode dispensar distinções entre os indivíduos; princípio da legalidade – somente a lei pode obrigar a conduta dos indivíduos, todos podem fazer tudo aquilo que a lei não proíbe; DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS direito à vida – a Constituição proíbe qualquer conduta que vise à extinção da vida humana, como a pena de morte e o aborto; direito à opinião – a Constituição estabelece a regra da manifestação do livre pensamento; direito à expressão – é assegurado a manifestação dos valores e sentimentos artísticos; direito à informação – assegura a garantia de se receber e buscar informações; direito à resposta – garantia de manifestação às ofensas e agravos recebidos; DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS direito à informação pública – dever do Estado e direito do cidadão de se manter ciente das atividades públicas; direito à intimidade – direito a ver respeitado os seus espaços privados, ou seja, suas atividades e segredos de cunho pessoal; direito à privacidade – garantia de manter afastado do público em geral as suas relações privadas; direito à honra – divide-se em duas espécies: honra subjetiva, que significa o auto reconhecimento do indivíduo e, honra objetiva, o reconhecimento do indivíduo perante a sociedade; direito à imagem – desdobra-se em duas espécies: imagem atributo, que são os conceitos que a sociedade reúne desse indivíduo e, imagem retrato, que significa a reprodução em meios midiáticos da figura física do indivíduo; DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS inviolabilidade de domicílio – espaço físico de exercício da privacidade e da intimidade, entende o Supremo Tribunal Federal que este espaço estende-se aos locais de trabalho, como consultórios e escritórios; liberdade de locomoção – direito de ir e vir do indivíduo que impossibilita o Estado de incomodá-lo; direito de reunião – direito de congregação de indivíduos para trocar interesses comuns; direito de associação – direito de reunião de caráter permanente com o objetivo de realizar finalidades em comum; direito de propriedade e sua função social – direito de monopólio de um indivíduo sobre bens que deverá dar-lhes uma função que se converta como útil ao bem geral; DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS princípio da inafastabilidade da jurisdição – direito de monopólio de jurisdição pelo Estado e de ação pelo indivíduo; limites à retroatividade da lei – princípio que visa a segurança jurídica das relações não autorizando o desrespeito ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e a coisa julgada material; princípio do juiz natural – proibição a Juízos de Exceção, ou seja, para cada situação a ser julgada deverá existir previamente um juízo competente predeterminado; princípio do devido processo legal – o Judiciário deverá respeitar em todos os casos as formalidades legais. No seu sentido material refere-se a necessidade da observância da ao igualdade na lei. Já em seu sentido processual engloba a necessidade ao respeito contraditório e a ampla defesa, ao Juiz natural e a prévia citação; DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS princípio da presunção de inocência – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de uma sentença condenatória; Tribunal do Júri – direito a ser julgado pelo povo quando do cometimento de crimes dolosos contra a vida; Extradição - na verdade é a garantia de não extradição de brasileiros natos e de não naturalizados, caso não tenham cometido crimes antes do processo de naturalização e não estiverem envolvidos em crimes de tráfico entorpecente. A extradição é instituto jurídico de medida compulsória de retirada de estrangeiro que tenha cometido crime em outro Estado e este