Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII – Princípios gerais dos antimicrobianos 1. O que são antimicrobianos? ANTIMICROBIANO: “substâncias naturais ou sintéticas capazes de destruir ou inibir o crescimento microbiano (bactérias, fungos, vírus, parasitas)”. → Antibióticos: antimicrobianos produzidos por microrganismo (bactérias, fungos, actinomicetos) – termo amplo, não é só para bactérias. Ex.: penicilina. → Quimioterápicos: antimicrobianos sintetizados em laboratório. Ex.: sulfas, quinolonas. Toxicidade seletiva: capacidade de lesar o microrganismo sem ser tóxica para o hospedeiro. Índice terapêutico: dose máxima tolerada pelo paciente/ dose terapêutica mínima 2. Qual a diferença de um medicamento bacteriostático e um bactericida? ❖ CLASSIFICAÇÃO 1) Por microrganismos suscetíveis: antibacteriano, antifúngico, antivirais, antiparasitários, etc. 2) Por origem do antimicrobiano: antibióticos ou quimioterápicos 3) Por efeito nos microrganismos: BACTERIOSTÁTICO: inibe o crescimento das bactérias. Geralmente inibe síntese proteica ou de membrana. Não mata as bactérias já existentes – limita a inflamação. BACTERICIDA: lise das bactérias. Geralmente por inibição da replicação do DNA. Mata as bactérias. Alguns medicamentos podem ter ambas ações para diferentes microrganismos. Classificado com testes padronizados de crescimento bacteriano → Existem diferentes tipos de acordo com a NCCLS (National Committe for Clinical Laboratory Standards) Características desejáveis de um antimicrobiano • Ser ativo frente ao patógeno in vivo. • Não deve produzir reações indesejáveis, ou seja, deve ser relativamente atóxico para fagócitos, células, tecidos e órgãos do corpo. • Não deve hemolisar o sangue: destruir as células sanguíneas. • Não deve precipitar as proteínas plasmáticas. • Deve ser solúvel em água ou soro fisiológico. • Ser relativamente estável 3. Como a ligação as proteínas plasmáticas podem interferir no efeito de um antimicrobiano? 2 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII Interfere na absorção e consequentemente no efeito. Apenas a fração livre do fármaco tem efeito antibiótico. Dois fármacos com muita afinidade competem, sendo que o fármaco com menor afinidade fica muito mais livre e por isso tem um efeito maior. A parte ligada a proteínas chama FRAÇÃO DE RESERVA OU INERTE (não atravessam o endotélio vascular) e não chegam ao local de ação – perde efeito. ✓ Mais fármaco livre → maior efeito ✓ Mais afinidade com proteínas → menor efeito 4. O que o tempo de meia-vida de um antimicrobiano expressa (ou representa) em termos farmacocinéticos e o que isso determina na prática clínica? TEMPO DE MEIA-VIDA: é o tempo decorrido necessário para que seja reduzida à metade a concentração do fármaco. - Depende da taxa de metabolismo e de excreção. - Determina a dosagem, administração e intervalo entre as doses do medicamento - A próxima dose deve ser administrada antes que a CIM seja atingida 5. O que é e para que serve a Concentração Inibitória Mínima (CIM) de um antimicrobiano? Qual a concentração inibitória desejável de ser alcançada no local infeccioso por um antimicrobiano? CONCENTRAÇÃO INIBITÓRIA MÍNIMA (CIM): menor concentração da droga capaz de inibir o crescimento bacteriano – bacteriostático. Ou concentração bactericida mínima: menor concentração da droga que inibe pelo menos 99,9% do inóculo bacteriano – medicamento bactericida. Abaixo disso, não há efeito terapêutico, por isso é importante manter o intervalo correto entre as doses. ✓ Fármaco com CIM MENOR → mais potente Efeito pós antimicrobiano: reflete a manutenção da supressão de crescimento bacteriano mesmo quando as concentrações séricas do fármaco já são inferiores à CIM 6. O que são antimicrobianos concentração- dependente (dose-dependente) e tempo- dependente? Como isso reflete na administração de um medicamento? Tempo-dependentes: ação regida pelo tempo de exposição das bactérias às suas concentrações séricas e teciduais. Independem dos níveis séricos que atingem, mas dependem do tempo que permanecem acima da CIM para esse microrganismo. Importa a quantidade de vezes que é administrado (fracionar doses) Ex.: vancomicina e beta-lactâmicos. Concentração ou dose-dependentes: exibem propriedades de destruição de bactérias em função da concentração. O melhor parâmetro indicador é o pico de concentração da droga (pode ser administrado uma vez por dia). Se atingir o pico vai continuar tendo efeito por um longo período de tempo. Quanto maior a concentração da droga, mais rápida a erradicação do patógeno. 7. Explique para que serve a parede celular e quais as principais diferenças na parede das bactérias gram+ e gram-? Gram positiva (+): só tem uma membrana com uma espessa camada externa de peptidoglicanos – retém corante Gram negativa (-): possui duas membranas plasmáticas Parece celular: mantém a forma e previne ruptura por pressão da água (bactéria é hiperosmótica) 8. O que significa um antimicrobiano ser de pequeno espectro, de espectro ampliado ou de amplo espectro? ESPECTRO DE AÇÃO → diversidade de microrganismo que os antimicrobianos inibem 3 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII Pequeno espectro: atuam sobre um tipo de microrganismo (GRAM +). Ex.: Isoniazida Espectro ampliado: atuam sobre GRAM + e número significativo de GRAM -. Ex.: Ampicilina Amplo espectro: atuam em ampla variedade (GRAM +/-, álcool-ácido resistentes, bactérias atípicas). Ex.: tetraciclinas → Priorizar medicamentos com menor espectro possível. 9. Observando uma célula bacteriana: (a) Indique quais os possíveis alvos para ação dos medicamentos antibacterianos (leve em consideração o metabolismo bacteriano e sua estrutura)? → Inibição da síntese da parede celular (cefalosporinas, penicilinas, vancomicina): desestabiliza a bactéria, pode fazer com que as bactérias “explodam” devido a entrada de água. → Alteração da permeabilidade da membrana celular ou do transporte ativo através da membrana celular (anfotericina B, polimixinas): desestabiliza o potencial eletroquímico e metabolismo decorrente da membrana celular da bactéria, fazendo com que a bactéria acabe morrendo. → Inibição da síntese de proteínas (aminoglicosídeos, tetraciclinas, Macrolídeos), provavelmente pro se ligar a sítios específicos nos ribossomos bacterianos. → Inibição da síntese e replicação de ácidos nucleicos (quinolonas, rifampicina). → Modificação do metabolismo de energia (sulfonamidas, trimetoprima). Importante o fármaco ter alvos diferentes dos que existem nas células humanas. 10. Em relação a resistência bacteriana: (a) Conceitue resistência bacteriana e explique sucintamente como ela pode se desenvolver e ser transferida (parte genética). RESISTÊNCIA BACTERIANA Resistência bacteriana ocorre porque concentrações subletais de um antimicrobiano exercem pressão seletiva sobre a população de bactérias, sem erradica- las. Assim, cepas mutantes possuem certo grau de resistência à droga são favorecidas e tendem a dominar a população. A maior concentração do fármaco não tem ação danosa sobre a bactéria. Pode ser devido a mutação ou seleção natural (diferença de sensibilidade – mais comum). - Genes: adquiridos por mutações do DNA ou por aquisição de novo DNA - Plasmídeos: ▪ Conjugação: transferência de genes de resistência, principalmente pelos plasmídeos, através do pili sexual – mais comum ▪ Transdução: transferência do material genético através do bacteriófago. ▪ Transformação: desestabilização da membrana da bactéria que vai acabar incorporando o material genético de outra bactéria que já estava morta - Transposons: genes de resistência que estão no plasmídeo podem ser transferidos para o DNA cromossômico,e vice-versa, através dos transposons. (b) Exemplifique os mecanismos de resistência bacteriana (no mínimo 4). - Destruição/inativação do antibiótico: enzima muda aminoglicosídeo e beta-lactamases. - Acesso reduzido ao patógeno: mutações/perda de porinas que diminui permeabilidade. - Expulsão do fármaco: bombas de efluxo. - Redução da afinidade do fármaco pela estrutura (receptores) alterada do alvo: altera proteína-alvo Controle: → Prevenção de mutantes: doses adequadas e terapia combinada → Prevenção da disseminação de mutantes: ↓ emprego → Eliminação de cepas resistentes durante o tratamento (ex.: penicilinas resistentes à beta- lactamases → Teste de sensibilidade ao antimicrobiano ou Antibiograma (c) Explique quais fatores podem contribuir para o desenvolvimento da resistência bacteriana em relação à clínica, a pecuária, a agricultura e abastecimento hídrico? Clínica → exposição repetida a antimicrobianos em concentrações abaixo da CIM (letal), uso por tempo menor que o indicado ou intervalos inadequados entre doses, exercendo uma pressão de seleção de bactérias resistentes (mais fortes). Utilização de antibiótico de amplo espectro em um caso que não era necessário. Pecuária → muitas bactérias de animais já possuem resistência a medicamento e ao consumir a carne ou 4 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII derivado desses animais, eles transferem essa resistência bacteriana. Água → descarte incorreto de medicamentos pode se acumular na água e se houver um problema na filtragem dessa água, as pessoas podem consumir esses medicamentos de forma desnecessária induzindo resistência nas bactérias. ❖ DOIS TIPOS DE RESISTÊNCIA A – Se aumentar a dose, o medicamento ainda pode ter efeito B – Resistência irreversível, mesmo que aumente a dose o medicamento não tem efeito terapêutico COMBINAÇÕES ANTIMICROBIANAS Razões para o uso de combinações antimicrobianas: ✓ Tratar uma infecção que traz risco de vida. ✓ Tratar uma infecção