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Manuela Canabarro Ehlert Medicina Univates 2026/B Farmacologia INTRODUÇÃO AOS ANTIMICROBIANOS E ANTIBACTERIANOS Antimicrobianos: é o toda substancia capaz de atuar contra microorganismos, inibindo o crescimento ou destruindo-os, incluindo ant i fúngicos, ant iv i rais, ant iparasi tár ios, antibacterianos. Antibióticos: Metabólito microbiano análogo sintético inspirado em um metabólito que, em pouca quantidade, inibe o crescimento de microorganismos. Quimioterápicos: Substancia que é capaz de inibir o crescimento ou causar morte celular (inclusive de microorganismos) * Antimicrobianos de amplo espectro= atingem grande numero de especies de microorganismos nas doses terapêuticas (podendo matar a microbiota intestinal) ❗ cuidar com mulheres que utilizam ACO via oral pois podem perder o efeito, uma vez que as bactérias da microbiota intestinal podem estar mortas incapacitando-as de ativar o estrogênio.Logo, a reciclagem diminuída de estrógeno, juntamente com o metabolismo hepático aumentado, favorece a queda das concentrações hormonais * Antimicrobianos de espectro reduzido= atingem um pequeno numero de microorganismos nas doses terapêuticas Os microbianos possuem diversos objetivos: -profilaxia: Evitar infecção em não infectados Pacientes AIDS: quando CD4 < 200/mm3; Transplantados – dependente do tempo do transplante e do imunossupressor adm; Profilaxia pós-exposição: rifampicina (evitar meningite meningocócica); gonorréia, sífilis, HIV, sífilis e HIV transmissão materno-infantil. -Preventivo: Erradicar doença iminente. Adm antes de aparecimento de sinais e sintomas. Evitar doença por Citomegalovírus (CMV) pós transplante de céls tronco e órgãos sólidos (doses muito menores que terapêutica com antivirais) -Empírico: Utilizar trat empírico quando risco alto de esperar pelo resultado da cultura microbiana. - Basear-se: Apresentação clínica, Epidemiologia, Conhecimento dos microrganismos relacionados à in fecção em determinado hospedei ro → diretrizes.❗ pode ser grave e errático em função de um microorganismo resistente ou um diagnostico errado. -Definitivo: é realizado após análise do material clínico: identif icação do microrganismo e determinação do perfil de suscetibilidade a antimicrobianos in vitro (antibiograma). Vantagens: - Aumentam eficácia no tratamento - Diminuem tempo de tratamento - Diminuem risco de resistência -Tratamento Supressor pós-tratamento: Após controle da infecção, tratamento mantido com dose mais baixa Ex.: Infecção em AIDS e transplantados – tratamento supressor interrompido quando função imune melhora. RESISTÊNCIA MICROBIANA: os microorganismos se adaptam em busca da sobrevivência (principalmente pela administração incorreta, dose e tratamento incompleto, descarte incorreto dos remédios, utilização incorreta em animais) -resistência natural, fisiológica (biofilmes), resistência adquirida (mutações) 1 Manuela Canabarro Ehlert Medicina Univates 2026/B *mecanismos de resistência bacteriana -Liberação de enzimas microbianas que destroem o antimicrobiano -Alteração das proteínas microbianas que transformam pró-fármacos em fármacos ativos -Mecanismo de efluxo (bomba de efluxo) -Alteração da permeabilidade celular ao antimicrobiano -Desenvolvimento de uma via alternativa à inibida pelo antimicrobiano -Mutação das proteínas-alvo (receptor) ❗ medidas para reduzir risco de resistência: -precisa de antibióticos? -qual fármaco ideal? -acompanhamento -paciente irá administrar? -orientação Antimicrobiano Ideal -Toxicidade Seletiva para o microrganismo, causando reação mínima ou nula no organismo hospedeiro; -Não afetar a microbiota residente do hospedeiro; -Via de administração conveniente (VO é preferida); -Baixo potencial de interações medicamentosas. Alvos para a ação de antibacterianos: ANTIBIÓTICOS β-LACTÂMICOS -agem inibindo a síntese de parede celular da bactéria. -inclui quatro famílias: penicilinas, cefalosporinas, monobactâmicos e carbapenêmicos (todos possuem a estrutura do anel beta-lactâmico). ●mecanismo de ação: Ligam-se a uma enzima da classe das transpeptidases, conhecida por proteínas ligadoras