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DIREITO PENAL IV- Medida de Segurança e Punibilidade

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DIREITO PENAL IV
REABILITAÇÃO
1-CONCEITO
“Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação”.
A reabilitação, prevista no artigo 93 do Código Penal, tem por finalidade restituir o condenado à condição anterior à condenação, apagando a anotação de sua folha de antecedentes e suspendendo alguns efeitos extrapenais dessa condenação.
A meta principal da reabilitação, portanto, é garantir o sigilo dos registros sobre o processo e a condenação do sentenciado, bem como proporcionar a recuperação de direitos perdidos por conta dos efeitos da condenação. 
Medida jurídica (de política criminal) que garante ao condenado o sigilo sobre o seu processo e condenação, podendo também suspender determinados efeitos extrapenais específicos ordenados na sentença (art. 93 do CP). 
Segundo preleciona o professor Rogério Sanches Cunha:
A reforma da parte geral do Código Penal (1984) deu novos contornos ao instituto da reabilitação. Antes, era considerado causa extintiva da punibilidade. Depois, medida jurídica (de política criminal) que garante ao condenado o sigilo sobre o seu processo e condenação, podendo também suspender determinados efeitos extrapenais específicos ordenados na sentença (art.93 do CP) (CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: parte geral. 3ª ed. Salvador: JusPodivm. 2015, p. 511).
2-FINALIDADES
A) assegurar o sigilo da condenação;
De acordo como o artigo 202 da LEP “cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da justiça, qualquer notícia ou referência à condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou outros casos expressos em lei”. 
Ora, se a LEP já assegura o sigilo, bastando o cumprimento ou extinção da pena, qual é a utilidade da reabilitação nesse ponto? 
1ª corrente: (ROGÉRIO GRECO) Não tem mais utilidade. 
2ª corrente: (CLEBER MASSON) O sigilo garantido pelo artigo 202 da LEP é diferente do sigilo garantido com a reabilitação. O sigilo garantido com a reabilitação tem maior alcance, é mais amplo.
B) suspensão condicional dos efeitos extrapenais específicos da condenação, previstos no artigo 92 do Código Penal. 
A sentença penal condenatória pode produzir as seguintes consequências (extrapenais): 
“Art. 92: São também efeitos da condenação: 
I – a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: 
II – a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado; 
III – a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso”.
ATENÇÃO: O instituto da reabilitação presta-se para suspender tais efeitos.
O artigo 93, parágrafo único, anuncia que nas situações dos incisos I e II a reabilitação é PARCIAL, vedando a reintegração na situação anterior. Só no inciso III é que e reintegração é TOTAL.
“Art. 93 CP, parágrafo único: A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da condenação, previstos no artigo 92 desse Código, vedada reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo” 
OBS: A reabilitação impede a reincidência de crime futuro? 
A medida da reabilitação NÃO apaga a condenação. Logo, todos os seus efeitos penais permanecem, dentre eles, a reincidência.
A reabilitação não exclui a reincidência, cujos efeitos desaparecem apenas 5 anos após o cumprimento da pena. Assim, concedida a reabilitação (após 2 anos), o condenado terá direito à obtenção de certidão criminal negativa, mas a anotação referente à condenação continuará existindo para fim de pesquisa judiciária, para verificação de reincidência. 
3-REQUISITOS: artigo 94 do CP (CUMULATIVOS)
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado:  
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido;  
ATENÇÃO: Esse prazo é o mesmo, não importando se condenado primário ou reincidente.
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom comportamento público e privado;   
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida
OBS: Na hipótese de indeferimento do pleito de reabilitação, o mesmo poderá ser renovado?
Sim, nos termos do artigo 94, parágrafo único, do CP.
4-REVOGAÇÃO
“Art.95- A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa.”
OBS: Reabilitado condenado + como reincidente + pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
5-COMPETENCIA PARA CONCEDER A REABILITAÇÃO
A reabilitação só pode ser concedida pelo próprio juízo da condenação (por onde tramitou o processo de conhecimento) e não pelo Juízo das Execuções, uma vez que a reabilitação é concedida após o término da execução da pena.
“Art. 743 do CPP.  A reabilitação será requerida ao juiz da condenação, após o decurso de quatro ou oito anos, pelo menos, conforme se trate de condenado ou reincidente, contados do dia em que houver terminado a execução da pena principal ou da medida de segurança detentiva, devendo o requerente indicar as comarcas em que haja residido durante aquele tempo”
OBS: Quando indeferido do pedido, o pretenso reabilitado pode interpor qual recurso? 
Nos termos do artigo 593, II, do CPP cabe APELAÇÃO.
OBS: Da decisão que concede, caberá qual recurso? 
Cabe APELAÇÃO + RECURSO DE OFÍCIO (artigo 746 do CPP).
OBS: Reabilitação e pluralidade de condenações 
Havendo pluralidade de condenações, a reabilitação só pode ser requerida após o transcurso do período de dois anos a partir do cumprimento da última sanção penal. 
MEDIDA DE SEGURANÇA
A sanção penal comporta duas espécies: a pena (já estudado – privativa de liberdade, restritiva de direito e multa) e a medida de segurança.
1-CONCEITO
As medidas de segurança são providências de caráter preventivo, fundadas na periculosidade do agente, aplicadas pelo juiz na sentença, por prazo indeterminado (até a cessação da periculosidade), e que tem por objeto os inimputáveis e os semi-imputáveis.
2-FINALIDADE
A medida de segurança tem finalidade essencialmente PREVENTIVA, visando evitar que o agente (perigoso) volte a delinqüir.
3-PRINCÍPIOS INFORMADORES DA MEDIDA DE SEUGURANÇA
Aplicam-se a medida de segurança os princípios informadores da pena.
OBS: PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: os princípios da reserva legal e da anterioridade se aplicam à medida de segurança
OBS: PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE: o juiz ao determinar a medida de segurança não observa apenas a gravidade do fato, mas especialmente o grau de periculosidade do agente.
4-ESPÉCIES DE MEDIDA DE SEGURANÇA
4.1-DETENTIVA: consistente em internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico (artigo 96, inciso I, do CP).
Nos termos do artigo 97, caput, do Código penal, aplica-se a medida de segurança detentiva aos crimes punidos com pena de RECLUSÃO.
4.2-RESTRITIVA: sujeição a tratamento ambulatorial (artigo 96, inciso II, do CP).
Caberá, em regra, na hipótese do crime punido com DETENÇÃO. 
5-PRESSUPOSTOS DA MEDIDA DE SEGURANÇA
1-o reconhecimento da prática de fato previsto como crime;
2-periculosidade do agente (probabilidade de vir novamente a delinqüir);
OBS: Aplicação da medida de segurança para inimputável
Na hipótese de ser o réu inimputável em razão de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (art. 26, caput,do CP), o juiz determinará sua internação, caso o crime seja apenado com reclusão.
Sendo o crime apenado com detenção, o juiz poderá aplicar o tratamento ambulatorial (artigo 97 do CP), mas em qualquer fase do tratamento poderá determinar sua internação, caso a providência se mostre necessária para fins curativos (artigo 97, § 4º, do CP).
OBS: Aplicação da medida de segurança para o semi-inimputável
Na hipótese de semi-imputabilidade descritas no artigo 26, parágrafo único, do CP, o juiz, em vez de diminuir a pena privativa de liberdade de 1/3 A 2/3, pode optar por substituí-la por internação ou tratamento ambulatorial, caso fique constatado que o condenado necessita de especial tratamento (artigo 98 do CP).
6-DURAÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANÇA
Em qualquer caso, a internação ou tratamento ambulatorial, são decretados por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação da periculosidade. O juiz, entretanto, deve fixar um prazo mínimo para a elaboração da primeira perícia, que ficará entre os limites de 01 a 03 anos (artigo 97, §1º, do CP). Se não constatada a cessação de periculosidade, o condenado será mantido em tratamento, devendo ser realizada anualmente nova perícia, ou a qualquer 
tempo, quando assim determinar o juiz da execução (artigo 97, §2º, do CP).
