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CoachingPGE terceiro setor

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1 
 
TERCEIRO SETOR 
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo 
Rafael Carvalho Rezende Oliveira 
Dizer o Direito 
I. A reforma administrativa e o terceiro setor; 
II. Características; 
III. Aspectos relevantes e controvertidos do Terceiro Setor; 
III. As entidades do terceiro setor: 
 1. Organizações Sociais (OS) 
 2. Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) 
 3. Serviços sociais autônomos (sistema S) 
4. Fundações de apoio 
IV. Breves comentários à lei 13.019/2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
I. A REFORMA ADMINISTRATIVA E O TERCEIRO SETOR 
A expressão “Terceiro Setor” refere-se às entidades da sociedade 
civil sem fins lucrativos, que desempenham atividades de interesse 
social mediante vínculo formal de parceria com o Estado. 
O Terceiro Setor está localizado entre o Estado (primeiro setor) e o 
mercado (segundo setor), englobando as entidades “públicas não 
estatais”. As polêmicas em relação ao regime jurídico do Terceiro Setor 
são justificadas pelo caráter híbrido das respectivas entidades que são 
“públicas”, por executarem atividades sociais e receberem benefícios 
públicos, mas “não estatais”, pois não integram formalmente a 
Administração Pública. 
O terceiro setor cresceu, no Brasil, principalmente, no Governo de 
Fernando Henrique Cardozo, quando foi realizada a reforma 
administrativa (a EC 19 foi um importante expoente dessa reforma), no 
contexto do neoliberalismo. O objetivo era implantar um modelo de 
administração pública gerencial, fundado no princípio da eficiência, 
a fim de substituir o padrão tradicional de administração pública 
burocrática, cuja ênfase maior recai sobre o princípio da legalidade. 
Segundo se afirmava, haveria uma “crise do Estado”, traduzida na 
sua incapacidade financeira para realizar os investimentos necessários 
ao desenvolvimento do país e, simultaneamente, desempenhar todas as 
atribuições que lhe foram impostas pela Constituição Federal de 1988. 
Por essa razão, seria necessário que o Estado se concentrasse nas 
atividades exclusivas, deixando as demais, em princípio ao setor privado. 
A retirada do Estado do papel de agente econômico e da prestação 
direta de serviços públicos levou à necessidade de alargamento da sua 
função regulatória. Assim, foram criadas agências reguladoras sob a 
forma de autarquias em regime especial. 
O desiderato de ampliar a atuação do terceiro setor, por sua vez, 
levou à criação de qualificações especiais atribuídas a pessoas jurídicas 
 
 
3 
 
privadas, a exemplo da qualificação como organização social e como 
organização da sociedade civil de interesse público. 
 
O que é publicização dos serviços públicos não exclusivos? A 
Publicização é o movimento em direção ao setor público não estatal, no 
sentido de o responsabilizar pela execução de serviços que não envolvem 
o exercício do poder de Estado, mas devem ser subsidiados pelo Estado. 
As instituições não estatais ganham proeminência tanto na formulação 
quanto na implementação das políticas públicas, uma vez que o próprio 
Estado, por meio da publicização, incentiva a participação de tais 
instituições, principalmente na gestão das políticas públicas. 
 
 
II. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: 
Eis as características comuns das entidades do Terceiro Setor: 
 a) são criadas pela iniciativa privada; 
 b) não possuem finalidade lucrativa; 
 c) não integram a Administração Pública Indireta; 
 d) prestam atividades privadas de relevância social; 
 e) possuem vínculo legal ou negocial com o Estado; 
 f) recebem benefícios públicos 
 
III. ASPECTOS RELEVANTES E CONTROVERTIDOS: 
a. Foro processual competente para as causas envolvendo o 3º setor: 
O foro competente para processar a julgar as causas que envolvem as 
entidades do Terceiro Setor, inclusive aquelas que formalizam parcerias 
com a União, é da Justiça estadual. Em relação aos Serviços Sociais 
Autônomos, que recebem recursos federais (contribuições sociais), a 
 