de penicilinas (PBP = PLP), inibindo-as, são responsável pela ligação cruzada entre cadeias de peptídeo conectadas ao esqueleto de peptidoglicano, ou seja, estes antibióticos atuam na última etapa de formação da parede celular bacteriana, são antibióticos bactericidas. *interrompem síntese de peptidoglicano por ser análogos estruturais de D-Ala-D-Ala e se ligar no sítio ativo da PBP (PLP), há uma competição entre esses componentes, de modo que o B-lactâmico impede a ligação da D-Ala-D-Ala e inibe a enzima, impedindo a estruturação da parede celular. ● resistência das bactérias aos β-lactâmicos: 1. produção de Beta-lactamases é o mecanismo de resistência a beta-lactâmicos mais comum; podem ser produzidas tanto por BG+ quanto BG- (a diferença é que essas enzimas ficam na parte externa da bactéria nas BG+ diferente do que ocorre nas BG-, onde essas enzimas ficam no espaço periplasmático), são enzimas que degradam o anel beta-lactâmico (grupamento farmacofórico) dos antibióticos; se ligam de forma reversível ao beta-lactâmico (uma enzima pode degradar várias moléculas de beta-lactâmico, não adianta aumentar a dose), ❗ Penicilinases são um tipo de beta-lactamases, a meticilina é um tipo de penicilina resistente à essas enzimas, diferente da penicilina G e V, 2. Alteração da PBP-alvo. 3. Permeação reduzida dos Beta-lactâmicos – somente em BG-, ❗ Pseudomonas aeruginosa é intrinsecamente resistente à uma ampla variedade de antibacterianos porque não tem as porinas c l á s s i c a s d e a l t a p e r m e a b i l i d a d e a o s antibacterianos. 4. Bomba de efluxo dos Beta-lactâmicos: ❗ Importante mecanismo de defesa de P. aeruginosa e N. gonorrhoeae. ● aplicações terapêuticas: -Penicilinas: Penicilina G (Benzilpenicil ina Potássica: IV ou Benzatina: IM), Pneumonia e Meningite pneumocóccica, Faringite e outras infecções estreptocócicas. -Amoxicilina: Trato resp. superior, Trato urinário. -Cefalospor inas: 1a geração: Cefalot ina, Cefazolina, Cefadroxila e Cefalexina. Úteis para Estreptococos e S. aureus, melhor para BG+, 2a geração: Cefoxitina, Cefuroxima e Cefmetazol. Melhor contra BG-. 3a geração: Ceftriaxone, Cefotaxime, Cefdinir, Ceftibuteno, etc; São mais po ten tes con t ra bac i los g ram-negat ivos facultativos, e têm atividade antimicrobiana superior contra S. pneumoniae (incluindo aqueles com sensibilidade intermediária às penicilinas), S. pyogenes e outros estreptococos. Melhor do que 2 Manuela Canabarro Ehlert Medicina Univates 2026/B as de 2a para BG-; 4a geração: Cefepime, Cefpiroma; Espectro ampliado de atividade em relação a 3a geração; Maior estabilidade a beta- lactamases mediadas por plasmídeos; ativas contra P. aeruginosa e muitas enterobactérias resistentes aos agentes da 3a ger; uso restrito a hospitais. -Monobactamas: Aztreonam Espectro restrito a BG– aeróbicas, tais como P. aeruginosa, Neisseria mening i t id is e Haemophy lus in f luenzae; Estabilidade a beta-lactamases; Uso restrito a hospitais; Empregado apenas como 2a opção a aminoglicosídeos ou cefalosporinas de 3a geração. -Carbapenemas: Imipenem, meropenem, ertapenem Amplo espectro – o maior espectro entre todos os antibióticos; Estabilidade a beta- lactamases; Uso restrito a hospitais. ● classificação de beta-lactamases segundo Ambler: ● inibidores de beta-lactamases: se ligam na enzima de forma irreversível e impedem sua ação, protegendo o antibiótico beta-lactâmico, ampl iando seu espect ro de ação; são considerados antibióticos suicidas. Nem sempre funciona pois algumas bactérias ja são resistentes. -Ácido clavulânico: comercializado em associação com amoxicilina (Amplamox AC® , Clavulin® , Novamox®), comercializado em associação com ticarcilina(Timentin® ). -Sulbactam: empregado em associação com ampici l ina (Unasyn®) – adm. parenteral; -Sultamici l ina: pró-fármaco, resultado da associação de sulbactam+ampicilina (Unasyn oral®). -Tazobactam: usado em associação com piperacilina (Tazocin® ). -Vaborbactam: associado a meropenem (ação contra carbapenemases). ● características farmacocinéticas: -Penicilinas: uso por via oral, intramuscular ou intravenoso, dependendo da estabilidade em meio ácido do fármaco, absorção entérica pode ser comprometida com a ingestão de alimentos (adsorção ao alimento), ampla distribuição nos fluidos orgânicos; são rapidamente eliminadas (rins); T 1/2 = entre 30 e 60 minutos; ❗ Altas concentrações na urina; atravessam barreira placentária,são excretadas no leite.