Buscar

29 Meio Ambiente do Trabalho. Insalubridade. Periculosidade

Prévia do material em texto

DIREITO DO TRABALHO
TURMA REGULAR DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
Prof: Fábio Goulart Villela
29ª Aula: Meio Ambiente do Trabalho. Insalubridade. Periculosidade. 
1. Conceito de Meio Ambiente: 
( É o conjunto de condições, leis, influências, e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (artigo 3º, inciso I, da Lei nº 6.938/81 – Lei de Política Nacional do Meio Ambiente).
( O meio ambiente de trabalho insere-se no contexto do meio ambiente como um todo, o qual integra o rol dos direitos fundamentais, tendo por objetivo o respeito à dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III).
( Artigo 200, inciso VIII, da CF/88: “Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: (...) VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho”.
( O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é incluído entre os direitos fundamentais de terceira geração ou dimensão.
( Importantes direitos trabalhistas diretamente relacionados à segurança e medicina do trabalho (ex: os adicionais de insalubridade e de periculosidade) integram o rol de direitos sociais, os quais figuram como direitos humanos fundamentais de segunda geração ou dimensão.
( Artigo 7º, inciso XXII, da CF/88: “redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”.
( Artigo 7º, inciso XXIII, da CF/88: “adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei”.
( Artigo 225, caput, da CF/88: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
2. Segurança e Medicina do Trabalho:
( Deveres do Empregador – artigo 157, incisos I a IV, da CLT: “Cabe às empresas: I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho; II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais; III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente; e IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente”.
( Deveres do Empregado – artigo 158, incisos I e II, da CLT: “Cabe aos empregados: I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as instruções de que trata o item II do artigo anterior; e II - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo”.
( Falta Grave do Empregado – artigo 158, parágrafo único, alíneas “a” e “b”, da CLT: “Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada: a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item II do artigo anterior; b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa”.
( Competência da Delegacia Regional do Trabalho – artigo 156, incisos I a III, da CLT: “Compete especialmente às Delegacias Regionais do Trabalho, nos limites de sua jurisdição: I - promover a fiscalização do cumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho; II - adotar as medidas que se tornem exigíveis, em virtude das disposições deste Capítulo, determinando as obras e reparos que, em qualquer local de trabalho, se façam necessárias; e III - impor as penalidades cabíveis por descumprimento das normas constantes deste Capítulo, nos termos do art. 201”.
3. Insalubridade:
( Atividades Insalubres - Conceito – artigo 189 da CLT: “Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos”.
( Quadro do MTE – artigo 190, caput, da CLT: “O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes”.
( As atividades e operações insalubres encontram-se inseridas na NR 15 da Portaria nº 3.214/78, a qual descreve os agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde do empregado, bem como os respectivos limites de tolerância.
( Estas normas incluirão medidas de proteção do organismo do trabalhador nas operações que produzem aerodispersóides tóxicos, irritantes, alérgicos ou incômodos (artigo 190, parágrafo único, da CLT).
( Súmula nº 460 do E. STF: “Para efeito do adicional de insalubridade, a perícia judicial em reclamação trabalhista não dispensa o enquadramento da atividade entre as insalubres, que é ato da competência do Ministério do Trabalho”.
( OJ nº 4, item I, da SBDI-1 do C. TST: “Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo pericial para que o empregado tenha direito ao respectivo adicional, sendo necessária a classificação da atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho”.
( Lixo Urbano – OJ nº 4, item II, da SBDI-1 do C. TST: “A limpeza em residências e escritórios e a respectiva coleta de lixo não podem ser consideradas atividades insalubres, ainda que constatadas por laudo pericial, porque não se encontram dentre as classificadas como lixo urbano na Portaria do Ministério do Trabalho”.
( Reclassificação ou Descaracterização – Súmula nº 248 do C. TST: “A reclassificação ou a descaracterização da insalubridade, por ato da autoridade competente, repercute na satisfação do respectivo adicional, sem ofensa a direito adquirido ou ao princípio da irredutibilidade salarial”.
( Eliminação ou Neutralização – artigo 191, incisos I e II, da CLT: “A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá: I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância; e II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância”. 
( Caberá às Delegacias Regionais do Trabalho, comprovada a insalubridade, notificar as empresas, estipulando prazos para sua eliminação ou neutralização (artigo 191, parágrafo único, da CLT).
( Adicional de Insalubridade – artigo 192 da CLT: “O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo”.
( Súmula Vinculante nº 4 do E. STF: “Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial."
( Diante da inconstitucionalidade do artigo 192 da CLT, o TST cancelou a OJ nº 2 da SBDI-1 (“ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. BASE DE CÁLCULO. MESMO NA VIGÊNCIA DA CF/1988: SALÁRIO MÍNIMO”) e a Súmula nº 17 (O adicional de insalubridade devido a empregado que, por força de lei, convenção coletiva ou sentença normativa, percebe salário profissional será sobre este calculado)”, atribuindo nova redação à Súmula nº 228.
 
