Buscar

PARQUE DOM PEDRO 2 - PLANO E PROJETOS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 106 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 106 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 106 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano
São Paulo Urbanismo
FAUUSP – FUPAM
Laboratório de Urbanismo da Metrópole – LUME
UNA Arquitetos
H+F arquitetos + Metrópole arquitetos
Parque D. Pedro II: plano e projetos / Secretaria Municipal de 
Desenvolvimento Urbano, São Paulo Urbanismo; FAUUSP-FUPAM; 
Laboratório de Urbanismo (LUME); UNA Arquitetos; H + F + Metrópole 
Arquitetos. – São Paulo : Imprensa Ofi cial do Estado, 2012.
104 p. : 146 il. 
ISBN: 
1. Renovação Urbana (Projeto) – São Paulo, SP. 2. Áreas Centrais (Análise) 
- São Paulo, SP. I. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, 
São Paulo Urbanismo II. FAUUSP-FUPAM III. Laboratório de Urbanismo 
(LUME) IV. UNA Arquitetos V. Hereñu + Ferroni + Metrópole Arquitetos 
VI.Título 
CDD 711.552
Serviço de Biblioteca e Informação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP
Todos os esforços foram feitos para determinar a origem das imagens 
deste livro, o que nem sempre foi possível. Teremos prazer em creditar 
as fontes eventualmente não identificadas, caso se manifestem.
EDIÇÃO DE CONTEÚDO Fernanda Barbara, Marta Dora Gronstein, 
 Pablo Hereñú, Regina M.P. Meyer
PROJETO GRÁFICO Cássia Buitoni, Mariane Klettenhofer (assistente)
REVISÃO Bruno Tenan
03PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
04 APRESENTAÇÃO
06 INTRODUÇÃO
12 PRECEDENTES E REFERÊNCIAS
12 ASPECTOS HISTÓRICOS DA ESTRUTURAÇÃO URBANA DO PARQUE DOM PEDRO II
16 O PARQUE DOM PEDRO II E A ESCALA METROPOLITANA
17 RELAÇÕES ESPACIAIS DO PARQUE NA ESCALA INTERMEDIÁRIA: SETORES E BAIRROS
25 PERÍMETRO PROPOSTO PARA O PLANO DE REFERÊNCIA
26 ANÁLISE URBANA
26 SISTEMA VIÁRIO
26 POLO DE TRANSPORTE PÚBLICO
28 CONDICIONANTES FÍSICO-ESPACIAIS
30 A EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE ÁREAS VERDES E LIVRES
33 DRENAGEM
34 OS EQUIPAMENTOS PÚBLICOS
36 EDIFICAÇÕES TOMBADAS
37 CARACTERIZAÇÃO DE USOS ATUAIS DO PARQUE DOM PEDRO II
38 PLANO URBANÍSTICO PARQUE DOM PEDRO II
38 QUESTÕES BALIZADORAS DA PROPOSIÇÃO
40 IMPLANTAÇÃO GERAL
44 SISTEMA VIÁRIO 
47 ESTAÇÃO INTERMODAL E TRANSPORTE PÚBLICO 
52 PEDESTRES
54 LAGOA DE DRENAGEM, TRATAMENTO E REUSO
58 ÁREAS ADJACENTES COM POTENCIALIDADES
60 PROPOSTAS PARA SETORES ESPECÍFICOS
60 ARCO NORTE
80 ARCO OESTE
100 IMPLEMENTAÇÃO
100 FASES PROPOSTAS
102 BIBLIOGRAFIA 
103 FICHA TÉCNICA
04 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
APRESENTAÇÃO
O desenvolvimento do Plano Urbanístico do Parque Dom Pedro II é um 
dos exemplos pioneiros de como a Secretaria Municipal de Desenvol-
vimento Urbano – SMDU e a São Paulo Urbanismo têm recentemente 
abordado a elaboração de Planos e Projetos Urbanos. Na realização do 
Plano, a Prefeitura buscou o apoio de outras competências nessa área 
de atuação para que, a partir de diretrizes previamente estabelecidas, os 
trabalhos fossem desenvolvidos conjuntamente, de forma colaborativa 
entre o corpo técnico da municipalidade e os especialistas externos. Des-
ta forma, se utilizam a experiência da administração pública acumulada 
durante décadas sobre os temas e também os conhecimentos específi cos 
de seus técnicos. Por outro lado, abre-se a possibilidade de contar com 
uma colaboração externa da mais alta qualidade. No caso presente 
somou-se a colaboração da FUPAM – Fundação para a Pesquisa em 
Arquitetura e Ambiente ligada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo 
da USP que ancorou a participação de profi ssionais do Laboratório de 
Urbanismo da Metrópole – LUME e dos urbanistas do UNA Arquitetos, 
bem como dos escritórios H + F Arquitetos e Metrópole Arquitetos.
Foi um trabalho extenso, iniciado em 2009 e fi nalizado em 2011 
que envolveu, além da SMDU, São Paulo Urbanismo, FUPAM e cola-
boradores, outras secretarias da Prefeitura como a Secretaria Municipal 
de Transportes, Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras, 
Secretaria Municipal de Cultura, Secretaria Municipal do Verde e Meio 
Ambiente e Secretaria Municipal de Planejamento.
O Plano Urbanístico apresentado buscou uma solução abrangente 
que reunisse e ordenasse as intervenções estruturais para a região – prin-
cipalmente as relacionadas ao sistema de transporte coletivo e ao sistema 
viário. Desde que as feições da área do início do século XX foram alte-
radas e desfi guradas a partir de meados do século passado pela implan-
tação de sucessivos projetos viários, colocou-se o desafi o de encontrar o 
novo signifi cado e a função contemporânea para essa área.
Uma das premissas do Plano foi a de que não se deveria tratar a 
questão apenas do ponto de vista paisagístico, ou de recompor o belo 
parque bucólico implantado no início dos anos 1920. O Parque Dom 
Pedro II havia passado por uma transformação fundamental, assumindo 
o papel de um dos principais nós articuladores de transporte de alcance 
metropolitano, uma verdadeira centralidade que se confi gurou simulta-
neamente como ponto de articulação e porta de entrada do centro da 
cidade, principalmente para quem vem da zona leste.
Foi da compreensão dessa nova realidade que se estabeleceu as di-
retrizes para o desenvolvimento do plano urbanístico. Como nó articu-
lador de fundamental importância, o novo Parque Dom Pedro deveria 
eliminar o isolamento que lhe fora imposto e harmonizar infraestrutura 
urbana e qualidade urbanística, rompendo a dicotomia entre forma e 
função, embelezamento e utilitarismo, sistema viário e circulação de 
pedestres. No Plano Urbanístico esse nó de articulação de sistemas de 
transporte aproxima e integra os diversos modais por meio de um ter-
minal intermodal, que reúne as funções do atual terminal de ônibus e 
do terminal do Expresso Tiradentes junto da Estação Pedro II do Metrô. 
Também, no Plano, a função e o valor paisagístico desta porção da vár-
zea do rio Tamanduateí puderam ser parcialmente contemplados com a 
destinação de área para uma lagoa de retenção e de tratamento de águas 
pluviais de modo a melhorar as condições de drenagem do entorno, 
lidando de forma inovadora com a questão das águas. Embora muitas 
das ações propostas tenham caráter estrutural e execução complexa, 
houve a preocupação de estabelecer fases de implantação para que, no 
curto prazo, os resultados já fossem alcançados e induzissem a continui-
dade da implantação do Plano. 
Além disso, as oportunidades geradas por uma série de iniciativas 
da Prefeitura Municipal deveriam ser consideradas e potencializadas: o 
processo de repovoamento da região central a partir da implementação 
05PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
de programas habitacionais pela Secretaria Municipal de 
Habitação e a decisão de tornar espaços de uso público as 
áreas na porção norte do Parque, anteriormente ocupadas 
pelos edifícios São Vito e Mercúrio, para que pudessem 
atrair uma ampla gama de usuários em todos os períodos 
do dia e durante os fi nais de semana.
Com base nessas premissas, a SMDU e a São Paulo Ur-
banismo orientaram o desenvolvimento do plano almejan-
do tornar o Parque Dom Pedro II um espaço de permanên-
cia e não apenas de passagem como é hoje. Para alcançar 
esse objetivo, estabeleceram-se duas áreas estratégicas a 
partir das quais se iniciaria o processo de renovação: uma 
ao norte, com as diretrizes de integrar e dinamizar o circui-
to já delineado pela presença do Mercado Municipal, do 
Espaço Catavento e do futuro Museu da História de São 
Paulo na Casa das Retortas; outra a oeste com a orientação 
de estender a vitalidade da Rua 25 de Março para além da 
Avenida Rangel Pestana e de recuperar os espaços da Praça 
Fernando Costa. Uma outra orientação fundamental como 
ação pública foi a de que o Parque deveria se abrir para o 
seu entorno, exercendo a função de âncora na requalifi ca-
ção urbanística da região no sentido de torná-la novamente 
atraente para moradia, trabalho e lazer.
A implantação do Plano Urbanístico do Parque Dom 
Pedro II que seencontra em andamento tem o potencial 
de devolver este espaço público emblemático à Cidade e 
ser um forte indutor, além de suas fronteiras físicas, para a 
requalifi cação urbanística de toda a área central da cidade 
somando-se às demais iniciativas em curso que também 
buscam este objetivo. 
Foto: Nelson Kon
PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
O Plano Urbanístico do Parque Dom Pedro II foi elaborado a partir de 
uma análise urbana que buscou abranger as suas características geo-
gráfi cas, a evolução urbana, os seus atributos físicos e funcionais, o 
processo de urbanização da cidade e, em particular, as inúmeras obras 
viárias incorporadas ao longo de sua evolução histórica. A pesquisa 
já feita para a elaboração do livro A Leste do Centro – Territórios do 
Urbanismo1 é o ponto de partida deste plano.
No estudo que deu origem ao livro, constatou-se a enorme com-
plexidade do Parque Dom Pedro II e do contexto urbano no qual 
ele está inserido. Ficou bastante evidente que o parque e seu entorno 
foram fortemente impactados pelo processo de urbanização da cidade 
e, a partir dos anos 1950, pela consolidação da Região Metropolitana 
de São Paulo.
Do ponto de vista metodológico, o plano trabalhou com alguns 
condicionantes: a demolição do viaduto Diário Popular, a demolição 
dos edifícios São Vito e Mercúrio, bem como o rebaixamento da Ave-
nida do Estado, propostos pelo poder público municipal de São Paulo. 
