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Direito Penal III Lauro Mens e André (1)

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Direito Penal III 
Luis Fernando Freitas 
 
 Material de apoio às aulas ministradas pelo Prof. Dr. Lauro Mens, complemen-
tado com vários doutrinadores que perfazem o estudo do Direito Penal III. 
 
2017 
Luis Fernando Freitas 
Faculdade de Direito de Franca 
 
 
FACULDADE DE DIREITO DE FRANCA – Luís Fernando Freitas – 2017 
 
1 Sumário 
1 Sumário 
1 SUMÁRIO ................................................................................................................................ 1 
2 DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL ............................................................................ 4 
2.1 Disposições Gerais (art. 213 ao art. 218-B) ..................................................................................................... 4 
2.2 Disposições Gerais (art. 213 ao art. 234) ........................................................................................................ 4 
2.3 Estupro (art. 213) ............................................................................................................................................ 5 
2.4 Violação sexual mediante fraude (art. 215) .................................................................................................... 6 
2.5 Assédio sexual (art. 216-A) .............................................................................................................................. 7 
2.6 Estupro de vulnerável (art. 217-A) .................................................................................................................. 7 
2.7 Induzimento de menor à satisfação da lascívia de terceiro (art. 218) ............................................................ 8 
2.8 Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (art. 218-A) ........................................ 9 
2.9 Favorecimento da prostituição ou exploração sexual de criança / adolescente / vulnerável (art. 218-B) .... 9 
2.10 Mediação para servir a lascívia de outrem (art. 227) ................................................................................... 10 
2.11 Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual (art. 228) ......................................... 11 
2.12 Casa de prostituição (art. 229) ...................................................................................................................... 12 
2.13 Rufianismo (art. 230) ..................................................................................................................................... 12 
2.14 Ato obsceno (art. 233) .................................................................................................................................. 13 
2.15 Escrito ou objeto obsceno (art. 234) ............................................................................................................. 14 
3 DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA ........................................................................................... 15 
3.1 Bigamia (art. 235) .......................................................................................................................................... 15 
3.2 Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento (art. 236) ......................................................... 15 
3.3 Conhecimento prévio de impedimento (art. 237) ........................................................................................ 16 
3.4 Simulação de autoridade para celebração de casamento (art. 238) ............................................................ 17 
3.5 Simulação de casamento (art. 239)............................................................................................................... 17 
4 DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO........................................................................ 18 
4.1 Registro de nascimento inexistente (art. 241) .............................................................................................. 18 
4.2 Parto suposto, supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-nascido (art. 242) .... 18 
4.3 Sonegação de estado de filiação (art. 243) ................................................................................................... 19 
4.4 Dos crimes contra a assistência familiar (art. 244) ....................................................................................... 20 
4.5 Entrega de filho menor a pessoa inidônea (art. 245) ................................................................................... 21 
4.6 Abandono intelectual (art. 246) .................................................................................................................... 22 
4.7 Abandono intelectual (art. 247) .................................................................................................................... 22 
5 DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA ................................................................. 23 
5.1 Dos crimes de perigo comum........................................................................................................................ 23 
5.2 Causa de aumento geral quanto aos crimes de perigo comum – art. 258 ................................................... 23 
5.3 Incêndio – art. 250 ........................................................................................................................................ 23 
5.4 Explosão – art. 251 ........................................................................................................................................ 24 
5.5 Uso de gás tóxico ou asfixiante – art. 252..................................................................................................... 25 
5.6 Fabrico, fornecimento, aquisição, posse ou transporte de explosivos ou gas tóxico asfixiante – art. 253 .. 26 
5.7 Inundação – art. 254 ..................................................................................................................................... 26 
5.8 Perigo de inundação – art. 255 ..................................................................................................................... 27 
5.9 Desabamento ou desmoronamento – art. 256 ............................................................................................. 27 
5.10 Subtração, ocultação ou inutilização de material de salvamento – art. 257 e 258 ...................................... 28 
5.11 Difusão de doença ou praga – art. 259 ......................................................................................................... 28 
5.12 Quadro comparativo dos crimes de perigo concreto ou abstrato ................................................................ 29 
5.13 Dos crimes contra a segurança dos meios de comunicação e transporte e outros serviços públicos ......... 29 
5.14 Forma qualificada – art. 263 ......................................................................................................................... 29 
5.15 Perigo de desastre ferroviário – art. 260 ...................................................................................................... 29 
5.16 Atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo – art. 261 ...................................... 30 
5.17 Atentado contra a segurança de outro meio de transporte – art. 262 ........................................................ 30 
5.18 Arremesso de projétil – art. 264 ................................................................................................................... 31 
5.19 Atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública – art. 265 ..................................................... 32 
 
FACULDADE DE DIREITO DE FRANCA – Luís Fernando Freitas – 2017 
 
2 Sumário 
5.20 Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico, informático, telemático ou de informação 
de utilidade pública – art. 266 ......................................................................................................................................32 
5.21 Quadro comparativo dos crimes de perigo concreto ou abstrato ................................................................ 33 
5.22 Dos crimes contra a saúde pública ................................................................................................................ 33 
5.23 Epidemia – art. 267 ....................................................................................................................................... 33 
6 ECA – ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ................................................................ 33 
6.1 ECA, art. 230 .................................................................................................................................................. 33 
6.2 ECA, art. 231 .................................................................................................................................................. 34 
6.3 ECA, art. 232. ................................................................................................................................................. 34 
6.4 ECA, art. 234 .................................................................................................................................................. 35 
6.5 ECA, art. 235 .................................................................................................................................................. 35 
6.6 ECA, art. 236 .................................................................................................................................................. 36 
6.7 ECA, art. 237 .................................................................................................................................................. 36 
6.8 ECA, art. 238 .................................................................................................................................................. 37 
6.9 ECA, art. 239 .................................................................................................................................................. 37 
6.10 ECA, art. 240 .................................................................................................................................................. 38 
6.11 ECA, art. 241 .................................................................................................................................................. 39 
6.12 ECA, art. 241-A .............................................................................................................................................. 39 
6.13 ECA, art. 241-B .............................................................................................................................................. 40 
6.14 ECA, art. 241-C .............................................................................................................................................. 41 
6.15 ECA, art. 241-D .............................................................................................................................................. 41 
6.16 ECA, art. 241-E ............................................................................................................................................... 42 
6.17 ECA, art. 242 .................................................................................................................................................. 42 
6.18 ECA, art. 243 .................................................................................................................................................. 43 
6.19 ECA, art. 244 .................................................................................................................................................. 43 
6.20 ECA, art. 244-A .............................................................................................................................................. 44 
6.21 ECA, art. 244-B .............................................................................................................................................. 44 
7 LEI 10.741/2003 – ESTATUTO DO IDOSO ................................................................................ 45 
7.1 EI, art. 96 – Injúria / discriminação a idoso ................................................................................................... 45 
7.2 EI, art. 97 – Omissão de socorro a idoso ....................................................................................................... 46 
7.3 EI, art. 98 – Abandono de idoso .................................................................................................................... 46 
7.4 EI, art. 99 - Maus-tratos a idoso .................................................................................................................... 47 
7.5 EI, art. 100 – Criminalização das limitações ao direito do idoso ................................................................... 47 
7.6 EI, art. 101 – Deixar de cumprir / frustrar ordem judicial em Execução ....................................................... 48 
7.7 EI, art. 102 – Apropriação de bens do idoso ................................................................................................. 48 
7.8 EI, art. 103 – Rejeitar acolhimento ou permanência – entidade de atendimento ....................................... 49 
7.9 EI, art. 104 – Retenção de proventos para recebimento de dívida .............................................................. 49 
7.10 EI, art. 105 – Injúria veiculada publicamente ................................................................................................ 49 
7.11 EI, art. 106 – Induzimento à realização de procuração ................................................................................. 50 
7.12 EI, art. 107 – Coação contra idoso................................................................................................................. 50 
7.13 EI, art. 108 – Ato notarial sem discernimento do idoso ................................................................................ 50 
8 LEI 7.7116/1989 – CRIMES DE PRECONCEITO DE RAÇA, ETNIA, COR, RELIGIÃO E PROCEDÊNCIA 
NACIONAL ........................................................................................................................................... 51 
8.1 Arts. 1º, 16 e 18 - Disposição geral ............................................................................................................... 51 
8.2 Art. 3º - Impedir ou obstar acesso a cargo público / da Administração ....................................................... 51 
8.3 Art. 4º - Impedir o acesso ou discriminar em face de emprego em empresa privada ................................. 52 
8.4 Art. 5º ao art. 14 – recusa ou impedimento do acesso a estabelecimentos comerciais e negar atendimento
 53 
8.5 Art. 20 – Praticar / Induzir ou Incitar a discriminação ou preconceito ......................................................... 53 
9 LEI 9503/ 1997 – CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (CTB ...................................................... 54 
9.1 Introdução ..................................................................................................................................................... 54 
9.2 Dos crimes de trânsito .................................................................................................................................. 55 
10 LEI MARIA DA PENHA – LEI 11340/2006 ................................................................................. 59 
10.1 Introdução Geral ........................................................................................................................................... 59 
 
