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Dra. Olga Vale Oliveira Machado Faculdade Christus Curso de Medicina Os antifúngicos são fármacos responsáveis pela inibição, proliferação ou destruição dos fungos. Nas últimas décadas, ocorreu um aumento preocupante na incidência de infecções fúngicas desencadeadas devido a fatores como: Uso de antibióticos de largo espectro; Uso de corticosteróides; Quimioterapia antineoplástica; Uso de cateteres e implantes de permanência; Emprego de drogas imunossupressoras para transplantes de órgãos; Pandemia da AIDS (SIDA); Irradiação. Aumentaram drasticamente em incidência e gravidade • Avanços na cirurgia • Melhora no tratamento do câncer • Incremento no suporte de terapia intensiva • Disponibilidade de antibióticos de largo espectro • Maior população de imunossuprimidos (transplantes e novas drogas) • Epidemia do HIV Micoses endêmicas: fungos verdadeiramente patogênicos Micoses oportunísticas: Fungos oportunistas (baixa capacidade de causar doença) Acometimento de pacientes imunocomprometidos: AIDS; Câncer; Pacientes expostos a transplante de órgãos; UTI. Características gerais: Envolvimento de pacientes com doenças de base muito graves Dificuldades Diagnósticas Baixo rendimento dos exames disponíveis comercialmente Poucos serviços com bom laboratório de micologia Dificuldade de realizar biopsias em órgãos profundos. Altíssima mortalidade!!!!!!! Polienos em 1950, iniciou a quimioterapia antifúngica sistêmica moderna. Introdução de azólicos com baixa toxicidade Aparecimento da resistência Descoberta de novas drogas com mecanismos de ação diferentes Uso combinado de drogas 1-Polienos • Anfotericina B • Nistatina 2-Não poliênico- Griseofulgina 3-Alilaminas: terbinafina e Naftidina 4-Pirimidinas Fluoradas- 5- fluocitosina 5-Azóis 5a–imidazólicos –cetoconazol e miconazol 5b e triazólicos-Itraconazol,Fluconazol Voriconazol, Posaconazol e Ravuconazol 6-Equinocandinas- Caspofungina, Micafungina e Anidulafungina 7-Antifúngicos de ação tópica –ciclopirox olamina, tolnaftato, tolciclato, amorolfina.(sobre forma de esmalte) Uso Tópico • Nistatina • Imidazólicos: Clotrimazol Miconazol Tioconazol Terconazol • Piridona hidroxilada: ciclopirox olanina Confinado a infecções da epiderme, cabelo e unhas. Depende do fungo, local e extensão da lesão. A escolha da fórmula é importante: • Cremes e soluções - áreas intertriginosas ou fissuradas. • Pó - lesões leves e prevenção. • Spray – não recomendado para a face. • Nenhuma preparação cutânea deve ser aplicada na vagina ou olho. Química: é um macrolídeo polieno extraído do Streptomyces noursei Farmacocinética: • Pouco solúvel em água • Não absorvida VO • Tóxica IM ou IV Mec. de Ação: liga-se ao Ergosterol e aumentam a permeabilidade da membrana Efeitos colaterais: • Dermatite atópica • Vômitos ou diarréia Uso Clínico • Uso tópico e oral local • Age somente em leveduras, (candidíase mucocutânea). • Não age sobre dermatófitos Apresentação: creme, óvulos, suspensão Uso sistêmico oral • Griseofulvina • Flucitosina • Azólicos: Itraconazol Fluconazol Voriconazol posaconazole Química: derivada de espécies de Penicillium. Mec. de ação: Fugistática; liga-se à queratina recém formada Farmacocinética ◦ Melhor absorvida com gorduras ◦ Metabolizada no fígado Uso clínico: tratamento dos dermatófitos Efeitos colaterais: foto-sensibilidade, urticária e hepatite Superada pela terbinafina e itraconazol Interações: warfarin e fenobarbital Uso oral e tópico • Ketoconazol • Terbinafina • Itraconazol Química: Alilamina sintética Mecanismo de ação: ◦ Interfere com a biossíntese do ergosterol Uso clínico: na onicomicose comparável aos azólicos Apresentação: oral e tópica Efeitos adversos: raros; GI e cefaléia; hepatite é incomum Rifampicina clearance da droga Cimetidina clearance da droga Indicado para infecções fúngicas superficiais, uso tópico Afeta o sistema enzimático e a