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DIREITO PENAL III - FDF

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DIREITO PENAL III
Introdução
Proporcionalidade
Pena é a maior sanção do ordenamento jurídico, visto sua violência simbólica embutida. Por esse motivo, deve ser sempre proporcional ao desvalor da conduta.
Essa proporcionalidade é dosada de acordo com esses três pontos:
Bem jurídico: Deve-se levar em consideração o bem jurídico lesado pela conduta do agente, pois há bem jurídicos que devem ser melhor protegidos, de acordo com sua importância. Ex: vida > patrimônio.
Lesão ou perigo do/ao bem jurídico: Considerando um mesmo bem jurídico, há condutas que são mais lesivas do que outras, ou que põem em maior risco esse bem jurídico tutelado pelo Direito Penal.
Reprovabilidade da conduta: Algumas condutas são agravadas não pelo status do bem jurídico protegido, mas sim do nível de reprovabilidade desta perante a sociedade. Ex: estupro, latrocínio – para a sociedade, o agente capaz de cometer esses crimes chega ao ápice da maldade humana. Não são crimes que podem ser cometidos por qualquer um a qualquer momento, como acontece no homicídio, que pode ser culposo, sob violenta emoção etc. São crimes que exigem o pior do ser humano e por isso são altamente reprováveis.
Ou seja, no momento de dosar a pena e de enquadrar a conduta nos crimes respectivos, deve-se observar os três itens citados. Resumindo:
BEM JURÍDICO tutelado pela norma
LESÃO OU PERIGO AO BEM JURÍDICO tutelado pela norma; e
REPROVABILIDADE da conduta
Diferenças essenciais
Deve-se atentar bem estritamente à diferença entre Qualificadora / Privilégio e Causa de aumento / Causa de diminuição. Ontologicamente (na essência), são iguais, sendo que servem, por exemplo, no caso da Qualificadora ou Causa de aumento, para estabelecer que o crime é mais reprovável ou lesa mais o bem jurídico. Todavia, há diferenças essenciais.
- Qualificadora ou Privilégio: No caso da Qualificadora, ou aumenta a pena base, ou aumentam a pena base e a pena máxima, ou se acrescenta outra pena, sendo que o contrário ocorre no Privilégio, caso em que ou diminui a pena base, ou diminuem a pena base e a pena máxima.
O ponto relevante, porém, é que ambas mudam a natureza do crime.
- Causa de aumento ou Causa de diminuição: Na Causa de aumento, o aumento da pena se dá por fração, enquanto que na Causa de diminuição a pena diminui por fração.
A diferença se destaca no fato de que não mudam a natureza jurídica do crime.
Título VI – Dos Crimes contra a Dignidade Sexual
Dignidade sexual é o direito de escolha que as pessoas têm em decidir com quem quer praticar atos sexuais e quais atos sexuais serão praticados. Os crimes desse título lesam, então, o consentimento.
Capítulo I – Dos crimes contra a liberdade sexual
Estupro
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§2º Se da conduta resulta morte:
Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Bem jurídico: dignidade sexual.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: qualquer pessoa, exceto o vulnerável.
a) O tipo objetivo “constrangimento” significa que é contra a vontade do sujeito passivo. Pode se dar por três meios: 
Violência:
Grave ameaça:
Outros meios (Ex: dopar a vítima) – se enquadra em “Estupro de vulnerável” do art. 215, não no art. 213.
b) O ato libidinoso é aquele que visa a satisfação do desejo sexual, da libido. Exige contato físico entre duas pessoas, além da finalidade sexual. Ex: Um toque na bunda alheia, quando “sem querer”, não configura ato libidinoso.
Quando não há contato físico, mesmo que se constranja alguém para a prática de ato com finalidade sexual, não há estupro, e sim constrangimento ilegal. Ex: Obrigar alguém a se masturbar.
Os atos libidinosos podem ser divididos em:
Atos preparatórios: beijo, abraço, apalpação.
Cópula: A cópula é aquele ato sexual que visa a satisfação genésica, da libido direta. São atos que por si só são capazes de fazer gozar. Há as cópulas normais e as equitópicas (fora do normal).
Cópula normal: Conjunção carnal (pênis – vagina)
Cópulas equitópicas: Vestibular (esfregar nas pernas sem introduzir), Sexo oral, Coito anal e heteromasturbação (masturbar o outro)
Quando juntos Atos preparatórios + Cópula, sendo os atos preparatórios imediatamente anteriores à cópula, com mesmo nexo causal, são um crime só, pois a cópula absorve os atos preparatórios. Porém, quando o inverso ocorre (cópula seguida de atos preparatórios), considera-se dois estupros.
Há que se considerar também no tocante à cópula que cada ato é um estupro, já que são desígnios autônomos com distintas finalidades. Cada cópula praticada é um crime. Ex: obriga a fazer sexo oral, depois pratica coito anal = 2 estupros.
Obs: Festa do peão, sobre os homens que laçam as mulheres – Embora seja estupro, pela violência embutida no ato de laçar outra pessoa, a pena é considerada muito alta para essa conduta, então se realoca para “Contravenção ofensiva ao pudor”, que é caracterizada pela ausência de violência e de grave ameaça. Pelo princípio da proporcionalidade, há que se analisar a reprovabilidade da conduta, que não é tão intensa para ser caracterizada como estupro.
c) A consumação do estupro se dá após os atos libidinosos, sejam atos preparatórios ou cópulas. 
EXCEÇÃO: estupro tentado quando após os atos preparatórios a cópula é interrompida antes de ser iniciada. Neste caso a intenção de realizar a cópula está fixada desde o início, absorvendo esta os atos preparatórios.
Quando o ato preparatório é reprovável por si só é estupro consumado. Ex: Passar a mão por dentro da roupa, lamber seios etc.
d) Qualificadoras dos §1º e §2º: A lesão grave deve ser culposa, como crime preterdoloso, pois caso seja dolosa resultará em concurso de crimes (Estupro + Lesão corporal grave). No evento morte, igualmente o homicídio deverá ser culposo, pois quando doloso haverá concurso de crimes (Estupro + Homicídio qualificado pela intenção de ocultação de crime prévio).
e) Sequestro: no tipo penal do sequestro há uma qualificação de quando o crime é cometido com fim libidinoso, que pode ser consentido ou não.
Quando vai ser só estupro ou estupro e sequestro?
Estipula-se que quando a liberdade é cerceada para imediatamente cometer o estupro é cometido somente o crime de estupro. Por outro lado, quando o autor tiver a “oportunidade” de escolher o lugar da prática do ato libidinoso, além do estupro o autor comete sequestro qualificado com fim libidinoso. Haverá esse concurso de crimes quando o autor tem opções e escolheu uma, a mais conveniente quando existe uma mais próxima e igualmente possível.
Exemplo de concurso de crimes: Sujeito que agarra uma mulher em uma rua deserta e tendo a possibilidade de estuprá-la em um terreno baldia próximo prefere seguir um pouco mais adiante para cometer o crime em um vestiário.
 Atentado violento ao pudor
Art. 214. Revogado.
Violação sexual mediante fraude
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também a multa.
Bem jurídico: dignidade sexual.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: qualquer pessoa, exceto o vulnerável.
Atos libidinosos: tais quais os do art. 213 (atos preparatórios e cópula), inclusive no que tange à quantidade de crimes de acordo com a quantidade de atos libidinosos etc.
a) O artigo prevê três maneiras de o autor lesar o consentimento da vítima mediante fraude:
1) IDENTIDADE DO AGENTE: É o ato de fingir ser outra pessoa. Concretiza-se sempre que o autor conseguir enganar a vítima se passando por outrapessoa.
2) ACERCA DA NATUREZA DO ATO: É o ato de fingir que o ato que se está praticando não tem natureza ou conotação sexual, e sim religiosa (maioria esmagadora dos casos). Ex: Médico que disse estar fazendo exame médico, mas era um ato de conotação “religiosa” que, na realidade, era de conotação sexual.