FACULDADE DE DIREITO DE FRANCA – Luís Fernando Freitas – 2017 
 
3 Sumário 
10.2 Violência doméstica e familiar ......................................................................................................................60 
10.3 Das formas de violência doméstica e familiar .............................................................................................. 60 
11 LEI Nº 8072/1990 – CRIMES HEDIONDOS ............................................................................... 61 
11.1 Definição e disposições gerais ...................................................................................................................... 61 
11.2 Rol dos crimes hediondos (art. 1º) ................................................................................................................ 61 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FACULDADE DE DIREITO DE FRANCA – Luís Fernando Freitas – 2017 
 
4 Dos crimes contra a dignidade sexual 
2 Dos crimes contra a dignidade sexual 
Para entendermos a dosimetria da pena, demos realizar uma proporção da desvalorização da conduta, levan-
do-se em conta o bem jurídico protegido, o grau da lesão e a reprovabilidade da conduta. 
Apenas curiosidade: um homicídio é possivelmente menos reprovável que um estupro, isto, pois, qualquer 
pessoa com elevado nível de “stress” / angustia psicológica pode ceifar a vida de outro indivíduo, cada qual com 
suas razões, contudo, não é qualquer indivíduo que prática um estupro, esse ser tem uma conduta que socialmente 
é mais reprovável que o homicídio, por isso a pena tão elevada para este tipo de crime. 
Dignidade sexual – deflui diretamente do princípio da dignidade humana, que está ligada à liberdade de auto-
determinação sexual da vítima, à sua preservação no aspecto físico, psicológico e moral, de forma a manter ínte-
gra a sua personalidade. 
Trata-se portanto, do direito de escolha de praticar ou não praticar ato sexual com determinada pessoa. 
Observação importante: atualmente o legislador não dita somente sobre o ato praticado sem consentimento, 
com violência, etc., dita também regras sobre moralidade sexual, pois às vezes teremos atitudes consentidas, mas 
que afetam o convívio social, trata-se do pudor público necessário para se manter os padrões pautados na conduta 
dos indivíduos, na ética, moral e bons costumes. 
2.1 Disposições Gerais (art. 213 ao art. 218-B) 
Aplicam-se ao capítulo que trata dos crimes contra a dignidade sexual (art. 213 ao art. 218-B). 
2.1.1 Ação penal 
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação. 
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pes-
soa vulnerável. 
Regra: a ação será pública condicionada à representação da vítima do art. 213 ao 218-B; 
Exceção: a ação será pública incondicionada se: a vítima for menor de 18 anos ou se a vítima é vulnerável (vide 
art. 214 quanto às pessoas vulneráveis). 
2.1.2 Aumento de pena 
Art. 226. A pena é aumentada: 
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; 
II – de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empre-
gador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela. 
2.1.2.1 Concurso de duas ou mais pessoas 
A pena sofrerá um aumento de quarta parte (¼), podendo os agentes agirem em coautoria ou participação. 
2.1.2.2 Praticado por pessoa com dever de cuidado / familiar 
Teremos um aumento significativo de metade (½) da pena, isso para aquele aqueles casos em que o sujeito ati-
vo é ascendente, padrasto, madrasta, tio, irmão, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima. 
2.2 Disposições Gerais (art. 213 ao art. 234) 
Essas disposições se aplicam ao título que trata dos crimes contra a dignidade sexual (art. 213 ao art. 234). 
2.2.1 Aumento de pena 
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada: 
III - de metade, se do crime resultar gravidez; e 
IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à vitima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser por-
tador. 
Todas essas consequências que resultam no aumento de pena do agente, não há necessidade de dolo por par-
te do mesmo, pune-se a culpa também. 
No caso de contágio da doença, não podemos falar em concurso formal, pois o agente responde apenas pelo 
crime cometido com a majorante. 
2.2.2 Ação penal 
Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em segredo de justiça. 
 
FACULDADE DE DIREITO DE FRANCA – Luís Fernando Freitas – 2017 
 
5 Dos crimes contra a dignidade sexual 
Como sabemos o princípio da publicidade do processo encontra algumas exceções, por isso é chamado princí-
pio da publicidade restrito, a constituição protege-se o direito à intimidade da vítima. 
2.3 Estupro (art. 213) 
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pra-
tique outro ato libidinoso: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. 
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. 
§ 2º Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. 
2.3.1 Tipo objetivo 
Ação nuclear –verbo constranger alguém mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal, ou pra-
ticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. 
Constranger – significa compelir, coagir alguém, a ter a conjunção carnal / ato libidinoso; 
É irrelevante o conhecimento da vítima acerca do caráter libidinoso ou não do ato, basta que o agente saciar 
seu desejo interno de cunho sexual. 
Atualmente para o direito teremos os seguintes atos sexuais que podem se encaixar nesse tipo penal: 
 
Ato libidinoso 
Qualquer ato que visa a satisfação sexual (próprio 
ou impróprio). 
Cópulas (por si só produz 
o prazer genésico) 
Própria Cópula normal 
Conjunção carnal – cópula vagínica, penetração do 
membro viril na vagina. 
Impróprio Cópula ectópica 
Vestibular – Interfemus – entre as coxas; coito anal; 
hétero masturbação; e coito oral. 
Atos preparatórios*** 
Não se confunde com a cópula, pois não são capazes de si só produzir prazer genési-
co, será o beijo lascivo, apalpação, sucção, etc. 
*** (DEPENDE DO CASO CONCRETO) dependendo do ato preparatório, se esse for realizado com violência ou 
com intenção, poderá ser considerado ato libidinoso para fins de pena. Contudo, se esse for menos reprovável 
(agente que simplesmente rouba um beijo da pessoa admirada), o agente responderá apenas por uma contraven-
ção por importunação ofensiva ao pudor. 
Certo é que temos que procurar uma solução justa para cada caso concreto. 
2.3.2 Crime único / concurso de crimes 
Primeira corrente (6ª Turma do STJ): se o agente submete a vítima, em um mesmo contexto fático, à conjun-
ção carnal e a ato libidinoso diverso, haverá crime único, pois trata-se de um tipo penal misto alternativo (ou seja, 
ainda que pratique mais de um verbo, cometerá um único crime). 
Por outro lado, se os atos forem praticados em momentos distintos, o réu deverá responder por vários estu-
pros, em continuidade delitiva (art. 71 do CP) ou em concurso material (art. 69, “caput” do CP). 
Segunda corrente (5ª Turma do STJ) – Dr. Lauro adere: o art. 213 seria um tipo penal misto cumulativo, ou se-
ja, se praticada mais de uma das condutas previstas no dispositivo, deverá o agente responder por mais de um 
delito. 
Caso o agente submeta a vítima à conjunção carnal e a ato libidinoso dela diverso (ex.: cópula vagínica e sexo 
anal), deverá ser responsabilizado por mais de um estupro, em concurso material. A cópula absorve os atos prepa-ratórios, mas a cópula não absorve a cópula (será dois crimes de estupro distinto). 
2.3.3 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo – qualquer pessoa, trata-se de um crime comum. 
Sujeito passivo – igualmente qualquer pessoa, tanto homem quanto mulher, exceto o vulnerável (responde pe-
lo art. 217-A – estupro de vulnerável). 
2.3.4 Tipo subjetivo 
É o dolo, vontade de constranger alguém à conjunção carnal ou à pratica de ato libidinoso, não há crime na 
modalidade culposa. 
 