OBS: O que fazer quando escoado o limite de internação e a periculosidade do agente ainda persistir?
7-LOCAL DE INTERNAÇÃO (medida detentiva)
O internado será recolhido a estabelecimento dotado de características hospitalares (artigo 99 do CP). Na falta de vaga, a internação pode dar-se em hospital comum ou particular, mas nunca em cadeia pública.
8-REINTERNAÇÃO DO AGENTE
O §4º do artigo 97, do Código Penal prevê que poderá o juiz, em qualquer fase do tratamento ambulatorial, determinar a internação do agente, se essa providência for necessária para fins curativos.
OBS: Inimputabilidade do menor de 18 anos
Ao menor de 18 anos não se aplica medida de segurança, sujeitando-se o menor à legislação própria (Lei 8069/90 – ECA).
9-CONVERSÃO DA PENA EM MEDIDA DE SEGURANÇA
É possível que no curso da execução da pena privativa de liberdade sobrevenha doença mental ou perturbação da saúde mental ao condenado. Nesses casos, a LEP autoriza ao Juiz, de ofício, a requerimento do MP ou da autoridade administrativa, a conversão da pena privativa de liberdade em medida de segurança.
Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença mental será internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico.
Aplicável em caso de anomalia PASSAGEIRA.
Art. 183.  Quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da autoridade administrativa, poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança.
Aplicável em caso de anomalia NÃO PASSAGEIRA.
10-EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E MEDIDA DE SEGURANÇA
Art. 96, Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta.
AÇÃO PENAL
O artigo 100 do Código Penal traça as regras básicas em torno da ação penal. Tal dispositivo declara que a ação penal pode ser pública ou privada.
1-CLASSIFICAÇÃO DA AÇÃO PENAL
1.1- AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA
A ação penal de iniciativa pública, nos termos do artigo 129, I, da CF, é de iniciativa exclusiva do Ministério Público (órgão do Estado, composto por Promotores e Procuradores de Justiça no âmbito estadual e por Procuradores da República no federal). Na ação penal pública, dentre outros, vigora o Princípio da Obrigatoriedade, ou seja, havendo indícios suficientes de autoria e prova da materialidade, surge para o Ministério Público o dever de propor a ação penal.
A peça processual que dá início à ação penal pública é a denúncia.
A ação penal de iniciativa pública pode ser: 
a) AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA 
É a regra no Direito Penal. O oferecimento da denúncia independe de qualquer condição específica. No silêncio da lei, o crime será de ação penal pública incondicionada (artigo 100, caput, do CP). Além disso, o artigo 24, §2º, do CPP dispõe que a ação também será pública, qualquer que seja o crime, quando praticada em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado ou Município.
b) AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 
Quando o oferecimento da denúncia depende do implemento de condição específica de procedibilidade. A ação pública pode ser condicionada à representação a vítima ou de seu representante legal ou à requisição do Ministro da Justiça (exemplo: crimes contra a honra do Presidente da república). 
A titularidade da ação continua a ser do Ministério Público, mas este somente poderá oferecer a denúncia se estiver presente a representação ou a requisição que constituem, em verdade, autorização para o início da ação. Em face disso, representação e requisição, tem natureza jurídica de condição específica objetiva de procedibilidade. Veja-se, entretanto, que a existência da representação ou requisição não vinculam o Ministério Público, que goza de independência funcional e, assim, poderá deixar de oferecer a denúncia, promovendo o arquivamento do Inquérito Policial.
OBS: REPRESENTAÇÃO
1-CONCEITO
É a manifestação de ofendido ou de seu representante legal no sentido de que possui interesse na persecução penal do agente da infração penal.
2-NATUREZA JURÍDICA
Trata-se de condição especifica objetiva de procedibilidade.
3-A QUEM É DIRIGIDA A REPRESENTAÇÃO (artigo 39 do CPP). 
A representação dever ser oferecida perante a Autoridade Policial, o Ministério Público ou o Juiz, pelo ofendido ou por procurador com poderes especiais. A única exigência no que se refere à forma da representação, é que seja ESCRITA (se for oral, que seja reduzida a termo). Segundo o STF não há necessidade de formalismo.
4-LEGITIMIDADE PARA OFERECER A REPRESENTAÇÃO|QUEIXA
a) Vítima com 18 anos de idade: vítima.
b) Vítima menor de 18 anos de idade: representante legal (qualquer pessoa que de alguma forma for responsável por esse menor Ex: avó, tio. 
c) Vítima menor de 18 anos de idade, mentalmente enfermo ou retardado mental, que não tenha representante legal ou havendo colisão de interesses: curador especial (artigo 33 do CPP). Todavia, o curador não é obrigado a oferecer a representação|queixa .
d) Vítima com 17 anos de idade casada: nomeia-se o curador especial ou aguarda-se que ela complete 18 anos de idade para oferecer a representação|queixa.
e) Morte da vítima: haverá a sucessão processual (artigo 31 do CPP). 
5-PRAZO
Trata-se de prazo decadencial de 06 meses, a contar do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, nos termos do artigo 38 do CPP. É um prazo penal.
6-RETRATAÇÃO
A representação é retratável até o OFERECIMENTO da denúncia. A representação será irretratável depois de oferecida a denúncia (artigo 102 do CP e 25 do CPP). Assim, antes desse momento, a vítima pode oferecer a representação e se retratar, bem como oferecê-la novamente, desde que dentro do prazo decadencial (06 meses – a contar do dia em que vier a saber quem é o autor do crime – artigo 38 do CPP).
7-EFICÁCIA OBJETIVA
Feita a representação contra apenas um sujeito, o Ministério Público está autorizado a agir contra TODOS, em observância ao princípio da indivisibilidade (STJ-HC57200).
OBS: REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA
1-CABIMENTO
Há hipóteses em que a lei brasileira exige, para o início da ação penal, manifestação formal do Ministro da Justiça, que ocorre em alguns casos:
a) nos crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (artigo 7º, §3º, b, CP);
b) nos crimes contra a honra praticados contra Chefe de Governo estrangeiro (artigo 141, I, c|c o parágrafo único do artigo 145, ambos do CP).
c) nos crimes contra a honra praticados contra o Presidente da República (artigo 141, I,c|c o parágrafo único do artigo 145, ambos do CP).
2-NATUREZA JURÍDICA
Trata-se de condição especifica objetiva de procedibilidade.
3-PRAZO
Não se submete a prazo decadencial, razão pela qual pode ser feita a qualquer tempo, respeitado o prazo prescricional.
4-EFICÁCIA OBJETIVA
Feita a requisição contra apenas um sujeito, o Ministério Público está autorizado a agir contra TODOS, em observância ao princípio da indivisibilidade.
OBS: Para se saber quando um crime é de ação pública condicionada basta verificar o tipo penal, pois a lei explicitamente menciona as expressões “somente se procede mediante representação” ou “somente se procede mediante requisição do Ministro da Justiça”
1.2- AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA
A ação penal privada é de iniciativa do ofendido ou, quando menor ou incapaz, de seu representante legal. O legislador, atento ao fato de que determinados ilícitos atingem a intimidade das vítimas, deixa a critério destas o início da ação penal. Na ação privada, portanto, vigora o Princípio da Oportunidade ou Conveniência, ou seja, ainda que existam provas cabais de autoria e materialidade, pode a vítima optar por não ingressar com a ação penal, para evitar que aspectos de sua intimidade venham à tona em juízo.
A peça inicial da ação privada é a queixa-crime.
A ação penal de iniciativa privada, por sua vez, subdivide-se em:
a) AÇÃO PENAL EXCLUSIVAMENTE PRIVADA (art. 100, § 2º, do CP) 
A iniciativa incumbe à vítima ou a seu representante legal.
Em caso de morte do ofendido antes do início da ação, esta poderá ser intentada, dentro do prazo decadencial de 06 meses, por seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (artigo 100, §4º, do CP e artigo 31 do CPP). É POSSÍVEL A SUCESSÃO PROCESSUAL. Se a morte, entretanto, ocorre após o início da ação penal, poderá também haver tal substituição, mas dentro do prazo de 60 dias, fixado no artigo 60, II, do CPP.