( Súmula nº 228 do C. TST: “A partir de 9 de maio de 2008, data da publicação da Súmula Vinculante nº 4 do Supremo Tribunal Federal, o adicional de insalubridade será calculado sobre o salário básico, salvo critério mais vantajoso fixado em instrumento coletivo”. 
( O STF, através de seu Presidente, deferiu medida liminar para suspender a aplicação da Súmula n° 228/TST na parte em que permite a utilização do salário básico para calcular o adicional de insalubridade, por ofensa à Súmula Vinculante nº 04 (Reclamaçãonº 6.266-0- DF, julgado em 15.07.2008).
( Aparelhos Protetores – Eliminação - Súmula nº 80 do C. TST: “A eliminação da insalubridade mediante fornecimento de aparelhos protetores aprovados pelo órgão competente do Poder Executivo exclui a percepção do respectivo adicional”.
( Intermitência – Súmula nº 47 do C. TST: “O trabalho executado em condições insalubres, em caráter intermitente, não afasta, só por essa circunstância, o direito à percepção do respectivo adicional”.
( Integração – Súmula nº 139 do C. TST: “Enquanto percebido, o adicional de insalubridade integra a remuneração para todos os efeitos legais”.
( Aparelhos de Proteção – Efeitos – Súmula nº 289 do C. TST: “O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado”.
4. Periculosidade:
( Atividades Perigosas – Conceito – artigo 193 da CLT: “São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado”.
( As atividades e operações perigosas encontram-se indicadas na NR 16 da Portaria nº 3.217/78.
( Adicional de Periculosidade – artigo 193, § 1º, da CLT: “O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa”.
( Adicional de Periculosidade – Base de Cálculo – Súmula nº 191 do C. TST: “O adicional de periculosidade incide apenas sobre o salário básico e não sobre este acrescido de outros adicionais. Em relação aos eletricitários, o cálculo do adicional de periculosidade deverá ser efetuado sobre a totalidade das parcelas de natureza salarial”.
( Eletricitários – Base de Cálculo – OJ nº 279 da SBDI-1 do C. TST: “O adicional de periculosidade dos eletricitários deverá ser calculado sobre o conjunto de parcelas de natureza salarial”.
( Radiação Ionizante ou Substância Radioativa – OJ nº 345 da SBDI-1 do C. TST: “A exposição do empregado à radiação ionizante ou à substância radioativa enseja a percepção do adicional de periculosidade, pois a regulamentação ministerial (Portarias do Ministério do Trabalho nºs 3.393, de 17.12.1987, e 518, de 07.04.2003), ao reputar perigosa a atividade, reveste-se de plena eficácia, porquanto expedida por força de delegação legislativa contida no art. 200, caput, e inciso VI, da CLT. No período de 12.12.2002 a 06.04.2003, enquanto vigeu a Portaria nº 496 do Ministério do Trabalho, o empregado faz jus ao adicional de insalubridade”.
( Sistema Elétrico de Potência – OJ nº 324 da SBDI-1 do C. TST: “É assegurado o adicional de periculosidade apenas aos empregados que trabalham em sistema elétrico de potência em condições de risco, ou que o façam com equipamentos e instalações elétricas similares, que ofereçam risco equivalente, ainda que em unidade consumidora de energia elétrica”.
( Cabistas, Instaladores e Reparadores – OJ nº 347 da SBDI-1 do C. TST: “É devido o adicional de periculosidade aos empregados cabistas, instaladores e reparadores de linhas e aparelhos de empresas de telefonia, desde que, no exercício de suas funções, fiquem expostos a condições de risco equivalente ao do trabalho exercido em contato com sistema elétrico de potência”.