3) OUTRO MEIO QUE IMPEÇA OU DIFICULTE A VÍTIMA A EXPRESSAR SUA VONTADE: Confunde-se com estupro de vulnerável. Entende-se que seria algo que reduz a capacidade da vítima, porém sem suprimir sua capacidade de se manifestar. Ex: Manter relação sexual com alguém que possui deficiência mental, porém que preserve capacidade reduzida; ou alguém sob efeito de álcool, mas que esteja somente “alegrinho”. Confuso porque se a pessoa não tiver o concernimento necessário para consentir o ato, será estupro de vulnerável, enquanto que se a pessoa preservar esse concernimento não haveria de ser fato típico, pois se fere a liberdade de escolher desta.
Assédio sexual
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
§2º A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos.
Bem jurídico: dignidade sexual.
Sujeito ativo: superior hierárquico em razão de cargo, emprego ou função.
Sujeito passivo: inferior hierárquico (quem está abaixo do sujeito ativo).
a) Problemática: Ao descrever “em razão do emprego, cargo ou função”, considera-se superiores hierárquicos pessoas além da relação empregador-empregado, como, por exemplo, o professor universitário (professor-aluno), o policial em uma abordagem (policial-abordado) ou até mesmo um padre (padre-comunidade).
b) Como visto anteriormente, “constranger” pode se dar mediante violência, grave ameaça ou outros meios; portanto se nota errôneo o uso desse verbo neste tipo penal, visto que: quando o superior hierárquico se utiliza de violência, o que faz com que se alcance o objetivo almejado não é a sua posição como superior, e sim o uso da violência (estupro); enquanto que quando o superior hierárquico se utiliza de outros meios, são esses outros meios que levam à efetivação (ou tentativa) da conduta criminosa, e, novamente, não a sua posição como superior (estupro de vulnerável). Por isso, esse crime somente se concretiza mediante grave ameaça.
Além do crime ser cometido somente mediante grave ameaça, deve-se lembrar que esta deve ser relativa ao cargo, emprego ou função. Para estabelecer quando a ameaça caracteriza estupro e quando caracteriza assédio sexual, deve-se diferenciar:
- Estupro: caracterizado por qualquer tipo de ameaça, sendo esta uma ameaça IRRESISTÍVEL para obter o ato libidinoso. Ex: patrão que ameaça demitir uma funcionária se esta não transar com ele, sendo que esta funcionária tem uma filha em estado de vida ou morte com cirurgia marcada pelo convênio médico da empresa onde trabalha. Se for demitida, perde o convênio e a cirurgia não poderá ser realizada, podendo levar sua filha a óbito.
- Assédio sexual: caracterizado por ameaças relativas ao cargo, emprego ou função, sendo esta uma ameaça RESISTÍVEL para obter o ato libidinoso. Ex: professor que ameaça reprovar uma aluna em notas.
b) O artigo diz “para obter favor ou vantagem de natureza sexual”. Favor ou vantagem engloba não só os atos libidinosos, que exigem contato entre as duas pessoas (atos preparatórios e cópula), como qualquer conduta que satisfaça a libido do agente. Ex: strip-tease, se masturbar etc.
c) Consumação se dá no momento da ameaça.
Capítulo II – Dos crimes sexuais contra vulnerável
Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§1º Na mesma pena incorre quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
§3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§ 4º Se da conduta resulta morte:
Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Bem jurídico: dignidade sexual.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: vulnerável, que pode ser menor de 14 anos, deficiente ou alguém que por outro motivo não pode oferecer resistência.
a) Brecha na lei: Quando a vítima tem 14 anos + 1 dia (>14 anos), enquadra-se em estupro qualificado. Quando a vítima tem até 13 anos, 11 meses e 29 dias (<14 anos), enquadra-se em estupro de vulnerável. Por outro lado, no dia do aniversário da vítima, com seus exatos 14 anos, o estupro é SIMPLES.
b) O grau de deficiência da vítima tem que impedir a livre manifestação do consentimento. Se o deficiente possui capacidade e discernimento de escolher, não é estupro de vulnerável.
c) Os “outros motivos” não expostos em lei podem ser: dopar alguém, encontrar alguém amarrado e abusar dele, estuprar alguém tetraplégico (possui discernimento, porém não pode reagir).
d) Atualmente muito se argumenta sobre como identificar se alguém é maior de 14 anos ou não. Em cada caso, deve-se verificar as circunstâncias, como o comportamento da pessoa, a aparência, a situação etc. 
Estupro culposo não existe. Se em determinada situação o agente é levado a crer com certeza que a “vítima” é maior de 14 anos, não há estupro. Ex: estudante universitário que em “festa dos bixos” paquera uma menina que está bebendo, vestindo com camisa, caneca da faculdade, que se porta como bixete.
Por outro lado, dolo eventual existe. Então se no caso o agente tiver dúvidas porque a vítima “até que aparenta” ser menor de 14 anos e mesmo assim ele seguir nas investidas, há estupro de vulnerável.
e) A “Contravenção ofensiva ao pudor” de quando se realiza atos preparatórios sem violência ou ameaça (beijo, apalpação) não se aplica nesse crime, a regra é sempre tipificar como estupro de vulnerável. Claro, em via de regra, porém deve-se ver caso a caso. 
f) Não há como se escusar, igualmente em via de regra, que a vítima quis. Ex. da exceção: Casal que começou a namorar tendo o menino 16 anos e a menina, 11. Passados dois anos de relação, que foi construída com o conhecimento e a aprovação dos pais, a menina descobre que está grávida. Os pais, a menina, todos testemunham afirmando que o casal mora junto, que o rapaz trabalha fora e cuida da família muito bem. Prender por estupro de vulnerável nesse caso seria deixar uma família a um destino cruel. 
Mas acudir ao pretexto de que a vítima se prostitui para se eximir da responsabilidade pelo crime de estupro de vulnerável não é aceito. A prostituição da vítima não afasta a tipicidade da conduta.
g) Lembrando que a lei EXIGE ato libidinoso, não se enquadrando aqui atos realizados sem contato físico entre as duas pessoas. Tudo o que se aplica quanto aos atos libidinosos no art. 213 (estupro) se aplica aqui também.
h) As qualificadores dos parágrafos (lesão grave ou evento morte) devem ser tratadas tal qual no art. 213.
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. 
Bem jurídico: dignidade sexual.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: menor de 14 anos.
Tipo objetivo: INDUZIR, que é convencer a vítima a satisfazer terceiro.
a) Essa satisfação deve ser de natureza sexual e é entendida de maneira ampla, podendo ser ato libidinoso (atos preparatórios ou cópula), favor ou vantagem sexual (strip-tease, masturbação).
Quando a satisfação é de ato libidinoso, há que se esmiuçar (lembrando que estupro vulnerável = convencimento + ato libidinoso): 
- Quando não há prévia combinação e a vítima aparenta ser menor de 14 anos ou o terceiro tem motivos para conhecer a real idade: Quem convence pratica somente o art. 218 e o terceiro pratica estupro devulnerável.
- Quando não há prévia combinação e a vítima não aparenta de modo algum ser menor de 14 anos (e o terceiro não tem motivos para conhecer a real idade): Quem convence pratica o art. 218 e o terceiro nada pratica.
- Quando há prévia combinação e se conhece a real idade da vítima: Quem convence e o terceiro, que pratica o ato libidinoso, são coautores no crime de estupro de vulnerável, visto que o concurso de pessoas não exige que os autores cometam a mesma conduta criminosa. O estupro se concretiza com o convencedor convencendo e o terceiro praticando o ato libidinoso.
b) O texto legal separa totalmente o AUTOR do convencimento do TERCEIRO. Assim que quando houver prévia combinação do convencedor e do terceiro para favor ou vantagem sexual, os dois seriam coautores, porém não se admite que o terceiro também seja o autor, assim que afasta a tipicidade para ambos. Enquanto que no caso de não haver prévia combinação o convencedor responde pelo art. 218 e o terceiro não responde por nada.
c) O “convencimento” expresso em lei não abrange para favor ou vantagem sexual a tipicidade em caso de violência ou grave ameaça. Ex: grave ameaça ou violência para que menor de 14 tire a roupa é constrangimento ilegal.
Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: menor de 14 anos.
Tipo objetivo 1: praticar na presença do sujeito passivo ato libidinoso com o fim de satisfazer lascívia. 