 
4 
 
questão foi consolidada pela Súmula 516 do STF: “O Serviço Social da 
Indústria (SESI) está sujeito à jurisdição da Justiça Estadual. 
b. Controle: São fiscalizadas pelo tribunal de contas respectivo, desde 
que utilize valores públicos, na forma do art. 70, parágrafo único da 
CF/88. 
c. Regime de pessoal: O regime de pessoal é o celetista, uma vez que são 
entidades de direito privado. 
 Obs. 1: Segundo firmou o STF, as organizações sociais não se 
submetem à regra do concurso público, entretanto, a seleção de 
pessoal deve ser conduzida de forma pública, objetiva e 
impessoal, com observância dos princípios do “caput” do art. 37 
da CF, e nos termos do regulamento próprio a ser editado por cada 
entidade (ADI 1923). 
 Obs. 2: inaplicável, ainda, o teto remuneratório indicado pelo art. 
37, XI da CF/88. Deve-se, todavia, observar o princípio da 
moralidade administrativa, evitando salários excessivamente 
vultosos. 
d. Patrimônio: Por serem entidades privadas, seus bens são 
considerados também privados. Todavia, caso estejam destinados à 
prestação de serviços públicos, esses bens passam a sofrer influência do 
regime público, tornando-se impenhoráveis, por exemplo. 
e. Exigência de licitação: As entidades do terceiro setor não se 
submetem necessariamente à 8666, mas deve haver regramento próprio 
para suas contratações, o qual deve observar os princípios da legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e eficiência. Da 
mesma forma, não se exige licitação formal para a qualificação de uma 
entidade como OS ou OSCIP; nada obstante, deve ser adotado um 
procedimento imparcial e isonômico, em atenção aos princípios 
constitucionais da administração pública. 
 
 
5 
 
f. Responsabilidade Civil (por Rafael Oliveira): Há controvérsia 
doutrinária sobre a natureza (objetiva ou subjetiva) da responsabilidade 
civil das entidades integrantes do Terceiro Setor. 
 1.o entendimento: responsabilidade objetiva, na forma do art. 37, § 
6.o, da CRFB, uma vez que as entidades possuem vínculos jurídicos 
com o Poder Público com o intuito de substituí-los na execução de 
atividades sociais que podem ser qualificadas como serviços 
públicos. Seriam equiparadas a delegatárias, portanto. Nesse 
sentido: Cristiana Fortini. 
 2.o entendimento: responsabilidade objetiva dos Serviços Sociais 
Autônomos, na medida em que o vínculo formal entre o Estado e a 
entidade se dá mediante lei autorizativa, além de as atividades 
prestadas serem eminentemente sociais, qualificando-se como 
serviço público. Por outro lado, a OS e a OSCIP respondem de 
forma subjetiva, pois exercem “parceria desinteressada”. Nesse 
sentido: José dos Santos Carvalho Filho. 
 3.o entendimento: responsabilidade subjetiva em razão da 
inexistência de serviço público, sendo inaplicável o art. 37, § 6.o, 
da CRFB. Nesse sentido: Marcos Juruena Villela Souto. 
 Entendemos que a responsabilidade das entidades do Terceiro 
Setor é subjetiva. As atividades prestadas por tais entidades 
são privadas e de relevância social, prestadas em nome próprio, 
independentemente de delegação do Poder Público, razão pela 
qual não podem ser qualificadas como serviços públicos para 
fins de aplicação do art. 37, § 6.o, da CRFB. Os vínculos 
jurídicos formalizados com entidades do Terceiro Setor não têm 
por objetivo a delegação de serviços, mas o fomento público por 
meio de parcerias com determinadas pessoas privadas para a 
consecução de finalidades sociais. A responsabilidade dessas 
pessoas deve ser analisada à luz da legislação civil e, portanto, 
 