A realização desta obra deverá criar nova possibilidade de uso para os 
espaços do parque hoje seccionados pela avenida. A proposta da PMSP 
é uma obra de abrangência metropolitana, relativa ao Complexo Viário 
formado pela Avenida do Estado entre a Avenida Mercúrio e a Avenida 
Cruzeiro do Sul (túnel), e foi apresentada pela Secretaria Municipal de 
Infraestrutura Urbana e Obras (SIURB) nas reuniões preliminares.
Desde o início dos trabalhos, fi cou claro que o rebaixamento 
da avenida, visando todo o sistema viário do Parque Dom Pedro II 
e algumas de suas áreas adjacentes, impactaria de forma direta no 
encaminhamento da análise e das proposições que dela emergiriam. 
Assumiu-se que qualquer modifi cação no seu traçado ou no seu anda-
mento implicaria revisões no próprio plano.
A partir da análise urbana, incorporando a proposta para a 
Avenida do Estado, foi estabelecido um novo perímetro de atuação. 
Expandiu-se a área de análise e de proposição, antes circunscrita ao 
perímetro do parque, propriamente dito, para áreas adjacentes.
O desenho do novo perímetro, que resultou na elaboração de 
uma nova fi gura física do parque, nasceu da verifi cação das funções 
que estão diretamente associadas ao parque e a seu sistema viário 
1 MEYER, Regina M. P. ; GROSTEIN, Marta Dora. A Leste do Centro – Territórios 
do Urbanismo. São Paulo, Imprensa Ofi cial do Estado de São Paulo, 2010 .
IN
TR
OD
U
ÇÃ
O
principal, ao alto grau de desarticulação espacial e funcional provoca-
do por obras realizadas de maneira contingente ao longo de muitas dé-
cadas. Mas, sobretudo, pelo volume assumido pelas formas aleatórias 
de acomodar os fl uxos de veículos e os equipamentos associados ao 
transporte público. No seu conjunto, estas obras acabaram por retirar 
do Parque Dom Pedro II todos os seus atributos urbanos, paisagísticos 
e de espaço público qualifi cado que um dia ali existiram.
Dessa forma, o Plano Urbanístico partiu da compreensão dos as-
pectos infraestruturais, programáticos e sociais do Parque Dom Pedro 
II consolidados no tempo, procurando reordená-los a fi m de garantir, 
com a qualidade devida, suas funções de conexões metropolitanas, 
bem como seu caráter urbano e simbólico.
O projeto desenvolvido teve um olhar atento a população que 
mora, usa e trabalha na região, especialmente os mais carentes, os 
moradores de rua, que têm no Parque Dom Pedro II uma estrutura 
assistencial, o Espaço de Convivência Jardim da Vida – Dom Luciano 
Mendes de Almeida. Esse programa, ampliado, foi acolhido no pro-
jeto, com a proposta de um novo edifício que abriga as funções de 
apoio a essa população, além de se confi gurar como um espaço de 
estar e referência (ver proposta para Setores Específi cos – Arco Oeste). 
Chamamos a atenção para o trabalho social que deve ser realizado ao 
longo do desenvolvimento do projeto executivo, bem como nas diver-
sas fases de implantação do plano, para garantir um impacto positivo 
na vida de todos os usuários do parque e seu entorno.
Ao propor um novo perímetro, indo além dos limites internos 
do parque, buscou-se trabalhar com o objetivo de irradiar a requa-
lifi cação urbana para os bairros do seu entorno. Para a análise de 
suas condições e qualidades atuais, foi feita uma subdivisão das áreas 
envoltórias do parque em nove setores, que denominamos: Mercado 
Municipal, Colina Histórica, Glicério, Igreja Pentecostal, Pátio do 
Pari, Zona Cerealista, Gasômetro, Brás e Cambuci. Essa análise nos 
permitiu direcionar e aferir as premissas do projeto, para que o mesmo 
abarcasse todo o potencial de transformação desejável, especialmente 
do seu entorno imediato, a fi m de incentivar e amparar as particu-
laridades e vocações consolidadas dessas áreas, bem como estimular 
novos usos e especialmente o adensamento habitacional.
O objetivo era, sobretudo, assimilar questões presentes nessas 
áreas associadas à nova organização do parque. É o caso da habitação 
07PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
“Inundação da Várzea do Carmo”. Benedito Calixto, 1892
de interesse social, defi nida como ZEIS 3 no Plano Diretor de 2002, 
que está presente em grande número no seu entorno imediato. Tal 
constatação possibilitou estabelecer uma primeira diretriz de trabalho, 
a qual tem origem, justamente, na avaliação do impacto que o cresci-
mento urbano e metropolitano de São Paulo, associado à sua estrutura 
radioconcêntrica, produziu nas principais praças do Centro e de forma 
muito intensa no Parque Dom Pedro II.
A busca por uma caracterização do parque Dom Pedro II a partir 
dos seus atributos físicos e funcionais atuais indicou os elementos um 
alto nível de desestruturação urbana provocado por políticas setoriais, 
com destaque para o transporte e para obras viárias, relacionados ao 
fato do Parque Dom Pedro II ser a porta de chegada / saída da Zona 
Leste no Centro. A imensa expansão da cidade rumo à zona leste do 
município, já inúmeras vezes tratadas em textos seminais, está inscrita 
no Parque Dom Pedro II de forma clara e em diversos níveis. A in-
corporação permanente de novas obras associadas ao transporte de 
massa e a obras viárias foi gradualmente estabelecendo um panorama 
urbano que é, funcionalmente e fi sicamente, caótico. A ausência de 
iniciativas concretas para organizar os fl uxos que ali chegam, tanto os 
de passagem quanto os acessos aos transportes criou um longo ciclo 
de obras sem qualquer compromisso que não fosse o escoamento do 
tráfego, descomprometidas de qualquer outra consideração urbana.
Um objetivo amplo se estabeleceu a partir desta caracterização. 
As proposições encaminhadas passaram a ser ancoradas na possibilida-
de de introduzir novas relações urbanas, espaciais, físicas e programá-
ticas, através da conjugação de aspectos estratégicos voltados para o 
funcionamento e para a reorganização física do Parque Dom Pedro II.
Diante do reconhecimento do caráter irrevogável de polo urbano 
de transporte público de massa que o parque possui hoje, o Plano 
Urbanístico assumiu a necessidade de buscar propostas voltadas para 
a racionalização dos modos de transporte mais importantes ali exis-
tentes: o metrô e os ônibus, incluindo o Expresso Tiradentes.
08 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
A articulação dos terminais junto à estação do metrô Pedro II 
criou um programa funcional novo: a estação intermodal. A estação é 
uma resposta à função primordial do Parque Dom PedroII hoje.
A localização da estação intermodal no setor leste do parque é 
estratégica também do ponto de vista da reorganização espacial de 
toda a área. Estabelece um novo parâmetro para a articulação dos 
demais equipamentos, para as novas relações com outros espaços da 
área central, cria um percurso confortável para os usuários que fazem 
conexões entre diversos modos, cria novos caminhos e, alivia a área da 
presença disseminada de pontos de ônibus.
Foi alvo dessa proposta o sistema físico que apoia o transporte 
público, incluindo o sistema viário, o Expresso Tiradentes, o Termi-
nal Parque Dom Pedro II, a Estação Pedro II da Linha 3 do Metrô. 
O Terminal localizado na denominada Avenida do Exterior, junto à 
Avenida do Estado, é considerado o mais movimentado da cidade 
com uma taxa de usuários diários da ordem de 200 mil pessoas. Des-
de a inauguração do Expresso Tiradentes (2007), o Terminal Dom 
Pedro II ganhou novas funções. Sua relação direta com o Terminal 
Mercado, ponto inicial do Expresso Tiradentes, lhe confere hoje um 
grau de complexidade ainda maior. A inefi ciência localizacional desse 
terminal, criado em 1966 e ampliado de forma provisória com demo-
lição prevista para dez anos após o termino das obras em 1994, é um 
dos problemas mais candentes da atual conjuntura urbana do Parque 
Dom Pedro II.
O reconhecimento da importância do “nó” de transporte inter-
modal como um elemento urbano essencial na qualifi cação das funções 
e dos espaços urbanos da área ganhou força. A estação intermodal 
deverá assumir o papel catalisador das transformações almejadas para 
todo o parque e para os equipamentos ali situados. A multifuncio-
nalidade será o princípio básico do futuro projeto. A concentração 
de infraestrutura de transporte com funções urbanas é uma prática 
contemporânea bem-sucedida na medida em que oferece aos usuários 
suporte para seus deslocamentos diários, dentro de um ambiente ade-
quado de conforto e segurança.
Para o resultado que se procura alcançar, outro aspecto tornou-
-se fundamental: a análise dos elementos primordiais do sítio natural, 
da história urbana, dos monumentos históricos que compõem o Par-
que Dom Pedro II. Buscou-se evitar uma substituição automática de 
elementos novos em detrimento dos antigos. Como a análise urbana 
já havia apontado de forma bem clara, diante os aspectos urbanos 
contemporâneos da área, qualquer veleidade de buscar em antigas 
soluções respostas para o futuro do parque pareceriam inadequadas. 
Pois, apesar de ser um lugar de forte presença no imaginário dos habi-
tantes da cidade, o Parque Dom Pedro II já não guarda desde o anos 
1950 nenhuma marca dos históricos projetos do fi nal do século XIX e 
do início do XX.
Nesse sentido, evitamos privilegiar uma visão ditada pela dispo-
sição de recuar no tempo e buscar o seu caráter bucólico, o grande 
jardim urbano adotado no projeto de Joseph Antoine Bouvard inaugu-
rado em 1922.
Porém, se por um lado buscar os atributos geográfi cos do parque 
indicou caminhos para o plano, por outro sua atual organização / de-
sorganização espacial e funcional foi indispensável para as propostas 
que se seguiram.
Ocupando os espaços historicamente alagáveis da várzea do rio 
Tamanduateí, o Parque Dom Pedro II e seu entorno estão sujeitos a 
inundações frequentes, apresentando diversos pontos de alagamen-
to. As soluções de drenagem previstas no Plano Urbanístico visam 
integrar essa infraestrutura com as demais intervenções propostas, 
potencializando o caráter urbano e paisagístico das obras hidráulicas. 
Propõe-se a construção de um sistema de lagoas de retenção (reser-
vatórios de superfície) associadas à reconfi guração paisagística dos 
espaços do parque. O sistema de retenção deverá interceptar a rede de 
drenagem local do entorno, possibilitando o controle da vazão através 
de um volume variável de amortecimento que possibilite a restituição 
dos escoamentos de forma atenuada e retardada ao canal do Taman-
duateí. Esse sistema, associado à reconfi guração dos demais sistemas 
de infraestrutura que incidam sobre o parque, deverá contribuir de 
forma decisiva para a sua nova confi guração paisagística.