Tipo subjetivo: DOLO. Fica claro que é um crime doloso, havendo dolo tanto ao saber que a vítima é menor de 14 anos quanto ao saber que ela está presenciando o ato. O motivo pelo qual os autores têm essa vontade de praticar na presença de alguém menor de 14 anos é a satisfação de desejo sexual. Não há modalidade culposa e não é típico quando a criança “flagra” dois adultos que não tem a intenção de satisfazer desejo algum com a presença daquela.
Tipo objetivo 2: induzimento de menor de 14 a ver terceiro praticando ato libidinoso. O “x” da questão está no verbo “presenciar”, que significa “estar presente”. Induzir o sujeito passivo a ver, por exemplo, um filme pornô não configura o art. 218, pois “ver” é diferente de “presenciar”, assim como se os atos estiverem sendo praticados em outro cômodo e a observação se dá por uma janela de vidro.
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
§1º Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
§2º Incorre nas mesmas penas:
I- quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;
II- o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo.
§3º Na hipótese do inciso II do §2º, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.
Bem jurídico: dignidade sexual.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: menor de 18 anos, incapaz.
Tipo objetivo: submeter, induzir, atrair, facilitar, impedir, dificultar.
a) Prostituição se dá quando a pessoa pratica o ato sexual sem escolher o parceiro. Não é necessário que tenha um pagamento em dinheiro (sexo por dinheiro). 
- Importante afastar a ideia de que prostituta não pode ser estuprada, já que não escolhe o parceiro, porque essa ideia retira da pessoa o direito de selecionar qual cliente ela não quer trabalhar, excluindo a condição de ser humano da pessoa prostituída.
- Prostituição não é crime. Antigamente as pessoas prostituídas eram presas, mas era ou pelo crime “ato libidinoso” (ficar nu em local público) ou pela contravenção da “vadiagem” (o que, atualmente, não é o caso da prostituição, visto que é uma atividade).
- Teoricamente a pessoa que se utiliza dos “serviços” da pessoa prostituída não comete crime.
- Sempre que a pessoa escolher outra pessoa determinada, afasta a caracterização da prostituição, mesmo que seja por dinheiro. Exemplo: Um rapaz propõe a uma moça de ela lhe prestar favores sexuais e ele lhe paga uma quantia mensal. Ela aceita. Isso não é prostituição, mesmo sendo sexo por dinheiro, visto que ela escolheu um cara determinado para isso.
b) Sobre sujeito passivo do vulnerável incapaz, se enquadra nesse tipo penal aquele incapaz que não tem condições de avaliar a natureza do ato e de se determinar de acordo com essa natureza. Exige um grau de incapacidade provado por laudo pericial.
c) Para caracterizar a tipicidade, o agente deve conhecer a situação da incapacidade ou da menoridade, de acordo com a aparência e outras circunstâncias. Se o agente desconfiava, mas não levou essa “inspiração” em consideração, tem-se dolo eventual.
d) Tipo objetivo: Submeter é obrigar a pessoa a se prostituir. Induzir é convencer a pessoa a se prostituir e atrair é um tipo de induzimento. Facilitar é dar meios para que a prostituição ocorra. * Ver crime de tráfico internacional e tráfico interno de pessoas, que não deixam de ser um tipo especial de Favorecimento. Impedir ou dificultar a pessoa a sair da prostituição.
e) Consumação: Não é necessário que a vítima pratique o ato sexual. A consumação se dá quando a vítima se coloca na condição de prostituição. Cabe tentativa, quando se está levando a pessoa para se prostituir, antes de efetivar a posição dela na prostituição.
f) Induzimento à lascívia de outrem x Favorecimento à prostituição:
- O induzimento à lascívia de outrem se dá quando esse “outrem” é uma pessoa determinada. Ex: Dr. Lauro diz à esposa que ela tem que transar com o chefe dele para que ele lhe dê um aumento.
- O favorecimento à prostituição de dá quando esse “outrem” não é pessoa determinada. Ex: Dr. Lauro diz à esposa que ela tem que transar com qualquer cliente que entrar na loja deles para que, assim, ele possa aumentar o valor das mercadorias.
g) Qualificadoras:
- Fim de vantagem econômica (lucro) do §1º: Se o dinheiro vier do ato sexual, caracteriza-se o crime do art. 230 (Rufianismo). Caracteriza o fim de lucro quando o agente ganha um dinheiro colocando a pessoa em posição de prostituição. Ex: Pessoa ganhar dinheiro para captar uma moça de determinada característica. Ou seja, o dinheiro não vem do ato sexual.
- Incorrem na mesma pena quem pratica ato libidinoso com 18>x>14 ou proprietário ou cedente (§2º): 
Embora a prostituição seja livre, a escolha para esse “trabalho” deve vir de pessoa capaz, o que não é o caso quando é menor de 18 anos. Então quem pratica ato libidinoso com menor de 18 e maior de 14, se aproveitando dessa condição de uma personalidade ainda em formação, pratica esse crime.
Lembrando que só é típico se o adolescente for prostituído, transar com consentimento com maior de 14 anos não é conduta típica.
Se a adolescente prostituída tiver exatos 14 anos (no dia do aniversário), por “mancada” do legislador a pessoa que praticar ato libidinoso com ela não comete nenhum crime, pois o §2º só tipifica a conduta quando prostituído for MAIOR de 14 e MENOR de 18 anos.
O proprietário ou cedente do estabelecimento pratica o crime mesmo que não perceba nenhuma vantagem direta, visto que só por permitir pessoa prostituída dessa faixa etária fazer ponto no local acaba percebendo vantagem indiretamente. Pessoas irão ao local por conta do ponto, irão consumir no local, o que caracteriza a vantagem indireta.h) No §3º, se impõe uma sanção administrativa, que é fechar o estabelecimento.
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§1º Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
§ 2º Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena – reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência.
§ 3º Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
Bem jurídico: dignidade sexual.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: qualquer pessoa que não seja as do art. 218-B (menor de 18 anos, incapaz).
Tipo objetivo: o mesmo do art. 218-B (submeter, induzir, atrair, facilitar, impedir, dificultar).
a) Prostituição se dá quando a pessoa pratica o ato sexual sem escolher o parceiro. Não é necessário que tenha um pagamento em dinheiro (sexo por dinheiro). 
- Importante afastar a ideia de que prostituta não pode ser estuprada, já que não escolhe o parceiro, porque essa ideia retira da pessoa o direito de selecionar qual cliente ela não quer trabalhar, excluindo a condição de ser humano da pessoa prostituída.
- Prostituição não é crime. Antigamente as pessoas prostituídas eram presas, mas era ou pelo crime “ato libidinoso” (ficar nu em local público) ou pela contravenção da “vadiagem” (o que, atualmente, não é o caso da prostituição, visto que é uma atividade).
- Teoricamente a pessoa que se utiliza dos “serviços” da pessoa prostituída não comete crime.
- Sempre que a pessoa escolher outra pessoa determinada, afasta a caracterização da prostituição, mesmo que seja por dinheiro. Exemplo: Um rapaz propõe a uma moça de ela lhe prestar favores sexuais e ele lhe paga uma quantia mensal. Ela aceita. Isso não é prostituição, mesmo sendo sexo por dinheiro, visto que ela escolheu um cara determinado para isso.
b) Tipo objetivo: Submeter é obrigar a pessoa a se prostituir. Induzir é convencer a pessoa a se prostituir e atrair é um tipo de induzimento. Facilitar é dar meios para que a prostituição ocorra. Impedir ou dificultar a pessoa a sair da prostituição.
c) Consumação: Não é necessário que a vítima pratique o ato sexual. A consumação se dá quando a vítima se coloca na condição de prostituição. Cabe tentativa, quando se está levando a pessoa para se prostituir, antes de efetivar a posição dela na prostituição.
d) Induzimento à lascívia de outrem x Favorecimento à prostituição:
- O induzimento à lascívia de outrem se dá quando esse “outrem” é uma pessoa determinada. Ex: Dr. Lauro diz à esposa que ela tem que transar com o chefe dele para que ele lhe dê um aumento.