Nos crimes de ação penal exclusivamente privada, o legislador, na própria Parte Especial do Código Penal, expressamente declara que na apuração de tal infração “somente se procede mediante queixa”.
b) AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA
A ação só pode ser intentada pela vítima e, em caso de falecimento antes ou depois do início da ação, não poderá haver substituição para a sua propositura ou prosseguimento. NÃO É POSSÍVEL A SUCESSÃO PROCESSUAL. A morte do ofendido extingue a punibilidade. 
É o caso, por exemplo, do crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento para casamento, em que o artigo 236, parágrafo único, estabelece que a ação penal só pode ser iniciada por queixa do contraente enganado. Dessa forma, a morte do ofendido implica extinção da punibilidade dos autores do crime, uma vez que não será possível a substituição do pólo ativo.
c) AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA (art. 100, §3º, do CP)
Só é cabível em virtude da inércia do Ministério Público.
O Ministério Público, ao receber o Inquérito Policial que apura crime de ação pública (condicionada ou incondicionada), possui prazo de 05 dias para oferecer denúncia, se o indiciado está preso, e de 15 dias, se está solto. Findo esse prazo, sem que o Ministério Público tenha-se manifestado, surge para o ofendido o direito de oferecer queixa subsidiária em substituição à denúncia não apresentada pelo titular da ação. O direito de apresentar essa queixa subsidiária inicia-se com o término do prazo do Ministério Público e estende-se pelos 06 meses seguintes. 
OBS: Essa espécie de ação só é possível quando o Ministério Público não se manifesta dentro do prazo. Assim, se o Promotor de Justiça promove o arquivamento do feito ou determina o retorno do Inquérito Policial à Delegacia de Polícia para novas diligências, não cabe a queixa subsidiária.
A própria Constituição Federal, em seu artigo 5º, LIX, dispõe que será “admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal”.
OBSERVAÇÕES:
•Conforme mencionado, para saber se um delito se apura mediante uma ou outra espécie de ação, basta analisar o próprio dispositivo que descreve a infração penal.
Exemplos: o art. 121 do CP descreve o crime de homicídio e nada menciona acerca do tipo de ação (crime de ação penal incondicionada); o art. 147 do CP descreve o crime de ameaça e, seu parágrafo único, estabelece que somente se procede mediante representação (ação penal pública condicionada); o art. 236 do CP descreve o crime e, em seu parágrafo único, reza que somente se procede mediante queixa do contraente enganado (ação penal privada personalíssima).
•Alguns crimes da Parte Especial, a lei não menciona a espécie de ação penal (passando a impressão de que o crime é de ação pública incondicionada), mas, no final do capítulo, em um dispositivo específico, traz regras para regulamentar a espécie de ação de todos os crimes nele contidos. 
Exemplos: nos crimes de calúnia, difamação e injúria (artigos 138 a 140, CP), a lei nada menciona a respeito da ação penal, mas o artigo 145 há várias regras regulamentando o tema (ação penal privada como regra, seguida de várias exceções em que a ação é pública); no crime de estupro (art. 213 do CP), a lei nada menciona acerca do tipo de ação, mas, no artigo 225 (já no capítulo das disposições gerais), constam vários dispositivos a respeito do tema, sendo que, de regra, o estupro se apura mediante ação penal pública condicionada. 
2-AÇÃO PENAL NOS CRIMES COMPLEXOS (artigo 101 do CP)
Crime complexo é aquele cujo tipo é constituído pela fusão de dois ou mais tipos penais ou aquele em que um tipo penal funciona como qualificadora de outro. Ex. o crime de roubo é um crime complexo, uma vez que surge da fusão dos crimes de furto e ameaça; o crime de latrocínio é delito complexo, pois se caracteriza pelo fato de uma morte (homicídio) funcionar como qualificadora do roubo.
Assim, pode ocorrer de um dos crimes componentes da unidade complexa ser de ação pública e outro de ação privada. Nesse caso, conforme dispõe o art. 101 CP, o crime complexo será de ação pública.
Exemplo: Injúria real (art. 140, §2º, do CP): se com a prática da injúria real a vítima sofre lesões, ainda que leves, esse crime será apurado mediante ação pública.
PUNIBILIDADE
1-CONCEITO
Com a prática da infração penal, surge para o Estado o direito de punir o agente, ou seja, a punibilidade, que nada mais é do que a possibilidade jurídica de o Estado impor a sanção ao autor do delito.
A punibilidade não integra o conceito analítico de crime, sendo sua conseqüência jurídica (efeito do crime). Extinta a punibilidade, não desaparece o crime, somente seu efeito.
O legislador, entretanto, estabelece uma série de causas subseqüentes que extinguem essa punibilidade, impossibilitando, pois, a imposição da pena. 
O artigo 107 do Código Penal traz hipóteses de extinção da punibilidade, sendo que o rol descrito no mencionado dispositivo é EXEMPLIFICATIVO.
2-CAUSAS EXTINTIVAS DA PUNIBILIDADE
a) Parte Geral do Código Penal: artigo 107.
b) Parte Especial do Código Penal: artigo 312, §3º (peculato culposo).
c) Legislação penal extravagante: transação penal e a suspensão condicional do processo cumpridos (Lei nº 9.099|1995) e crimes contra ordem tributária.
d) Constituição Federal: imunidade parlamentar absoluta (artigo 53) para alguns doutrinadores.
OBS: STF: exclui a tipicidade.
e) Supralegal: Súmula nº 554 do STF (interpretada a contrario sensus).
“O PAGAMENTO DE CHEQUE EMITIDO SEM PROVISÃO DE FUNDOS, APÓS O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA, NÃO OBSTA AO PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO PENAL”.
3-ANÁLISE DO ARTIGO 107 DO CÓDIGO PENAL
3.1-MORTE DO AGENTE (inciso I)
Abrange o autor do crime em qualquer momento da persecução penal: investigado, indiciado, réu, recorrente ou recorrido e reeducando. Extingue a punibilidade a qualquer tempo.
Tem como fundamento o Princípio da Personalidade ou Pessoalidade da Pena (artigo 5º, XLV, da CF).
A morte do agente extingue TODOSos efeitos PENAIS de eventual condenação (principais e secundários). Todavia, os efeitos extrapenais permanecem. A sentença pode servir como título executivo judicial.
Ademais, trata-se de causa personalíssima, incomunicável aos concorrentes.
Nos termos do artigo 62 do Código de Processo Penal comprova-se a morte através da certidão de óbito original, depois de ouvido o Ministério Público. È uma exceção ao princípio da liberdade de provas (é uma prova tarifada).
OBS: E no caso dos presumidamente mortos?
A doutrina moderna admite a sentença que presume a morte para gerar a extinção da punibilidade.
OBS: Extinção da punibilidade fundada em certidão de óbito FALSA. Qual será a conseqüência?
STF e Mirabete: a certidão de óbito atestou uma morte inexistente. Tal fato inexistente fundamentou a sentença. Logo, sentença baseada em fato inexistente será inexistente e seus efeitos não sofrem qualidade de coisa julgada material. Portanto, além de responder pelo uso de documento falso, irá reabrir o processo anterior em que houve a extinção da punibilidade.
OBS: A morte do condenado impede a Revisão Criminal?
NÃO. É possível a revisão criminal mesmo diante da morte do condenado, pois pode-se ter reflexos civis. 
OBS: A morte do condenado impede a Reabilitação? SIM.
OBS: A morte da VÍTIMA extingue a punibilidade?
Em regra não, todavia, tratando-se de ação penal de iniciativa privada personalíssima haverá a extinção da punibilidade (artigo 236 do Código Penal).
3.2- ANISTIA, GRAÇA e INDULTO (inciso II)
São espécies de renúncia estatal ao direito de punir.