 
6 
 
considerada,em regra, de índole subjetiva, admitindo-se a 
responsabilidade objetiva nos casos expressamente previstos 
em lei ou quando a atividade, por sua própria natureza, 
implicar risco para as pessoas (art. 927, parágrafo único, do 
CC). 
 Há responsabilidade subsidiária do Poder Público pelos 
danos causados por entidades do Terceiro Setor, no 
desempenho das atividades que são objeto da parceria. 
 É oportuno ressaltar que o simples não cumprimento das metas 
fixadas no contrato de gestão ou no termo de parceria não 
acarreta, em princípio, a responsabilidade do Estado. Este tem 
o dever de fiscalizar o cumprimento das metas, mas a 
responsabilidade pela sua implementação é da entidade 
privada, parceira que, descumprindo com o avençado, será 
desqualificada e responsabilizada pelos danos causados, 
conforme já decidiu o STJ. 
 
IV. ESPÉCIES: 
1. Organizações Sociais (lei 9.637) – com base no dizer o direito 
Conceito: são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, 
prestadoras de atividades de interesse público e que, por terem 
preenchido determinados requisitos previstos na Lei 9.637/98, recebem 
a qualificação (título, selo) de “organização social”. A pessoa jurídica, 
depois de obter esse título de “organização social”, poderá celebrar com o 
Poder Público um instrumento chamado de “contrato de gestão” por meio 
do qual receberá incentivos públicos para continuar realizando suas 
atividades. 
 
 
 
7 
 
Art. 1o da lei 9.637: O Poder Executivo poderá qualificar como 
organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins 
lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa 
científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do 
meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos 
nesta Lei. 
 
ATENÇÃO: As organizações sociais foram idealizadas para absorver 
atividades não exclusivas de Estado realizadas por entidades estatais, 
que, então, seriam extintas. Mais claramente, a ideia era substituir 
entidades administrativas pelas organizações sociais, que são pessoas 
privadas, não integrantes da administração pública, portanto, sujeitas a 
menor rigidez na gestão de seus recursos e pessoal. O artigo 20 da lei 
9.637 deixa essa conclusão explícita. Isso é importante de se ter em 
mente, pois muitas das características das OS decorrem da sua 
finalidade de substituir o Estado nas mencionadas atividades não 
exclusivas, diferentemente do que ocorre nas OSCIP, que não possuem 
esse mesmo desiderato. 
 
Quem concede a qualificação de OS? O Ministro do Planejamento em 
conjunto com o Ministro da área na qual atua a pessoa jurídica que 
pretende a qualificação de OS. Ex: se essa pessoa jurídica desempenha 
funções na área de educação, quem concederá será o Ministro da 
Educação em conjunto com o Ministro do Planejamento. 
 
Trata-se de ato vinculado ou discricionário? Ato discricionário, sujeito 
aos critérios de oportunidade e conveniência. 
 
 
8 
 
Quais são os requisitos necessários para a pessoa jurídica ser 
qualificada como os? Tais requisitos estão elencados no art. 2º da Lei 
n. 9.637/98. 
 
Em quais áreas atua a OS? Para que a pessoa jurídica seja qualificada 
como OS ela precisa desempenhar atividades em uma das seguintes 
áreas: ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, meio 
ambiente, cultura e saúde. Segundo a doutrina majoritária, esse rol é 
taxativo, de forma que se a pessoa jurídica trabalhar apenas com 
assistência social, por exemplo, não atenderá os requisitos para ser 
qualificada como uma OS. 
Em provas de concurso, você poderá encontrar a afirmação de que as 
organizações sociais são pessoas jurídicas de direito privado que prestam 
serviços públicos não exclusivos de Estado, ou seja, serviços que são 
desempenhados pelo Estado, mas que podem também ser exercidos por 
particulares. 
 