FACULDADE DE DIREITO DE FRANCA – Luís Fernando Freitas – 2017 
 
6 Dos crimes contra a dignidade sexual 
Entende a doutrina majoritária que não se exige finalidade especial do agente, mas em algumas situações 
práticas, a exigência ou não da finalidade especial do agente de satisfação da lascívia é importante para definir 
se o fato será enquadrado como estupro. 
2.3.5 Consumação 
Quando a prática for de conjunção carnal forçada, a consumação se dá com a penetração, parcial ou total, do 
pênis na cavidade vaginal, exclusivamente. 
Quando for realizado ato libidinoso o delito se consuma com a prática do ato. 
2.3.6 Tentativa 
É possível nas 3 formas (conjunção carnal, ato libidonoso, consentir com a pratica de ato libidonoso), desde que 
por razões alheias o agente não pratique o ato. 
2.3.7 Formas 
Simples: caput. 
Qualificada: se dá com o resultado morte ou lesão corporal de natureza grave (grave ou gravíssima), vejamos 
que aqui tratamos de um crime preterdoloso, há dolo no precedente (estupro) e culpa no consequente (morte ou 
lesão). 
Caso o agente tenha dolo, ele responderá pelo resultado em concurso material. 
Observação: a lesão corporal leve está absorvida pelo estupro, pois são consideradas meios necessários (medi-
ante violência) para a cópula vagínica ou outro ato. 
2.3.8 Concurso de crimes 
Estupro e sequestro / cárcere privado: depende do contexto fático em que o agente realizada a conduta pode 
o sujeito responder pelo crime de estupro em concurso material com sequestro / cárcere privado. 
Exemplo 1: 
Agente Y leva vítima X para lugar ermo, contudo, até a execução do estupro fica procurando o “melhor” local 
para a prática de tal ato, é possível a acusação por sequestro. 
2.4 Violação sexual mediante fraude (art. 215) 
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a li-
vre manifestação de vontade da vítima: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. 
2.4.1 Objeto jurídico e sujeitos do crime 
Idem art. 213 
2.4.2 Tipo objetivo 
Ação nuclear: praticar ato libidinoso ou ter conjunção carnal com alguém mediante fraude ou outro meio que 
impeça ou dificulte a livre manifestação de sua vontade. 
2.4.2.1 Meio executório 
Deve ser realizado mediante o emprego de fraude, o qual deve ser idônea a iludir, pois a fraude grosseira não 
pode ser considerada. 
Consiste numa falsa percepção da realidade. 
Esta fraude irá abarcar: 
- Identidade do agente: é o caso dos gêmeos, cônjuge sonolento em que o agente adentra a residência durante 
a noite para praticar ato no lugar do esposo(a); 
- Quanto a legitimidade da obtenção da prestação sexual: curandeiro que promete curar os males da vítima, 
médico que abusa do paciente, etc. 
- Meio que impede ou dificulta a resistência da vítima: é qualquer meio, exceto a embriaguez absoluta e a 
narcotização completa, pois nesse caso será estupro de vulnerável. 
2.4.3 Tipo subjetivo 
 
FACULDADE DE DIREITO DE FRANCA – Luís Fernando Freitas – 2017 
 
7 Dos crimes contra a dignidade sexual 
Há exigência somente do dolo inerente à conduta, não é punida de forma culposa. Lembrando que havendo fi-
nalidade de obter vantagem econômica (elemento subjetivo do tipo) aplicar-se-á multa e pena privativa de liber-
dade. 
2.4.4 Consumação e tentativa 
Idem art. 213 que cuida do estupro 
2.5 Assédio sexual (art. 216-A) 
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição 
de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. 
§ 2º A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos. 
2.5.1 Objeto jurídico 
Idem art. 213 que cuida do estupro, contudo a lei também protege a tranquilidade, paz de espírito, a não ser 
discriminado no trabalho ou relações educacionais. 
2.5.2 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: trata-se de crime próprio, somente o superior hierárquico (cargo, emprego ou função) ou que 
tem ascendência sobra a vítima. 
Sujeito passivo: também será próprio, pois deverá ser o subalterno do autor. 
2.5.3 Tipo objetivo 
Ação nuclear: verbo constranger, mas não há necessidade de grave ameaça ou violência. 
Se for praticado mediante violência ou grave ameaça será o caso de estupro. Portanto somente será possível 
no caso de ameaça irresistível. 
Temos a seguinte distinção: 
Estupro – ameaça pode ser relacionada a qualquer coisa, mas é irresistível. 
Assédio – a ameaça é relacionada à superioridade hierárquica, mas é resistível. 
2.5.4 Elemento normativo 
O legislador tipificou que ocorrerá o assédio laboral no caso de condição hierarquicamente superior ou de sua 
ascendência, qualquer delas inerentes ao emprego, cargo ou função, sendo assim para que haja o crime, é indis-
pensável que o sujeito ativo se prevaleça de sua condição de superioridade, de sua relação de mando no trabalho 
público ou particular. 
A proposição de relação sexual para que a vítima ganhe uma vantagem não pode ser considerada assédio. 
2.5.5 Tipo subjetivo 
Somente é punível a título de dolo, devendo ainda existir o elemento subjetivo do tipo: finalidade de obter 
vantagem ou favorecimento sexual. 
A vantagem sexual e o favor sexual englobam tanto o ato libidinoso quanto qualquer vontade de satisfazer a 
lascívia do agente. 
2.5.6 Consumação e tentativa 
Trata-se de um crime formal, não é necessário a prática do ato, basta o constrangimento. 
A tentativa é possível, mas de difícil ocorrência, trata-se da hipótese de que o assédio é veiculado por escrito, 
mas este não chega ao conhecimento da vítima, sendo este interceptado. 
2.6 Estupro de vulnerável (art. 217-A) 
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. 
§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não 
tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. 
§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. 
§ 4º Se da conduta resulta morte: 
 
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8 Dos crimes contra a dignidade sexual 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. 
2.6.1 Objeto jurídico 
Da mesma forma que o estupro, protege a dignidade sexual do vulnerável. 
2.6.2 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: será crime comum, qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: vulnerável, será aquele que está em situação de fragilidade ou perigo, a lei se refere ao fato 
de se encontrar em situação de maior fraqueza moral, social, cultural, fisiológica, biológica, etc. Por exemplo: 
- Menor de 14 anos: o legislador não incluiu o menor que for estuprado no dia do seu 14º aniversário; 
- Enfermo ou com deficiência mental: é necessário comprovar mediante laudo pericial; 
- E pessoa que não pode resistir por outros meios: dopado, drogado, embriagado, etc. 
Observação 1: cabe erro de tipo, por exemplo se o agente desconhece a idade da vítima e as condições indi-
cam quea vítima seja um pessoa maior de 18 anos (desenvolvimento físico, psicológico, experiência sexual, condi-
ções do local). 
Observação 2: em raríssimas exceções cabe erro de proibição, contudo, prevalece a presunção juris et de jure 
(jurisprudência dos tribunais superiores) que com a prática do ato libidinoso mesmo que consentindo será estupro 
de vulnerável. 
Exemplo de exceção: sujeito passivo de 13,5 anos e agente de 18 anos, namoram há 3 anos, a menina engravi-
da, o agente ao saber da notícia tenta firmar matrimônio com a mesma, tem boa índole, nesse caso, de forma es-
treita pode ser alegado erro de proibição. 
2.6.3 Tipo objetivo 
Ação nuclear – ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos. 
A prática de qualquer ato libidinoso será enquadrado no tipo penal, mesmo se for a contravenção por importu-
nação ao pudor. 
2.6.4 Elemento subjetivo 
É o dolo, consubstanciado na vontade de ter conjunção carnal ou praticar o ato libidinoso, não é exigida finali-
dade nem forma especial. 
2.6.5 Consumação e tentativa 
Idem artigo 213 relativo ao estupro. 
2.6.6 Formas 
Simples: caput e §1º. 
Qualificada: desde que haja culpa no consequente (crime preterdoloso), será os casos previstos no §3º e §4º. 
2.7 Induzimento de menor à satisfação da lascívia de terceiro (art. 218) 
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. 
2.7.1 Objeto jurídico 
Idem art. 213 que cuida do estupro. 
2.7.2 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, pois se trata de crime comum. 
Sujeito passivo: deve menor de 14 anos de idade (lembrando que não se inclui o dia do aniversário). 
2.7.3 Tipo objetivo 
Ação nuclear: induzir o sujeito passivo a satisfazer a lascívia de terceiro (ato libidinoso ou qualquer ato que vise 
satisfazer a libido). 
Deve ser para satisfazer um indivíduo determinada (o), se for coletividade indeterminada será o caso do art. 
218-A. 
Observação: o favorecido responderá pelo art. 217-A (estupro de vulnerável). 
 