A lagoa de drenagem tem neste plano um papel reparador e pro-
cura abrir caminho para uma nova postura na elaboração de projetos 
urbanos em São Paulo. Através da lagoa o plano interpreta o parque 
em chave urbanística contemporânea onde as questões de meio am-
biente oferecem uma oportunidade de reverter danos causados por 
projetos pouco atentos às relações entre o processo de urbanização 
e natureza. Por meio da criação de uma infraestrutura coerente que é 
09PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
a lagoa de retenção, o plano retoma, guardando os traços contempo-
râneos do parque, a função da várzea, criando um lugar de fruição e 
lazer único no Centro da cidade de São Paulo.
Neste mesmo sentido, isto é, propor ações urbanas reparadoras, 
nasceu a proposta de eliminação de dois viadutos que cruzam o parque 
em diversos níveis, de forma muito predatória. Situados em diferentes 
cotas os viadutos criam hoje espaços residuais no nível do parque. A 
eliminação dos dois viadutos visa recuperar áreas vitais no parque, ga-
rantindo a circulação de pedestres de forma contínua. Hoje, o Parque 
Dom Pedro II possui uma organização paradoxal do ponto de vista 
da circulação de pedestres. Por um lado, congrega uma enorme massa 
de pedestres, usuários dos transportes públicos, e, por outro, não lhes 
oferece nenhuma possibilidade de caminhamento contínuo e seguro. 
A qualifi cação dos espaços públicos busca conferir características às 
áreas livres resultantes do plano: áreas arborizadas, espaços de conta-
to com a água, passeios e travessias e uma esplanada de 50 metros de 
largura e 730 de extensão, lindeira ao lago, que liga o antigo quartel à 
praça Ragueb Chohfi .
Tal questão nos leva de volta aos anos 1950 e 1960 quando a 
concepção rodoviarista ganhou força no urbanismo paulistano e as 
vias expressas invadiram a cidade de São Paulo. A incorporação dos 
elementos urbanos exigidos pelo processo de metropolização incidiu 
de forma violenta na estrutura física e funcional do Parque Dom Pe-
dro II, assim como em outros espaços públicos centrais, produzindo 
marcas profundas. Como já foi dito, à semelhança de um bumerangue 
lançado de dentro para fora, isto é, do parque rumo aos bairros a leste 
Várzea do Carmo, 1918. Fonte: Ângela Garcia, José Martins, Rubens Junior I Aurélio Becherini (2009)
10 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
do Centro, a estruturação viária rebateu-se de volta produzindo um 
efeito destrutivo dos espaços centrais.
A proposta procurou recuperar o patrimônio paisagístico e ar-
quitetônico, associando-o ao incremento das atividades comerciais e 
ao forte adensamento habitacional pretendido. Outra premissa de-
terminante do projeto desenvolvido foi a necessidade de articulação 
dos espaços públicos existentes com os espaços públicos propostos no 
plano, através de novas conexões de pedestres.
O conjunto pretende conciliar a vitalidade diurna existente na 
área com novos programas relacionados à habitação de modo a pro-
duzir um espaço urbano permanentemente ativo que possa se benefi -
ciar das condições privilegiadas que a região oferece.
É importante ressaltar que todo o plano, nos seus vários aspectos, 
considerou a presença de edifícios tombados pelos órgãos de preserva-
ção do patrimônio histórico que hoje são essenciais na caracterização 
do Parque Dom Pedro II. O primeiro, o Mercado Municipal, situado 
na porção norte do parque, tem sua importância acrescida pelo seu in-
tenso uso comercial e gastronômico. O Palácio das Indústrias, que hoje 
abriga o Instituto Catavento, funciona como um museu de ciências. E 
a Casa das Retortas está sendo reformada para receber o Museu do 
Estado de São Paulo. É importantecitar ainda o Gasômetro, o Quar-
tel, além de um conjunto de edifícios distribuídos na porção oeste do 
parque e uma série de antigas residências operárias na região do Brás. 
Os levantamentos revelam um conjunto bastante expressivo de imóveis 
tombados em direção a colina histórica e, o que é importante ainda 
registrar, uma forte concentração de ZEPECs ao longo da ferrovia.
O investimento em infraestrutura urbana e na qualifi cação do 
espaço público do Parque Dom Pedro II tem sua pertinência ancorada 
na grande concentração, em seu entorno, de Zonas Especiais de Inte-
resse Social (ZEIS), estoques de terra delimitados por lei cuja priori-
dade é atender a demanda por habitação social e também do mercado 
popular, garantia de que essa transformação benefi cie prioritariamente 
a população que hoje habita esse lugar. O fortalecimento do uso ha-
bitacional deve inclusive corrigir o contraste desses bairros que têm 
frequência intensa durante o dia, mas se esvaziam completamente 
durante a noite. O incremento habitacional nessas zonas comerciais 
Várzea do Carmo, 1918. Fonte: Ângela Garcia, José Martins, Rubens Junior I Aurélio Becherini (2009)
11PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
(como o Brás) é um passo importante na consolidação do uso misto, 
numa proporção em que comércio e habitação se benefi ciem mutua-
mente e consolidem uma qualidade urbana.
É muito importante destacar que este Plano Urbanístico traba-
lhou com duas diretrizes pré-estabelecidas pela PMSP. Foram fi xadas 
inicialmente duas áreas, denominadas no Plano Arco Norte e Arco 
Oeste, que deveriam ser analisadas e projetadas de forma específi ca. 
Embora o plano contemple todo o perímetro estabelecido no início 
da análise urbana, estas duas áreas deveriam receber projetos mais 
detalhados. Dentro de uma perspectiva de implantação por fases, os 
dois setores previamente fi xados serão os precursores do plano e das 
obras a ele relacionadas. 
O Arco Norte do parque é caracterizado pela presença de im-
portantes edifícios históricos, como o Mercado Municipal (1933), o 
Palácio das Indústrias (1920) e a Casa das Retortas (1898). Apesar 
da presença desse conjunto, é uma região de extrema desarticulação 
urbana. Partindo das intervenções viárias e de transporte público já de-
fi nidas pelo Plano, buscou-se uma reintegração desse setor ao parque e 
à própria cidade. Na margem oeste do Tamanduateí, foi proposta uma 
praça, ao lado do Mercado Municipal, diretamente ligada a um novo 
edifício de serviços. Próximo ao Palácio das Indústrias foram propostos 
dois novos edifícios, SESC (Serviço Social do Comércio) e SENAC (Ser-
viço Nacional de Aprendizagem Comercial), instituições que oferecem 
cursos profi ssionalizantes, atividades de lazer, esportes e cultura.
Esses novos equipamentos buscam sua expressão nas relações 
que estabelecem com a cidade e com os edifícios existentes, procu-
rando irradiar um novo sentido de urbanidade para essa tão cindida 
região da cidade.
O estudo desenvolvido para o Arco Oeste do parque compreen-
de um conjunto de nove quadras localizadas ao longo da Rua 25 de 
Março, entre a Ladeira General Carneiro e a Avenida Rangel Pestana. 
A partir da constatação da subutilização de uma área extremamente 
importante da cidade, e considerando o impacto das ações previstas 
no plano, desenvolveu-se uma estratégia de transformação urbana 
estruturada em ações públicas de aplicação imediata e ações comple-
mentares de curto e médio prazos associadas a iniciativas privadas.
Várzea do Carmo, 1916. Fonte: Ângela Garcia, José Martins, Rubens Junior I Aurélio Becherini (2009)
12 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
PR
EC
ED
EN
TE
S 
E 
RE
FE
RÊ
N
CI
A
S ASPECTOS HISTÓRICOS DA ESTRUTURAÇÃO URBANA DO PARQUE DOM PEDRO II
Urbanização da Várzea do Carmo, 1923. Fonte: Arquivo Condephaat
13PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
 Plano Couchet, 1929
14 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
ASPECTOS HISTÓRICOS
BASE CARTOGRÁFICA
Sara Brasil, 1930Jules Martin, 1890
15PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
Foto aérea, 1958 Foto aérea, 2008
0 100 500
16 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
O PARQUE DOM PEDRO II E A ESCALA METROPOLITANA
VIAS EXPRESSAS TRANSPORTE SOBRE TRILHOSCORREDORES DE ÔNIBUS
17PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
A demarcação dos setores teve como obje-
tivo identifi car as principais características 
do entorno imediato.
SETORES E BAIRROS
01. Mercado Municipal
02. Colina Histórica
03. Glicério
04. Igreja Pentecostal
05. Pátio do Pari
06. Zona Cerealista
07. Gasômetro
08. Brás
09. Cambuci
05
01
02
03
04
06
07
08
09
SANTA CECILIA BOM RETIRO PARI BELÉM
REPÚBLICA
SÉ
BRÁS
MOOCA
CAMBUCI
IPIRANGA
LIBERDADEBELA VISTA
RELAÇÕES ESPACIAIS DO PARQUE NA ESCALA INTERMEDIÁRIA: SETORES E BAIRROS
0 100 500
18 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
SETOR 1: MERCADO MUNICIPAL
Região turística, comercial e institucional da cidade de 
São Paulo, o setor do Mercado Municipal pode ser di-
vidido em dois subsetores: Mercado Municipal e Ruas 
Especializadas (centralizadas na Rua 25 de Março).
 O Mercado Municipal (1933) é tombado como bem 
cultural de interesse histórico-arquitetônico. Abriga con-
junto de boxes para venda de especiarias, carnes, frutos 
do mar, grãos e cereais. No mezanino superior, reforma 
de 2004, encontram-se restaurantes e lanchonetes tradi-
cionais, que fazem do Mercado polo turístico-gastronô-
mico de São Paulo. Aberto e bastante visitado durantes 
todos os dias da semana, as proximidades do Mercado 
são tomadas por estacionamentos (regulares ou não) e 
pelo confl ito entre pedestres e veículos.
 As ruas especializadas têm importância nacional 
no comércio: tecidos, enfeites, utensílios domésticos, 
brinquedos (Ruas 25 de Março e Barão de Duprat), 
bijuterias, fantasias (Ladeira Porto Geral), Eletrônicos 
(Cdor. Afonso Kherlakiam), ferramentas e peças (Rua 
Florêncio de Abreu). Nessas ruas é predominante o 
fl uxo caótico de multidões de compradores, camelôs 
e veículos. Durante o dia essas ruas recebem cerca de 
um milhão de pessoas, que chegam de toda a metrópole 
pelo Terminal Parque Dom Pedro II, de ônibus, e pela 
Estação São Bento, de metrô, e de todo o país, nos ôni-
bus fretados que estacionam no Pátio do Pari, além dos 
veículos particulares.
