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14. Propriedade Intelectual e Desenvolvimento

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DL 101P BR - Módulo 13 – Propriedade Intelectual e Desenvolvimento 
© OMPI/INPI 
1 
Aviso: O estudo deste módulo requer normalmente cerca de 3 horas. 
 
 
 
Módulo 13: Propriedade Intelectual e Desenvolvimento 
 
 
 
OBJETIVOS 
 
 Depois do estudo deste módulo, o estudante deverá ser capaz de: 
 
1. Explicar em 100 palavras por que o desenvolvimento é mais do que simplesmente 
crescimento econômico. 
2. Enumerar os aspectos do desenvolvimento para além do crescimento econômico. 
3. Explicar em cerca de 500 palavras como as leis de PI podem ser concebidas para 
promover o desenvolvimento. 
4. Dar três exemplos da utilização de regimes de PI que promovem o 
desenvolvimento. 
5. Descrever em cerca de 100 palavras a função da OMPI em matéria de 
desenvolvimento. 
6. Indicar a data do início da Agenda da OMPI para o Desenvolvimento. 
7. Nomear as categorias de recomendações da Agenda para o Desenvolvimento. 
8. Identificar a categoria mais intimamente relacionada com uma determinada 
questão. 
9. Dar três exemplos específicos de projetos resultantes da Agenda para o 
Desenvolvimento. 
10. Dar dois exemplos da maneira como a Agenda para o Desenvolvimento foi 
‘integrada’ no trabalho da OMPI. 
 
 
O que é o desenvolvimento? 
 
 Desenvolvimento é um conceito vasto que não é fácil definir, mas é importante 
compreender porque é um dos objetivos fundamentais do sistema global e de muitos 
sistemas nacionais de propriedade intelectual. O desenvolvimento costumava ser 
considerado um sinônimo de modernização e de crescimento econômico. Efetivamente, 
muitos peritos no passado consideravam essas duas noções como sendo tanto um 
objetivo primordial como um indicador do desenvolvimento internacional. 
 
 Mais recentemente, o crescimento econômico passou a ser entendido como facilitador 
da liberdade humana. Peritos como o economista Amartya Sen, laureado com o prêmio 
Nobel, a famosa filósofa Martha Nussbaum, dentre outros especialistas, entendem o 
desenvolvimento ‘do ponto de vista das capacidades’ (capabilities approach to 
development). O crescimento econômico pode dar às pessoas mais dinheiro e, portanto, 
 
DL 101P BR - Módulo 13 – Propriedade Intelectual e Desenvolvimento 
© OMPI/INPI 
2 
maior liberdade para fazerem escolhas nas suas vidas. Porém, essa liberdade não faz 
sentido sem a capacidade de gozar de boa saúde, de segurança alimentar, de um 
ambiente limpo e saudável, de arte, cultura etc. A propriedade intelectual está, de uma 
maneira ou de outra, ligada a todas estas questões essenciais. 
 
 
Por que a propriedade intelectual é importante para o desenvolvimento? 
 
 Um sistema bem equilibrado de concessão e exploração de direitos de propriedade 
intelectual é um fator de crescimento econômico, pois promove investimentos e o 
comércio. Se for concebido e utilizado apropriadamente, pode também ajudar a 
criatividade cultural a prosperar, educar a população, levar a inovação tecnológica para o 
progresso da saúde e da alimentação, e trazer também outras vantagens sociais. 
 
 A propriedade intelectual em si não promove nem impede necessariamente o 
desenvolvimento. É a maneira como as leis, as políticas e as práticas são concebidas e 
utilizadas nos diversos países que determina se a PI é ou não eficaz em matéria de 
desenvolvimento. As flexibilidades nos tratados e acordos internacionais estudados nos 
módulos anteriores podem facilitar o desenvolvimento porque os países podem utilizá-las 
de maneira que lhes permita aplicar as suas próprias políticas públicas, quer em domínios 
específicos, como no acesso a produtos farmacêuticos (por exemplo, através de licenças 
obrigatórias em certas circunstâncias) ou na proteção da sua biodiversidade (através de 
patentes ou de outro sistema sui generis), quer de forma mais geral, favorecendo a criação 
de condições macro e microeconômicas e institucionais favoráveis ao desenvolvimento. 
 
 Por exemplo, alguns países podem desejar que as obras culturais sejam amplamente 
disponíveis em domínio público tão cedo quanto possível, para autorizar as outras pessoas 
a utilizar livremente o material; por isso, estes países mantêm o prazo de proteção do 
direito de autor ao nível da Convenção de Berna e do Acordo TRIPS, a saber, a vida do 
autor mais 50 anos. Outros países podem desejar prever rendimentos para as suas 
indústrias culturais durante mais tempo; por isso aumentam o prazo de proteção até 70 
anos depois da morte do autor. 
 
 No que diz respeito a patentes, o estudante aprendeu num módulo anterior que o 
Acordo TRIPS normaliza o objeto da proteção: deve haver patentes, em todos os domínios 
da tecnologia, para quaisquer invenções que satisfaçam os critérios de novidade, atividade 
inventiva e aplicação industrial. Mas há também alguma flexibilidade. Os membros da 
OMC podem excluir algumas invenções da proteção se isso for necessário para, por 
exemplo, preservar a estrutura da sociedade civil ou, segundo a expressão utilizada, "para 
proteger a ordem pública", ou por razões de proteção da moral, da vida humana, vegetal 
ou animal, ou do meio ambiente. Portanto, embora seja possível proteger por patente 
invenções "essencialmente biológicas”, resultantes de intervenção só humana, há debate 
mundial, não só nos países em desenvolvimento, mas também em regiões como os 
Estados Unidos, sobre a questão de saber se genes humanos, animais ou vegetais 
deveriam ser patenteáveis. O Acordo TRIPS é também flexível quanto à proteção de 
formas mais elevadas de vida, na medida em que satisfazem os critérios de 
patenteabilidade, como plantas e animais, mas também permite outras possibilidades tais 
como um sistema de direitos do obtentor. Qual destas opções flexíveis um país escolherá 
dependerá, provavelmente, de várias considerações sociais, culturais e econômicas. 
 