O que é o contrato de gestão? Contrato de gestão é o instrumento 
firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como organização 
social, com o objetivo de que, a partir daí, seja formada uma parceria 
entre eles para fomento e execução das atividades que uma OS faz 
(ensino, pesquisa científica etc.). No contrato de gestão serão listadas as 
atribuições, responsabilidades e obrigações do Poder Público e da 
organização social. 
 ATENÇÃO: Existem duas modalidades de contrato de gestão que 
não podem ser confundidas. Além da hipótese acima explicitada, 
existe o contrato de gestão traçado no art. 37, §8º da CF. Este é um 
ajuste firmado entre a administração direta e entidades da 
administração indireta ou entre órgãos da própria administração 
direta, em decorrência do qual esses órgãos ou entidades assumem 
 
 
9 
 
o compromisso de cumprir determinadas metas e, em 
contrapartida, ganham maior liberdade em sua atuação 
administrativa, passando a sujeitar-se basicamente ao controle 
relativo ao atingimento dos resultado pactuados. 
 
As organizações sociais que celebrarem contrato de gestão com o 
Poder Público podem ser consideradas delegatárias de serviços 
públicos? NÃO. As organizações sociais exercem em nome próprio 
serviços públicos, mas não são consideradas delegatárias considerando 
que não recebem uma concessão ou permissão de serviço do Poder 
Público. Os setores de saúde, educação, cultura, desporto e lazer, ciência 
e tecnologia e meio ambiente são classificados como serviços públicos 
sociais. Segundo a CF/88, tais serviços devem ser desempenhados não 
apenas pelo Estado como também pela sociedade (são “deveres do Estado 
Contrato de gestão da OS Contrato de gestão do art. 37, 
§8º da CF 
Firmado entre a Administração 
Direta e as organizações sociais 
Firmado entre a Administração 
Direta e entidades da 
Administração Indireta ou órgãos 
da própria Administração Direta 
Causa: fomento das entidades Causa: ineficiência da entidade ou 
do órgão 
Consequências: redução da 
autonomia, com a entrega à 
organização social de bens, 
pessoal e recursos públicos, 
passando a controlar a 
consecução das metas acordadas 
no contrato de gestão 
Consequência: ampliação da 
autonomia, passando a sujeitar-se 
basicamente ao controle finalístico 
 
 
10 
 
e da Sociedade”). Assim, é permitida a atuação, por direito próprio, dos 
particulares, sem que para tanto seja necessária a delegação pelo Poder 
Público. Não se aplica, portanto, o art. 175, “caput”, da CF/88 às 
atividades desenvolvidas pelas organizações sociais. 
 
Quais são os incentivos que uma OS recebe do Poder Público? As 
organizações sociais poderão receber os seguintes incentivos para 
cumprir o contrato de gestão: 
a) Recursos orçamentários: podem receber “dinheiro público”; 
b) Cessão de bens públicos, mediante permissão de uso, dispensada 
licitação: podem receber, sem licitação, bens públicos para serem usados 
em suas atividades; 
c) Cessão especial de servidor, com ônus para o órgão de origem do 
servidor cedido: servidores públicos podem ser colocados à disposição 
das organizações sociais para lá trabalharem, continuando recebendo 
sua remuneração dos cofres públicos; 
d) Contratadas sem licitação: as organizações sociais podem ser 
contratadas, com dispensa de licitação, para prestarem serviço a órgãos 
e entidades da Administração Pública, recebendo por isso (art. 24, XXIV, 
da Lei n. 8.666/93). 
ADI 1923/DF: O Plenário do STF, por maioria, acolheu, 
em parte, pedido formulado na ADI para conferir 
interpretação conforme a Constituição e deixar explícitas 
as seguintes conclusões: a) o procedimento de qualificação 
das organizações sociaisdeve ser conduzido de forma 
pública, objetiva e impessoal, com observância dos 
princípios do “caput” do art. 37 da CF, e de acordo com 
parâmetros fixados em abstrato segundo o disposto no art. 
20 da Lei 9.637/98; b) a celebração do contrato de gestão 
deve ser conduzida de forma pública, objetiva e impessoal, 
 