- O favorecimento à prostituição de dá quando esse “outrem” não é pessoa determinada. Ex: Dr. Lauro diz à esposa que ela tem que transar com qualquer cliente que entrar na loja deles para que, assim, ele possa aumentar o valor das mercadorias.
e) Qualificadoras: 
- Ascendente, descendente etc, ou seja, pessoas que tenham obrigação de cuidado (§1º). Ex: Mãe que levava a filha no bar e obrigava a filha a se prostituir.
- Mediante violência, grave ameaça ou fraude (§2º): 
Tomar cuidado porque sempre que se fala em violência ou grave ameaça há a possibilidade de se confundir com estupro. Caracteriza-se esse crime quando a violência se utiliza para colocar a pessoa na condição de prostituição, porque se utiliza-se para o cometimento do ato sexual é estupro. Ex: Quando o agente fica obrigando a moça a se prostituir e o cliente sabe que o outro está obrigando, os dois respondem por estupro. Agora, se o cliente não souber, não pratica nada, enquanto que o agente pratica o crime do art. 228 (Favorecimento).
Fraude é muito comum, quando se ilude a moça para trabalhar como modelo no exterior, por exemplo.
Qualificadora da violência: Em via de regra, esses crimes que contém a violência fazem surgir concurso de crimes, concorrendo o crime correspondente mais lesão grave. Há que se observar, porém, que a violência é elementar desse tipo qualificado, assim que dependendo da violência não poderá existir concurso para não incorrer em bis in idem. Para caracterizar o §2º, é necessária a menor violência, sendo que qualquer violência acima dessa não é essencial e deve ser tipificada à parte. Se houver menor violência, enquadra-se o §2º e não concorre o crime de lesão (lembrando que menor violência, para o Dr. Lauro, é a menor lesão, que é a de vias de fato; enquanto que para concurso, em questão objetiva, seria melhor escolher como menor lesão a lesão leve, visto que “esquecem” das vias de fato). Por fim, quando a lesão é maior, há concurso de crimes (art. 228 §2º + lesão correspondente).
- Fim de vantagem econômica: Se o dinheiro vier do ato sexual, caracteriza-se o crime do art. 230 (Rufianismo). Caracteriza o fim de lucro quando o agente ganha um dinheiro colocando a pessoa em posição de prostituição. Ex: Pessoa ganhar dinheiro para captar uma moça de determinada característica. Ou seja, o dinheiro não vem do ato sexual.
Ação penal
Antes, os crimes anteriores eram de ação penal privada, para evitar a revitimização. O problema é que nem todas as vítimas tinham condição econômica para bancar um processo penal, assim que os crimes mudaram para quase todos de ação penal pública condicionada (ex: estupro) e incondicionada (ex: estupro de vulnerável).
Mediação para servir a lascívia de outrem
Art. 227. Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§1º Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda:
Pena – reclusão, de dois a cinco anos.
§2º Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência.
§3º Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
Igual ao art. 218.
Sujeito passivo: qualquer pessoa, exceto os do art. 218 (menor de 14 anos, incapaz).
Tipo objetivo: INDUZIR, que é convencer a vítima a satisfazer terceiro.
a) Essa satisfação deve ser de natureza sexual e é entendida de maneira ampla, podendo ser ato libidinoso (atos preparatórios ou cópula), favor ou vantagem sexual (strip-tease, masturbação).
b) Qualificadoras:
- Sujeito passivo 18>x>14 (§1º): Se a vítima tiver exatos 14 anos, é caput. Se tiver 19 anos, também é caput. Se menor de 14, é art. 218.
- Sujeito ativo é ascendente, descendente etc, ou seja, pessoas com obrigação de cuidado (§1º).
- Mediante violência, grave ameaça ou fraude (§2º). Qualificadora da violência: Em via de regra, esses crimes que contém a violência fazem surgir concurso de crimes, concorrendo o crime correspondente mais lesão grave. Há que se observar, porém, que a violência é elementar desse tipo qualificado, assim que dependendo da violência não poderá existir concurso para não incorrer em bis in idem. Para caracterizar o §2º, é necessária a menor violência, sendo que qualquer violência acima dessa não é essencial e deve ser tipificada à parte. Se houver menor violência, enquadra-se o §2º e não concorre o crime de lesão (lembrando que menor violência, para o Dr. Lauro, é a menor lesão, que é a de vias de fato; enquanto que para concurso, em questão objetiva, seria melhor escolher como menor lesão a lesão leve, visto que “esquecem” das vias de fato). Por fim, quando a lesão é maior, há concurso de crimes (art. 228 §2º + lesão correspondente).
Pode haver estupro quando houver concurso entre o ato do induzimento e o do ato libidinoso, em caso de violência,grave ameaça e fraude. Quando a satisfação é de ato libidinoso, há que se esmiuçar (lembrando que estupro = induzimento (violência, grave ameaça ou fraude + ato libidinoso): 
- Quando não há prévia combinação e o terceiro parece conhecer a situação do “induzimento”: Quem convence pratica somente o art. 228 e o terceiro pratica estupro.
- Quando não há prévia combinação e o terceiro não tem motivos para conhecer a situação de “induzimento”: Quem convence pratica o art. 228 e o terceiro nada pratica.
- Quando há prévia combinação: Quem convence e o terceiro, que pratica o ato libidinoso, são coautores no crime de estupro, visto que o concurso de pessoas não exige que os autores cometam a mesma conduta criminosa. O estupro se concretiza com o convencedor convencendo e o terceiro praticando o ato libidinoso.
- Fim de vantagem econômica: O lucro não deve vir do ato, mas sim do convencimento em fazer a pessoa a satisfazer outra.
Casa de prostituição
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente:
Pena – reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Bem jurídico: disponibilidade do exercício da dignidade humana.
a) Deve-se explicar, primeiramente, que para ser casa de prostituição exige que seja um lugar estável e permanente. É um crime permanente e para tal se consuma por duas razões: reiteração habitual (lugar aberto há algum tempo) ou ideia de duração (estrutura que demonstre que o lugar irá funcionar por bastante tempo). Lembrando que não cabe tentativa em crime permanente.
b) Há que ocorrer a exploração sexual. Sem a coação, seja para dar parte dos ganhos, seja para se prostituir, não se caracteriza o tipo penal. Ou seja, o administrador (gerente ou proprietário) do prostíbulo que provar que ali não há exploração sexual demonstra uma atividade lícita. Não é necessário que essa exploração seja só de dinheiro, visto que forçar alguém a se prostituir ali, mesmo sem receber nada, consuma a exploração sexual. Também não é necessário que se atue diretamente na prostituição para ser casa de prostituição.
c) Via de regra, o art. 229, pelo princípio da especialidade, se adequa melhor a esses casos do que o art. 228, visto que a casa de prostituição é uma forma de facilitação, mas uma forma especial.
d) Para concurso, o art. 229 absorve o art. 230. Para fins de prova, “pela regra da consunção, não se aplica (...)”. No caso, o art. 229, pela regra da consunção, absorve o art. 230.
Rufianismo
Art. 230. Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§1º Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§2º Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência.
Bem jurídico: dignidade sexual.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: pessoa prostituída (de qualquer idade).
Tipo objetivo: obter vantagem econômica diretamente da prostituição alheia.
a) Essa vantagem pode ser através de:
- Participação nos lucros (total ou parcialmente). Não exige frequência. Ocorrendo uma vez, já se consuma.
- Sendo sustentado por pessoa prostituída (total ou parcialmente). Exige frequência, habitualidade. Ex: namorada prostituída que paga faculdade de três em três meses para o namorado é fato típico; enquanto que namorada prostituída que paga faculdade de vez em quando para o namorado é fato atípico, visto que é esporádico. Tem que ter a certeza da ocorrência do fato.
b) Lembrando que a vantagem tem que ser direta, não cabe vantagem indireta. O ganho tem que ser diretamente da prostituição. Ex: Namorada prostituída abriu um posto de gasolina com o dinheiro da prostituição. O namorado ganha todo mês 5 mil reais dela e retira o valor do posto de gasolina. Fato atípico.