1-ANISTIA
a) CONCEITO
É uma espécie de ato legislativo federal, ou seja, lei penal, devidamente discutida no Congresso Nacional pelo Poder Executivo, através do qual o Estado em razão de clemência política, social etc, esquece o fato criminoso, apagando seus efeitos penais.
Trata-se de uma lei penal anômala (não incriminadora).
b) CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
1-PRÓPRIA ou PROPRIAMENTE DITA
Quando concedida ANTES da condenação.
2-IMPRÓPRIA ou IMPROPRIAMENTE DITA
Quando concedida APÓS a condenação.
3-RESTRITA
Exige condições PESSOAIS do agente. Ex: primário
4-IRRESTRITA
Não exige condições pessoais do agente (atinge a todos indistintamente).
5- CONDICIONADA
Exige o preenchimento de certos requisitos. Ex: reparação do dano.
6-INCONDICIONADA
Não exige qualquer requisito para sua concessão.
7-COMUM
Incide sobre delitos comuns.
8-ESPECIAL
Incide sobre os delitos políticos.
OBS: Pode uma nova lei revogar a lei anterior que concedeu a anistia?
NÃO, pois seria uma retroatividade maléfica. Uma vez concedida, não pode a anistia ser revogada, porque a lei posterior prejudicaria os anistiados, em clara violação do princípio constitucional de que a lei não pode retroagir para prejudicar o acusado.
2- GRAÇA e INDULTO
a) CONCEITO 
Tratam-se de institutos extintivos da punibilidade concedidos ou delegados pelo Presidente da República, via Decreto Presidencial (artigo 84, XII, da CF - ato administrativo) atingindo apenas os efeitos executórios penais da condenação, subsistindo o crime e seus efeitos secundários (penais e extrapenais).
Só atinge o cumprimento da pena, permanecendo os demais efeitos secundários (reincidência, maus antecedentes etc).
b) CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
1-PLENOS
Quando extinguem totalmente a pena.
2-PARCIAIS
Quando apenas diminuem ou substituem a pena.
3-INCONDICIONADOS
Quando não impõem qualquer condição.
4-CONDICIONADOS
Quando impõem condição para sua concessão. Ex: primariedade, reparação do dano etc.
c) DIFERENÇAS
A Graça (Indulto individual) é um benefício individual, com destinatário certo, ao passo que o Indulto (Indulto coletivo) é um benefício coletivo, sem destinatário certo. A Graça depende de provocação do interessado, ao passo que o Indulto não depende de provocação do interessado.
OBS: Anistia, Graça e Indulto e crimes hediondos e equiparados: artigo 5º, XLIII, da CF x Lei nº 8.072|1990, artigo 2º.
3.3- RETROATIVIDADE DE LEI QUE NÃO MAIS CONSIDERA O FATO COMO CRIMINOSO-ABOLITIO CRIMINIS (inciso III)
Artigo 2º do Código Penal: “Ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”.
Trata-se da hipótese de supressão da figura criminosa. Ex: adultério (240), sedução (217), rapto consensual (220) (Lei nº 11.106|2005, artigo 5º).
Quanto à natureza jurídica da abolitio criminis há duas correntes:
1ª corrente: CAUSA EXTINTIVA DA PUNIBILIDADE (artigo 107, inciso III, do CP.)
2ª corrente: CAUSA DE EXCLUSÃO DA TIPICIDADE
OBS: PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO TÍPICA.
Há uma migração do conteúdo criminoso para outro tipo ou para outra lei. A intenção do legislador é manter o caráter criminoso do fato.
3.4-RENÚNCIA DO DIREITO DE QUEIXA OU PELO PERDÃO ACEITO, NOS CRIMES DE AÇÃO PRIVADA (inciso V)
1-RENUNCIA AO DIREITO DE AGIR
Trata-se de ato unilateral do ofendido ou seu representante legal, abrindo mão do direito de promover a ação penal privada, extinguindo o direito de punir do Estado.
É cabível em regra em ação penal privada. Excepcionalmente, admite-se na ação penal publica condicionada á representação, desde que o crime seja de menor potencial ofensivo, nos termos do artigo 74 da Lei nº 9.099|1995.
A renúncia é sempre pré-processual, ou seja, ocorre antes do oferecimento da denúncia ou queixa, podendo ser expressa (artigo 50 do CPP) ou tácita (artigo 104, parágrafo único do CP). Expressa: declaração escrita assinada pelo ofendido ou por seu representante legal ou, ainda, por procurador com poderes especiais (CPP, art. 50); tácita: prática de ato incompatível com a vontade de dar início à ação penal privada (ex: casamento do autor do crime com a vítima).
OBS: Recebimento de indenização: o recebimento da indenização pelo dano resultante do crime não caracteriza renúncia tácita (CP, art. 104, parágrafo único). No caso, porém, da Lei nº 9099/95 (Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais), “tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação pública condicionada à representação, o acordo entre ofensor e ofendido, homologado, acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação” (art. 74, parágrafo único, Lei 9099/95). Esse acordo é a composição civil dos danos, consistente na aceitação pelo ofendido da indenização pelo dano resultante da infração. Assim, nas infrações penais de iniciativa privada e pública condicionada à representação, de competência dos Juizados Especiais, o recebimento da indenização extingue a punibilidade do agente. Nos demais casos, não. 
OBS: Queixa oferecida contra um dos ofensores: a queixa deve ser oferecida contra todos os autores do crime, em face do princípio da indivisibilidade da ação penal privada. O querelante, assim, tem duas opções: ou processa todos ou não processa ninguém, sendo inaceitável que escolha algum ou alguns para processar. Se oferecer a queixa contra um dos ofensores, significa renúncia tácita com relação aos demais. Assim, e face da indivisibilidade da ação penal, essa renúncia atinge a todos.
Por outro lado, havendo duas vítimas, a renúncia por parte de uma não atinge o direito de a outra oferecer queixa.
OBS: Morte do ofendido: no caso de morte do ofendido, o direito de promover a queixa-crime passa a seu cônjuge, descendente, ascendente ou irmão, sendo que a renúncia de um não impede os demais de dar início à ação (artigo 31 do CPP).
2- PERDÃO (ACEITO) DO OFENDIDO (artigos 105 e 106, ambos do Código Penal)
É um ato através do qual a vítima ou seu representante legal desiste do prosseguimento da ação penal privada, desculpando o ofensor pela prática da infração penal. O perdão só é cabível após o início da ação penal e desde que não tenha havido trânsito em julgado da sentença condenatória. O perdão é instituto exclusivo da ação penal de iniciativa privada.Trata-se de ato bilateral, pois apenas gera a extinção da punibilidade se for aceito pelo ofendido (o próprio art. 107, V, diz que se extingue a punibilidade pelo perdão aceito).
O perdão pode ser processual ou extraprocessual. Será processual quando concedido no bojo dos autos. O perdão será extraprocessual, quando concedido fora dos autos, por exemplo no cartório.
O perdão pode ser expresso ou tácito. Expresso quando concedido através de declaração assinada pela vítima ou por procurador com poderes especiais. Tácito quando a vítima praticar ato incompatível com a intenção de prosseguir na ação. 
OBS: A recusa dever ser expressa. Não admite a forma tácita, pois o silêncio implica a aceitação. 
3.5-RETRATAÇÃO DO AGENTE, NOS CASOS EM QUE A LEI A ADMITE
1-CONCEITO
Retrata-se não significa, simplesmente, negar ou confessar o fato. É mais, é retirar totalmente o que disse trazendo a verdade novamente à tona. 
Retratação, na definição de Guilherme de Souza Nucci, “é o ato pelo qual o agente reconhece o erro que cometeu e o denuncia a autoridade, retirando o que anteriormente havia dito”.
2-HIPÓTESES DE RETRATAÇÃO EXTINTIVA DA PUNIBILIDADE
a) nos crimes de calúnia e difamação (Art. 138 e 139, ambos do CP): dispõe o art. 143 do CP: “O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena”. 
Assim, o art. 143 trata-se de uma causa de extinção da punibilidade.