Durante a noite, o local se esvazia devido à ausência 
de moradores.
 
SETOR 2: COLINA HISTÓRICA
Lugar da fundação de São Paulo, reúne conjunto signi-
fi cativo de edifi cações tombadas por órgãos públicos. O 
triângulo formado pela Catedral da Sé, pelo Convento 
do Carmo e pelo Pátio do Colégio foi classifi cado como 
perímetro de proteção arqueológica pelo Departamento 
de Patrimônio Histórico (DPH), em 2007.
Na Praça da Sé está a maior estação de metrô da ci-
dade, na qual se interligam as linhas Azul 1 e Vermelha 3.
Ao lado da Catedral da Sé estão fóruns municipais, 
o Tribunal da Justiça do Estado de São Paulo e a Ordem 
dos Advogados do Brasil (OAB).
No setor da Colina Histórica também estão situados 
a Secretária da Fazenda e o Poupa Tempo Sé, inaugura-
do em 1997, o maior do estado, responsável por mais de 
10 mil atendimentos por dia. 
SETOR 3: GLICÉRIO
Parte do distrito da Liberdade, o Glicério é considera-
do uma das regiões mais degradadas da área central de 
São Paulo. Localizado na antiga Várzea do Carmo, seus 
casarios sempre sofreram com os alagamentos e inun-
dações. Atualmente, grande parte dessas edifi cações são 
cortiços que abrigam a população de baixa renda, com 
especial concentração de cortiços verticais ao longo da 
Rua dos Estudantes.
Na Rua do Glicério estão a Creche Nossa Senho-
ra da Paz e a Associação Minha Casa Minha Vida, de 
apoio e orientação aos moradores de rua e catadores de 
lixo que se organizamem cooperativas de reciclagem 
sob os viadutos que cruzam o Rio Tamanduateí.
A Rua Conde Sarzedas, em função da proximidade 
com a Igreja Pentecostal, reúne várias lojas de produtos 
evangélicos e vem se afi rmando como rua especializada 
nesse tipo de comércio. 
A implantação da Radial Leste causou uma fratura 
na região, promovendo a decadência permanente do 
lugar. Ao cortar praças e quadras, criou uma segunda ca-
mada sob a via ocupada por moradores de rua e usuá rios 
de drogas. Proximidade com a Praça da Sé torna o setor 
conectado com todo sistema de transportes públicos.
19PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
Foto: Nelson Kon
SETOR 4: IGREJA PENTECOSTAL
A Igreja Pentecostal “Deus é Amor” ocupa a área de an-
tigos galpões fabris. É o maior templo do mundo, com 
capacidade para 60 mil pessoas. 
De difícil acesso, é cercada por áreas residuais gera-
das pelos três viadutos sobre o rio, alças e vias expressas.
Em suas proximidades estão uma estação de 
transmissão de energia, o Posto Estadual de Saúde e 
a Previdência Social Várzea do Carmo, um conjunto 
habitacional do arquiteto Atílio Correa Lima e uma 
escola municipal.
SETOR 5: PÁTIO DO PARI
O Pátio do Pari é uma área de grande interesse estratégi-
co de desenvolvimento e articulação nas áreas centrais.
O vazio do antigo pátio de manobras é hoje ocu-
pado ao norte por tendas de comércio atacadista e 
estacionamentos de ônibus fretados que vêm de várias 
regiões do Brasil, com destino à Rua Oriente e Largo da 
Concórdia, no Brás, Rua José Paulino, no Bom Retiro, 
e Rua 25 de Março.
Ao sul, os antigos galpões ferroviários da RSJ são 
ocupados com frutas, verduras e legumes que são ven-
didos nas imediações, nos armazéns da Zona Cerealista.
O Plano Regional Estratégico da Subprefeitura 
Mooca, PRE-MO, classifi ca o Pari como Zona Especial 
de Preservação Cultural (ZEPEC) e como área sujeita à 
incidência do direito de preempção.
Foto: Nelson Kon
SETOR 6: ZONA CEREALISTA
A Zona Cerealista agrupa nas áreas centrais o maior 
conjunto de armazéns e empórios para a venda de grãos, 
cereais e tubérculos.
Caminhões, carregadores, pallets e lixo se acumulam 
por entre ruas estreitas, calçadas deterioradas, frente a 
construções de valor histórico e arquitetônico, como os 
Armazéns Gerais de Santa Teresa, que se encontram em 
área de preservação cultural.
Há mais de vinte anos se estuda a substituição do co-
mércio atacadista pelo de varejo, promoção e incentivo 
do uso habitacional, restauro e reciclagem dos edifícios 
históricos, incremento aos equipamentos culturais e edu-
cacionais, a exemplo do Senai Escola Técnica Roberto 
Simonsen, inaugurado em 1943. 
Na Rua Polignano A. Maré, nos fi nais de semana de 
maio e junho, é realizada à noite uma das festas de rua 
mais tradicionais de São Paulo: a festa italiana popular 
de São Vito Mártir. 
20 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
No setor do Gasômetro estão contidas, por entre casa-
rões antigos e galpões fabris, a rua especializada do Ga-
sômetro e as Zonas Especiais de Preservação Cultural.
Na rua do Gasômetro, local de inúmeros projetos, 
estão lojas de peças, madeireiras, ferragens e material 
de construção. Continuação da Avenida Celso Garcia, 
que passa pelo Largo da Concórdia, recebe movimento 
intenso de ônibus; hoje está em estudo linha de metrô 
sob a rua.
O conjunto das Retortas, parte do complexo do 
antigo Gasômetro, foi tombado pelo Condephaat em 
2006. Hoje, as edifi cações estão sendo restauradas, 
reformadas e receberão a construção do Museu da 
História de São Paulo, obra de mais de 60 milhões do 
Governo do Estado.
Protegido devido a seu valor cultural, pela Subpre-
feitura da Mooca, o conjunto de casas operárias na 
Travessa Queiroga está atualmente deteriorado e aban-
donado, salvo poucas exceções.
Área de baixo valor venal médio devido a alagamentos 
passados, o setor do Brás se encontra todo em Área de 
Intervenção Urbana no PRE da Mooca (Plano Regional 
Estratégico da Subprefeitura da Mooca). Mais da meta-
de dos terrenos se encontra dentro do perímetro da ZEIS 
03 - L010, e muitos dos casarios antigos são habitações 
encortiçadas, parte deles contida em vilas fechadas nos 
miolos de quadra.
Algumas construções ainda permanecem como pe-
quenas fábricas, porém muitas delas recebem outros 
usos, como é o caso dos galpões, em lote de mais de 
26.000 m², entre as ruas Carneiro Leão e Caetano Pin-
to, onde funciona atualmente a Igreja Mundial do Po-
der de Deus, com capacidade para 10 mil pessoas. Em 
frente está a sede da Central Única dos Trabalhadores 
(CUT), maior central sindical brasileira. Tal lote, inseri-
do em áreas de ZEIS, é vizinho aos empreendimentos da 
Cohab (2.204 unidades em 29 torres de vinte andares).
Na Rua Piratininga estão lojas e reparadoras de pe-
ças mecânicas e maquinários que servem as fábricas vi-
zinhas. Tombados como patrimônio histórico, os balões 
de armazenamento de gás situados em frente à estação 
de metrô Pedro II funcionam como sede da Comgás.
Foto: Nelson Kon
Setor em que se encontra a longa e movimentada Rua 
da Mooca, o Cambuci apresenta conjunto de tipologias 
de baixo gabarito, no qual está presente o uso comer-
cial, industrial e habitacional. Próximo ao viaduto da 
Mooca, que cruza o Rio Tamanduateí, está a Casa de 
Saúde Dom Pedro II e, na Rua Dom Bosco, as Escolas 
Profi ssionais Salesianas.
A área de infl uência direta denominada Setor Cam-
buci está desconectada do restante do tecido de sua área 
envoltória em função de uma série de barreiras viárias. 
Ao sul, na Avenida do Estado, sucessivas sobreposições 
de intervenções viárias formam uma barreia de 50 me-
tros de largura, com uma única transposição de pedes-
tres ao longo dos 1.500 metros da borda do setor.
O Rio Tamanduateí, interrupção hidrográfi ca natu-
ral, se soma à própria Avenida do Estado, principal via 
de conexão norte -sul que teve sua duplicação realizada 
através de uma laje elevada sobre o rio. 
Ao norte, a barreira é defi nida pela conexão viária 
Radial Leste, que forma o corredor viário leste-oeste. A 
leste, o fi nal da orla ferroviária defi ne a borda deste setor, 
caracterizada pelas grandes glebas industriais que seguem 
a sul pela Avenida Presidente Wilson. Algumas delas 
ainda estão em funcionamento e outras, em completo 
abandono, como é o caso da antiga cervejaria Antártica. 
Possui proximidade com a Estação da Mooca que 
possui difícil identifi cação e acesso. Concentra cortiços 
horizontais ao longo das ruas Odorico Mendes e Oscar 
Horta e nas proximidades do Parque Dom Pedro II. 
Abriga a festa popular de rua que acontece anualmente 
junto à igreja de São Genaro. 
Foto: Nelson Kon
SETOR 7: GASÔMETRO SETOR 8: BRÁS SETOR 9: CAMBUCI
21PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
Setor 7: Gasômetro Setor 8: Brás Setor 9: Cambuci Foto: Nelson KonFoto: Nelson Kon
Setor 1: Mercado Municipal Setor 2: Colina Histórica Setor 3: Glicério
Setor 4: Igreja Pentecostal Setor 5: Pátio do Pari Setor 6: Zona Cerealista
22 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
1. COMÉRCIO E SERVIÇOS
05
01
02
03
04
06
07
08
09
05
01
02
03
04
06
07
08
09
SETORES: 
01. Mercado Municipal
02. Colina Histórica
03. Glicério
04. Igreja Pentecostal
05. Pátio do Pari
06. Zona Cerealista
07. Gasômetro
08. Brás
09. Cambuci
2. INDUSTRIAL
Fonte: Regina Meyer, Marta Grostein I A Leste do Centro: Territórios do Urbanismo (2010)Fonte: Regina Meyer, Marta Grostein I A Leste do Centro: Territórios do Urbanismo (2010)
USO PREDOMINANTE DO SOLO
0 100 500
23PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
05
01
02
03
04
06
07
08
09
3. HABITAÇÃO
Fonte: Regina Meyer, Marta Grostein I A Leste do Centro: Territórios do Urbanismo (2010)
800,00 - 1.200,00 / m²
< 1.200,00/ m²
Valor do Solo Urbano: Valor venal médio (R$/m²) por quadra fi scal
> 485,00 / m²
485,00 - 800,00 / m²
Fonte: Valor do Solo Urbano 2005, Município em Mapas, Série Pôster: Panorama – 7. Prefeitura de São Paulo.