polimicrobiana. ✓ Terapia empírica quando nenhum agente é ativo contra patógenos em potencial. ✓ Atingir sinergismo. ✓ Prevenir a emergência de resistência bacteriana. ✓ Permitir o uso de baixas doses de um dos agentes antimicrobianos. Espectro de ação dos antimicrobianos 5 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII Sulfonamidas, antissépticos e quinolonas CASO CLÍNICO Andreia, 16 anos, sexo feminino, acompanhada pelo pai, deu entrada no ambulatório para consulta médica. Refere disúria, polaciúria e urgência urinária, que interfere no padrão de sono. Nega dor lombar, comorbidades e tratamento medicamentoso. Você a diagnostica com cistite bacteriana e inicia tratamento empírico com Sulfametoxazol e Trimetoprima, 800/160 mg, 12/12h por três dias. História • Relata hábito de retardar a micção quando está ocupada • Estima ingestão hídrica inferior a 800 ml/dia Exame físico • Abdominal: plano, flácido, mas doloroso na região supra púbica • Ruídos hidroaéreos (RHA) presentes • PA = 110 x 70mmHg • FC = 102 bpm • FR = 20 ipm • T = 36,8 ºC • Demonstra irritabilidade e inquietação A paciente retorna ao consultório após 5 dias, relatando os mesmos sintomas descritos anteriormente, e o exame de urinálise mostrou leucocitúria e nitrito positivo e a urocultura revelou infecção bacteriana por Escherichia coli. A ultrassonografia das vias urinárias não mostrou alterações. Desta vez você decide trata-la com Nitrofurantoína, 100 mg, 12/12h por 5 dias. ✓ Disúria: dor ou ardência ao urinar ✓ Polaciúria: frequência aumentada com volume reduzido ✓ Leucocitúria: leucócitos na urina – indicam inflamação - Empírico: tratamento sem ter certeza qual é o patógeno causador 1. O que é uma infecção urinária baixa e/ou alta? ❖ INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO (ITU) ITU ALTA: parênquima renal (rins e ureteres) – pielonefrite aguda ou crônica. Sintomas: febre alta associada a calafrios, sinal de Giordano positivo (dor à punho percussão na região lombar) e leucocitose com desvio à esquerda. Se a paciente não for tratada corretamente ela poderá evoluir para sepse e óbito. ITU BAIXA: bexiga – cistite ou uretra – uretrite em ambos os sexos. Sintomas: disúria (desconforto à micção) e polaciúria (aumento da frequência miccional), binômio típico da cistite, de curso autolimitado ITU não-complicada: mulher não-gravida do trato urinário baixo 2. Quais as principais bactérias que causam infecção urinária baixa? Por que? Em mais de 80% dos casos, é causada pela bactéria Escherichia coli, presente no intestino e na pele do trato urogenital → produz componentes adesivos para se ligar ao urotélio, possui fimbrias O Staphylococcus saprophyticus é o responsável por 10 % das cistites em mulheres jovens, particularmente nas sexualmente ativas. Outros agentes assumem maior importância em situações específicas, tais como as infecções recorrentes por anormalidades anátomo-funcionais e infecções hospitalares → Klebisiella spp., Proteus spp., Pseudomonas spp., Enterobacter spp., estafilococos e enterococos. Principalmente: Escherichia coli, Enterococcus faecalis, Klebisiella, Proteus mirabilis (meninos até 2 anos) e Streptococcus saprophyticus (mulheres sexualmente ativas) Sulfonamidas 3. Qual o mecanismo de ação do Sulfametoxazol? - Primeiros agentes utilizados na profilaxia e cura de infecções bacterianas (década de 30). - Melhor classificadas como antimetabólitos, que são os fármacos que antagonizam um metabólito essencial ao organismo vivo. ➢ SULFAMETOXAZOL - Redução do uso após advento das penicilinas. Volta da utilização em associação com a trimetoprima (década de 70). - Bacteriostático (se torna bactericida se associado a trimetoprima) - Grande espectro (gram + e gram -) ❖ MECANISMO DE AÇÃO → inibidores da síntese do folato - Inibição competitiva da dihidropteroato sintase → responsável pela incorporação do ácido para- aminobenzoico (PABA) ao ácido diidropteroico, o precursor imediato do ácido fólico - Ácido fólico é importante para produção e manutenção dos ácidos nucleicos → bacteriostático - Atinge bactérias que normalmente sintetizam o próprio ácido fólico; 6 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII - Bactérias capazes de utilizar o folato pré-formado não são afetadas. 4. Qual o objetivo de administrar Trimetoprima junto com a Sulfonamida? ➢ TRIMETOPRIMA E SULFAMETOXAZOL - Sinergismo: quando dois fármacos atuam em etapas sequenciais de determinada reação enzimática essencial às bactérias - Efeito maior que o aditivo, soma dos efeitos dos dois medicamentos isolados → bloqueio sequencial da via - A combinação é conhecida como Cotrimoxazol - Trimetoprina é um inibidor do dihidrofolato redutase → 20 a 100x mais potente - Ações sobre duas etapas da via enzimática da síntese do ácido tetraidrofólico → sulfonamida inibe a incorporação do PABA ao ácido fólico e trimetoprima impede a redução do diidrofolato a tetraidrofolato - Também possuímos essa enzima, porque usamos pré- folato da dieta para produzir ácido fólico → Conhecido como bactrim 5. Quais são as indicações terapêuticas destes medicamentos (Sulfametoxazol e Trimetoprima)? ❖ INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS SULFAMETOXAZOL ✓ Streptococcus pyogenes (resistência) ✓ Streptococcus pneumoniae ✓ Haemophilus influenzae ✓ Haemophilus ducreyi (cancro mole) ✓ Nocardia ✓ Actinomyces ✓ Calymmatobacterium granulomatis ✓ Chlamydia Trachomatis ✓ Escherichia coli (resistência) ✓ Neisseria meningitidis (resistência) ✓ Shigella (resistência) Infecções do trato urinário (ITU) não empírica, nocardiose, Toxoplasmose e uso profilático – infecções estreptocócicas e febre reumática TRIMETOPRIMA ✓ Chlamydia diphteriae ✓ Neisseria meningitidis ✓ Streptococcus pneumoniae (resistência) ✓Staphylococcus epidermidis ✓ Staphylococcus aureus ✓ Streptococcus pyogenes (resistência) ✓ Escherichia coli (resistência) ✓ Proteus mirabilis ✓ Proteus morganii ✓ Proteus rettgeri ✓ Enterobacter ✓ Salmonella ✓ Shigella ✓ Pseudomonas pseudomallei ✓ Serratia ✓ Nocardia asteroides ✓ Klebsiella ✓ Brucella abortus ✓ Pasteurella haemolytica ✓ Yersinia pseudotuberculosis ✓ Yersinia enterocolítica USO COMBINADO Infecções das vias urinárias: infecções crônicas e recorrentes das vias urinárias. Prostatite bacteriana (concentrações terapêuticas nas secreções prostáticas). Infecções do trato respiratório: agudização da bronquite crônica H. influenzae e Streptococcus pneumoniae. Otite média em crianças e sinusite maxilar aguda em adultos. Não deve ser usada na faringite estreptocócica (não erradica o microrganismo - resistência). Infecções por Staphylococcus aureus: bactéria gram + multirresistente Infecções gastrintestinais: alternativa no tratamento da shigelose - muitas cepas são resistentes à ampicilina. Fármaco de 2ª linha para febre tifoide (Salmonella typhi – diarreia, febre alta, tosse seca, etc). Cepas sensíveis de Salmonella. Tratamento de diarreia aguda por cepas sensíveis de E. coli enteropatogênica (EPEC). Infecção por Pneumocystis carinii ou P jaroveci: fungo que causa infecção pulmonar nos pacientes com AIDS. Profilaxia em pacientes neutropênicos: neutropenia é o nível muito baixo dos neutrófilos Outras infecções: tratamento de infecções por Nocardia (infecção pulmonar ou de pele), brucelose (infecção sistêmica): sulfametoxazol + trimetoprima + doxiciclina/estreptomicina/gentamicina (bactéria Brucella – zoonose). 6. Qual o provável motivo pelo qual não houve eficácia antimicrobiana com o uso destes medicamentos? • Resistência bacteriana - A resistência a cominação é um problema que se espalha rapidamente, embora seja menor que a observada com cada um dos agentes isoladamente. - Deve-se a aquisição de um plasmídeo que codifica uma diidrofolato redutase alterada ou por aumento na quantidade do PABA (competitivo). 7. Qual o cenário brasileiro em relação a resistência da E. coli às sulfonamidas? Neste contexto, estas podem ser usadas como tratamento empírico da cistite bacteriana? Por que? - Possuem alta resistência → ocorre em quase 30% das cepas de E. coli isoladas da urina - Não deve ser usado em tratamento empírico, somente quando se sabe que a cepa não é resistente 7 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII 8. Quais as principais RAM (mais comuns) destes medicamentos? ❖ REAÇÕES ADVERSAS Distúrbios do trato urinário: prejuízo as vias urinárias devido ao risco de cristalúria em urina mais ácida. Distúrbios do sistema hematopoiético: Anemia hemolítica aguda – hemólise está relacionada com uma deficiência na atividade da glicose-6-fosfato- desidrogenase dos eritrócitos. Agranulocitose (0,1%) – maioria dos pacientes consegue recuperar espontaneamente após semanas ou meses. Anemia aplásica – supressão completa da medula óssea por efeito mielotóxico direto (rara) ou supressão reversível da medula óssea (comum princip. pacientes HIV ou que fazem uso de quimioterapia). - Tratamento crônico (longo) é acompanhado com hemograma Reações de hipersensibilidade: manifestação cutâneo mucosa (erupções são comuns 2%) + febre (3%), mal estar e prurido. Náuseas, vômitos e anorexia (1-2%). Hepatite (< 0,01%). SNC: cefaleia, tontura, depressão e alucinações – comum em crianças e idosos. 