Capítulo VI – Do ultraje público ao pudor
Ato obsceno
Art. 233. Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Bem jurídico: deixou de ser a dignidade sexual e passou a ser a “moral sexual” da sociedade, ou seja, o pudor público.
a) Ato obsceno é aquele ato que contenha natureza sexual. Pode ser verdadeiro ou simulado. Ex: fingir, fazendo movimentos como se estivesse se masturbando.
b) O tipo objetivo é praticar um ato de natureza sexual que ofenda a moral da sociedade. Ex: amasso antigamente feria a moral da sociedade, hoje não mais.
- Nudez: Depende da situação, conforme o lugar. Ex: carnaval, topless na praia – não caracterizam nudez como ato obsceno.
- Fazer as necessidades em público: Normalmente ofende a moral da sociedade, mas é tolerável quando se prova o estado de necessidade. Depende da situação. Se a pessoa teve oportunidade de satisfazer as necessidades em local apropriado, caracteriza ato obsceno.
c) Além da natureza sexual, é necessário que o ato seja praticado em:
- Local público: Aquele que pode ser acessado por qualquer pessoa. Ex: rua, praia.
- Aberto ao público: Lugar privado que mediante condição permite acesso a qualquer pessoa. Ex: shopping, cinema, bar.
- Exposto ao público: Lugar privado visível de lugar público ou aberto ao público. Ex: varanda de casa.
Lembrando que se trata de um crime doloso – a pessoa tem que haver natureza exibicionista do ato, assim que se um vizinho, pela janela, ver o outro pelado após sair do banho, não se caracteriza ato obsceno.
Se o ato é praticado com natureza exibicionista de lugar privado exposto a outro lugar privado, é contravenção de importunação. Ex: rapaz, da janela do seu quarto, se exibe para o apartamento do edifício da frente, em que sabe funcionar uma república de moças – isso é contravenção de importunação; enquanto que se ele souber que na república está ocorrendo uma festa, em que qualquer um entra pagando dez reais, é crime de ato obsceno.
d) O bem jurídico é a moral pública, assim que mesmo que a pessoa que tenha visto o ato obsceno não se incomode, não desconfigura o ato obsceno, assim como no caso em que o ato foi cometido sem que ninguém visse. Ex: descobrem posteriormente na gravação de câmera de vigilância da FDF. O que importa é que o ato seja visível para qualquer um em situação NORMAL. Ex: se uma pessoa, caminhando pela rua, pega um binóculo e olha para cima, acabando por ver um casal transando no 10º andar – não é crime por parte do casal.
Diferença entre a configuração ou não do crime de ato obsceno em mesma situação: a) Quando um casal está transando no carro e qualquer um que passa consegue ver, é crime; Ex: casal no carro em rua escura e justamente pela rua escura todo carro que passa acende o farol, ficando, assim, explícito o que se passa entre o casal. b) Quando um casal está transando no carro e pela escuridão ou pelos vidros embaçados não seja visível, não é crime. Ex: guarda que desconfia haver um casal no carro, que tem seus vidros embaçados, se aproxima e acende uma lanterna para verificar.
Escrito ou objeto obsceno
Art. 234. Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I- vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo;
II- realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ouexibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
III- realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.
Esse crime deve ser estudado em ocasião de estudo do ECA, pois ao ver do Dr. Lauro não há tipicidade material, pois não mais fere o bem jurídico tutelado. A moral SOCIAL atual não é ofendida atualmente, mesmo se a moral individual for (acontece que a moral individual não é o bem jurídico tutelado por esse tipo penal).
Aumento de pena
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada:
III- de metade, se do crime resultar gravidez;
IV- de um sexto até a metade, se o agente transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador.
a) Lembrar que aids é doença grave, não venérea, porque pode ser transmitida através de outros meios que não a relação sexual.
b) Importante ressaltar que o tipo objetivo do inciso IV é transmitir a doença sexualmente transmissível. Ex1: homem que estupra a mulher através de cópula vagínica e transmite aids a ela – responde por estupro com causa de aumento do IV. Ex2: homem que estupra mulher através de cópula vagínica, mas acaba não transmitindo aids a ela – responde por estupro simples + exposição ao perigo de doença grave (há concurso formal).
Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em segredo de justiça.
Título VII – Dos crimes contra a família
A dignidade do bem jurídico enquanto objeto de tutela do direito constitucional nos assinala que só podem ser criados crimes e estipuladas penas quando o bem jurídico é muito importante e não pode ser tutelado por nenhum outro direito. Normalmente, esses bens jurídicos muito importantes são tratados na constituição. Assim é a família.
Capítulo I – Dos crimes contra o casamento
Bigamia
Art. 235. Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena – reclusão, de dois a seis anos.
§1º Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos.
§ 2º Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime.
Bem jurídico: casamento.
Sujeito ativo: qualquer pessoa, pois a pessoa casada pode sempre praticar o crime de bigamia, enquanto a pessoa solteira o pratica somente em concurso necessário (quando em coautoria com o casado).
Tipo objetivo: ter dois ou mais (3, 4, 5...) casamentos em vigor ao mesmo tempo.
a) Mesmo se a religião permitir mais de um casamento, ela não pode se sobrepor à ordem pública.
b) União estável é uma forma de constituição legal da família, inclusive com os mesmos direitos que um casamento, porém não é um casamento. Casais homoafetivos têm direito à constituição regular da família, porém o artigo de lei do Código Civil impede que eles se casem, pois, o casamento é regulado como contrato típico. Assim, eles podem ter mais de um contrato de união estável e isso não configura crime de bigamia – há um ilícito civil, mas não penal. A união estável exige tempo mínimo de duração, enquanto que o casamento exige que seja “homem e mulher”.
c)
1º casamento 2º casamento Sentença
------|--------------------------------------|----------------------------------| (anulação do 1º casamento)
Apesar de no período entre o 2º casamento e a sentença haver dois casamentos gerando efeitos jurídicos, não constitui crime, porque a sentença que anulou o 1º casamento retroage.
1º casamento 2º casamento Sentença
------|--------------------------------------|----------------------------------| (anulação do 2º casamento)
Igualmente no período entre o 2º casamento e a sentença há dois casamentos gerando efeitos jurídicos. Sendo que uma das causas da anulação do casamento é justamente a bigamia, se for esse o motivo da anulação do segundo casamento caracteriza-se o crime de bigamia.
d) Cabe tentativa. Antigamente não cabia, porque se considerava que a ação do Estado era meramente declaratória. Hoje em dia, considera-se que cabe tentativa porque o casamento exige ação constitutiva do Estado. Não é suficiente que os dois noivos digam “sim”, é necessário também que o juiz de paz constitua o ato. Entre o “sim” dos noivos e a constituição é possível que alguém se pronuncie e impeça que o casamento ocorra.
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento
Art. 236. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
Bem jurídico: casamento.
Sujeito ativo: qualquer pessoa com impedimento.
Sujeito passivo: cônjuge enganado.
Tipo objetivo: casar havendo impedimento e enganando o outro. Ex: assassino do marido que engana a mulher, a impedindo de diversas maneiras de tomar conhecimento que ele é o assassino.
a) Os impedimentos do casamento constam nos arts. 1521 a 1522 do Código Civil, sendo: 
Art. 1.521. Não podem casar:
I- os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II- os afins em linha reta;
III- o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV- os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V- o adotado com o filho do adotante;
VI- as pessoas casadas;
VII- o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.
b) Lembrar que outro impedimento, que configura crime próprio, é casar com quem já é casado (art. 235 bigamia).
c) Exige fraude, exige que o autor faça “alguma coisa” para esconder o impedimento do cônjuge. Ele tem que criar obstáculos para impedir que a pessoa enganada tenha conhecimento do impedimento. Ou seja, SÓ SE PODE PRATICAR POR AÇÃO.
d) Cabe tentativa. Antigamente não cabia, porque se considerava que a ação do Estado era meramente declaratória. Hoje em dia, considera-se que cabe tentativa porque o casamento exige ação constitutiva do Estado. Não é suficiente que os dois noivos digam “sim”, é necessário também que o juiz de paz constitua o ato. Entre o “sim” dos noivos e a constituição é possível que alguém se pronuncie e impeça que o casamento ocorra.