membrana citoplasmática do fungo Disponível como spray, creme vaginal, pó, loção, gel e esmalte Ativo contra dermatófitos, leveduras e outros fungos filamentosos Uso na dermatite seborréica, P. versicolor, dermatofitoses e candidíase cutânea Podem ser classificados em: • Imidazólicos : cetoconazol, miconazol e clotrimazol • Triazólicos: fluconazol, itraconazol, voriconazol, posaconazol, Ravuconazol Reduzem a concentração do Ergosterol (inibição da citocromo P-450) Também há redução da síntese da testosterona e cortisol dos mamíferos Farmacocinética • Elevada ligação proteica (90%) • Não dialisável • Baixa penetração no SNC • Melhor absorvido com pH gástrico ácido (alimentos) • Metabolizado no fígado • Baixa concentração na saliva, vagina e leite Mecanismo de ação: ◦ redução do ergosterol Efeitos colaterais: ◦ Sintomas GI ◦ Alterações hormonais: ginecomastia, infertilidade, irregularidades menstruais e Hepatite Interações ◦ Rifampicina a droga ◦ Bloqueadores H2 ◦ Fenitoína ◦ Anticoagulantes Atividade antifúngica: • Candidíase mucocutânea • Ptiríase versicolor • Dermatofitose • Paracoccidioidomicose • Coccidioidomicose não meníngea Administração: VO ou tópica Menor inibição hormonal Menor interação medicamentosa Formulação parenteral Espectro mais amplo Melhor distribuição nos fluidos Menos sintomas GI Menor hepatotoxicidade Fluconazol, Itraconazol, Voriconazol, Posaconazol, Ravuconazol Farmacocinética: • Boa absorção no TGI • Eliminação renal • Sem interferência com pH gástrico • Boa penetração no líquor (70%) Efeitos colaterais: • Hipersensibilidade Interações: • fenitoína – tem seus níveis elevados • Rifampicina-baixa os níveis do antifúngico Uso clínico: • Age bem sobre leveduras: candidíase mucocutânea • Meningite por Criptococcus • Candidemia • Infeção urinária por Candida • Coccidioidomicose Observação: No geral é menos eficiente em fungos filamentosos Candida sp Mais potente dos azólicos anteriores Farmacocinética: • Melhor absorvido com pH baixo • Baixa concentração no líquor • Elevada concentração nos tecidos • Metabolizado no fígado Mec. de ação: inibição do ergosterol Efeitos colaterais: GI, hipocalemia Interações: • [ ] na presença de rifampicina, fenitoína, e carbamazepina • os níveis de digoxina • sua absorção com antiácidos • a [ ] dos antihistamínicos Atividade antifúngica: • Onicomicose • Histoplasmose moderada gravidade • Paracoccidioidomicose • Coccidioidomicose Via de administração: vo Característica da droga: ◦ Formulação oral e IV ◦ Meia vida ~ 6 horas ◦ Metabolismo hepático Espectro: ◦ Ativo contra espécies de Candida, incluindo as não albicans ◦ Boa atividade contra Aspergillus, Cryptococcus e Histoplasma ◦ Maior atividade contra filamentosos comparado ao fluconazol ◦ Indicado no tratamento da Candidíase esofágica e de candidemia Efeitos colaterais: alterações visuais dose dependente Em resumo • Melhor atividade contra Aspergillus eCryptococcus • Espectro mais ampliado contra Candida sp • Baixa toxicidade • Boa biodisponibilidade Via administração: oral Boa atividade contra Zygomicetos Uso endovenoso • Anfotericina B • Anfotericina B formulações lipídicas • Nistatina lipossomal • Fluconazol (oral) • Voriconazol (oral) • Equinocandinas Caspofungina Anidulafungin Micafungin Farmacocinética: ◦ Insolúvel em água ◦ É lipofílica ◦ Rápido início de ação ◦ Não absorvida pelo TGI ◦ Liga-se 90% às proteínas ◦ Estocada e degradada “in situ” ◦ Pouco excretada na urina e bile ◦ Concentração não é influenciada pela Ins. Renal ou hepática ◦ Não é alterada pela hemodiálise ◦ Pode ser detectada até 7 sem após a sua parada Mecanismo de ação: a permeabilidade da Membrana Plasmática. Efeitos colaterais: • Reação imediata • Toxicidade renal • Anemia • Elevação de transaminases • Perda de potássio e bicarbonato Diminuição da filtração glomerular dose dependente Efeito vasoconstritor direto nas arteríolas renais Perda de K, Mg e