Aqui, trata-se de uma circunstância subjetiva, logo incomunicável aos coautores e partícipes.
b) no crime de falso testemunho ou falsa perícia (art. 342 do CP): dispõe o §2º, do art. 342 do CP: “O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade”. 
Neste caso, por questão de Política Criminal, em busca da verdade real e no interesse da administração da justiça, o legislador criou uma escusa para evitar a punibilidade de um crime já aperfeiçoado. Portanto, apesar de consumado o falso no momento em que o depoimento da testemunha é concluído, pode o agente, retratando-se (desdizendo-se) apresentar a verdade. Em face disso, não mais se pune o crime cometido, trata-se, outrossim, conforme assevera o art. 107, VI, causa extintiva de punibilidade.
Aqui, trata-se de uma circunstância objetiva, logo comunicável aos coautores e partícipes.
OBS: O momento para a retratação extinguir a punibilidade é até a sentença de 1º grau. Ademais, trata-se de ato unilateral, dispensando a concordância do ofendido.
3.6-PERDÃO JUDICIAL, NOS CASOS PREVISTOS EM LEI (inciso IX)
1-CONCEITO
É um instituto pelo qual o juiz deixa de aplicar a sanção penal ao agente, nas hipóteses taxativamente previstas em lei, em face de justificadas circunstâncias excepcionais.
Distinção: o perdão judicial distingue-se do perdão do ofendido, uma vez que, neste, é o ofendido quem perdoa, desistindo da ação penal exclusivamente privada. No perdão judicial, é o juiz quem deixa de aplicar a pena, independente da natureza da ação, nos casos permitidos por lei. O perdão do ofendido, conforme estudado, depende da aceitação do querelado para surtir efeitos, enquanto o perdão judicial independe da vontade do réu (ATO UNILATERAL). 
2-ALGUMAS HIPÓTESES LEGAIS
a) A redação do §5º do art. 121, CP, prescreve que há a extinção da punibilidade (o juiz deixará de aplicar a pena) quando as conseqüências do homicídio culposo atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
Exemplo: o agente, estando em alta velocidade (homicídio culposo), provoca um acidente, no qual morrem sua esposa e seu filho. Neste caso, considerando as conseqüências do homicídio culposo (perda da família) torna-se desnecessário a aplicação de qualquer medida penal. 
b) artigos 129,§8º; 140, §1º, I e II; 176, parágrafo único; 242, parágrafo único; 249, §2º, todos do CP;
c) artigo 8º do Decreto-Lei nº 3.688|1941.
3-NATUREZA JURÍDICA DA SENTENÇA CONCESSIVA DO PERDÃO JUDICIAL
1ª corrente: sentença CONDENATÓRIA
O juiz deve primeiro declarar a procedência da ação para depois perdoar, livrando o réu de alguns efeitos
2ª corrente: sentença DECLARATÓRIA DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
O Superior Tribunal de Justiça, por intermédio da súmula nº 18, posicionou-se nesse sentido: “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”.
OBS: O perdão judicial, segundo entendimento majoritário, é um direito do réu. Segundo Damásio de Jesus “se presentes as circunstâncias exigidas pelo tipo, o juiz não pode, segundo puro arbítrio, deixar de aplicá-lo. Satisfeitos os pressupostos exigidos pela norma, está o juiz obrigado a deixar de aplicar a pena”.
3.7-PRESCRIÇÃO, DECADÊNCIA OU PEREMPÇÃO
3.7.1-DECADÊNCIA
A) CONCEITO
Consiste na perda do direito de ação pela consumação do termo prefixado pela lei para o oferecimento da queixa (nas ações penais de iniciativa privada) ou representação (nas ações penais públicas condicionadas), demonstrando, claramente, a inércia de seu titular. [2: CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: parte geral. 4ª ed. Salvador: JusPodivm. 2016, p. 316.]
B) EFEITO
A decadência está elencada como causa de extinção da punibilidade, mas, na verdade, o que ela extingue é o direito de dar início à persecução penal em juízo. O ofendido perde o direito de promover a ação e provocar a prestação jurisdicional, e o Estado não tem como satisfazer seu direito de punir.
C) PRAZO DECADENCIAL 
O ofendido, ou seu representante legal, decairá do direito de queixa ou representação se não o exercer dentro do prazo de 06 meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime (artigos 38 do CPP e 103 do CP).
No caso de ação penal privada subsidiária da pública (art. 5º, LIX, da CF, art. 100, § 3º, do CP e art. 29 do CPP), que é aquela proposta pelo ofendido, quando o MP deixa de oferecer a ação penal pública no prazo legal, os 06 meses começam a contar a partir do dia em que se esgota o prazo para o oferecimento da denúncia. 
O prazo decadencial cessa na data do oferecimento da queixa e não na data de seu recebimento. Da mesma forma, a entrega da representação em cartório impede a consumação da decadência. 
Conta-se o prazo de acordo com a regra do artigo 10 do CP, incluindo-se o dia do começo, não se prorrogando em face de domingos, férias e feriados, uma vez que se trata de prazo de natureza penal que leva à extinção do direito de punir.
OBS: O curso do prazo decadencial não se interrompe e não se suspende. Por isso, a instauração do Inquérito Policial (nos crimes de ação privada) e o pedido de explicações nos crimes contra a honra (art. 144 do CP) não obstam a sua fluência.
OBS: Nos crimes de ação pública condicionada à representação o Inquérito Policial somente pode ser instaurado se existir previamente a representação (art.5º, §4º, CPP).
D) TITULARIDADE DO DIREITO DE QUEIXA OU DE REPRESENTAÇÃO
a) ofendido menor de 18 anos: pertence ao seu representante legal. Caso a vítima seja maior de 18 anos, mas seja também doente mental, o direito passará aos representantes legais. 
b) ofendido maior de 18 anos: somente ele pode exercer o direito de queixa ou de representação, pois, sendo maior e plenamente capaz, não há que falar em representante legal.
OBS: Se o menor, por exemplo, é vítima de um crime aos 14 anos e conta a seu pai quem foi o autor da infração, o prazo se escoa totalmente para o representante legal, devendo ser decretada a extinção da punibilidade após o decurso de 06 meses sem que o pai tenha oferecido representação. Assim, quando o menor completar 18 anos não pode cogitar em oferecê-la. Por outro lado, se o menor sabe quem é o autor do crime desde os 14 anos de idade e não informa seu representante legal a esse respeito, fica claro que o prazo não fluiu em relação a este (representante legal) e, assim, quando a vítima completar a maioridade,o prazo começará a correr para ela. Transcorridos 06 meses, cessa o prazo para o exercício do direito de representação por parte da vítima, restando extinta a punibilidade do agente, ainda que, posteriormente, o filho conte ao pai quem foi o autor do crime. 
Havendo duas ou mais vítimas, se apenas uma delas representar, somente em relação a ela a denúncia poderá ser oferecida. 
3.7.2-PEREMPÇÃO
A) CONCEITO
Trata-se de uma sanção processual pela inércia do querelante na ação penal privada, impedindo-o de prosseguir na demanda. Perempção origina-se de perimir, que significa matar, destruir. 
A perempção é instituto aplicável apenas na ação penal privada exclusiva ou personalíssima, e não na subsidiária da pública (pois a inércia do querelante implica na retomada da titularidade da ação por parte do Ministério Público).
B) HIPÓTESES
Há quatro hipóteses de perempção (artigo 60 do CPP):
1º) iniciada a ação, o querelante deixa de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos. 
Ex. deixa de pagar despesas do processo; retira os autos por mais de 30 dias sem devolver; não oferece alegações finais. Para considerar perempta a ação nesse caso, deve o juiz verificar, com cautela, o seguinte: a) se o querelante foi intimado, pessoalmente, a dar prosseguimento; b) se o motivo da paralisação não constitui força maior; c) se a desídia foi do querelante e não de serventuário da justiça ou do próprio querelado.
2º) falecendo o querelante, ou ficando incapaz, não comparecem em juízo, para prosseguir no processo, dentro de 60 dias, seus sucessores, nessa ordem: cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 36, do CPP).