9. Quais os riscos da administração das sulfonamidas na gestação e porque as mesmas são contraindicadas para indivíduos com deficiência de Glicose-6-Fosfato Desidrogenase (G6PD)? ❖ CONTRAINDICAÇÕES Gravidez: (especialmente 1º trimestre – risco C). Risco de más-formações, inibe a síntese do ácido fólicos nas bactérias, então pode acabar interferindo também na nossa conversão de ácido fólico e causar discrasias sanguíneas. Estes fármacos atravessam a placenta e são secretados no leite. → Em caso de toxoplasmose gestacional, deve ser comparado risco com benefícios – usado no 2º e 3º trimestre Recém-nascidos: Menores de 1 mês de idade – doença relacionada com a falta de conjugação da bilirrubina no recém-nascido. A bilirrubina tem que ser conjugada com a albumina, e as sulfonamidas competem pela ligação com a albumina, deixando muito mais bilirrubina livre do que o normal. Essa bilirrubina livre atravessa a barreira hematoencefálica e causa lesões no SNC (encefalopatia conhecida como Kernicterus ou icterícia nuclear) Pacientes com deficiência de glicose 6 fosfato desidrogenase: na via das pentoses enzima que converte NADP em NADPH que protege as células do estresse oxidativo, antioxidante das hemácias – risco de anemia hemolítica. Gene no cromossomo X, mais comum em homens. Aparece no teste do pezinho ampliado – não disponível pelo SUS. 10. O metabolismo das Sulfonamidas pelo fígado faz com que estes medicamentos percam sua atividade biológica? E os seus efeitos tóxicos? Qual a principal via de excreção destes medicamentos? De acordo com estas informações, que tipo de paciente você deve ter maior cuidado? • Metabolismo no fígado - Principal derivado metabólico é a sulfonamida N4- acetilada. - A acetilação, que ocorre em diferentes graus de acordo com o fármaco, não é vantajosa porque os produtos resultantes não possuem atividade antibacteriana, mas continuam retendo o potencial tóxico da substância original. • Excreção - São eliminadas do organismo em parte na forma inalterada e, em parte, como produtos metabólicos. - A maior parte é excretada na urina - Na urina ácida, as sulfonamidas mais antigas são insolúveis e podem precipitar, formando depósitos cristalinos (cristalúria) que podem causar obstrução urinária. - Quantidades pequenas são eliminadas nas fezes, na bile, no leite e em outras secreções. - Cuidado com pacientes que possuem insuficiência renal Antissépticos 11. Qual o mecanismo de ação da nitrofurantoína? ➢ NITROFURANTOÍNA - 1ª escolha para itu - Bacteriostático e bactericida (em altas doses) - Espectro de ação: atinge E. coli e enterococos 8 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII - Bactérias resistentes: Proteus, Klebisiella, pseudomonas, algumas enterobactérias. - ADME: bem absorvida com baixa biodisponibilidade (rapidamente excretada). Excreção principalmente renal. ❖ MECANISMO DE AÇÃO - Sofre redução enzimática pelas bactérias, formando compostos reativos que causam danos ao DNA. - Maior atividade em urina ácida ❖ REAÇÕES ADVERSAS • Náusea/vômito/diarreia – mais comuns • Urina castanha • Hipersensibilidade • Cefaleia, mialgia, vertigem, sonolência e nistagmo (mov. Involuntário olhos) – reversíveis • Neuropatia • Fibrose pulmonar intersticial – uso prolongado ❖ CONTRAINDICAÇÕES • Recém-nascidos e pacientes com deficiência G6PD (pode causar anemia hemolítica) • Gestantes (principalmente no 1º trimestre – risco B) • Pacientes com insuficiência renal. Caso a urocultura revelasse Proteus mirabilis, você poderia ter tratado a paciente com nitrofurantoína? Por que? E com a fosfomicina? Não poderia ser usado nitrofurantoína, porque a bactéria possui resistência a esse fármaco. Poderia ser usado fosfomicina. 12. Qual o mecanismo de ação da fosfomicina trometamol? ➢ FOSFOMICINA TROMETAMOL - 1ª escolha pra itu em grávidas - Espectro de ação: atua contra gram+ e gram- - Atua contra E. coli, Estafilo, Estrepto, Proteus, Klebsiella, Enterobacter e Pseudomonas - ADME: bem absorvida por via oral e com ótima biodisponibilidade. Eliminada inalterada principalmente pela urina e fezes. ❖ MECANISMO DE AÇÃO - Inibição da enzima MurA (primeira etapa da síntese de peptidoglicanos da parede celular) - bactericida - Reduz adesividadedo patógeno nas células do trato urinário - Maior atividade em urina ácida ❖ REAÇÕES ADVERSAS • Comuns – diarreia (C. dificille), náusea, dispepsia, cefaleia, tontura e vulvovaginite. • Hipersensibilidade. ❖ INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS Infecções bacterianas não complicadas das vias urinárias baixas: cistite, uretrite, bacteriúria assintomática na gravidez, ITU pós-operatória (profilaxia também). Quinolonas 13. Como as quinolonas são consideradas fármacos de quarta linha para o tratamento de ITUs, responda as questões a seguir: - Terminadas em ... XACINO - São bactericidas. ❖ CLASSIFICAÇÃO 1° Geração (1960): Ácido nalidíxico – resistência 2° Geração (1970/80): ▪ Norfloxacina: Floxacin ▪ Ciprofloxacina: Cipro, Procin ▪ Lomefloxacina: Maxaquin (RETIRADO NOS EUA – fototoxicidade, prolongamento QT) ▪ Ofloxacina: Floxtat, Floxan. 3° Geração (1990): ▪ Levofloxacina: Tavanic; ▪ Moxifloxacino Avalox; ▪ Sparafloxacino (RETIRADO, fototoxicidade, prolongamento QT); ▪ Gatifloxacino (Tequin - RETIRADA hipoglicemia); ▪ Trovafloxacina (RETIRADO, hepatotoxicidade). 4° Geração (2006): ▪ Gemifloxacino: Factive (Descontinuado pela Aché devido a RAM: Rash cutâneo) a) Explique o mecanismo de ação e cite as indicações terapêuticas desta classe. ➢ CIPROFLOXACINO E NORFLOXACINO ❖ MECANISMO DE AÇÃO → Inibidores da função do DNA → Bactericidas - Inibição da enzima Topoisomerase IV nas gram (+), como S. aureus → auxilia na separação das cromátides irmãs. - Inibição da enzima DNA-girase (ou topoisomerase II) nas gram (-), como E. coli → relaxa o DNA superespiralado, permitindo a transcrição e replicação. - Células eucarióticas não contêm DNA-girase igual aos procariotos. - Inibem a topoisomerase II humana em concentrações muito maiores que as capazes de inibir esta enzima nas bactérias. 9 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII ❖ ADME - São absorvidas por VO. - Maiores concentrações na urina, rins, próstatas, pulmões, fezes, bile, macrófagos e leucócitos - Tempo dependente e concentração dependente Espectro de ação: gram+ e gram- ❖ USOS TERAPÊUTICOS Infecções do trato urinário: Ciprofloxacino (restrição de uso – apenas casos de pielonefrite). Prostatite bacteriana: norfloxacino, ciprofloxazino e ofloxacina Infecções sexualmente transmissíveis: ofloxacino e ciprofloxacino são eficazes no tratamento contra N. gonorrhoeae. Infecções gastrintestinais e abdominais: diarreia do viajante (frequentemente causada por E. coli enterotoxigênica); Shigelose - Norfloxacino, Ciprofloxacino e Ofloxacino; Salmonella Typhi – febre entérica ou tifóide – Ciprofloxacino e Ofloxacino Infecções do trato respiratório: Pneumonias por gram- negativos. Infecções dos ossos, articulações e tecidos moles: Osteomielite crônica (Staphylococus aureos, Pseudomonas aeruginosa, Serratia marcescens) Outras infecções: tuberculose resistente; profilaxia do antraz - Ciprofloxacino e tratamento – levofloxacino; tratamento tularemia – Ciprofloxacino; peste – Yersinia pestis; tratamento das micobacterioses (ex: Micobacterium avium, atípicas). b) Quais as principais RAM (mais comuns) desta classe? ❖ REAÇÕES ADVERSAS Principal: Artrite reacional, Artropatia, tendinite e/ou ruptura tendão em pacientes sensíveis • TGI: náuseas brandas, vômitos e/ou desconforto abdominal • Ciprofloxacino é a causa mais comum de colite causada por C. difficile • Gatifioxacino foi associado à hipoglicemia e à hiperglicemia em pacientes idosos • SNC: cefaleia branda e tontura, raramente alucinações, delírio e convulsões • Artralgia reversível (2%) • Prolongamento onda QT • Erupções cutâneas • Fotosensibilidade c) Esses medicamentos podem ser utilizados durante a gestação? E para tratamento pediátrico? ❖ CONTRAINDICAÇÕES Crianças (efeitos nos dentes e cartilagens), grávidas (risco C) e juntos com corticoides crônicos por via oral. *Usadas para casos de infecções mais graves – não usar em ITU baixa 14. Compare a escolha terapêutica (1º escolha) para tratamento empírico da cistite bacteriana em crianças, adultos e gestantes, justificando. → Crianças 10 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII Antibióticos beta-lactâmicos Inibidores da síntese de parede celular CASO CLÍNICO 01 FARINGOAMIGDALITE BACTERIANA Mariana, 13 anos, foi levada para atendimento médico apresentando febre (38,5 ºC), odinofagia, prostração, calafrios, cefaleia, vômitos e dor abdominal. O exame físico evidenciou aumento das tonsilas palatinas, exsudato purulento e petéquias em palato mole. Também foi possível observar linfonodomegalia cervical dolorosa, porém com ausência de coriza. Suspeitando de faringoamigdalite bacteriana, o médico solicitou que a paciente realizasse o teste rápido para Streptococcus pyogenes beta-hemolítico do grupo A (SGA), e que retornasse ao consultório para a orientação do tratamento. O resultado foi positivo e o médico receitou Amoxicilina por 10 dias. A paciente retornou ao consultório médico após 12 dias com os mesmos sintomas e o médico decide prescrever Amoxicilina + Clavulanato por 10 dias. 1. Quais as características do Streptococcus pyogenes beta-hemolítico do grupo A? (coloração de gram, aeróbia ou anaeróbia, habitat). Bactéria gram-positiva com morfologia de coco. São anaeróbios facultativos e catalase-negativos (enzima que converte o peróxido de hidrogênio em oxigênio e água). Em cultura de sangue, causam beta-hemólise (lise completa das hemácias que rodeiam a colônia). Presente na orofaringe e nas tonsilas palatinas. 