HCO3 Infusão de salina antes, pode reduzir o risco,em alguns trabalhos Perda permanente relacionada com dose total No início do tratamento: azotemia aumenta rapidamente, cai e estabiliza Atividade antifúngica • Age sobre leveduras e fungos filamentosos Administração: IV diluído em dextrose a 5% infundido de 2 a 4 horas. Uso de dose teste A dose terapêutica deve ser dada em menos de 24 h Anfotericina B complexo lipídico(ABCL) Anfotericina B dispersão coloidal(ABDC) Anfotericina B lipossomal(ABlip) Reduzem a toxicidade mas o elevado custo tem limitado sua utilização Contém sulfato de colesterol,formam partículas coloidais em forma de disco Uso na Aspergilose invasiva junto a comprometimento renal ou falha a ABD Efeito igual a ABD, mas em doses maiores; 3 a 4 mg /kg /dia Concentrações equimolares de AB e lipídios Aprovada para uso em infecção fúngica invasiva, na falha ou intolerância a ABD Dose: 5 mg/kg/dia Lipossoma unilamelar Concentração sérica é semelhante a ABD Aprovada para tratamento empírico em neutropênicos febris, criptococose, candiíase e aspergilose de pacientes intolerantes ou que falharam ao Tx com ABD Anfotericina B causa toxicidade renal e reações à infusão Formulações lipídicas baixa toxicidade mas elevado custo Fluconazol tem espectro de ação restrito e seu uso frequente leva à resistência Itraconazol tem melhor espectro, mas tem problemas na absorção GI e resistência cruzada com azólicos Triazólicos • Itraconazol,Fluconazol Voriconazol, Posaconazol e Ravuconazol • Mais potentes, mas pode ocorrer resistência cruzada Inibidores da síntese de (1,3)beta-glucana6- Equinocandinas- Caspofungin Micafungin Anidulafungina Mec de ação: Primeiro inibidor da 1,3 beta-d-glucana sintetase Via de administração: iv Caracteristicas: • Não é necessária correção Ins. renal • Poucos efeitos adversos: febre, flebite/tromboflebite • Ajuste na Ins. hepática Espectro: • Boa atividade contra Candida e Aspergillus. • Moderada atividade contra Histoplasma e Pseudolascheria. • Pode ser associado à Anfotericina B. • Baixo potencial de reação cruzada. • Indicado no tratamento empírico da infecção fúngica em pacientes neutropênicos. Aspergilose pulmonar Infecções fúngicas invasivas acometem grupos específicos de pacientes!!!! Aumento de incidência Dificuldades Diagnósticas Alta mortalidade CONSEQUÊNCIA: Maior utilização de esquemas de profilaxia e terapêutica empírica com antifúngicos. Cenário Clínico de Micoses Conceitos gerais sobre infecções fúngicas Infecções fúngicas em pacientes de UTI Infecções fúngicas em pacientes com câncer/TMO Sepse em hospitais dos E.U.A Martin et al, NEJM 348: 1546-1554, 2003 Bactérias Gram-negativas Bactérias Gram-positivas Fungos N o d e ca so s d e S ep se 5.000 10.000 15.000 25.000 75.000 150.000 225.000 0 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 0,46 1995-2006 Wisplinghoff, 2002 0,85 1977-1985 Wey, 1988 2,69 2003-2004 Colombo et al, 2004 3,3 (??) 1988-1989 Fraser, 1992 0,96 1983-1992 Pittet,1995 0,50 1990 Jarvis, 1995 0,28 – 0,61 1989 Banerjee, 1991 Taxa/1000 admissões Período de observação Autores 0,81 2,69 0,76 0,62 0,12-0,67 0,38 0,27 0,2 – 0,4 0,17 0,17 – 0,38 Taxa/1000 admissões Suiça 1990-1999 Garbino, 2000 Suiça 1987-1992 Bregenzer, 1996 Itália 1997-1999 Tortorano, 2002 Hungria 1996-2000 Doczi, 2002 Espanha Brasil 1995-1999 2003-2004 Alonso-Valle, 2003 Colombo el al, 2004 Espanha 1995-1997 Viudes, 2002 Suiça 1991-2000 Marchetti, 2003 Noruega 1991-1996 Sandven, 1998 França 1995 Richet, 1998 País Período de observação Autor, ano Condições de risco para candidemia em pacientes hospitalizados Wey SB et al Arch Intern Med 149: 2349-2353, 1989 Eggimann, Garbino & Pitet Lancet Infect Dis 3:685-702, 2003 Uso de antibióticos Quimioterapia Colonização prévia Nutrição parenteral Cirurgia Hemodiálise Corticosteróides Câncer Cateter intravascular Neutropenia Ventilação mecânica Prematuridade e baixo