DL 101P BR - Módulo 13 – Propriedade Intelectual e Desenvolvimento 
© OMPI/INPI 
3 
 
 Além disso, para garantir o acesso a algumas invenções importantes que estão 
protegidas, tais como os produtos farmacêuticos, os países são autorizados a emitir 
licenças de patente obrigatórias em certas circunstâncias. Esse procedimento tem sido 
utilizado, por exemplo, para dar acesso a medicamentos em países como Malásia, 
Indonésia, Brasil, Tailândia e Gana. 
 
 A emissão de licenças obrigatórias não é normalmente a primeira opção para qualquer 
país que procura dar acesso a medicamentos. O Acordo TRIPS indica que certas medidas 
deveriam ser tomadas antes da emissão de uma licença obrigatória, inclusive tentativas de 
negociações voluntárias. Esta sugestão não é aplicável em certos casos, como 
emergências nacionais, extrema urgência, ou utilização pública não comercial. Por 
exemplo, em 2006, a Tailândia emitiu uma licença obrigatória para uma das suas 
organizações governamentais a fim de produzir medicamentos genéricos contra a AIDS, 
sem primeiro consultar o titular da patente, Merck. Posteriormente, porém, a Tailândia 
tentou em vão negociar com os titulares de patentes de medicamentos contra o cancro, 
antes de emitir licenças obrigatórias. Breves negociações voluntárias ocorreram também 
no Canadá, antes de uma licença obrigatória ser recentemente emitida para uma 
companhia canadense exportar medicamentos genéricos contra a AIDS para Ruanda, país 
que não tinha possibilidade de produzir os medicamentos. 
 
 Disposições sobre a concessão de licenças obrigatórias foram o ponto central da 
Declaração Ministerial de Doha, em 2001, da OMC, sobre o Acordo TRIPS e a Saúde 
Pública. Essa Declaração resultou mais tarde em mais flexibilidades, especialmente para 
países (como Ruanda) que, tipicamente, não podem fabricar produtos farmacêuticos 
localmente e, por isso, dependem de exportações de outros países. A Declaração também 
prolongou a data limite para os países menos desenvolvidos concederemproteção por 
patente aos produtos farmacêuticos até, pelo menos, 2016. Portanto, se o país menos 
desenvolvido não tiver capacidade de produção e o medicamento não estiver patenteado 
nesse país, uma licença obrigatória não será necessária. 
 
 Para mais informações sobre a maneira como a concessão de licenças obrigatórias 
pode funcionar no contexto da saúde pública, o estudante pode consultar o seguinte 
website da Organização Mundial do Comércio, com a qual a OMPI trabalha em estreita 
colaboração sobre questões de propriedade intelectual: 
 http://www.wto.org/english/tratop_e/trips_e/public_health_faq_e.htm 
 
 
 
QAA 1 (Questão de Auto-Avaliação) 
 
 
 a. Quando foi que a flexibilidade que permite a concessão de licenças obrigatórias 
se tornou disponível pela primeira vez no Acordo TRIPS? 
 
 b. A que diziam respeito as duas disposições resultantes do acordo de Doha, de 
novembro de 2001? 
 
 
 
DL 101P BR - Módulo 13 – Propriedade Intelectual e Desenvolvimento 
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4 
Respostas 
 
a. Desde o princípio do Acordo TRIPS em 1995. 
 
b. As duas disposições diziam respeito aos países menos desenvolvidos e aos países sem 
capacidade de produção. 
 
 
OBS: Além disso, os países menos desenvolvidos não precisam tornar patentes 
disponíveis para produtos farmacêuticos antes de 2016. E, em circunstâncias especiais, os 
países podem exportar produtos farmacêuticos produzidos sob uma licença obrigatória 
para alguns países sem capacidade de produção nacional. 
 
 
 Não só os países podem se beneficiar das flexibilidades em relação à proteção da 
propriedade intelectual; empresas privadas e instituições públicas como universidades 
podem também gerir flexivelmente a propriedade intelectual. Por exemplo, algumas 
empresas ou instituições podem desejar proteger seus produtos indefinidamente por meio 
dos segredos comerciais ou industriais, em vez de divulgar ao público os pormenores de 
uma invenção em troca de 20 anos de proteção exclusiva por patente. 
 
 As empresas ou instituições que escolhem a proteção por patente podem fabricar e 
vender um produto elas mesmas, produzindo valor econômico para a organização e novos 
produtos e serviços para o mercado. Ou podem trabalhar com parceiros para concederem 
licenças recíprocas relativas aos seus direitos de propriedade intelectual, de maneira a 
retirar vantagens da colaboração, tais como o acesso a tecnologias complementares ou a 
novos mercados. A colaboração através da concessão de licenças de patente pode ser 
uma opção especialmente atrativa para o governo, as universidades e as empresas do 
setor privado nos países em desenvolvimento, uma vez que esses podem não ter ainda 
capacidade de pesquisa e desenvolvimento ou de acesso a recursos científicos e técnicos 
para comercializar sozinhos as inovações. 
 
 Vejamos outra vez o caso do acesso aos medicamentos como um exemplo concreto. 
Os tratamentos mais eficazes do HIV/AIDS, por exemplo, muitas vezes implicam a 
combinação de produtos diferentes, cujas patentes pertencem a empresas diferentes 
espalhadas pelo mundo. Para abordar algumas das questões de concorrência e 
coordenação relacionadas à concessão de licenças de propriedade intelectual, um grupo 
de parceiros formou um "grupo de patentes de medicamentos’, que oferece um serviço 
centralizado ("balcão único") para licenças de patente. Este modelo de gestão de 
propriedade intelectual pode ajudar a criar novas fontes de rendimento para as empresas 
em questão, baixar os custos de fornecer estes medicamentos e, o mais importante, 
melhorar a saúde e a vida de milhões de pessoas. Para mais informações sobre a maneira 
como esta utilização particular de politicas e práticas de propriedade intelectual pode 
facilitar o desenvolvimento, acesse o site: www.medicinespatentpool.org. 
 