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9 Dos crimes contra a dignidade sexual 
2.7.4 Situações doutrinárias referentes o tipo 
1) Se o agente faz conluio com o beneficiário da ação da vítima, e induz o menor, que pratica ato libidinoso ou 
conjunção carnal: agente e beneficiário responde pelo art. 217-A (estupro de vulnerável). 
2) Se agente induz menor sem o conhecimento do beneficiário, e este venha a praticar ato libidinoso ou con-
junção carnal: agente responde pelo art. 218 (induzimento) e beneficiário pelo art. 217-A (estupro de vulnerável). 
2.7.5 Tipo subjetivo 
Somente punível a título de dolo, não há previsão na forma culposa. 
2.7.6 Consumação 
Consuma-se com a prática do ato que importa na satisfação da lascívia de outrem, independentemente deste 
considera-se satisfeito. 
2.7.7 Tentativa 
Possível, com a interrupção do ato apto à satisfação da lascívia do beneficiário. 
2.8 Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (art. 218-A) 
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidi-
noso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. 
2.8.1 Objeto jurídico 
Idem art. 213, sob o aspecto de seu desenvolvimento psicológico íntegro. 
2.8.2 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, pois se trata de crime comum. 
Sujeito passivo: menor de 14 anos de ambos os sexos. 
2.8.3 Tipo objetivo 
Ação nuclear: trata-se de um crime de natureza múltipla (multinuclear): 
a) praticar na presença de alguém menor de 14 anos, conjunção carnal ou ato libidinoso com o fim de satisfazer 
lascívia própria ou de outrem; 
b) induzir alguém menor de 14 anos a presenciar conjunção carnal ou ato libidinoso, a fim de satisfazer a lascí-
via própria ou de outrem. 
Não há de forma alguma o envolvimento físico do menor na participação do ato sexual. 
2.8.4 Tipo subjetivo 
Somente é admitido na modalidade dolosa, também exige o elemento subjetivo do tipo, intenção de satisfa-
zer a lascívia própria ou de outrem. 
2.8.5 Consumação 
Para a consumação do crime é necessário que o menor presencie o ato libidinoso, caso contrário não estará 
presente o tipo penal. 
2.8.6 Tentativa 
Perfeitamente possível, desde que iniciado a prática de atos concretos (exemplo: casal já todo nu) visando à 
satisfação da lascívia mediante a presença do menor. 
2.9 Favorecimento da prostituição ou exploração sexual de criança / adolescente / 
vulnerável (art. 218-B) 
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, 
por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a 
abandone: 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. 
 
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10 Dos crimes contra a dignidade sexual 
§ 1º Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. 
§ 2º Incorre nas mesmas penas. 
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação 
descrita no caput deste artigo; 
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. 
§ 3º Na hipótese do inciso II do § 2º, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamen-
to do estabelecimento. 
2.9.1 Objeto jurídico 
A dignidade sexual do indivíduo vulnerável que é levado à prostituição ou outra forma de exploração sexual. 
2.9.2 Tipo objetivo 
Ação nuclear: trata-se de um crime de ação múltipla: 
a) Induzir: persuadir, atuar sobre o convencimento da vítima, criando-lhe em mente a ideia; 
b) Submeter: sujeitar, entregar; 
c) Atrair: seduzir, fascinar, chamar atenção da vítima, etc; 
d) Facilitar: favorecer o meretrício, prestar auxílio; 
e) Impedir o abandono: não permitir que a criança ou menor saia do prostíbulo; 
f) Dificultar que alguém abandone: por óbice à saída mediante terceiro (pagamento de dívida). 
Exploração sexual é um termo mais abrangente que engloba a prostituição. 
É possível a prática do crime por omissão, desde que o agente tenha o dever de impedir o resultado; mãe, pai, 
tutor, etc. 
2.9.3 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, trata-se de um crime comum; 
Sujeito passivo: somente o menor de 18 anos, enfermo ou deficiente mental. 
2.9.4 Tipo subjetivo 
É o dolo, somente, não se pune a culpa in casu. 
Se este for praticado com o elemento subjetivo do tipo de obter vantagem econômica, aplica-se também mul-
ta (basta a obtenção de vantagem econômica, não necessita ser prostituição) 
2.9.5 Consumação 
O crime se consuma a partir do momento que a vitima aceita se prostituir, passando a se dedicar à prostituição 
(alguns doutrinadores acreditam que é necessário habitualidade da vítima, outros não). 
2.9.6 Tentativa 
É perfeitamente possível. 
2.9.7 Formas 
Simples: caput. 
Equiparadas: é as previstas nos parágrafos 1º, 2º e 3º. 
2.10 Mediação para servir a lascívia de outrem (art. 227) 
Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: 
Pena - reclusão, de um a três anos. 
§ 1º Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou com-
panheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda. 
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. 
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça oufraude: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência. 
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. 
2.10.1 Objeto jurídico 
Também protege a dignidade sexual, mas esse amparo legal também visa impedir o desenvolvimento desen-
freado da prostituição, a exploração etc., sendo assim, podemos dizer que há a proteção também da moral média 
da sociedade. 
 
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11 Dos crimes contra a dignidade sexual 
2.10.2 Tipo objetivo 
Idem art. 218, se o favorecimento for para pessoa indeterminada “maior” o agente pode responder pelo art. 
228 (favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual). 
Observação IMPORTANTE: o destinatário por nada responde! Contudo, se ele vier a estuprar a vítima, o indu-
tor poderá responder pelo dolo direto ou eventual como partícipe do estupro (art. 213, ou 214, se vulnerável), mas 
por culpa responderá apenas pelo lenocínio. 
2.10.3 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: trata-se de crime comum. 
Sujeito passivo: qualquer um pode ser vítima desse crime, menos a pessoa corrompida (aquele que por natu-
reza já tem uma vida sexual perturbada). 
Se a vítima for menor de 14 anos, o agente pode responder pelo art. 218-A. 
2.10.4 Formas 
Simples – caput. 
Qualificada: prevista nos parágrafos: maior de 14 e menor de 18 anos de idade, se tiver algum grau de paren-
tesco ou dever de cuidado, violência ou grave ameaça. 
2.10.5 Tipo subjetivo 
Somente responderá pelo dolo, nunca por culpa. 
2.10.6 Consumação 
Consuma-se com o ato da vítima destinado à outrem, sem necessidade de satisfação do favorecido. 
2.10.7 Tentativa 
Totalmente possível, quando induzida vier a praticar qualquer ato de cunho libidinoso, mas ser impedida por 
terceiro. 
2.11 Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual (art. 228) 
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a 
abandone, 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
§ 1º Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador 
da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância. 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. 
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência. 
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. 
2.11.1 Objeto jurídico 
Idem art. 227. 
2.11.2 Tipo objetivo 
Idem art. 218-B, só que para pessoa maior de 18 anos. 
2.11.3 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, trata-se, portanto de crime comum. 
Sujeito passivo: qualquer pessoa pode ser vítima, até mesmo a prostituta, lembrando que dependendo da ida-
de ou se existir enfermidade o agente responde pelo art. 218-B. 
2.11.4 Tipo subjetivo 
Idem art. 218-B. 
2.11.5 Consumação e tentativa 
Idem art. 218-B, contudo, se exige a habitualidade, se não houver habitualidade, será o caso de tentativa. 
 