 
11 
 
com observância dos princípios do “caput” do art. 37 da 
CF; c) as hipóteses de dispensa de licitação para 
contratações (Lei 8.666/1993, art. 24, XXIV) e outorga de 
permissão de uso de bem público (Lei 9.637/1998, art. 12, 
§ 3º) são válidas, mas devem ser conduzidas de forma 
pública, objetiva e impessoal, com observância dos 
princípios do “caput” do art. 37 da CF; d) a seleção de 
pessoal pelas organizações sociais deve ser conduzida de 
forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos 
princípios do “caput” do art. 37 da CF, e nos termos do 
regulamento próprio a ser editado por cada entidade; e e) 
qualquer interpretação que restrinja o controle, pelo 
Ministério Público e pelo Tribunal de Contas da União, da 
aplicação de verbas públicas deve ser afastada. 
 
Observação importante. Função regulatória da licitação: segundo 
essa teoria, a licitação pode ser utilizada como instrumento de regulação 
de mercado, de modo a torná-lo mais livre e competitivo, além de ser 
possível concebê-la como mecanismo de indução de determinadas 
práticas (de mercado) que produzam resultados sociais benéficos, 
imediatos ou futuros, à sociedade. A possibilidade de contratação direta, 
sem licitação, de organizações sociais ou OSCIPs (Organizações da 
Sociedade Civil de Interesse Público) é um exemplo dessa função 
regulatória da licitação já que, como essa prática, o Estado induz que 
essas entidades sejam criadas pelos particulares. 
 
 
 
 
 
 
12 
 
2. Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP 
(lei. 9.790) 
Conceito: Organizações da sociedade civil de interesse público são, 
assim como as organizações sociais, uma qualificação específica a ser 
concedida a entidades privadas, sem fins lucrativos, que pretendam 
atuar em parceria com o poder público, dele recebendo fomento. 
Art. 1o Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de 
Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado sem fins 
lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em 
funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os 
respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos 
requisitos instituídos por esta Lei. (texto legal recentemente alterado) 
 
As OSCIP não foram idealizadas para substituir a administração 
pública. Essa substituição foi planejada apenas para as organizações 
sociais. Disso decorre uma limitação em relação aos benefícios que essas 
entidades podem receber do Estado. 
 
Quem concede a qualificação de OSCIP? Cabe ao Ministério da Justiça 
a referida qualificação. 
 
A qualificação é ato vinculado ou discricionário? Diferentemente do 
que ocorre na OS, na OSCIP trata-se de ato vinculado. É dizer, uma vez 
verificado o atendimento de todos os requisitos previstos na lei, torna-se 
obrigatória a qualificação como OSCIP. 
 
Como se dá a formalização da parceria entre a OSCIP e o Estado? O 
vínculo jurídico entre o poder público e a OSCIP se dá mediante termo 
de parceria. Não há a possibilidade de uma OSCIP receber fomento do 
 
 
13 
 
Estado sem a celebração desse instrumento. É, ainda, possível a 
vigência simultânea de dois ou mais termos de parceria, desde que 
haja capacidade operacional da entidade para o cumprimento dos seus 
objetos. A escolha da OSCIP para a celebração desse instrumento deve 
ser feita por meio de concurso de projetos, ao qual deve se dar ampla 
publicidade. 
 
Quem pode ser qualificada como OSCIP? A lei 9.790 traz uma relação 
de entidades que não podem obter a referida qualificação, assim como 
uma série de requisitos a serem observados, principalmente nos artigos 
2º e 3º. É interessante que o aluno leia os dispositivos, mas não é 
necessário ter conhecimento detalhado desses comandos. 
 
