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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – CAMPUS JOINVILLE CENTRO DE JOINVILLE DINÃMICA – 2016/1 RELATÓRIO DO EXPERIMENTO RELACIONADO AO MOMENTO DE INERCIA DE CILINDROS DE MESMA MASSA Leonardo H. Tártari* - 13103801 Universidade Federal de Santa Catarina *loe_tartari@hotmail.com RESUMO Neste trabalho, usando o conceito de dinâmica de corpo rígido e relações cinemáticas, irá ser tratado qual a relação entre aceleração de um cilindro descendo um plano inclinado com o momento de inércia do mesmo, mostrando que dois cilindros de mesma massa, porém, variando apenas o momento de inércia, possuem uma aceleração diferente um do outro. Para mostrar tal relação, foi gravado um vídeo experimental mostrando na prática a diferença na aceleração. Os conceitos usados e cálculos envolvidos será mostrado e explicado a seguir. CONCEITOS USADOS Relações cinemáticas: Foi utilizado a relação cinemática que relaciona a aceleração do centro de gravidade com a aceleração angular: 𝑎𝑐𝑔 = 𝛼𝑅 (1) Onde “R” é a distância entre o vetor aceleração e a referência. Para definir o momento de inércia foi utilizado a equação que relaciona a velocidade de um corpo com a velocidade angular do mesmo: 𝑣 = 𝜔𝑅 (2) Onde “R” é a distância entre o vetor velocidade e a referência. Para definir a segunda lei de Newton para rotação foi utilizado a relação entre variação da velocidade angular no tempo com a aceleração angular, dada pela equação cinemática: 𝑑𝜔 𝑑𝑡 = 𝛼 (3) Momento de inércia: Define-se o momento de inércia como a “dificuldade” de movimentar o corpo em uma direção. A resistência que um corpo possui à mudança de sua velocidade angular, é conhecida como momento de inércia. O momento de inércia é calculado a partir do somatório da energia cinética de várias partículas de um corpo rígido (considerando um corpo rígido como um conjunto de partículas, e cada partícula com uma velocidade diferente), sendo assim temos: 𝑇 = 1 2 𝑚1𝑣1 2 + 1 2 𝑚2𝑣2 2 + ⋯ + 1 2 𝑚𝑛𝑣𝑛 2 = 1 2 ∑ 𝑚𝑖 𝑛 𝑖=1 𝑣𝑖 2 (4) Sendo 𝑚𝑖 a massa de cada partícula e 𝑣𝑖 a velocidade. Como 𝑣𝑖 não é constante para todas as partículas, mas a velocidade angular é, então podemos substituir 𝑣𝑖, pela equação 2, ficando assim: 𝑇 = 1 2 ∑ 𝑚𝑖 𝑛 𝑖=1 (𝜔𝑟𝑖) 2 = 1 2 (∑ 𝑚𝑖 𝑛 𝑖=1 𝑟𝑖 2) 𝜔2 (5) O valor entre parênteses, onde contém 𝑚𝑖 e 𝑟𝑖, chamamos de momento de inércia, dado pela letra “I”, ficando claro que o valor do momento de inércia depende de como a massa está distribuída em torno de seu eixo de rotação. Definido o momento de inercia, temos como equação: 𝐼 = ∑ 𝑚𝑖 𝑛 𝑖=1 𝑟𝑖 2 , ou ainda de forma simplificada, 𝐼 = 𝑚𝑟2 (6) Segunda lei de Newton para rotação (Newton-Euler): Considerando a equação da conservação do momento angular de um corpo rígido, e derivando-a no tempo temos: 𝑑𝐻 𝑑𝑡 = 𝐼 ( 𝑑𝜔 𝑑𝑡 ) (7) Como resultado da equação 7 temos que: dH/dt = ∑ 𝜏𝑒𝑥𝑡 e d𝜔/dt = 𝛼, sendo 𝜏 o torque de cada força externa e H sendo o momento angular definido como H=I𝜔. Portanto, efetuando as substituições, chegamos a equação que define a segunda lei de Newton para rotação, também conhecida como método de Newton-Euler: ∑ 𝜏 = 𝐼𝛼 , 𝑜𝑢 𝑎𝑖𝑛𝑑𝑎, ∑ 𝑀 = 𝐼𝛼 (8) Sendo M os momentos exercidos no corpo rígido. EXPERIMENTO: Materiais utilizados para o experimento: Para o experimento foi usado duas barras de rosca sem fim de 1 metro de comprimento cada, cortadas em oito pedaços de 25 cm. Quatro discos de MDF com raio de 10,1 cm para formar os cilindros. Para a fixação dos discos foi necessário 32 porcas e arruelas. Como mostra a imagem abaixo. FIGURA 1 – Materiais utilizados. Calculando o momento de inércia das barras: Já definido o momento de inércia, tendo uma equação simplificada I=mr², é preciso o momento de inércia das barras. Considerando a massa de cada disco como 𝑚𝑑, trabalhando somente com as barras pois os discos são iguais para os dois cilindros e não vão influenciar no momento de inércia das barras, portanto, 𝑚𝑏 ≫ 𝑚𝑑. Considerando também a massa de cada barra como 𝑚𝑏/4, e sendo quatro barras, temos uma massa total de 𝑚𝑏. No cilindro “A”, onde as barras estão a uma distância a = 2,5cm, o momento de inércia fica: 𝐼𝐴 = 4 𝑚𝑏 4 𝑎2 = 4 𝑚𝑏 4 (2,5)2 = 6,25𝑚𝑏 (9) Na imagem abaixo é mostrado como ficou, após a montagem, o cilindro “A”. FIGURA 2 – Cilindro “A”. Para o cilindro “B”, as barras estão a uma distância b = 8,5cm do centro do cilindro, portanto: 𝐼𝐵 = 4 𝑚𝑏 4 𝑏2 = 𝑚𝑏(8,5) 2 = 72,25𝑚𝑏 (10) Na imagem abaixo, é mostrado como ficou, após a montagem, o cilindro “B”. FIGURA 2 – Cilindro “B”. Pelos valores de 𝐼𝐴 e 𝐼𝐵 já podemos ter uma noção de que o momento de inércia do disco “B” é maior do que o do cilindro “A” devido as massas serem iguais, ou seja, a dificuldade de colocar o cilindro “B” em movimento é maior do que a do cilindro “A”, e é isso que será provado a partir do experimento e da modelagem matemática a partir da segunda lei de Newton para rotação e equações cinemáticas. A grandeza do momento de inercia calculado é [kg.cm²], em centímetros para facilitar os cálculos. Modelando o problema: O objetivo da modelagem deste problema é achar a relação entre as duas acelerações dos dois discos ( 𝑎𝐴 𝑎𝐵 ), fazendo os cálculos algébricos, conhecendo algumas variáveis, e no final determinar se a relação entre as acelerações obtida condiz com o resultado do experimento. Os cálculos foram feitos numa folha separada e digitalizado, onde é explicado cada passo feito. Como resultado da modelagem obteve-se que a aceleração do cilindro “A” é 1,61 vezes mais rápido que o cilindro “B” isso em condições ideias, tendo em vista que são soltos no mesmo instante, não considerando o arrasto com o ar e tendo um tempo exato para a descida de cada cilindro. Resultado do experimento: No experimento feito os cilindros foram soltos do repouso em uma mesa inclinada com um metro de comprimento, tendo uma inclinação de 7,1°. O ângulo em que a mesa está inclinada não influencia no resultado buscado no experimento assim como as massas das barras, dependendo somente do raio “R” do disco e dos valores “a” e “b” que é a distância das barras até o centro do cilindro, sendo a = 2,5 cm e b = 8,5 cm. Tal dependência é mostrada no item 5 da modelagem acima. Foi cronometrado três vezes o tempo de descida de cada cilindro e depois tirando a média dos três tempos para diminuir o erro, como mostra a tabela a seguir. Tempos Cilindro A Cilindro B 𝑡1 1,02 s 1,27 s 𝑡2 0,99 s 1,20 s 𝑡3 1,01 s 1,21 s 𝑡𝑀 (tempo médio) 1,0067 s 1,2267 s TABELA 1 – Tempos obtidos medidos experimentalmente. Com os tempos médios obtidos e sabendo a distância percorrida, é possivel achar pela cinemática a velocidade e a aceleração média para cada cilindro no determinado instante de tempo. Logo: Cilindro A Cilindro B Velocidades (m/s) Δ𝑥 Δ𝑡 = 1 1,0067 = 0,9933 Δ𝑥 Δ𝑡 = 1 1,2267 = 0,8152 Acelerações (m/s²) Δ𝑣 Δ𝑡 = 0,9933 1,0067 = 0,9867 Δ𝑣 Δ𝑡 = 0,8152 1,2267 = 0,6645 TABELA 2 – Velocidades e aceleraçãoes. Com as acelerações dos cilindros do experimento calculadas, é possível saber a relação entreas acelerações do cilindro “A” e “B”: 𝑎𝐴 𝑎𝐵 = 0,9867 0,6645 = 1,485 Resultado geral: Foi concluido que somente variando o momento de inércia de um corpo é possivel variar desde a velocidade final até a aceleração. Para a modelagem feita foi obtido uma relação 𝑎𝐴 𝑎𝐵 = 1,61 e para a relação calcula a partir do experimento foi obtido 𝑎𝐴 𝑎𝐵 = 1,485. Os valores obtidos foram próximos um do outro, confirmando a afirmação de que a variação do momento de inércia reflete diretamente na aceleração no corpo rígido, isso aplicando o conteúdo que foi passado em sala (cinética e cinemática) e por experimento. O erro obtido entre as duas relações foi de 7,7%. A relação calculada pela cinética e cinemática foi em condições ideiais, com cilindro perfeito, desconsiderando arrasto do ar e soltos no mesmo instante, já no experimento, foi tentado fazer o melhor possível para não ter erros grandes, porém, os erros vão sendo acumulados a partir dos tempos cronometrados que foi tirado a média, o arrasto com o ar não influencia consideravelmente, foi tentado soltar os cilindros na mesma posição em todas as vezes e os discos utilizados não eram 100% circulares tendo um pequeno erro no raio também, nada que fosse possível inflienciar consideravelmente nos resultados do experimento.
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