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12 Dos crimes contra a dignidade sexual 
2.11.6 Formas 
Simples – caput. 
Qualificada: prevista nos parágrafos: se tiver algum grau de parentesco ou dever de cuidado e emprego de vio-
lência ou grave ameaça (responde em concurso material pela lesão). 
2.11.7 Quadro comparativo art. 218-B e art. 228 
Art. 218-B Art. 228 
- Protege as vítimas menores de 18 anos e os vulne-
ráveis (inclui o enfermo, deficiente mental, etc.) 
- Protege as vítimas maiores de 18 anos, inclusive a 
prostituta (no caso de impedimento ou facilitação) 
2.11.8 Quadro comparativo art. 229 e art. 228 
Art. 229 Art. 228 
- O agente apenas mantém em funcionamento de 
forma adequada e desenvolvida uma casa de prosti-
tuição, um local de encontros libidinosos. 
- O pratica o verbo nuclear para favorecer ou facilitar 
o meretrício. 
O agente ao cometer a conduta do art. 229 absorve a pratica do art. 228, responderá apenas por um crime e 
não em concurso material / formal. 
2.12 Casa de prostituição (art. 229) 
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou 
mediação direta do proprietário ou gerente: 
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. 
2.12.1 Objeto jurídico 
Idem art. 227 
2.12.2 Tipo objetivo 
Ação nuclear: manter, que é sustentar estabelecimento em que ocorra exploração sexual. 
Não é necessário a prostituição, simplesmente a exploração sexual já configura esse tipo penal, essa exploração 
deve ser realiza habitualmente. 
A tática utilizada por casa de massagens / prostibulo / motéis é a de ser um local aberto para o público em ge-
ral e a cobrança ser feita genericamente ao uso do quarto e não explorar de qualquer forma as mulheres, sendo 
livre o uso para qualquer um do estabelecimento em geral (mas se houver dolo, responde pelo crime). 
Observação: no caso de motéis / hotéis é sabido que o local é alvo de pessoas que querem praticar atos libidi-
nosos e até mesmo exploração sexual, contudo, este reponde somente no caso de dolo. Se houver a exploração (o 
que na maioria das vezes ocorre) e o dono não estiver envolvido, pagando os impostos e com alvará para funcio-
namento, ele não responderá, por se tratar de um erro de proibição. 
2.12.3 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: trata-se de crime comum, qualquer um pode cometê-lo. 
Sujeito passivo: é a vítima da exploração sexual, a coletividade secundariamente (mas deve ser evitada). 
2.12.4 Tipo subjetivo 
É punível somente a título de dolo, não precisa ter intuito lucrativo. 
2.12.5 Consumação e tentativa 
Ocorre com o início da manutenção do estabelecimento, com devera habitualidade. Não é necessário que haja 
prática de ato sexual (exemplo: prostitutas já se encontram no local para inaugurá-lo). 
2.12.6 Tentativa 
Inadmissível, pois trata-se de crime habitual. 
2.13 Rufianismo (art. 230) 
 
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13 Dos crimes contra a dignidade sexual 
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, 
por quem a exerça: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 1º Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, 
irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, 
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
§ 2º Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da 
vontade da vítima. 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência. 
2.13.1 Objeto jurídico 
Tutela-se a dignidade sexual da prostituta, vítima da exploração do rufião (cafetão), aquele que tira proveito da 
prostituição alheia. 
2.13.2 Tipo objetivo 
Trata-se de um crime de múltipla ação nuclear: 
a) tirar proveito da prostituição alheia – exige-se que seja diretamente ligado à prostituição, se for objeto de 
outra forma de renda da prostituta (posto de gasolina) não há crime. 
b) fazendo-se sustentar – trata-se da manutenção do rufião. 
Exige-se a habitualidade, através de uma ação continuada, o pagamento esporádico é considerado atípico. 
2.13.3 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: qualquer pessoa; 
Sujeito passivo: a pessoa que exerce prostituição. 
2.13.4Tipo subjetivo 
Pune-se somente o dolo, não se exigindo nenhuma finalidade. 
2.13.5 Consumação 
Como informado acima, trata-se da participação reiterada do rufião na prática do tipo penal. 
2.13.6 Tentativa 
Idem art. 229. 
2.13.7 Formas 
Simples: caput. 
Qualificada: prevista nos parágrafos: maior de 14 e menor de 18 anos de idade, se tiver algum grau de paren-
tesco ou dever de cuidado, violência ou grave ameaça. 
2.14 Ato obsceno (art. 233) 
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
2.14.1 Objeto jurídico 
Aqui tutela-se diretamente o pudor público, o qual difere um ato normal e um ato ofensivo. 
Tipo objetivo 
Verbo nuclear: praticar ato obsceno, ato obsceno é todo ato de cunho sexual capaz de ofender o pudor da so-
ciedade (avaliado de acordo com o lugar e época). 
Exemplos: andar desnudo, mostrar as nádegas, membro viril, seio, praticar conjunção carnal em local público, 
etc. 
Observação: a palavra obscena ou o gesto obsceno (mostrar dedo do meio) pode constituir crime contra a hon-
ra ou contravenção penal de importunação ofensiva ao pudor (LCP, art. 61). 
A realização de necessidades fisiológicas pode ser imputável / inimputável quando de acordo a situação. 
2.14.1.1 Quanto ao local 
 
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14 Dos crimes contra a dignidade sexual 
Lugares privados de uso coletivo (faculdade, parque, etc.): para o Dr. Lauro, também cabe a estes o acesso ao 
público. 
Local privado, mas exposto ao público pode configurar o crime em tela, não precisa da presença física de pes-
soas, basta uma para configurar. 
Leve-se em conta o horário avançado, a visibilidade do local e acessibilidade do mesmo. 
No caso de pessoa particular se exibir para outro particular como, por exemplo, dois prédios com janelas frente 
a frente, NÃO configura crime, mas a contravenção penal supramencionada. 
2.14.2 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: trata-se de crime comum, qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: trata-se da coletividade atingida. 
2.14.3 Tipo subjetivo 
É punível somente a título de dolo. 
2.14.4 Consumação e tentativa 
A consumação se dá com a efetiva prática do ato, independente da presença de pessoas, não é cabível tentati-
va. 
2.15 Escrito ou objeto obsceno (art. 234) 
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, es-
crito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem: 
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo; 
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer 
outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter; 
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno. 
2.15.1 Objeto jurídico 
Idem art. 233, contudo, com a evolução dos costumes, esse crime vem cada vez menos sendo reprimido. Tudo 
aquilo que é tolerado pela sociedade (não entende como reprovável) deixa de ser crime, como por exemplo: filme 
semi-pornográfico (50 tons de cinzas), sex shop, revista pornográfica na banca vendida dentro de plástico opaco, 
seção dentro da locadora, etc. 
2.15.2 Sujeitos do tipo 
Idem art. 233 
2.15.3 Tipo objetivo 
Ação nuclear: trata-se de crime misto alternativo: 
a) Fazer: fabricar, criar, produzir, escrever, etc; 
b) Importar: introduzir no País (pode configurar descaminho também – art. 234); 
c) Exportar: fazer sair do País; 
d) Adquirir: obter a título oneroso ou não; 
e) Ter sob guarda: é a posse ou detenção; 
Os objetos é de maneira geral qualquer um que contenha cunho obsceno. 
2.15.4 Tipo subjetivo 
É punível somente a título de dolo, exigindo-se o fim especial do agente de querer comercializar, distribuir ou 
expor publicamente o material. 
2.15.5 Consumação e tentativa 
Consuma-se com a prática de qualquer das ações, sem necessidade de atingir a finalidade, trata-se de um crime 
de perigo, é possível a tentativa. 
2.15.6 Formas 
 