( Exposição Eventual, Intermitente e Permanente – Súmula nº 364, itens I e II, do C. TST: “I - Faz jus ao adicional de periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido. II - A fixação do adicional de periculosidade, em percentual inferior ao legal e proporcional ao tempo de exposição ao risco, deve ser respeitada, desde que pactuada em acordos ou convenções coletivos”. 
( Insalubridade x Periculosidade – artigo 193, § 2º, da CLT: “O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido”.
5. Normas Comuns à Insalubridade e à Periculosidade:
( O direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de periculosidade cessará com a eliminação do risco à sua saúde ou integridade física, nos termos desta Seção e das normas expedidas pelo Ministério do Trabalho (artigo 194 da CLT).
( A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho (artigo 195, caput, da CLT).
( Agente Nocivo Diverso do Apontado na Inicial - Súmula nº 293 do C. TST: “A verificação mediante perícia de prestação de serviços em condições nocivas, considerado agente insalubre diverso do apontado na inicial, não prejudica o pedido de adicional de insalubridade”.
( Médico x Engenheiro do Trabalho - OJ nº 165 da SBDI-1 do C. TST: “O art. 195 da CLT não faz qualquer distinção entre o médico e o engenheiro para efeito de caracterização e classificação da insalubridade e periculosidade, bastando para a elaboração do laudo seja o profissional devidamente qualificado”.
( Insalubridade - Local de Trabalho Desativado – OJ nº 278 da SBDI-1 do C. TST: “A realização de perícia é obrigatória para a verificação de insalubridade. Quando não for possível sua realização, como em caso de fechamento da empresa, poderá o julgador utilizar-se de outros meios de prova”.
( É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho a realização de perícia em estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou delimitar as atividades insalubres ou perigosas (artigo 195, § 1º, da CLT).
( Argüida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho (artigo 195, § 2º, da CLT).
( O disposto nos parágrafos anteriores não prejudica a ação fiscalizadora do Ministério do Trabalho, nem a realização ex officio da perícia (artigo 195, § 3º, da CLT).
( Efeitos Pecuniários – artigo 196 da CLT: “Os efeitos pecuniários decorrentes do trabalho em condições de insalubridade ou periculosidade serão devidos a contar da data da inclusão da respectiva atividade nos quadros aprovados pelo Ministro do Trabalho, respeitadas as normas do artigo 11”. 
( Materiais e Substâncias Perigosas ou Nocivas – artigo 197, caput, da CLT: “Os materiais e substâncias empregados, manipulados ou transportados nos locais de trabalho, quando perigosos ou nocivos à saúde, devem conter, no rótulo, sua composição, recomendações de socorro imediato e o símbolo de perigo correspondente, segundo a padronização internacional”.
( Os estabelecimentos que mantenham as atividades previstas neste artigo afixarão, nos setores de trabalho atingidos, avisos ou cartazes, com advertência quanto aos materiais e substâncias perigosos ou nocivos à saúde (artigo 197, parágrafo único, da CLT). 
�PAGE �
�PAGE �8�

Continue navegando