❗ crianças podem se tornar sensíveis a penicilina por esse motivo. -Cefalosporinas: uso por via oral, intramuscular ou intravenoso; ampla distribuição nos fluidos orgânicos; são eliminadas principalmente por secreção tubular renal, atravessam barreira placentária e são excretadas no leite. ● devem ser feitas dosagens especiais desses fármacos em casos de insuficiência renal e hepá t i ca ; ( exce to pen i c i l i na V e ceftriaxona). ● reações adversas: Baixa toxicidade, devido a atuação exclusiva sobre parede celular das bactérias; Pen i c i l i nas são cons ide rados os antibióticos de menor risco para uso durante gravidez. *Reações de hipersensibil idade: erupções maculopapulares, erupções urticariformes, febre, broncoespasmo, vasculite, doença do soro, dermatite esfoliativa, síndrome de Stevens- Johnson e anafilaxia; (incidência varia de 0,7 a 10% -penicilinas; pode ocorrer reação cruzada entre beta-lactâmicos). -Diarréia, náuseas, vômitos e anorexia (via oral); -Colite pseudomembranosa; superinfecção (antibióticos de amplo espectro); -Hiperpotassemia (benzilpenicilina potássica); intoxicação por procaína (benzilpenici l ina procaína); 3 Manuela Canabarro Ehlert Medicina Univates 2026/B -Diminuição da agregação plaquetária, com a u m e n t o d o t e m p o d e s a n g r a m e n t o ( b e n z i l p e n i c i l i n a , c a r b e n i c i l i n a e ticarcilina;cefamandol, cefotenam e cefoperazona); -Intolerância ao álcool, com reação semelhante ao d i s s u l f i r a m ( c e f a m a n d o l , c e f o t e n a m , ce foperazona) ; á lcoo l não é fac i lmente metabolismo; -Neurotoxicidade: carbapenemas: 1,5% dos pacientes que apresentam lesões no SNC ou insuficiência renal, apresentaram convulsões com imipenem. ● interações medicamentosas: *anticoagulantes: beta-lactâmicos podem diminuir a agregação plaquetária por afetar a síntese de vitamina K. *relação com contraceptivos orais: Quando os contraceptivos orais são ingeridos, o estrógeno e a progesterona são prontamente absorvidos do trato gastrintestinal para a corrente circulatória, sendo conduzidos até o fígado, onde são metabolizados. Cerca de 42% a 58% do estrógeno são transformados em conjugados sulfatados e glucuronídeos, os quais não têm atividade contraceptiva. Estes metabólitos estrogênicos são excretados na bile, a qual se esvazia no trato gastrointestinal. Uma parte destes metabólitos é hidrolisada pelas enzimas das bactérias intestinais, liberando estrógeno ativo, sendo o remanescente excretado nas fezes. O estrógeno liberado pode então ser reabsorvido, estabelecendo-se o ciclo ênterohepático, que aumenta o nível plasmático de estrógeno circulante. O uso de antimicrobianos destrói as bactérias da microbiota intestinal, responsáveis pela hidrólise dos conjugados estrogênicos. Desse modo, o ciclo êntero-hepático do estrógeno é diminuído, com uma consequente redução dos níveis plasmáticos de estrógeno ativo. Além disso, há indução das enzimas microssomais CYP450 no fígado, acelerando o metabolismo dos contraceptivos orais. Desse modo, a reciclagem diminuída de estrógeno, juntamente com o metabolismo hepático aumentado, favorece a queda das concentrações hormonais. ANTIBIÓTICOS INIBIDORES DA SÍNTESE PROTEICA -são mais tóxicos para o ser humano pois mexem com o ribossomo (que nós temos e as bactérias também) ● mecanismos de ação dos fármacos para inibir síntese de proteínas pelas bactérias: Alguns competem com RNA transportador no sítio A, de modo que impedem a formação da cadeia peptídica. Outros impedem a transpeptidação ou a translocação ou ambos. Podem se ligar ou na subunidade 30s ou na 50s do ribossomo e uma proteína deformada vai ser formada dentro da bactéria. *Geralmente são bacteriostáticos, mas em altas concentrações podem se tornar bactericidas; ❗ inibição da subunidade 50S do ribossomo: interferem indiretamente na transpeptidação e na translocação. 