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15 Dos crimes contra a família 
Simples: caput. 
Equiparada: prevista nos incisos. 
3 Dos crimes contra a família 
Em se tratando de crimes contra a família, o objeto jurídico deste título será a estrutura familiar, a organização 
familiar, por vezes o matrimônio, etc. 
3.1 Bigamia (art. 235) 
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou 
detenção, de um a três anos. 
§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime. 
3.1.1 Objeto jurídico 
Conforme explanado acima, trata-se da estrutura familiar, um relacionamento monogâmico, protege-se tam-
bém o matrimônio. 
3.1.2 Tipo objetivo 
Ação nuclear: será contrair, que significa assumir novo casamento, a existência deve ser formal (registrada em 
cartório), mesmo se nulo ou anulável essa discussão deverá ser realizada somente com ação competente. 
Contudo, a anulação do casamento, acarreta a extinção do delito, o fato deixa de ser atípico e o efeito é ex 
tunc (§2º do art. em tela), será inexistente o crime – questão prejudicial. 
3.1.2.1 Casos específicos 
- Cônjuge ausente: considera-se bígamo também, pois a ausência traz efeito somente na matéria de sucessão; 
- Separação judicial: pode ocorrer a bigamia, pois o vínculo matrimonial não é dissolvido. 
3.1.3 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: é aquele casado que contrai novas núpcias ou aquele que não é casado (solteiro), mas casa-se 
com parceiro já casado, neste último caso responderá por crime privilegiado (§1º do art. em tela). Trata-se de um 
crime de concurso necessário. 
Sujeito passivo: é o Estado e o cônjuge do primeiro casamento, poderá também ser vítima o consorte do se-
gundo matrimônio se ele desconhecia da situação. 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: não cabe a pessoas do mesmo sexo pois, estes não celebram casamento, mas sim 
outro contrato que não típico nomeado pelo CC. 
3.1.4 Tipo subjetivo 
Só é punível a título de dolo, o agente deve estar ciente do impedimento, do contrário configura erro de tipo / 
erro sobre ilicitude do fato. 
3.1.5 Consumação 
Trata-se de crime instantâneo de efeito permanente, consuma-se com a celebração do segundo casamento. A 
lavratura constitui mera formalidade. 
3.1.6 Tentativa 
Cabe tentativa até a consumação, pode-se ter os atos são preparatórios ou executivos, até que haja o pronun-
ciamento da vontade dos contraentes, o agente encontra-se na fase de execução, podendo ser interrompido (juris-
prudência segue essa vertente). 
3.2 Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento (art. 236) 
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento 
anterior: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
 
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16 Dos crimes contra a família 
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em jul-
gado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. 
3.2.1 Objeto jurídico 
Idem art. 235. 
3.2.2 Tipo objetivo 
Ação nuclear: contrair casamento, pelo de execução: 
a) Induzindo a erro essencial: forma comissiva; 
b) Ocultando-lhe impedimento: pode ser esconder,encobrir, disfarçar etc. 
Os erros estão previstos no art. 1557 do CC e são: 
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: 
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a 
vida em comum ao cônjuge enganado; 
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; 
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmis-
sível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; 
Aqui há FRAUDE contra o cônjuge de boa-fé. 
3.2.3 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: trata-se de crime comum, qualquer um pode ser sujeito ativo, pode ser inclusive realizado pelos 
dois simultaneamente. 
Sujeito passivo: idem art. 235. 
3.2.4 Tipo subjetivo 
É o dolo, com a vontade de induzir ou ocultar o impedimento. 
3.2.5 Consumação e tentativa 
Consuma-se no momento da celebração do casamento, a tentativa é impossível, pois conforme parágrafo úni-
co, somente pode ser intentada a ação penal após anulação na esfera cível. 
3.3 Conhecimento prévio de impedimento (art. 237) 
Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
3.3.1 Objeto jurídico 
Idem art. 235. 
3.3.2 Tipo objetivo 
Ação nuclear: contrair casamento. 
Neste caso não há intenção de enganar o cônjuge de boa-fé. 
As causas de nulidade absoluta estão previstas no art. 1521 do CC. 
Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas (exclui deste tipo, pois aqui trata-se da bigamia) 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. 
3.3.3 Sujeitos do tipo 
Idem art. 236. 
3.3.4 Tipo subjetivo 
Idem art. 236, contudo, sem finalidade de enganar ou ocultar do cônjuge de boa-fé. Não pode responder o 
agente por dolo eventual, somente dolo direto. 
 
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17 Dos crimes contra a família 
3.3.5 Consumação 
Idem art. 235. 
3.4 Simulação de autoridade para celebração de casamento (art. 238) 
Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para celebração de casamento: 
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
3.4.1 Objeto jurídico 
Idem art. 235 
3.4.2 Tipo objetivo 
Ação nuclear: verbo atribuir-se, que é imputar a si, falsamente (elemento normativo do tipo) a qualidade de 
autoridade para celebrar casamento (juiz de paz do matrimônio civil). 
3.4.3 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: é o particular / funcionário público que não tenha atribuição para celebrar casamento (pessoa 
simula ser escrivão). 
Sujeito passivo: é o Estado, bem como os cônjuges de boa-fé. 
3.4.4 Tipo subjetivo 
Pune-se somente o dolo, o erro quanto a falta de atribuição exclui o dolo e o crime em questão. 
3.4.5 Consumação 
Crime formal que se consuma com o simples ato de o agente atribuir falsa autoridade, independente da reali-
zação do casamento. 
3.4.6 Tentativa 
É possível no caso do crime não se perfazer em um único ato. 
3.5 Simulação de casamento (art. 239) 
Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra pessoa: 
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui elemento de crime mais grave. 
3.5.1 Objeto jurídico 
Idem art. 235 
3.5.2 Tipo objetivo 
Ação nuclear: verbo simular que consiste em fingir, figurar como contraente de matrimônio numa farsa que 
resulte para o outrem a convicção de que está casando seriamente. 
O engano (elemento normativo do tipo) consiste no emprego de fraude, não havendo o mesmo, não há o cri-
me. 
3.5.3 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: prevalece o entendimento de que os nubentes, os magistrados e o oficial de Registro (desde que 
os contraentes são enganados). 
Sujeito passivo: é o Estado, o cônjuge engando e pessoas da família que deram seu consentimento para o ca-
samento. 
3.5.4 Tipo subjetivo 
Punível somente a título de dolo, esse crime pode ser crime meio / subsidiário, por exemplo para praticar ato 
sexual com o cônjuge, neste caso, o crime fim absorve a simulação. 
3.5.5 Consumação e tentativa 
 
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18 Dos crimes contra o estado de filiação 
Consuma-se somente com a celebração do casamento (crime material), a tentativa é possível, desde que antes 
da celebração. 
4 Dos crimes contra o estado de filiação 
4.1 Registro de nascimento inexistente (art. 241) 
Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
4.1.1 Objeto jurídico 
Este tipo coloca em risco a estrutura jurídica da família, o agente procura destruir um liame de ordem jurídica 
que prende cada indivíduo a uma família determinada. 
Portanto, tutela-se o estado de filiação, bem como a fé pública dos documentos inscritos no registro civil. 
4.1.2 Tipo objetivo 
Ação nuclear: verbo promover, que é provocar, diligenciar, requerer a inscrição no registro civil de nascimento 
inexistente. 
Inexistente é quando se diz nascido filho de mulher que não deu a luz, ou ainda quando se declara natimorto 
como tendo vida (falsa declaração de vida). 
Observação: este crime é especial em relação ao falso documental / falsidade ideológica. 
4.1.3 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: qualquer pessoa pode praticar esse delito (crime comum). 
Sujeito passivo: o Estado e a pessoa a quem se imputou o registro. 
4.1.4 Tipo subjetivo 
Pune-se somente o dolo, o erro do agente quando à existência do nascimento exclui o dolo e o crime (CP, art. 
20). 
4.1.5 Consumação e tentativa 
Trata-se de crime instantâneo de efeitos permanentes, se consuma com a simples inscrição. Cabe tentativa, 
caso o oficial não faça a inscrição por motivos alheios à vontade do agente. 
4.2 Parto suposto, supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-
nascido (art. 242) 
Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou al-
terando direito inerente ao estado civil: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza: 
Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena. 
 