VALOR DO SOLO
05
01
02
03
04
06
07
08
09
24 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
SETORES, ZONEAMENTO E OPERAÇÃO URBANA
01. Mercado Municipal
02. Colina Histórica
03. Glicério
04. Igreja Pentecostal
05. Pátio do Pari
06. Zona Cerealista
07. Gasômetro
08. Brás
09. Cambuci
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
Lei n. 13.885, de 25 de Agosto de 2004 
05
01
02
03
04
06
07
08
09
perimêtro da operação urbana centro
perimêtro da operação urbana centro
perim
êtro da operação urbana centro
Zona Mista de Alta Densidade – B
Zona Mista de Alta Densidade – A
Zona de Centralidade Polar – A
Zona de Centralidade Polar – B
ZEIS [Zona Especial de Interesse Social]
ZEPEC [Zonas Especial de Preservação Cultural]
Operação Urbana Centro 
Fonte: Uso e Ocupação do Solo, Planos Regionais e 
Estratégicos Subprefeituras Sé e Mooca
ZEIS – Secretária Municipal de Habitação e 
Desenvolvimento Urbano [SEHAB]
0 100 500
25PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
PERÍMETRO PROPOSTO PARA O PLANO DE REFERÊNCIA
rua dom
 pedro
rua do g
asômetr
o
av. 
ran
gel 
pes
tan
a
av. radial leste - oeste
rua tabatinguera
rua dr. rodrigo silva
av. r
ang
el pe
stan
a
vd.
 vin
te c
inc
o d
e m
arç
o
av. do estado
rua da fi gueira
rua 25 de m
arço
rua boa vista
ru
a g
en
. c
ar
ne
iro
ru
a 
da
 c
an
ta
re
ira
av. mercúrio
av
. r
ad
ia
l l
es
te
 - o
es
te
rua o
scar 
cintr
a gor
dinho
av. do estado
av. do estado
av. do estado
vd. a
ntôn
io 
naka
shim
a
vd. diário popular
0 50 200
26 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
01. Parque Dom Pedro II
02. Avenida do Estado 
03. Rua da Figueira
04. Rua Parque Dom Pedro II
05. Marginal Tiête
06. Elevado Costa e Silva
07. Rua da Consolação
08. Rua Nove de Julho
Parque Dom Pedro II
Quadras fi scais
Viário principal
Projetos viários SIURB 
(Secretaria Municipal 
de Infraestrutura 
Urbana e Obras)
Fonte: Programa do Sistema Viário Estratégico Metropolitano de São Paulo; Emurb
SISTEMA VIÁRIO + PROJETOS SIURB TRANSPORTE SOBRE TRILHOS
POLO DE TRANSPORTE PÚBLICOSISTEMA VIÁRIO
02
02
01
03
04
05
11
06
06
07
08
09
10
12
13
14
15
15
16
09. Avenida 23 de Maio
10. Rua da Mooca
11. Avenida Radial Leste
12. Rótula
13. Contra-Rótula
14. Avenida Rangel Pestana
15. Proposta de via em desnível
16. Proposta de viário elevado 
A
N
Á
LI
SE
 U
RB
A
N
A
CPTM
01. Linha 08, Diamante
02. Linha 07, Rubi
03. Linha 12, Safi ra
METRÔ
04. Linha 01, Azul
05. Linha 02, Verde
06. Linha 03, Vermelha
07. Linha 04, Amarela (em construção)
08. Linha 18, Marrom (projeto)
Parque Dom Pedro II
Quadras fi scais
Ferrovias
Metrô
Metrô Proposto
01
02
02
03
04
05
06
07
08
27PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
TERMINAL PARQUE DOM PEDRO II, TERMINAL EXPRESSO E LINHAS DE ÔNIBUS
01
02
03
04
05
0 250 1000
01. Terminal Parque Dom Pedro II
02. Terminal Expresso Parque Dom Pedro II 
03. Terminal Bandeira
04. Terminal Amaral Gurgel
05. Terminal Princesa Isabel 
Parque Dom Pedro II
Quadras fi scais
Terminais metropolitanos
TERMINAIS METROPOLITANOS
Parque Dom Pedro II
Quadras fi scais
Terminais metropolitanos
Linhas de embarque e desembarque no Terminal Parque Dom Pedro II
Linhas de passagem pelo Terminal Parque Dom Pedro II
28 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
01. Parque Dom Pedro II
02. Avenida do Estado 
03. Rua da Figueira
04. Rua Parque Dom Pedro II
05. Avenida Rangel Pestana
06. Viaduto 25 de Março
07. Praça Dr. João Mendes
08. Rua Anita Garibaldi
09. Avenida Radial Leste
10. Rua da Mooca
11. Avenida Mercúrio
12. Avenida Senador Queirós
13. Rua Santa Rosa
14. Viaduto Diário Popular
15. Viaduto Antônio Nakashima
16. Viaduto sobre o Rio Tamanduateí 
17. Rua 25 de Março
18. Rua da Cantareira
19. Rua do Gasometro
20. Rua Tabatinguera
Construções
Viário Principal
02
02
02
02
01
03
03
04
04
05
05
06
07
08
09
10
12
11
13
14
15
02
16
02
15
16
17
18
02
19
17
17
20
Metrô
Terminais Metropolitanos
SISTEMA VIÁRIO E TRANSPORTE PÚBLICO 
CONDICIONANTES FÍSICO-ESPACIAIS
0 50 200
29PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
OBSTÁCULOS OBSTÁCULOS LESTE - OESTE OBSTÁCULOS NORTE - SUL
Foto: Nelson Kon
30 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
1890
Fonte: Planta da Capital do Estado de São Paulo
Julles Martin
1958
Fonte: Foto Aérea da Cidade de São Paulo
Geoportal
2008
Fonte: Foto Aérea 
Google Earth
1930
Fonte: Mapa Topográfi co do Município de São Paulo
Sara Brasil
A EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE ÁREAS VERDES E LIVRES
31PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
ÁREAS RESIDUAIS ÁREA DE PARQUEÁREAS DE USOS ESPECIFICOS
ÁREAS LIVRES: SITUAÇÃO ATUAL
32 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
TEATRO
MUNICIPAL
PREFEITURA PÁTIO DO
COLÉGIO
TERMINAIS
DE ÔNIBUS
CATAVENTOED. ALTINO
ARANTES
757
730
CATEDRAL
DA SÉ
ESTAÇÃO DE 
METRÔ PDPII
780
730
TOPOGRAFIA
33PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
Rua 25 de Março, Abril 2010
Localizada na várzea do Rio Tamanduateí, a área 
do Parque Dom Pedro II e seu entorno sempre teve 
a drenagem como uma de suas questões mais pro-
blemáticas e marcantes. Registros de alagamentos 
podem ser encontrados ao longo de toda a sua his-
tória e, apesar de todas as obras realizadas até hoje, 
a questão das águas nessa região persiste como um 
problema não resolvido.
Tendo a clareza de que os problemas relaciona-
dos à bacia do Tamanduateí não podem ser resol-
vidos de maneira pontual e localizada, a proposta 
desenvolvida abordou o tema da drenagem a partir 
da escala local, desvinculando suas soluções de pro-
postas estruturais na escala metropolitana.
A questão da drenagem foi encarada, mais do 
que como solução de problemas de saneamento, 
como estruturação da paisagem e qualifi cação dos 
espaços livres públicos. Dessa forma, as ações pro-
postas assumem sempre múltiplas dimensões, sendo 
simultaneamente infraestrutura, arquitetura, urba-
nismo e paisagem.
O projeto foi elaborado com a consultoria da 
Hidrostudio. Foram desenvolvidos dois sistemas 
distintos de drenagem, um para a margem leste (ba-
cia Gasômetro/Brás) e outro para a porção oeste do 
parque (bacias Tabatinguera / Avenida Rangel Pesta-
na, Avenida Rangel Pestana / Rua General Carneiro 
e Rua General Carneiro / Rua 25 de Março).