3º) o querelante deixa de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente ou não formula pedido de condenação nas alegações finais. 
Acaso o querelante e seu defensor faltar a uma audiência, por exemplo, sem justificativa, pode ocorrer a perempção. Quanto ao comparecimento em audiência de conciliação nos crimes contra a honra, entende a maioria da doutrina não ser obrigatório estar presente.
4º) quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extingue sem deixar sucessor.
Seja qual for a hipótese de perempção, a conseqüência é a extinção da punibilidade, ficando vedada a interposição de nova ação por aquele fato.
OBS: O doutrinador Julio F. Mirabete destaca que a perempção, como perda do direito de prosseguir na ação penal de iniciativa privada, é “uma sanção jurídica, imposta ao querelante por sua inércia, negligência ou contumácia. Não pode ocorrer, portanto, antes de proposta a queixa”.
OBS: Havendo pluralidade de querelantes, a sanção processual em relação ao desidioso não atinge os demais.
3.7.3-PRESCRIÇÃO
A) CONCEITO
É a perda, em face do decurso do tempo, do direito de o Estado punir (prescrição da pretensão punitiva) ou de executar uma punição já imposta (prescrição da pretensão executória).
Por mais grave que seja o crime, em regra, prescreve. Exceções:
1-RACISMO (artigo 5º XLII, da CF);
2-AÇÃO DE GRUPOS ARMADOS, CIVIS OU MILITARES, CONTRA A ORDEM CONSTITUCIONAL E O ESTADO DEMOCRÁTICO (artigo 5º, XLIV, da CF).
OBS: Prevalece que a tortura não é imprescritível.
B) FUNDAMENTO
O fundamento da prescrição pode assim ser resumido: o tempo faz desaparecer o interesse social de punir.
C) ESPÉCIES
1-PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA
Ocorre antes do transito em julgado da condenação. Faz desaparecer todos os efeitos de eventual condenação provisória.
Possui quatro espécies:
1.1- PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PROPRIAMENTE DITA OU EM ABSTRATO 
A) FUNDAMENTO LEGAL: artigo 109 do CP.
Tendo o Estado a tarefa de buscar a punição do agente, deve dizer quando essa punição já não mais o interessa. Eis a finalidade do artigo 109 do CP, que considera a pena máxima em abstrato prevista para o crime.
A prescrição da pretensão punitiva deve ser verificada de acordo com o máximo da pena privativa de liberdade prevista em abstrato para a infração penal, de acordo com as seguintes regras do art. 109 do Código Penal:
PENA MÁXIMA		PRAZO PRESCRIONAL
a) inferior a 1 ano		3 anos (mudança recente lei 12.234/2010)
b) de 1 a 2 anos		4 anos
c) de 2 a 4 anos		8 anos
d) de 4 a 8 anos		12 anos
e) de 8 a 12 anos		16 anos
f) superior a 12 anos	20 anos
Assim, se a ação penal não for iniciada dentro do prazo fixado, será reconhecida a prescrição. 
Ex: o crime de desacato é punido com detenção, de 06 meses a 02 anos. Como a pena máxima é de 02 anos, a prescrição ocorre em 04 anos. Dessa forma, se não tiver ocorrido o recebimento da denúncia dentro desse prazo, deverá ser declarada a prescrição.
Observações:
a) o reconhecimento de agravantes ou atenuantes genéricas descritas nos artigos 61, 62 e 65 do CP não altera esses prazos, uma vez que não podem elas fazer a pena ultrapassar o máximo previsto em abstrato.
b) o artigo 115 do CP estabelece que, sendo o réu menor de 21 anos na data do fato ou maior de 70 anos por ocasião da sentença, o prazo prescricional será reduzido pela metade. São, portanto, duas atenuantes genéricas (art. 65, I) que alteram o lapso prescricional, portanto, exceção ao item “a”.
c) as causas de aumento e de diminuição de pena, que alteram esta em patamares fixos (1/6, 1/3, 2/3, etc), podem fazer com que a pena máxima sofra alterações e, assim, devem ser levadas em conta na busca do tempo da prescrição. Ex1. o furto simples (art. 155, caput, CP) possui pena privativa de liberdade de 01 a 04 anos e, por isso, prescreve em 08 anos. Se, entretanto, o furto for praticado durante o repouso noturno (art. 155, § 1º) a pena sofrerá um acréscimo de 1/3, passando a ter um limite máximo de 05 anos e 04 meses, cujo prazo prescricional é de 12 anos. Ex2. na tentativa de furto de furto simples, a pena máxima é 02 anos e 08 meses (4 anos com a redução de 1/3) e, por isso, a prescrição continua a ocorrer em 08 anos. Veja-se que na tentativa a redução é de 1/3 a 2/3 (art. 14, II, CP), mas, para análise da prescrição pela pena em abstrato, deve-se levar em conta a menor redução.
d) o artigo 118 do CP estabelece que as penas mais leves prescrevem com as mais graves. Penas mais leves são a multa e a restritiva de direitos, que, nos termos do dispositivo, seguem a sorte da pena privativa de liberdade. Assim, no crime de furto simples a pena é de reclusão, de 01 a 04 anos, e multa, sendo que a pena de multa prescreverá juntamente com a pena privativa de liberdade. Em relação às penas restritivas de direitos aplica-se a regra do art. 119, parágrafo único, que tem o mesmo sentido.
B) TERMO INICIAL
Encontra-se no artigo 111 do Código Penal: 
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: 
I - do dia em que o crime se consumou;  
Essa é a regra para os crimes em geral. O Código Penal adotou a Teoria do Resultado para o começo do prazo prescricional. Todavia, de acordo com o artigo 4º considera-se pratica do o crime no momento na conduta (Teoria da Atividade). Assim, o crime OCORRE no momento da conduta, mas a PRESCRIÇÃO só começa a correr a partir de sua consumação.
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; 
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; 
Ex. uma pessoa é seqüestrada em 10 de junho e permanece em poder dos seqüestradores até 30 de junho. O crime se consumou em 10 de junho, mas a prescrição somente passará a correr a partir do dia 30 do mesmo mês.
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido (pela da autoridade-delegado de polícia, promotor de justiça, juiz de direito).
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.   
OBS: Contagemdo prazo prescricional: o prazo prescricional conta-se na forma do artigo 10 do CP (prazo penal) e, assim, inclui-se o dia do começo, contando-se os meses e os anos pelo calendário comum. O prazo é improrrogável, podendo terminar em fim de semana ou feriado.
C) CAUSAS SUSPENSIVAS E INTERRUPTIVAS
As causas suspensivas estão previstas no artigo 116 do CP. Resolvida a causa suspensiva, a prescrição volta a correr, considerando o tempo já decorrido. No caso de suspensão, diferentemente de interrupção, o prazo volta a correr apenas pelo período restante. 
OBS: O rol do artigo 116 é EXEMPLIFICATIVO.
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:  
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; 
São as chamadas questões prejudiciais, descritas nos artigos 92 a 94 do Código de Processo Penal.
Essa regra, contida no art. 116, I, do CP, refere-se às questões prejudiciais. Assim, é possível que o juiz criminal, por exemplo, suspenda o processo-crime (bem como a prescrição) em que se apura crime de furto, até que seja resolvido, no juízo cível, se o acusado pela subtração é ou não o dono do objeto.
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. 
As causas interruptivas desta espécie de prescrição encontram-se previstas no artigo 117, incisos I a IV, do CP.
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:  
I - pelo recebimento (e não oferecimento) da denúncia ou da queixa; 
A interrupção ocorre com a publicação (entrega em cartório) da decisão de recebimento da denúncia ou queixa. O recebimento de aditamento não interrompe a prescrição, salvo quando ele se refere à inclusão de novo crime, hipótese em que tal interrupção se dará apenas em relação a este.
II - pela pronúncia; 
A sentença de pronúncia é aquela que encerra a primeira fase do procedimento do júri, quando o juiz admite a existência de indícios de autoria e prova da materialidade de crime doloso contra a vida e, assim, manda o réu a julgamento pelos jurados.