2. Sobre a infecção por SGA responda: (a) Esta infecção pode causar complicações que justifiquem o tratamento com antibacterianos? Supurativas: abcessos Não-supurativas: complicações de resposta imune → doença autoimune, como febre reumática e glomerulonefrite (b) Explique por que pode ocorrer glomerulonefrite e febre reumática após infecção pelo S. pyogenes do grupo A, e quais destas complicações podem ser evitadas pelo tratamento farmacológico? Febre reumática: é uma doença autoimune que pode acontecer como consequência de infecção por Streptococcus pyogenes. Isso porque nessa situação os anticorpos produzidos contra a bactéria (antígeno proteína M – parecida com proteínas do nosso corpo) conseguem atingir outros órgãos e causar inflamação em vários tecidos do corpo. Evitado com uso de antibiótico por 10 dias na intenção de erradicar a bactéria. Glomerulonefrite: inflamação nos glomérulos que pode provocar insuficiência renal. Danos causados pelo complexo antígeno-anticorpo → antígenos parecidos com a estrutura glomerular, causando ligação do anticorpo e desencadeando resposta imune. 3. Explique sucintamente como é o teste rápido e a cultura para o SBA (compare o tempo e a sensibilidade/especificidade para cada tipo de teste). É um teste imunocromatográfico → cor indicado presença ou ausência de bactéria. Demora no máximo 30 min para sair o resultado. Sensibilidade: capacidade de detectar a maior quantidade de pessoas infectadas, mínimo de falso- negativo Especificidade: capacidade do teste dar negativo na ausência de doença, mínimo de falso-positivo. Leva em consideração o número de casos da região. Em comparação com a cultura: é mais rápido e de baixo custo, mas cultura é “padrão-ouro” Penicilinas 4. Qual a classe farmacológica e o mecanismo de ação da amoxicilina? - Obtidas de culturas dos fungos Penicillium notatum e Penicillium chrysogenum. - Espectro de ação (Gram+ principalmente e Gram-). ❖ INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS Pneumonias, otites e sinusites, faringoamigdalites, meningites, infecções do aparelho reprodutor (gonorreia e sífilis), endocardites, profilaxias (ex.: febre reumática e endocardite)❖ MECANISMO DE AÇÃO - Inibidores enzimáticos → bactericidas - Inibe a enzima que participa da síntese de peptideoglicano, impede a síntese da parede celular. - Faz a inibição das transpeptidases (PLP – proteína de ligação de penicilina) → responsáveis pela síntese do 11 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII peptideoglicano através da ligação cruzada entre os peptídeos da cadeia lateral de aminoácidos. 5. Explique o(s) provável(is) motivo(s) pelo qual o tratamento inicial com amoxicilina não surtiu efeito na paciente? Qual o objetivo de se associar o ácido clavulânico no tratamento de retorno? Qual o seu mecanismo de ação? Enzimas β-lactamases são capazes de clivar o anel beta-lactâmico → perda da atividade do fármaco Streptococcus não produz, mas outras bactérias podem produzir e inativar o fármaco → Moraxella catarralis e Haemophillus influenzae. INIBIDORES DA Β LACTAMASE - São capazes de inativar as β-lactamases e, desse modo, impedir a destruição dos antibióticos β- lactâmicos que são substratos destas enzimas. - Os inibidores da B-lactamase são mais ativos contra β -lactamases codificadas por plasmídeos. - Possuem estrutura semelhante ao anel beta-lactâmico para se ligar irreversivelmente a enzima - Nomes genéricos: clavulanato, sulbactam e tazobactam. 6. Quais os principais efeitos adversos desta classe de medicamentos? ❖ REAÇÕES ADVERSAS Reações de hipersensibilidade: reações alérgicas como eructações cutâneas até choque anafilático (edema de glote, hipotensão, broncoespasmo) Náusea, dor de estômago e diarreia Toxicidade: • Hematológica: efeitos tóxicos incluem depressão da medula óssea, granulocitopenia – principalmente pela oxacilina e anemia hemolítica. • Renal: hepatite • Neuro *Quando o anel beta-lactâmico se abre ele se liga a proteínas próprias e fazem apresentação de antígenos proteicos via MHC de classe II para linfócitos T CD4+ provocando uma resposta imunológica → ativa Th2 → produz IgE → resposta alérgica → APTENO * Pode haver reação cruzada, alergia a cefalosporinas e carbapenêmicos CASO CLÍNICO 02 INFECÇÕES DE PELE POR STAPHYLOCOCCUS AUREUS Luciano, 11 meses de vida, foi levado à consulta médica devido a lesões de pele com 48 horas de evolução. As lesões surgiram como bolhas, acometendo região perioral e periocular com posterior coalescência formando crostas melicéricas. Não apresentou febre. O paciente foi diagnosticado com impetigo e o médico prescreveu cefalexina VO por sete dias, além de pomada antibacteriana para uso no local das lesões (Mupirocina). Após 36 horas o paciente foi levado novamente ao consultório médico com piora clínica e disseminação das lesões para o tronco e membros, com posterior descamação e vermelhidão. O paciente foi diagnosticado com síndrome da pele escaldada, sendo internado em Hospital Pediátrico de referência e iniciado tratamento endovenoso com oxacilina. Além disso, foi colhido material para a realização do teste de coagulase e aglutinação em látex para S. aureus e teste de sensibilidade de difusão em ágar. Os testes de identificação para S. aureus foram positivos e o resultado do teste de sensibilidade confirmou o tratamento adequado. O paciente evoluiu para a regressão das lesões e melhora clínica. Impetigo: trata-se de uma infecção de pele mais frequente na criança 1. Quais as características do S. aureus (coloração de gram, aeróbia ou anaeróbia, habitat) e os principais focos de infecção hospitalar por esta bactéria? São bactérias gram-positivas, em forma de esferas (cocos), aeróbia ou anaeróbia facultativa. É encontrada na cavidade nasal e na pele. Translocação → bactéria da microbiota que sai do seu local “normal” e começa uma infecção em outro local. As feridas cirúrgicas, as escaras e os locais de saída de dispositivos médicos, também podem ser colonizados → cateteres, respiradores, ventiladores, aparelhos de hemodiálise. É causador de diversos gêneros de infecções, tais como endocardites, pneumonias e septicemias. Algumas das doenças provocadas por S. aureus são causadas pela produção de toxinas como nos casos da síndrome da pele escaldada, intoxicação alimentar e síndrome do choque tóxico, enquanto outras doenças resultam da proliferação dos microrganismos, o que leva à formação de abscessos e a destruição dos tecidos como a infecção cutânea, endocardite, pneumonia, empiema, osteomielite e artrite séptica 12 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII 2. O que são os testes de coagulase e o de aglutinação em látex e o que os seus resultados representam? TESTES BIOQUÍMICOS ➢ Teste de coagulase A coagulase é uma adesina produzida por S. aureus e S. intermedius. Reage com a protrombina e fibrinogênio no sangue, promovendo a coagulação → impedir que o sistema imune alcance ela. É usada para distinguir diferentes isolados de Staphylococcus. O teste é realizado com plasma e o resultado apresenta-se positivo se após 24h a 37ºC o plasma coagular. A negatividade no teste da coagulase exclui presença de S. aureus e S. intermedius. ➢ Aglutinação em látex É um teste usado para identificar o sorotipo de vários microrganismos com base na resposta imunitária antígeno-anticorpo do paciente. Aglutinação indireta: antígeno é absorvido por partículas de látex, que se aglutinam na presença do anticorpo específico no sangue para esse antígeno absorvido. Aglutinação direta: o anticorpo é quem vai se ligar a molécula de látex e o antígeno presente no corpo se liga a esse complexo. 3. Qual substância/enzima pode ter sido produzida pela S. aureus que impossibilitou um tratamento eficaz com a cefalexina contra esta infecção (qual o possível mecanismo da resistência bacteriana)? Justifique o uso de oxacilina. ❖ RESISTÊNCIA BACTERIANA - Pode estar relacionada com a incapacidade de o antibiótico atingir seus locais de ação, ou a alterações das proteínas de ligação da penicilina (PLPs), que são alvos das cefalosporinas. - A maioria das cepas (~98%) adquirem um plasmídeo que codifica uma penicilinase (β-lactamase), enzima que inativa o antibiótico por hidrólise do anel β- lactâmico Pode ser usado oxacilina, porque é da classe de penicilinas resistente à penicilinase → mesmo que a bactéria receba o plasmídeo não consegue clivar o anel beta-lactâmico e resistir ao antimicrobiano. Cefalosporinas ❖ MECANISMO DE AÇÃO Inibem a síntese da parede celular bacteriana por mecanismos semelhantes aos da penicilina. ❖ CLASSIFICAÇÃO Primeira geração: cefalotina e cefazolina → boa atividade contra gram-positivas e moderada contra gram-negativos Segunda geração: cefoxitina, cefuroxima e cefaclor → atividade aumentada contra gram-negativos Terceira geração: ceftriaxona, cefotaxima e ceftazidima → menos ativa que a primeira para cocos gram-positivos, mais atividade contra as Enterobacteriaceae (gram-negativo) Quarta geração: cefepima → espectro ampliado de atividade em comparação com a terceira geração → uso empírico de infecções graves em pacientes hospitalizados Quinta geração: ceftarolima → gram-positivos (incluindo ORSA) e gram-negativos ❖ REAÇÕES ADVERSAS • tromboflebite • hipersensibilidade • nefrotoxicidade 4. O que é um teste de sensibilidade de difusão em placa (Kirby Bauer)? - Também chamado de teste de disco-difusão em ágar - É realizado dispensando os discos de antimicrobianos sobre a placa de ágar após a aplicação do inóculo bacteriano (líquido). - Os discos de antimicrobianos são feitos de papel-filtro impregnado com antimicrobianos em concentrações fixas e distribuídos comercialmente - Halo indica a sensibilidade da bactéria ao medicamento 5. Considerando que a letra B seja Vancomicina, qual(is) letra(s) pode(riam) ser representada(s) pela cefalexina e a oxacilina? Oxacilina– letra A ou C → halo intermediário Cefalexina – letra E ou D → não surgiu efeito para o paciente, halo de inibição pequeno https://pt.wikipedia.org/wiki/Adesina https://pt.wikipedia.org/wiki/Staphylococcus_aureus https://pt.wikipedia.org/wiki/Staphylococcus_aureus