DRENAGEM
Várzea do Carmo, 1918. Fonte: Ângela Garcia, José Martins, Rubens Junior I Aurélio Becherini (2009)
34 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
EQUIPAMENTOS PÚBLICOS
+ TEMPO x ESPAÇO
Equipamentos culturais
Bibliotecas
Fonte: Infolocal
Prefeitura de São Paulo
Escolas e creches
Cursos técnicos e faculdades
OS EQUIPAMENTOS PÚBLICOS
0 250 1000
35PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
Mercado Municipal Catavento
Terminal Expresso e Estação de Metrô PDPII
Colégio São Paulo
Terminal PDPII e Terminal Expresso Mercado
Casa das Retortas [futuro Museu do Estado]
36 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
EDIFICAÇÕES TOMBADAS
01. Mercado Municipal da Cantareira 
02. Mercado Municipal 
03. Palácio das Industrias
04. Gasômetro – Casa das Retortas
05. Gasômetro – Conjunto dos Balões
06. Quartel 2º Batalhão de Guardas
07. Igreja Nossa Senhora da Boa Morte
08. Capela de Santa Luzia
09. Palácioda Justiça
10. Edidício da Associação Auxiliadora das Classes Laboriosas
11. Solar da Marquesa de Santos
12. Edifício do Antigo Banco de São Paulo – Banespa
13. Residência Marieta Teixeira de Carvalho
Edifícios Tombados pelo Condephat – 
Secretaria da Cultura SP
Edifícios Tombados pelo Conpresp – DPH
ZEPEC [Zona Especial de Interesse Social] 
Antiga Lei n. Z8-200
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
0 50 200
37PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
CARACTERIZAÇÃO DE USOS ATUAIS DO PARQUE DOM PEDRO II
Antiga passarela sobre o Rio Tamanduateí Frente ao Museu Catavento, ao lado do Viaduto Diário PopularCanteiro junto a Avenida do Estado, em frente ao Museu Catavento
Proximidades do Terminal Parque Dom Pedro IIAvenida Mercúrio, próxima ao CataventoImediações dos terminais Parque Dom Pedro II e Expresso Mercado
Praça Fernando CostaGradeamento ao redor do CataventoEspaço de Convivência Jardim da Vida – Dom Luciano Mendes de Almeida
38 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
VIA EXPRESSA
01. Parque Dom Pedro II
02. Avenida do Estado | Projeto de via subterrânea 
01
02
Construções
Avenida do Estado. Via em nível
Avenida do Estado. Via subterrânea
NOVOS CRUZAMENTOS
01. Parque Dom Pedro II
02. Avenida do Estado | Projeto de via subterrânea 
01
02
Construções
Avenida do Estado. Via em nível
Avenida do Estado. Via subterrânea
Novos cruzamentos em nível
OBRAS PREVISTAS [PMSP]
01. Projeto de rebaixamento da Avenida do Estado (Emurb)
02. Projeto da Linha Marrom do Metrô (Metrô)
03. Demolições das quadras 34, 35 e 36
04. Demolição do Viaduto Diario Popular
Construções
Avenida do Estado. Via em nível
Avenida do Estado. Via subterrânea
Demolições propostas
Metrô proposto
01
01
02
03
04
PL
A
N
O 
U
RB
A
N
ÍS
TI
CO
 P
A
RQ
U
E 
D
OM
 P
ED
RO
 II QUESTÕES BALIZADORAS DA PROPOSIÇÃO
39PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
01
02
03
05
04
06
07
08
09
10
11
12
TERMINAL INTERMODAL
01. Parque Dom Pedro II
02. Avenida do Estado | Projeto de via subterrânea 
03. Metrô Linha Marrom 
04. Metrô Celso Garcia 
05. Terminal intermodal
06. Estação de Metrô Pedro II
Construções
Avenida do Estado. Via em nível
Avenida do Estado. Via subterrânea
Novos cruzamentos em nível
Metrô Linha Vermelha
Metrô Celso Garcia
01
02
03
05
04
06
Novo terminal intermodal
Metrô proposto
LAGOA DE RETENÇÃO
01. Parque Dom Pedro II
02. Avenida do Estado | 
 Projeto de via subterrânea 
03. Metrô Linha Marrom
04. Metrô Celso Garcia 
05. Terminal intermodal
06. Estação de Metrô Pedro II
Construções
Avenida do Estado. Via em nível
Avenida do Estado. Via subterrânea
Novos cruzamentos em nível
Metrô Linha Vermelha
Metrô Celso Garcia
Novo terminal intermodal
Hidrografi a e drenagem
01
02
03
05
04
06
07
08
09
10
Metrô proposto
ESTACIONAMENTOS
Novos equipamentos
01. Parque Dom Pedro II
02. Avenida do Estado | 
Projeto de via subterrânea 
03. Metrô Linha Marrom
04. Metrô Celso Garcia 
05. Terminal Intermodal
06. Estação de Metrô Pedro II
Construções
Avenida do Estado. Via em nível
Avenida do Estado. Via subterrânea
Novos cruzamentos em nível
Metrô Linha Vermelha
Metrô Celso Garcia
Novo terminal intermodal
Hidrografi a e drenagem
Estacionamentos
Metrô proposto
0 50 200
07. Rio Tamanduateí
08. Córrego Anhangabaú
09. Córrego Moringuinho
10. Lagoa de drenagem, 
tratamento e reuso
11. Arco Norte
12. Arco Oeste
07. Rio Tamanduateí
08. Córrego Anhangabaú
09. Córrego Moringuinho
10. Lagoa de drenagem,
 tratamento e reuso
40 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
PLANO PARQUE DOM PEDRO II
01. Mercado Municipal
02. Praça do Mercado. Acesso ao metrô 
03. Acesso estacionamento
04. Edifício comércio e serviço
05. Sesc
06. Senac
07. Praça de eventos
08. Lagoa de drenagem, tratamento e reuso
09. Galeria Comercial e Terraço Restaurante
10. Ligação com o Pátio do Colégio
11. Pátio do Colégio
12. Comércio e habitação
13. Torre de escritórios
14. Estação intermodal
15. Estação de metrô Pedro II
16. ZEIS (Zona Especial de Interesse Social)
01
02 05
08
11
09
1413
04
0603
07
10
12
12
12
12
15
16
16
16
16
IMPLANTAÇÃO GERAL
0 50 200
41PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
Maquete eletrônica do projeto
42 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
Parque Dom Pedro II, situação atual Foto: Nelson Kon
43PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
Parque Dom Pedro II, proposta (fotomontagem)
44 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
SISTEMA VIÁRIO 
O conjunto de espaços hoje denominado Parque 
Dom Pedro II é resultado de uma série de operações 
viárias vinculadas à escala metropolitana, que negli-
genciaram o antigo parque, esfacelando-o em espa-
ços isolados e descontínuos. Ao longo dos anos, por 
meio dessas ações desarticuladas, foram retirados 
desses espaços suas relações de vizinhança, suas 
virtudes paisagísticas e urbanas.
O plano aqui apresentado para o Parque Dom 
Pedro II tem como principais questões a aproxi-
mação do centro histórico aos bairros a leste do 
Rio Tamanduateí, a reorganização dos sistemas de 
transporte e a qualifi cação do espaço público de 
forma integrada, por meio de ações específi cas e 
interligadas.
O plano não busca restaurar o caráter original 
do parque, mas indicar uma nova vocação urbana, 
que valorize a paisagem e os edifícios históricos 
e seja também capaz de responder às demandas 
 atuais, com o incremento de conexões urbanas, 
espaços públicos qualifi cados, redes de drenagem, 
áreas verdes e transporte. 
Sendo o Parque Dom Pedro II um ponto de con-
fl uência entre diversas modalidades de transporte, a 
reorganização de todos esses sistemas é o ponto de 
partida que permite alicerçar os demais.
Assim, enfatizamos que as propostas de infraes-
trutura, especialmente as viárias aqui propostas, têm 
como objetivo: a qualifi cação do espaço público, a 
possibilidade de requalifi cação do parque e o esta-
belecimento de uma efetiva ligação na escala local.
Foto: Nelson Kon
45PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
LIGAÇÃO EXPRESSA NORTE-SUL
REBAIXAMENTO DA AVENIDA DO ESTADO
A proposta de rebaixamento da Avenida do Estado, 
obra de abrangência metropolitana relativa ao Com-
plexo Viário formado pela Avenida do Estado entre 
a Avenida Mercúrio e a Avenida Cruzeiro do Sul, 
elaborada em conjunto pela SIURB e EMURB, tor-
nou-se uma das premissas deste Plano Urbanístico.
Propõe-se neste plano a extensão da via em túnel 
indicada por estes órgãos (trecho de 920 m da Ave-
nida Mercúrio até o viaduto Diário Popular) por 
mais aproximados 600 m, até as proximidades da 
Avenida Radial Leste
Dessa forma, o fl uxo expresso de veículos pas-
sará sob o parque, resultando em grandes vanta-
gens, tanto para a cidade, que se reaproxima do 
Rio Tamanduateí, como para as ruas Dom Pedro II 
e da Figueira, as quais passam a receber somente 
tráfego local, permitindo as conexões atualmente 
inexistentes entre os lados leste e oeste do parque.
Ambas poderão receber novos cruzamentos e 
promover retornos: enquanto a Rua da Figueira 
desempenhará com maior efi ciência a ligação en-
tre a Avenida Rangel Pestana e a Avenida Senador 
Queiroz, a Rua Dom Pedro II assumirá caráter local 
frente à colina histórica. 
Projeto (via expressa subterrânea)Situação atual (vias existentes em nível)
46 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
Projeto (vias em nível)Situação atual (viadutos existentes)
ELIMINAÇÃO DE OBRAS (VIADUTOS) 
E NOVAS TRAVESSIAS
No momento que a Avenida do Estado passa a ser 
uma via subterrânea, torna-se possível realizar to-
das as transposições sobre oRio Tamanduateí em 
nível, tornando obsoleto o complexo de viadutos 
que corta a porção central do parque. Essas novas 
vias em nível no sentido leste-oeste permitem a cos-
tura do tecido urbano fragmentado.
A proposta de demolição dos viadutos 25 de 
Março, Mercúrio, Antônio Nakashima e Diário Po-
pular, e suas respectivas substituições por vias em 
nível, está associada a duas premissas importantes: 
primeiro, garantir a circulação de pedestres no Par-
que Dom Pedro II de forma contínua, permitindo 
muitas opções de caminhamento; segundo, eliminar 
os obstáculos e espaços residuais que estas obras 
produzem nas áreas internas do próprio parque.
Estão propostas duas vias, transversais ao par-
que, como continuação das ruas Maria Domitila 
e do Gasômetro. Cada uma cruzará o rio através 
de pequenos pontilhões em nível com o parque, os 
quais incluem passeios largos, estimulando a passa-
gem de pedestres.
Este conjunto de novas obras viárias aproximam 
o Parque Dom Pedro II do seu entorno imediato 
e resgatam relações de contiguidade entre as duas 
margens do Rio Tamanduateí, rompidas desde 
1972. Aproximam o Centro Histórico ao Brás, o 
Mercado Municipal à Zona Cerealista, o Pátio do 
Colégio ao Museu do Estado, a Praça da Sé ao me-
trô Pedro II. 
LIGAÇÕES TRANSVERSAIS
47PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
ESTAÇÃO INTERMODAL E 
TRANSPORTE PÚBLICO 
Foi alvo do estudo que antecedeu este plano o siste-
ma físico que apoia o transporte público, incluindo 
o sistema viário, o Expresso Tiradentes, o Termi-
nal Dom Pedro II e a Estação Pedro II da Linha 3 
do Metrô. 
O atual Terminal Parque Dom Pedro II da 
 SPTrans, localizado na Avenida do Exterior, junto 
à Avenida do Estado, é considerado o mais movi-
mentado da cidade, servindo quase todas as áreas 
de operação da cidade: com 93 linhas de ônibus, 
possui uma taxa diária de usuários da ordem de 
200 mil pessoas. No pico da manhã, circulam no 
terminal, 806 ônibus por hora, sendo 203 de linhas 
de passagem e no pico da tarde, 603 ônibus por 
hora, sendo 100 de linhas de passagem. Desde a 
inauguração do Expresso Tiradentes (2007), o Ter-
minal Dom Pedro II ganhou novas funções. Sua re-
lação direta com o Terminal Mercado, ponto inicial 
do Expresso Tiradentes, lhe confere hoje um grau 
de complexidade ainda maior. A Estação Mercado 
é utilizada por duas linhas, o que representa 75 mil 
passageiros por dia, sendo que no pico da manhã 
circulam cinquenta ônibus por hora. O Terminal 
Parque Dom Pedro II, criado em 1966 e ampliado 
de forma provisória, tinha demolição prevista para 
dez anos após o término das obras, em 1994; sua 
inefi ciência é um dos problemas mais candentes da 
atual conjuntura urbana do parque.
Importante ponto de análise e de identifi cação 
de premissas para este plano foi o reconhecimento 
dos “nós” de transporte intermodal como elemento 
essencial na qualifi cação das funções e dos espaços 
urbanos dessas áreas. Acreditamos que a trans-
formação do tecido urbano e das funções urbanas 
no Parque Dom Pedro II e seu entorno imediato 
estão diretamente relacionadas a uma proposta de 
ProjetoSituação atual
articulação racional do espaço do transporte público 
no parque. Assim, a criação de uma estação intermo-
dal de porte condizente com a atual demanda é um 
dos pontos fundamentais deste Plano Urbanístico.