 
 
 
 
 
DL 101P BR - Módulo 13 – Propriedade Intelectual e Desenvolvimento 
© OMPI/INPI 
5 
 
 
Os exemplos apresentados levantam importantes questões que os responsáveis 
políticos devem considerar. O setor privado – inclusive as grandes companhias, as 
empresas pequenas e médias e os novos empresários – pode também se beneficiar de 
uma perspectiva de direitos de propriedade intelectual orientada para o desenvolvimento. A 
utilização de direitos de propriedade intelectual para criar valor partilhado entre empresas e 
comunidades pode aumentar os mercados existentes e criar novos mercados, 
especialmente em nível global. 
 
 Pensar sobre a propriedade intelectual e o desenvolvimento é uma coisa que não só os 
países em desenvolvimento e os países menos desenvolvidos precisam fazer. Todos os 
países devem enfrentar as mesmas questões de base sobre o alcance do equilíbrio entre 
os diversos objetivos relacionados. Igualmente, todas as empresas devem pensar sobre a 
função da propriedade intelectual nos seus projetos comerciais, de maneira a aproveitar 
novas oportunidades comerciais a curto e longo prazo. 
 
 
 Faça agora uma pausa para pensar sobre a seguinte questão, do seu ponto de vista. 
 
 
 
QAA 2 
Que aspectos da propriedade intelectual e desenvolvimento são mais importantes 
para o seu país, ou para a sua organização? 
 
Pense sobre isto durante cerca de 5 minutos. É possível que já tenha conhecimento sobre 
as principais atividades econômicas do seu país, ou tenha experiência em inventar coisas 
que são úteis no seu país. Tente pensar nas coisas que considera importantes para o 
desenvolvimento de seu país. Agora, resuma suas conclusões em cerca de 60 palavras. 
 
 
Resposta 
 
Não existe uma resposta correta ou errada para esta pergunta. O ponto principal é que os 
direitos de propriedade intelectual podem criar vantagens diferentes em contextos 
diferentes, segundo os objetivos. As legislações, as políticas e as práticas locais, que são 
apropriadas para um país ou para uma empresa, podem não ser adequadas para outro 
país ou empresa. As pessoas devem decidir o que querem que o sistema de propriedade 
intelectual faça, e depois tentar alcançar o equilíbrio para atingir esses objetivos. 
 
 
 
Qual é a função da OMPI? 
 
 O desenvolvimento encontra-se no âmago da missão da OMPI. Quando a organização 
foi fundada, a sua missão era "promover a proteção da propriedade intelectual em todo o 
mundo". Quando a organização se tornou uma agência especializada das Nações Unidas, 
em meados da década de 1970, esta função passou a estar mais especificamente ligada 
 
DL 101P BR - Módulo 13 – Propriedade Intelectual e Desenvolvimento 
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6 
ao desenvolvimento. Depois disso, foi confiada à OMPI a tarefa de promover a atividade 
intelectual criativa e a transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento, "a 
fim de acelerar o desenvolvimento econômico, social e cultural". 
 
 Evidentemente, como já vimos, isto pode ser feito com sistemas flexíveis de proteção da 
propriedade intelectual. A OMPI promove o desenvolvimento através da política de 
propriedade intelectual de várias maneiras. 
 
Além de ser um fórum de primeiro plano para a negociação de novos tratados e acordos 
(incluindo as suas flexibilidades), a OMPI: 
 
 • administra alguns dos processos mais importantes para proteger os direitos de 
propriedade intelectual internacionalmente; 
 • oferece formação e educação; 
 • presta assistência legislativa e técnica; 
 • serve de reservatório de bases de dados de informações relacionadas com a 
propriedade intelectual. 
 
 A OMPI recebe sugestões dos seus Estados Membros, de organizações não 
governamentais e de outras entidades para melhorar o trabalho na área da propriedade 
intelectual e desenvolvimento. Algumas dessas sugestões foram feitas há várias décadas, 
pois a questão da propriedade intelectual e do desenvolvimento surgiu nos anos 1960. 
Nenhuma sugestão, porém, teve um impacto tão grande como uma iniciativa formal, 
inicialmenteapresentada pela Argentina e pelo Brasil, em 2004, para uma nova e 
específica "Agenda para o Desenvolvimento". 
 
 
A AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO 
 
 A Agenda da OMPI para o Desenvolvimento, às vezes chamada pela forma abreviada 
"AD", faz parte de uma mudança na maneira de compreender as ligações entre a 
propriedade intelectual e o desenvolvimento e, consequentemente, na maneira em que é 
atribuída a prioridade às questões de desenvolvimento. Por exemplo, isto poderia ser feito 
pelo destaque das flexibilidades no sistema de propriedade intelectual que poderiam 
contribuir para o desenvolvimento. Como foi dito mais acima neste módulo, o 
desenvolvimento deixou de ser considerado apenas um sinônimo de crescimento 
econômico, e cada vez mais se compreende que a propriedade intelectual, por si só, pode 
ou não afetar o desenvolvimento. Convém salientar, mais uma vez, que nada na Agenda 
sobre o Desenvolvimento rejeita os benefícios dos direitos de propriedade intelectual. Pelo 
contrário, a Agenda confirma que a propriedade intelectual pode facilitar e facilita, 
efetivamente, o desenvolvimento em muitas circunstâncias. 
 
 É porque uma compreensão destas circunstâncias em contextos locais e globais 
ajudará os países e organizações a melhor elaborar, administrar e utilizar sistemas de 
propriedade intelectual, que a Agenda da OMPI sobre o Desenvolvimento procura 
aumentar a compreensão deste tópico. O reconhecimento tanto dos benefícios como dos 
custos da propriedade intelectual, tendo em conta as questões sociais, culturais e 
econômicas, faz realmente da propriedade intelectual uma matéria que extrapola apenas a 
proteção. 
 