https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Staphylococcus_intermedius&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Protrombina https://pt.wikipedia.org/wiki/Sangue https://pt.wikipedia.org/wiki/Serotipo https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%ADgeno https://pt.wikipedia.org/wiki/Anticorpo https://pt.wikipedia.org/wiki/Latex 13 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII 6. Se o tratamento com oxacilina não surtisse efeito neste caso, você poderia tratar com amoxicilina + clavulanato ou com uma cefalosporina de quarta geração ou carbapenêmico? Por que? Qual o possível mecanismo da resistência bacteriana? Bactéria usa outro mecanismo de resistência → mutação que causa alterações estrutural nas PLPs para que o fármaco não atue, nesse caso nenhum fármaco beta-lactâmico vai funcionar porque não consegue se ligar Amoxicilina + clavulanato → β-lactâmicos + inibidores da β-lactamase → evita a hidrólise do anel lactâmico – aumenta espectro e trata gram positivas, negativas e anaeróbias. Outras combinações: → Ticarcilina + ácido clavulânico → ampicilina + sulbactam Cefalosporina de quarta geração → resistente à hidrólise por muitas das β-lactamase codificadas por alguns plasmídeos (TEM-1, TEM-2 e SHV-1), mas permanece sensível a muitas bactérias que expressam β-lactamase mediadas por plasmídeos de espectro ampliado 7. Se o impetigo fosse causado por estreptococos, a terapêutica com cefalexina poderia ter surtido em resolução do quadro clínico? Justifique. Sim, pois é uma cefalosporina de primeira geração e os estreptococos não produz a enzima β-lactamase. Impetigo pode ser causado por Staphylococcus ou Streptococcus. Expõe a outras infecções por ampla lesão de pele (barreira) Carbapenêmico Nomes genéricos: Imipenem, meropenem e ertapenem - Apesar de possuir espectro de ação amplo, não funciona contra S. aureus resistente à meticilina/oxacilina (ORSA) - Via endovenosa ou intramuscular Espectro de ação: ativos contra gram-positivos, gram- negativos e anaeróbios - Imipenem e ertapenem atuam contra Pseudomonas - Usado em conjunto com Cilastatina – aumenta a biodisponibilidade ❖ INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS Pacientes graves com pneumonia ou infecções abdominal, do SNC, de pele e tecidos moles, do trato urinário e ginecológicas ❖ REAÇÕES ADVERSAS Geralmente bem tolerados, mas níveis elevados podem causar convulsões 14 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII 15 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII Antibióticos inibidores da síntese proteica CASO CLÍNICO INFECÇÃO HOSPITALAR POR GRAM - João, 57 anos, com história de DPOC (enfisema pulmonar) e uso prolongado de antibioticoterapia, deu entrada em Hospital de especialidade Gastrointestinal de referência de Curitiba para realização de uma colecistectomia. Durante o processo operatório foi necessária utilização de respiração mecânica. No período pós-operatório o paciente iniciou com quadro febril (38,8), tosse seca, dispneia, taquipneia, adinamia e dores musculares. O médico solicitou uma cultura (ágar sangue) proveniente de escarro onde foi confirmado o crescimento de Pseudomonas aeruginosa (>10.000 UFC). O paciente foi tratado com amicacina 1X ao dia + ceftriaxona (cefalosporina de terceira geração). 1. Quais as características da P. aeruginosa (coloração, habitat e resistência)? → Também conhecida como Pseudomonas pyocyanea → Gram-negativa, baciliforme e aeróbia obrigatória, móvel. → Coloniza ambientes úmidos (encanamento e equipamento hospitalares) → Presente na microbiota intestinal e axilas → Seu ambiente de origem é o solo, mas sendo capaz de viver mesmo em ambientes hostis. → Patógeno oportunista: raramente causa doenças em um sistema imune saudável, mas explora eventuais fraquezas do organismo para estabelecer um quadro de infecção. → Possui resistência natural a um grande número de antibióticos e antissépticos a torna uma importante causa de infecções hospitalares → Grande capacidade de formação de biofilmes Aminoglicosídeos 2. Qual a classe e o mecanismo de ação da amicacina? - Genéricos: gentamicina, estreptomicina, amicacina, tobramicina e neomicina. Espectro de ação: amplo → gram-negativos e aeróbias (pouco para gram+) - Efeito concentração-dependente - Penetração na célula bacteriana: ✓ 1º membrana externa pelas aquaporinas. ✓ 2º membrana interna por transporte ativo mediado pelo gradiente elétrico transmembrana (transporte de elétrons) – dependente de O2. OBS.: Bacs aeróbias ou aeróbias facultativas também produzem energia através do transporte de elétrons. E esse mecanismo pode gerar um gradiente transmembrana que facilita a entrada do antimicrobiano para dentro da célula. Por isso que em bactérias anaeróbias, que não possuem o transporte de elétrons, o aminoglicosídeo é INATIVO. ❖ MECANISMO DE AÇÃO - Inibem a síntese de proteínas bacterianas, bloqueando a fase inicial do processo. - Ligam-se a subunidade ribossômica 30S – interfere na iniciação da síntese de proteínas (fixa o complexo ribossômico 30S-50S no códon de iniciação (AUG) do mRNA). - Bloqueio da síntese proteica ou erro de leitura de mRNA – terminação prematura da tradução, ou inserção do aa incorreto nas cadeias polipeptídicas em crescimento - Em baixas concentrações, induz a leitura incorreta pelos ribossomos - Em concentrações mais altas, inibem a síntese proteica por completo → estimulam o movimento do tRNA no sentido oposto (translocação reversa). 3. Qual o espectro de ação desta classe de antibacteriano e as principais indicações terapêuticas? Espectro de ação: bactericida → gram-negativas - Atuam de modo sinérgico com outros agentes, como beta-lactâmicos - Gentamicina, tobramicina e amicacina são os mais empregados, em virtude de menor toxicidade e cobertura mais ampla → usados contra P. aeruginosa. - Administrados em conjunto com uma penicilina → infecções estreptocócicas e Listeria spp. ❖ INDICAÇÕES TERAPÊUTCA - ITU (pielonefrite, abcesso), sepse, pneumonia, infecção de grande queimado, endocardite, otite externa ❖ ADME - Policátions (bastante polares) - Pouco absorvidos pelo TGI (<1% absorvido após administração via oral ou retal). - São rapidamente absorvidos após injeção intramuscular → principal via de administração. - Administração EV: indicada para pacientes graves, como grandes queimados, pacientes chocados, infecções hospitalares. https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A9cnica_de_Gram https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_imunol%C3%B3gico https://pt.wikipedia.org/wiki/Antibi%C3%B3ticos https://pt.wikipedia.org/wiki/Antiss%C3%A9ptico https://pt.wikipedia.org/wiki/Infec%C3%A7%C3%A3o_hospitalar https://pt.wikipedia.org/wiki/Biofilme 16 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII - Inalatória: fibrose cística com infecção pulmonar crônica por P. aeruginosa – tobramicina e amicacina. - Eliminação: inalterados – Predominantemente renal – cuidado com pacientes que possuem insuficiência renal. 4. Qual vantagem a amicacina possui em comparação com a gentamicina para o tratamento da P. aeruginosa? Compare o desenvolvimento de resistência bacteriana entre os diferentes aminoglicosídeos (mecanismos). ❖ RESISTÊNCIA BACTERIANA 1. Produção de enzimas intativadoras (aminoglicosídeo fosfotransferase, acetiltransferase e adeniltransferase) codificada por plasmídeos que inativam esses fármacos → amicacina foi desenvolvida de propósito como substrato inadequado para essas enzimas. 2. Alteração na membrana - possibilidade de dificultar a entrada do fármaco na célula, talvez por alteraçãoou eliminação de porinas ou outras proteínas envolvidas no transporte do fármaco na membrana externa → gentamicina/tobramicina. 3. Alteração ribossômica bacteriana - mutação ou atividade de enzima codificada por plasmídeo pode tornar o alvo do fármaco na subunidade ribossômica 30S resistente à ligação do fármaco → estreptomicina. 5. Quais são os objetivos de se associar um medicamento inibidor da síntese de parede celular com um aminoglicosídeo? Qual destes objetivos relaciona-se a este caso? ❖ ASSOCIAÇÃO MEDICAMENTOSA Uso clínico: infecções mais sérias – pneumonia e sepse em serviço de saúde (P. aeruginosa, Enterobacter, Klebsiella e Serratia) → Amplia o espectro empírico da atividade antimicrobiana (contra gram+ e gram-) → Efeito sinérgico na morte bacteriana - a inibição da síntese da parede celular aumenta a entrada de aminoglicosídeos nas bactérias (gram+ como enterococos – controverso porque só beta-lactâmico já seria eficaz) → Impede o desenvolvimento de resistência aos agentes individuais. 