III - pela decisão confirmatória da pronúncia; 
Sendo o réu pronunciado e havendo interposição de recurso em sentido estrito contra a decisão, caso o Tribunal venha a confirmá-la, estará novamente interrompido o lapso prescricional.
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis.
A primeira das hipóteses de interrupção se dá com a publicação da sentença condenatória, ou seja, quando o escrivão a recebe das mãos do juiz e a junta aos autos. Se essa sentença vem a ser reformada pelo Tribunal que absolve o réu, continua a valer a interrupção em decorrência da sentença de 1º grau. Assim, se houver interposição de recurso extraordinário, o prazo prescricional em andamento será aquele iniciado após a sentença de primeira instância. Se o réu for absolvido em primeira instância e o Tribunal o condenar em razão de recurso da acusação, a publicação do acorda terá caráter condenatório e interromperá a prescrição. Por outro lado, se o réu foi condenado em 1º grau (causa de interrupção da prescrição) e o Tribunal confirmar a condenação em recurso interposto pela defesa, não haverá nova interrupção, em face da ausência de previsão legal.
OBS: Ato infracional prescreve?
Prevalece que o Princípio da Isonomia e a analogia in bonan partem autorizam a prescrição também dos atos infracionais, prescrevendo no mesmo prazo do crime correspondente.
Nesse sentido é a Súmula nº 338 do STJ: “A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas.”
1.2- PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA SUPERVENIENTE OU INTERCORRENTE
A) FUNDAMENTO LEGAL: artigo 110, §1º, do CP
Antes da sentença recorrível não se sabe a quantidade ou tipo de pena a ser fixada pelo juiz, razão pela qual o lapso prescricional regula-se pela pena máxima prevista na lei.
Contudo, fixada a pena e transitado em julgado para a acusação (ou sendo o seu recurso improvido) não mais existe razão para se levar em conta a pena máxima em abstrato, já que veda-se a reformatio in pejus. Surge então um novo norte, qual seja, a pena recorrível efetivamente aplicada (trabalha-se aqui com a pena em concreto).
Portanto, a pena em concreto aplicada na sentença é o parâmetro para o calculo da prescrição superveniente.
Nesse sentido preleciona o STF (Súmula nº 146): “A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não há recurso da acusação”.
Artigo 110, §1º, do CP: “A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, ....”
•Exemplificando:
Suponha-se que o réu esteja sendo acusado por desacato, delito cuja pena privativa de liberdade é de detenção de 06 meses a 02 anos. Antes da sentença, a prescrição pela pena em abstrato é de 04 anos (prescrição estudada no item 01 – chamada prescrição da pretensão punitiva).
Acontece que o juiz, ao sentenciar, acaba fixando pena de 06 meses e o MP não apela para aumentá-la. Dessa forma, considerando que o art. 617 do CPP veda o aumento da pena em recurso exclusivo da defesa (proibição da reformatio in pejus), estabeleceu o legislador que, mesmo não tendo ainda havido o trânsito em julgado, passar-se-á a ter por base, para fim de prescrição, a pena fixada na sentença. Dessa forma, como a pena foi fixada em 06 meses, a prescrição ocorrerá em 03 anos (conforme o quadro anteriormente estudado – que também é aplicável nessas hipóteses). 
Por conclusão, se entre a data da sentença de 1º grau e o julgamento do recurso pelo Tribunal transcorrer o prazo de 03 anos, terá havido a prescrição intercorrente.
1.3- PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA RETROATIVA
Possui o mesmo fundamento e as mesmas características e conseqüências da prescrição da pretensão punitiva superveniente, com a diferença que o seu termo inicial é da publicação da condenação para trás.
No dia 06 de maio de 2010, foi publicada a lei 12.234/2010, proveniente do PL 1383/2009, de autoria do Deputado Federal Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), devidamente promulgada pelo Presidente da República, a qual teve por objeto a alteração dos artigos 109 e 110 do CP, previdentes das regras atinentes à prescrição.
Com o objetivo aparente de enrijecer o tratamento penal dispensado ao “criminoso”, bem como de dar à sociedade verdadeira mostra da existência de movimentos parlamentares sérios e comprometidos como clamor público pelo fim da impunidade e inefetividade do sistema punitivo brasileiro, o legislador promoveu o aumento do prazo geral de prescrição daqueles crimes cuja pena máxima não fosse superior a 1 (um) ano, impondo ao Estado a perda do “jus puniendi” única e tão somente após o transcurso de 3 (três) anos, e não mais 2 (dois) anos, como previsto anteriormente, bem como vedou (proibiu) o reconhecimento da prescrição retroativa (depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso) contado o prazo tendo por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
Antes de ser revogado o parágrafo 2º do artigo 110 (lei 12.234/2010), após a prolação da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação (tendo por parâmetro a pena em concreto aplicada na sentença), havia a chamada prescrição retroativa se, entre a data do crime e do recebimento da denúncia ou entre o recebimento da denúncia e a sentença condenatória tivesse decorrido o prazo prescricional.
Após o advento da Lei 12.234/2010 ainda é possível o reconhecimento da prescrição retroativa no período que varia da denúncia até a sentença penal condenatória. Assim, se entre o recebimento da denúncia até a sentença penal condenatória transcorrer o prazo de prescrição, de acordo com o delito em espécie, estamos diante da chamada prescrição retroativa.
Vejamos a redação do parágrafo revogado e a previsão atual da prescrição retroativa
O § 2º do Art. 110 (revogado) por sua vez, estabelecia que “a prescrição, de que tratao parágrafo anterior, pode ter por termo inicial data anterior à do recebimento da denúncia ou queixa”. 
A redação atual do § 1o  do Art. 110 do CP (com a nova redação dada pela Lei 12.234/2010) dispõe que: “A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa. 
Utilizando o exemplo acima (prescrição intercorrente) vejamos como funciona no caso da prescrição retroativa:
Suponha-se que o réu esteja sendo acusado por desacato, delito cuja pena privativa de liberdade é de detenção de 06 meses a 02 anos. Antes da sentença, a prescrição pela pena em abstrato é de 04 anos (prescrição estudada no item 01 – chamada prescrição da pretensão punitiva).
Acontece que o juiz, ao sentenciar, acaba fixando pena de 06 meses e o MP não apela para aumentá-la. Dessa forma, como a pena foi fixada em 06 meses, a prescrição ocorrerá em 03 anos (conforme o quadro anteriormente estudado – que também é aplicável nessas hipóteses). 
Por conclusão, haverá a chamada prescrição retroativa se, entre o recebimento da denúncia e a sentença de 1º grau tiver decorrido o prazo de 03 anos. 
A prescrição retroativa, aos moldes da prescrição intercorrente, por afetar diretamente a pretensão punitiva estatal, afasta todos os efeitos, principais e secundários, penais e extra-penais, da condenação. 
Por fim, há que se salientar que não podem elas ser reconhecidas pelo juiz de 1º grau, uma vez que, com a prolação da sentença, encerra-se a prestação jurisdicional.
1.3- PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA EM PERSPECTIVA, VIRTUAL, ANTECIPADA OU POR PROGNOSE
Trata-se de criação jurisprudencial, sem amparo legal, que tem por finalidade a antecipação do reconhecimento da prescrição retroativa. 
Suponha-se que uma pessoa tenha sido indiciada em Inquérito Policial por crime de furto simples, cuja pena é de 01 a 04 anos. Assim, o crime prescreve, pela pena em abstrato, em 08 anos. O Promotor de Justiça, entretanto, ao receber o Inquérito Policial, 05 anos após a consumação do crime, percebe que o acusado é primário e portador de bons antecedentes, de forma que o juiz, ao prolatar a sentença, certamente não irá aplicar a pena máxima de 04 anos.
Não ocorreu a prescrição da pretensão punitiva em abstrato (08 anos), mas, certamente ocorrerá a retroativa (04 anos). É que o réu, primário e de bons antecedentes, não sofrerá pena acima do mínimo. 