1. Macrolídeos: são bacteriostáticos de uma forma geral; *eritromicina: altas conc. pode ser bactericida -APLICAÇÕES: antibióticos de amplo espectro, porém não apresentam ação contra P. aeruginosa; São comumente empregados em infecções do trato respiratório (pneumonia, otite, legionelose, bronquite, faringite) e em DST (gonorréia, doença inflamatória pélvica) Claritromicina é empregada, em associação com outros fármacos, no tratamento de úlceras gástricas causadas por H. pylori. Outras infecções: Cutâneas (erisipela e celulite) quando alergia a penicilina- fazer antibiograma (resistência observada); Profilaxias: recidiva de febre reumática: eritromicina em subs a penicilina quando alergia; risco de endocardite em procedimentos dentários: clari, azi ou clindamicina. -RESISTÊNCIA BACTERIANA: Mecanismo de expulsão ativa do antibiótico (bomba de efluxo); Hidról ise dos macrolídeos por esterases produzidas por Enterobacteriaceae; Alterações no receptor ribossômico (gene erm)= diminuição da afinidade do antibiótico pelo sítio de ação; ex: S. aureus resistente aos macrolídeos têm resistência cruzada com clindamicina e quinupristina: Macrolídeo-Lincomicina-Estreptogramina B (MLSB); -FARMACOCINÉTICA: administrados oralmente ou por via parenteral (IV - tromboflebites locais / IM – dor local); biodisponibilidade por via oral variável: eritromicina é instável em meio ácido; Distribuem- se amplamente nos tec idos, porém não ultrapassam BHE; o atravessam barreira placentária e são excretadas no leite; o tempo de meia vida variável: eritromicina (90 minutos), claritromicina (3-7 horas) azitromicina (3 dias); 4 Manuela Canabarro Ehlert Medicina Univates 2026/B sofrem metabolização hepática e eliminação via biliar; Ajustes de dose em insuficiência renal: Claritromicina: se Clcr < 30 mL/min; Eritromicina: se Clcr < 10mL/min; -EFEITOS ADVERSOS: Hepatotoxic idade (hepatite colestásica): 10-20 dias de tratamento / reversível. Clari e azi < eritro; Os distúrbios gastrointestinais são comuns e desagradáveis, mas não são graves; Eritromicina: reações de hipersensibilidade como erupções cutâneas e febre, distúrbios temporários de audição e raramente, em tratamentos superiores a duas semanas, icterícia colestática. Podem ocorrer infecções esporádicas do trato gastrointestinal ou da vagina. -INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Eritromicina e claritromicina são inibidores metabólicos (inibidores P450 – interações medicamentosas)- aumentam a concentração dos fármacos na corrente sanguínea. 2. Anfenicóis: Tianfenicol, Cloranfenicol; Se ligam reversivelmente à subunidade 50S dos ribossomos bacterianos, impedindo a transferência de aminoácidos às cadeias peptídicas crescentes (transpeptidação) = impede formação de ligação peptídica e consequentemente a biossíntese protéica; são bacteriostáticos. *cloranfenicol se ligam próximo ao local de ligação da clindamicina e outros macrolídeos por isso que p o d e m o c o r r e r i n t e r f e r ê n c i a s q u a n d o administrados concomitantemente; -APLICAÇÕES: o cloranfenicol tem largo espectro de ação antimicrobiana e é ativo contra microrganismos Gram-negativos (H. influenzae), Gram-positivos e rickettsiae.Devido a sua toxicidade (medular), o uso destes antibióticos é restrito a casos em que antibióticos mais seguros sejam contra-indicados ou ineficazes. ❗ Opção para pacientes alérgicos a beta-lactâmicos no tratamento de meningites (atravessa BHE); Riquetsioses: substituição a tetraciclina quando alergia, insuficiência renal, gestantes, crianças (<8 anos) ou ciclos prolongados de terapia; Uso tópico: tratamento de infecções oculares, conjuntivite bacteriana; Profilaxia e tratamento de pequenas infecções bacterianas da pele. -RESISTÊNCIA BACTERIANA: Bactérias gram-: plasmídeo (acetiltransferase específica que inativa medicamento). Diminuição da permeabilidade da membrana bacteriana -EFEITOS ADVERSOS: Supressão medular - discrasias sanguíneas (anemia aplástica, anemia hipoplástica, trombocitopenia e granulocitopenia) ❗ Superinfecção; Distúrbios gastrintestinais; febre, exantemas, urt icária, anafi