A nova estação intermodal, conectada à Esta-
ção Pedro II do metrô (Linha Vermelha), reúne os 
dois terminais de ônibus (SPTrans e Expresso Ti-
radentes) hoje distribuídos no parque. Há também 
previsão de receber a futura estação de metrô da 
linha que percorrerá a Avenida Celso Garcia. Tal 
concentração de sistemas garante grande efi ciência 
ao transporte metropolitano, permitindo de forma 
direta a transferência do usuário de um meio de 
transporte à outro, multiplicando possibilidades de 
percursos e reequacionando as linhas.
Sua nova localização reduz a circulação de 
ônibus ao redor do parque, melhora o trânsito nas 
vias locais e, de forma signifi cativa, também as 
condições de travessias dos pedestres. A estrutura 
proposta, que compõe com o metrô existente a 
nova estação, defi ne uma ligação importante entre 
os dois lados do rio. 
Uma ampla calçada, paralela ao terminal, faz 
uma conexão direta entre o sistema de transporte e 
a Avenida Rangel Pestana, tanto na direção Praça 
da Sé como em direção à Zona Leste. Poderá usu-
fruir do amplo passeio público já implantado nessa 
avenida, na ligação que estabelece com o centro his-
tórico, poupa tempo, além da conexão criada com 
a “nova” 25 de Março. Essa localização aproxima 
48 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
os usuários da Estação Praça da Sé, destino de grande parte dos passageiros que 
desembarcam no atual terminal. Outro dado importante é que essa localização, 
na porção sul do Parque Dom Pedro II, está mais próximas da áreas com uso 
predominantemente habitacional e das principais ZEIS, que representam um 
importante estoque de áreas para o adensamento de habitação para a população 
de baixa renda. 
Em relação às linhas de ônibus, a estação intermodal organiza os acessos 
viários vindos das diversas localidades de forma adequada, diante à variedade de 
fl uxos e situações urbanas. As plataformas ao norte (720 m) recebem os ônibus 
que provêm de toda cidade, principalmente da zona leste e do Centro. As linhas 
que passam pela Sé chegam e saem do terminal através da via de apoio paralela 
a Avenida Rangel Pestana, enquanto as linhas com origem na zona leste acessam 
as plataformas pela Rua da Figueira, podendo sair pela mesma rua, ou pela Rua 
Dom Pedro II. A plataforma a leste (170 m), de acesso controlado, recebe os ôni-
bus vindos da zona sul e do Expresso Tiradentes. Foram desenvolvidas análises 
específi cas de formação de fi la, densidade de veículos e velocidade, para garantir 
a viabilidade e efi ciência da estação.
A nova estação intermodal resulta de uma articulação de preexistências, 
construídas e naturais. A estação circunda uma área verde ampla e densa, defi nin-
do uma grande praça pública, que oferece uma qualidade de espaços sombreados, 
de permanência ou de passagem, para seus usuários. As plataformas do terminal 
de ônibus foram desenhadas com 86 metros de comprimento, se desenvolvendo 
em parte como ponte sobre o rio. O Expresso Tiradentes, um serviço de média 
capacidade, necessita de um terminal independente, fechado, com bilhetagem 
externa ao ônibus. Perpendicular a essas plataformas, o terminal do Expresso 
Tiradentes foi projetado com uma plataforma central e o mezanino invertido (no 
pavimento inferior). A estação de metrô existente é abraçada pela cobertura da 
estação e incorporada com delicadeza ao novo conjunto. Essa confi guração per-
mite uma conexão direta, coberta, entre todos os modos de transporte público.
Tal projeto deverá assumir papel catalisador das transformações almejadas 
para todo o parque. A multifuncionalidade é princípio do projeto. Por ser um 
equipamento urbano complexo, a estação deve criar além de um polo de trans-
porte público, um lugar privilegiado de vivência social. A concentração de infra-
estrutura de transporte com funções urbanas é uma prática contemporânea bem 
sucedida na medida em que oferece aos usuários suporte para seus deslocamen-
tos diários, dentro de um ambiente de conforto e segurança.
Terminal Parque Dom Pedro II e Terminal Expresso Mercado
Estação de Metrô Pedro II
49PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
01. Estação Pedro II do Metrô
02. Terminal de Ônibus
03. Terminal Expresso Tiradentes
04. Acesso Norte
05. Acesso Leste
Sentido da Via
ESTAÇÃO INTERMODAL
01
02
03
04
05
0 20 100
50 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
Acesso e mezanino (pavimento inferior)| Terminal Expresso Tiradentes Plataformas de embarque e desembarque | Terminal Expresso Tiradentese terminal de ônibus
51PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
Estação intermodal | Terminal Expresso Tiradentes e terminal de ônibus Estação intemodal | terminais e metrô
52 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
PEDESTRES
A circulação de pedestres no Parque Dom Pedro II 
possui uma organização paradoxal. Por um lado, 
congrega uma enorme massa de usuários dos 
transportes públicos e, por outro, não é oferecido 
nenhum caminhamento contínuo e seguro para pe-
destres. A desarticulação dos espaços, cruzados pelo 
sistema viário que o atravessa de forma dissociada, 
tanto no que diz respeito aos modos de transporte, 
quanto às conexões facilitadas pelos viadutos que 
ligam com pontos distantes da cidade, repercute nos 
percursos dos pedestres. 
Os vazios e áreas residuais, o sistema viário 
expresso e os grandes equipamentos de transporte 
público fazem do Parque Dom Pedro II uma bar-
reira longitudinal ao longo de 1,3 km. Existem hoje 
apenas duas travessias de pedestres no parque, sen-
do uma delas a passarela elevada sobre o rio, hoje 
de difícil acesso.
Em sua nova confi guração, o Parque Dom Pedro 
II passará de barreira a espaço de conexão dos fl u-
xos de pedestres que para lá convergem. Junto ao 
sistema viário proposto (as novas vias em continui-
dade com as ruas Polignano A. Maré, Gasômetro, 
Maria Domitila, Rangel Pestana) amplas calçadas 
passam, mínimo de oito metros, passam a fazer par-
te da rede de pedestres hoje estruturada.
 Ao possibilitar os cruzamentos em nível, o pro-
jeto multiplica caminhos, encurta percursos.
NOVA DISTRIBUIÇÃO DE FLUXOS
ProjetoSituação
53PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
1945 1968 1974 2006
TRAVESSIAS DO RIO TAMANDUATEÍ EM NÍVEL, EXISTENTES ENTRE 1945 E 2006
Calçada cercada por entre o Parque Dom Pedro II
Fonte: Regina Meyer; Marta Grostein. A Leste do Centro: Territórios do Urbanismo (2010)
Calçadas estreitas e sem manutenção [Avenida do Estado] Caminho por entre o parque ao lado do Terminal Mercado
54 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
LAGOA DE DRENAGEM, TRATAMENTO E REUSO
Na face do parque voltada para a colina histórica, a margem oes-
te, foi desenhada uma lagoa que desempenha funções diversas. 
Uma extensa praça linear deverá acompanhar a Rua Dom Pedro 
II, interagindo com os diversos programas localizados especial-
mente nos térreos dos antigos e novos edifícios. A lagoa é elemen-
to determinante no desenho desse espaço público: cria uma outra 
frente para a praça linear, uma frente de água com amplas arqui-
bancadas que servem como local de estar e defi ne uma passagem 
suave entre a cota da praça e o nível de água permanente. Ela 
cria uma paisagem urbana nova, fortemente vinculada à geografi a 
original do local, como várzea constantemente alagada.
A lagoa foi projetada como um tanque de retenção capaz de 
armazenar o excedente das águas de chuva nas épocas de altos 
índices pluviométricos, evitando os frequentes alagamentos da 
região. As águas pluviais serão conduzidas por uma nova rede 
de microdrenagem para um conjunto de tanques onde será fei-
ta retenção do lixo e sedimentação de parte dos sólidos. Após 
essa fi ltragem inicial as águas são bombeadas para um sistema 
de fi ltragem natural, através de alagados construídos (wetlands). 
Durante aproximadamente três dias, as águas percorrem por gra-
vidade essa área úmida vegetada, conjugada com microorganis-
mos e espécies animais. Após esse período, a água tratada atinge 
o extenso trecho da lagoa que acompanha a praça linear, junto às 
áreas de uso público. Sua qualidade após o tratamento permite 
o contato das pessoas e sua utilização para irrigação do parque. 
O nível permanente da lagoa é garantido pelos corpos d’água 
existentes. Em situações de índices pluviométricos extremos, 
chuvas excepcionais, o volume de água excedente é bombeado e 
transborda pelas wetlands até encher toda a lagoa, encobrindo as 
arquibancadas laterais. Uma vez passado o pico de chuva e nor-
malizado o nível do Tamanduateí, essa água excedente é lançada 
ao canal até restabelecer o nível permanente da lagoa.
De acordo com o relatório do Hidrostudio, os principais usos 
das wetlands são: a melhoria da qualidade da água, a retenção do 
escoamento superfi cial e a criação de um ambiente que possa com-
pensar a perda de várzeas naturais em centros urbanos; suas prin-
cipais vantagens são a fácil construção, o baixo custo de manuten-
ção, o modesto consumo de energia, a boa inserção paisagística, a 
fácil operação e a baixa sensibilidade à variabilidade do afl uente.
55PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
Na porção leste do parque, em função da escas-
sez de áreas livres para reproduzir o mesmo sistema, 
foi proposto um tanque de retenção subterrâneo di-
mensionado para armazenar a maior parte das chu-
vas ao longo do ano. O sistema é complementado 
por uma área rebaixada do parque, utilizada nor-
malmente como uma arena ao ar livre para eventos 
culturais e esportivos, que pode ser inundada em 
situações extremas de chuva transformando-se em 
uma lagoa temporária de retenção.
As propostas desenvolvidas assumem caráter 
exemplar de alternativa ao atual modo de lidar 
com os problemas da drenagem. Embora de alcance 
pontual, demonstram uma estratégia de ação que, 
replicada em escala metropolitana, permitiria equi-
librar a relação da cidade com seus rios e criar um 
abrangente sistema de espaços públicos qualifi cados.
Esse projeto foi desenvolvido com a consultoria 
da Hidrostudio.