DL 101P BR - Módulo 13 – Propriedade Intelectual e Desenvolvimento 
© OMPI/INPI 
7 
 
 Por exemplo, a proteção do direito de autor é importante para muitos tipos de criadores, 
inclusive autores e editores de livros. Sem proteção do direito de autor, seria muito mais 
difícil estabelecer o preço e as condições de acesso aos livros que sustentam a indústria 
editorial. Ao mesmo tempo, porém, a proteção do direito de autor pode não oferecer os 
incentivos comerciais acertados para garantir que os livros sejam produzidos de maneira 
acessível a todos, inclusive os praticantes de línguas locais ou as pessoas com 
deficiências. Por isso o sistema internacional de direito de autor inclui um mecanismo – um 
anexo da Convenção de Berna – para permitir que os países emitam licenças obrigatórias 
autorizando a tradução de livros para certas línguas locais; e estão em curso negociações 
entre a OMPI, seus Estados Membros, organizações não governamentais e outras 
entidades, sobre um novo acordo inovador relativo a um sistema destinado a proporcionar 
acesso a materiais protegidos pelo direito de autor aos deficientes visuais. 
 
 O estudante pode ver o Anexo da Convenção de Berna: Disposições Especiais a 
Respeito dos Países em Desenvolvimento, através de um link que se encontra nos 
recursos deste módulo. Para ver o Anexo clique este link: 
http://www.wipo.int/treaties/en/ip/berne/trtdocs_wo001.html. 
 
 A OMPI criou também todo um website, www.visionip.org, dedicado a informações 
sobre o acesso a obras protegidas pelo direito de autor por pessoas com deficiências 
visuais. 
 
 Atingir o equilíbrio correto entre a proteção da propriedade intelectual e flexibilidades, 
como a citada acima, é a chave para facilitar o acesso aos conhecimentos e melhorar as 
vidas de pessoas em todo o mundo. É uma tentativa para que o sistema global de 
propriedade intelectual funcione melhor para todos os interessados. 
 
 A Agenda da OMPI para o Desenvolvimento faz parte de um movimento mais vasto de 
reforma e atualização de todo o quadro do comércio internacional. Talvez o estudante 
conheça também a chamada "Agenda de Doha para o Desenvolvimento," que recebeu o 
nome dessa cidade do Qatar onde começou o ciclo atual de negociações da Organização 
Mundial do Comércio. Embora essas "agendas" sejam distintas uma da outra, a 
cooperação com outras organizações incluindo, mas não só, a OMC sobre questões 
relacionadas à PI, é uma das recomendações específicas adotadas pela Assembleia Geral 
dos Estados Membros da OMPI, de 2007. 
 
 Os Estados Membros da OMPI adotaram 45 recomendações agrupadas em 6 
categorias. Estas recomendações constituem formalmente a Agenda da OMPI para o 
Desenvolvimento. Procuram assegurar que considerações sobre o desenvolvimento façam 
parte integrante do trabalho de todos os setores da organização.Em outras palavras, 
"integrem" o desenvolvimento. A integração significaria, por exemplo, que todas as 
atividades da OMPI levem em conta os diferentes impactos potenciais da propriedade 
intelectual sobre o desenvolvimento econômico, social e cultural. Seria a chave da 
preparação e do fornecimento de assistência técnica e educação; influenciaria as 
discussões sobre novos tratados e acordos; e seria uma parte importante da avaliação dos 
êxitos ou fracassos das organizações que trabalham com questões de propriedade 
intelectual. 
 
 
DL 101P BR - Módulo 13 – Propriedade Intelectual e Desenvolvimento 
© OMPI/INPI 
8 
 Depois de as 45 recomendações agrupadas em 6 categorias terem sido adotadas na 
Assembleia Geral dos Estados Membros da OMPI de 2007, houve muita reflexão e 
discussão no sentido de colocar essas recomendações em prática. 
 
 Concordou-se que isto aconteceria através de atividades, programas e "projetos" 
particulares, coordenados por uma nova divisão da OMPI: a Divisão de Coordenação da 
Agenda para o Desenvolvimento (DCAD). Na verdade, a criação do presente módulo de 
ensino no DL 101, introduzindo a Agenda para o Desenvolvimento, é um dos resultados 
concretos desse projeto de implementação. A DCAD serve de secretariado para uma nova 
Comissão sobre o Desenvolvimento e a Propriedade Intelectual (CDPI), coordena a 
implementação e integração (integração da agenda para o desenvolvimento em todas as 
atividades da OMPI) das recomendações da Agenda para o Desenvolvimento dentro da 
OMPI. É também a interface perante as partes interessadas exteriores, e promove uma 
melhor compreensão da Agenda para o Desenvolvimento e dos seus benefícios. 
 
 Esta lição introdutória não examina as especificidades técnicas de todas as categorias, 
recomendações e projetos de implementação da Agenda para o Desenvolvimento, mas 
apresenta alguns exemplos das questões e dos resultados dessa iniciativa. 
 
 
 
As 6 Categorias de recomendações tratam dos seguintes tópicos gerais: 
 
 Assistência técnica e criação de capacidades (Categoria A). 
 Estabelecimento de normas, flexibilidades, política geral e domínio público 
(Categoria B). 
 Transferência de tecnologia, tecnologias de informação e comunicação (TIC) e 
acesso aos conhecimentos (Categoria C). 
 Apreciação, avaliação e estudos de incidência (Categoria D). 
 Questões institucionais, inclusive mandato e governância (Categoria E). 
 Outras questões (Categoria F). 
 