 
4.2.1 Objeto jurídico 
Idem art. 241. 
4.2.2 Tipo objetivo 
Ação nuclear: trata-se de um tipo penal misto alternativo: 
a) Dar parto alheio como próprio: significa atribuir a si a maternidade de uma criança alheia, deve estar acom-
panhada pelo aparecimento da criança. 
b) Registrar como seu o filho de outrem: é denominada adoção à brasileira. Consiste no ato de registrar como 
próprio filho de outrem, evitando-se o procedimento legal de adoção. 
c) Ocultar recém-nascido, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: há o nascimento da crian-
ça, mas ela é ocultada ao público (não escondida). 
 
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19 Dos crimes contra o estado de filiação 
Lembrando: recém nascido é aquele até a queda do cordão umbilical (teoria majoritária). 
Exemplo comum: após nascimento, mãe morre no parto, então a criança não é registrada e não se habilita no 
inventário como herdeira. 
d) Substituir recém-nascido,suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: há troca material dos 
recém-nascidos, a qual provoca a alteração no estado civil dos infantes, que passam a fazer parte de família diversa 
da sua (o outro neonato passa a exercer os direitos daquele que deveria fazer parte da família). 
4.2.3 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: distinguiremos por figuras criminosas (cf. item 4.2.2): 
a) Crime próprio, pois somente a mulher pode dar parto alheio como próprio (admite concurso); 
b) Crime comum; 
c) Crime comum; 
d) Crime comum; 
 Sujeito passivo: também distinguiremos por figuras criminosas (cf. item 4.2.2): 
a) O Estado e a pessoa prejudicada pela perda de direito que não teria se não fosse a existência desse filho 
(herdeiros do sujeito ativo); 
b) O Estado e os indivíduos lesados com o registro; 
c) O Estado e o recém-nascido; 
d) O Estado e o recém-nascido. 
4.2.4 Tipo subjetivo 
Pune-se somente o dolo, e em alguns casos (figura criminosa tipo c e d), é necessário a finalidade específica do 
tipo. 
4.2.5 Consumação e tentativa 
Exposto as modalidades criminosas (cf. item 4.2.2) prevista no tipo, distinguiremos da seguinte forma: 
a) Consuma-se no momento em que é criada uma situação que importe alteração do estado civil do recém-
nascido, é possível a tentativa. 
b) Consuma-se no momento da inscrição no registro civil, admite tentativa. 
c) Consuma-se com a ocultação e sua consequência de supressão do estado civil do neonato, admite-se a ten-
tativa se a ocultação não lograr êxito. 
d) Se dá nos moldes do item c. 
4.2.6 Formas 
Simples: caput. 
Privilegiada / perdão judicial: somente no caso de motivo nobre. É aquele que denota altruísmo, generosida-
de do agente, mesmo que bem cuidada a criança, a agente pode responder pelo crime, haja vista que isso é um 
dever legal de cuidado. 
Se o agente pensar em si, na maioria absoluta das vezes não será motivo nobre. 
4.3 Sonegação de estado de filiação (art. 243) 
Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência, filho próprio ou alheio, ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-
lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
4.3.1 Objeto jurídico 
Idem art. 241. 
4.3.2 Tipo objetivo 
Ação nuclear: verbo deixar, que é abandonar, largar, desamparar, ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe 
outra. 
Assim, se o agente não ocultar ou não atribuir outra filiação, não praticará o crime em tela, mas poderá confi-
gurar outro crime (art. 133 e 134 – abandono / exposição de incapaz). 
4.3.3 Sujeitos do tipo 
 
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20 Dos crimes contra o estado de filiação 
Sujeito ativo: somente os pais do infante podem praticar (crime próprio) no caso de filho próprio e nas demais 
situações será crime comum. 
Sujeito passivo: é o Estado e o menor que é lesado. 
4.3.4 Tipo subjetivo 
É o dolo, exige-se o elemento subjetivo do tipo, que é o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil do 
menor. 
4.3.5 Consumação 
Trata-se de crime material, basta o abandono no local específico somado da ocultação / atribuição de outra fi-
liação. 
4.3.6 Tentativa 
Trata-se de crime material, portanto é possível. 
4.4 Dos crimes contra a assistência familiar (art. 244) 
4.4.1 Abandono material 
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, 
ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de 
pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemen-
te enfermo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País. 
Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono injustifi-
cado de emprego ou função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada. 
4.4.2 Objeto jurídico 
Os delitos previstos neste Capítulo atentam contra o organismo familiar, em virtude de seus integrantes não 
proporcionarem a devida assistência material e moral aos demais. 
Tutela, portanto, a família, mais especificamente o amparo material devido reciprocamente por seus membros. 
4.4.3 Membros protegidos 
- Cônjuge; 
- Filho menor de 18 anos ou inapto para o trabalho; 
- Ascendente inválido ou maior de 60 anos. 
4.4.4 Tipo objetivo 
Ação nuclear: também trata-se de um tipo penal misto: 
a) Deixar de prover: é deixar de atender a subsistências das pessoas elencadas no tipo. 
Subsistência: são os meios necessários à vida, como alimentos, vestuários , habitação, medicamentos etc. 
O agente praticara não proporcionando os recursos necessários (I) ou faltando ao pagamento de pensão ali-
mentícia judicialmente acordada (II). 
b) Deixar de socorrer: cuida-se da falta de cuidados pessoais, da falta de assistência (recursos médicos). 
A falta de pagamento e a omissão de socorro devem ser sem justa causa (pai sem numerário para o próprio 
sustento). 
4.4.4.1 Forma equiparada (§ ú) 
Frustrar ou ilidir, de qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento 
de pensão alimentícia acordada. 
4.4.5 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: irá variar de acordo com cada figura criminosa praticada: 
- Contra cônjuge: sujeito ativo será obrigatoriamente o outro cônjuge. 
- Contra filho menor de 18 anos ou inapto para o trabalho: será o ascendente (pai ou mãe), se excluindo o avô, 
bisavô, no caso de pensão alimentícia, já na omissão de socorro, poderá responder. 
- Contra ascendente inválido ou maior de 60 anos: será o descendente (filho, neto, bisneto). 
 