ProjetoSituação
56 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
57PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
PRAÇA DE EVENTOS/DRENAGEM
58 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
0 50 200
DIRETRIZES PARA ENTORNO DO PARQUE
Quadras do entorno direto do Parque 
Dom Pedro II: devem ser estudadas 
normas específi cas de uso e ocupação 
do solo e formas de valorização da 
ambiência urbana e da amplitude visual 
entre a várzea e a colina histórica.
ÁREAS ADJACENTES COM POTENCIALIDADES
59PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
Foto Aérea, 2008
0 50 200
60 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
O setor norte do Parque é caracterizado pela presença de importantes edifícios 
históricos, especialmente o Mercado Municipal, o Palácio das Indústrias e a Casa 
das Retortas. Entretanto, a desarticulação urbana do conjunto se sobrepõe aos 
usos atuais, e apesar da proximidade física entre esses prédios, o isolamento entre 
eles é completo.
O projeto parte de defi nições previamente estabelecidas pela Prefeitura Mu-
nicipal de São Paulo: a desapropriação das quadras 034, 035 e 036, localizadas 
entre a Rua Mercúrio, Avenida do Estado e Praça São Vito, onde estavam lo-
calizados os edifícios São Vito e Mercúrio. Outro pressuposto, de acordo com 
determinações municipais, é a demolição do Viaduto Diário Popular.
Assim, a programada demolição dos edifícios Mercúrio e São Vito e a integra-
ção de seus terrenos ao novo parque abre a possibilidade de uma nova articulação 
entre os edifícios históricos. A abertura de novas vias transversais, que transpõem 
o Rio Tamanduateí, criará condições para interligação do parque com a cidade.
O Mercado Municipal é um dos pontos mais vitais do centro antigo de São 
Paulo, recebendo um número imenso de visitantes diariamente. O edifício, inau-
gurado em 1933, embora ocupando toda a quadra, está bastante constrangido 
em seu entorno, com difi culdades operacionais e carência de estacionamento. 
Um conjunto integrado de intervenções no Parque Dom Pedro II fornecerá 
novas condições ao setor norte, que possui vocação para conferir qualidades ao 
uso público do parque.
A desapropriação das referidas quadras abre a possibilidade da confi guração 
de uma única quadra que englobe as duas ruas locais, as quais defi nem essa 
ponta do parque, hoje absolutamente constrangida pelas grandesavenidas e pelo 
viaduto circundantes. O rebaixamento da Avenida do Estado, já descrito, amplia 
sua conexão com o entorno, aproximando essa ponta do parque do Mercado 
Municipal. Foi criada uma nova rua transversal, de caráter local, separando a 
nova quadra do restante do parque. É uma rua que cruza o rio, fazendo a liga-
ção da Rua da Figueira com a Rua da Cantareira.
A proposta inclui (em fase posterior) a desapropriação de uma das quadras la-
terais ao mercado, ampliando o espaço livre contíguo ao edifício, criando a Praça 
do Mercado, com mais de 9 mil metros quadrados. A nova praça desempenha um 
variado conjunto de funções: valoriza o próprio edifício do Mercado e resgata a 
ideia de praça associada ao edifício, como no caso do antigo Mercado Municipal 
(que precedeu ao atual). Entende-se ainda que sua preservação patrimonial deve 
incluir a qualidade do entorno, que foi sendo ao longo dos anos maciçamente 
ocupado por novas edifi cações e densamente povoado por usuários do mercado, 
PR
OP
OS
TA
S 
PA
RA
 S
ET
OR
ES
 E
SP
EC
ÍF
IC
OS ARCO NORTE
do comércio lindeiro, por pessoas que trabalham e moram na região, além de um 
fl uxo defi nido pela proximidade do maior terminal de ônibus da cidade. Todos 
os usuários são de grande interesse para esse equipamento, mas estabelecem uma 
demanda crescente de organização espacial para a melhoria de suas funções. 
A praça deve criar condições também para novas atividades como feiras tem-
porárias e eventos ao ar livre, associadas ao mercado. Será ainda, como foi dito, 
o endereço de uma estação de metrô, da futura Linha Marrom. 
A Avenida do Estado, quando rebaixada, permitirá que em seu lugar perma-
neça apenas uma rua de caráter local. Uma ampla plataforma cruza a nova via 
e o Rio Tamanduateí, permitindo a ligação direta entre o Mercado e os edifícios 
do Sesc e do Senac.
Esse novo espaço público é elemento fundamental para a integração do con-
junto ao parque. 
SESC [SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO]
SENAC [SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL]
A conexão entre as duas margens do Rio Tamanduateí é reforçada pela nova via, 
sob o atual Viaduto Diário Popular, na qual serão implantadas uma unidade do 
Sesc e outra do Senac. Esses dois edifícios respondem ao anseio de programas de 
vocação pública, inclusão social, funcionamento diurno e noturno, caracterís-
ticas que podem garantir a essa nova rua, como conexão efi ciente, intensa vida 
urbana. O edifício do Senac é essencialmente uma escola técnica, onde grande 
parte dos cursos oferecidos serão gratuitos. O Sesc, como se sabe, possui grande 
parte do programa aberto a toda sociedade, oferecendo uma notável agenda de 
eventos culturais (exposições, shows, palestras etc.), em espaços qualifi cados de 
lazer e convivência.
As duas instituições, independentes entre si, têm se fi rmado como programas 
de excelência na qualidade dos serviços, da gestão e dos espaços. Programas 
muito adequados ao local, podendo-se identifi car um recíproco incremento 
de qualidade, em que instituição e cidade se benefi ciam mutuamente. Assim, 
as instituições tendem a ganhar muito na interlocução urbana oferecida pelo 
novo Parque Dom Pedro II, ao mesmo tempo que o parque certamente consegue 
ganhar uma forte caracterização no setor norte, agregando e potencializando os 
importantes equipamentos públicos existentes no local: o Catavento, o Mercado 
Municipal e o futuro Museu da História do Estado de São Paulo, localizado na 
Casa das Retortas. 
61PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
Arco Norte, proposta (Fotomontagem)
62 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
Vista atual do Arco Norte (Foto: Bebete Viégas, 2012)
63PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
SITUAÇÃO EXISTENTE
1. Mercado Municipal
2. Estacionamento do mercado
3. Quadra fi scal 032
4. Quadras fi scais 034, 035 e 036
5. Viaduto Diário Popular
6. Estacionamento Catavento
7. Catavento Cultural
8. Casa das Retortas
1
2
3 4
5
6
7
8
IMPLANTAÇÃO
1. Mercado Municipal
2. Praça do Mercado
3. Acessos estacionamento
4. Acesso ao metrô
5. Comércio e serviço
6. Lagoa 
7. Sesc
8. Acesso Estacionamento
9. Senac
10. Catavento Cultural
11. Praça 
12. Casa das Retortas
1
2
3 4
5
6
7
8
9
10
11
12
010 50
010 50
64 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
PRAÇA DO MERCADO, SESC E SENAC | IMPLANTAÇÃO
SESC
SENAC
EDIFÍCIO COMERCIAL
PRAÇA DO MERCADO
0 10 50
65PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
IMPLANTAÇÃO
SEGUNDO PAVIMENTO: escritórios
PRIMEIRO PAVIMENTO: escritórios
TÉRREO: lojas
SUBSOLO: estacionamento
PRAÇA DO MERCADO E EDIFÍCIO COMERCIAL 
0 5 20
66 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
RUA DA CANTAREIRA
Comércio Comércio Comércio e 
Residencial
ComércioComércio e 
Residencial
Comércio e 
Residencial
RUA DR. ITAPURA DE MIRANDA
Comércio e 
Residencial
Comércio Comércio e 
Residencial
Comércio e 
Serviços
Comércio e 
Residencias
Comércio Comércio e 
Serviços
PRAÇA DO MERCADO, SESC E SENAC | LEVANTAMENTO: QUADRA ADJACENTE AO MERCADO
67PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
Comércio
e Serviços
Comércio e
Residencial
Comércio Comércio Comércio e
Residencial
Comércio Comércio Comércio e
Residencial
AVENIDA DO ESTADO
Comércio Comércio e
Residencial
Comércio e
Residencial
Comércio Comércio Comércio e 
Residencial
Comércio e
Residencial
Comércio e
Residencial
Comércio e
Residencial
Comércio 
RUA COM. ASSAD ABDALLA
68 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
 PRAÇA DO MERCADO E EDIFÍCIO COMERCIAL 
0 2 10
EDIFÍCIO COMERCIAL
0 2 10
EDIFÍCIO COMERCIAL MERCADO MUNICIPAL
69PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
A implantação do Senac resulta da intenção deste Plano Urbanístico de reverter 
o caráter assumido ao longo de muitos anos pela face posterior do Palácio das 
Indústrias como fundo do Parque Dom Pedro II, procurando transformá-lo em 
uma nova frente desse conjunto. A implantação do Senac cria uma relação de 
conjunto com o Palácio das Indústrias, numa proposta que guarda a memória 
da implantação desenvolvida pela arquiteta Lina Bo Bardi para o edifício das 
secretarias, quando projetou o conjunto para abrigar a Prefeitura Municipal de 
São Paulo no Palácio das Indústrias. 
O edifício do Senac, da mesma largura do Palácio das Indústrias, é uma lâmina 
com duas faces para o edifício histórico e para a nova rua. Um amplo espelho 
d’água une os dois prédios, com a diferença que o edifício do Senac está sobre pi-
lotis, e o palácio eclético limita e desenha a água em seus recortes. Sob essa lâmina 
d’água, um amplo estacionamento que ajuda a atender a demanda da região.
O prédio do Senac está ligado a ideia de percurso, através de uma série de 
escadas rolantes que proporcionam a quem sobe o progressivo descortinar de 
vistas cada vez mais longínquas sobre o palácio, o parque e a própria cidade. 
Assim, logo acima do saguão de ingresso, estão a biblioteca e o foyer do teatro, 
onde um pequeno café ampara esse dois programas convidativos ao público em 
geral. A partir daí, a inversão no sentido de subida das escadas rolantes pontua 
o início dos andares que acomodam salas de aula, laboratórios e demais espaços 
pedagógicos. As circulações horizontais desses andares são sempre abertas de 
um dos lados, fugindo ao modelo de corredores. Além disso, cada andar dispõe 
de uma varanda que vaza toda espessura do edifício, abrindo vistas duplas em 
pontos diferentes em cada andar, o que também os torna distintos e reconhecí-
veis. O último andar abriga as atividades administrativas.
SENAC PARQUE DOM PEDRO II
Senac Parque Dom Pedro II
70 PARQUE DOM PEDRO II plano e projetos
Sesc Parque Dom Pedro II e Senac Parque Dom Pedro II
PRAÇA DE EVENTOS PALÁCIO DAS INDÚSTRIAS

Continue navegando