 
Assistência técnica e criação de capacidades (Categoria A) 
 
 As recomendações nesta categoria procuram assegurar, entre outras coisas, que a 
ajuda da OMPI em matéria de PI e desenvolvimento seja transparente e sensível às 
solicitações locais. Algumas das 14 recomendações desta categoria sugerem que haja 
mais financiamento para a assistência técnica orientada para o desenvolvimento, outras 
oferecem diretrizes relativas ao recrutamento e à comunicação sobre as atividades do 
pessoal e dos consultores, e outras abordam as relações da OMPI com os Estados 
Membros e outras organizações. Há recomendações específicas sobre tópicos de 
importância particular, tais como a interface entre a propriedade intelectual e a política de 
concorrência, ou grupos como pequenas e médias empresas especialmente necessitadas 
 
DL 101P BR - Módulo 13 – Propriedade Intelectual e Desenvolvimento 
©OMPI/INPI 
9 
de ajuda em matéria de PI. A primeira recomendação é um bom exemplo dos temas 
incluídos nesta categoria : 
 
 
1. A assistência técnica da OMPI será, inter alia (entre outras coisas), orientada para o 
desenvolvimento, ditada pela procura e transparência, tendo em conta as prioridades e as 
necessidades especiais dos países em desenvolvimento, especialmente os PMDs (países 
menos desenvolvidos), assim como os diferentes níveis de desenvolvimento dos Estados 
Membros . 
 
 Esta e outras recomendações na Categoria A estão sendo implementadas por meio de 
projetos destinados, por exemplo, a aumentar a transparência, com a criação de uma base 
de dados sobre as atividades de assistência técnica da OMPI, http://www.wipo.int/tad/en/. 
A OMPI está também criando novos pontos de convergência da Academia Global em 
países em desenvolvimento, e apoia o desenvolvimento de estratégias nacionais de PI. O 
projeto-piloto de estabelecer Academias Nacionais de PI, em fase de arranque, por 
exemplo, ajudará os países em desenvolvimento e os PMDs a criar instituições de 
formação com um mínimo de recursos para satisfazer a procura crescente de especialistas 
de PI, profissionais, funcionários governamentais e outras partes interessadas. 
 
 Um outro projeto consiste em criar um quadro para ajudar todos os países a 
desenvolver estratégias nacionais de PI para a inovação. Por exemplo, esse quadro 
identificará e apoiará as necessidades e prioridades de desenvolvimento dos países, e 
levará em conta as suas circunstâncias econômicas e aspirações específicas. O quadro, 
que proporcionará uma base conceitual para a criação de estratégias de PI, tem fortes 
ligações com outros projetos que procuram desenvolver metodologia prática, validada por 
um projeto piloto em países selecionados, utilizando uma série de instrumentos práticos. O 
quadro será desenvolvido por grupos de trabalho especializados, compostos de eminentes 
economistas do desenvolvimento de todo o mundo, peritos em PI e consultores de 
organizações internacionais, nos domínios do comércio, meio- ambiente, cultura, 
educação, indústria, saúde, agricultura e ciência e tecnologia. O quadro resultante, 
juntamente com a metodologia e os instrumentos práticos, será posto à disposição dos 
Estados Membros da OMPI. 
 
 
Estabelecimento de normas, flexibilidades, política geral e domínio público 
(Categoria B) 
 
 Estas oito recomendações visam a equilibrar o processo e os resultados de 
negociações sobre novas regras de propriedade intelectual e incluir diversas perspectivas 
diferentes. É muito importante que as atividades da OMPI a este respeito tenham em conta 
os diferentes níveis de desenvolvimento dos países, assim como um equilíbrio entre os 
custos e as vantagens da proteção da propriedade intelectual. Em várias recomendações, 
é feita alusão ao valor de um robusto domínio público de conhecimentos não protegidos 
por direitos de propriedade intelectual. Questões que são especialmente importantes para 
alguns países em desenvolvimento, como a proteção dos recursos genéticos, dos 
conhecimentos tradicionais e do folclore, e o acesso aos conhecimentos e à tecnologia 
para fomentar criatividade e inovação, recebem uma menção específica nas 
 
DL 101P BR - Módulo 13 – Propriedade Intelectual e Desenvolvimento 
© OMPI/INPI 
10 
recomendações desta categoria. Muitos destes princípios estão bem aparentes na 
Recomendação 15: 
 
 
15. As atividades de estabelecimento de normas deverão: 
• ser inclusivas e orientadas para os membros; 
• ter em conta diferentes níveis de desenvolvimento; 
• levar em consideração um equilíbrio entre os custos e as vantagens; 
• ser um processo participativo que leve em consideração os interesses e as prioridades 
de todos os Estados Membros da OMPI e os pontos de vista de outras partes 
interessadas, inclusive organizações intergovernamentais (OIGs) e organizações não 
governamentais (ONGs) acreditadas; e 
• estar em conformidade com o princípio de neutralidade do Secretariado da OMPI. 
 
 
 No contexto desta categoria de recomendações para um dos projetos de 
implementação, a OMPI contratou um perito independente para preparar estudos sobre a 
propriedade intelectual e o domínio público. 
 
 Reconhecendo a importância do domínio público, o projeto comportará uma série de 
pesquisas e estudos que analisarão as boas práticas e os instrumentos atualmente 
disponíveis para identificar conteúdos que se encontram no domínio público, preservando 
tais conteúdos da apropriação individual. As pesquisas e estudos deveriam facilitar as 
possíveis medidas ulteriores na preparação de diretrizes e/ou o possível desenvolvimento 
de instrumentos para facilitar a identificação de matéria pertencente ao domínio público e 
ao seu acesso.O projeto é dividido em três componentes que abordarão a questão do 
ponto de vista do direito de autor, das marcas, e das patentes. Um estudo sobre o direito 
de autor e o domínio público foi um dos primeiros resultados desta iniciativa. 
 
 Sobre o que aprendeu sobre o domínio público e o direito de autor neste curso, veja: 
http://www.wipo.int/edocs/mdocs/mdocs/en/cdip_4/cdip_4_3_rev_study_inf_1.pdf 
 A OMPI também dedicou trabalho ao estudo e à promoção de flexibilidades no sistema 
de propriedade intelectual, e ao alinhamento das suas próprias atividades com os 
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) das Nações Unidas. Na Declaração do 
Milênio, todos os 189 Estados Membros das Nações Unidas expuseram, dentro de um 
único quadro, os desafios fundamentais com os quais a humanidade se vê confrontada no 
início desse novo milênio, esboçaram uma resposta a esses desafios, e estabeleceram 
medidas concretas para avaliar o desempenho através de uma série de compromissos, 
objetivos e metas inter-relacionados. 
 