peso ao nascer Etiologia de candidemia: relevância das espécies não- albicans Pathogens Series / Number of isolates Sentry , 2000 (107) Colombo, 1999 (145) Silva, 2004 (130) Godoy, 2002 (103) Costa, 2002 (91) C. albicans 42% 36% 41% 42% 47% C. parapsilosis 28% 25% 13% 21% 21% C. tropicalis 16% 24% 10% 24% 14% C. glabrata 5% 4% 4% 8% 3% C. krusei 1% 0% 1% 1% Others 8% 11% 32% 4% 14% Considerações microbiológicas na escolha de antifúngicos C. glabrata e C. krusei: - Evitar fluconazol - Necessidade de altas doses de AnfoB Deoxicolato C. lusitaniae: Evitar anfo B Deoxicolato Caspofungina: nenhum problema neste momento controvérsias sobre MICs de C. parapsilosis (??) Voriconazol: melhor que fluco para C. glabrata e C.krusei controvérsias resistência cruzada (??) Pappas et al Clin Infect Dis 38:161-89, 2004 Denning D Lancet 362:1142-51, 2003 Portas de Entrada Portas de entrada para candidemia Translocação no tubo gastrointestinal; Cateter intravascular; Outras. Nucci & Anaissie - Clin Infect Dis,33:1959-1967, 2001 Hipotensão Terapia com antibióticos Obstrução intestinal Drogas citotóxicas Hiperpirexia Alimentação parenteral Fatores facilitadores de translocação de microorganismos no TGI Alexander et al.; Ann. Surg. 212(4): 496-512, 1990 Cerca de 5 milhões de CVCs são Implantados em pacientes nos EUA anualmente CVC estabelece “ponte” entre átrio direito do paciente e ambiente hospitalar (animado e inanimado) 20 a 70% dos profissionais de saúde são colonizados transitoriamente por Candida spp em suas mãos Cateter venoso em posição central e candidemia Kojic & Darouiche Clin Microbiol Rev 17(2):255-267, 2004 Rangel-Frausto Clin Infect Dis 29:253-258, 1999“Slime” ou biofilme: formação de matriz extracelular em superfície de biomaterial contendo microorganismos agregados Donlan & Costerton Clin Microb Rev 15:167- 193, 2002 • Inativação por destruição ou modificação do antibiótico (betalactamases e enzimas para aminoglicosídeos); • Impedimento da chegada ao sítio de ação ou “órgão-alvo” (carbapenem, aminoglicosídios, tetraciclina); • Alteração do “órgão-alvo” (fluorquinolonas, glicopeptídios e betalactâmicos). MECANISMOS GERAIS DE RESISTÊNCIA MECANISMOS GERAIS DE RESISTÊNCIA • Intrínseca – comum à maiorias das cepas. Permeabilidade da parede celular; Bomba de efluxo na membrana interna. • Adquirida – indução e seleção de cepas. Alterações da permeabilidade celular; Enzimas degradáveis; Alterações dos alvos de ação. Célula Bacteriana Cromossomo Genes de resistência ao antibiótico Enzima que degrada o antibiótico Enzima que altera o antibiótico Plasmídio Bomba de efluxo do antibiótico Antibiótico Antibiótico Genes vão ao plasmídio ou ao cromossomo Bactéria receptora dos genes de resistência a Conjugação b Transdução c Transformação Bactéria morta Bactéria infectada por vírus Gene de resistência Vírus Gene de resistência Plasmídio Doadora de plasmídio Gene de resistência 1 2 Fímbria Plasmídio de resistência Replicação do plasmídio de resistência (Conjunção: passagem do plasmídio de resistência da célula doadora para a célula receptora) Plasmídio de resistência (Ambas as células passam a ter o plasmídio de resistência e o transmitirão para as células filhas na divisão celular) Doadora Receptora 1 2 1 2 Ponte estabelecida pela fímbria Lise celular Inoculação do plasmídio em outra bactéria . Multiplicação viral Novo bacteriófago Lise celular Bacteriófago contendo plasmídio . Bacteriófago contendo plasmídio Bacteriófago normal . . Bacteriófago Plasmídio Bactéria ADN Viral Passagem do ADN do bacteriófago para a célula . . Gene da integrase qacE1 sulI orf5 P ant P int Cassete #1 Cassete #2 5’ segmento conservado 3’ segmento conservado Organismo suscetível Mutação cromossômica Aquisição do plasmídio Aquisição de transposon pelo plasmídio Inserção de um integron no cromossomo Aquisição de um cassete
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