Conhecimento prévio de impedimento
Art. 237. Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
Bem jurídico: casamento.
Sujeito ativo: qualquer pessoa com impedimento.
Sujeito passivo: a sociedade.
Tipo objetivo: casamento com impedimento, sem induzir outrem a erro. 
a) Pode ser praticado quando:
- Os dois sabem do impedimento, agindo, nesse caso, em coautoria. Ex: assassino do marido e mulher que sabe da autoria do assassinato e optam casar.
- O autor sabe do impedimento, mas não age para impedir o outro de saber a verdade, não cria obstáculos. PODE PRATICAR POR OMISSÃO. Ex: assassino do marido que se casa com a mulher, sendo que ela não sabe da autoria do assassinato, mas ele nunca a impediu de ir atrás e saber, nem praticou ato algum para esconder esse fato dela. Nesse caso, o agente é autor e o outro cônjuge é vítima.
b) Cabe tentativa. Antigamente não cabia, porque se considerava que a ação do Estado era meramente declaratória. Hoje em dia, considera-se que cabe tentativa porque o casamento exige ação constitutiva do Estado. Não é suficiente que osdois noivos digam “sim”, é necessário também que o juiz de paz constitua o ato. Entre o “sim” dos noivos e a constituição é possível que alguém se pronuncie e impeça que o casamento ocorra.
Simulação de autoridade para celebração de casamento
Art. 238. Atribuir-se falsamente autoridade para celebração de casamento:
Pena – detenção, de um a três anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Sujeito passivo: pessoas prejudicadas e a sociedade.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Tipo objetivo: cometer atos privativos de quem pode realizar casamentos.
a) Quem pode realizar casamentos: oficiais de registro de pessoas civis (antigamente, juízes de paz), consulados e, pontualmente, capitães de navios.
b) A consumação se dá no cometimento do ato. Cabe tentativa.
c) Lembrar que nesse tipo penal não cabe tipicidade quando em falta de competência. O oficial que realiza casamento em território fora de sua competência não responde pelo art. 238, visto que possui a autoridade para celebração de casamento.
Simulação de casamento
Art. 239. Simular casamento mediante engano de outra pessoa:
Pena – detenção, de um a três anos, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
Tipo objetivo: simular casamento enganando alguém.
a) Simulação é a aparência de ato verdadeiro. 
b) Esse “alguém” do tipo objetivo tem que ser o cônjuge ou família, ou seja, pessoas interessadas e diretamente atingidas pela falsidade do casamento, que é o bem jurídico tutelado. Quando há a simulação do casamento para enganar terceiros, é estelionato.
c) Ex: Um rapaz que simulou casamento com uma moça porque queria transar com ela e ela só queria perder a virgindade com o marido. Esse rapaz, com a ajuda de uns amigos, convocaram um moço de outra cidade para se passar pelo juiz de paz. Teve festa e tudo. Depois de consumado o casamento, a verdade veio à tona.
O “esposo” responde pela simulação do casamento (art. 239) e pela violação sexual mediante fraude (art. 215). O moço que fingiu ser juiz de paz responde pela simulação do casamento (art. 239) e pela simulação de autoridade (art. 238).
Capítulo II - Dos crimes contra o estado de filiação
Registro de nascimento inexistente
Art. 241. Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente:
Pena – reclusão, de dois a seis anos.
Bem jurídico: estado de filiação.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: prejudicado + Estado.
a) Não existe nascimento algum, é criar a personalidade de alguém que não existe.
b) A consumação se dá no assento do nascimento. Cabe tentativa.
Parto suposto. Supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-nascido
Art. 242. Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: 
Pena – reclusão, de dois a seis anos. 
Parágrafo único. Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza:
Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena.
Há três condutas.
a) Na conduta do parto suposto: O sujeito ativo é apenas a mulher, que se apresenta publicamente como sendo mãe de um recém-nascido que não é seu. Tem que ser passável, ou seja, capaz de enganar as pessoas, uma falsa mãe que não engana ninguém não configura. A consumação se dá na apresentação pública da falsa mãe com o bebê que não é dela. Difícil configurar tentativa.
b) Na conduta de registrar como seu filho de outrem: Sujeito ativo é a mãe ou o pai (sendo a mãe biológica coautora, respondendo também por crime próprio). É chamado de “adoção à brasileira”. A consumação se dá no efetivo registro, cabendo, assim, tentativa.
c) Na conduta de ocultar ou substituir recém-nascido: É trocar um recém-nascido por outro ou por cadáver de recém-nascido, lembrando que um bebê é recém-nascido até a queda do umbigo. A finalidade da conduta é afetar o estado de filiação, do contrário não se tipifica. Tem que ser crime doloso. A ocultação é configurada quando publicamente.
d) Perdão judicial quando motivo nobre, mas, na prática, motivo nobre é agir por interesse de outros, não próprio. É agir no interesse da criança. Exemplos:
- Mãe tem um bebê com sopro no coração, que precisa de cirurgia urgente. No SUS não tinha previsão de cirurgia. Avô com convênio de saúde registra a criança, mas publicamente se apresenta como avô, a criança continua com a mãe, sabendo quem é a mãe etc. Nesse caso, não se feriu o bem jurídico protegido, que é o estado de filiação. Em momento algum o avô quis usurpar a função de pai.
- Mãe tem um bebê com sopro no coração, que precisa de cirurgia urgente. No SUS não tinha previsão de cirurgia. Tio com convênio de saúde registra a criança, para que ela faça a cirurgia. Posteriormente, quis a sobrinha como filha. Nesse caso, o tio quis usurpar a função de pai, ferindo o bem jurídico, que é o estado de filiação.
Sonegação de estado de filiação
Art. 243. Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência filho próprio ou alheio, ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil:
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
a) Um exemplo de conduta que encaixa nesse tipo penal é deixar criança em hospital mentindo o nome dos pais ou deixando de deixar o nome destes. 
b) Não se confunde com abandono de incapaz, visto que a criança não corre risco nessas instituições de assistência.
c) Consumação quando a pessoa mente sobre quem são os pais ou oculta quem são os pais.
Capítulo III - Dos crimes contra a assistência familiar
Abandono material
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada. 
a) Deixar de prestar socorro: 
- Justa causa: não ter condições econômicas para ajudar, lembrando que a pessoa deve provar que não tem.
- Crime omissivo: consumação no momento em que se soube da necessidade de socorro e que não o prestou.
- Sujeito ativo: ascendente, descendente e cônjuge (nessa ordem).
- Sujeito passivo: quem passa necessidade (descendente, ascendente ou cônjuge).
b) Deixar de pagar alimentos:
- Sujeito ativo: pessoa com obrigação por decisão judicial de pagar alimentos (ascendente, descendente, colateral ou cônjuge).
- Crime omissivo: mera omissão, porém só se consume quando por execução judicial, decorre o prazo da intimação de 72h para pagamento ou justificação de não pagamento e nenhuma destas ocorre. Após esse prazo, pode o juiz civil decretar prisão civil de até 30 dias.
- Também se configura o abandono material quando a pessoa dolosamente se põe em condição de insolvência.
Entrega de filho menor a pessoa inidônea
Art. 245. Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
§1º A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão, se o agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor é enviado para o exterior.
§2º Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem, embora excluído o perigo moral ou material, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com o fito de obter lucro.
Sujeito ativo: pais.
Sujeito passivo: filho menor de 18 anos.
Tipo objetivo: entregar, que é deixar com alguémtempo juridicamente relevante.
a) Pais sabem (dolo direto) ou devem saber (dolo eventual) ser inidônea a pessoa com quem deixam a criança.
b) O perigo pode ser moral ou material. Moral é quando, por exemplo, a pessoa se prostitui ou vive de esmola. Material é quando relacionado à vida ou à saúde, por exemplo, pessoas com vícios (lembrando que depende do vício – Ex: alcóolatra funcional que só bebe à noite, só seria crime se a criança passa a noite).
* Ver arts. 238/239 ECA *
Abandono intelectual
Art. 246. Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar:
Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Sujeito ativo: pais.