laxia, cefaléia; ❗ Síndrome do bebê cinzento (forma grave de toxicidade, cujos sinais se iniciam após 3 a 4 dias de tratamento, caracterizando-se por vômitos, distensão abdominal, letargia, cianose, hipotensão, respiração irregular, hipotermia e morte; ocorre pela falta de capacidade do recém-nascido conjugar e eliminar o fármaco; como atravessa a placenta e é encontrada no leite, seu uso deve ser evitado em gestantes e lactantes; -INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Podem diminuir a eficácia de anticoncepcionais orais contendo estrogênio; Aumentam o efeito de dicumarol, fenitoína, clorpropamida, tolbutamida por in ib i r metabo l i smo hepát ico (CYP) ; Fenobarbital, rifampicina (↑CYP) podem induzir o metabolismo do cloranfenicol; 3. Lincosaminas: Clindamicina, Lincomicina; Ligam-se às subunidades 50S dos ribossomos bacterianos, impedindo a formação da ligação peptídica e consequentemente inibindo a síntese proteica; bacteriostático, mas em altas [ ] ou contra microrganismos muito sensíveis podem ser bactericidas; *não indicado uso de anfenicóis e macrolídeos concomitantes (sítios de ação próximos) Antibióticos de amplo espectro: ativo contra maioria das bactérias gram +: estreptococos, estafilococos, Corynebacterium diphtheriae, Nocardia asteroides; diversas gram – anaeróbias: Bacteroides sp. (mas resistência cada vez mais encontrada), Eubacterium sp., Peptococcus sp., Clostridium perfringens; Gram – aeróbios são resistentes! Todas as enterobactérias são resistentes! Uso limitado devido a efeitos adversos graves, principalmente colite pseudomembranosa (Clostridium difficile) - pode ser fatal; -RESISTÊNCIA BACTERIANA: Alterações no receptor ribossômico (gene erm)= diminuição da afinidade do antibiótico pelo sítio de ação; *Resistência cruzada: (Macrolídeo-Lincomicina- Estreptogramina B -MLSB); 5 Manuela Canabarro Ehlert Medicina Univates 2026/B 4. Estreptograminas: Quinupristina + Dalfopristina; Ativos contra bactérias gram +; empregado no tratamento de infecções graves causadas por bactérias gram +, quando outros antibióticos não são aconselhados; Indicados no tratamento de infecções causadas por S. aureus m e t i c i l i n a r e s i s t e n t e ( M R S A ) e Enterococcus faecium resistente à vancomicina (VRE). 5. Oxazolidinonas: Linezolida (Zyvox®): Antibiótico sintético, com atividade contra bactérias gram +; Inibe síntese de proteínas ao ligar-se ao local P da subunidade ribossômica 50S; Bacteriostática contra enterococos e estafilococos e bactericida contra estreptococos; Empregado no tratamento de infecções causadas por S. aureus resistente à meticilina (MRSA) ou causadas por enterococos resistentes a vancomicina (VRE); *solução para infusão de linezolida é utilizada no tratamento tuberculose com resistência extensiva, em associação com outros antimicrobianos; ❗ inibição da subunidade 30S do ribossomo: 1.Aminociclitóis ou Aminoglicosídeos: Ligam-se irreversivelmente a uma ou mais proteínas receptoras da subunidade 30S dos ribossomos, de modo que estimulam a produção de proteínas aberrantes; a incorporação destas proteínas à membrana ce lu la r l eva a a l t e ração de permeabilidade e aumento do transporte de aminiciclitóis = morte da célula bacteriana; são bactericidas, por inibirem vários ribossomos e acabam causando a morte delas; -RESISTÊNCIA BACTERIANA: Impermeabilidade da membrana; Inativação do fármaco por enzimas bacterianas: fosfori lases, adenilases e/ou acetilases; essas enzimas agem com o objetivo de degradar a molécula do fármaco.