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21 Dos crimes contra o estado de filiação 
Sujeito passivo: será o cônjuge, o filho menor de 18 anos ou inapto para o trabalho ou ascendente inválido ou 
maior de 60 anos. 
4.4.6 Tipo subjetivo 
Responderá somente a título de dolo, sendo necessário comprovar que o agente, propositadamente, possuin-
do recusou-se a realizar o pagamento. 
4.4.7 Consumação e tentativa 
Consuma-se no momento em que o agente deixa de proporcionar os recursos, por se tratar de crime omissivo 
próprio, não admite-se a tentativa. 
4.4.8 Prisão civil por falta de pagamento de alimentos 
Não se mistura com o ramo Penal, a sanção criminal é respeito da atitude criminosa do art. 244, sendo que a 
prisão civil não tem caráter punitivo. 
A prisão no cível nada importará à configuração do crime, que já se consumou. 
4.5 Entrega de filho menor a pessoa inidônea (art. 245) 
Art. 245 - Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou mate-
rialmente em perigo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. 
§ 1º - A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão, se o agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor é enviado para o exte-
rior. 
§ 2º - Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem, embora excluído o perigo moral ou material, auxilia a efetivação de ato 
destinado ao envio de menor para o exterior, com o fito de obter lucro. 
4.5.1 Objeto jurídico 
Trata-se do dever de assistência familiar, será o bem protegido por este tipo penal. 
Protege-se em si o organismo familiar. 
4.5.2 Tipo objetivo 
Ação nuclear: verbo entregar, feita a pessoa cuja companhia o agente saiba ou deva saber que o menor fica 
moral (exemplo: prostituta) ou materialmente (exemplo: alcoólatra) em perigo. 
4.5.3 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: somente os pais podem praticar esse crime, trata-se de crime próprio. 
Sujeitopassivo: é o filho menor de 18 anos de idade. 
4.5.4 Tipo subjetivo 
Punível somente a título de dolo, mas de forma anômala pune-se a culpa, haja vista a expressão ou deva saber, 
que indica que o agente desconhecia o perigo quando deveria saber (agiu sem cautela) – diferente de dolo eventu-
al. 
4.5.5 Consumação 
Trata-se de crime instantâneo, consuma-se com a entrega, sem necessidade de permanência por um período 
de tempo longo (alguns doutrinadores creem que deve ficar um tempo mínimo razoável). 
4.5.6 Tentativa 
É totalmente possível, desde que obstado da entrega à tempo. 
4.5.7 Formas 
Simples: caput. 
Qualificada: prevista no §1º que é para obter lucro ou se o menor é enviado para o exterior. 
Equiparada: prestar auxílio para envio do menor para o exterior com intuito de lucro (elemento subjetivo do 
tipo). 
 
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22 Dos crimes contra o estado de filiação 
4.6 Abandono intelectual (art. 246) 
Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
4.6.1 Objeto jurídico 
Tutela-se a intelectualidade dos filhos menores, e seu direito de receber uma instrução primária, cf. art. 229 
da CF/88, trata-se de dever dos pais proporcionar uma educação básica. 
4.6.2 Tipo objetivo 
Ação nuclear: verbo deixar de prover, isto é, não providenciar a matrícula do filho em idade na escola. 
Trata-se de crime omissivo próprio (deixar de fazer algo), essa omissão deve ser sem justa causa (elemento 
normativo do tipo). 
4.6.3 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: somente os pais, trata-se portanto de crime próprio. 
Sujeito passivo: é o filho em idade escolar, dos 7 anos 15 anos de idade. 
4.6.4 Tipo subjetivo 
Pune-se o dolo. 
4.6.5 Consumação 
Consuma-se com a ausência da matrícula na escola, ou, se matriculado para de frequentar a escola. 
4.6.6 Tentativa 
Por se tratar de crime omissivo próprio, a tentativa é inadmissível, ou deixam de fazer ou não. 
4.6.7 Formas 
4.7 Abandono intelectual (art. 247) 
Art. 247 - Permitir alguém que menor de dezoito anos, sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda ou vigilância: 
I - freqüente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou de má vida; 
II - freqüente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou participe de representação de igual natureza; 
III - resida ou trabalhe em casa de prostituição; 
IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração pública: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
4.7.1 Objeto jurídico 
Idem art. 246 (intelectualidade / educação), como forma de prevenir uma delinquência juvenil. 
4.7.2 Tipo objetivo 
Ação nuclear: verbo permitir, que nada mais é que tolerar, consentir, que menor de 18 anos sujeito ao poder 
pátrio / familiar ou confiado à sua guarda pratique algum dos incisos previsto no tipo. 
Inciso I – cassinos, casas de jogos do bicho, bordel, local onde frequenta viciados, etc; 
Inciso II – aquilo que corrompa o menor, capaz de causar a depravação moral do menor. 
Inciso III – residir ou trabalhar em casa de prostituição; 
Inciso IV – pedir esmolas ou servir mendigo. 
4.7.3 Sujeitos do tipo 
Sujeito ativo: pode ser os pais, tutor ou aquele a que se confia a guarda ou vigilância (ex: diretor do colégio). 
Sujeito passivo: o menor de 18 anos. 
4.7.4 Tipo subjetivo 
Pune-se somente o dolo, somente terá elemento subjetivo do tipo no inciso IV (para fim de). 
4.7.5 Consumação 
 
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23 Dos crimes contra a incolumidade pública 
Consuma-se no momento em que o agente, tomando conhecimento do comportamento irregular do menor, 
tolera-o ou não impede a conduta, podendo ser de forma expressa ou tácita. 
A conduta do menor deve ser ao menos habitual, a tolerância episódica é atípica. 
4.7.6 Tentativa 
Como já vimos, em se tratando de crime omissivo próprio, a tentativa é inadmissível. 
5 Dos crimes contra a incolumidade pública 
5.1 Dos crimes de perigo comum 
 
5.2 Causa de aumento geral quanto aos crimes de perigo comum – art. 258 
Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de 
metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta 
morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço. 
1ª parte: se o crime de perigo comum for doloso e resultar: 
a) lesão corporal de natureza grave: pena é aumentada da metade; 
b) morte: pena é aplicada em dobro; 
2ª parte: se o crime de perigo comum for culposo e resultar: 
a) lesão corporal (inclui-se a de natureza leve): pena é aumentada da metade; 
 b) morte: pena é de homicídio culposo aumentado de 1/3; 
Essas hipóteses são exclusivamente preterdolosos, não possui dolo quanto o resultado, se praticado com o fim 
de praticar tal ato, o agente responderá diretamente pelo resultado obtido e poderá responder em concurso for-
mal com o crime de perigo comum. 
5.3 Incêndio – art. 250 
Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: 
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. 
Aumento de pena 
§ 1º - As penas aumentam-se de um terço: 
I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio; 
II - se o incêndio é: 
a) em casa habitada ou destinada a habitação; 
b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social ou de cultura; 
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo; 
d) em estação ferroviária ou aeródromo; 
e) em estaleiro, fábrica ou oficina; 
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável; 
g) em poço petrolífico ou galeria de mineração; 
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta. 
Incêndio culposo 
§ 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de seis meses a dois anos. 
5.3.1 Objeto jurídico 
Protege a incolumidade pública, a tranquilidade da vida em sociedade, evitando que a integridade física e os 
bens das pessoas sejam expostas a risco, inclui-se o meio ambiente. 
5.3.2 Tipo objetivo 
Ação nuclear: causar incêndio, isto é, provocar combustão, de forma que exponha a perigo a incolumidade pú-
blica (coletividade). 
O patrimônio atingido pode ser próprio ou alheio, pouco importando, há de ser provado o risco concreto (risco 
efetivo) causou risco à coletividade. 
Observação: caso seja provocado incêndio afetando isoladamente apenas uma única pessoa, o agente pode 
responder por dano qualificado. 
5.3.3 Sujeitos do tipo 
 
FACULDADE DE DIREITO DE FRANCA – Luís Fernando Freitas – 2017 
 
24 Dos crimes contra a incolumidade pública 
Sujeito ativo: qualquer pessoa pode praticá-lo (crime comum); 
Sujeito passivo: é a coletividade. 
5.3.4 Tipo subjetivo 
Pune-se no caput o dolo, vontade de provocar o incêndio, abrangendo a ciência de provocar perigo comum. 
Importante, admite forma culposa. 
5.3.5 Modalidade culposa 
A pena é reduzida, se o agente der causa ao incêndio por imprudência, negligência ou imperícia. O sujeito não 
quer o resultado, mas acaba faltando com cuidado. 
Exemplo: jogar bituca de cigarro em local impróprio. 
Observação importante: não incide as majorantes do tipo, somente qualificação pelo resultado. 
5.3.6 Consumação 
Consuma-se quando o incêndio se expande e cria perigo comum. 
5.3.7 Tentativa 
É possível quando o agente não consegue atingir o objetivo de causar perigo comum seja por já ter ou não ate-
ado fogo. Exemplo: após derramar gasolina na casa é impedido de colocar fogo (o ato já deve ser suficiente para 
supor o perigo comum). 
5.3.8 Formas 
Simples: caput.

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