 Mais informações sobre o trabalho da OMPI relacionado com os ODMs encontram-se em: 
http://www.wipo.int/ip-development/en/agenda/millennium_goals/. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Transferência de tecnologia, tecnologias de informação e comunicação (TIC) e 
acesso aos conhecimentos (Categoria C). 
 
 
 A repartição dos benefícios da inovação e da informação de forma tão ampla quanto 
possível é um objetivo central da política de ligação da PI ao desenvolvimento; por isso, 
esta categoria de oito recomendações sugere várias possibilidades para levá-la a efeito. 
Algumas dessas recomendações encorajam a cooperação científica e colaborações na 
pesquisa que possam facilitar a transferência de tecnologia para países menos 
desenvolvidos e aumentar a utilização de bases de dados de informações relacionadas 
com a propriedade intelectual, como, por exemplo, informações sobre patentes disponíveis 
publicamente. A Recomendação 25 é uma entre várias que ilustram a essência da 
categoria C: 
 
 
25. Explorar políticas e iniciativas relacionadas com a propriedade intelectual necessárias 
para promover a transferência e a difusão de tecnologia em benefício de países em 
desenvolvimento e tomar medidas apropriadas para permitir que os países em 
desenvolvimento compreendam inteiramente e aproveitem diversas disposições relativas 
às flexibilidades previstas em acordos internacionais, como for apropriado. 
 
 
 Para implementar esta recomendação, assim como várias outras, a Divisão de 
Coordenação da Agenda para o Desenvolvimento trabalha sobre um projeto chamado 
"Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia: Desafios Comuns – Busca de 
Soluções", de que fazem parte reuniões, estudos e um fórum de peritos de alto nível. Este 
projeto inclui a preparação ou a atualização e aperfeiçoamento de uma série de módulos e 
materiais relativos à gestão de direitos de PI por instituições acadêmicas e de pesquisa, 
inclusive a criação e direçãode departamentos de transferência de tecnologia em 
organizações públicas de pesquisa, a exploração de mecanismos de transferência de 
tecnologia (especialmente acordos de licença), e o aumento da capacidade de redigir 
patentes. 
 
 
Apreciação, avaliação e estudos de incidência (Categoria D) 
 
 Antes das leis, políticas e práticas de PI poderem ser utilizadas ou melhoradas, seu 
impacto deve ser melhor avaliado e compreendido. É este o ponto central das 5 
recomendações na Categoria D. Além de recomendar uma revisão anual e um mecanismo 
de avaliação para apreciar todas as atividades orientadas para o desenvolvimento, à luz de 
critérios apropriados, esta categoria propõe o estudo de alguns tópicos específicos, 
inclusive: projetos colaborativos abertos, a propriedade intelectual na economia informal, e 
impactos econômicos, sociais e culturais da propriedade intelectual. A recomendação 37, a 
penúltima nesta categoria, ilustra bem este objetivo geral. 
 
 
37. A pedido dos Estados Membros e segundo as suas instruções, a OMPI pode realizar 
estudos sobre a proteção da propriedade intelectual, para identificar as ligações e as 
incidências possíveis entre propriedade intelectual e desenvolvimento. 
 
DL 101P BR - Módulo 13 – Propriedade Intelectual e Desenvolvimento 
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 O projeto sobre o desenvolvimento econômico e social consiste numa série de estudos 
sobre a relação entre a proteção da PI e os vários aspectos do desempenho econômico 
nos países em desenvolvimento. Estes estudos procuram diminuir a lacuna de 
conhecimentos que afeta os responsáveis políticos nesses países quando criam e 
implementam um regime de propriedade intelectual (PI) que promova o desenvolvimento. 
Os estudos projetados concentram-se em três grandes temas: 
 
 • inovação nacional; 
 • difusão nacional e internacional de conhecimentos; e 
 • aspectos institucionais do sistema de PI e as suas implicações econômicas. 
 
 As vantagens serão a promoção de uma melhor compreensão dos efeitos 
socioeconômicos da proteção da PI nos países em desenvolvimento, e a criação de 
capacidade analítica em países em que pouco trabalho sobre a PI tem sido realizado até 
agora. 
 
 O projeto separado sobre modelos de colaboração aberta tratará de uma série de 
atividades para trocar experiências em contextos de inovação aberta (inclusive ambientes 
centrados no utilizador, em que os utilizadores criam inovações em conjunto, através de 
acordos abertos de colaboração) em países desenvolvidos e em desenvolvimento. 
 
 
Questões institucionais, inclusive mandato e governança (Categoria E). 
 
 
 É aqui que os próprios processos e atividades da OMPI e as suas relações com outras 
importantes organizações intergovernamentais e não governamentais são especificamente 
consideradas. Algumas das questões tratadas por estas 6 recomendações são também 
abordadas noutras categorias, tais como a sugestão de uma revisão das atividades atuais 
de assistência técnica, a cooperação com outras agências das Nações Unidas, e o 
aumento, para as partes interessadas, das possibilidades de participação em processos de 
tomada de decisões. A Recomendação 40, por exemplo, é importante porque salienta que 
a propriedade intelectual é apenas uma parte de uma estratégia global de 
desenvolvimento. A PI deve relacionar-se com o comércio, a saúde, o meio ambiente, a 
educação, a ciência e a cultura, no âmbito de outros organismos das Nações Unidas ou 
organizações multilaterais. 
 
 
40. Pedir que a OMPI intensifique a sua cooperação com as agências das Nações Unidas, 
especialmente CNUCED, PNUMA, OMS, ONUDI, UNESCO e outras organizações 
internacionais competentes, especialmente a OMC, sobre questões relacionadas com a PI 
e segundo as orientações indicadas pelos Estados Membros, a fim de reforçar a 
coordenação para atingir o máximo de eficácia na aplicação de programas de 
desenvolvimento. 
 