❗ amicacina: menos suscetível às enzimas bacterianas; usada apenas em casos de resistência à gentamicina, para preservar a suscetibilidade bacteriana; -APLICAÇÕES: Amplo espectro, apresentando ação contra P. aeruginosa; O uso sistêmico destes fármacos é restrito ao tratamento de infecções graves causadas por BG-, devido a toxicidade dos mesmos; São amplamente utilizados no tratamento de infecções dermatológicas e oftalmológicas, em formas farmacêuticas de uso tópico (neomicina- nebacetin); -EFEITOS ADVERSOS: Ototoxicidade (disfunção vestibular e/ou disfunção auditiva que pode ser inclusive irreversível); Nefrotoxicidade (necrose tubular, diminuição da função glomerular); *pode ser necessária a realização de diálise, embora a função renal seja recuperada depois de cessar a administração; para diminuir risco de toxicidade: dose a cada 24 h; Bloqueio neuromuscular; Superinfecção; Reações de hipersensibilidade; -INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Diuréticos de alça, cefalosporinas, cisplatina, ciclosporina, vancomicina, anfotericina B aumentam ainda mais a nefrotoxicidade de aminociclitóis por serem nef ro tóx icos também; Ant i -h is tamín icos , fenotiazínicos, tioxantênicos podem mascarar sintomas de ototoxicidade; Podem potencializar efeito de anticoagulantes cumarínicos (varfarina); Podem diminuir eficácia dos anticoncepcionais contendo estrogênios; -FARMACOCINÉTICA: Baixa absorção por via oral; Via intramuscular: rápida e completamente absorvidos; Via tópica: absorção ocorre se pele estiver lesada, é ainda assim é pequena, por isso, essas formas não têm toxicidade significativa; ❗ tobramicina é a única que pode ser adm pela via respiratória; Boa distribuição nos fluídos corporais, com exceção do SNC, ossos, tecidos conectivos; Ligam-se fracamente a proteínas plasmáticas; Atravessam barreira placentária; Excretados de forma inalterada na urina (filtração glomerular) – 50 a 60%; altas [ ] nos rins.❗ atenção especial em pacientes com insuficiência renal 2 . Tet rac ic l inas: Competem com o RNA transportador pelo sítio A de ligação do ribossomo 30s, NÃO PODE SER TOMADO COM LEITE (CÁLCIO) 6 Manuela Canabarro Ehlert Medicina Univates 2026/B *tigeciclina tem amplo espectro; empregada, por via IV, no t r a t a m e n t o d e i n f e c ç õ e s complicadas da pele ou intra- abdominais; -RESISTÊNCIA BACTERIANA: Redução de influxo (gram -) = diminui capacidade do antibiótico chegar ao loca l de ação ; Produção de proteínas que o p r o t e g e m o r i b o s s o m o , i m p e d i n d o o a c e s s o d o antibiótico ao local de ação; Ina t ivação enz imát ica das tetraciclinas; -APLICAÇÕES: Amplo espectro, porém não apresentam ação c o n t r a P. a e r u g i n o s a ; * a resistência bacteriana e efeitos adversos diminuem o seu uso; -FARMACOCINÉTICA: Via oral absorção é irregular e incompleta que melhora com ausência de alimentos; em jejum ou 1h antes ou depois da alimentação; Rapidamente distribuídas pelos fluídos orgânicos, com tendência a concentrar-se nos ossos, fígado, baço, líquor e dentes; Concentrações séricas máximas em 2 a 4 horas, após adm. v.o.; Atravessam barreira placentária e são excretadas no leite; Eliminação renal, via filtração glomerular, e pelas fezes. -EFEITOS ADVERSOS: Dor epigástrica, náusea, vômitos, diarreia; Descoloração dos dentes e retardo do crescimento ósseo; *a causa do manchamento dos dentes é derivada da foto- oxidação de moléculas de tetraciclinadisponíveis dentro das estruturas dentárias; não recomendado para crianças até 8 anos e durante a gestação; ❗ Superinfecção; Acentuação de insuficiência renal; Hepatotoxicidade em gestantes; Reações de fototoxicidade; Alterações hematológicas; Reações de hipersensibilidade; -INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Antiácidos, hematínicos, leite ou laticínios, preparações minerais íons metálicos podem quelar tetraciclinas = quelatos insolúveis (não são absorvidos); Podem po tenc ia l i za r e fe i t o de an t i coagu lan tes cumarínicos; Podem diminuir eficácia dos anticoncepcionais contendo estrogênios; Podem aumentar a biodisponibilidade da digoxina; Efeito fotossensibilizante pode ser aumentado com uso de outros medicamentos fotossensibilizantes (reação, dor na pele por exposição ao sol); ● outros inibidores de síntese proteica de uso tópico: *Ácido Fusídico (Verutex®): inibe síntese proteica, interrompendo a translocação do ribossomo; o podendo ter efeito bacteriostático ou bactericida; -APLICAÇÕES: antibiótico de ação tópica potente: caracterizado por penetrar profundamente através da pele, mesmo estando intacta; Tratamento de feridas causadas por queimaduras; Infecções bac ter ianas menores da pe le causadas principalmente por estafilococos e estreptococos; *precaução: duração do tratamento limitada para retardar surgimento de cepas resistentes; *Mupirocina(Bactroban®): Antibiótico isolado de Pseudomonas fluorescens; Inibe síntese proteica, ligando-se reversivelmente e especificamente à isoleucil RNA de transferência sintetase bacteriana, não incorporando isoleucina na cadeia peptídica; Ação bacteriostática ou bactericida; Não há resistência cruzada com nenhuma classe de antibióticos; Antibiótico de amplo espectro; o -APLICAÇÃO: Tratamento tópico de várias infecções dermatológicas (creme ou pomada 2%) e pomada intranasal para portadores de S. aureus; *absorção sistêmica pela pele intacta ou lesada é mínima; SULFONAMIDAS, QUINOLONAS E FLUOROQUINOLONAS 1. sulfonamidas e trimetoprima: Inibem a síntese de ácido fólico e interferem na síntese de DNA de microorganismos, São antimicrobianos sintéticos – quimioterápicos (não são antibióticos); Tem ação contra bactérias e outros microrganismos (Toxoplasma, Pneumocystis); ● Mecanismo de ação: As sulfonamidas são análogas estruturais do ácido p-aminobenzóico (PABA: p-aminobenzoic acid) que é importante para a síntese do DNA, de modo que competem com o PABA pela enzima diidropteroato sintetase, que catalisa a formação do ácido diidrofólico (precursor do folato) que tem sua biossíntese diminuída pelas sulfonamidas e consequentemente há uma interrupção de síntese de ácidos nucleicos; ❗ bactérias resistentes apresentam alterações nas enzimas alvos que culminam com diminuição da afinidade dos fármacos pelo sítio de ação; é uma resistência bem comum; São bacteriostáticas, de m o d o q u e i n i b e m o c r e s c i m e n t o d o s microrganismos, não afetando os hospedeiros mamíferos (o folato tem origem da alimentação- vit. B9 e não dependem do PABA); *a trimetoprima pode inibir a enzima diidrofolato redutase presente em mamíferos, entretanto a concentração deve ser muito alta para que haja algum comprometimento; diferente do que acontece nos outros microrganismos (precisaria quantidade de trimetoprima 100.000 x maior para inibir a enzima humana em comparação com a bacteriana); para evitar possíveis danos pode ser prescrita suplementação de ácido fólico. 7 Manuela Canabarro Ehlert Medicina Univates 2026/B *metotrexato e pirimetamina também afetam essa mesma rota; entretanto, a pirimetamina é mais útil contra infecções por protozoários e metotrexato tem maior ação contra o próprio mamífero, sendo útil em casos de tumores, doenças autoimunes, etc; ● Associações de sulfonamidas + trimetoprima: Associação medicamentosa racional (sinergismo), visto que a trimetoprima potencializa efeito da sulfonamida, amplia espectro de ação e diminui resistência adquirida; *sulfametoxazol+trimetoprima (Bactrim) VO/IV. *sulfadiazina+trimetoprim (Triglobe). ● Aplicações: Amplo espectro; Útil para infecções do trato respiratório e para infecções urinárias se isolado suscetível; Primeira escolha para tratamento e profilaxia contra Pneumocystis jiroveci (fungo c a u s a d o r d e p n e u m o c i s t o s e e m imunocomprometidos, a mais comum infecção intercorrente associada ao acometimento por HIV) Tratamento de escolha para toxoplasmose – sulfadiazina + pirimetamina; *não eficaz contra o microrganismo causador da Faringite estreptocócica; ● Farmacocinética: Absorção no TGI, sendo 70 a 100% da dose absorvida; Ligam-se as proteínas plasmáticas em graus variados, geralmente em grande proporção o que pode culminar com interações medicamentosas; Atravessam barreira placentária (cotrimoxazol causa mal formação fetal, incluindo defeito no tubo neural); São excretadas no leite; Excreção pela urina (principal), fezes, bile e outras secreções orgânicas; Risco de sensibilização ou de reações alérgicas quando são aplicadas topicamente; ● Reações adversas: Reações de h ipersens ib i l idade (5 ,9% cotrimoxazol e chega a 20% dos pacientes tratados com sulfassalazina); Cristalúria (precipitação da sulfonamida em urina ácida – obstrução urinária); Hemato lóg ica: agranuloc i tose, anemia hemolítica; TGI: náusea, vômito e raramente diarreia; SNC: cefaléia, depressão e alucinações; Icterícia (hepat i te co les tá t ica a lé rg