Tipo objetivo: deixar de prover, ou seja, não matricular, não levar à escola, não comprar materiais necessários etc.
a) Atualmente, não só primário: do 1º ao 9º ano. Não é analogia, porque deixou de existir o instituto do primário.
b) A consumação se dá no ato de deixar de prover, apesar de haver uma corrente que diz que esta só se dá no suposto fim da vida escolar da criança (não aceita).
 1º		 3º 9º
-|------------------X-------------------|
6 anos 15 anos
A consumação se daria no 3º ano, quando os pais deixam de prover aos filhos o ensino básico, de acordo com o Dr. Lauro, e não quando o filho completar 15 anos, ocasião em que estaria no 9º ano caso ainda estudasse, como diz a outra corrente.
Art. 247. Permitir alguém que menor de dezoito anos, sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda ou vigilância:
I- frequente casa de jogo ou mal afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou de má vida;
II- frequente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou participe de representação de igual natureza;
III- resida ou trabalhe em casa de prostituição;
IV- mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração pública:
Pena – detenção, de um a três meses, ou multa.
Sujeito ativo: quem possui o poder familiar, a guarda ou a vigilância.
Sujeito passivo: menor de 18 anos.
a) Poder familiar é o exercido em face a menores, é o dever de cuidar, de conviver. Abaixo disso, há outro instituto que é a guarda, que não tem a mesma amplitude daquela, normalmente se dando provisoriamente. Vigilância é a responsabilidade com o menor, por exemplo, a babá ou a escola.
b) Frequentar exige habitualidade, que se comprova ou pela reiteração de atos ou pelas circunstâncias de visível permanência.
c) Como visto anteriormente, há que se ponderar no caso concreto acerca do vício.
d) Permitir que o menor participe de espetáculo foi revogado pelo ECA, tendo crime próprio lá.
e) Permitir que frequente espetáculo quer dizer que o menor deve ir ver em lugar específico, ver filmes, vídeos etc não configura esse crime, tendo um específico no ECA.
d) Favorecimento à prostituição x art. 247: A residência, que trata este artigo, quer dizer que o menor vai morar no prostíbulo e trabalhar no prostíbulo, neste artigo, quer dizer trabalhar em algo que não seja a prostituição. Ex: garçom. Lembrando que se configura com a habitualidade.
e) Mendigue ou sirva...: Comiseração é piedade, condescendência. Porém, quando a criança conduz cego para que este mendigue, não se poderia configurar este crime, porque a criança não gera piedade de ninguém, e sim o próprio cego.
Capítulo IV - Dos crimes contra o pátrio poder, tutela curatela
Induzimento a fuga, entrega arbitrária ou sonegação de incapazes
Art. 248. Induzir menor de dezoito anos, ou interdito, a fugir do lugar em que se acha por determinação de quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de ordem judicial; confiar a outrem sem ordem do pai, do tutor ou do curador algum menor de dezoito anos ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de entregá-lo a quem legitimamente o reclame:
Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Sujeito ativo: qualquer pessoa que não tenha o poder familiar. (Lembrando que os próprios pais podem não ter o podem familiar, estando este suspenso, e podem ser sujeito ativo.) É impossível que quem exerça o poder familiar seja o sujeito ativo.
Sujeito passivo: titular do poder familiar.
Tipo objetivo: induzir é convencer o menor. É convencer o incapaz a se retirar sozinho do lugar, pois se o agente tirar ativamente é outro crime.
a) Esse lugar não é só a casa, pode ser outro lugar que o familiar espere que a criança esteja. Ex: escola, trajeto da escola etc.
b) Casal que separa e briga: os dois têm o poder familiar. A não ser que o de um deles esteja suspenso, a escola pode entregar a criança a ambos.
c) Quando um dos pais deixa de entregar a criança a outro o que ocorre é o crime de desobediência, porque ferem a ordem judicial, não o poder familiar.
Subtração de incapazes
Art. 249. Subtrair menor de dezoito anos ou interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial:
Pena – detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não constitui elemento de outro crime.
§1º O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou curador do interdito não o exime de pena, se destituído ou temporariamente privado do pátrio poder, tutela, curatela ou guarda.
§2º No caso de restituição do menor ou do interdito, se este não sofreu maus-tratos ou privações, o juiz pode deixar de aplicar pena.
Sujeito ativo: qualquer pessoa que não tenha o poder familiar. Inclusive o pai pode cometer este crime se estiver com o poder familiar suspenso.
Tipo objetivo: subtrair é retirar da casa ou de lugar onde devia estar. Ex: escola, trajeto da escola etc.
a) A consumação se dá na retirada do incapaz da esfera do poder familiar.
b) Também existe subtração de incapazes no ECA.
c) Sequestro x subtração: No sequestro, deixa-se o incapaz preso e impossibilitado de sair de lugar, enquanto que na subtração retira-se o incapaz sem retê-lo, sem prendê-lo.
Estatuto da criança e do adolescente
O bem jurídico dos crimes estudados nesse tópico é a proteção integral de criança e de adolescente.
Art. 2º. Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Art. 6º. Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
A lei, no ECA, deve ser interpretada de forma mais abrangente para a proteção da criança e do adolescente.
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do disposto na legislação penal.
Esse artigo estabelece que as disposições gerais do CP não foram revogadas. Normalmente, a lei específica substitui a geral, mas não nos casos do ECA.
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal.
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública incondicionada.
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato:
Pena – detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena – detenção de dois a seis meses, ou multa.
Sujeito ativo: encarregados ou dirigentes de hospital (crime próprio).
a) Praticamente não ocorre mais no estado de São Paulo.
b) Trata-se de um crime omissivo, pois o hospital tem que prover certificado de nascido vivo, com características do bebê e das intercorrências da gravidez e do parto.
c) Consuma-se com a omissão. O caput trata da omissão dolosa, enquanto o parágrafo único trata da omissão culposa.
Art. 229. Deixar o médico,enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena – detenção de dois a seis meses, ou multa.
Sujeito ativo: médico, enfermeiro E responsável pelo hospital (sempre os três).
a) Trata-se de crime omissivo, consumando-se no deixar de identificar o bebê e sua mãe ou de realizar os exames gratuitos previstos na lei (art.10 – no tocante à proteção do recém-nascido).
b) Consuma-se com a omissão. O caput trata da omissão dolosa, enquanto o parágrafo único trata da omissão culposa.
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente:
Pena – detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem observância das formalidades legais.
Sujeito ativo: autoridade (policial, oficial de justiça).
a) Revogou a lei de abuso de autoridade envolvendo criança e adolescente.
b) As formalidades legais citadas no parágrafo único são as da prisão em flagrante.
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
Pena – detenção de seis meses a dois anos.
Sujeito ativo: delegado. Mesmo que for um policial militar que cumprir a apreensão, o delegado será o encarregado de fazer o ato jurídico da apreensão, sendo, então, o único possível autor desse tipo penal.
a) O MAIS BREVE POSSÍVEL: De acordo com as circunstâncias. Ex: a apreensão feita à noite impossibilita que se comunique imediatamente ao juiz.
b) Trata-se de crime omissivo, consumando-se na não comunicação.
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:
Pena – detenção de seis meses a dois anos.
a) Revoga parcialmente a lei de abuso de autoridade e crimes contra a honra de crianças ou adolescentes (?).
b) É mais amplo, tendo como sujeito ativo quem tem guarda, vigilância ou autoridade. Ex: babá, professor.
Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a tortura:
Pena - reclusão de um a cinco anos.
§1º Se resultar lesão corporal grave:
Pena – reclusão de dois a oito anos.
§2º Se resultar lesão corporal gravíssima:
Pena – reclusão de quatro a doze anos.
§3º Se resultar morte:
Pena – reclusão de quinze a trinta anos.
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:
Pena – detenção de seis meses a dois anos.
Sujeito ativo: juiz ou delegado, lembrando que juiz só comete crimes quando com dolo.
a) IMEDIATAMENTE: Mais breve possível de acordo com as circunstâncias.
b) É um crime doloso, então no caso de a interpretação do juiz seja pendendo à licitude (ex: flagrante – alguns consideram até 24h, outros mais) não há crime, porque não há dolo. Não temos crime de hermenêutica no CP (de interpretação).
c) O dolo se comprova na comparação desta prisão com as anteriores. Ex: juiz que tiver em um ano considerado flagrante até as primeiras 24h, então apreende adolescente depois de 24h, justificando haver flagrância. Conduta incompatível.