 
 
 
 
DL 101P BR - Módulo 13 – Propriedade Intelectual e Desenvolvimento 
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 Para implementar algumas das recomendações nesta categoria, a OMPI trabalhou no 
sentido de reunir mais organizações não governamentais nas suas atividades, e atua em 
conjunto com outras agências das Nações Unidas. Além disso, a OMPI trabalha com 
peritos independentes para conduzir uma avaliação em grande escala das suas atividades 
de assistência técnica na área da cooperação para o desenvolvimento. As vantagens 
esperadas deste projeto incluem: 
 
 
 • a adaptação e o fortalecimento do quadro de gestão existente para assegurar que 
todos os programas pertinentes prestem uma grande atenção à incidência das 
atividades da Organização sobre o desenvolvimento, inclusive a assistência técnica; 
 
 • uma contribuição para a cultura de fiscalização e avaliação dentro da Organização; e 
 
 • assistência ao recolhimento sistemático e à utilização de informações sobre o 
desempenho para assegurar a atribuição da responsabilidade, além do apoio à 
tomada de decisões pela Organização e pelas partes interessadas. Isto aumentará 
também a capacidade de realizar avaliações independentes e objetivas da incidência 
das atividades da OMPI sobre o desenvolvimento. 
 
 
Outras questões (Categoria F) 
 
 
 Há apenas uma recomendação nesta categoria, a Recomendação 45, mas essa vai 
diretamente ao cerne da Agenda para o Desenvolvimento: a proteção e a aplicação dos 
direitos de PI deveriam beneficiar tanto quem produz como quem utiliza conhecimentos, 
num vasto contexto social. Essa ideia está na base de muitas recomendações de outras 
categorias, tais como as que salientam a necessidade de considerar tanto os custos como 
as vantagens da proteção da propriedade intelectual, as ligações entre a propriedade 
intelectual e a política de concorrência, a importância de reconhecer diferentes níveis de 
desenvolvimento econômico, social e cultural, etc. É por isso que a linguagem e os 
princípios estão passando de "aplicação" de direitos de PI, para "respeito" aos direitos de 
PI. 
 
 Nenhum dos projetos de implementação, por enquanto, faz especificamente referência à 
Recomendação 45. Mas isso é porque essa recomendação, mais do que qualquer outra, é 
fundamental para a garantia de que o espírito da Agência para o Desenvolvimento – 
equilibrar a proteção da propriedade intelectual e interesses mais gerais da sociedade – 
inspire atitudes e atividades gerais dentro e fora da OMPI. É isso, em parte, que significa a 
"integração" do desenvolvimento. 
 
Um exemplo prático foi o impacto dos princípios por trás da Recomendação 45 durante 
uma reunião recente da Comissão Consultiva da OMPI sobre a Aplicação dos Direitos de 
Propriedade Intelectual (CCA). O trabalho dessa Comissão inclui um exame das 
metodologias aplicadas em estudos existentes para medir o impacto da falsificação e da 
pirataria; pesquisa para identificar diferentes tipos de infrações e motivações para infrações 
de direitos de propriedade intelectual (DPI), tendo em conta variáveis sociais, econômicas 
e tecnológicas e diferentes níveis de desenvolvimento; estudos específicos destinados a 
 
DL 101P BR - Módulo 13 – Propriedade Intelectual e Desenvolvimento 
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desenvolver metodologias analíticas para medir o impacto social, econômico e comercial 
da falsificação e da pirataria nas sociedades, tendo em conta a diversidade de realidades 
econômicas e sociais, assim como diferentes fases de desenvolvimento; e uma análise de 
diversos esforços, modelos alternativos e outras opções possíveis, numa perspetiva de 
bem-estar social e econômico, para enfrentar os desafios da falsificação e pirataria. 
 
 
QAA 3: Combine as atividades no quadro abaixo com as categorias correspondentes da 
Agenda para o Desenvolvimento. Depois confira as respostas que se encontram em 
seguida ao quadro. 
 
Nome da categoria da Agendapara o 
DesenvolvimentoAtividades 
Categoria A: Assistência técnica e criação de 
capacidades 
(1) preservação do domínio público 
Categoria B: Estabelecimento de normas, 
flexibilidades, política geral e domínio público 
(2) iniciativas aprovadas pelos Estados 
Membros, que contribuem para a transferência 
de tecnologia para países em desenvolvimento 
Categoria C: Transferência de tecnologia, 
tecnologias de informação e comunicação 
(TIC) e acesso aos conhecimentos 
 
(3) acesso aos conhecimentos e à tecnologia 
para os países em desenvolvimento e os PMDs 
para promover a criatividade e a inovação e 
fortalecer tais atividades existentes no âmbito da 
OMPI 
Categoria D: Apreciação, avaliação e 
estudos de incidência 
 
(4) estudos para determinar o impacto 
econômico, social, e cultural da utilização de 
sistemas de propriedade intelectual nos Estados 
Membros participantes 
Categoria E: Apreciação, avaliação e 
estudos de incidência 
(5) assistência aos Estados Membros para 
desenvolver e melhorar a capacidade 
institucional em matéria de propriedade 
intelectual através de maior desenvolvimento de 
infraestruturas e outras instalações a fim de 
tornar mais eficientes as instituições nacionais 
de propriedade intelectual e promover um 
equilíbrio justo entre a proteção da propriedade 
intelectual e o interesse público 
Categoria F: Outras questões 
 
(6) medidas que garantem uma larga 
participação da sociedade civil em geral nas 
atividades da OMPI 
 
 
 
 
 
 
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Respostas 
 
Categoria A - atividade 5 
Categoria B - atividade 1 
Categoria C- atividades 2 e 3 
Categoria D - atividade 4 
Categoria E- atividade 6 
Categoria F - todas as recomendações 
 
 
O que reserva o futuro para as questões de propriedade intelectual e o 
desenvolvimento? 
 