ica) ; Necrose hepática~0,1%; Disfunção renal irreversível sem doença renal prévia; ❗ uso de sulfonamidas deve ter sua necessidade bem aval iada e sua ação contra aquele determinado microorganismo. ❗ no caso de uso de sulfadiazina, se débito urinário adulto for <1,2L, indica-se administrar bicarbonato de sódio para ↑pH da urina e reduzir risco de formação de cristais; *trimetoprima causa deficiência de ácido fólico e outros efeitos adversos como náuseas, vômitos, alterações hematológicas e eritemas; ● Interações medicamentosas: Sulfonamidas apresentam grande afinidade pela albumina, desta forma podem deslocar outros fármacos da l igação a esta proteína e, consequentemente, aumentar o efeito de: anticoagulantes cumarínicos - varfarina, fenitoína, hipoglicemiantes orais – glibenclamida, glimepirida, AINES, diuréticos tiazídicos - hidroclorotiazida, metotrexato; ❗ para evitar essa interação o manejo se dá por diminuir a dose desses medicamentos. 🤰 Podem diminuir eficácia dos anticoncepcionais contendo estrogênios 2. Quinolonas e Fluoroquinolonas: 1a Geração: ação contra BG- (1965); 2a Geração = Fluorquinolonas (quinolonas contendo flúor); essas tem amplo espectro, incluindo P. aeruginosa (década de 80); São antimicrobianos sintéticos – quimioterápicos (não são antibióticos); ● M e c a n i s m o d e a ç ã o : Q u i n o l o n a s e fluorquinolonas inibem DNA girase (gram –) ou topoisomerase IV (gram +) bacteriana, enzimas que atuam na síntese de DNA; a reprodução (mitoses) dos microrganismos é interrompida; *bactérias adquiriram resistência a esses fármacos por meio de alterações da enzima alvo que diminui afinidade e por efluxo que diminui capacidade do fármaco chegar ao local de ação; ● Aplicações: Quinolonas: antibacterianos que apresentam atividade apenas contra bactérias gram negativas; empregadas no tratamento de infecções urinárias não complicadas, por via oral. 8 Manuela Canabarro Ehlert Medicina Univates 2026/B Fluoroquinolonas: antibacterianos de amplo espectro, incluindo P. aeruginosa; são empregadas em infecções urinárias complicadas, prostatites, infecções do trato respiratório superior, infecções ósseas, sepse, endocardite (estafilococos e Pseudomonas), meningites, DST (gonorreia, cervicite), osteoartrite purulenta. ● Farmacocinética: - boa absorção por via oral; -Antiácidos e medicamentos com íons metálicos interferem na absorção; -Acumulam-se em vários tecidos,principalmente rins, próstata, pulmão; -Atravessam barreira placentária e são excretadas no leite; -Metabolização hepática: ciprofloxacina e da norfloxacina inibem enzimas P450 - interações com outros fármacos; -Eliminação renal; *necessário ajuste de dose quando insuficiência renal; ● Reações adversas: Ação pró-convulsivante (quinolonas), insônia, alucinações, distúrbios visuais, tontura e cefaleia (0,9-11%); Náuseas, vômitos, dor abdominal e diarreia; Reações de fotossensibilidade, erupções, prurido, eczema; o eosinofilia, leucopenia, trombocitopenia, anemia hemolítica; Superinfecção; Reações de hipersensibilidade; *precauções: pacientes com insuficiência hepática, epilepsia ou arteriosclerose cerebral grave; uso contra-indicado em crianças e adolescentes: em animais de laboratório, o uso de quinolonas foi associado a casos de artrites erosões de cartilagens de crescimento de grandes articulações; no entanto, crianças com fibrose cística tratadas com quinolonas apresentaram poucos sintomas articulares reversíveis; uso contra-indicado durante a gravidez por esse possível efeito; ❗ Interações medicamentosas: Antiácidos, hematínicos, leite ou laticínios, preparações minerais íons metálicos podem quelar quinolonas = quelatos insolúveis; o podem potencializar efeito de anticoagulantes; 🤰 Podem diminuir eficácia dos anticoncepcionais contendo estrogênios; Efeito fotossensibilizante pode ser aumentado com uso de outros medicamentos fotossensibilizantes; Fluorquinolonas inibem metabolização da teofilina (antiasmático) - P450; *toxicidade por teofilina em pacientes asmáticos tratados com fluoroquinolonas para infecções no TRS, por exemplo. ANTIMICOBACTERIANOS 2 9
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