Quais os incentivos que uma OSCIP recebe do Poder Público? 
a. Repasse de recursos orçamentários 
b. Permissão de uso de bens públicos 
c. Dispensa de Licitação  esta última hipótese NÃO está prevista na 
lei. Para a doutrina majoritária, trata-se de uma interpretação 
analógica realizada pela doutrina majoritária 
 As OSCIP NÃO fazem jus a cessão de servidores! (pois não foram 
criadas para substituir o Poder Público). 
 
 
14 
 
 
 
OS (lei 9.637) OSCIP (lei 9.790) 
Idealizadas para substituir órgãos e 
entidades da administração pública 
Não foram idealizadas para substituir 
órgãos ou entidades da administração 
Formaliza parceria com o poder público 
mediante contrato de gestão 
Formaliza parceria com o poder público 
mediante termo de parceria 
Qualificação é ato discricionário Qualificação é ato vinculado 
Qualificação depende de ato do Ministro 
da área na qual atua a pessoa jurídica 
que pretende a qualificação 
Qualificação é concedida pelo Ministério 
da Justiça 
A lei exige que a OS possua conselho de 
administração do qual participem 
representantes do poder público. Não 
se exige conselho fiscal 
A lei exige que a OSCIP tenha conselho 
fiscal; não exige conselho de 
administração. Não há a exigência de 
representantes do poder público 
Uma entidade não pode ser qualificada 
concomitantemente como OS e OSCIP 
Uma entidade não pode ser qualificada 
concomitantemente como OS e OSCIP 
Há hipótese expressa de licitação 
dispensável para contratar com a OS 
Não há previsão expressa. Entretanto a 
doutrina majoritária entende ser 
possível aplicação analógica do art. 24, 
XXIV da lei 8.666 às OSCIP. Isso ocorre 
porque tal qualificação não existia ainda 
quando da edição do mencionado 
dispositivo. 
Fomento: repasse de recursos 
orçamentários, permissão de uso de 
bens públicos e cessão especial de 
servidor sem custo para a entidade 
Fomento: repasse de recursos 
orçamentários e permissão de uso de 
bens públicos 
 
 
15 
 
3. Serviços sociais autônomos 
Os Serviços Sociais Autônomos são criados, após autorização legal, 
para exercerem atividade de amparo a determinadas categorias 
profissionais, recebendo contribuições sociais, cobradas 
compulsoriamente da iniciativa privada, na forma do art. 240 da CRFB. 
Ex.: Serviço Social da Indústria (SESI), Serviço Social do Comercio 
(SESC), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Serviço 
Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). 
Principais aspectos: 
a) Criação prevista em lei 
b) Têm por objeto uma atividade social, não lucrativa, beneficiando 
certo grupo social ou profissional 
c) São mantidos por recursos oriundos de contribuições sociais de 
natureza tributária, bem como mediante dotações 
orçamentárias do Poder Público 
d) Seus empregados estão sujeitos à legislação trabalhista 
e) Pelo fato de administrarem recursos públicos, estão sujeitos a 
certas normas de direito público, especialmente normas de 
controle, como a obrigatoriedade de prestação de contas ao 
Tribunal de Contas, o enquadramento de seus empregados 
como funcionários públicos para fins penais e a sujeição à lei de 
improbidade 
f) Não se submetem à lei de licitações (lei 8.666), mas não são 
absolutamente livres para contratar, devendo elaborar e 
publicar regulamentos próprios, definindo critérios isonômicos, 
impessoais e eficientes. 
 
 
 
 
 
16 
 
IMPORTANTE: As entidades do sistema S gozam de imunidade 
tributária?SIM, porque promovem cursos para a inserção de 
profissionais no mercado de trabalho, sendo consideradas instituições de 
educação e assistência social. Se o SENAC adquire um terreno para a 
construção de sua sede, já havendo inclusive um projeto nesse sentido, 
deverá incidir a imunidade nesse caso considerando que o imóvel será 
destinado às suas finalidades essenciais. (Informativo 720 do STF). 
 