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade:
Pena – detenção de seis meses a dois anos.
Sujeito ativo: juiz, promotor, advogado, escriturário, delegado... (todos os envolvidos no processo).
a) Todos os envolvidos têm prazo a cumprir para realizar os atos processuais a eles incumbido por lei, de forma que devem cumpri-lo para não prejudicar o adolescente. Inclusive advogado que prolongar o processo dolosamente poderá praticar esse crime.
b) Lembrando que se trata de crime doloso, então o agente só responderá se mantiver o adolescente privado de sua liberdade por mais tempo de fome INJUSTIFICADA. Havendo justificativa, afasta-se a tipicidade.
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei:
Pena – detenção de seis meses a dois anos.
a) Revogou parcialmente os crimes de desobediência e resistência no tocante ao campo do ECA, pelo princípio da especialidade.
b) A conduta é a de impedir (descumprir) ou embaraçar o cumprimento de ordem judicial, do Conselho Tutelar ou do Ministério Público.
c) Se houver violência, por não ser elementar do tipo penal, será concurso formal (art. 236 ECA + lesão correspondente).
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto:
Pena – reclusão de dois a seis anos, e multa.
a) Subtração do CP (art. 249) ou subtração do ECA?
- Quando incapaz maior de 18 anos, será sempre o crime do Código Penal.
- Quando menor, há que verificar-se a existência do elemento subjetivo do tipo, a finalidade, que só está presente do crime do ECA. Quando a subtração se der por qualquer outro motivo que não seja a colocação de menor em lar substituto, configura-se o crime do CP; enquanto que em caso de subtração com a finalidade de colocar menor em lar substituto, configura-se o crime do ECA.
b) Lembrando que essa “colocação em lar substituto” pode ser tanto em lar próprio (quem subtrai quer cuidar da criança) ou lar alheio (quem subtrai quer dar a criança para que alguém cuide).
c) O crime se consuma com a subtração, cabendo, portanto, tentativa.
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:
Pena – reclusão de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a paga ou recompensa.
a) Entrega do CP (art. 245 §1º) ou entrega do ECA?
- No CP é necessário que a pessoa seja inidônea, que coloque a criança em risco moral ou material, assim que se a entrega for para pessoa inidônea configurar-se-á a entrega do CP; e se a pessoa não for, ECA.
- No ECA o crime é mais gravoso, porque quem paga pela criança também responde por esse crime nas mesmas penas, enquanto no CP responde só por participação.
- No ECA basta a promessa, enquanto no CP se consuma com a entrega.
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro:
Pena – reclusão de quatro a seis anos, e multa.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à violência.
Sujeito ativo: qualquer pessoa, quem ajudar a levar menor para exterior, seja com lucro ou em inobservância das formalidades legais.
a) A figura do envio de menor para o exterior no CP (art. 245 §2º) está revogada, pois trata somente da finalidade lucrativa, enquanto a figura do ECA é mais ampla e agrega também com a inobservância das formalidades.
b) No parágrafo único estão presentes as qualificadoras, lembrando que sempre que houver violência há que se ponderar na gravidade desta, pois a que for acima da lesão mínima traz concurso formal: art. 239 + lesão correspondente.
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
§1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena.§2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime:
I– no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la;
II– prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; ou
III– prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.
a) “A pornografia é um direito do cidadão, desde que seja maior (capaz)”. Lauro, Dr. Apesar de ser a pornografia atualmente algo muito permissivo pela sociedade, a lei endureceu bastante no tocante aos incapazes.
b) Ato sexual é o ato libidinoso (exige toque, sendo atos preparatórios e cópulas) e o ato sem contato físico (ex: automasturbação, despir-se).
c) Há que se ponderar muito bem se a cena contém fim sexual ou não. Ex: amamentar não tem fim sexual, embora exista exibição do corpo. Nudes de partes íntimas de criança igualmente podem não conter fim sexual, como acontece nos álbuns de recém-nascidos (a famosa foto pelada que todo mundo tem).
d) No caso do §1º, aplica-se o ECA, revogando-se o art. 234 do CP.
e) Problematizando a “Malhação”: Menor de 18 não pode fazer cenas para o público de atos de natureza sexual, assim que as cenas devem ser moderadas e nos limites da moral da sociedade, visto que há adolescentes no elenco. Agora os atores maiores de idade que atuam como adolescentes não podem ser levados em consideração, visto que a lei visa proteger criança ou adolescente, sendo, assim, permitido (seria crime impossível).
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Tipo objetivo: vender ou expor à venda.
a) Não se aplica o princípio da consunção (art. 240 + art. 241), porque, pelo entendimento da jurisprudência, é concurso material em razão da maior proteção à criança ou ao adolescente. Interpretação do art. 6º desta lei.
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§1º Nas mesmas penas incorre quem
I– assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo;
II– assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo.
§2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo.
Tipo objetivo: enviar (de graça ou não, por internet ou não).
a) O §1º vem apenando tanto quem armazena quanto quem disponibiliza. Ex: cara que empresta o celular para que amigo veja nudes de criança ou adolescente.
b) O §2º traz uma ressalva, de que a conduta dos agentes deve ser dolosa. Assim que quem recebe e-mail com nudes de criança e abre sem saber o que contém a imagem não comete crime, devendo apagá-la imediatamente (comete crime se guardar a foto ou reenviar). Ex: Lan house alega não ter capacidade de conhecer tudo o que os clientes fazem nos computadores ou Google que alega não poder fiscalizar tudo o que aparece lá, assim elas têm a chance de retirar o acesso (e só no caso de não o fizer estarão cometendo este crime), a não ser que o dolo esteja evidente desde o início.
 Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o material a que se refere o caput deste artigo. 
§2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por:
I– agente público no exercício de suas funções;
II– membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste parágrafo;
III– representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário.
§3º As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter sob sigilo o material ilícito referido.
Tipo objetivo: adquirir (seja comprando, trocando etc).
a) No §2º estão previstas as pessoas que podem manusear o material pornográfico, sendo elas as envolvidas no processamento e apuração do crime. Elas têm essa permissão pelo exercício da função. Lembrando que a pessoa deve manter sigilo; caso abuse dessa permissão cometerá crime.
b) A quantidade de material explícito depende do caso concreto. Ex: vídeo de 3 segundos não contem muito material, enquanto um de 30 minutos contem. 
 Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual:
 Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma do caput deste artigo.
Tipo objetivo: filmar, ter, vender. 
a) São três condutas possíveis. 
- A corrente majoritária entende que se trata de um tipo misto alternativo, em que o cometimento de qualquer das condutas ou de mais de uma igualmente configurará somente um crime.
- A corrente minoritária (de preferência do Dr. Lauro) entende que é um tipo cumulativo, pois essas condutas todas estão em crimes anteriores separados (arts. 240, 241 etc); e se entre eles não se configura a consunção, aqui não deverá ser configurada também. As condutas são independentes entre si em outros tipos penais, devem ser igualmente independentes no art. 241-C. (Cada conduta, um crime do art. 241-C.)
b) A imagem não é real, é montagem, é simulada. Ex: colocar rosto de menor por edição de imagem em um corpo desnudo.
 Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I– facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso;
II– pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita.
Tipo objetivo: constranger criança com fim de praticar ato libidinoso. Ex: conversar no chat.
a) É entendível como o ato preparatório para o estupro de vulnerável. Importante observar que estupro de vulnerável é até os 14 anos, enquanto o crime deste artigo trata de crianças (menos de 12 anos). Aliciar adolescente de 12 anos ou mais se trata de uma conduta atípica aqui (o ato libidinoso continuará sendo estupro de vulnerável).
b) A consumação se dá com a conversa para a prática do ato libidinoso, não com a prática deste em si. Seria instigar a criança para se encontrar com ela, por exemplo.
c) Se o agente consegue praticar os atos libidinosos, responde em concurso pelo art. 241-D e pelo estupro de vulnerável.

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