o requisita ao Estado no qual este indivíduo se encontra, para que o prenda e o entregue; DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS Proibição da prisão civil – não existirá prisão por inobservância de leis civis, salvo nas questões do depositário infiel (ver súmula vinculante nº 25) e dívida de obrigação alimentar. que visam assegurar o exercício dos direitos REMÉDIOS E GARANTIAS CONSTITUCIONAIS Os remédios são instrumentos processuais fundamentais quando violados. São eles: Habeas Corpus - significa tomes o corpo do delito. É uma ação gratuita que visa proteger a liberdade de locomoção, e dispensa a necessidade de advogado. Ela pode ser proposta a seu favor ou de terceiro, preventiva (quando se há ameaça à liberdade) ou repressivamente – art. 5o , inciso LXVIII da CRFB/88; DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS Mandado de Segurança – ação que pode ser individual ou coletiva que visa proteger direito líquido e certo, ou seja, aquele que pode ser provado de plano, ou seja, só pode ser provado por provas documentais irrefutáveis e apto a ser exercido no momento da impetração, que não seja protegido por habeas corpus ou habeas data quando se sofre um ilegalidade de poder por uma autoridade pública. (art. 5o, incisos LXIX e LXX da CRFB/88 e Lei 12016/09); Habeas Data – significa tomes a informação. Segundo José Afonso da Silva “tem por objeto proteger a esfera intima dos indivíduos contra: a) usos abusivos de registro de dados pessoais coletados por meios fraudulentos, desleais ou ilícitos; b) introdução nesse registro de dados sensíveis; c) conservação de dados falsos ou com fins diversos autorizados em lei”. É uma ação gratuita. (art. 5o , inciso LXXII da CRFB/88, Lei 9507/97 e súmula 2 do STJ); DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS Mandado de Injunção - remédio que objetiva garantir a toda pessoa a eficácia plena de direitos fundamentais assegurados pela Constituição de forma que busque obrigar o Poder Público a estabelecer norma regulamentadora – art. 5o, inciso LXXI da CRFB/88 e Lei 13.300/2016; Ação Popular – ação gratuita própria de cidadão em sentido estrito que visa proteger atos lesivos ao patrimônio público ou de entidades que o Estado participe, a moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico – art. 5o , inciso LXXIII da CRFB/88 e lei 4717/65 e súmula 35 do STF; DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS Ação Civil Pública – remédio cabível para defesa do patrimônio público e social, do meio ambiente e de interesses difusos e coletivos e tem a sua única previsão constitucional no art. 129, inciso III. (Lei 7347/85). DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIREITOS SOCIAIS Prof. Dr. Rafael Iorio DIREITOS SOCIAIS 1- Os Direitos Sociais surgem, por meio de diversas Constituições, a partir do século XX, com a segunda geração de Direitos Fundamentais, que exige a prestação positiva do Estado através de políticas públicas, destinadas a reduzir as desigualdades sociais existentes e garantir uma existência humana digna. DIREITOS SOCIAIS Direitos fundamentais sociais - Consiste em um conjunto de direitos, mais precisamente de direitos sociais formado por bens e serviços públicos imprescindíveis a uma vida digna. Classificação dos Direitos Sociais segundo a Constituição Federal Brasileira de 1988: Artigo sexto: saúde, educação, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados; Os direitos trabalhistas elencados nos incisos do artigo sétimo; Seguridade Social - artigos 194 a 204; Ciência e Tecnologia - artigos 218 a 219; Comunicação Social - artigos 220 a 224; Meio ambiente - artigo 225; Proteção aos índios - artigos 231 a 232; Proteção à família, criança, adolescente e ao