6. Qual a via de administração dos aminoglicosídeos e qual esquema posológico da amicacina produz melhor resposta antibacteriana considerando que o paciente seja um adulto (1 x ao dia ou a cada 8 horas)? E em relação as reações adversas medicamentosas (ver gráfico concentração versus tempo dos aminoglicosídeos em relação ao limiar de toxicidade)? - Não apresentam biodisponibilidade oral, devem ser administrados por via parenteral. - O regime de altas doses em intervalos estendidos (1 vez/dia) produz uma concentração plasmática três vezes maior, elevando a sua eficácia que de outra forma estaria comprometida devido às concentrações sub-MIC prolongadas no período tardio do intervalo da dosagem, quando comparada ao regime administrado a cada 8 h. - O regime de uma única dose diária fornece um período de 12 h durante o qual as concentrações plasmáticas estão abaixo do limite de toxicidade, minimizando a toxicidade que poderia resultar de altas concentrações plasmáticas iniciais. - O regime de 8 em 8 h, por outro lado, fornece apenas um breve período durante o qual as concentrações plasmáticas estão abaixo do limite de toxicidade. - Fica uma pequena concentração dentro das bactérias, ampliando e prolongando o efeito → efeito pós antibiótico ❖ REAÇÕES ADVERSAS - Reações de hipersensibilidade e febre - Toxicidade → intoxicação mitocondrial e perturbação da membrana plasmática Ototoxicidade (lesão auditiva ou vestibular): inibição de ribossomos mitocondriais do hospedeiro → disfunção vestibular relacionado a perda equilíbrio e zumbido (estreptomicina, gentamicina, tobramicina) ou degeneração das células pilosas e dos neurônios da cóclea levando a perda da audição bilateral irreversível – perde primeiro frequência mais alta/agudo (amicacina, canamicina, neomicina, tobramicina) → mais importante (25%). *Difícil de perceber a perda de audição porque a voz é uma frequência mais baixa – pede exame para acompanhar. Nefrotoxicidade: acúmulo do fármaco em células tubulares proximais interrompe o transporte de cálcio – no geral é reversível (8 a 26%) - ↓ taxa filtração glomerular → Neomicina é o mais nefrotóxico, enquanto a estreptomicina o menos nefrotóxico → Insuficiência renal aguda ou crônica. Bloqueio neuromuscular: competição com o cálcio em sítios pré-sinápticos, ocasiona diminuição da liberação de ACh, gerando incapacidade de despolarização da placa terminal pós-sináptica → paralisia muscular (parada respiratória). *Administra gluconaco de cálcio IV para impedir esse bloqueio. 17 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII 7. Explique as principais RAM dos aminoglicosídeos e relacione estas informações com: (a) Qual tipo de paciente que deve haver maior cuidado/preocupação em administrar este medicamento? - Pacientes com distúrbios musculares, tais como miastenia gravis ou parkinsonismo - Cuidado com comprometimento da função renal – pacientes idosos e com nefropatias (ajuste de dose). - Tempo de ½ vida prolongada em recém nascidos – excretam menos fármaco (monitorar concentrações plasmáticas). - Paciente obeso porque a distribuição pelo tecido adiposo é ruim. (b) Quais medicamentos deve-se evitar administrar concomitantemente com os aminoglicosídeos? Interações medicamentosas - Cuidado ao administrar com: ▪ Penicilinas → podem inativar os aminoglicosídeos ▪ Vancomicina, IECA e cefalosporina → potencializam nefrotoxicidade ▪ Diuréticos de alça: Ácido etacrínico e Furosemida → potencializam ototoxicidade 8. Esta classe de medicamentos pode ser utilizada para tratamento de infecções em bebês, gestantes e lactantes (comparar com outras classes estudadas até o momento)? Justifique. ❖ CONTRAINDICAÇÕES Mulheres grávidas: - Poucos estudos; perda auditiva em crianças nascidas de mulheres tratadas com aminoglicosídeos (estreptomicina e tobramicina). - No final da gestação pode resultar em acúmulo do aminoglicosídeo no plasma fetal e líquido amniótico. Uso somente na ausência de alternativas adequadas. → Lactantes podem usar, porque não é absorvido por via oral (estrutura policatiônica – muito polar). Absorvido apenas intravenosa ou intramuscular → Pode ser administrado por via inalatória – pacientes com fibrose cística que tem infecção recorrente 9. Qual(is) outra(s) classe(s) de antimicrobianos já estudadas poderia(m) ser utilizado(s) neste caso (contra P. aeruginosa)? Fluoroquinolonas → ciprofloxacino Carbapenêmicos → Meropenem e emepenem Cefalosporina 3ª geração → ceftazidima Cefalosporina 4ª geração → cefepima Penicilinas → ticarcilina + tazobactam e piperacilina + clavulanato (penicilinas anti-psedomonas) https://pebmed.com.br/fosfomicina-e-meropenem-sao-eficazes-no-combate-as-pseudomonas/ 18 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII Outros antimicrobianos CLASSES FARMACOLÓGICAS: → Inibidores da síntese de proteínas que atuam sobre os ribossomos: tetraciclinas, glicilciclinas, cloranfenicol, macrolídeos e cetolídeos, Lincosamidas (clindamicina), Estreptograminas (quinupristina e dalfopristina), oxazolidinonas (linezolida) e aminociclitóis (espectinomicina). → Agentes que atuam sobre a parede celular ou sobre a membrana celular: polimixinas, Glicopeptídeos (vancomicina a eteicoplanina) e lipopeptídeos (daptomicina). → Agentes diversos: bacitracina e mupirocina. INIBIDORES DA SÍNTESE PROTEICA Tetraciclinas Terminados em “CINA” • Ação rápida: cloretraciclina, oxiteraciclina e tetraciclina • Intermediária: demeclociclina e metaciclina • Longa: doxaciclina e minonciclina Espectro de ação: gram-positiva (principalmente), gram-negativa, aeróbias, anaeróbias. → MRSA (doxaciclina). ❖ MECANISMO DE AÇÃO → Bacteriostáticos - Ligam-se de modo reversível ao rRNA 16S da subunidade 30S e inibem a síntese proteica por bloqueio da ligação do aminoacil tRNA no sítio A do complexo mRNA-ribossomo. - Essa ação impede a adição de outros aminoácidos ao peptídeo nascente. ❖ ALTA SELETIVIDADE - Se deve ao acúmulo ativo desses fármacos nas bactérias, mas não nas células dos mamíferos. - Devido a maneira de penetração: • Gram-negativas: difusão passiva por intermédio de porinas na membrana externa, seguidas de transporte ativo (dependente de energia) através da membrana citoplasmática interna. • Gram-positivas: ocorre de modo semelhante, por sistema de transporte dependente de energia. → As células dos mamíferos carecem desse sistema ativo encontrado nas bactérias suscetíveis. ❖ RESISTÊNCIA BACTERIANA - Pode surgir por aumento no efluxo do fármaco ou redução de seu influxo. → Bombas de efluxo codificadas por plasmídeos – mecanismo mais comum. → Produção de proteínas que interfiram na ligação de tetraciclinas ao ribossomo. → Inativação enzimática das tetraciclinas.- Usado com aditivo na alimentação de animais, podendo gerar o consumo de bactéria resistentes. ❖ FARMACOCINÉTICA - Interação com alimentos ricos em cálcio, como laticínios, e com medicamentos que contêm cátions divalentes e trivalentes, como antiácidos. - Interagem com cátions di e trivalentes – ferro, finco, alumínio, cálcio e magnésio – se ligam e diminui a absorção do fármaco - Absorção oral incompleta - Como tais produtos e medicamentos comprometem sua absorção, tetraciclinas são geralmente tomadas com estômago vazio – de 2 a 4h antes ou após refeição. - Entretanto, na circulação também pode ocorrer essa interação com Ca2+ levando ao sequestro do fármaco em osso e dentes → aparecimento de anormalidades de desenvolvimento em pacientes pediátricos. - Ampla distribuição pelo corpo - Excreção renal, também pode ser através da bile - Via oral ou endovenoso (tetraciclina causa flebite) - Ampla distribuição em todo o organismo ❖ REAÇÕES ADVERSAS • Dentes pigmentados, devido às propriedades de absorção da luz ultravioleta (UV) das tetraciclinas – contraindicado para recém-nascido, crianças menores de 8 anos e gestantes. 19 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII • Fotosensibilidade cutânea significativa – maior tendência ao desenvolvimento de células tumorais • Toxicidade hepática – adm parenteral, indivíduos com insuficiência renal • Toxicidade renal – Síndrome de Fanconi (fármaco vencido, não frequente), fosfatúria (amolecimento ósseo), osteomalácia e, adultos e raquitismo em crianças. • Alergia – angioedema, anafilaxia, reações cutâneas • Distúrbio gastrintestinal (náuseas e vômitos) • Colite pseudomembranosa - Não usar com aminoglicosídeos ❖ INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: • Riquetsias (tifo e febre maculosa) – 1ª escolha • Infecção por micoplasma e clamídia • Brucelose - Uso alternativo para bactérias atípicas (M. pneumoniae), N. gonorrhoeae, H. ducreyi, Treponema pallidum e pacientes com traqueobronquites e sinusites - Cicatrização de córnea - Infecções mistas das vias respiratórias e acnes Glicilciclinas Nome genérico: tigeciclina Espectro de ação: cocos gram-negativos e gram- positivos multirresistentes, ORSA, anaeróbios, bactérias atípicas ✓ Neisseria meningitidis ✓ Bacteroides fragilis ✓ Clostridium difficile ✓ Micoplasmas, clamídias e Legionella ✓ Resistência - P. aeruginosa e Proteus mirabilis - Sua estrutura de quatro anéis assemelha-se à das tetraciclinas. - Liberada no Brasil em 2006 – relativamente novo - Uso endovenoso. - Menos resistência que as tetraciclinas. - Boa penetração tecidual (pulmões e ossos) - Menor toxicidade - Maior chance de resistência por bomba de efluxo e menor chance por alteração ribossômica ❖ INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS Osteomielite por ORSA, sepse abdominal e infecções complicadas de pele e tecidos moles. Cloranfenicol Nome genérico: quemicetina → Bacteriostático e algumas vezes bactericida Espectro de ação: gram-positiva, gram-negativa, aeróbia, anaeróbia, clamídias, riquétsias e micoplasma Resistência – P. aueruginsa, Salmonella, Shigella ❖ MECANISMO DE AÇÃO - Liga-se à subunidade 50s e inibe por transpeptidação. ❖ INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS Infecções graves que não podem ser tratadas com outras fármacos Febre tifoide, meningite bacteriana e epiglotite, riquetsoides em alérgicos à tetraciclina, infecção por enterococos resistentes a vancomicina, artrite séptica e osteomielite por H. influenzae Seguro na aplicação tópica – eficaz na conjuntivite bacteriana. ❖ REAÇÕES ADVERSAS ▪ Síndrome cinzenta do recém-nascido ▪ Hipersensibilidade ▪ Distúrbios do TGI - náuseas, vômitos, diarreia e gosto desagradável ▪ Discrasias sanguíneas (anemia aplásica) Contraindicado na gestação e lactação (passa para o leite) – Risco C ❖ RESISTÊNCIA - Acetiltransferase codificada por plasmídeo, que inativa o fármaco. - Redução da permeabilidade nas células para alcançar os ribossomos (mutação). Macrolídios Terminados em “TROMICINA” → eritromicina, azitromicina