 
 A Agenda para o Desenvolvimento não é exatamente como a maior parte dos tratados e 
acordos administrados pela OMPI porque se trata mais de política do que, tipicamente, de 
direito internacional, mas terá um impacto contínuo sobre a Organização, os seus Estados 
Membros e todas as pessoas que estão interessadas no sistema global de propriedade 
intelectual. 
 
 Efetivamente, mais pessoas compreendem agora que a propriedade intelectual deve ser 
considerada como parte de um sistema cuidadosamente equilibrado de leis, políticas e 
práticas, que reconhece e fomenta a criatividade e a inovação, em benefício da sociedade 
em geral. Nesse contexto, não se trata, para a Agenda para o Desenvolvimento, de 
promover sistemas de propriedade intelectual mais fortes ou mais fracos; trata-se de 
promover sistemas de propriedade intelectual melhores. Isso exige a grande sensibilidade 
em relação às circunstâncias sociais, culturais e econômicas, que a OMPI e os seus 
Estados Membros têm, cada vez mais, demonstrado. 
 
 Essa tarefa não pertence apenas à OMPI. A implementação dos princípios contidos na 
Agenda para o Desenvolvimento deve ser levada a efeito também em nível regional, 
nacional e local. Todas as pessoas que participam do sistema de propriedade intelectual 
precisam pensar criticamente sobre os resultados que desejam alcançar e sobre a maneira 
como a propriedade intelectual pode, apropriadamente, contribuir para esses objetivos. 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
 
 Um sistema bem equilibrado de concessão e exploração de direitos de propriedade 
intelectual é um fator do crescimento econômico, pois encoraja o investimento, o comércio 
e, se concebido e utilizado apropriadamente, pode também ajudar a criatividade a 
prosperar, educar a população, levar a inovação tecnológica a melhorar a saúde e a 
alimentação e produzir também outras vantagens sociais. Em outras palavras, contribuir 
para o desenvolvimento no sentido mais amplo. 
 
 É a maneira como são concebidas e utilizadas as leis, as políticas e as práticas em 
diferentes países que determina se a PI é eficaz para fins de desenvolvimento. 
Flexibilidades nos tratados e acordos são fundamentais para isso. Tais flexibilidades são 
inerentes ao Acordo TRIPS, e podem dizer respeito a patentes, ao direito de autor, ou a 
outras formas de propriedade intelectual. 
 
 O desenvolvimento está no centro do mandato da OMPI e em 2004 uma iniciativa 
formal, apresentada pela primeira vez pela Argentina e pelo Brasil, levou ao que passou a 
ser chamado de uma nova e específica "Agenda para o Desenvolvimento". Na Assembleia 
Geral de 2007, os Estados Membros da OMPI adotaram 45 recomendações relativas à PI 
e ao desenvolvimento, agrupadas em 6 categorias. Essas recomendações constituem 
formalmente a Agenda da OMPI para o Desenvolvimento. Procuram assegurar que 
considerações de desenvolvimento sejam parte integrante do trabalho de todos os setores 
da Organização, em outras palavras, "integrem" o desenvolvimento. A integração passou a 
significar que todas as atividades da OMPI levam em conta os diferentes impactos 
possíveis da propriedade intelectual sobre o desenvolvimento econômico, social e cultural. 
 
As 6 Categorias de recomendações tratam dos seguintes tópicos gerais: 
 
 Assistência técnica e criação de capacidades (Categoria A). 
 Estabelecimento de normas, flexibilidades, política geral e domínio público 
(Categoria B). 
 Transferência de tecnologia, tecnologias de informação e comunicação (TIC) e 
acesso aos conhecimentos (Categoria C). 
 Apreciação, avaliação e estudos de incidência (Categoria D). 
 Questões institucionais, inclusive mandato e governância (Categoria E). 
 Outras questões (Categoria F). 
 
A Agenda para o Desenvolvimento não é exatamente como a maior parte dos tratados e 
acordos administrados pela OMPI porque se trata mais de política do que, tipicamente, de 
direito internacional, mas terá um impacto contínuo sobre a Organização, seus Estados 
Membros e, realmente, sobre todas as pessoas que estão interessadas no sistema global 
de propriedade intelectual. 
 
 
 
 
 
 
DL 101P BR - Módulo 13 – Propriedade Intelectual e Desenvolvimento 
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RECURSOS WEB 
 
O estudante pode consultar o Anexo da Convenção de Berna: Disposições Especiais a Respeito dos 
Países em Desenvolvimento através de um link que se encontra nos recursos deste módulo: 
http://www.wipo.int/treaties/en/ip/berne/trtdocs_wo001.html 
 
 
A OMPI criou também todo um website, www.visionip.org, dedicado a informações sobre o acesso 
a obras protegidas pelo direito de autor por pessoas com deficiências visuais. 
 
 
Um estudo sobre o direito de autor e o domínio público foi um dos primeiros resultados desta 
iniciativa. Ver http://www.wipo.int/meetings/en/doc_details.jsp?doc_id=147012 
 
 
Mais informações sobre o trabalho da OMPI relacionado com os ODMs encontram-se em: 
http://www.wipo.int/ip-development/en/agenda/millennium_goals/. 
 
 
Categoria C: "Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia: Desafios Comuns – Busca de 
Soluções". O estudante pode, se desejar, obter mais informações sobre o projeto em 
http://www.wipo.int/meetings/en/doc_details.jsp?doc_id=156582 
 
 
 
 
 
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Outras Referências 
 
As 45 Recomendações Adoptadas no âmbito da Agenda da OMPI para o Desenvolvimento, 
Organização Mundial da Propriedade Intelectual, http://www.wipo.int/ip-
development/en/agenda/recommendations.html 
 
Se o estudante tiver um Smartphone, segue entrevista em que Glyn Martin discute a Agenda para 
o Desenvolvimento e a sua função no projeto.

Outros materiais