idoso - artigos 226 a 230. DIREITOS SOCIAIS Art. 6º -São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. DIREITOS SOCIAIS DIREITOS SOCIAIS Até o advento do Estado do Bem-Estar Social, as relações eram simplesmente vistas como relações privadas, submetidas, desta forma, às normas de Direito Civil. Da ruptura privatista centrada no Código Civil decorreu o surgimento do Direito do Trabalho. DIREITOS SOCIAIS No contexto da crise do capitalismo o Estado assume a função de proteger a parte mais fraca das relações jurídicas, por meio da criação de mecanismos protecionistas que levam ao surgimento do Direito Social. Constituição do México de 1917, a Constituição da Alemanha (Constituição de Weimar: autonomia coletiva da vontade e reconhecimento dos acordos) de 1919 e a criação da Organização Internacional do Trabalho, no mesmo ano. No Brasil a Constituição de 1934. DIREITOS SOCIAIS (Lochner v. New York) Em 1905 foi prolatada decisão pela Suprema Corte dos EUA que pode ser utilizada para demonstrar os efeitos desta visão jusprivatista. O caso analisava a constitucionalidade de uma lei do Estado de Nova York que limitava a jornada de trabalho semanal dos padeiros (ten hours per day or sixty hours per week), em nome da proteção à saúde dos trabalhadores. DIREITOS SOCIAIS (Lochner v. New York) ( cont.) Por 5 votos contra 4, decidiu-se que aquela lei violava o direito à liberdade contratual: se as partes quisessem contratar uma jornada de trabalho superior àquela prevista na legislação ordinária, elas deveriam ter o direito de fazê-lo. Nota-se aí o predomínio do princípio da autonomia da vontade – pedra de toque do Direito Civil – sobre outros valores (a saúde dos trabalhadores- “it was a labor law attempting to regulate the terms of employment, and calling it an "unreasonable, unnecessary and arbitrary interference to contract.”(“Justice Rufus Peckham pela maioria”) DIREITOS SOCIAIS A RESISTÊNCIA JUDICIAL AO WELFARE STATE PROLONGOU-SE ATÉ O FIM DA DÉCADA DE 30 A partir desta decisão, a Suprema Corte entraria em uma polêmica fase, na qual funcionou como um freio às políticas de bem-estar social que o Governo Federal (Poder Executivo) tentava implementar. O atrito entre as instituições (Executivo x Judiciário) chega a um ponto quase insustentável, até que, em 1937, o Judiciário cede às transformações que levaram à crise do capitalismo liberal e começa a admitir as políticas sociais provenientes do Executivo. DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIREITOS DE NACIONALIDADE Prof. Dr. Rafael Iorio NACIONALIDADE CONCEITO: vínculo jurídico político que se estabelece entre um indivíduo e um Estado e o torna membro do POVO. POVO = POPULAÇÃO? NACIONALIDADE ORIGINÁRIA ou PRIMÁRIA: reconhecida pelo Estado desde o nascimento DERIVADA ou SECUNDÁRIA: adquirida por ato de vontade. Naturalização expressa e tácita NACIONALIDADE CRITÉRIOS CONSTITUCIONAIS: JUS SOLI (art. 12, I, a, CF) JUS SANGUINIS (art. 12, I, b, c, CF NACIONALIDADE JUS SOLI (art. 12, I, a, CF): “os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que não estejam a serviço de seu país.” NACIONALIDADE JUS SANGUINIS (art. 12, I, b, CF): “os nascidos no exterior, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil.” NACIONALIDADE JUS SANGUINIS (art. 12, I, c, CF): “os nascidos no exterior, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira.” (Em. 54, de 2007) NACIONALIDADE OPÇÃO: Homologação Judicial Jurisdição voluntária Justiça Federal (art. 109, inc. X, CF) Efeitos ex tunc NACIONALIDADE REGIME DE TRANSIÇÃO (art. 95, ADCT acrescentado pela Emenda 54/07): “Os nascidos no estrangeiro entre 7 de junho de 1994 e a data da promulgação desta Emenda Constitucional, filhos de pai brasileiro ou mãe brasileira, poderão