e claritromicina. - Eritromicina é destruída pelo ácido do estômago → comprimidos de revestimento entérico 20 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII - Macrolídios são assim denominados por seus grandes anéis de lactona, aos quais estão fixados um ou mais desoxiaçúcares. → Bacteriostáticos Espectro de ação: gram-positivos aeróbios e poucos gram-negativos ✓ Eritromicina: gram-positivos aeróbios ✓ Claritromicina: gram positivo > gram-negativo ✓ Azitromicina: ↑ gram-negativo – enterobactérias são resistentes ❖ MECANISMO DE AÇÃO Bloqueiam a etapa de translocação da síntese proteica ao atuar sobre o alvo rRNA 23S da subunidade 50S. Eritromicina – inibe a etapa de translocação para sítio E - Se ligam a um segmento específico e bloqueiam o túnel de saída a partir do qual emergem os peptídeos nascentes. ❖ INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS - Importantes no tratamento de infecções pulmonares (excelente penetração no tecido pulmonar) → S. pyogenes do grupo A. - 1ª escolha no tratamento de pneumonias por bactérias atípicas (Mycoplasma pneumoniae, Legionella pneumophila, Chlamydia spp.). - Relevante contra Legionella - Alternativa à pacientes alérgicos a penicilinas - Coqueluche, difteria, infecções por clamídia, H. pylori, profilaxia febre reumática, sífilis, entre outros. - Pneumonia, endocardite, infecções superficiais de pele e profilaxia de febre reumática ❖ RESISTÊNCIA BACTERIANA - Habitualmente codificada por plasmídeos. → Produção de esterases que hidrolisam os macrolídios. → Modificação do sítio de ligação ribossômico por mutação cromossômica. → Redução da permeabilidade da membrana aos macrolídios ou (mais comumente) aumento do efluxo ativo do fármaco. → Produção de metilase que modifica o alvo ribossômico dos macrolídios, resultando em diminuição da ligação do fármaco – maior parte da resistência em gram-positivos. ❖ REAÇÕES ADVERSAS - Toxicidade gastrintestinal: náuseas, vômitos, diarreia e até anorexia. - Toxicidade hepática: hepatite colestática aguda (com febre, icterícia e comprometimento da função hepática) → reação de hipersensibilidade. - Toxicidade cardíaca. - Infecções oportunistas TGI e vaginal Cetolídio Novos macrolídeos Nome genérico: telitromicina ❖ MECANISMO DE AÇÃO - Semelhante ao dos macrolídios, porém com maior afinidade pela subunidade ribossômica 50S, em virtude de sua capacidade de ligação a sítio adicional no rRNA 23S. - Essa maior afinidade possibilita seu uso no tratamento de infecções causadas por certas cepas bacterianas resistentes a macrolídios. Lincosamidas Terminados em “MICINA” Nome genérico: clindamicina e lincomicina → pró- fármaco - Distribuição ampla → Bacteriostático Espectro de ação: anaeróbios, gram-positivo e gram- negativo ❖ MECANISMO DE AÇÃO - Bloqueia a formação de ligações peptídicas, aparentemente por meio de interações com sítios A e P na subunidade 50S. ❖ INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS - Infecções anaeróbias graves causadas por bacteroides - Infecções intra-abdominais, pélvicas e infecções pulmonares (abscesso pulmonar, pneumonia aspirativa, empiema) - Infecções odontogênicas, osteomielite, sinusites, otites crônicas, infecções de pele por estrepto e estafilo etc. - Alternativa terapêutica para toxoplasmose ❖ REAÇÕES ADVERSAS - Causa potencial da colite pseudomembranosa decorrente de superinfecção por Clostridium difficile → bactéria selecionada durante a administração oral. - Caracterizada por ulcerações da mucosa, diarreia intensa e febre. 21 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII - Exantemas cutâneos - Diarreia, flebite - Raro: síndrome de Steven Johnson ❖ RESISTÊNCIA BACTERIANA - Alterações no sítio receptor do ribossomo - Mudanças mediadas por plasmídeos Estreptograminas Terminados em “PRISTINA”Nomes genéricos: dalfopristina (grupo A) e quinupristina (grupo B). → Bactericida Espectro de ação: gram-positivo e atípicos ❖ INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS - Tratamento de infecções graves ou potencialmente fatais causadas por ORSA, Enterococcus faecium ou Streptococcus pyogenes e Staphylococcus resistentes à vancomicina (GRSA). ❖ MECANISMO DE AÇÃO - Agem sinergicamente - Inibem a síntese proteica por sua ligação ao centro peptidil transferase do rRNA bacteriano ligando a subunidade 50S. - Mutações e modificações que afetam essa região podem conferir resistência. ❖ REAÇÕES ADVERSAS - Tromboflebite no local - Artralgias e mialgias - Rash cutâneo. Oxazolidinomas Nome genérico: linezolida Espectro de ação: anaeróbios e aeróbios, gram- positivas resistentes incluindo: ✓ S. aureus resistente à meticilina (MRSA/ORSA) ✓ Estreptococo resistente à penicilina ✓ Enterococo resistente à vancomicina (ERV) ❖ MECANISMO DE AÇÃO - Bloqueia as interações produtivas de aminoacil tRNA com o sítio A no centro ativo da peptidil transferase. - Mutações na subunidade 50S do rRNA também podem conferir resistência ao fármaco. - Ligação ao sítio P da subunidade 50S do ribossomo, inibindo a síntese do maior complexo que dá início a síntese de proteínas. ❖ INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS Infecções por gram + multirresistentes, ORSA e GRSA, enterococos resistentes a vancomicina, S. pneumoniae resistente a penicilina - Tratamento de pneumonia, septicemia e infecções de pele e tecidos moldes → graves ❖ REAÇÕES ADVERSAS Mielossupressão, trombocitopenia, anemia, leucopenia, diarreia, náuseas, exatema, neurotoxicidade, tontura. Aminociclitóis Nome genérico: espectiromicina → Bacteriostático Espectro de ação: gram-negativo ❖ MECANISMO DE AÇÃO Ligam-se à subunidade 50s do ribossomo. ❖ INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS Gonorreia em cepas resistentes à ceftriaxona ou quando não se pode administrar um beta-lactâmico ou fluorquinolona ❖ REAÇÕES ADVERSAS Urticária, dor no local da injeção, calafrios, febre, tontura. ALTERAÇÃO DA PERMEABILIDADE DA MEMBRANA CELULAR Polimixinas Nome genérico: colistina (polimixina E) e polimixina B → Bactericida Espectro de ação: gram-negativa, aeróbias e anaeróbias ❖ MECANISMO DE AÇÃO Interage com fosfolipídios e desorganizam membranas, modifica permeabilidade → são detergentes catiônicos ❖ INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS Otite externa, úlceras na córnea por P. aeruginosa, infecções das mucosas do olho e orelha. Uso tópico. ❖ REAÇÕES ADVERSAS Nefrotoxicidade e reações neurológicas (fraqueza muscular, parestesias, náusea, vertigem e fala arrastada) 22 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII INIBIDORES DA SÍNTESE DA PAREDE CELULAR NÃO β-LACTÂMICOS Glicopeptídeos Nome genérico: vancomicina e teicoplanina - Administradas por via endovenosa → Bactericida Espectro de ação: gram-positivas anaeróbias – S. aureus, enterococos e estreptococos ❖ MECANISMO DE AÇÃO Inibem a síntese da parede celular → através de sua ligação firme à extremidade terminal D-Ala-D-Ala da unidade de monômeros de mureína, isso inibe a transglicosidase e bloqueia a adição de unidades de mureína à cadeia de polímero em crescimento. ❖ INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: - Osteomielite, endocardite, infecções de próteses entre outros. - ORSA, estreptococos e enterococos resistente a ampicilina - Colite pseudomembranosa ❖ REAÇÕES ADVERSAS VANCOMICINA - Síndrome do pescoço vermelho - Rash e eritema maculo papular, hipersensibilidade, febre, rubor. - Leucopenia - Ototoxicidade - Nefrotoxicidade TEICOPLANINA - Reações cutâneas e disfunções hepáticas transitórias Lipopeptídeos Nome genérico: daptomicina → Bactericida Espectro de ação: gram +, aeróbias e anaeróbias. ❖ MECANISMO DE AÇÃO Faz a despolarização da membrana (efluxo de K+ - perda do potencial de membrana) ❖ INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS Infecções complicadas de pele e tecidos moles, ORSA e GRSA e estreptococos resistente a beta-lactâmicos. ❖ REAÇÕES ADVERSAS Elevação da creatinocinase, toxicidade (miopatias) QUESTÕES SOBRE INIBIDORES DA SÍNTESE DE PROTEÍNAS E AGENTES DIVERSOS: 1. Dentre os inibidores da síntese de proteínas e outros agentes, qual a classe/fármaco de escolha para o tratamento de infecções por riquétsias (tifo, febre maculosa): (a) Cloranfenicol – poderia ser se tivesse resistência ou alergia a tetraciclina (b) Tetraciclinas - uso alternativo devido aos efeitos adversos (c) Penicilina (d) Sulfonamidas 2. A Tigeciclina é uma importante opção terapêutica para infecções como: (a) Cistites bacterianas (b) Osteomielites – por ORSA, boa penetração no tecido ósseo (c) Impetigo (d) Corioretinite por toxoplasmose - sulfonamidas *reservado para infecção grave – infecções de partes moles, complicadas e bactérias multirresistentes CASO CLÍNICO APENDICITE AGUDA M.L.R., sexo masculino, branco, 67 anos, foi admitido na Emergência de Hospital de grande porte de Curitiba com queixa de dor abdominal há 24 horas, do tipo difusa, moderada, contínua, de início súbito, que diminuía temporariamente com uso de analgésicos, acompanhada de náuseas e dificuldade para evacuar. Ao exame foi observado abdome globoso, distendido, peristalse débil, hipertimpânico, doloroso à palpação difusa. O paciente foi internado e realizado suporte hidroeletrolítico, analgesia e observação. EVOLUÇÃO Após 24 horas, houve piora do quadro clínico, com sinais e sintomas de irritação peritoneal. A rotina de abdome agudo evoluiu com apresentação de níveis líquidos, sendo indicada a Laparotomia Exploradora (LE). CIRURGIA O paciente foi submetido a LE com diagnóstico pós- operatório de apendicite supurada, sendo realizada apendicectomia e deixado um dreno de Penrose intracavitário e iniciada antibioticoterapia com Cefalotina 1g IV de 6/6h (cefalosporina de 1º geração). PÓS - OPERATÓRIO Paciente evoluindo com estado geral regular no pós- operatório imediato com prostração, distensão abdominal e eliminação de secreção purulenta pela ferida operatória. Foi coletada secreção da ferida para cultura e antibiograma e a prescrição foi alterada. 