Muito embora o esforço doutrinário, os Tribunais Superiores não têm reconhecido essa espécie de prescrição, tendo o STJ, inclusive firmado seu posicionamento através da Súmula nº 438: “É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal”. 
2-PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA
A) PREVISÃO LEGAL: artigo 110, caput, do CP
Ocorre depois do transito em julgado da condenação. Faz desaparecer apenas os efeitos executórios da condenação (subsistindo todos os demais efeitos).
Trata-se da prescrição da pena efetivamente imposta, tendo como pressuposto a sentença condenatória com trânsito em julgado para ambas as partes (decisão definitiva irrecorrível).
No caso de ser o réu condenado por sentença transitada em julgado, surge para o Estado o interesse de executar a pena imposta pelo juiz na sentença. Esta é a prescrição executória, que também está sujeita a prazos. Assim, se o Estado não consegue dar início à execução penal dentro do prazo estabelecido, ocorre a prescrição da pretensão executória, chamada por alguns de prescrição da pena.
Ao contrário do que ocorre com a prescrição da pretensão punitiva, essa espécie de prescrição atinge apenas a pena principal, permanecendo os demais efeitos condenatórios. Assim, se, no futuro, o acusado vier a cometer novo crime, será considerado reincidente.
O prazo prescricional da pretensão executória rege-se pela pena fixada na sentença transitada em julgado, de acordo com os patamares descritos no art. 109 do CP (quadro estudado anteriormente). Assim, se alguém for condenado a 03 anos de reclusão, a pena prescreverá em 08 anos; se for condenado a 07 anos, a pena prescreverá em 12 anos. 
Veja-se que se o juiz, na sentença, reconhecer que o réu é reincidente, o prazo da prescrição da pretensão executória será aumentado em 1/3 (art. 110, caput, in fine). A reincidência, entretanto, não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva (Súmula 220 do STJ).
Nos termos do art. 115 do CP o prazo será reduzido pela metade se o sentenciado era menor de 21 anos na data do fato ou maior de 70 na data da sentença.
A) TERMO INICIAL
O termo inicial dessa forma de prescrição segue os ditames do artigo 112 do CP:
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:  
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional; 
II - do dia em que se interrompe a execução (DA FUGA), salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena
Em face desse dispositivo, se o condenado foge da prisão, passa a correr o prazo prescricional. Nesse caso, o prazo será também regulado pelo tempo restante da pena. Assim, se o sujeito fora condenado a 08 anos de reclusão e já cumpriu 07 anos e 06 meses da pena imposta, a prescrição da pretensão executória dar-se-á em 03 anos, pois faltam apenas 06 meses de pena ser cumprida.
B) CAUSAS INTERRUPTIVAS
As hipóteses estão descritas no artigo 117, V, e VI, do Código Penal: 
Art.117: O curso da prescrição interrompe-se:  
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;  
Ex: recaptura.
VI - pela reincidência.
Ocorre com a reincidência, ou seja, se o agente comete novo crime no curso do lapso prescricional. A interrupção ocorre com a prática do novo crime e não com a condenação a ele referente (tal condenação, entretanto, é pressuposto da interrupção, mas ela retroage à data do delito). 
Havendo interrupção do prazo, o período volta a ser contado integralmente (salvo na hipótese de o condenado já haver cumprido parte da pena, conforme acima mencionado).
C) CAUSAS SUSPENSIVAS
A hipótese está descrita no artigo 116, parágrafo único, do Código Penal: “Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo”.
3-PRESCRIÇÃO DA PENA DE MULTA
O artigo 114 do CP estabelece, em seus dois incisos, cinco hipóteses de prescrição da pena de multa.
São hipóteses de prescrição de pretensão punitiva da multa:
a) multa como única pena cominada em abstrato (hipótese que somente é possível para contravenção penal): prescrição em 02 anos (artigo 114, I, CP).
b) multa cominada em abstrato cumulativamente com pena privativa de liberdade: prazo igual ao da pena privativa de liberdade, conforme a regra do artigo 118 do CP. Ex: furto simples (art. 155), cuja pena é de reclusão de 1 a 4 anos, e multa
c) multa cominada em abstrato alternativamente com pena privativa de liberdade: prazo igual ao cominado para a prescrição da pena privativa de liberdade. Ex: crime de rixa (art. 137) cuja pena é de detenção de 15 dias a 2 meses, ou multa (artigo 114, I, CP).
São hipóteses de prescrição de pretensão executória da multa:
a) multa como única penalidade aplicada na sentença: prescrição em 02 anos (artigo 114 do CP).
b) multa aplicada na sentença cumulativamente com pena privativa de liberdade: prazo igual ao da pena detentiva (art. 118). 
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DE CRIMES
1- CRIME MULTITUDINÁRIO: é o delito cometido por multidão em contexto de um tumulto. O conceito de multidão não é estabelecido pela lei, impondo-se a análise do caso concreto para sua configuração.
2-CRIME DE CIRCULAÇÃO: é o crime praticado por meio de automóvel.
3-CRIME EMTRANSITO: é aquele em que percorre territórios de mais de dois países soberanos, sem atingir bens jurídicos em um ou alguns desses países. EX: um objeto é furtado na Argentina e, para ser receptado nos Estados Unidos, passa pelo Brasil. Aplica-se a Teoria da Ubiquidade (artigo 6º do CP).
4-CRIME A DISTANCIA OU DE ESPAÇO MÁXIMO: o crime percorre territórios de dois Estados soberanos, com a conduta em um lugar e o resultado em outro. Aplica-se a Teoria da Ubiquidade (artigo 6º do CP).
5-CRIME PLURILOCAL: o crime percorre dois ou mais territórios do mesmo país. Aplica-se a Teoria do Resultado (artigo 70 do CPP).
6-CRIME A PRAZO: é aquele que exige o decurso de um prazo para que se configure. Ex: artigo 169, parágrafo único, II, do CP.
7-CRIME VAGO: é aquele em que o sujeito passivo é indeterminado, representado por uma coletividade.
8-CRIME DE AÇÃO VIOLENTA: é aquele cometido com emprego de violência ou grave ameaça contra a pessoa. Ex: roubo, estupro etc.
9-CRIME DE AÇÃO ASTUCIOSA: é o delito cometido por meio de fraude, dissimulação, como o estelionato.
10-CRIME DE CATÁLOGO: é o crime passível de apuração por meio de interceptação telefônica, observados os requisitos da Lei nº 9.296|1996.
11-CRIME DE RUA OU DE COLARINHO AZUL: é o crime cometido normalmente por pessoas economicamente menos favorecidas, como o furto e o roubo.
12-CRIME DE COLARINHO BRANCO: é o delito cometido na esfera econômica, movimentando normalmente grande volume de recursos. É o caso dos crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de dinheiro.
13-CRIME DE GREVE: é o delito cometido durante a paralisação dos empregados.
14-CRIME DE LOCKOUT: é o delito cometido durante a paralisação do empregador.
VELOCIDADES DO DIREITO PENAL
Idealizada por Jesús-María Silva Sánches. Trabalha com o tempo em que o Estado leva para punir o autor de uma infração penal, maios ou menos grave.
1ª VELOCIDADE: enfatiza as infrações penais mais graves, punidas com penas privativas de liberdade, exigindo, por esse motivo, um procedimento mais demorado, que observa todas as garantias penais e processuais penais.
2ª VELOCIDADE: flexibiliza direitos e garantias fundamentais, possibilitando a punição mais célere, mas em compensação, prevê como conseqüência jurídica do crime penas alternativas. 
3ª VELOCIDADE: mescla as duas anteriores. Defende a punição do criminoso com pena privativa de liberdade (1ª velocidade), permitindo em determinados crimes (tidos como mais graves), a flexibilização ou eliminação de direitos e garantias constitucionais (2ª velocidade), caminho para uma rápida punição.
4ª VELOCIDADE: se refere à punição de Chefes de Estado que violaram tratados internacionais relativos a direitos humanos, cometendo crimes de lesa-humanidade. São submetidos a julgamento pelo Tribunal Penal Internacional, em Haia (Holanda).

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