4. Entidades de apoio 
São pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, 
instituídas por servidores, sob forma de fundação, associação ou 
cooperativa, para a prestação, em caráter privado, de serviços sociais não 
exclusivos do Estado, mantendo vínculo jurídico com entidades da 
administração direta ou indireta, em regra por convênio. 
No âmbito federal, a Lei 8.958/1994 estabelece normas sobre as 
relações entre as instituições federais de ensino superior e de pesquisa 
científica e tecnológica e as fundações de apoio. Os demais Entes 
federados possuem autonomia para promulgarem as suas respectivas 
legislações. 
 
V. BREVES COMENTÁRIOS À LEI 13.019/2014: 
A lei 13.019/2014 tem por objetivo regular, em âmbito nacional, o 
regime jurídico das parcerias voluntárias, envolvendo ou não 
transferências de recursos financeiros, firmadas entre a Administração 
Pública e as organizações da sociedade civil sem fins lucrativos (OSC). 
Trata-se de uma lei nova, com inúmeras alterações ainda mais 
recentes e com muitos termos técnicos de difícil entendimento. Busca-se, 
no presente tópico, não comentar integralmente a lei, mas apenas fazer 
 
 
17 
 
breves apontamentos a respeito desse diploma legal, auxiliando o aluno 
no estudo da matéria. 
A seguir os pontos que se entende serem mais relevantes a respeito 
da lei. 
a) Aplicabilidade: parcerias entre a Administração Direta e Indireta 
(exceto estatais econômicas) e organizações da sociedade civil (entidades 
privadas sem fins lucrativos); 
b) Inaplicabilidade (art. 3º): as exigências da lei não se aplicam: 
 Transferências de recursos integralmente oriundos de fonte 
externa de financiamento que forem homologadas pelo Legislativo. 
A lei não se aplica quando conflitar com tratado internacional 
 Transferências voluntárias regidas por lei específica, naquilo que 
conflitar 
 Contrato de gestão celebrado com organizações sociais 
c) Chamamento público (arts. 23 a 32 da Lei): procedimento que tem 
por objetivo selecionar organização da sociedade civil para firmar parceria 
por meio de termo de colaboração ou de fomento, com a observância dos 
princípios da isonomia, da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, 
da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação 
ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo, dentre outros. 
Algumas peculiaridades do chamamento público: 
1) A organização interessada deve possuir, pelo menos, três anos de 
existência; 
2) Julgamento antecede a fase da habilitação; 
3) Critério de julgamento deve levar em consideração o grau de adequação 
da proposta aos objetivos específicos objeto da parceria e o valor de 
referência constante do chamamento público etc.; 
d) Parcerias diretas: casos de dispensa (art. 30) e inexigibilidade (art. 31) 
de chamamento público; 
 
 
18 
 
e) Instrumentos jurídicos de parceria: 
 Termo de colaboração (art. 16 da Lei): instrumento de parceria 
proposto pela Administração; 
 Termo de fomento: instrumento de parceria proposto pelas 
organizações da sociedade civil (art. 17 da Lei). 
Questão PFN/2015: O instrumento adotado pela administração pública 
em caso de transferências voluntárias de recursos para consecução de 
planos de trabalho propostos pela administração pública, em regime de 
mútua cooperação com organizações da sociedade civil, selecionadas por 
meio de chamamento público, é denominado: 
a) termo de fomento. 
b) contrato de gestão. 
c) concessão patrocinada. 
d) convênio administrativo. 
e) termo de colaboração. 
DICA: Termo de colaboraÇÃO  proposto pela AdministraÇÃO 
 Termo de fomento  proposto pela OSC 
É uma diferenciação simples, mas que pode custar uma questão! 
f) Parcerias “ficha limpa”: O art. 39 da Lei 13.019/2014 veda a 
celebração de parcerias nos seguintes casos: 
 Entidade omissa no dever de prestar contas de parceria 
anteriormente celebrada; 
 Que tenha como dirigente agente político de Poder ou do Ministério 
Público, dirigente de órgão ou entidade da administração pública 
ou familiar, até o segundo grau; 
 Que tenha tido as contas rejeitadas pela administração pública nos 
últimos cinco anos; 
 