ser registrados em repartição diplomática ou consular brasileira competente ou em ofício de registro, se vierem a residir na República Federativa do Brasil." NACIONALIDADE PROCEDIMENTO DA NATURALIZAÇÃO: FASE ADMINISTRATIVA: Portaria do Ministro da Justiça FASE JUDICIAL: Entrega do certificado de naturalização (art. 111 e 119 da Lei 6815/80 e art. 129, Decreto 86715/81) NACIONALIDADE Regime constitucional diferenciado aos estrangeiros conforme sua ORIGEM Originários de países de língua portuguesa: residência por um ano ininterrupto + idoneidade moral Demais: na forma da lei (Lei 6815/80) NACIONALIDADE Requisitos legais aplicáveis aos estrangeiros não originários de países de língua portuguesa (art. 112, da Lei 6815/80): - capacidade civil, segundo a lei brasileira; - ser registrado como permanente no Brasil; - residência contínua no território nacional, pelo prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalização; NACIONALIDADE Requisitos legais aplicáveis aos estrangeiros não originários de países de língua portuguesa (art. 112, da Lei 6815/80): V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manutenção própria e da família; VI - bom procedimento; VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um) ano; NACIONALIDADE Requisitos legais aplicáveis aos estrangeiros não originários de países de língua portuguesa (art. 112, da Lei 6815/80): VIII - boa saúde. § 1º não se exigirá a prova de boa saúde a nenhum estrangeiro que residir no País há mais de dois anos. NACIONALIDADE Art. 113. O prazo de residência fixado no artigo 112, item III, poderá ser reduzido se o naturalizando preencher quaisquer das seguintes condições: - ter filho ou cônjuge brasileiro; - ser filho de brasileiro; - haver prestado ou poder prestar serviços relevantes ao Brasil, a juízo do Ministro da Justiça; - recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou artística; ou NACIONALIDADE V - ser proprietário, no Brasil, de bem imóvel, cujo valor seja igual, pelo menos, a mil vezes o Maior Valor de Referência; ou ser industrial que disponha de fundos de igual valor; ou possuir cota ou ações integralizadas de montante, no mínimo, idêntico, em sociedade comercial ou civil, destinada, principal e permanentemente, à exploração de atividade industrial ou agrícola. Parágrafo único. A residência será, no mínimo, de um ano, nos casos dos itens I a III; de dois anos, no do item IV; e de três anos, no do item V. NACIONALIDADE Art. 114. Dispensar-se-á o requisito da residência, exigindo-se apenas a estada no Brasil por trinta dias, quando se tratar: - de cônjuge estrangeiro casado há mais de cinco anos com diplomata brasileiro em atividade; ou - de estrangeiro que, empregado em Missão Diplomática ou em Repartição Consular do Brasil, contar mais de 10 (dez) anos de serviços ininterruptos NACIONALIDADE Regime isonômico aos estrangeiros Residência há mais de 15 anos ininterruptos (QUINZENÁRIA) + Ausência de condenação + Requerimento da nacionalidade NACIONALIDADE Decreto 3927, 19/09/01 - Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre Brasil e Portugal NACIONALIDADE Visto de permanente + Reciprocidade em favor dos brasileiros Equiparação política: equiparação civil + residência por no mínimo 3 anos e requerimento à Justiça eleitoral NACIONALIDADE Decreto 4246/02: promulga a convenção sobre o estatuto dos apátridas NACIONALIDADE DISTINÇÕES CONSTITUCIONAIS: Art. 12, §3º, CF Art. 89, inc. VII, CF Art. 5º, incisos LI e LII, CF Art. 222, CF Art. 12, §4º, I, CF NACIONALIDADE ESPÉCIES DE PERDA: PERDA-PUNIÇÃO (art. 12, §4º, I, CF) PERDA-MUDANÇA (art. 12, §4º, II, CF) NACIONALIDADE PRESSUPOSTO: prática de atos nocivos aos interesses nacionais ABRANGÊNCIA: Brasileiros naturalizados de