3. Em relação a este caso responda: 23 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII a) De acordo com a localização da infecção (proximidade com o cólon), que tipo de infecção você pode suspeitar neste caso? → Bactérias anaeróbias → Bacteroides (mais frequente) – gram-negativo anaeróbio, relacionada a infecções no abdome e da pelve, canal dentário, pneumonia aspirativa - Infecções por anaeróbios geralmente são mistas. - Característica produção de pus. b) Qual associação terapêutica poderia ter eficácia clínica para este caso (justifique)? Ceftriaxona associada à(o): (a) Gentamicina – aminoglicosídeo só penetra em células aeróbicas (b) Claritromicina (macrolídeo)- bactérias atípicas, não trata anaeróbio (c) Clindamicina - anaeróbios (d) Sulfametoxazol – não trata anaeróbio c) Cite outra opção a ser utilizada com a ceftriaxona neste caso. → Metronidazol – cefalosporina de 3ª geração 4. Cite quatro outras opções (classe/nome de medicamentos) que possuem espectro de ação para anaeróbios. • Penicilina – piperacilina + tazobactam ou tetraciclina + clavulanato • Carbapenêmicos • Quinolonas • Tetraciclina e Glicilciclinas 5. Doenças do trato gastrintestinal tais como úlceras gástricas e/ou duodenais estão altamente relacionadas com a infecção por Helicobacter pylori (bastonete Gram-negativo). Qual medicamento é usado para o tratamento contra infeções de Helicobacter pylori em associação com uma penicilina em pacientes com estas doenças? Associação 1ª escolha: amoxicilina + omeprazol – inibidor de bomba de prótons (20mg) + claritromicina a) Doxiciclina b) Claritromicina (macrolídeo) – principalmentegram-positivo – controverso porque H. pylori é gram-negativo c) Clindamicina d) Ciprofloxacino 6. Infecções das mucosas dos olhos e orelhas causadas por microrganismos Gram-negativas podem ser tratadas topicamente com: a) Mupirocina – tópica para gram-positivo b) Polimixinas B – só para uso tópico c) Neomicina – aminoglicosídeo, gram+/- mas não tem formulação para uso oftalmológico, pomada nebacetin d) Eritromicina 7. Infecções causadas por Staphylococcus aureus resistente à oxacilina (ORSA), podem ser adequadamente tratadas com: a) Cefalexina – beta-lactâmico, bactéria possui resistência por alterar a PLP da parede celular b) Ciprofloxacino – mais para gram-negativo c) Vancomicina - Glicopeptídeo d) Espectinomicina – principalmente para gram- negativo, usado para gonorreia 8. Caso a infecção por Staphylococcus aureus fosse resistente também à Vancomicina (GRSA), qual classe de medicamentos seria uma opção de tratamento: *GISA – resistência intermediária a glicopeptídeo a) Tobramicina – aminoglicosídeo, trata gram- negativo b) Teicoplanina – também um glicopeptídeo, mesma classe da vancomicina c) Linezolida (Oxazolidinonas)- trata gram-positivo multirresistente d) Colistina – polimixina, contra gram-negativo 9. Pneumonias relacionadas a bactérias atípicas tais como Mycoplasma pneumoniae, Legionella pneumophila, entre outras, podem ser tratadas com: → Bactérias que não tem parede celular, muito pequenas, intracelulares e algumas podem ficar na superfície das células. a) Vancomicina (glicopeptídeo) b) Sulfametoxazo+Trimetoprima (Sulfonamidas) c) Azitromicina (macrolídeo) – inibidor da síntese proteica, tempo de meia-vida (72h) maior, menos reações adversas, usada 1x ao dia, perde absorção junto com alimento d) Ceftriaxona (Cefalosporina de 3ºG) 24 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII 25 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII Antifúngicos CASO CLÍNICO 01 DERMATOFITOSE Um menino de 4 anos de idade é levado por sua mãe ao consultório porque ele persiste coçando uma mancha em seu braço. A mãe diz que isso vem acontecendo há vários dias, e parece que a mancha está crescendo. Ninguém em casa tem algo parecido. Ele não teve febre ou quaisquer sinais sistêmicos de doença. Não houve exposições recentes a novos alimentos, medicamentos, loções ou sabonetes. Ele frequenta a pré-escola durante o dia. Ao exame da pele do menino, você vê um anel circular do tamanho de uma moeda de 5 centavos no antebraço direito. Ela tem uma borda vermelha, elevada, com escama ativa apenas nas bordas, e que clareia no centro. Você obtém um raspado da lesão com hidróxido de potássio que é positivo para elementos fúngicos. O restante do exame da pele e o exame físico geral são normais. Você o diagnostica com tínea de corpo (tinea corporis) e prescreve Ciclopirox olamina 1% creme, duas vezes ao dia, durante 4 semanas. Agentes estrut. diversos 1. Qual a classe farmacológica e o mecanismo de ação do ciclopirox olamina? ➢ CICLOPIROX OLAMINA - Uso tópico: xampu gel, suspensão, loção, e solução a 8% para onicomicose. ❖ MECANISMO DE AÇÃO → Fungicida Inibe o transporte de elementos essenciais (aminoácidos, etc.) na célula fúngica, desregulando a síntese de DNA, RNA e proteínas. ❖ ATIVIDADE ANTIFÚNGICA Amplo espectro (Candida albicans, Malassezia furfur, dermatófitos dos gêneros Tricophyton, Epidermophyton e Microsporum). 2. Quais as indicações terapêuticas deste medicamento? ❖ INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS - Dermatofitoses - Dermatite seborreica - Candidíase cutânea - Ptiríase versicolor por Malassezia furfur ❖ REAÇÕES ADVERSAS - Prurido - Sensação de queimação - Dermatite alérgica de contato - Hipersensibilidade CASO CLÍNICO 02 CANDIDÍASE VAGINAL Ludmila, 54 anos, com história pregressa de diabetes melito não compensado e hipertensão arterial, foi ao consultório médico relatando corrimento vaginal acompanhado de intenso prurido. Ao exame clínico o médico observa corrimento esbranquiçado e mucosa avermelhada/inflamada. Ele a diagnostica com candidíase vaginal e prescreve miconazol (5g creme 1x/dia por 7 dias ao deitar) ou fluconazol 150 mg V.O., em dose única. *Diabetes não compensada → mais propenso a infecção fúngica. Azóis 1. Qual a classe e o mecanismo de ação do fluconazol e do miconazol? ➢ FLUCOMONAZOL E MICONAZOL ❖ ATIVIDADE ANTIFÚNGICA - Amplo espectro de atividade (Aspergillus fumigatus; Candida sp; Cryptococcus neoformans; Histoplasma capsulatum; Paracoccidioidis braziliensis; Coccidioidis immitis; Blastomyces dermatitidis). - Infecções de bexiga, meningite fúngica, candidíase cutânea, tineas, candidíase vulvovaginal - Profilaxia de micose em pacientes imunosuprimidos (itraconazol) ❖ MECANISMO DE AÇÃO → Fungistático Bloqueio da síntese de lipídeos (esteróis) fúngicos, principalmente o ergosterol (14-alfa-esterol- desmetilase), alterando a permeabilidade da membrana das células fúngicas. 26 AMANDA ALMEIDA DA LUZ – FPP TXIII - Interferência na ação enzimática associada à membrana. Fluconazol → inibe o dimorfismo da Candida sp. – inibição da transformação das células da levedura em pseudo-hifas (forma mais invasiva do fungo). Miconazol → altera outros componentes lipídicos da membrana, que pode resultar em necrose. 2. Você poderia ter usado outro(s) creme(s) vaginal(is) ao invés do miconazol? Caso a resposta for sim, qual(is) seria(m) o(s) medicamento(s)? Cremes vaginais: outros imidazóis de aplicação tópica, como clotrimazol, tioconazol, butoconazol, etc. → Nistatina (não tem bom resultado para pacientes diabéticos – pouco usada para candidíase vaginal) ❖ CLASSIFICAÇÃO Imidazóis: cetoconazol (via oral e tópica - loção, creme, xampu) – substituída pelo itraconazol), miconazol (tópica), clotrimazol (tópica), oxiconazol (tópica), econazol (tópica), butoconazol (tópica), sertaconazol (tópica), tioconazol (tópica). Triazóis: itraconazol (via oral ou intravenosa), fluconazol (via oral ou intravenosa), voriconazol (via oral ou intravenosa), posaconazol (+ativo – via oral), terconazol (tópica). ❖ RESISTÊNCIA - Mutações no gene que codifica a 14-alfa-esterol- desmetilase. - Resistência cruzada entre todos os azóis (trocar a classe do medicamento). 3. Quais os possíveis efeitos adversos destes medicamentos? ❖ REAÇÕES ADVERSAS - Inibidores das CYPs (enzimas do citocromo P450) - Hepatotoxicidade - Teratogênicidade - Náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia, cefaleia e exantema - Hipopotassemia (itraconazol e anfotericina B) - Hipertrigliceridemia (itraconazol), efeito inotrópico (itraconazol) - Prolongamento intervalo QT (voriconazol) MICONAZOL → menor absorção sistêmica - Ardência, prurido - Mais segura para gestação (exceto nas primeiras semanas) - Cólica CETOCONAZOL - Inibe biossíntese de testosterona (impotência, astenia, ginecomastia). - Inibe a síntese de corticosteroides (tratamento do hipercortisolismo – insuficiência suprarrenal. Pode acontecer como itraconazol em doses altas também). 4. Além dos medicamentos para o diabetes, a paciente faz uso também de losartana para o controle de sua pressão arterial e de Erva de São João como antidepressivo. Pode haver alguma interação medicamentosa entre estes fármacos? Explique. Erva de São João: é um indutor enzimático das enzimas hepáticas, mesmas enzimas que metabolizam o outro medicamento de forma que reduz a concentração desse fármaco → interage apenas com voriconazol Losartana: pró-fármaco, não é convertido no metabolito ativo e assim diminui seu efeito terapêutico → interage com fluconazol: é um inibidor enzimático, então o corpo vai metabolizar menos o losartana CASO CLÍNICO 03 CANDIDOSE ORAL Analice, 46 anos, com história de doença autoimune e hipertensão
Compartilhar