 
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 Punida com suspensão de participação em licitação e impedimento 
de contratar com a administração, bem como declaração de 
inidoneidade; 
 Que tenha contas de parceria julgadas irregulares ou rejeitadas por 
Tribunal ou Conselho de Contas de qualquer esfera da Federação, 
em decisão irrecorrível, nos últimos oito anos etc. 
Em qualquer caso, independentemente dos prazos fixados, os 
impedimentos permanecem até o momento em que houver o 
ressarcimento do dano ao erário (art. 39, § 2.º, da Lei); 
g) Contratações realizadas pelas organizações da sociedade civil: as 
contratações de bens e serviços realizadas pelas entidades da sociedade, 
com recursos públicos, devem observar procedimento que atenda aos 
princípios da Administração Pública. O “regulamento de compras e 
contratações” deve ser elaborado pela entidade privada e aprovado pela 
Administração Pública (art. 34, VIII c/c art. 43 da Lei) 
h) Pessoal contratado pela entidade parceira: a seleção da equipe de 
trabalho deve ser precedida de processo seletivo, com regras 
transparentes, impessoais e objetivas para seleção dos empregados, e 
deve promover a divulgação das remunerações da equipe de trabalho (art. 
47, §§ 3.º e 4.º, da Lei). A remuneração da equipe de trabalho com 
recursos da parceria não gera vínculo trabalhista com a Administração e 
o eventual inadimplemento dos encargos trabalhistas não acarreta a 
responsabilidade do Poder Público por seu pagamento (art. 46, §§ 1.º e 
2.º, da Lei); 
i) Atuação em rede das entidades privadas: admite-se a atuação em 
rede para a execução de iniciativas agregadoras de pequenos projetos, 
por duas ou mais organizações da sociedade civil, mantida a integral 
responsabilidade da organização celebrante do termo de fomento ou de 
colaboração, desde que haja autorização no edital e cumprimento dos 
requisitos elencados no art. 25, caput e parágrafo único, da Lei); 
 
 
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j) Prestação de contas: a Lei contém normas detalhadas sobre a 
prestação de contas por parte da entidade privada (arts. 63 a 72 da Lei). 
k) Responsabilidade: a organização da sociedade civil possui 
responsabilidade exclusiva pelos encargos trabalhistas, previdenciários, 
fiscais e comerciais relativos ao funcionamento da instituição e ao 
adimplemento do termo de colaboração ou de fomento, inexistindo 
responsabilidade solidária ou subsidiária da Administração na hipótese 
de inadimplemento (arts. 42, XIX e XX; 44, § 2.º; 46, § 2.º; e 47, § 7.º, da 
Lei). 
l) Sanções O descumprimento do instrumento de parceria e da legislação 
em vigor acarreta, após prévia defesa, as seguintes sanções 
administrativas: a) advertência; b) suspensão temporária; c) declaração 
de inidoneidade. Ao contrário do art. 87 da Lei 8.666/1993, a Lei 
13.019/2014 não prevê a multa no rol de sanções. Da mesma forma, a 
nova legislação não menciona o ressarcimento integral do dano. Contudo, 
apesar da omissão legislativa, deve ser reconhecida a prerrogativa da 
Administração em buscar o ressarcimento integral do dano, aqualquer 
tempo, para recompor o erário, sendo certo que o ressarcimento não 
possui caráter de sanção

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