competência da justiça PROCESSO: Ação de cancelamento da naturalização federal DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO EFEITOS EX NUNC REAQUISIÇÃO: Ação rescisória NACIONALIDADE PRESSUPOSTO: naturalização voluntária ABRANGÊNCIA: qualquer brasileiro PROCESSO ADMINISTRATIVO: renúncia de nacionalidade DECRETO PRESIDENCIAL EFEITOS EX NUNC REAQUISIÇÃO: Decreto presidencial (art. 36, Lei 818/49) NACIONALIDADE HIPÓTESES: Reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira Imposição de naturalização pela norma estrangeira ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para permanência em território estrangeiro ou exercício de direitos civis DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIREITOS POLÍTICOS Prof. Dr. Rafael Iorio DIREITOS POLÍTICOS ESPÉCIES: Direitos políticos positivos Direitos políticos negativos DIREITOS POLÍTICOS A CIDADANIA LIBERDADE DOS ANTIGOS versus LIBERDADE DOS MODERNOS DIREITOS POLÍTICOS O REGIME DEMOCRÁTICO: Fundamentador de direitos fundamentais implícitos (art. 5º, §2º, CF) Limitador da liberdade partidária (art. 17, caput, CF) Princípio constitucional Sensível (art. 34, VII, a, CF) DIREITOS POLÍTICOS O REGIME DEMOCRÁTICO (art. 1º, §único, CF): Democracia DIRETA Democracia PARTICIPATIVA Democracia INDIRETA REPRESENTATIVA DIREITOS POLÍTICOS SUFRÁGIO (art. 14, CF) Capacidade eleitoral ativa: direito de VOTAR Eleições Plebiscito (Lei 9709/98) Referendo (Lei 9709/98) Capacidade eleitoral passiva: direito de ser VOTADO DIREITOS POLÍTICOS ALISTABILIDADE e VOTO (art. 14, §1º, CF): Obrigatório Facultativo Direto Secreto Universal Com valor igual para todos DIREITOS POLÍTICOS Condições de ELEGIBILIDADE (art. 14, §3º, CF): Nacionalidade brasileira Pleno exercício dos direitos políticos Alistamento eleitoral Domicílio eleitoral na circunscrição Filiação partidária Idade mínima (data da posse) DIREITOS POLÍTICOS INICIATIVA POPULAR (art. 14, inc. III, CF e Lei 9709/98): Projeto de lei federal (art. 61, §2º, CF) Projeto de lei estadual (art. 27, §4º, CF) Projeto de lei municipal (art. 29, XIII, CF) DIREITOS POLÍTICOS AÇÃO POPULAR (art. 5º, inc. LXXIII, CF e Lei 4717/65): CIDADÃO ANULAÇÃO de ato lesivo: patrimônio público, de entidade que o Estado participe, meio ambiente, moralidade administrativa e patrimônio histórico e cultural DIREITOS POLÍTICOS FILIAÇÃO PARTIDÁRIA (art. 17, CF e Lei 9096/95) CIDADÃO + idade mínima 16 anos DIREITOS POLÍTICOS IMPEDIMENTO total da CIDADANIA (art. 15, CF): PERDA e SUSPENSÃO de direitos políticos: Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado Incapacidade civil absoluta Condenação criminal transitada em julgado enquanto durarem seus efeitos Súmula 9, TSE: “A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de reparação de danos.” DIREITOS POLÍTICOS IMPEDIMENTO total da CIDADANIA (art. 15, CF): Recusa de cumprir obrigação legal + prestação alternativa Improbidade administrativa DIREITOS POLÍTICOS IMPEDIMENTO PARCIAL da CIDADANIA (art. 14, §4º a 9º, CF): INELEGIBILIDADE: ABSOLUTA (art. 14, §4º, CF) RELATIVA (art. 14, §5º a 9º, CF) DIREITOS POLÍTICOS INELEGIBILIDADE ABSOLUTA (14, §4º, CF): Inalistáveis Analfabetos Magistrados em serviço ativo (art. 95, §único, III, CF) Ministério Público em serviço ativo (art. 128, §6º, CF) DIREITOS POLÍTICOS INELEGIBILIDADE RELATIVA (14, §5º a §9º, CF): Reeleição (art. 14, §5º, CF) Eleição para outro cargo (14, §6º, CF) Reflexa (art. 14, §7º, CF) Militares (art. 14, §8º, CF) Infraconstitucional (art. 14, §9º, CF e Lei Complementar 64/90 com as alterações da Lei Complementar 135/2010 – Ficha Limpa) DIREITOS POLÍTICOS REELEIÇÃO (art. 14, §5º, CF): “O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente.” DIREITOS POLÍTICOS ELEIÇÃO PARA OUTRO CARGO (art. 14, §6º, CF): “Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.” DIREITOS POLÍTICOS INELEGIBILIDADE REFLEXA (art. 14, §7º, CF): “São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.” Súmula vinculante n. 18: “A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no §7º do artigo 14 da Constituição Federal.” DIREITOS POLÍTICOS INELEGIBILIDADE REFLEXA (art. 14, §7º, CF) Súmula 6 do TSE: “É inelegível, para o cargo de Prefeito, o cônjuge e os parentes indicados no §7º, do art. 14, da Constituição, do titular do mandato, ainda que este haja renunciado ao cargo há mais de seis meses do pleito.” Súmula 12 do TSE: “São inelegíveis, no município desmembrado, e ainda não instalado, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por por adoção, do prefeito do município-mãe, ou de quem tenha o substituído, dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo.” DIREITOS POLÍTICOS CASO VISEU (RESPE 24564, Acórdão 24564, de 01.10.2004, Relator: Ministro Gilmar Mendes): “Os sujeitos de uma relação estável homossexual, à semelhança do que ocorre com os de relação estável, de concubinato e de casamento, submetem-se à regra de inelegibilidade prevista no art. 14, §7º, da CF.” Os ministros entenderam que, apesar de o Direito de Família não reconhecer como entidade familiar a relação entre pessoas do mesmo sexo, seria inegável a repercussão de tal relação na esfera eleitoral e não haver distinção entre relações afetivas de natureza homossexual e heterossexual, em virtude da presença, em ambos os casos, de interesses políticos comuns contrários ao dispositivo constitucional que impede a utilização da máquina administrativa e a perpetuação no poder por parte de uma mesma família. DIREITOS POLÍTICOS INELEGIBILIDADE DOS MILITARES (art. 14, §8º, CF): “O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.” DIREITOS POLÍTICOS INELEGIBILIDADE LEGAL (art. 14, §9º, CF e LC 64/90 com as alterações da LC 135/10): Proteção da probidade administrativa, moralidade para o exercício do mandato considerada a vida pregressa do candidato (ECR 4/94 regulamentada pela LC 135/10) e da normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração pública direta ou indireta DIREITOS POLÍTICOS “A lei que alterar o processo eleitoral entra em vigor na data da sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até 1 (um) ano da data de sua vigência.” ADI 3685/DF julgada em 22.3.2006– Emenda 52/06 e RE 631102/PA julgado em 27.10.10 – FICHA LIMPA DIREITOS POLÍTICOS PERSONALIDADE JURÍDICA (art. 17, § 2º, CF) AUTONOMIA PARTIDÁRIA (art. 17, §1º, CF e Lei 9096/95) Supressão da verticalização nas coligações partidárias (EC n. 52/01 e ADI 3685-8, DOU de 31.3.06) CARÁTER NACIONAL DIREITOS POLÍTICOS DIREITOS DOS PARTIDOS: Fundo partidário e direito de antena (art. 17, §3º, CF) Imunidade tributária para impostos sobre seu patrimônio, rendas ou serviços e de suas fundações (art. 150, VI, c, CF) DIREITOS POLÍTICOS VEDAÇÕES AOS PARTIDOS: Utilização de organização paramilitar (art. 17, §4º, CF) Recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiro ou de subordinação a estes (17, II, CF) DIREITOS POLÍTICOS DEVERES DOS PARTIDOS: Prestação de contas à justiça eleitoral (art. 17, inc. III, CF) Funcionamento parlamentar de acordo com a lei (17, inc. IV, CF) Estatutos devem prever normas de disciplina e fidelidade partidária (art. 17, §1º, CF) DIREITOS POLÍTICOS INFIDELIDADE PARTIDÁRIA Conceito: É a desfiliação partidária sem justa causa, ou seja, quando decorre de situações que não envolvem incorporação ou fusão do partido, criação de novo partido, mudança substancial ou desvio reiterado de programa partidário e grave discriminação pessoal.”
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